Você está na página 1de 43

c

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................ 3
1 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO PENAL E SEUS
PRINCÍPIOS MAIS RELEVANTES .................................................................... 4
2 PACOTE ANTICRIME ....................................................................... 6
2.1 Conceito e origem do pacote anticrime ....................................... 6
3 FATORES QUE INFLUENCIARAM NA ELABORAÇÃO DA
NORMATIVA LEGAL ........................................................................................ 8
3.1 Fator Histórico ............................................................................. 8
3.2 Fator Social ............................................................................... 10
3.3 Fator Estrutural .......................................................................... 11
4 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES AO CÓDIGO PENAL ........................ 12
4.1 Legítima Defesa ........................................................................ 12
4.2 Pena pecuniária ........................................................................ 13
4.3 Limite de cumprimento de pena ................................................ 14
4.4 Livramento Condicional ............................................................. 15
4.5 Efeitos da condenação .............................................................. 17
4.6 Homicídio qualificado ................................................................ 20
4.7 Roubo ........................................................................................ 21
4.8 Estelionato ................................................................................. 22
5 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI 13.964 DE 24 DE
DEZEMBRO DE 2019 AO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL BRASILEIRO . 23
5.1 O Juiz das Garantias ................................................................. 23
5.2 O Arquivamento do Inquérito ..................................................... 28
5.3 Acordo de não persecução penal .............................................. 29
5.4 A prova ilícita ............................................................................. 32
5.5 Exame de corpo de delito, cadeia de custódia e perícias.......... 33
5.6 Medidas Cautelares e as prisões .............................................. 35
5.7 Da Prisão em Flagrante............................................................. 36
5.8 A Prisão Preventiva ................................................................... 38
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................... 42
INTRODUÇÃO

Prezado aluno,

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é


semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao
professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o
tema tratado.
O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos
ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não
hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de
atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!
1 A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO PENAL E SEUS PRINCÍPIOS
MAIS RELEVANTES

Inicialmente, faz-se necessário e relevante, um debate relativo ao


progresso do direito penal bem como uma visão histórica, baseado em suas
vertentes e ainda as respeitáveis mudanças ao longo dos anos, buscando
enumerar e ainda abordar os conceitos e princípios do Direito Penal.
Desde os primórdios, o ser humano busca de forma incansável meios para
garantir sua proteção, talvez por instinto de sobrevivência.
A partir do surgimento da vida moderna em sociedade, em como as
liberdades adquiridas por cada indivíduo inserido neste meio, incidiu uma certa
interferência de forma direta na liberdade do outro, o que de certa forma
impulsionou não só a criação, mas também que se desenvolvesse leis no tempo
e no espaço, o que ocorreu também com a legislação penal.
Tal evolução tornou-se um marco importante, que norteou toda a
legislação atual havendo então a necessidade de estudo para que se possa
entender a legislação penal.
Como se pode observar sempre, ou seja, desde início da civilização é
possível se verificar a existência do crime, com isso, surgiu-se a necessidade da
criação de ordenamentos buscando assim resolver o problema para que a vida
em sociedade, pudesse existir, assim objetivando manter a paz, bem como
segurança e a liberdade, visando ainda garantir a todos os indivíduos o estado
democrático de direito social no convívio coletivo.
Dentro das evoluções sofridas no direito penal, diversas foram as frases
que mais tiveram impactos dentro da sociedade. Na esteira disso, é possível
transcrever nas palavras de Noronha, aquela à qual teve o maior impacto, in
verbis:
“A pena em sua origem, nada mais foi que vingança, pois é mais
compreensível que naquela criatura, dominada por seus instintos,
o revide à agressão sofrida devia ser fatal, não havendo preocupações
com a proporção, nem mesmo com sua justiça”. (NORONHA,2003.
p.21)
(Grifado)

4
Ainda que, logicamente compreensível, a primeira forma de punição seja
a vingança, pois o homem, movido por instintos animais, retaliou o mal sofrido
alheio, sem se preocupar com a forma ou ritmo em que seus atos impulsivos se
seguirão tudo, na época, sem um tipo definido de justiça.
Por conta de eventos como esses, tornou-se necessário criar regras
mínimas de convivência, para estabelecer uma melhor forma de resolver os
conflitos.
Nela, nasceu a Lei de Talião, que é reconhecida como um grande avanço
para aquele período, definindo as formas de punição.
Hoje, essa lei é considerada algo absurdo e não lógico, mas naquela
época é necessário e finalmente estabelecido, as raízes da relação, porque
identificou penalidades, tanto quanto as causas do mal.
Logo em seguida, inicia-se a etapa da vingança divina, nesse período são
feitas leis contra a religião, e o crime é considerado pecado, então o castigo será
uma forma de castigo de Deus.
Com isso, percebe-se que a punição se tornou severa e excessiva, a
ponto de tirar a vida do infrator.
As punições serão impostas conforme determinado pelos padres, com a
brutalidade por assim dizer, impondo castigos desumanos com o único propósito
de intimidar outros de cometerem crimes semelhantes.
A conexão entre os dois momentos, a vingança privada e a divina, é
observada por meio de resultados com extrema crueldade e manifestações de
ódio capazes de causar guerra entre grupos.
A próxima etapa é caracterizada pela chamada vingança pública, neste
momento da história punições cruéis foram determinadas, os infratores
queimados vivos e enterrados vivos, divididos, todos estão em locais públicos.
Nesse período histórico, as punições eram aplicadas e determinadas pelo
Estado, embora com o mesmo propósito de intimidação para reprimir, para
prevenir novos crimes.
Concluímos que a população da época vivia um momento extremamente
estressante onde não havia direito a desculpa. O réu nem sabe qual crime será
julgado, atestando a experiência de imensa insegurança, abrindo a possibilidade
de punição arbitrária sem fundamento.

5
Note-se que as penas criminais variam de acordo com as condições
sociais e políticas do acusado, sendo comuns as penas de confisco, mutilação,
espancamento, tortura e penas notórias.
É claro que a fase do direito penal mencionada nas linhas discutidas é
muito falha, desigual, e estabelece punições completamente desproporcionais
além de deixar de fornecer ao réu qualquer meio de defesa.
As consequências iniciaram a chamada era humanitária, onde era
necessária uma reforma da lei, na tentativa de tornar as punições proporcionais
e humanas aos delitos cometidos.

Ipsis litteris destaca-se os pensamentos do ilmo. Beccaria:

[...] o fim das penas não é atormentar nem afligir o ser sensível, nem
desfazer um delito cometido. [...] o fim é apenas impedir que o réu
cause novamente danos aos seus cidadãos é desestimular penas e
modos de infligi-las, que, guardadas as proporções, causem uma
impressão mais eficaz e duradoura no espírito dos homens e menos
penosa no corpo do réu. (BECCARIA,2010. p.41)

Grandes inovações surgiram a partir daí, como percebe-se no trecho em


linhas acima, uma visão muito diferente e futurista do que se existia até então
naquela época.
Afirmando que a finalidade da lei não seria atormentar, mas sim impedir
que o réu viesse a repetir o crime, desestimulando novos delitos, mas de certa
forma que não fosse desproporcional ou cruel ao corpo do indivíduo.

2 PACOTE ANTICRIME

2.1 Conceito e origem do pacote anticrime

O chamado “Pacote Anticrime” do Governo Federal surgiu, inicialmente,


como um anseio popular expresso nas eleições de 2018, podendo ser
conceituado como “uma espécie de Plano Real contra a criminalidade”.

6
O conjunto de alterações na legislação penal brasileira que busca
fomentar a eficácia no combate ao crime organizado, aos crimes violentos muito
especialmente à corrupção, reduzindo os atrasos no sistema judicial criminal
brasileiro. Nesse sentido Renato Brasileiro aduz a seguinte linha de raciocínio,
verbis:

O denominado projeto Anticrime foi apresentado ao Congresso


Nacional no dia 31 de janeiro de 2019 (PL 882-2019), tendo como
principal meta o estabelecimento de medidas que realmente se
demonstrassem efetivos contra a corrupção, o crime organizado e os
delitos praticados com grave violência à pessoa, sistematizando as
mudanças em uma perspectiva mais rigorosa no enfrentamento à
criminalidade, totalmente em consonância com o anseio popular
expressado nas eleições de 2018 (BRASILEIRO, 2020. p.18).

O Crime Organizado, atualmente, tornou-se uma das maiores


preocupações dos Estados os quais visam acima de tudo a paz social, tendo em
vista que estes grupos possuem grande impacto nos três poderes, sendo eles;
judiciário, legislativo e executivo, e também na sociedade, dada a proporção e o
prejuízo de seus atos.
Em diversos países não é possível saber ao certo a origem do crime
organizado, já que em cada país o fenômeno da criminalidade organizada se
deu com segmentos e objetivos diferentes. Nesse lamiré Eduardo Araújo da Silva
descreve:

A origem da criminalidade organizada não é de fácil identificação,


em razão das variações de comportamentos em diversos países,
as quais persistem até os dias atuais. Não obstante essa dificuldade,
a raiz histórica é traço comum de algumas organizações, em especial
as Máfias italianas, a Yakuza japonesa e as Tríades chinesas. Essas
associações tiveram início no século XVI como movimentos de
proteção contra arbitrariedades residiam em localidades rurais, menos
desenvolvidas e desamparadas de assistência dos serviços públicos.
Para o crescimento de suas atividades, esses movimentos contaram
com a conivência de autoridades corruptas das regiões onde ocorriam
os movimentos político-sociais. (SILVA, 2009. p. 03).

