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INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3
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5.7 Execução............................................................................................ 36
7 CULPABILIDADE ...................................................................................... 48
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 56
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INTRODUÇÃO
Prezado aluno,
Bons estudos!
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1 HISTÓRIA DO DIREITO PENAL BRASILEIRO
Fonte: www.cepad.ufes.br
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Antes do domínio Português, imperava a represália privada, sendo que as
formas de reação contra condutas ofensivas não possuíam qualquer gradação.
Quanto às punições, predominavam as penas corporais, não existindo tortura.
As leis advindas de Portugal se impuseram totalmente, e as práticas das tribos
indígenas que aqui habitavam em nada influíram sobre a nossa legislação penal.
Quando do descobrimento do Brasil, vigoravam em Portugal as Ordenações
Afonsinas, que eram tidas como o primeiro código europeu completo. Em 1521, foram
substituídas pelas Ordenações Manuelinas, que vigoraram até o aparecimento da
Compilação de Duarte Nunes de Leão. Ressalte-se que os ordenamentos citados não
chegaram a ser eficazes, em face da situação peculiar reinante na colônia.
As primeiras manifestações jurídicas, desde 1500 e por cerca de 30 anos, foram
as bulas pontifícias, alvarás e cartas-régias, que, embora, não tivessem por destino
precípuo reger a vida destas terras, a estas se referem, constituindo, assim os atos
iniciais de uma legislação que necessitava de organização e desenvolvimento.
A legislação canônica era a emanada do Concílio de Trento e ampliava a
jurisdição clerical, tornando ampla a interferência da Igreja em assuntos civis.
Na realidade, a lei penal aplicada ao Brasil-colônia era a contida nos 143 títulos
do Livro V das Ordenações Filipinas e orientavam-se no sentido de uma ampla e
generalizada criminalização, com severas punições. Entre as penas aplicadas,
predominava a pena de morte, sendo que também existiam as penas vis (açoite, corte
de membros, galés), degredo; multa e a pena-crime arbitrária (que ficava ao arbítrio
do julgador, já que inexistia o princípio da legalidade). Essa legislação, extremamente
rigorosa, acabou por reger a vida brasileira por mais de dois séculos. (Felix, 2011)
Duras críticas surgiram à esta legislação. No âmbito penal referiam ao fato de
que a matéria criminal estaria disposta de forma assistemática e irracional: os
comportamentos incriminados (em número excessivo) referem-se a tipos difusos,
obscuros, por vezes conflitantes; as penas são desproporcionais e sempre cruéis;
multas pesadas.
Por derradeiro devemos salientar que as leis portuguesas foram interrompidas
na região Nordeste do país pela dominação holandesa, mas referida dominação, por
uma reação de cunho nacionalista dos brasileiros, em nada contribuiu para a formação
do nosso Direito Penal.
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1.2 Código Criminal no Império
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Pereira, decidiu afinal, que melhor seria a reforma geral do Código. Abriu com isso as
portas para o surgimento do até então Novo Código Penal de 1890. (Felix, 2011)
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da Parte Geral do Código Criminal brasileiro e em agosto do mesmo ano o projeto
completo, que iria ser o ponto de partida para Código Penal vigente.
A redação apresentada ainda não seria, porém, a definitiva. O projeto ainda
sofreu apreciação de uma Comissão formada por Nelson Hungria, Roberto Lira,
Narcélio de Queiroz, Vieira Braga e Costa e Silva, sendo sancionado por decreto em
07 de dezembro de 1940.
Devido aos pensamentos controversos e a necessidade constante de reformas,
o Código de 1940 começou a receber assim como os anteriores, num determinado
tempo propostas de substituição. Pelo decreto n.º 1.490, de 8 de novembro de 1962,
de Nelson Hungria, foi publicado o anteprojeto de Código Penal. Submetido à
apreciação de uma Comissão Revisora, transformou-se em Código Penal, pelo
decreto-lei n.º 1.004, de 21 de outubro de 1969, retificado pela Lei 6016, de 31 de
dezembro de 1973. O Código Penal de 1969, como ficou conhecido, teve sua vigência
sucessivamente postergada até que finalmente foi revogado pela Lei 6.578, de 10 de
outubro de 1978. (Felix, 2011)
Fonte: www.iped.com.br
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Os sistemas processuais variam de país para país e normalmente, não
necessariamente, são reflexo da conjuntura político-social de cada um deles. No
Brasil, tendo em vista as incongruências persistentes entre o Código de Processo
Penal e a Constituição Federal de 1988, muito se discute, ainda, acerca do sistema
processual penal vigente. (Rodrigues, 2013)
Resumidamente, nota-se que o sistema processual penal possui as seguintes
características: a concentração da persecução penal nas mãos do monarca
absolutista, exercido subordinadamente, pelo juiz; ausência de separação de funções
(investigar, acusar e julgar) ; a impossibilidade do contraditório e ampla defesa, ou
seja, o acusado serve apenas como objeto a ser investigado; todo o curso processual
é secreto e escrito nos livros de atas dos inquisidores; há uma enorme
discricionariedade do magistrado, através de um sistema de provas que valoriza a
verdade real, pelo fato de entenderem que a maior prova a ser coletada é o
interrogatório do acusado, sendo obstacularizada a possibilidade de uma testemunha
dispor em sentido contrário, o que consolida o princípio testis unus. (Do Lago,2006)
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Diminui, ainda mais, quando o juiz não pode ter a iniciativa para proceder; e anula-se,
definitivamente, se o juiz não pode senão julgar segundo o alegado e provado pelas
partes. Este é o tipo processual acusatório puro.
