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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4

2 CONSTRUÇÃO DO CAMPO DA PSICOLOGIA JURÍDICA........................ 5

3 A PSICOLOGIA NA FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DO DIREITO ....... 7

4 ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NA JUSTIÇA .............................................. 10

5 ÁREAS DE INSERÇÃO DO PSICÓLOGO JURÍDICO NO BRASIL ......... 11

5.1 Psicologia e o direito civil ................................................................... 11

5.2 Psicologia e o direito penal................................................................. 12

5.3 Psicologia e o direito do trabalho ....................................................... 13

5.4 Psicologia e o direito da família .......................................................... 14

5.5 Psicologia e o direito da criança e do adolescente ............................. 14

6 A REALIZAÇÃO DE PERÍCIAS NA REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO


DE PSICÓLOGO E O ENTENDIMENTO PROPUGNADO PELO SCP (SISTEMA
CONSELHOS DE PSICOLOGIA) .............................................................................. 16

6.1 Terminologia proposta ........................................................................ 18

7 A PSICOLOGIA JUDICIÁRIA ESTÁ CONTIDA NA PSICOLOGIA


FORENSE QUE ESTÁ CONTIDA NA PSICOLOGIA JURÍDICA .............................. 21

7.1 Psicologia jurídica............................................................................... 21

7.2 Psicologia judiciária ............................................................................ 21

7.3 Psicologia forense .............................................................................. 23

8 A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E A PSICOLOGIA JURÍDICA: O


PREDOMÍNIO DOS TESTES PSICOLÓGICOS ....................................................... 26

9 PERÍCIA PSICOLÓGICA, AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA, RELATÓRIOS,


LAUDOS E PARECERES ......................................................................................... 42

9.1 Perícia em sentido genérico ............................................................... 42

9.2 Perícia em sentido jurídico ................................................................. 43

9.3 Perícia psicológica ............................................................................. 43


9.4 Avaliação psicológica ......................................................................... 50

9.5 Relatórios, laudos e pareceres ........................................................... 54

9.6 Relatório, laudo e parecer .................................................................. 57

9.7 O processo de psicodiagnóstico infantil ............................................. 61

9.8 A hora do jogo diagnóstica ................................................................. 61

10 SOBRE O CONTEXTO GERAL DA PSICOLOGIA JURÍDICA .............. 63

11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 67

12 BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 70
1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!
A Rede Futura de Ensino, esclarece que o material virtual é semelhante ao da
sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta
, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse
aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta.
No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão
ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.
Bons estudos!

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2 CONSTRUÇÃO DO CAMPO DA PSICOLOGIA JURÍDICA

Fonte: psicologianova.com

Historicamente, o sistema de Justiça como conhecemos hoje é muito recente.


Surge a partir da ascensão da burguesia ao poder no Ocidente, associado à
consolidação do Estado moderno, baseado nos princípios da revolução Francesa e
seus ideais de justiça: Igualdade, Liberdade e Fraternidade.

Segundo Selosse, a transformação de governos monárquicos absolutistas


em repúblicas livres e supostamente governadas pelo povo e para o povo tira
o poder das mãos dos soberanos e o coloca sob a tutela do Estado, fazendo
surgir o Direito moderno, ao qual se atribuiu a tarefa de assegurar a ordem,
garantir a ordem pública e regular a convivência social. (Selosse, 1990).

De acordo com Miranda Junior (1998), esse processo acarretou que os órgãos
judiciais e legislativos incorporassem noções e conceitos de outras áreas, entre elas
a Psiquiatria e a Psicologia.
Ainda para esse autor, a aproximação entre a Psicologia e o Direito começou
no campo da psicopatologia, com a realização de diagnósticos de sanidade mental
solicitados por juízes, baseados no uso de testes (classificação e controle dos
indivíduos).
Portanto, nesse primeiro momento, a função do psicólogo era fornecer um
parecer técnico (pericial) que fundamentasse as decisões do sistema judiciário (mapa
subjetivo do sujeito diagnosticado, quase sempre descontextualizado).

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Nesse sentido, a Psicologia passa a ser utilizada como um dos saberes que
substitui cientificamente o inquérito na produção jurídica (Foucault, 1986).
A ideia de que a Psicologia poderia auxiliar o Direito já estava presente desde
o século XVIII. Jesus (2001), numa revisão de obras a respeito dessa relação, cita o
livro de Eckardts Hausem, “A necessidade de conhecimento psicológico para julgar
delitos”, de 1792, como uma das primeiras obras sobre o tema.
O autor cita também as obras de Hoffbauer, “A Psicologia em suas em suas
principais aplicações à administração da Justiça”, de 1808, e o “Manual sistemático
de Psicologia Judicial”, de 1835, de Zitelman.
Selosse (1989), por sua vez, cita Hans Gross, jurista alemão interessado nos
métodos e procedimentos de investigação e exame de provas, que em 1898 publicou
a primeira obra de Psicologia Criminal, como um marco para o surgimento da
Psicologia Jurídica.
No entanto, nos parece importante esclarecer que há mais de três séculos,
Psicologia e Direito buscam formas conjuntas de descrição do comportamento
criminoso. No Século XX, definidas as primeiras aplicações da Psicologia ao Direito,
começam a surgir diferentes denominações para uma nova área de trabalho. Segundo
Selosse (1989), essas denominações dependerão do objeto de estudo.
Na França, aqueles que estudam os autores das infrações cunharam o termo
“Psicologia Criminal”; aqueles que se dispuseram a examinar as interações entre
Juristas e os usuários do sistema de justiça passaram a utilizar o termo “Psicologia
Judiciária”. Finalmente, um outro grupo, interessado nas implicações da Psicologia na
punição e nas sanções, vem utilizando o termo Psicologia Penal.
No Brasil, o Conselho Federal de Psicologia (www.crpsp.org.br) usa o termo
Psicologia Jurídica para definir uma das especialidades do psicólogo e apresenta uma
ampla descrição da sua área de atuação.

Segundo Bonfim, o livro de Mira e Lopez, “Manual de Psicologia Jurídica”,


publicado na Espanha em 1937 com tradução brasileira de 1955, se constituiu
em um importante marco para a formação desse campo de atuação
profissional (Bonfim 1994).

No entanto, essa autora alerta para o fato de que a sua prática continua ainda
muito atrelada aos processos jurídicos, mesmo que alguns profissionais tenham
trabalhado no sentido de mudar essa realidade, buscando atuar também a serviço da

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cidadania plena: “Tais profissionais acreditam na possibilidade de um exercício
profissional onde a informação deva ser repassada não só aos juristas, mas também
às pessoas que carecem de intervenção, de forma que o trabalho não seja
estigmatizante e de controle social” (Bonfim, 1994,).
É ponto pacífico que não se pode reduzir a prática do psicólogo jurídico à
perícia. Miranda Junior (1998) diz que é necessária uma abertura para a escuta do
outro, possibilitando a emergência do sujeito em sua singularidade na sua relação
com a lei simbólica e com a lei definida nos códigos jurídicos.

3 A PSICOLOGIA NA FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DO DIREITO

Para que haja compreensão da entrada do saber psicológico no direito é


necessário fazer uma breve análise de seus principais pilares de pensamento até a
forma como ele se apresenta atualmente.
Sanches (2009) empreende essa análise do direito através dos tempos,
partindo da premissa de que o mesmo se constitui como um fenômeno histórico e
cultural. Nela faz-se um resgate das correntes de pensamento que influenciaram o
direito, em especial o jusnaturalismo, o positivismo e o pós-positivismo.

O jusnaturalismo foi uma corrente baseada na premissa de que cada homem


ao nascer já possui direitos, configurando-se como algo natural. É inspirada
em uma visão cristã e serviu de aporte para a construção da Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 (GROSSI, 2006, apud Alves
Moema e Dias Jéssica, 2016).

Porém, o pensamento jusnaturalista não permaneceu soberano pela


incapacidade de explicar direitos que não são atrelados a todos, mas provenientes de
condições históricas específicas. Assim no século XIX o direito moderno aderiu uma
forma de pensar e fazer baseado na razão vinculada ao pensamento positivista.
Em busca do patamar de ciência desvinculou-se de quaisquer outras formas
de saber, fechando-se a dogmática jurídica. Tem-se o auge do isolamento de uma
área que perdurou até pouco tempo em alguns países como o Brasil, por exemplo.
(SANCHES, 2009).

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Avançando por esse período marcado pelo imperativo da lei pela lei, e mediante
a conjuntura social da época com acontecimentos de grande impacto sob as ciências
humanas e suas discussões, como foi o caso do fascismo na Itália e o nazismo na
Alemanha, urgiu a necessidade de se repensar o paradigma que movia o direito.
Surge então o pós-positivismo, aliando aspectos do direito posto e do direito natural,
adequando-se, assim, as necessidades vigentes (SANCHES, 2009).
É a partir das mudanças sofridas nos postulados filosóficos do direito para
chegar-se ao pós-positivismo que baseia o saber-fazer dessa área atualmente, que
se deu abertura para outras ciências, dentre elas a psicologia. Assim, a psicologia
jurídica como disciplina vinculada ao direito é nova e encontra - se em fase de
construção, na qual muito conhecimento precisa ser explorado e agregado. Isso pode
se dar devido à frágil relação entre os saberes que constituem as ciências humanas.
Desta forma, urge à ciência pós-moderna romper com o individualismo
epistemológico, para construir conexões que atendam às demandas sociais latentes
(TRINDADE, 2004).
Em território brasileiro essa aproximação em virtude da premente necessidade
de expansão e de diálogo entre as áreas do saber veio através da reformulação das
Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em direito que, pela
Resolução CNE/CES n° 09/2004, estabelecem em seu projeto pedagógico e em sua
organização curricular eixos de formação (fundamental, profissional e prático)
condizentes com as mudanças paradigmáticas.
No eixo de formação fundamental há integração do direito com outras áreas
do conhecimento, observando-se uma proeminência das ciências humanas, tais
como: antropologia, ciência política, economia, ética, filosofia, história, psicologia e
sociologia (BRASIL, 2004).
Chaves (2014) comenta sobre a inclusão da psicologia enquanto disciplina do
eixo fundamental de formação do direito, como uma busca de avanço para o campo
jurídico, não mais colocando o direito no patamar de ciência autônoma, mas
reconhecendo a necessidade de agregar contribuições de outras ciências.
Assim, á contraposição a abordagens unidimensionais e reducionistas que
privilegiam a interdisciplinaridade entre psicologia e diversas fontes de conhecimento,
se coloca enquanto alvitre de compreensão de aspectos do comportamento humano
em sua complexidade, deixando às claras diferenças e semelhanças existentes entre

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sujeitos, privilegiando o campo de construção subjetiva e as possíveis implicações
dessa dimensão na vida privada e coletiva (BOCK, 2007).
Em concordância com o raciocínio, Crisigiovanni e Siqueira (2012),
argumentam os benefícios trazidos pelo diálogo entre áreas, mostrando que estudar
a dimensão subjetiva do comportamento humano e suas repercussões nos atos
ocorridos no meio social permite aos juristas uma leitura mais meticulosa dos fatos
atrelados à moral dos sujeitos, permitindo julgamentos mais justos.
Apesar dos benefícios e avanços, outros desafios estão presentes na formação
dos operadores de direito no campo multidisciplinar, em específico relacionado à
psicologia. Um deles é a escassez de docentes preparados para ministrar as aulas,
ocasionando perdas significativas do conhecimento e da prática que permeiam o
trabalho nessa disciplina.