(Grifado)

7
As Organizações Criminosas se constituem em grupos espalhados pelo
país e pelo mundo, que se organizam com regras próprias, a fim de efetivar os
seus objetivos.
Assim é possível observar que o modo como as Organizações são
chamadas podem variar, já que se leva em conta o tempo e país, bem como
suas formas e objetivos.

3 FATORES QUE INFLUENCIARAM NA ELABORAÇÃO DA NORMATIVA


LEGAL

Dentre todos fatores que influenciaram a criação do pacote anticrime no


Brasil, destacam-se como principais os fatores históricos, sociais e estruturais,
os quais remontavam os processos criminais e ao crime organizado a ideia de
impunidade devido a precariedade dos processos com a extensão de prazos,
recursos e institutos jurídicos que resultavam na absolvição dos acusados.
Importante evidenciar que tal projeto passou por inúmeras modificações
que realizadas durante seu processo de julgamento e votação pelo Congresso
Nacional, através da Câmara dos Deputados e Senado Federal, tendo sofrido
também, diversos vetos.
Dentre os fatores, segundo o estudo, destacam-se três; o histórico, o
social e o estrutural, a qual veremos a seguir.

3.1 Fator Histórico

O período colonial deixou um costume enraizado de corrupção e um laço


entre a criminalidade e Estado. Antes dos portugueses desembarcarem no
Brasil, já era possível identificar as primeiras práticas de corrupção.
O Brasil iniciou com invasões estrangeiras, sem nenhum desejo em
formar uma nação com compromisso ético e moral com o país. Era apenas um
ponto exploratório, onde os aventureiros tinham interesse em tirar proveitos e
depois ir embora. Conforme preconiza Emanuel Araújo:

8
Acreditava-se que se enriqueceria tão rapidamente que não havia a
necessidade de levar-se a família: seria pouca a demora naquelas
terras insalubres, incultas e povoadas de bugres antropófagos.
(ARAÚJO, 1997.p. 22).

Ao se fazer uma análise aprofundada na história do Brasil, por meio de


obras que nos remetem ao período colonial, vislumbramos uma malevolente
herança de corrupção no alto escalão real, que contava com autoritarismo,
arbitrariedades e ilegalidades cometidas sob os olhos do Estado e resultavam
em injustiças que nos trouxeram até os dias atuais à um sistema estatal atrelado
com o crime.
Os interesses pessoais eram altamente atendidos em detrimento do
restante, o qual fez que os indivíduos não diferenciassem público de privado, e
conforme Sérgio Buarque de Holanda entendiam que:

A própria gestão pública apresenta-se como forma de assunto de


interesse particular; as funções, os empregos e os benefícios que
através deles se aufere, relacionam-se aos direitos pessoais do próprio
funcionário e os interesses objetivos, como o verdadeiro Estado
burocrático, os quais prevalecem as especializações das funções e os
esforços dedicados para se assegurarem as garantias dos cidadãos.
(HOLANDA,1982. p. 17).

Desde o período colonial, temos um Estado que nasce por concessão,


atualmente no Brasil, os cargos de maior predominância e relevância são
aqueles concedidos por nomeação, ou até mesmo mera indicação.
Dito isso, percebe-se que o Estado é usado em benefício dos gestores,
mesmo que eleitos, logo, fica claro que a corrupção é um problema antigo no
Brasil.

9
3.2 Fator Social

Podemos salientar o fator social como sendo o primordial para a


existência da corrupção. A divisão de classes, a ambição por poder, o
enriquecimento ilícito e a necessidade de manutenção de padrão de vida, levam
as pessoas ao ideal de corromper-se para auferir tais objetivos, não podendo
limitar-se a corrupção somente aos gestores públicos, mas também aos do setor
privado e aos cidadãos em si, pois como é de sabença, a corrupção reporta-se
de várias maneiras, seja na empresa que se trabalha, nos negócios que se faz
ou até mesmo dentro da própria casa.
O famoso “dar-se-á um jeitinho” é a principal arma da corrupção, entende-
se por um ato corrupto, que o coloca à mercê da honestidade, visando cada vez
mais a obtenção de uma vantagem indevida, seja ela em pequenos detalhes
como por exemplo receber o troco em excesso e ignorar tal ato, seja desviando
verbas da saúde e prejudicando vidas. Almeida conceitua o “jeitinho brasileiro”
como:

Existe uma linha tênue entre o certo e o errado em que nasce o jeitinho
brasileiro como um instrumento da dinâmica social, fica mais fácil
entender porque a cultura da corrupção se estabelece. O jeitinho
brasileiro é socialmente aceito e esse jeitinho que quebra as
regras e se apresenta como a “zona cinzenta moral”, ou seja, entre
os limites do certo e o errado. Variando as circunstancias, o que é
certo pode ser considerado errado e vice e versa. (ALMEIDA, 2007. p.
56).
(Grifado)

Já Lourenço Stelio Rega enfatiza a existência de um “jeitinho brasileiro”


pode se tornar bom ou mal, e entende, verbis:

O jeitinho brasileiro pode ser bom ou mau. O jeitinho brasileiro é


positivo quando surge em virtude da necessidade e ou no instinto de
sobrevivência da pessoa. Em determinadas situações, o cidadão se vê
obrigado em até mesmo ultrapassar alguns limites, sejam eles morais
ou até mesmo legais, em virtude das necessidades demandadas pela
sobrevivência. Exemplifica: O pára-lama do carro que é amarrado, em
vez de soldado; pedir a um médico amigo que atenda uma pessoa
carente ou que faça uma cirurgia pelo sistema de saúde público; o

10
vendedor ambulante, “camelô”, que vende produtos falsificados.
(REGA,2000. p. 5).

A maioria das definições que encontramos sobre a corrupção nos leva à


direção da separação de duas esferas: o interesse comum e o particular, movida
pela obtenção de vantagem indevida, nos leva a refletir sobre o tema através de
uma perspectiva mais sociológica ao articular ao cenário da corrupção conceitos
como normas de reciprocidade, troca de favores e consolidação de redes sociais
e de autoridade.
Logo, conclui-se que o fator social é o grande causador da corrupção
dento do Brasil, junto dele são trazidos os fatores externos, tais como a
desigualdade social e a inversão de valores. Acredita-se que mediante uma
educação firmada na moralidade e no caráter, teremos das futuras gerações uma
cultura de honestidade e moralidade.

3.3 Fator Estrutural

Tal fator nos remete diretamente a ligação do Estado em prol da


corrupção, ao analisarmos que a corrupção é um fenômeno recorrente e
enraizado nas instituições, que se unem para viabilizar a impunidade dos desvios
de verbas públicas.
Comumente, a maneira mais utilizada pelos agentes políticos, os quais
têm à vontade corromper-se encontram para conseguir seus objetivos, são,
basicamente, através de cinco institutos: cargos públicos, contratos e licitações,
emendas orçamentárias, financiamento de campanhas feitas por terceiros e
compra de voto.
O pacote anticrime visa repelir crimes deste tipo, conhecidos como crimes
de colarinho branco, quando praticados por membro de alto escalão de qualquer
esfera de poder, aplicando devidamente as respectivas penas a qualquer
acusado, independentemente do cargo já exercido.
Tal fator, torna-se o elo entre a impunidade e a justiça, a correta aplicação
da lei e a devida sanção aplicada a quem venha transgredi-la.

11
4 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES AO CÓDIGO PENAL

Apresenta-se a seguir as mudanças mais relevantes que a Lei n.


13.964/2019 traz para o atual Código Penal Brasileiro, considerando as
mudanças ocorridas no estudo do direito à legítima defesa, multas, pena
limitada, anistia, efeito condenação, homicídio, roubo e peculato agravado.

4.1 Legítima Defesa

Quanto à Legítima Defesa que se encontra elencada no Código Penal,


em seu artigo 23, como uma das excludentes de ilicitude, ipsis litteris:

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado


de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de
dever legal ou no exercício regular de direito. (BRASIL, 1940)

Observa-se ainda no artigo 25 também do CP, onde se encontram


elencados os requisitos da legítima defesa, tais requisitos relativos a agressão e
a reação, da seguinte forma, in verbis:

Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando


moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual
ou iminente, a direito seu ou de outrem. Parágrafo único. Observados
os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em
legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou
risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes.
(BRASIL, 1940)

Observa-se ainda que a redação do parágrafo único da Lei do Pacote


Anticrime, incluiu na legítima defesa, ao artigo 25, onde encontra-se a figura do
agente de segurança o qual elimina a agressão ou a ameaça de suposta
agressão às vítimas mantidas como reféns durante o crime.

