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FAPAN
Curso de Direito
CRIME DE TORTURA
São Paulo
2022
NATHÁLIA MELISSA DA SILVA FERMINIO
CRIME DE TORTURA
Orientador:
2
São Paulo
2022
FOLHA DE APROVAÇÃO
E atribui a nota:
Professor (a):
(Nome e Sobrenome do/a Orientador/a)
Data:
3
DEDICATÓRIA
Agradeço primeiramente a Deus pois sem ele nada seria possível, que fez com que
meus objetivos fossem alcançados
Agradeço a minha mãe por todo apoio nessa jornada acadêmica, foi quem me motivou
diariamente a não desistir.
Agradeço aos docentes por todos os conselhos e aprendizagem, pela ajuda e pela
paciência durante toda jornada
RESUMO
Tendo em vista o crime de tortura previsto na lei 9.455/1997, esta pesquisa tem como objetivo
analisar a extravagante legislação penal, pois em seu contexto, possui grande valor. Tornando
o crime de tortura um dos atos mais cruéis e bárbaros cometido pela vítima. Portanto,
esclarece os pontos mais importantes e contraditórios do próprio crime, bem como as formas
como inúmeras torturas foram cometidas e as contradições nas disposições legais, bem como
analisar o momento histórico da tortura, seu problema tendo como tema mais importante a
proteção dos direitos humanos, visando sempre proteger a dignidade humana desses danos
brutais e cruéis
6
ABSTRACT
In view of the crime of torture provided for in law 9.455/1997, this research
aims to analyze the extravagant criminal legislation, because in its context, it has
great value. Making the crime of torture one of the cruelest and most barbaric
acts committed by the victim. Therefore, it clarifies the most important and
contradictory points of the crime itself, as well as the ways in which numerous
tortures were committed and the contradictions in the legal provisions, as well as
to analyze the historical moment of torture, its problem having as its most
important theme the protection of human rights, always aiming to protect human
dignity from these brutal and cruel damages.
INTRODUÇÃO............................................................................................................................9
CAPÍTULO 1 TORTURA..........................................................................................................11
1 CONCEITO.......................................................................................................................11
CAPÍTULO 2 TORTURA ATRAVÉS DOS TEMPOS.................................................................14
CAPÍTULO 3 O CÓDIGO PENAL E O CRIME DE TORTURA..................................................17
3.1 FORMA DE TORTURAS.............................................................................................23
CAPÍTULO 4 A CRIMINALIZAÇÃO DA TORTURA NO BRASIL.....................................26
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................................29
REFERÊNCIAS..........................................................................................................................31
INTRODUÇÃO
9
Dessa forma, é necessário estudar a estrutura do ordenamento jurídico do crime de
tortura, para que possa ser devidamente difundido e cooperado para impedir essa prática
terrível.
A metodologia utilizada na pesquisa para elaboração deste artigo fundamentou-se em
uma pesquisa exploratória, análise de cunho bibliográfico com a utilização de livros, artigos
científicos e sites eletrônicos e documental, sob método descritivo.
Além disso, importante lembrar que o objetivo desta pesquisa não é esgotar as
questões relacionadas aos direitos dos animais, visto que o assunto propõe uma riqueza de
doutrinas.
10
CAPÍTULO 1
TORTURA
1 CONCEITO
A tortura, é um dos assuntos mais polêmicos da sociedade porque tem como objetivo
obter uma confissão, ou mesmo condenar outra pessoa, vem sendo utilizada desde a idade
média.
Existem vários conceitos de tortura, o mais importante dos quais é a lei da tortura
listada no artigo 1, e a lei da tortura citada por muitos grandes doutrinadores, no Brasil
Constituição enfoca a contradição da tortura, em 1824, de acordo com o Artigo 179, parágrafo
19. Dessa forma, o crime de tortura foi abolido antes mesmo do artigo 5º da Constituição de
1988.
Wolgran Ferreira (1991, p. 23), narra1:
1
Wolgran FERREIRA. A tortura: sua história e seus aspectos jurídicos na constituição. São Paulo: Julex
Livros, 1991;
11
Pode haver uma definição mais precisa de tortura listada em sua própria lei no artigo 1
(Lei nº 9455/97):
Desta forma, a tortura é incluída no rol das violações dos direitos humanos.