Fica a critério de cada Instituição de Ensino Superior (IES) identificar e


delimitar os conteúdos que serão trabalhados. Esse quadro reflete o fato da
regulamentação da inclusão da psicologia não ter definido o que deve ser
abordado nos cursos de direito (CHAVES, 2014, apud Alves Moema e Dias
Jéssica, 2016).

Outro elemento considerado como empecilho para o aprofundamento da


multidisciplinaridade reside no fato de que nem todos os profissionais vinculados ao
direito enxergam sua relevância, existindo aqueles que nutrem a crença de que, para
se compreender o Direito, é preciso voltar-se somente para a norma jurídica, conhecer
sua estrutura de funcionamento e a sua lógica (PASTANA, 2007).
Em meio à díade de avanços e desafios, o que se torna evidente é que ambas
as áreas – direito e psicologia – estão ligadas por interesses comuns, dividindo o
mesmo objeto de estudo, porém partindo de prismas distintos. Uma vez que a
psicologia se volta ao estudo da subjetividade manifestada através do
comportamento, o direito se detém a normatização desses comportamentos.
É fato que ainda há muito para se construir nessa interlocução, porém passos
estão sendo dados, possibilitando o vislumbre de formações cada vez mais completas
e de práticas mais complexas e comprometidas com as distintas realidades sociais.

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4 ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NA JUSTIÇA

O que os psicólogos fazem na Justiça? a atuação do Psicólogo na Justiça é,


em grande parte, determinada por legislações específicas na área e por previsões nos
regimentos internos dos Tribunais de Justiça.
A lei no 7.210, de 17 de julho de 1984, prevê para o Sistema Penal
Brasileiro, artigos 06 e 07, a atuação do psicólogo:
 Art. 6° - A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação
que elaborará o programa individualizador da pena privativa a liberdade
adequada ao condenado ou preso provisório. (Redação dada pela lei no°
10.792. De 2003).
 Art. 7° - A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada
estabelecimento, será presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por
2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um)
assistente social, quando se tratar de condenado à pena privativa de
liberdade. Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará junto
ao juízo da execução e será integrada por fiscais do serviço social.
(Brasil 1984).
A lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 – Estatuto da Criança e do Adolescente,
afirma de forma incisiva a necessidade da presença do psicólogo para lidar com as
questões específicas da área, seja no que diz respeito à proteção, ou na questão do
adolescente em conflito com a lei.
Art.87 - São linhas de ação da política de atendimento: III - serviços especiais
de prevenção e atendimento médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus-
tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão.
Art.150 - Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta
orçamentária, prever recursos para manutenção de equipe Inter profissional,
destinada a assessorar a Justiça da Infância e da Juventude (Brasil, 1990).

Segundo Silva, o próprio Código não conceitua o que chama de perícia,


limitando-se apenas a afirmar que a prova pericial são procedimentos de:
exame, de vistoria ou avaliação. Mas essa autora também afirma que o
psicólogo terá que se encaixar nesses artigos para executar o seu trabalho
junto às Varas de Família, (Silva, 2003).

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5 ÁREAS DE INSERÇÃO DO PSICÓLOGO JURÍDICO NO BRASIL

Várias são as áreas de inserção da psicologia na esfera jurídica levantadas e


discutidas no trabalho de Lago et al. (2009), sendo que, dentre elas, pode-se citar
como principais as atuações na interlocução com o direito civil, direito da família,
direito da criança e do adolescente, direito penal e direito do trabalho.
Vale ressaltar que, a depender da visão do operador de direto que atue em
conjunto com o psicólogo – independente de qual área estejam vinculados, as
demandas podem variar, fazendo com que os mesmos assumam caráter, ora de
testologos do século XIX, ora de profissionais multifacetados e com práticas
inovadoras, o que ocorreu, sobretudo, a partir da formulação do ECA na década de
90. A ampliação da área é eminente e outras práticas estão sendo constantemente
pensadas e implantadas, tornando o campo da psicologia jurídica cada vez mais
abrangente como será visto a seguir.

5.1 Psicologia e o direito civil

Em relação à psicologia em interface com o direito civil, o trabalho vincula-se a


casos de interdição, como também de indenizações solicitadas mediante os danos
psíquicos (LAGO et al. 2009).
Compete ao psicólogo, em casos de dano psíquico, avaliar a veracidade dos
sintomas, já que a eles está atrelada a possibilidade de retorno financeiro que pode
propiciar fraudes. Já em casos de interdição, o psicólogo perito se disporá a conduzir
um processo de avaliação psicológica para comprovar se o paciente é portador de
algum transtorno mental que o impossibilite de administrar seus bens financeiros e
cuidar do próprio bem-estar, ou seja, gerir sua vida civil.

Segundo Zaupa, o profissional de psicologia também pode atuar em caso de


sucessões, verificando se o sujeito autor de um testamento goza de
condições de reger sua vida e tomar as decisões cabíveis ao procedimento
(ZAUPA, 2012, apud Alves Moema e Dias Jéssica, 2016).

O direito civil abrange questões referentes à família, à criança e ao adolescente,


mas os trabalhos específicos realizados em varas distintas e a ênfase dada a tais

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áreas tornou a divisão necessária não somente na atuação, mas em conceituação e
discussão teórica.

5.2 Psicologia e o direito penal

Como exposto ao longo da história, o interesse por compreender e explicar


comportamentos criminosos foi uma das portas de entrada da psicologia na esfera
jurídica, especificamente no direito penal. Ainda hoje há busca de estudo do
comportamento delituoso para elaboração de políticas públicas de prevenção a
criminalidade (ZAUPA, 2012).

Segundo Zaupa, no direito penal uma das possibilidades de atuação é na


investigação de confissões, procurando averiguar e excluir confissões falsas.
Outro viés é a psicologia do testemunho e a busca da fidedignidade dos
mesmos (ZAUPA, 2012, apud Alves Moema e Dias Jéssica, 2016).

Há também possibilidade de atuar como perito vinculado a alguma instituição


do sistema carcerário, seja ela psiquiátrica ou não. Aqui o trabalho se dá com foco na
avaliação de se o sujeito está com a sua sanidade mental comprometida a ponto de
se tornar perigoso para outrem (ARANTES, 2004). Mas, a inserção do psicólogo
criminal nesse contexto não significa que o serviço seja suficiente e atenda a toda
população carcerária. Pelo contrário, há carência de estruturação dos serviços
prestados (CREPOP, 2010).
Nos presídios “(...) os atendimentos se baseiam na proposta de trabalhar algum
foco, breve, e há atendimentos de apoio em situações de crise, não sendo possível
um trabalho de longa duração que possa contemplar todas as pessoas que ali estão
presas” (CREPOP, 2010,). Há falta de material, o espaço físico é inadequado e o
número de profissionais é insuficiente para atender as demandas.
Uma das possíveis causas disso é que o sistema é projetado para encarcerar,
proteger a sociedade e não para ser um dispositivo de reinserção social através de
uma perspectiva humanizada.
Outras discussões que envolvem a temáticas como a da maioridade penal,
violências contra mulheres, crianças e/ou adolescentes e idosos também entram na
esfera do direito penal, cabendo aqui o olhar da psicologia.

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5.3 Psicologia e o direito do trabalho

Na instância do direito do trabalho, o psicólogo pode atuar como perito em


casos de acidentes, aposentadorias, entre outros pontos, sempre vistoriando os
impactos na saúde mental dos trabalhadores (LAGO et al., 2009).
Em território brasileiro, a psicologia jurídica é exercida em quase todas as áreas
de atuação supracitadas. Porém, cabe a ressalva que existe predominância de
exercício profissional nas questões penitenciárias e nas relacionadas à família, à
infância e à juventude.
Em contrapartida há pouca inserção laboral em atividades ligadas à psicologia
do testemunho, na psicologia e o direito civil, na psicologia e os direitos humanos, na
autópsia psíquica e na proteção de testemunhas, por exemplo (FRANÇA, 2004).

Segundo Spink , apesar das inserções serem distintas, possibilitando fazeres


diversos, não se pode deixar de mencionar que existem ainda compreensões
limitadas e destoantes por parte do público leigo (que inclui profissionais de
outras especialidades) relacionadas ao saber/fazer do psicólogo, no qual a
imagem profissional é constantemente ligada à de figuras como padre ou
conselheiro espiritual que é procurado para confessar segredos, pedir
conselhos de vida e desabafar problemas de cunho emocional, dificultando a
consolidação da identidade sócio profissional dos mesmos (SPINK, 2013
apud Alves Moema e Dias Jéssica , 2016).