12
Especificamente, foi acrescido o parágrafo único buscando uma forma de
resguardar aos agentes públicos de segurança trouxe uma nova forma de
legítima defesa, embora tenha se somado aos requisitos já existentes no caput.

De acordo com as palavras de Nucci:

Não veio do acaso. Situações concretas em grandes cidades


brasileiras demonstraram que atiradores profissionais da Polícia Militar
(snipers) abateram infratores, em diferentes quadros, que mantinham
vítima como refém. Segundo nos parece, a inclusão desse parágrafo
apenas ratifica o que sempre existiu: a legítima defesa de terceiro.
Portanto, há de se interpretar que o agente de segurança pública pode
repelir (rechaçar, defender) agressão (leia-se atual, que está
ocorrendo) ou risco de agressão (leia-se iminente, que está em vias de
acontecer), buscando defender vítima tomada como refém. (NUCCI,
2020. p.5)

Conforme se observa no texto citado anteriormente, o autor esclarece em


relação ao parágrafo único acrescido ao artigo, que este nasce com o objetivo
de ratificar situações já existentes as quais ocorrem de forma corriqueira em
grandes cidades brasileiras.

4.2 Pena pecuniária

Em relação a pena pecuniária, o pacote anticrime realizou a seguinte


mudança no artigo 51 do Código Penal, buscando resolver a problemática
deixada pelo legislador por meio da Lei 9.268/96, conforme elucida Nucci:

Antes de 1996, a multa aplicada em sentença condenatória com


trânsito em julgado, era executada pelo Ministério público, perante a
Vara de Execução Penal (arts 164 a 170). Ocorre que, os parágrafos
do art.51, hoje revogados pela Lei 9.268/96, previam a possibilidade
de conversão da multa (aplicada em dias-multa) em pena privativa de
liberdade, caso o executado, sendo solvente, frustrasse o seu
pagamento. Assim sendo, era viável converter, por exemplo, uma pena
de 20 dias multa em 20 dias de detenção. Em várias legislações de
outros países pode-se encontrar o mesmo critério. (NUCCI, 2020. p.7)

Ainda segundo o autor mencionado anteriormente a preocupação do


legislador, no momento em que instituiu a Lei 9.268/96, era em relação ao abuso

13
da conversão da multa em pena privativa de liberdade, inclusive afirma Nucci
(2020, p.8) “nem bem iniciava a execução, com a citação do condenado para
pagamento, caso ele não o fizesse, o Ministério Público já pedia a referida
conversão, sendo atendido pelo Judiciário” (NUCCI, 2020, p.8)

Na expressão escrita do artigo 51 deixada pela Lei 9.268/96 constata-se:

Art.51. transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será


considerada dívida de valor, aplicando-se-lhe as normas da legislação
relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne
às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. (BRASIL, 1940)

Legitimando as alterações acrescidas o legislativo encontrou uma saída


pois com a nova redação do artigo 51, onde retirou seus antigos parágrafos que
foram instituídos a partir da lei 9.268/96, posto que, a nova redação pecou ao
não estabelecer a competência para a pena de multa, ocasionando vários
conflitos de competência entre juízo criminal e cível.
Estabeleceu-se assim a competência para executar a pena de multa bem
como do juízo da execução Penal, a qual passou a ser uma ação requerida pelo
Ministério Público.

4.3 Limite de cumprimento de pena

De todas as alterações instituídas pela Lei 13.964/2019, a que recebeu o


maior número de comentários, foi a que trata do aumento no limite do
cumprimento de pena.
Mas diante do fato de que a expectativa de vida do brasileiro
anteriormente era de 45 anos, leva-nos a perceber aceitável o limite de
cumprimento de pena definido em 30 anos.
Não obstante atualmente, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) a expectativa de vida do Brasileiro é de 76,3 anos, ou
seja, já havia a necessidade de uma reforma neste sentido, o que fez com que
o pacote anticrime, reformasse o artigo 75 do Código Penal:

14
Art. 75. O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade
não pode ser superior a 40 (quarenta) anos. § 1º Quando o agente for
condenado a penas privativas de liberdade cuja soma seja superior a
40 (quarenta) anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite
máximo deste artigo. § 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior
ao início do cumprimento da pena, far-se-á nova unificação,
desprezando-se, para esse fim, o período de pena já cumprido.
(BRASIL, 1940).

Alteração extremamente pontual que estabeleceu um novo limite de


cumprimento de pena, que passou a ser de 40 anos, no entanto, manteve os
dois parágrafos, adaptando o §1° também ao novo limite de 40 anos.

No entendimento de Nucci:

Tendo-se por média base, um condenado a 100 anos de prisão – o que


não é muito raro – com seus 20 anos, poderá deixar o cárcere com
aproximadamente 60 anos, com ainda mais expectativa de vida. Não
se pode considerar a alteração inconstitucional, por violar a vedação
da pena em caráter perpétuo. Muito menos a pena cruel, pois quem
necessita beneficiar-se desse limite para sair do cárcere, com toda
certeza cometeu barbaridades inúmeras, ultrapassando – em muito –
os tais 40 anos. (NUCCI, 2020. p.10)

Observa o autor de forma favorável a alteração no limite de cumprimento


de pena, pois conforme ele explica a mudança de forma nenhuma afronta à
Constituição Federal, conforme alguns questionam, pois, a CF/88 veda de forma
expressa a pena perpétua, o que de acordo com o autor assegura a sua
constitucionalidade.

4.4 Livramento Condicional

O livramento condicional, se trata de um instituto do direito penal, cedido


a um apenado que irá lhe permitir o cumprimento da punição que lhe foi imposta
em liberdade até a extinção da pena, porém para que condenado, consiga que
o livramento condicional seja efetivado, precisa preencher alguns requisitos para
que possa usufruir de tal benefício, constantes no artigo 83 do Código Penal,
verbis:

15
Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao condenado
a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos, desde
que: I - cumprida mais de um terço da pena se o condenado não for
reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes; II - cumprida
mais da metade se o condenado for reincidente em crime doloso; III -
comprovado: a) bom comportamento durante a execução da pena; b)
não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses; c) bom
desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e d) aptidão para prover
a própria subsistência mediante trabalho honesto; IV - tenha reparado,
salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pela infração;
V - cumpridos mais de dois terços da pena, nos casos de condenação
por crime hediondo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins, tráfico de pessoas e terrorismo, se o apenado não for
reincidente específico em crimes dessa natureza. Parágrafo único -
Para o condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave
ameaça à pessoa, a concessão do livramento ficará também
subordinada à constatação de condições pessoais que façam presumir
que o liberado não voltará a delinquir. (BRASIL, 1940)

No artigo supracitado a Lei 13.964/2019, instituiu algumas alterações


bastante relevantes para o direito, conforme se demonstra a seguir: uma
alteração ao inciso III, que anteriormente possuía o seguinte texto: III –
comprovado comportamento satisfatório durante a execução da pena, bom
desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria
subsistência mediante trabalho honesto. (BRASIL, 1940)
A partir do pacote anticrime, o inciso supracitado, passou a ter três
alíneas, além do fato de que com a alteração ele deixou de adotar o termo
“comportamento satisfatório” passando a utilizar “bom comportamento”, termo
que já era adotado pela Lei de Execução Penal para progressão de pena.
Ainda uma segunda modificação foi atribuída ao artigo 83 inserindo o
termo “não cometimento de falta grave nos últimos 12 (doze) meses”, que
segundo Nucci, descreve:

A segunda modificação é fruto da jurisprudência, que reconhecia, por


falta de previsão legal, não ser pertinente incluir a falta grave como
causa impeditiva, de natureza objetiva, para o recebimento de
livramento condicional. Agora fica clara a introdução desse requisito
objetivo: não cometimento de falta grave nos últimos doze meses. Com
isso, necessário se faz os seguintes dizeres: o apenado, ao cometer
uma falta grave pouco tempo antes de requerer o livramento
condicional, era considerado inapto, vez que o juiz avaliava como
insatisfatório o seu comportamento. (NUCCI, 2020. p. 12)

16
Outra mudança que o artigo recebeu conta no inciso III, do artigo 83, tal
alteração busca apenas pactuar uma previsão legal, tornando-a um requisito
objetivo.

4.5 Efeitos da condenação

Quanto aos efeitos da condenação após a condenação observa-se que


surgem alguns efeitos provocados por ela, que são: cumprimento da pena
privativa de liberdade, restritiva de direitos e/ou multa além dos efeitos
extrapenais encontrados nos artigos 91 e 92 do Código Penal.