No que diz respeito ao princípio da dignidade humana, é também um ato que viola a
constituição, pois afeta diretamente a integridade física e psicológica das pessoas, na maioria
dos casos, a discriminação racial é perpetrada por pessoas com as mesmas características
biológicas (raça, sociedade e religião).
A tortura corporal é um dos exemplos importantes do horror que deixa marcas no
corpo ou na mente, sejam elas físicas ou psicológicas. A definição de tortura pode ser
encontrada na ratificada "Convenção Internacional contra a Tortura" e outros tratamentos ou
penas cruéis, desumanos ou degradantes foi ratificada em 1991:
o termo “tortura” designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos,
físicos ou mentais, que são infligidos intencionalmente a uma pessoa, a fim de obter,
dela ou de uma terceira pessoa, informações ou confissões; de castigá-la por ato
cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer
motivo baseado em discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou
sofrimento são infligidos por um funcionário público ou outra pessoa no exercício
de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou
aquiescência.
O texto da mesma convenção também inclui conteúdo que não é considerado tortura:
2
Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997
12
Não se considerará como tortura as dores ou sofrimentos consequência unicamente de
sanções legítimas, ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram.
A Constituição Federal também estipula em seu Artigo 5º, Artigo XLIII, que a lei
considerará crimes inafiançáveis e insustentáveis, incluindo tortura, tráfico ilegal de
entorpecentes e drogas afins, terrorismo definidos como ato criminoso hediondo.
13
CAPÍTULO 2
Portanto, durante este período, muitas torturas ocorreram em muitos países, incluindo
Itália, França, Espanha, Grã-Bretanha, Áustria, Suécia, Alemanha e até mesmo Portugal.
3
Wolgran FERREIRA. A tortura: sua história e seus aspectos jurídicos na constituição. São Paulo: Julex
Livros, 1991
15
Tem aplicabilidade extraordinária, porque esse processo é realizado em conjunto com
a promotoria, tem o mesmo sistema estrito e sempre confidencial, e determina o cargo e o
nome do juiz. país que sofre com esses tormentos tem suas peculiaridades processuais.
A forma mais utilizada é também a vigília noturna, utilizada na coluna vertebral para
suportar o peso de todo o corpo e causar inúmeros sofrimentos entre os torturados, sendo
assim, Espanha e Itália são os países com mais relatos de tortura.
Michel Foucault (2007, p. 13), narra4:
A punição vai-se torando, pois, a parte mais velada do processo penal, provocando
várias consequências: deixa o campo da percepção quase diária e entra no da
consciência abstrata; sua eficácia é atribuída à sua fatalidade não sua intensidade
visível; a certeza de ser punido é que deve desviar o homem do crime e não mais o
abominável teatro; a mecânica exemplar da punição muda as engrenagens. Por essa
razão, a justiça não mais assume publicamente a parte de violência que está ligada a
seu exercício. [...] é a própria condenação que marcará o delinquente com sinal
negativo e unívoco: publicidade, portanto, dos debates e da sentença; quanto à
execução, ela é como uma vergonha suplementar que a justiça tem vergonha de
impor ao condenado
Cabette, afirma:
4
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 33 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. Título
original em francês: (Surveiller et Punir).
16
CAPÍTULO 3
Em primeiro lugar, o código penal que trata do agravamento geral está estipulado no
Artigo 61 II, d. Portanto, uma vez que tortura é o mesmo que este agravamento, os
procedimentos para a aplicação das disposições para vários crimes hediondos vão desde
abuso de poder até causado por crimes tais como lesões corporais, que podem então ser
usadas para usar métodos cruéis e degradantes por meio de tortura.
No mesmo entendimento da “Lei da Tortura”, o artigo 121, parágrafo 2º, inciso III da
“Lei Penal” também trata do crime de homicídio qualificado pela tortura.
Com isso, cumpre narrar sobre um dos doutrinadores que “participaram” da fase dos
crimes de tortura no passar dos anos.