Não se pode afirmar ainda que as múltiplas inserções permitam unificação e


clareza da profissão. Pelo contrário, ainda há muito a ser feito, pois há a carência de
produção teórica que responda às necessidades daqueles que ingressam no campo,
como também os operadores de direito que trabalham em conjunto ainda requerem
posicionamentos diretivos e pessoais, contrários à ética exigida do psicólogo que
preza pela neutralidade, imparcialidade e sigilo (COSTA; PENSO; SUDBRACK,
2009).
Percebe-se, então, a importância de que conhecimentos sobre o fazer
psicológico na área jurídica sejam acessados pelos futuros operadores de direito,
desde a sua formação, de modo a facilitar trocas de conhecimento na construção Inter
e multidisciplinar, que culminará em equipes de trabalho mais coesas e que atendam
com eficiência às demandas dos usuários dos mais distintos dispositivos da justiça
nos quais psicólogos estejam inseridos.

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5.4 Psicologia e o direito da família

No que se refere à atuação do psicólogo jurídico no direito da família, o mesmo


se faz presente nos processos de separação e divórcio, disputa de guarda e
regulamentação de visitas (LAGO et al., 2009). Outra intervenção importante a citar é
nos casos de reconhecimento de paternidade.
Na separação e divórcio o profissional de psicologia geralmente atua como
mediador, auxiliando o acordo de questões atreladas à separação como a guarda dos
filhos, direito à visitação e pensão alimentícia.
O psicólogo também pode ser solicitado a realizar uma avaliação psicológica
do casal ou de um dos cônjuges para verificar os conflitos subjacentes que possam
estar dificultando o processo (SILVEIRA, 2006).
O divórcio configurar-se como o rompimento do vínculo familiar, cabe à
participação ativa do profissional de psicologia, pois na maioria dos casos uma das
partes não aceita o fato e encontra dificuldade para elaboração do luto do
relacionamento.
Nas questões referentes à guarda e regulamentação de visitas, o autor
Schabbel (2005) discute que a contribuição do psicólogo se dá através de avaliações
com a família para esclarecer o funcionamento da dinâmica familiar e para averiguar
qual dos genitores tem melhores condições de ficar com a guarda das proles,
garantindo que os laços parentais não sejam rompidos pelo impasse e subsidiando
assim a tomada de decisão dos magistrados.

Segundo Zaupa, no reconhecimento da paternidade, o psicólogo jurídico


trabalhará em conjunto com a equipe ligada à vara da família, para que a
paternidade seja assumida trazendo benefícios de ordem psicológica, jurídica
e social para a prole através do reestabelecimento do vínculo (ZAUPA, 2012,
apud Alves Moema e Dias Jéssica, 2016).

5.5 Psicologia e o direito da criança e do adolescente

Lago et al. (2009) cita em seu trabalho os campos da psicologia jurídica e o


direito da criança e do adolescente, destacando os casos destituição de poder familiar,
de adoção e as medidas socioeducativas para adolescentes.
Na destituição do poder familiar, Cesca (2004) enfatiza a importância do papel
do psicólogo, pois separar uma criança de sua família, por mais que a mesma esteja
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colocando-a em situação de vulnerabilidade, sem o mínimo embasamento que
justifique tal decisão, pode acarretar em danos maiores que perdurem ao longo de
toda a vida do sujeito.
A adoção consiste em um procedimento complexo que envolve situações
anteriores que vão desde a destituição do poder familiar, do abandono ou da
institucionalização da criança, até o momento de reinserir a criança no seio da nova
família e legalizar esse ato (ZAUPA, 2012).

É de suma importância que seja feito um estudo psicossocial detalhado em


cada caso, tendo em vista garantir o cumprimento da lei e, se possível,
prevenir danos à criança como, por exemplo, posterior negligência, rejeição
ou até mesmo devolução. Nas demais etapas do processo os psicólogos
participam assessorando as famílias adotivas a receberem e integrarem o
novo filho ao lar (WEBER, 2004, apud Alves Moema e Dias Jéssica, 2016).

Em relação à atividade do psicólogo ligado ao Juizado da Infância e da


Juventude, ela se dá em Fundações de Proteção Especial. Esse tipo de instituição
tem por proposta diminuir os efeitos da institucionalização, permitindo que, mesmo
estando abrigados, vivenciem uma realidade mais próxima de um seio familiar (LAGO
et al., 2009).
Apesar de não se configurar como um órgão da justiça cabe trazer o trabalho
realizado no Sistema Único da Assistência Social (SUAS), que, através de seus níveis
de Proteção Social Básica (PSB), intervém em situações de vulnerabilidade e risco, e
pela Proteção Social Especial (PSE) em casos onde a violação de direitos tenha
ocorrido, atua em rede com o poder judiciário através do Sistema de Garantia de
Direitos (SGD). “O SGD é composto pelos órgãos judiciais, defensorias públicas,
polícias, conselhos tutelares, ouvidorias, conselhos de direitos, conselhos setoriais e
de maneira transversal e Inter setorial, articula todas as políticas públicas” (CREPOP,
2013).
O Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), como
parte do SGD, recebe as demandas enviadas por juízes, promotores ou conselheiros
tutelares a partir de denúncias de violência intrafamiliar, ato infracional, dentre outras
que violem os direitos e a segurança dos sujeitos.
A atuação de psicólogos torna-se necessária para trabalhar casos diversos de
violência, seja ela física ou psicológica, abuso ou exploração sexual de menores,
doentes mentais, etc.; abandono, rompimento ou fragilização de vínculos, ou

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afastamento do convívio familiar devido à aplicação de medidas socioeducativas
(CREPOP, 2013).
Cada campo de atuação reserva suas especificidades e delimitações. Cabe ao
profissional que se encarrega da possível articulação entre Psicologia e Direito
produzir experiências, assim como a escrita e publicação. São necessários o
fortalecimento teórico e a formação contínua, assim como uma maior produção
acadêmica na área para que tais especificidades se tornem reconhecidas e os campos
se fortaleçam.

6 A REALIZAÇÃO DE PERÍCIAS NA REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO DE


PSICÓLOGO E O ENTENDIMENTO PROPUGNADO PELO SCP (SISTEMA
CONSELHOS DE PSICOLOGIA)

Ao recorrermos à Lei 4.119/62, de 27.08.1962 (Tabela 1, abaixo), que dispõe


sobre os cursos de formação em Psicologia e que instituiu a profissão de Psicólogo,
vê-se no §1º que a utilização de métodos e técnicas psicológicas, com quatro
diferentes objetivos, é instituída, em primeiro lugar, como função privativa do
psicólogo.
O diagnóstico psicológico é elencado como o primeiro desses quatro objetivos
(a). Em segundo lugar (§2º), é instituída, como função privativa do psicólogo, a
colaboração em assuntos psicológicos ligados a outras ciências (a perícia psicológica
judiciária é colaboração nos assuntos ligados às ciências jurídicas e sociais).
Duas funções são reconhecidas como próprias do psicólogo:

 1 - Utilização de métodos e técnicas psicológicas e


 2 - Colaboração com outras ciências, nesta segunda função, situamos
a realização de perícias.

Tabela 1: Texto da Lei que criou a profissão de psicólogo e texto voltado a


retratar o entendimento propugnado pelo Sistema Conselhos de Psicologia.

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Fonte: jusbrasil.com.br

O diagnóstico psicológico é definido como um dos objetivos da utilização


de métodos e técnicas psicológicas, pareado a outros três:
 Orientação e seleção, profissional,
 Orientação psicopedagógica e;
 Solução de problemas de ajustamento. Realizar perícias e emitir
pareceres são tarefas subentendidas no dever de colaborar com outras
ciências, previsto no §2º.
Recorrendo ao Decreto 53.464/1964 (Tabela 2, abaixo), no Art. 4º, dispõem- se
as funções aos formados de psicologia. Novamente, a primeira delas corresponde a
utilizar métodos e técnicas psicológicas, sendo, novamente, o diagnóstico psicológico
o primeiro dos quatro objetivos enumerados. Por outro lado, realizar perícias e emitir
parecer compõe a última das seis funções que são então atribuídas.
Tabela 2: Texto do decreto que regulamentou a profissão de psicólogo e texto
voltado a retratar o entendimento propugnado pelo SCP.

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Fonte: jusbrasil.com.br

Utilizar métodos e técnicas psicológicas com objetivo de diagnóstico


psicológico é função definida como distinta de realizar perícias e emitir pareceres
sobre a matéria de Psicologia. O diagnóstico psicológico é um dos objetivos para a
função de utilização de métodos e técnicas psicológicas, e emitir pareceres, conforme
se constatou, consubstancia a sexta das funções delegadas.

6.1 Terminologia proposta

 Perícia:
É o conjunto de procedimentos acionados com o objetivo de angariar
elementos relevantes para a formulação de um parecer. A perícia pressupõe três
polos distintos: o requerente, o perito e o periciado.
 Parecer:
É a opinião tecnicamente fundamentada, produzida sobre o compromisso de
contribuir para uma decisão que é de competência de quem o solicita e que não
integra a coisa periciada.

