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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

CURSO DE LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Tema : Como deve actuar um Profissional ético na administração pública.

Cadeira: Introdução à Administração Pública

Discente: Antónia Bernardo Varinde

Quelimane
2023

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Índice
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 2
3. A ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA........................................................................................ 4
O AGENTE PÚBLICO ............................................................................................................................... 4
3.2.1 LEGALIDADE .................................................................................................................................... 5
3.2.2 IMPESSOALIDADE.......................................................................................................................... 6
3.2.3 MORALIDADE .................................................................................................................................. 6
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................ 9

1. INTRODUÇÃO
Dentre as várias interpretações dadas para o conceito de “moral”, elegeu-se, para uma

reflexão inicial, aquela que a define, basicamente, como um conjunto de normas que

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regulam o comportamento do homem em sociedade1 e estas normas são adquiridas

pela educação, pela tradição e pelo cotidiano. Durkheim explicava Moral como a

“ciência dos costumes”. A moral orienta os posicionamentos que assumimos em função

das decisões que tomamos a cada instante de nossa vida.

Ética, por sua vez, é definida por Motta (1984) como um “conjunto de valores que

orientam o comportamento do homem em relação aos outros homens na sociedade em

que vive, garantindo, outrossim, o bem-estar social”, ou seja, Ética é a forma que o

homem deve se comportar no seu meio social. É a maneira de pôr em prática os

valores morais. É um sistema de balizamento ou de codificação para ser usado na

a pesquisa bibliográfica trata-se de um levantamento da bibliografia já publicada, em

forma de livros, revistas científicas, anais de congressos e imprensa escrita. Os autores

corroboram afirmando que a referida técnica de pesquisa coloca o pesquisador em

contato direto com tudo aquilo que foi publicado acerca da temática em questão.

Para tratar da ética na administração pública, a pesquisa foi remetida, principalmente,

aos textos legais que tratam desse assunto.

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3. A ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
O AGENTE PÚBLICO
Max Weber, em seu belo discurso sobre a Política como Vocação, distingue a Ética da

consciência, dos valores (Wertrational), da Ética da responsabilidade, das

conseqüências (Zweckrational). Para Weber, entretanto, as duas não se opõem, antes

se completam. Antes de comentar alguns dos temas mais relevantes de Ética pública,

impõe-se esclarecer que o conceito pode ser usado em duas acepções que se

diferenciam pelo escopo que uma e outra abrangem. A primeira, mais abrangente,

perpassa e inspira toda atividade pública genuinamente devotada à consecução do

bem comum, isto é, a boa governança da “coisa” pública. A segunda, mais estrita,

procura lançar uma luz sobre a zona cinzenta que surge na intersecção entre interesse

público e interesse privado, esclarecendo a boa conduta que se espera do servidor

público em tais questões.

O agente público, ao atuar, não poderá desprezar o elemento ético de sua conduta. Ao

ter que decidir entre o honesto e o desonesto, por considerações de direito e de moral,

está cingido a uma escolha que seja mais eficiente e com máxima clareza para a

Administração, e o ato administrativo produzido não poderá se contentar com a mera

obediência à lei jurídica, exigirá também à vitória da ramificação moral e a estrita

correspondência aos padrões éticos internos da própria instituição.

O Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal

define com muita clareza o assunto:

II - O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua


conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e
o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas
principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no
art. 37.l.

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III - A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o
bem e o mal, devendo ser acrescida da idéia de que o fim é sempre o bem
comum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor
público, é que poderá consolidar a moralidade do ato administrativo. (grifo
nosso)

A questão da ética pública está diretamente relacionada aos princípios fundamentais,

sendo estes comparados ao que é conhecido no Direito, como "Norma Fundamental" -

uma norma hipotética com premissas ideológicas e que devem reger tudo mais o que

estiver relacionado ao comportamento do ser humano em seu meio social. A

Constituição Federal ampara os valores morais da boa conduta, ou seja, na

Administração Pública evoca princípios como a: legalidade, impessoalidade,

moralidade, publicidade e eficiência.

A seguir, são tratados os princípios constitucionais da Administração Pública.

3.2.1 LEGALIDADE
Representa um princípio-ícone no direito brasileiro, constituindo-se pilar de toda ordem

jurídica nacional.

Para o Direito Administrativo brasileiro o princípio da legalidade assume um significado

muito especial, visto que ora traduz-se numa expressão de direito, ora revela-se

elemento de garantia e segurança jurídicas.