Neste contexto, a Lei 13.964/2019, inseriu o artigo 91-A caput:

Art. 91-A. Na hipótese de condenação por infrações às quais a lei


comine pena máxima superior a 6 (seis) anos de reclusão, poderá ser
decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens
correspondentes à diferença entre o valor do patrimônio do condenado
e aquele que seja compatível com o seu rendimento lícito. (BRASIL,
2019)

Conforme se entende o artigo supracitado foi criado com o objetivo de


contrapor o enriquecimento ilícito, além de considerar os crimes com pena
máxima superior a 6 anos, podendo ser decretado a perda de bens
proporcionalmente à diferença entre o valor patrimonial do apenado e ainda
compatível com o rendimento ilícito.

Assim explica Nucci, verbis:

Exemplificando, o furtador subtrai um veículo, vende e investe o


dinheiro. Ao ser condenado, o proveito auferido do delito (dinheiro
ganho com a alienação do carro da vítima) é retomado e, havendo
vítima, devolvido a esta. Pode o agente subtrair da vítima um montante
de dinheiro; quando condenado este valor será considerado um
produto do crime e devolvido ao ofendido. Mas há crimes onde não há
vítima determinada, como o tráfico de drogas, cujo sujeito passivo é a
sociedade. Todo patrimônio adquirido pelo traficante, poderá ser
confiscado caso o mesmo seja condenado e, destinando-se a União.
Todavia, quando condena-se um corrupto, o qual recebe dinheiro de

17
maneira camuflada, termina-se por descobrir pouco em relação ao
produto ou proveito daquele delito, ou seja, daquela corrupção.
Conquanto ao valer-se do artigo 91-A, poderá o Estado confrontar o
que o corrupto possui de patrimônio, em tese lícito, com aquilo que ele
realmente poderia amealhar com o fruto honesto do seu trabalho.
Observando a discrepância, confiscar-se-á o que tinha a aparência de
lícito, mas, em verdade, compunha todo cenário de corrupção,
inclusive atos pretéritos. Em outros termos, em virtude de uma
condenação por corrupção (ativa ou passiva), autoriza o Estado, em
efeito extrapenal, passe a confiscar o que configura como
enriquecimento ilícito. (NUCCI, 2020. p.14)

Em sua tese, o pesquisador explica que a ideia levantada pelo novo artigo
afirma que se trata sobretudo de casos como corrupção, em que se torna difícil
apurar o produto do crime, por sua natureza de criminoso disfarçado, portanto,
o artigo levava à possibilidade de que o Estado pudesse verificar até mesmo os
bens do apenado obtidos legalmente, comparando-os com os bens de
propriedade do indivíduo e que ele poderia obter por seu suor e esforços.
Isto posto, analisemos os parágrafos supracitado artigo 91-A objetivando
observar as inovações trazidas ao parágrafo primeiro, vejamos:

§ 1º Para efeito da perda prevista no caput deste artigo, entende-se por


patrimônio do condenado todos os bens: I - de sua titularidade, ou em
relação aos quais ele tenha o domínio e o benefício direto ou indireto,
na data da infração penal ou recebidos posteriormente; e II -
transferidos a terceiros a título gratuito ou mediante contraprestação
irrisória, a partir do início da atividade criminal. (BRASIL, 1940)

No parágrafo acima mencionado, o douto legislador traz o conceito de


patrimônio, incluindo os bens do apenado bem como sua titularidade ou os bens
que possua domínio até a data da condenação, assim, mesmo adquiridos a
posteriori, bem como os bens transferidos à terceiros por doação ou pagamento
irrisório, após o início da atividade criminal.

Sobre os incisos I e II, afirma Nucci, verbis:

Quanto ao inciso I, deve-se agir com cautela, pois o patrimônio, de


maneira inequívoca, é o resultado da efetiva titularidade de um bem
(propriedade). Quanto ao domínio, pode-se chegar à posse de certo
bem, quando o sentenciado dele se vale para usar, gozar, fruir e
reaver. Neste caso, é preciso cuidado, visto que a propriedade pode,
licitamente, caber a outrem, de modo que, para avaliar com exatidão,

18
há de se chamar ao processo esse proprietário. O mesmo se diga a
respeito da transmissão a terceiros a título gratuito de certos bens (ou
mediante irrisória contraprestação). (NUCCI, 2020. p.15)

Neste trecho, o autor expressa sua preocupação em perpetrar uma


injustiça, tanto no caso de crime excessivo contra o condenado quanto na
decisão que acabará afetando terceiros princípios de defesa abrangente e de
combate ao adversário.
O parágrafo segundo do artigo 91-A, trata exatamente o que já é abrigado
pelos princípios do contraditório e da ampla defesa: § 2º O condenado poderá
demonstrar a inexistência da incompatibilidade ou a procedência lícita do
patrimônio, apenas deixou claro que o acusado tem direito de demonstrar a
licitude de seu patrimônio. (BRASIL, 2019)
Não obstante a redação do parágrafo 3° do artigo 91-A institui: §3° A perda
prevista neste artigo deverá ser requerida expressamente pelo Ministério
Público, por ocasião do oferecimento da denúncia, com indicação da diferença
apurada. (BRASIL, 2019)
De forma que o parágrafo mencionado anteriormente institui a titularidade
ao Ministério Público da reclamação, assim o artigo apenas prevê que o único
responsável por apontar o imóvel ou valor, bem como pelo ônus da prova.
O parágrafo 4° do artigo 91-A aduz:

“§ 4º Na sentença condenatória, o juiz deve declarar o valor da


diferença apurada e especificar os bens cuja perda for decretada”.
(BRASIL, 1940)

Assim, descreve que a sentença deve declarar o valor da diferença obtida,


conforme nota de rodapé do artigo, bem como especificar o bem que causaria o
prejuízo, conforme informado pelo Ministério Público.
Em contrapartida, ao se verificar o parágrafo §5° do artigo 91-A:

§ 5º Os instrumentos utilizados para a prática de crimes por


organizações criminosas e milícias deverão ser declarados perdidos
em favor da União ou do Estado, dependendo da Justiça onde tramita
a ação penal, ainda que não ponham em perigo a segurança das
pessoas, a moral ou a ordem pública, nem ofereçam sério risco de ser
utilizados para o cometimento de novos crimes. (BRASIL, 1940)

19
O artigo citado anteriormente determina que deverá ocorrer a perda dos
instrumentos utilizados para a pratica do delito, sendo tais instrumentos
considerados perdidos em favor da União ou do Estado, mesmo que este não
ofereça risco a segurança das pessoas ou ao próximo cometimento de delitos,
buscando combater o crime organizado.

4.6 Homicídio qualificado

O crime de homicídio encontra-se previsto no artigo 121 do Código Penal,


o qual pode ocorrer na forma simples ou qualificada, não obstante o mesmo
artigo institui as causas de diminuição e aumento de pena.
Desse modo as qualificadoras se discernem das causas de aumento por
meio da qualificadora, assim, alterar a pena em abstrato de 6 a 20 anos,
aumentando-a para 12 a 30 anos, fazendo com que essa seja a pena base para
o cálculo da dosimetria da pena, sendo esta as causas de aumento aplicadas na
terceira fase da dosimetria.
Assim, de acordo com a lei 13.964/2019, inseriu ao artigo 121 em seu
parágrafo 2º inciso VIII uma nova qualificadora: praticar homicídio com emprego
de arma de fogo de uso restrito ou proibido. Porém este foi um ponto em que
ocorreu o veto do Presidente da República. (BRASIL, 2019)
Verifica-se que, o alvo do veto tinha como objetivo resguardar os agentes
públicos de segurança, os quais necessitam manusear armas de uso restrito, e
se embutiriam na qualificadora, restando a eles um aumento de pena caso
cometessem um homicídio.
Observa-se o entendimento de Nucci ao assunto: in verbis:

Esta justificativa carece de sentido, uma vez que o Chefe do Executivo


não vetou o §2º-B do art.157, permitindo que haja aplicação do dobro
da pena, caso o assaltante utilize de arma de uso restrito ou proibido.
Ademais, não se concebe a hipótese de que o agente de segurança
pública em confronto efetivo com facções criminosas, em situações de
extrema gravidade para a garantir a ordem pública, como relata a razão
do veto, respondam por homicídio, pois estarão agindo em legítima
defesa própria e de terceiro. Ao vetar a qualificadora de cometimento
de homicídio com arma de uso restrito ou proibido ocasionou em

20
atenuar a pena do agente de segurança, que mata em situação ilícita,
merecendo sim, pena maior. (NUCCI, 2020.p.20-21)

Não obstante o autor acredita que um agente de segurança em situação


de extrema gravidade não pode assegurar a ordem pública durante um
homicídio, conforme descrito no veto nas linhas seguintes, porque em casos
respectivos como estes, isso aplicaria uma salvaguarda ou medida de terceiro,
excluindo assim a legitimidade e em em qualquer caso, o agente não será
punido.

