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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA | FACULDADE DE DIREITO | DIREITO ADMINISTRATIVO I

PROFESSOR CELSO CASTRO | SEMESTRE 2022.2

RESUMO: PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO


DIREITO ADMINISTRATIVO BRASILEIRO
Por Maria Morena Muniz Nascimento

Os princípios constitucionais administrativos constituem uma ampla categoria


de base na qual o Direito Administrativo brasileiro é conduzido. O art. 37 da
Constituição Federal traz um rol exemplificativo (constam a publicidade, a
efetividade, a legalidade, a moralidade, a impessoalidade e a eficiência), porém não
os esgota pois há outros princípios que podem ser extraídos destes citados, da
Constituição e do Estado Democrático de Direito.

A supremacia do interesse público sobre o interesse privado constitui


premissa inerente à organização da sociedade, visto que esta visa o bem geral e
coletivo. A Administração Pública, como representante do interesse público, atua
através de atos estatais e, portanto, imperativos, exigíveis, legais e muitas vezes
autoexecutáveis (por previsão legal ou por urgência). Deste extraímos a autotutela
em prol do interesse público, na dimensão imposta pela Constituição e leis
adjacentes. É importante ressaltar que as atividades da Administração tratam-se de
poderes-deveres, desta forma, desempenho de funções que não estão à mercê do
administrador, mas a favor do interesse de outrem; assim, são instrumentais.

O princípio da legalidade constitui base do Estado Democrático de Direito,


responsável por concretizar o propósito político de uma administração sem
favoritismo, perseguições e arbitrariedade, pois o exercício do executivo está sujeito
às normas legais desenvolvidas pelo Legislativo, composto por grupo eleito a
representar os interesses do povo, funcionando como uma garantia da cidadania.
No entanto, como nenhum outro princípio, não é absoluto; assim, há exceções
previstas na Constituição quanto a faculdade do presidente da república adotar
excepcionais medidas provisórias, estado de defesa e estado de sítio.
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O princípio da finalidade está contido na legalidade pela máxima de exercer-


se a lei por esta ser a lei; ao utilizar a lei para ato em desconformidade com ela, está
sendo desvirtuado o seu fim e, portanto, tais atos são nulos. O art. 5°, LXIX, prevê o
mandado de segurança contra a ilegalidade e o abuso de poder.

A razoabilidade garante que os atos administrativos, dentre as possibilidades


existentes, sejam executados de acordo com a opção mais racional e, portanto,
fundamentada; desta forma, os atos incondizentes com a situação e com os outros
princípios serão considerados inválidos juridicamente, impondo limites de
adequação à discricionariedade do administrador.

A não ser confundido, a proporcionalidade corresponde à medida de


extensão e intensidade que os atos administrativos devem se adequar quanto às
demandas e ao fim de interesse geral, sob risco de serem qualificados de
incompetência. Isto se deve ao fato de apresentarem restrições desnecessárias ao
direito, à liberdade de outros.

O princípio da motivação determina que todo ato da Administração seja


fundamentado por fatos e pelo Direito, prévia ou no momento de expedição da ação
de forma detalhada, excetuando aqueles que não abrem espaço para a valoração
pessoal do administrador, os chamados atos vinculados, bastando a citação. Esta
exigência faz com que a Administração permaneça em consonância com o Estado
Democrático de Direito.

Quanto à impessoalidade, assim como o princípio da igualdade, exige que a


atuação administrativa seja executada sem favoritismos ou perseguições, não
importando as crenças, ideologias, as individualidades de cada um, para que de fato
a máxima “todos iguais perante a lei” não seja meramente uma utopia.

Outro garantidor do Estado Democrático de Direito é a publicidade, a


transparência dos atos administrativos para aqueles que interessam a
Administração Pública, especificamente quantos aos afetados pelos atos
administrativos.
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Não deve ser confundido com o direito à informação (para o cidadão ou ao


interessado). A título de exemplo, está o instituto do habeas data. Excetuam-se os
casos que o sigilo é necessário para a segurança da sociedade e do Estado.

A Constituição prevê que ninguém pode ser privado de sua liberdade e de


seus direitos sem o devido processo legal; assim, nos processos administrativos
serão garantidos os direitos à ampla defesa e ao contraditório em um processo
regular formal, para que nem total nem parcialmente, em suspensão ou
permanentemente, aflição gravosa aos direitos seja cometida. Ressalta-se que os
princípios devem ser aplicados de forma a não prejudicar a adoção de medidas de
urgência pelo interesse público.

A moralidade administrativa consiste na convergência entre a atuação dos


agentes públicos aos princípios éticos e morais. A violação a estes consiste em
ilegalidade e, portanto, sujeita o ato administrativo à invalidade. Os princípios da boa
fé e da lealdade são consequência daquele. O ato lesivo ao patrimônio público e à
moralidade administrativa pode ensejar futura ação civil pública.

Devido ao fato do Brasil ser dotado de jurisdição, não existindo direito sem a
apreciação judiciária, no mesmo sentido, os atos administrativos estão sujeitos ao
controle judicial. Assim, cabe ao Poder Judiciário anular aqueles atos que não
condizem com o Direito.

O Estado possui responsabilidade sobre os atos administrativos, de forma


que a Carta Magna determina que as pessoas jurídicas de direito público ou privado
prestando serviços públicos devem responder pelos atos que seus agentes;
considerando o dolo ou culpa na conduta destes, a responsabilidade é convertida.
Atenta-se à exigência de serem estes atos comissivos do Estado.

O princípio da boa administração ou eficiência será sempre limitado pelo


princípio da legalidade, pois aquela não pode ser alcançada por fim ilegal, mas sim
através da atuação que alcança o seu fim de forma idônea e adequada.
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Por fim, outro princípio alavancado pelo Estado Democrático de Direito é a


segurança jurídica, o qual garante a estabilidade da vida social; assim, as
orientações da Administração Pública devem estar antecipadas de noticiamento
destas à população.

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