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 Perito:
É o profissional reconhecido como detentor do saber competente para
pronunciar-se sobre a situação em questão e, também, como capaz de conduzir-se
com retidão.
 Psicólogo assistente técnico ou psicólogo:
O psicólogo, em todo e qualquer campo de atuação, que oferece seus
serviços a pessoas, grupos, organizações e instituições, à exceção de quando realiza
perícias;
 Psicólogo assistente técnico jurídico ou psicólogo jurídico:
O psicólogo que conduz o atendimento a pessoas envolvidas (ou com
perspectiva de envolver-se) em questões sobre apreciação (ou a serem apreciadas)
pela Justiça, sustentando o entendimento de que não condiz com uma atuação
genuinamente psicológica assumir o objetivo de vir a influenciar tal apreciação.
Atende estritamente sobre a ética da relação entre psicólogo e cliente/usuário
de serviço público, pois compreende que não lhe cabe ofertar relatórios, laudos e
pareceres a serem juntados aos autos.
 Psicólogo assistente técnico forense:
o psicólogo que, estritamente sobre a ética da relação entre profissional e
cliente/usuário de serviço público, assume proceder a estudos e avaliações,
envolvendo ou incluindo a quem presta serviços, com o objetivo de influenciar uma
decisão judicial e considerando os interesses daquele por quem se pronuncia; o
psicólogo contratado pela parte para a defesa do interesses dela em um processo
judicial; o psicólogo contratado para trabalhar no Ministério Público; todos os
psicólogos que atuam no sistema de administração de justiça e de garantia de direitos
quando, por força de obrigações funcionais ou sobre determinação judicial, produzem
pareceres técnicos atinentes àqueles a quem atendem.
O psicólogo jurídico que se manifesta visando à apreciação do juízo torna-se
psicólogo assistente técnico forense. O psicólogo que, em seu consultório, manifesta-
se com o objetivo de influenciar uma decisão judicial assume o papel de psicólogo
assistente técnico forense.
 Psicólogo perito:
O psicólogo que, tido como capaz de conduzir-se com retidão, assume o
compromisso de realizar perícia e de produzir um parecer técnico psicológico voltado
19
a subsidiar uma decisão que é da competência de um requerente que não tem
envolvimento com a situação periciada.
A relação do psicólogo perito com o periciando inicia-se e termina na perícia e,
ainda que respeite a ética da relação entre profissional e cliente/usuário de serviço
público, a ela não fica plenamente submetida, pois o psicólogo perito tem como
beneficiário de sua intervenção o requerente da perícia, o qual se distingue do
periciado.
Psicólogo judiciário:
O psicólogo contratado para trabalhar no Tribunal de Justiça, que sempre atua
como perito, pois submetido ao princípio da imparcialidade e, por isso, sujeito a
impedimento e suspeição, como também todos que a ele se equiparam ao
procederem, nos serviços em que atuam, sobre determinação judicial, à realização de
perícia psicológica judiciária de envolvidos em processos judiciais com os quais nunca
mantiveram prévio contato pessoal ou profissional.
O psicólogo nomeado em comum acordo pelas partes e autorizado pelo juiz a
atuar como perito nas causas passíveis de serem resolvidas por auto composição.
 Parecer psicológico:
As conclusões tecnicamente fundamentadas de estudos psicológicos
acionados sobre a obrigação do objetivo de subsidiar uma decisão judicial (perícia
judiciária - o parecer psicológico judiciário constitui-se em uma prova pericial), ou
sobre o compromisso de subsidiar uma tomada de decisão (perícia); a manifestação
do psicólogo assistente técnico produzida por determinação judicial.
 Parecer forense:
As conclusões de estudos realizados pelo psicólogo assistente técnico forense
dirigidas ao juízo; o parecer psicológico judiciário também pode ser denominado
parecer forense.
 Parecer pericial:
Designa a emissão de parecer pelo psicólogo perito (parecer psicológico
judiciário, parecer psicológico para autorização do porte de arma; parecer psicológico
para reconhecimento da habilitação de conduzir veículos automotores, parecer
produzido em perícia solicitada por entidade privada ou pessoa natural que não
integram o objeto da perícia etc.).

20
 Parecer judiciário:
Designa a emissão de parecer pelo psicólogo judiciário e por todos a ele
equiparados.
 Perícia psicológica judiciária:
Designa a realização de atividade pericial a mando e/ou a serviço do Poder
Judiciário.

7 A PSICOLOGIA JUDICIÁRIA ESTÁ CONTIDA NA PSICOLOGIA FORENSE


QUE ESTÁ CONTIDA NA PSICOLOGIA JURÍDICA

7.1 Psicologia jurídica

A Psicologia Jurídica inclui toda a aplicação do saber psicológico a questões


relacionadas ao saber do Direito. Ela é o conjunto universo em que está contido o
subconjunto Psicologia Forense, o qual contém o subconjunto Psicologia Judiciária.
Toda e qualquer das práticas da Psicologia relacionadas à área do Direito
podem ser nomeadas como Psicologia Jurídica; neste caso, apenas se estará
renunciando a discriminá-las a partir das características próprias de cada uma delas,
ou seja, não se levará em conta, e tratar-se de uma prática sobre a obrigação do
objetivo de subsidiar uma decisão judicial e, por isso submetida ao princípio da
imparcialidade; ou de outra sobre o compromisso profissional nitidamente parcial de
influenciar uma decisão judicial; nem, ainda, de uma prática sequer voltada aos
objetivos das práticas forenses ou à qual não se aplicam ponderações relacionadas a
parcialidade/imparcialidade.

7.2 Psicologia judiciária

A Psicologia Judiciária corresponde à prática profissional do psicólogo judiciário


e toda ela ocorre “sobre imediata subordinação à autoridade judiciária”. O psicólogo
judiciário atua a serviço e a mando da Justiça, tem a obrigação de assumir o objetivo
de subsidiar uma decisão judicial e, por isso, submete-se ao princípio da
imparcialidade, condição imanente a que uma decisão possa ser expressão de justiça.

21
O entendimento de que os códigos processuais imputam imparcialidade como
condição precípua da perícia, e a torna irrealizável pelo psicólogo que oferece
assistência à saúde mental da pessoa envolvida em situações sobre apreciação
judicial, por conseguinte, o psicólogo que trabalha no sistema prisional está impedido
de proceder à exame criminológico dos presos da unidade em que trabalha.
A Psicologia Forense, portanto, é uma ciência autônoma, complementar ao
Direito, e não a ele subordinada (Walker & Shapiro, 2003).
Área da Psicologia encarregada de descrever, explicar, predizer e intervir sobre
o comportamento humano que tem lugar no contexto jurídico, com a finalidade de
contribuir com a construção e prática de sistemas jurídicos objetivos e justos (Quintero
e López, 2010). Qualquer aplicação de pesquisa, método, teoria e prática psicológica
a uma atividade que tenha interface com sistema legal (Gomide, 2011).
Por fim, enumera as áreas de atuação do psicólogo forense: Psicologia do
Crime; Avaliação forense; Clínica Forense; Psicologia Aplicada ao Sistema
Correcional; Psicologia Aplicada aos Programas de Prevenção; Psicologia Aplicada à
Polícia; Assessoria; Pesquisa.

Lobão (1997), citada por Assis (1999), diferencia a Psicologia jurídica


(relacionada a qualquer trabalho psicológico desenvolvido junto à ciência do
direito) da Psicologia judiciária ou forense (aplicada para subsidiar a função
de julgar do magistrado). Partimos dessa categorização, aprofundando-a pela
introdução do princípio de imparcialidade como critério de diferenciação entre
Psicologia Judiciária e Psicologia Forense e, em conformidade com essa
autora, deixamos de valorizar o lugar em que o psicólogo está exercendo
suas funções (a penitenciária, a prisão, o foro, o tribunal etc.), centrando-nos
na identificação de aspectos definidores reconhecíveis em todas elas. (Lobão
1997; apud Assis 1999).

A Psicologia Judiciária inclui ainda as perícias regulamentadas pelo Código de


Processo Civil, o exame criminológico e demais intervenções realizadas por
psicólogos do sistema prisional, a serviço e a mando da Justiça, com envolvidos em
processos criminais com os quais nunca mantiveram contato profissional ou pessoal,
como também aquelas realizadas por psicólogos da rede pública ou privada, sempre
que atuarem sobre determinação judicial procedendo a exame psicológico com
envolvidos com quem nunca mantiveram relação profissional ou pessoal.
É fundamental reconhecer que a própria legislação nos impõe a conclusão de que a
realização de perícia fica impedida caso qualquer modalidade prévia de assistência
técnica psicológica ao envolvido em processo judicial já tenha ocorrido.

22
A perícia psicológica judiciária assume a obrigação do objetivo de subsidiar o
juiz no processo de formação de sua convicção, seu paradigma é a perícia realizada
nas varas de família e sucessões e nas de infância e de juventude. Nelas, situações
e conflitos familiares são trazidos à apreciação da Justiça.
A Justiça da infância e juventude aprecia contextos familiares nos quais
crianças e adolescentes sofrem violação de direitos, e mesmo os trabalhos de
aconselhamento, orientação, encaminhamento e prevenção, que o psicólogo
judiciário venha a fornecer devem ser reconhecidos como atividade pericial, pois não
há como despojar-se do papel de auxiliar da justiça e da consequente imposição de
imparcialidade.
Há, na justiça da infância e da juventude, especificidades que não devem ser
subestimadas: os procedimentos prescindem de advogado, há procederes em que
fica suspenso o princípio da ampla defesa e a busca do benefício da criança implica
numa explícita parcialidade.
À psicologia judiciária, pertencem todas as intervenções procedidas por
psicólogos a serviço e/ou a mando da justiça sobre a obrigação do objetivo de
subsidiar uma decisão judicial e, por isso, submetidas ao princípio da imparcialidade.
A imparcialidade é pressuposta quando se vislumbra a justiça. Não se trata de uma
imparcialidade abstrata, até porque, sendo a justiça expressão de interesses coletivos,
ela é parcial quanto a tais interesses.
Trata-se de uma imparcialidade em relação às partes (aos envolvidos) e que
se traduz no respeito ao princípio do contraditório e na vigência de procedimentos
voltados a excluir qualquer parcialidade reconhecida ou reconhecível.
A perícia psicológica judiciária destaca-se no campo da psicologia judiciária e,
por força de sua posição na enumeração das funções legalmente atribuídas ao
psicólogo e da definição de seus objetivos em uma legislação que se estende a todas
as outras profissões, deve ser entendida como distinta do psicodiagnóstico.

7.3 Psicologia forense

A Psicologia Forense constitui-se pela união da atribuição de realização de


perícias (Psicologia Judiciária) com a assistência técnica psicológica forense
(Psicologia Forense propriamente dita).