No sistema acusatório, o processo continua sendo um instrumento de
descoberta de uma verdade histórica. Entretanto, considerando que a gestão da prova
está nas mãos das partes, o juiz dirá, com base exclusivamente nessas provas, o
direito a ser aplicado no caso. (Rodrigues, 2013)
Independentemente de sua característica fundante, fato é que, diante da atual
estrutura democrática estatal, diferentemente do que ocorre na maioria dos
ordenamentos que adotam o sistema misto, “o sistema acusatório é um imperativo do
moderno processo penal” e deve ser aplicado de forma efetiva e não como meras
promessas.
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claramente, comprometia a imparcialidade do julgador, que passou a tomar a iniciativa
da própria acusação a ser julgada por ele mesmo. (Rodrigues, 2013)
O sistema inquisitório muda a expressão do processo de forma radical. O que
era um duelo leal e franco entre acusador e acusado, com igualdade de poderes e
oportunidades, se transforma em uma disputa desigual entre o juiz-inquisidor e o
acusado. Mais uma vez, a não pacificação doutrinária quanto à característica fundante
dos sistemas se reflete, também, no modelo inquisitivo. Com efeito, pode-se dizer que
o sistema inquisitório, conduzido pelo princípio inquisitivo, tem como principal
característica a derradeira concentração de poder nas mãos do órgão julgador, o qual
detém a gestão da prova. Aqui, o acusado é mero objeto de investigação e tido como
o detentor da verdade de um crime, da qual deverá dar contas ao inquisidor.
Nos moldes do sistema inquisitivo, portanto, o juiz acaba não formando seu
convencimento diante das provas dos autos que, anteriormente, teriam sido trazidas
pelas partes, “mas visa convencer as partes de sua íntima convicção, pois já emitiu,
previamente, um juízo de valor ao iniciar a ação”.
Pode-se apontar como características do sistema processual penal inquisitivo:
concentração das três funções (acusar, defender e julgar) nas mãos de uma só
pessoa; início da acusação pelo juiz ex ofício; processo sigiloso e sempre escrito; a
ausência do contraditório e da ampla defesa, uma vez que o acusado é visto como
mero objeto do processo, e não como sujeito de direitos, sem lhe conferir qualquer
garantia; e o sistema da prova tarifada, sendo a confissão a “rainha das provas”.
(Rodrigues, 2013)
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2.3 O Sistema Processual Penal Misto
Fonte: teorjuridico.com
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atividade judiciária, ou, se necessário for, realizá-las pessoalmente, formando sua
opinião e iniciando a ação penal. (Rodrigues, 2013)
O sistema processual penal misto tem como característica básica, portanto, ser
bifásico, com “uma fase inicial inquisitiva, na qual se procede a uma investigação
preliminar e a uma instrução preparatória, e uma fase final, em que se procede o
julgamento com todas as garantias do processo acusatório”. Sendo o procedimento
preliminar secreto, escrito, sem contraditório e ampla defesa; e a fase judicial, oral,
pública, com todos os atos praticados em audiência, garantidos ao acusado os direitos
de contraditório e ampla defesa.
Como não pode haver um princípio misto, consequentemente, também não
poderia ser o sistema assim classificado. O sistema seria informado por um princípio
unificador, de modo que, em sua essência, seria sempre puramente inquisitivo ou
acusatório; misto, apenas em relação a elementos secundários emprestados de um
para outro sistema. (Rodrigues, 2013)
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3 DIREITO PENAL DO INIMIGO
Fonte: www.descomplicandoodireito.com.br
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principal era a aplicação de penas restritivas de liberdade e a existência de garantias
individuais.
O Direito Penal foi se expandindo, e novos delitos foram surgindo. Com o
passar do tempo as penas também se tornaram mais brandas, aparecendo
alternativas que não a restrição da liberdade, como é o caso das penas restritivas de
direito e pecuniárias. (Lemes, 2014)
O Direito Penal Simbólico se manifesta através da edição de leis elaboradas no
clamor da opinião pública, com a intenção de transmitir à sociedade um sentimento
de segurança jurídica. Todavia, muitas vezes a norma só é promulgada, mas não
efetivamente aplicada. Já o punitivismo jurídico caracteriza-se pelo endurecimento
das penas, pela aplicação de um Direito Penal mais rígido.
Portanto, o Direito Penal do Inimigo, como é hoje defendido por Jakobs, é
resultante da soma dos fatores da expansão do Direito Penal, do surgimento do Direito
Penal Simbólico e do ressurgir do punitivismo. (Lemes, 2014)
Nesse contexto temos o Direito Penal do Cidadão, cuja tarefa é garantir a
vigência da norma como expressão de uma determinada sociedade e o Direito Penal
do Inimigo, ao qual cabe a missão de eliminar perigos.
Nas palavras de Larizzatti:
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de todos os direitos. Neste sentido, o sujeito submetido a custódia de
segurança fica incólume em seu papel de proprietário de coisas. E, em
segundo lugar, o Estado não tem por que fazer tudo o que é permitido fazer,
mas pode conter-se, em especial, para não fechar um posterior acordo de
paz. Mas isso em nada altera o fato de que a medida executada contra o
inimigo não significa nada, mas só coage [...]