Beccaria sugeriu que, idealmente, deveria haver uma distribuição justa dos benefícios
entre os membros da sociedade. No entanto, os privilégios estavam realmente concentrados
no poder de algumas pessoas. Portanto, somente a lei em si poderia prevenir ou impedir esses
abusos.
No decorrer de um século, ficou demonstrado que o nascimento da lei é uma
ferramenta para a paixão de poucas pessoas. Eles não são descritos como convenções
estabelecidas entre homens livres. O autor ficou indignado com o comportamento bárbaro das
sentenças proferidas nos tribunais da época, carecendo de críticas a esta situação e aos erros
17
acumulados ao longo dos séculos.
18
Beccaria sugeriu apontar os princípios gerais do crime e apontou uma série de
questões relacionadas ao propósito, eficácia e influência dos costumes sobre a lei. Com a
chegada da obra de Beccaria, iniciou-se a luta pelos direitos humanos, portanto, as ideias
desse jurista invadiram a Constituição brasileira.
Embora a Constituição se baseie na Carta Magna, foi somente após o surgimento da
obra de Cesaria Bonasena que surgiram as ideias sobre os direitos humanos e o respeito aos
criminosos.
Na monarquia constitucional de 1824 de autoria de Dom Pedro I, é possível observar o
desempenho marcante da obra de Beccaria, pois o texto constitucional imprimiu a primeira
norma da lei penitenciária. Na Constituição, a pena de morte, o exílio e a punição ainda eram
permitidos, mas já eram descritos os princípios da legalidade e do devido processo.
Neste sentido, com a influência de Beccaria, foram incluídos os princípios delimitados
pelo mesmo na Constituição;
Anterioridade “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal”
Legalidade; “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão
em virtude de lei”
Irretroatividade da Lei Penal, “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”
Neste sentido, demonstra-se que Beccaria aplicou esses princípios em sua obra,
enquadrando-se na Carta Magna do Brasil.
Será feita uma análise em face dos artigos 121 do CP ao artigo 129 do CP, ao estudo
do entendimento do autor, os artigos em questão retratam alguns dos piores crimes cometidos,
neste sentido, em comparado com o entendimento de Beccaria, visa-se fazer uma análise dos
crimes atribuindo a ideologia do mesmo.
19
Beccaria possuía o entendimento de que as penas deveriam ser proporcionais aos
delitos, assim ligando este entendimento com os artigos em questão se busca analisar que os
meios utilizados pela legislação para prevenir o crime devem ser mais fortes, quanto mais
prejudicial ao interesse público, procurando uma relação entre crime e punição, se não houver
essa proporção, os criminosos não serão tratados de forma diferente na mente das pessoas. É
necessário estabelecer uma pena a cada delito, importante analisar todo o “grau” do crime
cometido.
No caso dos crimes ora mencionados, deve fazer uma “divisão”, exemplo entre roubo
com violência e não violência fornece uma base para a distinção entre agressão e roubo. Neste
sentido deve se ponderado evidentemente o crime ocorrido com a legislação pertinente, dando
ao criminoso a pena correta com a junção do delito, dos fatos e do grau do crime cometido.
Além disso a duração do processo é importante, “Cabe tão-somente às leis determinar
o espaço de tempo que se deve utilizar para a investigação das provas do crime, e o que se
deve conceder ao acusado para que se defenda.”
Em face dos crimes hediondos por exemplo, não se deve haver qualquer prescrição em
favor do culpado.
Uma vez que a gravidade do crime deve ser investigada, o tempo gasto na
investigação de evidências e na determinação de prescrições não deve ser aumentado.