23
A assistência técnica psicológica forense corresponde a toda atuação
psicológica realizada sobre a ética da relação profissional e cliente/usuário de serviço
público, em que o psicólogo assume o objetivo de influenciar uma decisão judicial a
partir dos interesses do envolvido a quem atende.
Abarca todas as atuações passíveis de serem levadas à apreciação do juízo,
quer sejam realizadas no âmbito de um processo ou procedimento em andamento no
Foro, que meramente vislumbrem tal destino.
Assistente técnico é o nome pelo qual a legislação passou a designar, a partir
da Lei 8.455 de 1992, o profissional contratado pelas partes (pelos envolvidos) para
posicionar-se tecnicamente nos autos, a seu serviço. Seu papel é assegurar o
princípio da ampla defesa.
Se o juiz conta com um assistente técnico (o perito), o princípio da ampla defesa
recomenda que às partes também se assegure a assistência técnica. O juiz, ao
apreciar nos autos as manifestações do psicólogo assistente técnico, tem clareza de
que este ali está para avaliar tecnicamente a situação do ponto de vista dos interesses
de quem o contratou, e é sobre esse crivo que irá incorporá-las ao processo de
formação de sua convicção. Pode, inclusive, formar sua convicção a partir dos laudos
dos assistentes técnicos e não determinar a realização de perícia.
A psicologia forense, propriamente dita, corresponde à área da assistência
técnica psicológica forense, mas nela também se costuma incluir a atividade pericial
e todo o trabalho realizado pelo psicólogo funcionário dos Tribunais de Justiça.
O psicólogo pode ou não assumir o objetivo de influenciar a apreciação judicial
daquela situação da vida de seu cliente ou do usuário do serviço em que trabalha,
exceto quando se manifestar perante o juízo decorre de obrigações próprias do
próprio serviço. Ao manifestar-se, assume o papel de assistente técnico forense.
Não se deve entender como pericial todo o parecer produzido sobre
determinação judicial, pois, sendo o perito passível de impedimento e suspeição, a
atividade pericial pressupõe a imparcialidade e veta a existência de relacionamento
prévio, pessoal ou profissional, com o periciando, aspecto presente nas relações aqui
descritas. Pode ocorrer de o cliente ou usuário do serviço solicitar ao psicólogo seu
posicionamento quanto a uma situação que ele pretende levar ou está levando à
apreciação da Justiça.

24
Caso o psicólogo resolva atender ao solicitado, deve estar certo de que estará
prestando assistência técnica psicológica forense e, por isso, torna-se imprescindível
que seja explicitado no relatório ou laudo produzido que tal posicionamento foi
realizado com o objetivo de vir a ser apreciado pela Justiça.
Não se poderá admitir como peça de um auto processual o posicionamento do
psicólogo, realizado por solicitação de seu cliente, sem a explícita manifestação do
profissional de que o produziu tendo em vista tal objetivo.
Pois, conforme vimos argumentando, neste campo, a utilização de métodos e
técnicas psicológicas são meios a serviço de determinados fins, sendo imprescindível
a explicitação dos fins em toda e qualquer manifestação técnica juntada aos autos.
O relatório ou laudo elaborado pelo psicólogo, só poderá ser admitido como
elemento a ser considerado pelo responsável por uma decisão, quando nele o
psicólogo tiver explicitado que o produziu com o objetivo de vir a ser apreciado por
este responsável.
No âmbito jurídico, só devemos considerar perícias as avaliações realizadas
sobre a obrigação profissional de responder às solicitações de um poder constituído
e submetidas ao princípio da imparcialidade.
Na lei, o perito é definido como auxiliar do juiz. Os psicólogos assistentes
técnicos forenses propriamente ditos são os contratados pelos envolvidos em uma
disputa judicial para se manifestarem tecnicamente nos autos de um processo em que
o contratante é uma das partes.
Fácil notar que o psicólogo assistente técnico forense fala nos autos a partir de
uma posição reconhecidamente parcial, não sendo, por isso, nos termos da legislação
vigente, passível de suspeição ou impedimento, tampouco objeto de sanções
disciplinares.
Por conseguinte, não deveria sofrer qualquer tipo de vedação. Importante
reconhecer que, à exceção da perícia, o psicólogo está sempre a assistir tecnicamente
seu cliente.
A prática psicoterápica, a realização de diagnósticos e de avaliações
psicológicas, a orientação de pais, a orientação vocacional etc. são exemplos de
modalidades de assistência técnica psicológica ao cliente ou usuário de um serviço.

25
8 A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E A PSICOLOGIA JURÍDICA: O PREDOMÍNIO
DOS TESTES PSICOLÓGICOS

Nos campos de atuação da Psicologia Jurídica, conforme apresentados


anteriormente, encontramos um predomínio da avaliação psicológica. A avaliação
psicológica (AP) é um exame de caráter compreensivo efetuado para responder
questões específicas quanto ao funcionamento psíquico adaptado ou não de uma
pessoa durante um período específico de tempo ou para predizer o funcionamento
psicológico da pessoa no futuro (Noronha; Alchieri, 2004).
A avaliação deve fornecer informações fundamentadas que orientem, sugiram
ou sustentem o processo de tomada de decisão que precisa levar em consideração
informações sobre o funcionamento psíquico. A avaliação psicológica de cunho
jurídico é denominada perícia forense.
A AP é composta por etapas, durante as quais o profissional terá subsídios para
elaborar seu parecer final, sendo elas: levantamento de perguntas relacionadas com
os motivos da avaliação e definição das hipóteses iniciais e dos objetivos do exame;
planejamento, seleção e utilização de instrumentos de exame psicológico;
levantamento quantitativo e qualitativo; integração dos dados e informações e
formulação de inferências pela integração dos dados, tendo como pontos de
referência as hipóteses iniciais e objetivos do exame, culminando com a comunicação
de resultados, orientação sobre o caso e encerramento do processo.
Compreende-se que a avaliação psicológica não se refere à aplicação de
testagem, sendo o teste um elemento que servirá de subsídio para a compreensão do
avaliado. Segundo Lago (2009) e França (2004); porém, a testagem ainda predomina
na realização da AP, sendo ela dominante no momento da compilação dos dados para
elaboração do parecer.
Entre os instrumentos possíveis na AP estão: testes psicológicos (escalas de
desenvolvimento, testes de inteligência, teste de aptidão, teste de personalidade),
questionários, inventários, entrevistas, observações situacionais. A escolha do
instrumento vai depender do objetivo da avaliação.
O teste é “uma medida objetiva e padronizada de uma amostra de
comportamento” (Anastasi; Urbina, 2000). É um procedimento sistemático para
observar o comportamento e descrevê-lo com a ajuda de escalas numéricas ou
26
categorias fixas (Cronbach, 1996). É, portanto, compreendido como um conhecimento
reduzido, como um recorte da realidade.

Segundo França, adverte que, nesse contexto, torna-se necessário verificar


a confiabilidade e a validez dos instrumentos e do modelo teórico utilizados,
a fim de verificar se estes respondem ao objetivo do procedimento. Em virtude
dessa limitação do conhecimento produzido, torna-se imperativa a
compreensão interdisciplinar do fenômeno estudado para melhor abordá-lo
em sua complexidade, (França, 2004).

Compreende-se que a predominância da testagem sobreposta aos outros itens


da composição da avaliação psicológica decorre de que, conforme pesquisa de
Noronha e Alchieri (2004), as disciplinas nos cursos de Psicologia voltadas ao ensino
da AP objetivavam aplicação, correção e interpretação de resultados, sendo os outros
elementos desconhecidos.
Outro elemento que converge na compreensão da predominância da testagem
é a história da Psicologia como ciência, conforme apresentado anteriormente, na qual
a medição e aferição são elementos que possibilitam o reconhecimento da área.
Também encontramos aqui as influências da Psiquiatria, pois a testagem
possibilita enquadrar o sujeito a um diagnóstico. Assim, a prática do psicólogo jurídico,
muitas vezes, fica nessa díade: aplicação de testes – diagnóstico.
A complicação ocorre no momento em que esses dados apresentados pela
perícia são tomados como a verdade sobre o indivíduo.
França (2004) refere que as conclusões da perícia sobre o comportamento do
indivíduo criminoso estendem-se a todo o indivíduo em sua integridade e essa marca
determinará a sua existência.
A predominância da testagem é compreendida também pela expectativa do
jurídico, cujo caráter é positivista. A perícia forense é uma das possibilidades do
psicólogo jurídico, mas não a única; deve ser utilizada com prudência e ser entendida
enquanto uma composição de dados coletados, e não reduzida à aplicação de testes.
A AP é importante como elemento da Psicologia Jurídica, porém é imprescindível a
necessidade de repensá-la criticamente.
Assim sendo, insere-se também no campo da Psicologia Forense, sendo
conhecida como avaliação psicológica pericial ou, mais comumente, perícia
psicológica forense. A perícia psicológica se diferencia de outros tipos de avaliação
psicológica pelo fato do seu objetivo ser subsidiar decisões judiciais.
27
A perícia psicológica insere-se no campo interdisciplinar da psicologia forense
e da psicologia clínica. Ibañez e Ávila definem a psicologia forense como sendo toda
psicologia “orientada para a produção de investigações psicológicas e para a
comunicação de seus resultados, assim como a realização de avaliações e valorações
psicológicas, para sua aplicação no contexto legal” (1990, apud ROVINSKI, 2003).
A perícia psicológica forense pode ser definida como o exame ou avaliação do
estado psíquico de um indivíduo com o objetivo de elucidar determinados aspectos
psicológicos deste; este objetivo se presta à finalidade de fornecer ao juiz ou a outro
agente judicial que solicitou a perícia, informações técnicas que escapam ao senso
comum e ultrapassam o conhecimento jurídico.
Na perícia psicológica, todo o processo de avaliação (a obtenção dos dados
através de instrumentos adequados, a análise dos dados e a comunicação dos
resultados) deve ser direcionado aos objetivos judiciais.
Segundo Silva (2003), recorre-se à prova pericial quando os argumentos ou
demais provas de que se dispõe não são suficientes para o convencimento do juiz em
seu poder decisório, portanto, esta tem como finalidade última auxiliar o juiz em sua
decisão acerca dos fatos que estão sendo julgados. A perícia psicológica é
considerada um meio de prova no âmbito forense e sua materialização se dá através
da elaboração do chamado laudo pericial.
O laudo pericial:
Que será apreciado pelo agente jurídico que o solicitou, deve ser redigido em
linguagem clara e objetiva para que possa efetivamente fornecer elementos que
auxiliem a decisão judicial, devendo responder aos quesitos (perguntas) solicitados,
quando presentes. Segundo a autora, embora o Direito exija respostas imediatas e
definitivas, o laudo psicológico poderá somente apontar tendências e indícios.
Segundo Rovinski (2003; 2004) as técnicas e os métodos de investigação
utilizados na avaliação psicológica forense não diferem de forma substancial do
processo de avaliação psicológica clínica, necessitando apenas de uma adaptação
aos objetivos forenses. A eleição da metodologia que será utilizada na perícia
dependerá das especificidades de cada caso.
A coleta dos dados deve direcionar-se ao que deve ser investigado, assim,
para que o psicólogo selecione os instrumentos psicológicos mais adequados para
cada caso, ele deverá se basear na própria natureza do exame em questão e na prévia