Para Silva Sánchez (2002, p.159 e ss.), a expressão Direito Penal do Inimigo é
sinônima de Direito Penal de Terceira Velocidade. Segundo o renomado autor há
atualmente três velocidades de Direito Penal:
3.1.1.1 Características
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(d) criação artificial de novos delitos (delitos sem bens jurídicos definidos);
(e) endurecimento sem causa da execução penal;
(f) exagerada antecipação da tutela penal;
(g) corte de direitos e garantias processuais fundamentais;
(h) concessão de prêmios ao inimigo que se mostra fiel ao Direito (delação
premiada, colaboração premiada, etc.);
(i) flexibilização da prisão em flagrante (ação controlada);
(j) infiltração de agentes policiais;
(l) uso e abuso de medidas preventivas ou cautelares (interceptação telefônica
sem justa causa, quebra de sigilos não fundamentados ou contra a lei);
(m) medidas penais dirigidas contra quem exerce atividade lícita (bancos,
advogados, joalheiros, leiloeiros, etc.).
Segundo Jakobs, o Direito Penal do Inimigo não visa garantir a vigência de uma
norma – esse é o papel do Direito Penal do Cidadão – mas sim a eliminação de um
perigo. (Lemes, 2014)
Por isso, quando um indivíduo comete certos crimes graves, pratica
reiteradamente ilícitos penais ou então participa de uma organização criminosa, deve
ser tratado como inimigo, pois “se tem afastado (...), de maneira duradoura, ao menos
de modo decidido, do Direito, isto é, que não proporciona a garantia cognitiva mínima
necessária a um tratamento como pessoa” (JAKOBS; MELIÁ,2010, p.34). Sendo o
Direito Penal do Inimigo direcionado a esse tipo de criminoso.
Fonte: www.provadaordem.com.br
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Já o Direito voltado para o cidadão teria por característica básica o fato de que,
quando uma norma é violada, é dada ao cidadão infrator a chance de restabelecer a
vigência da norma através da aplicação de uma pena, que é o resultado da aplicação
de um devido processo legal (Lemes, 2014).
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âmbito do fato típico penal). E os autores, com efeito, evitam definir concretamente o
que seja a “imputação objetiva” (teoria, método, relação normativa, etc.). Mas a sua
noção é haurida, por indução, da casuística; fia-se, pois, em um procedimento
descritivo que operacionaliza a teoria a partir de elencos contextuais não exaustivos.
Para as hipóteses que não admitem adequação aos casuísmos mais frequentes, a
noção subministra ainda princípios reguladores que iluminam os juízos autorizados
(diminuição, criação e incremento do risco, âmbito de proteção da norma, princípio da
confiança, etc.). (Feliciano, 2006)
Apesar de certa divergência doutrinária, majoritariamente tem-se entendido
como conceito analítico de crime o fato típico, ilícito e culpável. Ou seja, uma ação ou
omissão, ajustada a um modelo legal de conduta proibida, contrária ao direito e sujeita
a um juízo de reprovação social incidente sobre o fato e seu autor.
Assim, a primeira análise para saber se determinado fato da vida real deve ser
ou não penalmente valorado, é submetê-lo ao tipo descrito na norma para se encontrar
a tipicidade. Após isso, não bastando a mera subsunção ao tipo, é indispensável que
a conduta do agente seja ligada ao resultado pelo nexo causal (trinômio: conduta +
nexo + resultado).
Sob esse prisma jurídico, o conceito de conduta mais adotado é o da teoria
finalista: conduta é ação ou omissão, voluntária e consciente, que implique em
movimentação do corpo humano, voltado a uma finalidade. É esta conduta que deve
dar causa ao resultado, gerando o vínculo necessário para se formar o fato típico.
Este trinômio só faz sentido nos crimes materiais, isto é, naqueles que
necessariamente relacionam a conduta a um resultado concreto. Os delitos de
atividade, que se configuram na mera realização da conduta, pouco importando se há
ou não resultado naturalístico, praticamente não se valem da teoria do nexo causal.
Neste sentido, para a determinação desta relação de causalidade, o Código
Penal Brasileiro adotou o que chamamos de Teoria da Equivalência dos Antecedentes
Causais, onde quaisquer das condições que venham a compor a totalidade dos
antecedentes, seria causa do resultado, pois a sua inocorrência impediria a produção
do evento.
Esta teoria sofre críticas por ser geradora de uma regressão ao infinito,
colocando no nexo causal condutas que, dentro da lógica, são despropositadas.
Pretende-se sanar os problemas existentes, qual seja, a determinação de quando a
lesão de um interesse jurídico pode ser considerada “obra” de uma pessoa, uma outra
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teoria chamada de Imputação Objetiva, hoje dominante na Alemanha e bastante
difundida na Espanha, tem ganhado fôlego no Brasil.
Ela tem por finalidade imputar ao agente a prática de um resultado delituoso
apenas quando o seu comportamento tiver criado, realmente, um risco não tolerado,
nem permitido, ao bem jurídico. Para exemplificar, a fabricação lícita da arma não
poderia ser considerada causa do resultado, pois o fabricante não teria produzido um
risco não permitido e intolerável ao bem jurídico.