Valéria Diez (2002, p. 48), narra5:
Ante a ausência de um tipo penal específico, que somente passou a existir com a Lei
nº 9.455/97, a punição da tortura dava-se pela adequação do fato a outros tipos
penais do ordenamento jurídico, normalmente de pouca gravidade. Dessa forma, era
muito comum o enquadramento da tortura nos crimes de lesão corporal dolosa e
abuso de autoridade, salvo quando praticado como meio de execução de outro delito,
hipótese em que caracterizava agravante ou qualificadora de homicídio (artigos 61,
II, d e 121, § 2º, III, do Código Penal). Nesse caso, justificava-se a elevação da pena
em razão do grande sofrimento causado à vítima durante a prática do crime. [...]. Na
maioria das vezes, o fato não era punido com rigor. Embora a tortura tivesse sido
equiparada aos crimes hediondos pela Constituição, seu enquadramento em outros
tipos, não considerados/equiparados aos hediondos, livrava o agente dos rigores da
Lei nº 8.072/90. Assim, se o agente tivesse torturado a vítima, resultando apenas
lesão leves, não seria acusado de crime hediondo e teria direito até a transação penal
(Lei nº 9.099/95).
Temos outro artigo sobre tortura, mas enfoca o tratamento de prisioneiros no Artigo 38
do Código Penal: “O preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade,
impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e moral.”
5
GOULART, Valéria Diez Scarance Fernandes. Tortura e prova no processo penal. São Paulo: Atlas, 2002.
20
Portanto, vemos que este artigo é totalmente desrespeitado, porque nas prisões
acontecem mais inúmeras rebeliões. Isso porque há muitos presos, o que ultrapassa o número
mínimo de presos em cada cela, de modo que os direitos dos presos não são obtidos.
Respeitar, ser humilhado e descumprir a ética do criminoso correspondente, e tratar os
criminosos de maneira tão cruel e degradante, porque a prisão não tem nem assistência
médica adequada, melhores condições, e até falta de serviços básicos
A prisão não deve impor restrições que não sejam inerentes à própria natureza da pena
privativa de liberdade e, por essa razão, impõe-se a todas as autoridades o respeito à
integridade física e moral do detento ou presidiário (art. 5º, XLIX da CF e art. 40 da LEP).
A Resolução nº 7, de 11/07/94, do Conselho Nacional de Política Criminal e
Penitenciária, reitera o ‘princípio fundamental de que qualquer pessoa presa ou sujeita à
medida de segurança tem direito à preservação de sua integridade física e moral, não devendo
ser submetida a tortura, a tratamento desumano ou degradante, nem ficar exposta à execração
pública’(art.6º).
Neste sentido, verifica-se jurisprudência do Tribunal de Justiça7:
6
MIRABETE, Julio Fabbrini. Código Penal Interpretado. São Paulo: Jurídica Atlas, 2000.
7
TJ-RS, 70047451026, Rel. Leonel Pires Ohlweiler
21
eficiente a garantir a integridade daqueles recolhidos sob sua custódia, culminando
com a morte do familiar dos autores recolhido ao estabelecimento prisional.
Dano moral in ré ipsa. Valor da condenação fixado de acordo com as peculiaridades
do caso concreto, bem como observados os princípios da proporcionalidade e
razoabilidade, além da natureza jurídica da indenização. Dano material. Pensão
mensal aos filhos menores. Fixada a condenação ao pagamento de pensão mensal
aos filhos menores, sendo presumida sua dependência econômica em relação ao pai
falecido. Precedentes jurisprudenciais. À UNANIMIDADE. DERAM
PROVIMENTO AOS APELOS DOS AUTORES ANDERSON, ADRIANO E
JOSÉ, E PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO DA AUTORA
GARIBALDINA. (70047934237 RS, Relator: Tasso Caubi Soares Delabary, Data
de Julgamento: 30/05/2012, Nona Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da
Justiça do dia 05/06/2012)8
8
TJ-RS, 70047934237, Rel. Tasso Caubi Soares Delabary
9
STF, AI 782903 AgR-segundo, Rel. Min. LUIZ FUX
STF, RE 495740 AgR, Rel. Min. CELSO DE MELLO
STJ, REsp 936.342/ES, Rel. Ministro LUIZ FUX
22
alteridade do dano, (b) a causalidade material entre o "eventus damni" e o
comportamento positivo (ação) ou negativo (omissão) do agente público, (c) a
oficialidade da atividade causal e lesiva imputável a agente do Poder Público que
tenha, nessa específica condição, incidido em conduta comissiva ou omissiva,
independentemente da licitude, ou não, do comportamento funcional e (d) a ausência