28
leitura dos autos do processo (com especial atenção ao que demandou a perícia
psicológica e aos quesitos formulados).
Não existem metodologias fixas para a realização de avaliações psicológicas
periciais, sendo estas construídas de acordo com as características do caso e do
sujeito (nível de escolaridade, idade, presença de limitações físicas ou mentais, etc.).
A leitura dos autos do processo propicia o levantamento de hipóteses prévias antes
do primeiro contato com o indivíduo e permite que a entrevista seja direcionada para
a investigação de tais hipóteses.
A metodologia utilizada nas perícias psicológicas seria, de modo geral, a
seguinte:
 Leitura dos autos do processo (identificação da demanda, das questões
psicológicas que serão alvo da investigação pericial e dos quesitos que
deverão ser respondidos pelo psicólogo);
 Levantamento das hipóteses prévias que nortearão a coleta dos dados;
 Coleta dos dados junto ao sujeito (entrevista inicial) e, quando
necessário, junto a terceiros ou a instituições;
 Planejamento da bateria de testes/técnicas mais adequada para o caso;
e) aplicação da bateria de testes;
 Interpretação dos resultados dos testes à luz dos dados colhidos nos
autos processuais e na (s) entrevista (s);
 Redação do informe psicológico com o objetivo de responder à
demanda jurídica que motivou tal avaliação
 Quando presentes, responder aos quesitos/perguntas constantes no
processo judicial).
Apesar de se utilizar uma metodologia parecida com a utilizada na clínica,
a avaliação psicológica pericial possui algumas características próprias e
específicas:
 Dirige-se a um foco específico, determinado pelo sistema judicial;
 Busca-se informações precisas e exatas, inclusive em outras fontes
(escola, local de trabalho, etc.);
 O sujeito pode ser não colaborativo e apresentar uma resistência
consciente à avaliação, devido à sua natureza coercitiva;

29
 O sujeito pode intencionalmente distorcer os dados que fornece sobre
si, (simulação/dissimulação);
 Há um maior distanciamento emocional entre o examinando e o
psicólogo, já que este último não é visto como alguém que está ali para
ajudá-lo;
 O tempo destinado à avaliação do examinando é menor, diminuindo a
possibilidade de reconsideração das formulações feitas (MELTON et. al,
1997, apud ROVINSKI, 2003).
Em uma perícia psicológica forense o psicólogo geralmente utilizará entrevistas
e testes psicológicos para conhecer os aspectos psíquicos do sujeito que se
relacionam com a questão legal pronunciada, buscando eleger quais instrumentos
poderão auxiliá-lo nesta investigação.
No momento da escolha de quais instrumentos são mais adequados para um
determinado tipo de perícia psicológica, há de se considerar se estes podem
responder à demanda, ou seja, às perguntas formuladas pelos agentes jurídicos (ou
seja, definem-se quais atributos serão avaliados e quais são os instrumentos mais
adequados para conhecê-los).
Este é um cuidado que deve existir em qualquer tipo de avaliação psicológica
e que, na perícia psicológica, deve ser revestida de um cuidado especial, pois a
grande maioria dos instrumentos dos quais dispomos não foram especificamente
construídos para uso em avaliações forenses e as conclusões obtidas a partir dos
mesmos deverão ser transpostas para os objetivos e linguagem jurídicos.

Segundo Silva, os instrumentos utilizados na perícia psicológica forense


devem consistir de “métodos e materiais adequados, destinados a analisar e
avaliar aspectos referentes à estrutura da personalidade, à cognição, à
dinâmica e à afetividade das pessoas envolvidas” (SILVA, 2003).

Porém, nem sempre os instrumentos psicológicos, por mais que sejam válidos,
são capazes de responder de modo preciso e objetivo às questões jurídicas, portanto,
há de se ter muito cuidado tanto na escolha dos instrumentos que irão compor uma
perícia psicológica quanto no momento de interpretar os resultados e conclusões
obtidos a partir dos mesmos, evitando extrapolações, ou seja, evitando chegar a
conclusões que vão muito além daquelas que o instrumento pode oferecer.

30
Groth-Marnat (1984, apud CUNHA, 2003) traz um alerta em relação aos
resultados obtidos através dos testes psicológicos, ao dizer que “os dados descrevem
o que uma pessoa pode ou não fazer no contexto da testagem, mas o psicólogo deve
ainda inferir o que ele acredita que ela poderia ou não fazer na vida cotidiana”.
A (s) entrevista (s) psicológica (s) constitui-se como o primeiro momento junto
ao periciando; através desta busca-se colher dados pertinentes da história de vida do
indivíduo, compreender aspectos do seu funcionamento psicológico, entender os fatos
que motivaram o processo e a perícia em questão e observar a posição do periciando
frente aos mesmos.
É também o momento no qual o psicólogo realiza o enquadramento, apresenta
tanto a si próprio quanto o próprio processo avaliativo (objetivo, papéis, número de
encontros, lugar, horários e, se for o caso, honorários) e esclarece possíveis dúvidas
do periciando.
Será também o momento de se observar aspectos relacionais do periciando a
partir do modo como se vincula ao psicólogo, as reações transferenciais, levantar
hipóteses e, ainda, observar coerências e incoerências entre suas linguagens verbal
e não-verbal.
Será necessário informar ao sujeito que os dados colhidos e que sejam
pertinentes ao caso serão relatados ao agente jurídico que solicitou a perícia (laudo
pericial), estando, portanto, comprometidas a confidencialidade e o sigilo dos dados.
Para Taborda (2004) a questão da não-confidencialidade dos dados introduz no
setting a presença deste terceiro que solicitou a avaliação, podendo provocar uma
distorção nos dados e fatos que são comunicados pelo examinando ao perito.
Em uma perícia psicológica frequentemente se faz necessário entrevistar
outras pessoas além do próprio examinando (como, por exemplo, algum familiar
próximo) para que possam ser colhidas mais informações a respeito das suas
características e funcionamento psicológico.
Segundo Rovinski (2003) isso acontece porque a avaliação pericial busca
entender e responder, de modo imparcial e neutro, as questões colocadas pela justiça,
diferentemente da avaliação clínica, que busca compreender a realidade psíquica do
paciente e sua visão particular sobre seus problemas.

31
A entrevista com terceiros também é de suma importância nos casos em que
a psicopatologia do sujeito impede que o mesmo forneça dados confiáveis e precisos
acerca de si próprio.

Segundo Taborda (2004) afirma que em uma avaliação pericial é comum que
a simulação se faça presente, pois o examinando poderá omitir informações
que possam prejudicá-lo e potencializar as que acredita que possam auxiliá-
lo. Deste modo, o “perito deverá estar atento a essa possibilidade e buscar
confirmar por fontes colaterais (entrevista com terceiros, exame de
documentos e prova técnica carreada aos autos) a fidedignidade do que é
afirmado” pelo examinando em sua entrevista, (Taborda 2004).

O perito, ao conduzir uma entrevista, jamais deverá perder de vista os


objetivos da mesma, que estarão atrelados aos objetivos da própria perícia
(quais aspectos psíquicos específicos deverão ser investigados?).
A entrevista psicológica sempre fará parte de um processo de avaliação
psicológica pericial, já os testes psicológicos não são utilizados por todos os
psicólogos peritos; para Rovinski (2009), os testes, sejam psicométricos ou projetivos,
funcionam como instrumentos auxiliares.
O uso dos testes psicológicos nas perícias psicológicas apresenta
algumas vantagens em relação a uma avaliação realizada somente através de
entrevistas:
Os testes aprofundam a compreensão do sujeito, pois medem características
não passíveis de serem percebidas ou mensuradas apenas através das entrevistas e
observações; dão ao profissional a possibilidade de observar o comportamento de
forma padronizada e julgar se o mesmo encontra-se dentro das condições observadas
na população normal; auxiliam a eliminar boa parte da “contaminação” subjetiva da
percepção e do julgamento do psicólogo; diminuem a possibilidade do sujeito
manipular a avaliação psicológica; possibilitam acessar regiões profundas do sujeito,
muitas das quais são inacessíveis a ele próprio, por não ter consciência de certas
características que existem em si mesmo.
Os testes psicológicos auxiliam no conhecimento do estado mental dos
indivíduos e segundo Ávila e Rodriguez-Sutil (1995, apud ROVINSKI, 2003) estes
seriam responsáveis pela crescente solicitação dos laudos psicológicos periciais.
Rovinski (2004) afirma que a avaliação forense se dirige a eventos definidos de forma
restrita, relacionadas a um foco circunscrito (o quesito solicitado), entretanto, a
avaliação psicológica pericial é demandada pelo sistema jurídico geralmente através
32
de assertivas gerais, tais como se o réu era capaz de entender o caráter criminoso do
seu ato à época do fato.
Dependendo do caso em questão, o psicólogo deverá investigar se há alguma
doença do espectro psicótico ou rebaixamento intelectual que poderia ter diminuído
ou anulado a capacidade de entendimento da natureza criminosa de um ato; se o
sujeito padece de depressão como alega no seu pedido de aposentadoria; se há um
transtorno no controle dos impulsos que predispôs o sujeito a cometer determinado
delito; se existe alguma lesão ou disfunção neurológica que tenha de alguma forma
relação com o comportamento criminoso ou que incapacite o sujeito a gerir a própria
vida; quais as condições afetivas e relacionais apresentadas pelos genitores que
pleiteiam a guarda do filho, dentre outras várias demandas.
Deste modo, a demanda jurídica deverá ser transportada para a linguagem
psicológica para que se identifique as características que serão alvo de investigação.
Assim, para se avaliar a capacidade de entendimento de um sujeito o psicólogo
necessitará, por exemplo, avaliar sua inteligência, sua capacidade de perceber a
realidade de modo adequado e objetivo e o grau de coerência e lógica dos seus
pensamentos.
No momento da escolha dos testes psicológicos que irão compor a avaliação
pericial, há de se considerar as limitações e os alcances dos mesmos, no sentido de
saber se as informações que poderão ser extraídas destes auxiliarão na investigação
das questões psicológicas demandadas no processo judicial.
Vamos considerar os seguintes exemplos para gerar uma reflexão sobre
o assunto:
 Qual instrumento psicológico é capaz de predizer qual genitor tem
melhor capacidade para cuidar adequadamente de uma criança para
obter sua guarda? De esclarecer se há indícios de que uma criança foi
vítima de abuso sexual? De predizer o potencial de reincidência criminal
de um sujeito?
O psicólogo perito, diante destas demandas, deverá decompô-las em
construtos que poderão ser analisados através de testes psicológicos (lembrando que
deverá utilizar testes que estejam aprovados pelo SATEPSI) e escolher aqueles que
poderão responder a tais demandas.