Com efeito, a Imputação Objetiva é uma teoria originária de Karl Larenz e
Richard Honig nos anos 30 que permaneceu adormecida na Alemanha até obter o seu
grande impulso pelas mãos de Claus Roxin na década de 70 (PRADO, 2006).
Ela surge com a finalidade de limitar o alcance da chamada teoria da
equivalência dos antecedentes causais, ou seja, uma limitação da responsabilidade
penal, de modo que a atribuição de um resultado a uma pessoa não é determinado
pela relação de causalidade, mas sim pela realização de um risco proibido pela norma.
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a) a diminuição do risco: pelo critério da diminuição do risco, a conduta que
reduz a probabilidade de uma lesão não se pode conceber como orientada de acordo
com a finalidade de lesão da integridade corporal;
b) a criação de um risco juridicamente relevante: se a conduta do agente não é
capaz de criar um risco juridicamente relevante, ou seja, se o resultado por ele
pretendido não depender exclusivamente de sua vontade, caso este aconteça, deverá
ser atribuído ao acaso;
c) o aumento do risco permitido: se a conduta do agente não houver, de alguma
forma, aumentado o risco de ocorrência do resultado, este não lhe poderá ser
imputado;
d) a esfera de proteção da norma como critério de imputação: somente haverá
responsabilidade quando a conduta afrontar a finalidade protetiva da norma. Ex. A
mata B e a mãe da vítima ao receber a notícia sofre um ataque nervoso e morre.
Neste caso, A não pode ser responsabilizado pela morte da mãe de B.
Outro grande defensor da imputação objetiva, embora de linha diversa, é
Gunther Jakobs. Sob a sua ótica, são analisadas outras vertentes da teoria, dando
ênfase à imputação do comportamento.
Neste pensamento, considerando o fato que o homem é um ser social e,
portanto, divide seu espaço mantendo contatos sociais, cada um de nós exerce
determinado papel na sociedade. Assim, o modo normativo da imputação objetiva
deve levar em conta esses padrões de comportamento que orientam os membros da
comunidade (homem vinculado a papéis sociais). Com isso, Jakobs traça quatro
instituições jurídico-penais que irão orientar a imputação (GRECCO, 2011):
a) risco permitido: se cada um se comporta de acordo com um papel que lhe
foi atribuído pela sociedade, mesmo que a conduta praticada importe na criação do
risco de lesão ou perigo de lesão aos bens de terceira pessoa, se tal comportamento
se mantiver dentro dos padrões aceitos e assimilados pela sociedade e se dessa
conduta advier algum resultado lesivo, este será imputado ao acaso;
b) princípio da confiança: de acordo com este princípio, não se imputarão
objetivamente os resultados produzidos por quem obrou confiando que os outros se
manterão dentro dos limites do perigo permitido;
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c) proibição de regresso: se determinada pessoa atuar de acordo com os limites
de seu papel, a sua conduta, mesmo contribuindo para o sucesso da infração penal
levada a efeito pelo agente, não poderá ser incriminada;
d) competência ou capacidade da vítima: se a vítima, por sua própria vontade,
tiver se colocado na situação de risco, afasta a responsabilidade do agente produtor
do resultado.
Fonte: www.tvreplay.com.br
“Sintetizando, seus reflexos devem ser muito mais modestos do que o furor
de perplexidade que está causando no continente latino-americano. Porque
a única certeza, até agora, apresentada pela teoria da imputação objetiva, é
a incerteza de seus enunciados, a imprecisão dos seus conceitos e a
insegurança de seus resultados a que pode levar! Aliás, o próprio Claus
Roxin, maior expoente da teoria em exame, afirma que ‘o conceito de risco
permitido é utilizado em múltiplos contextos, mas sobre o seu significado e
posição sistemática reina a mais absoluta falta de clareza’. (...) A relação de
causalidade não é suficiente nos crimes de ação, nem sempre é necessária
nos crimes de omissão e é absolutamente irrelevante nos crimes de mera
atividade; portanto, a teoria da imputação objetiva tem um espaço e
importância reduzidos.” (BITENCOURT, 2010, p.251-253)
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Assim, apesar da teoria da Imputação Objetiva ter surgido com a pretensão de
substituir a doutrina da causalidade material, esta ainda não é uma teoria definitiva,
necessitando ainda de estudos e de um certo amadurecimento. No momento, sem
prescindir de maneira absoluta da causalidade, a Teoria de Imputação Objetiva é seu
complemento, fornecendo solução adequada às hipóteses em que as doutrinas
naturalistas não apresentam respostas satisfatórias.
5 ITER CRIMINIS
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5.1 Histórico
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Consoante escólio de Bitencourt, “O Direito Penal apresenta-se como um
conjunto de normas jurídicas que tem por objeto a determinação de infrações de
natureza penal e suas sanções correspondentes – penas e medidas de segurança”.