Nos dizeres de Nucci, verbis:

Não fosse o suficiente, também amenizou a situação de todos os


agentes criminosos que valem-se dessas armas para atingir a polícia
e a polícia e a população em geral. Além disso, esses criminosos
disputam espaços de tráfico de drogas violentamente, matando uns
aos outros, muitas vezes com armas proibidas. Ficará a cargo do
magistrado levar em consideração essa circunstância (uso de arma
restrita ou proibida) quando fixar a pena-base, fundamentada no art.59
do Código Penal. (NUCCI, 2020.p.21)

De acordo com o comunicado de imprensa, o veto acabou por deixar em


aberto a defesa do agente que cometeu o homicídio em situação ilícita e neste
caso merece uma pena mais pesada, e ainda protege os criminosos, em litígios
por espaço de trânsito, eventualmente comete vários assassinatos e muitas
vezes usa armas de fogo limitadas.
Porém o veto foi derrubado, sendo publicado no Diário Oficial da União no
dia 30/04/2021.

4.7 Roubo

O crime de roubo encontra previsão no artigo 157 do Código Penal, e da


mesma forma que o crime de homicídio possui suas causas de aumento e
qualificadoras, conforme se lê a seguir:

Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante
grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por

21
qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena -
reclusão, de quatro a dez anos, e multa. [...]. (BRASIL, 1940)

Entretanto a Lei n. 13.964/2019, acrescentou ao supracitado artigo o


inciso VII, onde, inseriu uma nova causa de aumento:
VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma
branca”. Neste caso, o inciso retomou uma antiga causa de aumento, o emprego
de arma branca, sendo considerada aquela que não seja arma de fogo. (BRASIL,
2019)
Observa-se ainda que a este tipo penal, inseriu ainda o pacote anticrime
o parágrafo 2°-B, que determina: Se a violência ou grave ameaça é exercida com
emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena
prevista no caput deste artigo. (BRASIL, 2019)
Ocasião em que, o legislador ponderou a determinar do aumento de pena
superior, e conforme se observa elevou a mesma ao dobro, quando o roubo for
efetivado com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido.

4.8 Estelionato

A lei 13.694/2019, quando tratou do crime de estelionato, instituiu uma


alteração relevante, que modificou o fato de o crime de ação pública
condicionada à representação da vítima, sendo somente condicionado a
representação da vítima, em alguns casos, conforme menciona o parágrafo 5º:

§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima


for: I - a Administração Pública, direta ou indireta; II - criança ou
adolescente; III - pessoa com deficiência mental; ou IV - maior de 70
(setenta) anos de idade ou incapaz. (BRASIL, 2019)

Nos casos citados anteriormente, mantém-se a ação sendo pública


incondicionada, levando em consideração a vítima do crime do artigo 171 do
Código Penal: Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio,
induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
outro meio fraudulento. (BRASIL, 2019)

22
De acordo com Nucci:

O fato é que a medida nos parece válida, em relação a política criminal


calcada no emprego do direito penal mínimo. Para que se possa
processar e punir o estelionatário, passa-se a demanda o interesse da
vítima. Aliás, algo que já deveria estar previsto também quanto ao
delito de furto (e outros similares). Afinal, há diversos crimes
patrimoniais cometidos sem violência contra a pessoa. (NUCCI 2020.p.
32):

Conforme se pode perceber o autor supracitado possui uma posição


favorável em relação a mudança quanto ao crime de estelionato, quando, afirma
que esta medida precisaria ser adotada em outros tipos penais, que como o
estelionato, não envolvam violência a vítima, sendo, um mecanismo para
aplicação do princípio de direito penal mínimo.

5 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES AO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL


BRASILEIRO

As alterações acrescidas com a lei 13.964/2019 foram sobrepostas ao


Código de Processo Penal, e possuem grande destaque ao mundo jurídico.
Onde apresentou importantes mudanças e inovações ao Direito processual
Penal Brasileiro.

5.1 O Juiz das Garantias

Dentre as principais mudanças trazidas pela Lei 13.694/2019, o pacote


anticrime, está o juiz de garantias, o qual teve como objetivo reforçar o fato de
que o processo penal brasileiro possui uma estrutura acusatória.

Nas palavras de Nucci:

O sistema acusatório puro prevê a separação entre órgão acusador e


o julgador, havendo liberdade de acusação, reconhecido o mesmo

23
direito ao ofendido. Predomina a liberdade de ampla defesa e a
isonomia entre as partes no processo. Vigora a publicidade do
procedimento, quando em juízo; o contraditório está presente para as
partes, embora jamais possa deixar de prevalecer no tocante à defesa.
Visando a garantir a imparcialidade do juiz e do órgão acusatório,
existe a possibilidade de recusa do julgador e do promotor. Impõe-se
o livre sistema de produção de provas, vedando-se, no entanto, a
obtenção de provas ilícitas. E, em alguns setores, prevê a participação
direta do povo no julgamento de crimes pelo tribunal do júri (NUCCI,
2010. p. 37)

Diante do que elucida o autor citado anteriormente, se pode perceber que


o sistema brasileiro é composto por tais características supracitadas, que fazem
parte da estrutura acusatória.
Não obstante, possui o acusado a garantia de ampla defesa e isonomia
entre as partes no processo.
Neste viés, o artigo 3º-A veio com a ideia de processo acusatório, verbis:

Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a


iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação
probatória do órgão de acusação.(BRASIL, 2019)

Ressalte-se então que um dos pontos que causou maior repercussão


dentro das inovações trazidas pelo pacote anticrime foi a criação do Juiz das
Garantias, que veio elencado no artigo 3°-B:

Art. 3º-B.O juiz das garantias é responsável pelo controle da legalidade


da investigação criminal e pela salvaguarda dos direitos individuais
cuja franquia tenha sido reservada à autorização prévia do Poder
Judiciário, competindo-lhe especialmente. (BRASIL, 2019)

Assim, de acordo com a nova lei o papel do juiz das garantias tem por
objetivo afastar o poder que a princípio estaria na mão do juiz singular, ou seja,
um único juiz que acompanharia desde a investigação inicial do caso até a
instrução do processo, de forma que o juiz de garantias participará apenas da
fase investigatória, e depois sairá de cena, para a entrada do juiz singular que
irá julgar o processo de forma verdadeiramente imparcial.

Giacomolli menciona:

24
O que se tem, portanto, com o juízo de garantias está para além de
uma simples alteração formal nas regras de competência ou no método
de organização judiciária. Trata-se, sem qualquer exagero, de uma
verdadeira revolução política no campo do processo penal em direção
a um paradigma de maior compromisso democrático. (GIACOMOLLI,
2011. p. 305):

De acordo com o autor mencionado anteriormente o juiz das garantias se


trata de uma grande inovação ao processo penal, para ele representa um avanço
das ideias democráticas, que se distingue de uma simples alteração na
organização judiciária.
Concernente o juiz das garantias, é o responsável pelo exercício das
funções jurisdicionais que são à tutela das liberdades públicas; inviolabilidades
pessoais/liberdades individuais frente à opressão estatal, na fase pré-
processual.
Assim, se pode perceber que a visão de ambos os autores é uma visão
positiva, onde, afirmam que é uma inovação que acrescenta muito ao processo
penal, pois deixa a figura do juiz das garantias como responsável pela tutela das
liberdades públicas na fase da investigação.

Relativo ao juiz das garantias menciona-se ainda o entendimento de


Nucci:

A função desse juiz é o controlar a legalidade da investigação criminal


ressalvando os direitos individuais, cuja franquia tenha sido reservada
à autorização prévia do Poder Judiciário. O princípio da legalidade na
esfera penal e processual penal é o esteio da investigação lídima e
justa. Seguir a legislação é o mínimo que se pode esperar de um
magistrado; não somente a lei em sentido estrito, mas também – e
sobretudo – os princípios constitucionais regentes do direito penal,
processual penal e execução penal. (NUCCI, 2020. p. 39)

Explica o autor, em qual hipótese é a atuação do juiz de garantias, ele


ainda destaca que a principal função é controlar a legalidade da investigação
bem como tutelar os direitos individuais, buscando seguir a lei bem como os
princípios constitucionais que regem a legislação penal como:

 Dignidade da pessoa humana.

25
 Presunção de inocência.
Isto posto, observemos o que foi acrescentado ao artigo 3°-B a partir dos
seus novos incisos, onde, todos relatam as atribuições do juiz de garantias:

 Receber a comunicação imediata da prisão.

 Receber o auto de prisão em flagrante para controle da legalidade


da prisão.

 Zelar pela observância dos direitos do preso.

 Ser informado sobre a instauração de qualquer investigação


criminal.

 Decidir sobre requerimento de prisão provisória ou outra medida


cautelar.

 Prorrogar a prisão provisória, prorrogar prazo de duração do


inquérito, julgar habeas corpus, entre outras listadas do inciso I ao
XVIII.