Em função dessa dupla função atribuída ao princípio da legalidade na seara pública é

que se sustenta que o famoso adágio "o que não é juridicamente proibido, é

juridicamente permitido", denominado princípio da autonomia da vontade, não encontra

acolhimento neste campo do Direito, pois nele os bens tutelados interessam a toda

coletividade. Assim, não se admite que o administrador público dê azo à sua

imaginação sem que sua conduta esteja previamente definida e aparada por lei. A

regulação estrita pela ordem jurídica da atuação dos agentes e órgãos públicos

funciona como elemento garantidor daqueles que subsidiam e se servem da prestação

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dos serviços públicos. Por mais criativo e habilidoso que seja o administrador público,

este deve conscientizar-se de que não age em nome próprio, mas sim em nome do

Estado (e reflexamente, em nome da coletividade). Por isso, no campo público afirma-

se que "o que não é juridicamente proibido, não é juridicamente permitido" ou ainda “o

que não é juridicamente permitido, é proibido”

3.2.2 IMPESSOALIDADE
O princípio da impessoalidade tem relação muito próxima com um dos atributos do ato

administrativo: a finalidade. Tal atributo considera que, um ato administrativo, para ser

válido, deve ter como fim o interesse público.

O princípio da impessoalidade pode ser analisado sob dupla perspectiva:

primeiramente, como desdobramento do princípio da igualdade ( art. 5º, I), no qual se

estabelece que o administrador público deve objetivar o interesse público, sendo, em

conseqüência, inadmissível o tratamento privilegiado aos amigos e o tratamento

recrudescido aos inimigos, não devendo imperar na Administração Pública a vigência

do dito popular de que “aos inimigos ofertaremos a lei e aos amigos as benesses da

lei”.

3.2.3 MORALIDADE
A moralidade administrativa como princípio, segundo escreve Hely Lopes Meirelles,

"constitui hoje pressuposto da validade de todo ato da Administração Pública".

Conforme assentado na doutrina, não se trata da moral comum, mas sim de uma moral

jurídica, entendida como "o conjunto de regras de conduta tiradas da disciplina interior

da Administração". Assim, o administrador, ao agir, deverá decidir não só entre o legal

e o ilegal, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas também

entre o honesto e o desonesto. A doutrina enfatiza que a noção de moral administrativa

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não está vinculada às convicções íntimas do agente público, mas sim à noção de

atuação adequada e ética existente no grupo social.

O agente administrativo, evidentemente, não pode desprezar o elemento ético de sua

conduta, de modo que ele deve adicionar ao seu comportamento funcional o agir

padrão da coletividade, considerando os valores e princípios da vida secular.

Fato é que a moral comum, pelo seu teor de subjetividade, não satisfaz às exigências

da ordem jurídica, que requer objetividade em seus mandamentos. Daí dizer-se no

Direito que a moral comum é um plus à moralidade jurídico-administrativa.

A moral administrativa age em dois sentidos para orientar a conduta do administrador

público, a saber, interno e externo. Assim, sob a perspectiva interna, quando da

tomada de providências administrativas o administrador deverá consultar sua

consciência profissional, orientado pelos valores e princípios do direito público, e

aquilatar qual deva ser a postura mais adequada a seguir diante da ocorrência

administrativa. Por outro lado, a moralidade administrativa tem, também, sua dimensão

externa, na medida em que pode ser avaliada sob critérios objetivos, conforme aqueles

esculpidos na lei disciplinadora da ação administrativa.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em meio a tantos deslizes com relação à ética na administração pública, a

generalização da corrupção tornou-se evidente, mas não se deve esquecer que

existem pessoas muito éticas e conscientes em todas as organizações. Como se

percebe, há uma cobrança cada vez maior nos últimos anos por parte da sociedade por

transparência e probidade, tanto no trato da coisa pública, como no fornecimento de

produtos e serviços ao mercado. A legislação constitucional e a infraconstitucional têm

possibilitado um acompanhamento mais rigoroso da matéria, permitindo que os órgãos

de fiscalização e a sociedade em geral adotem medidas judiciais necessárias para

coibir os abusos cometidos pelas empresas; espera-se que a impunidade não impere

nas investigações de ilicitudes.

A mudança que se deseja na Administração pública sugere uma gradativa mas

necessária transformação cultural dentro da estrutura organizacional da Administração

Pública, isto é, uma reavaliação e valorização das tradições, valores morais e

educacionais que nascem em cada um de nós e se forma ao longo do tempo criando

assim um determinado estilo de atuação no seio da organização baseada em valores

éticos.

A consciência ética, como a educação e a cultura são assimiladas pelo ser humano,

assim, a ética na administração pública, pode e deve ser desenvolvida junto aos

agentes públicos ocasionando assim, uma mudança na gestão pública que deve ser

sentida pelo contribuinte que dela se utiliza diariamente, seja por meio da simplificação

de procedimentos (a celeridade de respostas) e qualidade dos serviços prestados, seja

pela forma de agir ou de contato entre o cidadão e os funcionários públicos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, Kildare Gonçalves.(2002). Direito Constitucional Didático, 8ª Ed, Belo


Horizonte: Del Rey.

Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal -


Decreto n°. 1.171, de 22 de Junho de 1994, Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d1171.htm>. Acessado em abril de 2009.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. (2001).Fundamentos de


Metodologia Científica. 4ª Ed. São Paulo. Atlas, 2001.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 34ª. Ed., São Paulo:
Malheiros.

MOTTA, Nair de Souza.(1984). Ética e vida profissional. Rio de Janeiro: Âmbito


Cultural.

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