O mesmo autor ainda destaca, de maneira oportuna, que:
Fonte: reescrevendodireito.blogspot.com.br
Como todo processo, o iter criminis compreende uma série de etapas que se
sucedem de maneira coordenada com vistas a uma finalidade determinada. Boa parte
28
delas, porque extremamente subjetivas, costumam ser ignoradas pela doutrina. Nesse
diapasão:
Regra geral, as etapas que se verificam no foro íntimo do agente não podem
ser atingidas pela tipicidade, na conformidade do antigo e elementar princípio
cogitationis poenam nemo patitur (ninguém pode sofrer pena pelo pensamento), o que
leva alguns doutrinadores a considerarem-nas irrelevantes para o Direito Penal. Assim
entendem Capez, Zaffaroni e Pierangeli. (DE ARAÚJO & GENNARINI, 2014)
Ocorre que cada etapa do iter criminis, inclusive aquelas chamadas penalmente
irrelevantes, está diretamente relacionada a outros elementos inerentes ao conceito
analítico de crime, que podem nelas ser facilmente localizáveis.
Tem-se como exemplos o induzimento na fase de cogitação, a instigação na
fase de decisão, a tentativa, a desistência voluntária e o arrependimento eficaz, nas
fases de preparação e execução, o termo inicial da prescrição na consumação e o
arrependimento posterior na fase de exaurimento do delito. (DE ARAÚJO &
GENNARINI, 2014)
Nesse diapasão, oportunamente assevera Toledo que “com esse sentido,
atribui-se à ciência penal uma função criadora, não se limitando ela a repetir as
palavras da lei ou a traduzir-lhes o sentido estático, ou a vontade histórica do
legislador”.
Destarte, ainda que algumas fases não sejam atingidas diretamente pela
punibilidade, não podem ser ignoradas pela dogmática penal ou relegadas apenas à
psicologia, à psiquiatria ou à antropologia. Contrariamente ao que sustentam os
renomados doutrinadores citados, não há como negar a sua importância prática e
científica, pois o Direito Penal, como se viu, não se resume ao conteúdo expresso na
lei.
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5.4 Cogitação
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O reconhecimento de tais princípios decorre, igualmente, da dificuldade de
controlar os pensamentos. Como bem aponta Jakobs, os pensamentos pertencem à
esfera constitutiva da pessoa e controlá-los destruiria a pessoa livre. Já advertia
Carrara que castigar o pensamento é a fórmula comum com que se designa o apogeu
da tirania. Sobre o assunto, oportuna a advertência de Bitencourt: “Mas, nesse
momento puramente de elaboração mental do fato criminoso, a lei penal não pode
alcançá-lo, e, se não houvesse outras razões, até pela dificuldade da produção de
provas, já estaria justificada a impunibilidade da nuda cogitatio”.
Nesse diapasão, assevera Capez que o crime na fase de cogitação é impunível,
porque cada um pode pensar o que quiser. No mesmo sentido, asseveram Zaffaroni
e Pierangeli que as etapas que se desenvolvem no âmbito subjetivo não podem ser
atingidas pela tipicidade. (DE ARAÚJO & GENNARINI, 2014)
Não obstante seja a cogitação impunível, não se pode concluir, como pretende
Capez, que ela não interessa ao Direito Penal. Sua análise é de fundamental
importância científica e prática, sobretudo no que diz respeito às circunstâncias
judiciais e à possibilidade de induzimento. (DE ARAÚJO & GENNARINI, 2014)
A personalidade do agente, como ensina Mirabete, é circunstância judicial a ser
levada em conta pelo magistrado na primeira das três fases da dosimetria da pena. É
relevante, nesta etapa, a fase de cogitação, conforme frisa Becker:
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ainda não exista, de tal sorte que, se o agente já cogitava agir de tal ou qual forma,
não haverá induzimento. (DE ARAÚJO & GENNARINI, 2014)
Sobre o tema, cabe trazer à baila a lição de Mirabete, em alusão ao crime de
induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio, tipificado pelo artigo 122, caput, do
Código Penal:
5.5 Decisão
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Nessa esteira, mostra-se possível considerar a decisão como uma fase
autônoma do iter criminis. Isso porque não se trata apenas da opção pelo agir ou não
agir, mas também do como agir, no que tange aos detalhes, perspectivas, dificuldades
e alternativas.
Na esteira do comentário de Becker acima declinado, nota-se que o agente,
nesta fase, necessita tomar não uma, mas diversas decisões antes de passar para os
atos preparatórios. Essa é a razão pela qual consideramos a decisão como uma fase
autônoma do caminho do crime, assim como Becker, Zaffaroni e Pierangeli. (DE
ARAÚJO & GENNARINI, 2014)
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Fonte: www.sindojuspi.org.br
Com efeito, assim como ocorre com a cogitação, não se pode afirmar que a
fase de decisão é penalmente irrelevante. É evidente, do mesmo modo, a sua
importância científica e prática. (DE ARAÚJO & GENNARINI, 2014)
5.6 Preparação
... é aquela forma de atuar que cria as condições prévias adequadas para a
realização de um delito planejado. Por um lado, deve ir mais além do simples
projeto interno (mínimo) sem que deva, por outro, iniciar a imediata realização
tipicamente relevante da vontade delitiva (máximo).
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Nesse sentido, destaca Garcia:
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De outro lado, para que se possa falar em tentativa criminosa é necessária a
identificação do exato momento em que findam os atos meramente preparatórios e
iniciam-se os atos de execução. É fundamental, pois, bem delinear o limite que separa
os atos preparatórios dos atos de execução. (DE ARAÚJO & GENNARINI, 2014)
Como observam Zaffaroni e Pierangeli, a distinção entre atos preparatórios e
atos de tentativa é um dos problemas mais árduos da dogmática e, seguramente, o
mais difícil da tentativa. Mirabete também comunga desta opinião.