33
Como forma de ilustração em relação aos exemplos acima, o psicólogo poderá
optar por avaliar grau de controle emocional, impulsividade, presença de traços
antissociais, qualidade do relacionamento interpessoal, capacidade de empatia,
presença de autoestima rebaixada, entre outros e, para isso, deverá ter um bom
conhecimento dos testes psicológicos disponíveis para uso e do que é possível se
avaliar através dos mesmos.
Deste modo, dependendo da demanda específica de cada caso, alguns
instrumentos psicológicos serão escolhidos em detrimento de outros. Como outro
exemplo, nos casos em que é necessário aferir de modo específico o nível de
inteligência de um adulto para saber se está se encontra dentro da normalidade ou se
há a presença de algum grau de Retardo Mental, pode-se utilizar a Escala Wechsler
de Inteligência para Adultos (WAIS-III).

Segundo Serafim, se for necessário investigar funções neuropsicológicas,


pode-se utilizar as Figuras Complexas de Rey, Teste de Atenção Dividida,
WISCONSIN, etc. De modo geral, a avaliação neuropsicológica no âmbito
forense terá como objetivo diagnosticar os efeitos cognitivos, emocionais e
comportamentais de uma desordem neurológica e sua possível correlação
com a esfera criminal ou cível (SERAFIM, 2006).

A capacidade de compreensão do caráter delituoso de uma ação ou a


capacidade de um sujeito para gerir a si próprio e os próprios bens são exemplos de
competências que podem ser diretamente afetadas por um rebaixamento na
capacidade intelectual do sujeito ou pela presença de disfunções cerebrais.
Em algumas perícias poderá ser necessário realizar um diagnóstico diferencial
entre uma síndrome psiquiátrica ou neurológica, e alguns aspectos não cognitivos da
conduta (desinibição, irritabilidade, impulsividade, etc.) podem ser expressão de
alguma alteração no sistema nervoso central.
A avaliação da personalidade constitui-se na maior demanda relacionada
às perícias psicológicas:
Busca-se investigar o grau de controle dos impulsos, características do
relacionamento interpessoal, o controle emocional, recursos da personalidade,
agressividade, presença de psicopatologias, dentre outros. No contexto pericial, os
testes de personalidade projetivos apresentam uma grande vantagem em relação aos
testes de personalidade objetivos ou psicométricos.

34
Isto ocorre porque a avaliação psicológica pericial, diferentemente da clínica,
constitui-se num embate de interesses advindos dos sujeitos envolvidos no processo
judicial; busca-se demonstrar que se é um genitor capaz de prover as necessidades
do filho; que se é portador de Esquizofrenia que o incapacita ao trabalho; que não
apresenta tendência a comportamentos violentos, etc.
O psicólogo perito deve estar sempre muito atento a estas características do
trabalho pericial e buscar cercar-se de estratégias avaliativas que sejam adequadas a
este contexto, a fim de diminuir a possibilidade de que o examinado distorça
intencionalmente a apresentação dos dados. Os testes de personalidade objetivos
geralmente oferecem poucas informações úteis em contextos forenses (GACONO;
EVANS; VIGLIONE, 2008).
As assertivas objetivas dos testes de personalidade psicométricos facilitam, por
parte do examinando, a produção ou simulação de traços/sintomas/características
que o mesmo não possui.
Por exemplo, se a avaliação pericial for para analisar um pedido de indenização
por danos psíquicos onde o requerente alega sofrer de Depressão, o Inventário de
Depressão de Beck (BDI) poderia facilitar um resultado do tipo falso positivo, pois ao
responder o teste o examinando, sem dificuldade, consegue escolher as assertivas
que melhor caracterizam uma personalidade que se encontra em um estado
depressivo.
O mesmo acontece com as tentativas de encobrimento ou dissimulação de
traços/sintomas/características que se possui; em um exame de cessação de
periculosidade, o uso do Inventário de Expressão de Raiva como Estado e Traço
(STAXI) facilitaria ao sujeito manipular os resultados favoravelmente aos seus
interesses.
Deste modo, os testes projetivos constituem-se como um método bastante
apropriado para se obter dados a respeito das características de personalidade de um
periciando, pois, as possibilidades de simulação ou dissimulação de características
apresentam-se mais reduzidas quando comparadas às entrevistas ou aos testes de
personalidades objetivos.

35
Serão as coerências ou incoerências entre os fatos relatados nos autos do
processo, nas entrevistas, no comportamento não verbal do examinando e nos
resultados dos testes psicológicos que nortearão o psicólogo na análise de questões
relacionadas à simulação ou dissimulação.
Para Rovinski (2006) o Rorschach é um teste bastante útil nas perícias
psicológicas em razão da possibilidade que este oferece para se conhecer a estrutura
e a dinâmica da personalidade, realizar diagnósticos diferenciais, avaliar o nível do
funcionamento psíquico, avaliar a presença de sintomas em casos de suspeita de
simulação/dissimulação e realizar um levantamento dos traços de personalidade do
sujeito.
Os instrumentos de avaliação psicológica forense, no Brasil, são praticamente
os mesmos instrumentos utilizados na avaliação psicológica clínica. Grisso (1986,
apud ROVINSKI, 2003; 2004) defende a criação de mais instrumentos de avaliação
específicos para responder às demandas judiciais, os chamados Forensic
Assessment Instruments (FAIS - Instrumentos Específicos de Avaliação Forense),
através dos quais se possa avaliar comportamentos relevantes às questões judiciais.
Tais instrumentos buscam “garantir a padronização de métodos quantitativos com os
quais se possa observar, identificar e medir comportamentos diretamente relevantes
às questões legais sobre as competências e capacidades do homem” (GRISSO, 1986,
apud LAGO; BANDEIRA, 2009). No Brasil temos atualmente dois instrumentos mais
especificamente direcionados às questões relacionadas às demandas judiciais: o
PCL-R e o IFVD.
O PCL-R (Psycopathy Checklist Revised) ou Escala Hare tem o objetivo de
verificar, por meio de uma entrevista semiestruturada, características da
personalidade e condutas presentes em pessoas que apresentam as condições
prototípicas da psicopatia e que, desta forma, são mais sujeitas à reincidência
criminal. Não se destina a realizar um diagnóstico clínico de psicopatia, sendo dirigido
à população carcerária. Os sujeitos classificáveis como psicopatas no meio carcerário
são minorias e essa diferenciação é fundamental para as questões de previsão de
reincidência criminal, reabilitação social e concessão de benefícios penitenciários
(HARE, 2004)

36
O sujeito é avaliado em vinte itens e recebe em cada um deles uma pontuação
que pode variar de zero a dois pontos; ao final, os pontos são somados e de acordo
com a pontuação obtida o sujeito é classificado como possuindo: transtorno global da
personalidade (personalidade psicopática), transtorno parcial da personalidade
(bandido comum, antissocial atenuado) ou como não apresentando nenhum dos
transtornos citados.
Os itens que o PCL-R avalia referem-se à: loquacidade/charme superficial;
superestima; necessidade de estimulação/tendência ao tédio; mentira patológica;
vigarice/manipulação; ausência de remorso ou culpa; insensibilidade afetivo-
emocional; indiferença/falta de empatia; estilo de vida parasitário; descontroles
comportamentais; promiscuidade sexual; transtornos de conduta na infância;
ausência de metas realistas e de longo prazo; impulsividade; irresponsabilidade;
incapacidade de aceitar responsabilidade pelos próprios atos; muitas relações
conjugais de curta duração; delinquência juvenil; revogação da liberdade condicional;
versatilidade criminal.
A pontuação no PCL-R é baseada nas respostas que o sujeito fornece a um
roteiro de entrevista que acompanha o manual do teste e também nas informações
colhidas em outras fontes (familiares, registros criminais, etc.), deste modo, é um
instrumento suscetível à manipulação.
O IFVD (Inventário de frases no diagnóstico de violência doméstica contra
crianças e adolescentes) constitui-se como um instrumento auxiliar na identificação
da violência doméstica (física e/ou sexual) contra crianças e adolescentes a partir dos
transtornos (emocionais, cognitivos, físicos, sociais e comportamentais) que essa
experiência pode trazer (TARDIVO; PINTO JÚNIOR, 2010). O instrumento pode ser
utilizado com sujeitos na faixa etária dos 6 aos 16 anos e é composto por 57 frases
que devem ser respondidas com “sim” ou “não”; de acordo com a pontuação obtida,
sugere-se que há indícios de vitimização.
O IFVD não é considerado um teste psicológico e não avalia a personalidade,
deste modo, pode ser utilizado por outros profissionais não-psicólogos que lidam com
esta situação.