de causa excludente da responsabilidade estatal. Precedentes. A omissão do Poder
Público, quando lesiva aos direitos de qualquer pessoa, induz à responsabilidade
civil objetiva do Estado, desde que presentes os pressupostos primários que lhe
determinam a obrigação de indenizar os prejuízos que os seus agentes, nessa
condição, hajam causado a terceiros. Doutrina. Precedentes. - A jurisprudência dos
Tribunais em geral tem reconhecido a responsabilidade civil objetiva do Poder
Público nas hipóteses em que o "eventus damni" ocorra em hospitais públicos (ou
mantidos pelo Estado), ou derive de tratamento médico inadequado, ministrado por
funcionário público, ou, então, resulte de conduta positiva (ação) ou negativa
(omissão) imputável a servidor público com atuação na área médica. - Servidora
pública gestante, que, no desempenho de suas atividades laborais, foi exposta à
contaminação pelo citomegalovírus, em decorrência de suas funções, que
consistiam, essencialmente, no transporte de material potencialmente
infectocontagioso (sangue e urina de recém-nascidos). - Filho recém-nascido
acometido da "Síndrome de West", apresentando um quadro de paralisia cerebral,
cegueira, tetraplegia, epilepsia e malformação encefálica, decorrente de infecção por
citomegalovírus contraída por sua mãe, durante o período de gestação, no exercício
de suas atribuições no berçário de hospital público. - Configuração de todos os
pressupostos primários determinadores do reconhecimento da responsabilidade civil
objetiva do Poder Público, o que faz emergir o dever de indenização pelo dano
pessoal e/ou patrimonial sofrido. (RE 495740 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE
MELLO, Segunda Turma, julgado em 15/04/2008, DJe-152 DIVULG 13-08-2009
PUBLIC 14-08-2009 EMENT VOL- 02369-07 PP01432 RTJ VOL-00214- PP-
00516)
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Portanto, a tortura deve ter uma conexão entre os vestígios e os meios de denúncia das
vítimas de tal tortura para ter forma e resultado, causando lesões graves e lesões graves. Muito
sérios e podem até levar à morte ou resultados ainda menos graves, como ferimentos leves.
Alguns deles são mais graves do que outros e nunca podem ser reparados em caso de
sofrimento psíquico ou sequelas irreparáveis (que ficarão gravadas na vítima física e
mentalmente). Portanto, após vários anos de etapas, cada etapa tem seus próprios métodos e
formas.
Wolgran Junqueira Ferreira (1991, p. 50):
Por fim, neste caso, é importante a elaboração de laudo pericial que comprove a
existência de tortura por meio dos vestígios físicos do abuso cometido pela vítima, por isso
é muito importante como prova desse processo.
No caso das investigações criminais, visto que na maioria dos casos é difícil de
provar, porque os vestígios desapareceram, é porque o detido não pode contactar o médico
para realizar tais investigações, pelo que a fiscalização do sujeito penal é determinada de
acordo com o disposto no artigo 158 do CPP o crime de tortura foi cometido: “Quando a
infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto,
não podendo supri-lo a confissão do acusado.”
26
CAPÍTULO 4
27
fundamentais”, e que criminalizou a prática da tortura no inciso III do artigo 5º, em que
estabelece que “ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou
degradante”. A prática da tortura tornou-se, com a Constituição de 1988, crime inafiançável
e insuscetível de graça ou anistia (art. 5º, inciso XLIII). Além disso, ela também reconheceu
como integrante dos direitos constitucionalmente consagrados os tratados internacionais de
proteção internacional de direitos humanos, que, assim sendo, passam a ser direta e
imediatamente exigível no plano do ordenamento jurídico interno (art. 5º, § 2º).
28
Em 1990, o Estatuto da Criança e Adolescente (Lei nº 8.069/90) apresentou um artigo
que versava acerca do crime de tortura contra criança e adolescente. Este artigo era o 233º, que
estabelecia pena para aqueles que submetessem criança ou adolescente, sob sua autoridade,
guarda ou vigilância a tortura. O texto não detalhou o que consistia o crime de tortura,
deixando em aberta a caracterização desse crime para os juristas. De acordo com Eduardo Luiz
Santos Cabette (2006) o legislador não descreveu com detalhamento o que é a tortura, assim
como deixou de fazer no texto da Constituição.