5.7 Execução
Conforme destaca Antolisei, citado por Becker, um dos temas mais debatidos
no Direito Penal é a fronteira que separa os atos preparatórios do início de execução.
É somente com o início da execução que se pode falar em punibilidade, porque os
atos preparatórios permanecem impunes, por mais inequívocos que sejam. Nesse
sentido:
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quando se trata de esquemas especialmente amplos e gerais. (DE ARAÚJO
& GENNARINI, 2014)
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Cabe frisar que Mirabete, em que pese aponte para critérios distintos,
reconhece, assim como Zaffaroni, Pierangeli e Becker, que nenhum dos critérios é
definitivo, podendo, somente, auxiliar a distinção nos casos concretos. (DE ARAÚJO
& GENNARINI, 2014)
Se o início da execução verifica-se com o início da ação típica, levando-se em
consideração, também, os atos imediatamente anteriores, de acordo com a intenção
do agente, pode-se concluir que a execução consiste na própria ação típica, ou seja,
na realização do tipo penal incriminador pelo sujeito ativo da infração penal.
Fonte: www.cnj.jus.br
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Quando iniciada a execução é que o fato passa a ser punível, podendo o agente
responder pelo crime em sua forma tentada, consumada ou até mesmo exaurida,
como se verá adiante. A forma com que os acontecimentos se darão após a o início
da execução é que delimitará, nos termos da lei penal, a pena a ser aplicada ao
agente. (DE ARAÚJO & GENNARINI, 2014)
Se o crime não se consumar por circunstâncias alheias à sua vontade, o agente
responderá pela pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois
terços, nos termos do artigo 14, parágrafo único, do Código Penal. Caso o agente,
voluntariamente, desista de prosseguir na execução ou impeça a produção do
resultado, responderá pelos atos já praticados, nos moldes do artigo 15 do mesmo
Diploma Legal. (DE ARAÚJO & GENNARINI, 2014)
Cabe frisar que todos os institutos supracitados somente podem se verificar
após o início da execução. Regra geral, o agente será, em qualquer das hipóteses,
alcançado pela punibilidade, em virtude da exposição do bem jurídico a risco.
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Podem os meios empregados na execução do crime serem levados em
consideração quando da aplicação da pena como circunstâncias do crime, nos moldes
do artigo 59, caput, do Código Penal, podendo funcionar também como circunstâncias
qualificadoras, agravantes genéricas ou causas de aumento de pena, desde que não
haja bis in idem. Nessa esteira, oportuna a lição de Mirabete:
5.8 Consumação
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Nos crimes formais verifica-se a consumação com a simples atividade; o
resultado é possível, mas não necessário para que haja consumação. Já nos delitos
de mera conduta a consumação opera-se com a ação ou omissão criminosa, o que
também se aplica aos crimes omissivos impróprios, em que basta a omissão. Não há,
nestas modalidades de crime, resultado previsto pela legislação penal.
A consumação, nos crimes qualificados pelo resultado, dá-se com a produção
do resultado agravador, e nos crimes habituais, com a reiteração de atos. Nos crimes
permanentes o momento consumativo se alonga no tempo, enquanto perdurar a
conduta do sujeito ativo. Nos crimes complexos a consumação ocorre quando os
crimes componentes estejam integralmente realizados. (DE ARAÚJO & GENNARINI,
2014)
Há estudiosos, dentre os quais se destacam Bettiol e Reyes, a sustentar que é
necessária para a consumação, também, a lesão efetiva ao bem jurídico, em harmonia
com a noção teleológica do delito. Entretanto, conforme destaca Becker, em alusão
aos ensinamentos de Liszt, “a maioria da doutrina adota a concepção formal, para a
qual basta a correspondência do fato ao tipo abstrato”. Nesse diapasão:
41
O momento consumativo é fundamental para determinar a quantidade da pena
a ser aplicada, para a fixação do foro competente para processar e julgar a infração,
bem como para determinar o termo inicial do prazo da prescrição da pretensão
punitiva, nos termos do artigo 111, inciso I, do Código Penal. Com a consumação já
não há que se falar em tentativa criminosa, desistência voluntária ou em
arrependimento eficaz. (DE ARAÚJO & GENNARINI, 2014)
A tentativa verifica-se quando o crime não se consuma por circunstâncias
alheias à vontade do agente, nos termos do artigo 14, inciso II, do Código Penal. Em
havendo consumação, impossível o reconhecimento da tentativa.
O mesmo se aplica à desistência voluntária, que ocorre quando o agente,
voluntariamente, desiste de prosseguir na execução, em etapa que antecede a
consumação. No arrependimento eficaz o agente, também voluntariamente, impede
que o resultado se produza, obstando a consumação. É o que se extrai do artigo 15
do Código Penal. (DE ARAÚJO & GENNARINI, 2014)
Nessa mesma esteira, destaca Dotti que “sua ocorrência torna inviáveis tanto
a desistência voluntária (de prosseguir na execução) como o arrependimento eficaz
(de voltar ao status quo ante). Tais condutas poderão somente influir na
individualização da pena”.