 Decidir sobre o recebimento da denúncia ou queixa, nos termos do


art. 399 deste Código. (BRASIL, 2019)

O inciso tem por objetivo definir a competência do juiz de garantias ao


decidir sobre o recebimento ou não da denúncia, onde, para o juiz das garantias
e não mais ao juiz da instrução, devendo levar em conta que aquele teve o
acesso ao andamento do inquérito, portanto mais apto a decidir se há uma justa
causa para ingresso de ação penal.
Já o artigo 3°-C tem por foco delimitar a competência do juiz de garantias,
com o seguinte texto:

Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as


infrações penais, exceto as de menor potencial ofensivo, e cessa com

26
o recebimento da denúncia ou queixa na forma do art. 399 deste
Código. (BRASIL, 2019)
Não obstante o caput do artigo, apresenta as delimitações em relação ao
crime, assim, abrange todas as infrações excluindo as de menor potencial
ofensivo de competência dos juizados criminais.
Além de delimitar quanto ao momento processual uma vez que a
competência existe até o momento em que decidi sobre o recebimento ou não
da denúncia ou queixa.
Já os parágrafos do referido artigo, demonstrados a seguir elucidam como
deverá seguir o processo após a decisão do juiz de garantias pelo recebimento
da denúncia ou queixa-crime:

§ 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão


decididas pelo juiz da instrução e julgamento. § 2º As decisões
proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o juiz da instrução e
julgamento, que, após o recebimento da denúncia ou queixa, deverá
reexaminar a necessidade das medidas cautelares em curso, no prazo
máximo de 10 (dez) dias. § 3º Os autos que compõem as matérias de
competência do juiz das garantias ficarão acautelados na secretaria
desse juízo, à disposição do Ministério Público e da defesa, e não
serão apensados aos autos do processo enviados ao juiz da instrução
e julgamento, ressalvados os documentos relativos às provas
irrepetíveis, medidas de obtenção de provas ou de antecipação de
provas, que deverão ser remetidos para apensamento em apartado. §
4º Fica assegurado às partes o amplo acesso aos autos acautelados
na secretaria do juízo das garantias. (BRASIL, 2019)

Após o recebimento da denúncia a competência será transferida ao juiz


da instrução, que, passará as questões pendentes, onde poderá reexaminar a
necessidade de medidas cautelares, ressalta-se que s parágrafos supracitados,
pontuam ainda que os autos de inquérito não serão apensados ao processo,
como feito anteriormente.
Oliveira Netto assinala alguns pontos negativos em relação ao
denominado juiz das garantias:

O acusado confessou a prática do crime, durante a fase de inquérito


policial, e após, negar esta confissão e relatar outra versão, o Juiz da
instrução não poderá ter acesso ao conteúdo desta confissão. Desta
forma perde-se a oportunidade de formar seu convencimento baseado
em tudo que foi obtido durante a persecução penal. (NETTO, 2020. p.
03)

27
Observa-se que de acordo com o que institui o artigo 3°-D: O juiz que, na
fase de investigação, praticar qualquer ato incluído nas competências dos arts.
4º e 5º deste Código ficará impedido de funcionar no processo. (BRASIL, 2019)
Constata-se conveniente tal artigo pelo fato de que conforme já
mencionado, objetiva-se a imparcialidade do juiz da instrução, desse modo a
ideia trazida pelo instituto supracitado é exatamente evitar que se concentre a
decisão em apenas um juiz.
Nos artigos: 3°-B, 3°-C, 3°-D, 3°-E e 3°-F o legislador teve o cuidado de
explicar a forma que o processo penal irá constituir o juízo de garantias, pois por
se tratar de uma inovação, o instituto realmente necessitava vir detalhado quanto
aos limites que seriam impostos a ambas as figuras judiciárias que deverão
atuar: juiz de garantias e o juiz da instrução.

5.2 O Arquivamento do Inquérito

Outra alteração de destaque trazida pelo pacote anticrime é a aludida no


artigo 28 do Código de Processo Penal, conforme se lê a seguir:

Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer


elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério
Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e
encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins
de homologação, na forma da lei. § 1º Se a vítima, ou seu
representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito
policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da
comunicação, submeter a matéria à revisão da instância competente
do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica. § 2º
Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da
União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito
policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a
sua representação judicial. (BRASIL, 2019)

Mudança essa considerada bem radical de acordo com os doutrinadores,


quando comparada ao procedimento anterior, onde a decisão sobre o
arquivamento do inquérito cabia ao juiz da instrução do processo caso
entendesse pelo arquivamento deveria requerer ao Ministério Público, o
arquivamento de tal processo.

28
De acordo com a nova redação do artigo mencionado anteriormente fica
a cargo do Ministério Público ordenar o arquivamento do inquérito policial, sem
que o juiz proceda à análise.
Ficando ainda a cargo do Ministério Público comunicar sobre o
arquivamento:
 À vítima.
 Ao investigado.
 A autoridade policial.

Devendo ainda encaminhar os autos para que sejam analisados pelo


órgão superior do Ministério Público.
Desse modo após comunicação do arquivamento à vítima, esta poderá
recorrer caso não concorde, ao órgão superior do Ministério Público, conforme
prevê o parágrafo 1°, do artigo 28, devendo o órgão superior submeter a matéria
a revisão, dando a vítima a oportunidade para se manifestar a sua não
concordância no prazo de 30 dias.

5.3 Acordo de não persecução penal

Quanto ao acordo de não persecução penal, a lei 13.964/2019 inseriu o


artigo 28-A que desenvolveu uma nova medida despenalizadora, conforme se
pode observar a seguir:

Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado


confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal
sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro)
anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução
penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção
do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e
alternativamente. (BRASIL, 2019)

Analisando a nova redação do artigo supracitado, pode-se perceber que


ele estabelece que em casos em que houver a confissão do crime, cometido sem

29
violência ou grave ameaça, cuja pena prevista seja de pena inferior a 4 anos,
poderá ser proposto o acordo de não persecução penal.
Não obstante tal acordo deve ainda estar de acordo com os requisitos
impostos nos incisos do artigo mencionado anteriormente, tais requisitos
encontram-se elencadas nos incisos de I a V, podendo ser aplicados de maneira
cumulativa:

I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade


de fazê-lo; II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados
pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do
crime; III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por
período correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída
de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução,
na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Código Penal); IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos
termos do art. 45 do Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser
indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como
função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos
aparentemente lesados pelo delito; ou V - cumprir, por prazo
determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde
que proporcional e compatível com a infração penal imputada.
(BRASIL, 2019)

Conforme já mencionado tais requisitos poderão ser aplicados


cumulativamente ou alternados de acordo com o caso concreto, pois devem ser
na medida suficiente para a reprovação e prevenção do caso.
Pois apesar de ter tido uma confissão para que se ocorrido o acordo de
não persecução penal, não se pode instintivamente considerar o investigado
como culpado da conduta.

Conforme apresenta Cunha:

Apesar de pressupor sua confissão, não há reconhecimento expresso


de culpa pelo investigado. Há, se tanto, uma admissão implícita de
culpa, de índole puramente moral, sem repercussão jurídica. A culpa,
para ser efetivamente reconhecida, demanda o devido processo legal.
(CUNHA, 2020. p. 129)

Assim, sem o devido processo legal, não há como ter competência da


coisa julgada, logo, não há como considerar o agente culpado.

30
Mediante ao que foi concluído anteriormente existem alguns casos em
que um acordo de não persecução penal não pode ser efetivado, tais premissas
encontram-se elencadas no artigo 28-A parágrafo 2°, conforme se lê a seguir:

§ 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes


hipóteses: I - se for cabível transação penal de competência dos
Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei; II - se o investigado
for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem
conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se
insignificantes as infrações penais pretéritas: III - ter sido o agente
beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração,
em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão
condicional do processo; e IV - nos crimes praticados no âmbito de
violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por
razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor. (BRASIL,
2019)

Neste momento a aplicação foi demarcada, para que não haja abuso no
uso da medida, o que deixa a ideia de punição imprópria para uso caso o
beneficiário seja a reincidente ou tenha utilizado esta medida, nos últimos 5
(cinco) anos e em crimes cometidos na família protegidos pela Lei Maria da
Penha.
De acordo com o parágrafo 10° do artigo 28-A, se alguma das condições
estabelecidas no acordo de persecução penal for violada, o Ministério Público
deverá notificar o tribunal para fins de rescisão e apresentar uma reclamação
posterior, ou seja, uma nova denúncia.
Desse modo tal parágrafo informa que caso o procedimento feito venha a
ser descumprido o acordo estipulado para o não persecução penal, como
consequência o Ministério Público comunica o juízo assim rescindindo o acordo
e dando prosseguimento a ação penal.
O artigo 28-A, em seu parágrafo 12° ainda esclarece:

A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não


constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins
previstos no inciso III do § 2º deste artigo. (BRASIL, 2019)

Isso confirma o quanto essa medida pode ser benéfica para o agente, que
não terá tal conduta em sua ficha crimina, ou seja em seus antecedentes.