Somente em 1997, quase dez anos após a promulgação da Constituição, é que a Lei
9.455/97 contra a tortura vai ser promulgada. Entretanto, a Lei não partiu da iniciativa da
Câmara ou do Senado, apesar de diversas propostas tramitarem por anos nessas casas. Essa lei
foi promulgada a toque de caixa, enredada pela comoção popular após a divulgação de
imagens de policiais militares torturando moradores da região de Diadema, conhecida como
Favela Naval. De acordo com Sérgio Salomão Shecaira (1997), a tramitação da Lei foi
precipitada pelos trágicos acontecimentos de Diadema, no dia 7 de abril de 1997.
A Lei aprovada às pressas acabou trazendo consigo uma série de elementos que a
tornam ambígua, pouco definindo o que vem a ser efetivamente crime de tortura. Não se sabe
se o legislador optou por fazer uma lei mais genérica, cuja responsabilidade de definições
ficasse a critério do intérprete da lei, ou se ela foi realizada sem muitos cuidados, apenas como
resposta imediata do Estado à comoção provocada pelas cenas fortes das torturas policiais de
Diadema. Enfim, essa reflexão demandaria uma pesquisa mais minuciosa o que, neste
momento, não temos como avançar. O que podemos fazer aqui é refletir quais são as
conseqüências dessa formulação genérica acerca do julgamento dos crimes de tortura, com
base na Lei 9.455/97, para a responsabilização de torturadores, principalmente os agentes de
Estado.
Neste capítulo não tivemos a intenção de fazer uma análise jurídica a respeito da Lei da
tortura, mas apenas apresentar algumas críticas acerca da sua aplicabilidade e
efetividade e que, de fato, atingem a forma como o legislador a formulou. Nossa tarefa é
perceber quais os impactos da Lei com relação à responsabilização dos crimes de tortura, visto
que sua aplicação depende muito mais da interpretação dos atores responsáveis pela Justiça, do
que da própria Lei.
29
CONSIDERAÇÕES FINAIS
30
foram implementados, porque na maioria das vezes, o sujeito ativo busca o uso dessas torturas
ou outros métodos irreparáveis.
31
REFERÊNCIAS
Análise dos artigo 121, 122, 123, 124, 125, 126, 127 e 128, do Código Penal, , disponível
em: https://beatrizpbarbosa.jusbrasil.com.br/artigos/406736418/analise-dos-artigo-121-122-
123-124-125-126-127-e-128-do-codigo-penal
Artigo 121 - Código Penal Comentado - Estrutura do Crime de Homicídio, disponível em:
https://www.gabarite.com.br/dica-concurso/285-artigo-121-codigo-penal-comentado-
estrutura-do-crime-de- homicidio#:~:text=121.,de%20seis%20a%20vinte
%20anos.&text=1%C2%BA%20Se%20o% 20agente%20comete,um%20sexto%20a%20um
%20ter%C3%A7o.
Dos Delitos e das Penas: a Análise de Cesare Beccaria Que Resolveria Grande Parte da Crise
no Direito Penal Brasileiro, disponível em: https://www.megajuridico.com/dos-delitos-e-das-
penas-a-analise-de-cesare-beccaria-que-resolveria-grande-parte-da-crise-no-direito-penal-
brasileiro/#:~:text=A%20obra%20Dos%20Delitos%20e,por%20parte%20da%20sociedade%2
0atual
GOULART, Valéria Diez Scarance Fernandes. Tortura e prova no processo penal. São Paulo:
Atlas, 2002.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Código Penal Interpretado. São Paulo: Jurídica Atlas, 2000.
SILVA, Magna Meire de Oliveira. Tortura. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 06 abr. 2012.
Disponível em: http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.36374&seo=1
SILVA, Magna Meire de Oliveira. Tortura. Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 06 abr. 2012.
Disponível em: http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.36374&seo=1
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