Com efeito, nota-se que a fase de consumação é amplamente relevante para o
Direito Penal, gerando efeitos até mesmo no âmbito do Direito Processual Penal. A
consumação pode ser considerada o apogeu do iter criminis, já que o exaurimento do
delito, consoante se demonstrará adiante, nem sempre ocorre. (DE ARAÚJO &
GENNARINI, 2014)
42
5.9 Exaurimento
Fonte: juristas.com.br
A esse respeito, Becker afirma que “com a consumação o agente viola a norma
jurídica, e com o exaurimento consegue o resultado visado. O delito estará exaurido
quando produzir todos os efeitos danosos consequentes à violação, não podendo
mais o agente intervir para impedi-la”.
43
Oportuno consignar que esta fase nem sempre se verifica. É o que ocorre
quando o sujeito ativo da infração penal limita-se a consumar o crime, sem que haja
uma nova lesão ao mesmo bem jurídico ou uma vantagem para o agente. (DE
ARAÚJO & GENNARINI, 2014)
São inúmeras as hipóteses de exaurimento trazidas pela legislação penal
pátria. No caso da extorsão mediante sequestro, por exemplo, o delito se consuma
quando a vítima é privada de sua liberdade, e o exaurimento se opera com o
pagamento do resgate exigido pelo agente.
Também configura mero exaurimento a conduta do autor do furto que, após a
subtração, vende a res furtiva ou influi para que terceiro de boa-fé a receba. Pode-se
citar, ainda, a extorsão e a fraude para recebimento de indenização ou valor de
seguro. (DE ARAÚJO & GENNARINI, 2014)
44
circunstâncias judiciais para a fixação da pena-base. Isso porque, em regra, são mais
brandas as consequências do crime não exaurido. Nesse sentido:
6 AS EXCLUDENTES DE ILICITUDE
45
A ilicitude, por sua vez, consiste na relação de antagonismo que se estabelece
entre uma conduta humana voluntária e o ordenamento jurídico, de maneira a causar
lesão ou expor a perigo de lesão um bem jurídico tutelado. (PEREIRA, 2013)
Pode-se dizer que toda ação típica é uma ação ilícita, salvo nos casos em que
a mesma for justificada, apresentando tal justificativa fundamento em uma norma
permissiva ou autorizante, tornando lícita a prática de uma conduta proibida, bem
como lícita a não realização de uma conduta obrigatória. (DE ARAÚJO & GENNARINI,
2014)
As causas de exclusão de ilicitude podem ser causas legais ou causas
supralegais. As causas supralegais consistem naquelas não previstas em lei, porém
que excluem a ilicitude, tendo em vista a aceitação da conduta pela sociedade.
O art. 23 do Código Penal dispõe que não haverá crime quando o agente
praticar o fato em estado de necessidade; em legítima defesa; em estrito cumprimento
do dever legal ou no exercício regular de direito. Conforme já visto, o Código Penal
brasileiro em seu artigo 23 adota a expressão “não há crime”, quando o agente comete
a conduta mediante o estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de
dever legal e exercício regular de direito. Além desses tipos permissivos contidos na
Parte Geral do Código Penal, existem outros, esparsos pelo próprio Código, na sua
Parte Especial, do que são exemplos o aborto de estuprada ou o aborto necessário
(art. 128, I e II do CP); a coação para impedir suicídio e a intervenção médica sem o
consentimento do paciente, para afastar iminente perigo de vida (art. 146, § 3º do CP).
Outros casos estão no art. 142 do CP. A Parte Geral e Especial do Código Penal ou
as leis extravagantes não esgotam, porém, todas as hipóteses de causas excludentes
da ilicitude. (PEREIRA, 2013)
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6.1 Erro jurídico – penal
Fonte: concursopf.com.br
No direito penal, embora algumas divergências por parte dos autores, como
Carrara que diferencia a ausência de conhecimento da representação falsa, afirmando
que a primeira corresponde a ignorância da lei, e a segunda ao erro, o próprio erro
acaba que significando tanto uma como outra das situações mencionadas. Desse
modo, essas situações são equiparadas, resultando, assim, no conceito do tema
tratado em questão. (CASTRO, 2013)
Envolvendo os conceitos de ação, da culpabilidade e antijuridicidade, o erro
não prescinde de nenhum desses elementos, seja pelo fato de o direito penal referir-
se somente às condutas humanas, abandonando a responsabilidade objetiva, ou na
análise de que o tema resulta na ausência de quaisquer elementos expressos no tipo
penal, ou seja, por se tratar, também, no direito brasileiro, visto que em outros
ordenamentos jurídicos algumas espécies de erro podem se tornar inescusáveis
(vencíveis), de causa de inculpabilidade. (CASTRO, 2013)
A seguir serão citados partes do Código Penal Brasileiro, em que citam sobre
culpabilidade.
Erro sobre elementos do tipo
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo,
mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Descriminantes putativas
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§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas
circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não
há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime
culposo.
Erro determinado por terceiro
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
Erro sobre a pessoa
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de
pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão
as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime.
Erro sobre a ilicitude do fato
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do
fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um
terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite
sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter
ou atingir essa consciência.
7 CULPABILIDADE
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7.1 Do Concurso de Pessoas
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a
este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída
de um sexto a um terço.
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-
lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de
ter sido previsível o resultado mais grave.
Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter
pessoal, salvo quando elementares do crime.
Casos de impunibilidade
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição
expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser
tentado.
Fixação da pena
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social,
à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime,
bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e
suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de
pena, se cabível.
Critérios especiais da pena de multa
Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à
situação econômica do réu.
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em
virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no máximo.
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Multa substitutiva
§ 2º A pena privativa de liberdade aplicada, não superior a seis meses, pode
ser substituída pela de multa, observados os critérios dos incisos II e III do art. 44
deste Código.
Circunstâncias agravantes
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não
constituem ou qualificam o crime:
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
vantagem de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que
dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou
cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de
coabitação ou de hospitalidade;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério
ou profissão;
h) maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade
pública, ou de desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.
Agravantes no caso de concurso de pessoas
Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que:
I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos
demais agentes;
II - coage ou induz outrem à execução material do crime;
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou
não-punível em virtude de condição ou qualidade pessoal;
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IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de
recompensa.
Reincidência
Art. 63 - Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois
de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado
por crime anterior.
Art. 64 - Para efeito de reincidência:
I - não prevalece a condenação anterior, se entre à data do cumprimento ou
extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a
cinco anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento
condicional, se não ocorrer revogação;
II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos.
Circunstâncias atenuantes
Art. 65 São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
I - ser o agente menor de vinte e um, na data do fato, ou maior de setenta anos,
na data da sentença;
II - o desconhecimento da lei;
III - ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime,
evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o
dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de
ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por
ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância
relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.
Concurso de circunstâncias agravantes e atenuantes
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se
do limite indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as
que resultam dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da
reincidência.
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Cálculo da pena
Art. 68 - A pena base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste
código; seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por
último, as causas de diminuição e de aumento.
Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição
previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só
diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua.
Concurso material
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas
privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de
penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena
privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será
incabível a substituição de que trata o art. 44 deste código.
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado
cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as
demais.
Concurso formal
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se
iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até
metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é
dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o
disposto no artigo anterior.
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do
art. 69 deste código.
Crime continuado
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica
dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira
de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como
continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a
mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
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Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com
violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os
antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e
as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais
grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e
do art. 75 deste código.
Multas no concurso de crimes
Art. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e
integralmente.
Erro na execução
Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente,
ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde
como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º
do art. 20 deste código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente
pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
Resultado diverso do pretendido
Art. 74 - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na
execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por
culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado
pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste código.
Limite das penas
Art. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas de liberdade não pode
ser superior a trinta anos.
§ 1º - Quando o agente for condenado a penas privativas de liberdade cuja
soma seja superior a trinta anos, devem elas ser unificadas para atender ao limite
máximo deste artigo.
§ 2º - Sobrevindo condenação por fato posterior ao início do cumprimento da
pena, far-se-á nova unificação, desprezando-se, para esse fim, o período de pena já
cumprido.
Concurso de infrações
Art. 76 - No concurso de infrações, executar-se-á primeiramente a pena mais
grave.
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7.3 Da Suspensão Condicional da Pena
Requisitos da Suspensão
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a dois anos,
poderá ser suspensa, por dois a quatro anos, desde que:
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do
agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do
benefício;
III - não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste código.
§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do
benefício.
§ 2º - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos,
poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de
70 (setenta) anos de idade.
Art. 78 - Durante o prazo da suspensão o condenado ficará sujeito à observação
e ao cumprimento das condições estabelecidas pelo juiz.
§ 1º No primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à
comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação de fim de semana (art. 48).
§ 2º - Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-
lo, e se as circunstâncias do art. 59 deste código lhe forem inteiramente favoráveis, o
juiz poderá substituir a exigência do parágrafo anterior por uma ou mais das seguintes
condições:
a) proibição de frequentar determinados lugares;
b) proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz;
c) comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar
e justificar suas atividades.
Art. 79 - A sentença poderá especificar outras condições a que fica subordinada
a suspensão, desde que adequadas ao fato à situação pessoal do condenado.
Art. 80 - A suspensão não se estende ás penas restritivas de direitos nem à
multa.
Revogação obrigatória
Art. 81 - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário:
I - é condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso;
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II - frustra, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetua, sem
motivo justificado, a reparação do dano.
III - descumpre a condição do § 1º do art. 78 deste código.
Revogação facultativa
§ 1º - A suspensão poderá ser revogada se o condenado descumpre qualquer
outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado, por crime culposo ou por
contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos.
Prorrogação do período
§ 2º - Se o beneficiário está sendo processado por outro crime ou contravenção,
considera-se prorrogado o prazo da suspensão até o julgamento definitivo.
§ 3º - Quando facultativa a revogação, o juiz pode, ao invés de decretá-la,
prorrogar o período de prova até o máximo, se este não foi o fixado.
Comprimento de condições
Art. 82 - Expirado o prazo sem que tenha havido revogação, considerasse
extinta a pena privativa de liberdade.
A culpabilidade é um dos conceitos mais tormentosos em matéria de Direito
Penal. É certo que o instituto, que já passou por transformações significativas,
continuará evoluindo concomitantemente à evolução da vida em sociedade.
(CASTRO, 2013)
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Paulo: Saraiva, 2014.
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Magistratura, 2006.
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