31
5.4 A prova ilícita

Em relação a prova ilícita menciona o artigo 157 do Código de Processo


Penal como as provas ilegais devem ser tratadas uma vez reconhecidas,
especificando que devem ser removidas do processo além da conceituação:

São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as


provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas
constitucionais ou legais. (BRASIL, 1940)

O pacote anticrime acrescentou ao aludido artigo, o parágrafo 5°, em seu


texto, que versa: o juiz que conhecer do conteúdo da prova declarada
inadmissível não poderá proferir a sentença ou acórdão. (BRASIL, 2019)
Este novo parágrafo visa a proteção da imparcialidade do juiz, detalhe que
não foi questionado, mas está bem regulamentado pela nova lei, pois mesmo
que a prova ilícita seja retirada dos autos, o juiz ainda tem conhecimento da
prova, o que prejudica a sua equidade, como solução nestes casos conclui-se
pelo afastamento do juiz do caso em questão.
Conforme elucida Oliveira Netto, existem alguns pontos negativos em
relação ao mencionado anteriormente, vejamos:

A partir de agora, se porventura o Juiz condutor do processo deparar-


se com prova ilícita (mesmo que juntada ao processo pela acusação
ou defesa), NÃO mais poderá atuar no mesmo, devendo o caso ser
novamente redistribuído a outro Julgador. Imagine-se, ilustrativamente,
que a defesa, supondo que o Julgador está inclinado a proferir
condenação contra seu cliente, adote a estratégia de juntar ao
processo uma prova ilícita, como uma gravação obtida
clandestinamente feita por terceiro, ou um documento conseguindo de
forma ilegal. Pela nova redação, o Juiz, ao tomar conhecimento destas
provas e as considerar ilícita, terá que se afastar do processo. (NETTO,
2020. p. 06)

O autor supracitado menciona ainda a possibilidade de má-fé que pode


surgir durante o julgamento, com as partes potencialmente mudando de juiz
quando se sentirem vulneráveis a uma decisão adversa, conforme o que a lei
sugeriu e deixou em aberto, use essa estratégia agora juridicamente possível.

32
5.5 Exame de corpo de delito, cadeia de custódia e perícias

Quanto ao exame de corpo de delito, cadeia de custódia e perícias, a lei


13.964/2019 acrescentou ao Código de Processo Penal os artigos 158-A, 158-
B, 158-C, 158-D, 158-E e 158-F, conforme se lê a seguir:

Art. 158-A. Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os


procedimentos utilizados para manter e documentar a história
cronológica do vestígio coletado em locais ou em vítimas de crimes,
para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu reconhecimento até
o descarte. § 1º O início da cadeia de custódia dá-se com a
preservação do local de crime ou com procedimentos policiais ou
periciais nos quais seja detectada a existência de vestígio. § 2º O
agente público que reconhecer um elemento como de potencial
interesse para a produção da prova pericial fica responsável por sua
preservação. § 3º Vestígio é todo objeto ou material bruto, visível ou
latente, constatado ou recolhido, que se relaciona à infração penal.
(BRASIL, 1941)

O artigo 158-A supracitado deu origem a cadeia de custódia, introduziu


ainda seu conceito como:

[...]um conjunto de todos os procedimentos utilizados para manter e


documentar a história cronológica do vestígio coletado em locais ou em
vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu
reconhecimento até o descarte. (BRASIL, 2019)

Além do fato de destacar que seu início se dá com a preservação do local


de crime bem como a observância dos procedimentos onde se detecta os
vestígios, além de determinar que a responsabilidade de preservação é do
agente público que a reconheceu.
Já o artigo 158-B elenca as etapas que trará a cadeia de custódia, em
seus incisos de I a X, entre elas destacam-se:

 O reconhecimento.

 Isolamento.

 Fixação.

33
 Coleta.

 Acondicionamento.

 Transporte.

 Recebimento.

 Processamento.

 Armazenamento.

 Descarte.

O artigo 158-C prevê: a coleta dos vestígios deverá ser realizada


preferencialmente por perito oficial, que dará o encaminhamento necessário para
a central de custódia, mesmo quando for necessária a realização de exames
complementares. (BRASIL, 2019)
O caput do artigo especifica a forma que a coleta dos vestígios, deve ser
realizada.
O seu parágrafo 2°, classificado como fraude o ato de retirar algo ou
entrar, bem como entrar, em local isolado sem autorização de especialista, uma
vez que é vedada a entrada em locais isolados, bem como a remoção de
quaisquer vestígios do local do crime antes de sua liberação por um responsável,
qualificado profissional como fraude processual.

Sobre este ponto afirma Nucci, verbis:

Um exagero, porque é necessário verificar se a referida entrada


provocou algum perigo de perda ou modificação do vestígio. Afinal
esse delito é formal – e não de mera conduta. In Vebis: inovar,
artificiosamente, na pendência de processo civil ou administrativo, o
estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro ao
juiz ou ao perito. [...] Se a inovação se destina a produzir efeito em
processo penal, ainda que não iniciado, as penas aplicam-se em
dobro” (artigo 347, Código Penal). Enfim a simples entrada em local
proibido não configura crime, pois depende não somente do dolo de

34
fraudar prova, como também de qualquer inovação provocada no
vestígio. (NUCCI, 2020, p.72)

O doutrinador ainda elucida que o parágrafo foi adicionado de forma


desnecessária, uma vez que já existe uma previsão legal no artigo 347 do código
penal relativo a fraude processual apontada no parágrafo, e caso ocorra deve-
se verificar se houve inovação no rastreamento ou a intenção de burlá-lo, e não
apenas a importação ou retirada como mencionado.
Ademais os artigos 158-D e 158-C, buscam regularizar as perguntas
sobre como realizar o condicionamento e a análise de traços permanecem sem
resposta.
Já os artigos 158-E e 158-F, determinou que todo instituto forense deve
ter uma central de monitoramento para manter e controlar os rastros e acabar
detalhando como funciona.

5.6 Medidas Cautelares e as prisões

Relativamente as medidas cautelares e as prisões, institui a nova lei que


tais medidas cautelares só podem ser decretadas a pedido das partes, por
representante da polícia ou a pedido do Ministério Público, e deixa de ser
admitida exclusivamente pelo juiz, desse modo retira do artigo anterior conforme
se lê no parágrafo 2° do artigo 282 do Código de Processo Penal.
A lei 13.964/2019 modificou o parágrafo 3° do artigo 282 que passou a
prever:

§ 3º Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da


medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a
intimação da parte contrária, para se manifestar no prazo de 5 (cinco)
dias, acompanhada de cópia do requerimento e das peças
necessárias, permanecendo os autos em juízo, e os casos de urgência
ou de perigo deverão ser justificados e fundamentados em decisão que
contenha elementos do caso concreto que justifiquem essa medida
excepcional. (BRASIL, 2019)

A inovação instituiu um prazo de 5 (cinco) dias para que se manifeste a


parte contrária, havendo casos em que poderá ser decretada sem a

35
manifestação em caso de urgência ou perigo, devendo estes ser fundamentados
e justificados.
Já em relação ao parágrafo 4° a modificação foi quando ocorrer o
descumprimento das medidas, não poderá o juiz:

 Decretar de ofício a substituição da medida.

 Impor outra em cumulação.

 Decretar a prisão preventiva, pois apenas poderá ser feito com


requerimento da acusação.

O parágrafo 5° instituiu as únicas circunstâncias em que um juiz poderia


agir injustamente, quando era necessário revogar a medida cautelar ou substituí-
la por outras medidas.
Já o parágrafo 6°, prevê que a prisão preventiva seria aplicada apenas
nos últimos casos, quando nenhuma outra medida fosse suficiente.

5.7 Da Prisão em Flagrante

Quanto à prisão em flagrante foram estabelecidas novas formalidades, é


o que traz o caput e os incisos do artigo 310:

Art. 310. Após receber o auto de prisão em flagrante, no prazo máximo


de até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, o juiz
deverá promover audiência de custódia com a presença do acusado,
seu advogado constituído ou membro da Defensoria Pública e o
membro do Ministério Público, e, nessa audiência, o juiz deverá,
fundamentadamente: I - relaxar a prisão ilegal; ou II - converter a prisão
em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes
do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes
as medidas cautelares diversas da prisão; ou III - conceder liberdade
provisória, com ou sem fiança. (BRASIL, 2019)

Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz tem 24 horas, a contar da


prisão, para determinar a audiência de prisão, ou seja, de custódia, onde decidirá

36
flexibilizar a prisão ou convertê-la em liberdade cautelar ou em liberdade
provisória, com ou sem fiança.
As regras para tomar a decisão pelo juiz citada anteriormente encontram-
se inseridas nos parágrafos 2°, 3° e 4°citados a seguir:

§ 2º Se o juiz verificar que o agente é reincidente ou que integra


organização criminosa armada ou milícia, ou que porta arma de fogo
de uso restrito, deverá denegar a liberdade provisória, com ou sem
medidas cautelares. § 3º A autoridade que deu causa, sem motivação
idônea, à não realização da audiência de custódia no prazo
estabelecido no caput deste artigo responderá administrativa, civil e
penalmente pela omissão. § 4º Transcorridas 24 (vinte e quatro) horas
após o decurso do prazo estabelecido no caput deste artigo, a não
realização de audiência de custódia sem motivação idônea ensejará
também a ilegalidade da prisão, a ser relaxada pela autoridade
competente, sem prejuízo da possibilidade de imediata decretação de
prisão preventiva. (BRASIL. 2019)

Vale mencionar que os parágrafos supracitados não existiam antes da lei


13.964/2019, entretanto se tratam de inovações ao Processo Penal, deixando
assentadas as formas que o juiz pode agir diante de uma prisão em flagrante,
conforme esclarece o parágrafo 2°, a reincidência e a integração em uma
organização criminosa ou a posse limitada de armas de fogo impossibilitam a
liberdade provisória.

Corroborando defende Nucci:

Porém, no tocante à reincidência, inserido em sentido amplo, pode


cuidar-se de medida excessiva, vale dizer, depende do crime a gerar
reincidência (Súmula 269 do STF permite a reincidentes o regime
semiaberto, a despeito do preceituado em lei – regime fechado). Em
certas situações, pensamos caber medidas alternativas. O mesmo se
diga da prisão exclusivamente porque o agente porta arma de uso
restrito. Pode ser uma pessoa que tem registro dessa arma e
desavisadamente sai com ela pela rua. (NUCCI, 2020. p. 80)

O autor deixa claro que esta passagem não surte efeito pleno em alguns
aspectos, pois deixa espaço para que certas “injustiças” sejam introduzidas nos
julgamentos de determinados casos e casos específicos que precisam ser
avaliados.

37
5.8 A Prisão Preventiva

Em relação a prisão preventiva o que se pode perceber de acordo com a


nova lei é que não existe mais decretação de prisão preventiva de ofício pelo
juiz, ela ocorre apenas com pedido da parte, que segue a mesma linha das
medidas cautelares.
Não obstante a expressão “de ofício” foi então retirada do artigo 311 do
Código de Processo Penal sendo assim instituída a seguinte redação: Em
qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão
preventiva decretada pelo juiz, a requerimento do Ministério Público, do
querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial.
(BRASIL, 2019)
Mais tarde, foi visto como um grande avanço para o sistema de oposição,
retirando o poder do juiz de ordenar a prisão excepcional, de modo que ele teve
que analisar os fatos e argumentos envolvidos na reclamação do apresentador.
Já o artigo 312 foi acrescido do seguinte apontamento “perigo gerado pelo
estado de liberdade do imputado”, e assim ficou o artigo:

Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da


ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver
prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo
gerado pelo estado de liberdade do imputado. § 1º A prisão preventiva
também poderá ser decretada em caso de descumprimento de
qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas
cautelares (art. 282, § 4o). § 2º A decisão que decretar a prisão
preventiva deve ser motivada e fundamentada em receio de perigo e
existência concreta de fatos novos ou contemporâneos que justifiquem
a aplicação da medida adotada. (BRASIL, 2019)

Esta nova base para ordenar a detenção e prevenção provou ser


supérflua, as palavras "garantia da aplicação da lei penal" ou "adequação da
investigação criminal" são suficientes para a base. A detenção foi mencionada
antes da lei sobre esta questão dependente deve ser adequado.
O parágrafo 2°, do artigo 312 também foi acrescentado, o mesmo
determinou que a decisão deve ser fundamentada para justificar a aplicação da

38
medida. Aqui, novamente, vemos o interesse do legislador em utilizar a prisão
preventiva apenas como medida de último recurso.
A lei também visa proteger os réus de serem condenados
antecipadamente, como também se observa na leitura do artigo 313, parágrafo
2°: não será admitida a decretação da prisão preventiva com a finalidade de
antecipação de cumprimento de pena ou como decorrência imediata de
investigação criminal ou da apresentação ou recebimento de denúncia. (BRASIL,
2019)
Além do mais o artigo 315 buscou reforçar o fato de que a prisão
preventiva deve ser fundamentada e motivada, ainda por cima explicou de forma
detalhada a forma em que deve ou não deve ser feita a decisão que decreta a
prisão preventiva.

Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão


preventiva será sempre motivada e fundamentada. § 1º Na motivação
da decretação da prisão preventiva ou de qualquer outra cautelar, o
juiz deverá indicar concretamente a existência de fatos novos ou
contemporâneos que justifiquem a aplicação da medida adotada.
(BRASIL, 2019)

Anteriormente a lei 13.964/2019, entrar em vigor tal artigo possuía apenas


o caput com esta mesma redação, sendo acrescentados os parágrafos 1° e 2°,
que detalharam a forma da decisão que decreta a prisão preventiva, além de
colocar o juiz indicando de forma concreta a existência de fatos novos ou
contemporâneos que justifiquem a prisão.
Analisemos o parágrafo 2° do artigo 315:

§ 2º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela


interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - limitar-se à indicação, à
reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação
com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos
indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no
caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra
decisão; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no
processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo
julgador; V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de súmula,
sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que
o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de
seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado
pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em
julgamento ou a superação do entendimento. (BRASIL, 2019)

39
Como se pode observar o parágrafo supracitado veio estabelecer as
decisões que não são seriam suficientes para que se decretasse a prisão, ainda
enumerou em seus incisos o que deve sempre ser levado em conta no momento
em que o magistrado elaborar a decisão.

De acordo com Nucci:

Observa-se que após a reforma introduzida pela lei 13.964/2019, tem-


se insistido em diferençar motivação e fundamentação. Parece-nos
razoável, pretendendo apontar na motivação os elementos utilizados
pelo juiz dentro de seus critérios racionais; atingindo a fundamentação,
pretende-se apontar o alicerce da motivação calcada nas provas dos
autos. (NUCCI, 2020. p. 84)

O autor citado anteriormente aborda de forma positiva a insistência da lei


em diferenciar a motivação da fundamentação e ainda instituir que na decisão
ambas estejam presentes.
As alterações instituídas pelo denominado pacote anticrime causaram
impacto não apenas ao Código Penal e ao Código de Processo Penal mas
diversas mudanças pontuais em diversas outras leis, as quais vale a pena o
estudante que queira se aprofundar nesta área buscar conhecer.
Para isto lista-se a seguir as leis alteradas pela Lei n. 13.964/2019:

 Lei de Execução Penal.

 Lei de crimes hediondos.

 Lei de interceptação telefônica.

 Lavagem de dinheiro.

 Estatuto do desarmamento.

 Lei de drogas.

40
 Lei da Organização criminosa.

 Código de Processo Penal Militar.

O direito penal, como qualquer sistema jurídico, sempre precisa mudar


para se adaptar à realidade à medida que a sociedade começa a se desenvolver.
O Código Penal Brasileiro nasceu em 1940 e desde então surgiram novos
hábitos e formas de convivência humana, incluindo novos crimes.
A estrutura do sistema penal deve buscar sempre servir à sociedade,
garantindo que as injustiças sejam cada vez mais retificadas e evitadas, pois o
Direito Penal é concebido para proteger toda a vida em sociedade.
Isso faz com que mudanças como as propostas pela nova lei sejam muito
bem-vindas e necessárias, pois tornaram a lei penal mais dura onde necessário
e poderiam ter feito mais do que isso.

41
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. (Código Penal). Decreto Lei nº 2.848, de 07 de dezembro de 1940.

BRASIL. (Código Processo Penal). Decreto Lei nº 3.689, de 03 de outubro de


1941.

________. Lei nº 13.964 de 24 de dezembro de 2019. Disponível em:


< http://www.planalto.gov.br> Acesso em 13/mai/2021.

ALMEIDA, Alberto Carlos. A cabeça do brasileiro. Rio de Janeiro: Record, 2007

ARAÚJO, Emanuel. O teatro dos vícios: transgressão e transigência na


sociedade urbana colonial. 2 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1997

BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das Penas. São Paulo: WVC, 2010.

BRASILEIRO, Renato. Pacote Anticrime: Comentários à Lei Nº 13.964/19


Artigo por Artigo (2020). ed. Salvador: JusPodivm, 2020.

CUNHA, Rogério Sanches. Pacote Anticrime – Lei n. 13.964/2019:


Comentários às alterações do CP, CPP e LEP. Salvador: Editora Juspodium,
2020.

GIACOMOLLI, Nereu José. Juiz de Garantias – um nascituro estigmatizado. In:


MALAN, Diogo; MIRZA, Flávio (Coord.). 70 anos do Código de Processo Penal
Brasileiro: balanço e perspectivas de reforma. Rio de Janeiro: Lumen Juris

HOLANDA, Sergio Buarque de. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: Jose Olympio,
1982.

MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal. 18. ed. São Paulo: Atlas
S.A, 2002.

42
NORONHA, Edgard Magalhães. Direito Penal. São Paulo: Saraiva, 2003.

NUCCI, Guilherme de Souza. Pacote Anticrime Comentado: Lei 13.964/2019


– 1 ed.- Rio de Janeiro: Forense,2020.

OLIVEIRA NETTO, Sérgio de. O Mago Merlin e o pacote anticrime. Revista


Jus Navigandi, ISSN 1518-4862. Disponível em < https://jus.com.br>. Acesso
em: 13 maio 2021.

REGA, Lourenço Stelio. Dando um jeito no jeitinho. Ed. WC: Rio de Janeiro,
2000.

43

Você também pode gostar