37
O instrumento pode auxiliar as perícias nas varas criminais (identificação da
probabilidade de a violência física ou sexual ter ocorrido com uma criança ou
adolescente) e nas varas de família (quando situações de disputa de guarda e
regulamentação de visitas envolvem a denúncia de violência física ou sexual).
A avaliação psicológica pericial recobre temas distintos do Direito e acontece
em diversas áreas. Pode-se citar como exemplos as seguintes áreas e avaliações:
Direito de Família (avaliação para definição de guarda e regulamentação de visitas),
Juizado da Infância e Juventude (avaliação psicológica de candidatos à adoção e de
adolescentes autores de ato infracional que estão internados em regime de privação
de liberdade).
Direito Civil:
(Avaliar a presença de danos psíquicos decorrente de um fato particular
traumatizante e avaliar a incapacidade para exercer atos da vida civil – interdição),
Direito Penal (averiguação de periculosidade em detentos, da sanidade mental de um
indivíduo no momento do crime e de sujeitos que receberam medida de segurança –
doentes mentais que cometeram algum delito e que se encontram em alguma
instituição psiquiátrica forense) e Direito do Trabalho (avaliar se há nexo causal entre
possíveis danos psicológicos causados pelo ambiente de trabalho ou por acidentes
ocorridos neste, avaliar pedidos de aposentadoria e de afastamento do trabalho por
sofrimento psicológico).
No Direito de Família:
Os principais pedidos de avaliação concentram-se em torno da questão da
definição da guarda do menor e regulamentação de visitas. Nos casos onde ocorre a
separação conjugal e as partes não entram em acordo em relação a quem deve ser o
detentor da guarda, o juiz determina a realização da uma perícia psicológica com
todos os envolvidos (pais, filhos e eventualmente terceiros, quando for o caso), na
qual o psicólogo deverá comparar as qualidades que cada genitor possui e as
necessidades e interesses que o filho apresenta (GRISSO, 1986, apud ROVINSKI,
2003).
Nos casos de regulamentação de visitas a avaliação da família contribui ao
esclarecer ao juiz os conflitos e a dinâmica familiar existente, sugerindo medidas para
a superação das dificuldades que criam obstáculos às visitas.

38
As perícias que examinam as competências parentais (disputa de guarda e
avaliação de maus-tratos), segundo Rovinski (2003), não devem focar apenas na
avaliação dos aspectos intrapsíquicos dos pais, é necessário levar em consideração
os aspectos relacionais e as redes de apoio com as quais a família pode contar (família
extensiva e recursos da comunidade).

Segundo Lago e Bandeira, devem ser avaliados as habilidades de


maternagem e paternagem, as estruturas de personalidade dos pais e filhos,
a qualidade dos vínculos parentais e outros aspectos relevantes, de acordo
com o caso. Estas autoras alertam para a questão de que as diferenças
existentes nos testes psicológicos dos genitores não devem ser consideradas
um critério exclusivo para a definição de quem deve ficar com a guarda da
criança, e que a observação das interações entre a criança e seus genitores
será de fundamental importância, (Lago e Bandeira 2009).

O psicólogo também poderá realizar avaliações psicológicas periciais no


contexto da delinquência juvenil. Segundo Serafim e Saffi (2012), na Unidade de
Internação Provisória (que verifica a prática do ato infracional e a atribuição de medida
socioeducativa) o psicólogo poderá emitir parecer para fornecer subsídios à decisão
judicial. Nesta avaliação, caberá ao psicólogo realizar um amplo e aprofundado estudo
das condições psicológicas, socioculturais e familiares, a fim de atender, de fato, às
necessidades do adolescente, bem como, poder estabelecer correlações das
possíveis variáveis.
De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), os adolescentes
autores de ato infracional que estão cumprindo medida socioeducativa de internação
em estabelecimento educacional (privação de liberdade) devem ser avaliados em
períodos máximos de 6 meses, para reavaliação da manutenção do regime (BRASIL,
1995). A avaliação psicológica deste adolescente será um dos critérios adotados para
se decidir acerca da manutenção ou não da medida socioeducativa.
Para Oliveira (2012) a avaliação destes adolescentes é de fundamental
importância para o estabelecimento de ações mais eficazes e ajustadas às suas
necessidades, entretanto, no Brasil, não há uma prática de avaliação sistematizada
que utilize instrumentais fundamentados em modelos teóricos específicos para a
delinquência juvenil.

39
Esta autora buscou realizar a adaptação transcultural da versão revisada do
Inventário de Personalidade de Jesness, cujo objetivo é avaliar características de
personalidade de adolescentes infratores, sendo capaz de aferir o nível de
engajamento do adolescente com a prática de delitos e fornecer um diagnóstico
diferencial e multidimensional – psicodinâmico – do adolescente a partir de seu perfil
psicológico e das características dominantes em sua personalidade.

Segundo Oliveira, o inventário tem sido utilizado em pesquisas desde a


década de 60, demonstrando capacidade de diferenciar adolescentes
infratores de não infratores, níveis de envolvimento com atos infracionais em
meio aos infratores, risco de envolvimento infracional e de reincidência
(OLIVEIRA, 2012).

No Direito Penal, Rovinsky (2003; 2004) cita duas situações nas quais o
psicólogo perito poderá atuar:
 A primeira delas refere-se aos exames de determinação da
responsabilidade penal (exame de insanidade mental para determinação
do grau de imputabilidade) quando necessita-se esclarecer quão
preservadas encontravam-se as capacidades de entendimento e
autodeterminação do réu no momento do crime (havia a presença de
alguma patologia que pudesse reduzir ou abolir tais capacidades?).
Este exame ocorre na fase de julgamento do réu e é realizado pelos médicos
psiquiatras, que podem solicitar ao psicólogo uma avaliação psicológica como exame
complementar, para aprofundar a compreensão do funcionamento psíquico do sujeito
e auxiliar nos diagnósticos diferenciais, já que em muitas situações estes profissionais
deparam-se com tentativas de simulação e dissimulação de sintomas por parte do
examinando.
Este aprofundamento é possível em uma avaliação psicológica já que os
psicólogos poderão utilizar testes psicológicos, que são capazes de medir de forma
padronizada características não passíveis de serem percebidas ou mensuradas
apenas através das entrevistas e observações.
 A segunda situação ocorre na fase de execução da pena e é
denominado exame criminológico, cujo objetivo seria determinar a
possibilidade de reincidência criminal, individualizar a execução da pena

40
e verificar a cessação de periculosidade para fins de progressão de
regime.
No Direito Civil, existem as avaliações psicológicas para investigação de
danos psíquicos cujo objetivo é “avaliar os prejuízos emocionais decorrentes
de um evento traumático:
 O foco deve se restringir à verificação da presença e da intensidade dos
sintomas emocionais com a determinação do nexo de causalidade”
(ROVINSKI, 2004, p. 43-44). Nos processos por danos morais, através
da perícia psicológica leva-se aos autos a realidade psíquica da vítima,
o que, segundo Rovinski (2009), auxilia na garantia dos direitos
humanos ao permitir que tais vítimas reivindiquem seus direitos.

Os exames de interdição também são pedidos frequentes no Judiciário e


consistem em avaliar a capacidade civil, ou seja, avaliar se um sujeito (como
alegado no processo) realmente não possui discernimento pleno
(incapacidade absoluta ou relativa) para exercer os atos da vida civil (como
vender e adquirir bens, fazer testamento, contrair matrimônio, etc.) em
decorrência de possíveis quadros psicopatológicos, tais como retardo mental,
quadro demencial, quadro psicótico, transtorno de humor grave, dependência
química e transtorno do impulso (SERAFIM; SAFFI, 2012; apud Hermann
Flávia , 2014).

Nestas perícias o psicológico utilizará com frequência testes que avaliam a


inteligência e as funções neuropsicológicas, além dos testes que avaliam a
personalidade, quando for o caso.
No Direito Trabalhista:
A perícia psicológica busca entender se há nexo de causalidade entre o
sofrimento psicológico ou transtorno mental alegado pelo sujeito e o seu ambiente de
trabalho, devendo atentar-se para a existência de transtornos psicológicos prévios.
Este sofrimento ou transtorno pode ser consequência de diferentes situações que
ocorrem no trabalho (tais como o assédio moral e o assédio sexual) e pode gerar dano
psíquico. Para Serafim e Saffi (2012), o psicólogo deverá “identificar e correlacionar
se o quadro psicológico decorrente da experiência traumática torna a pessoa com
prejuízos relativos incapaz de desempenhar suas tarefas habituais, de trabalhar, de
ganhar dinheiro e de relacionar-se”.
Estes autores enfatizam que nestas perícias deve-se ir além de uma
classificação noológica e buscar esclarecer o quanto uma patologia ou condição afeta
o funcionamento psíquico e como repercute na adaptação do sujeito no seu trabalho.
41
Percebeu-se que no Brasil os instrumentos mais utilizados nas perícias psicológicas
são a entrevista, os testes de personalidade projetivos e os de inteligência.
Percebeu-se que no Brasil os instrumentos mais utilizados nas perícias
psicológicas são a entrevista, os testes de personalidade projetivos e os de
inteligência. O psicólogo perito, ao realizar uma perícia psicológica, deverá sempre
consultar a lista dos testes aprovados para uso pelo SATEPSI para garantir que seu
trabalho esteja pautado nos princípios éticos da sua profissão.
No Brasil, pode-se afirmar que possuímos apenas dois instrumentos que são
direcionados às avaliações psicológicas no âmbito jurídico: o PCL-R (Psycopathy
Checklist Revised – Checklist de psicopatia revisado) ou Escala Hare e o IFVD
(Inventário de frases no diagnóstico de violência doméstica contra crianças e
adolescentes).
Nos países mais desenvolvidos, percebe-se que há um número bem maior de
instrumentos psicológicos direcionados a estas avaliações, os chamados Forensic
Assessment Instruments (Instrumentos Específicos de Avaliação Forense). Conclui-
se que no Brasil há a necessidade de criação ou de adaptação de instrumentos
estrangeiros destinados a investigar comportamentos que sejam relevantes às
questões legais.

9 PERÍCIA PSICOLÓGICA, AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA,


RELATÓRIOS, LAUDOS E PARECERES

9.1 Perícia em sentido genérico

Em termos gerais, perícia é o conjunto de procedimentos acionados para a


obtenção de elementos relevantes a fim de formular um parecer. Este consiste na
opinião tecnicamente fundamentada produzida pelo perito sobre o compromisso de
contribuir para uma decisão que é da competência de quem o solicita, o qual distingue-
se do periciado.
Perito é o profissional detentor do saber reconhecido como competente para
pronunciar-se sobre a situação em questão e tido como capaz de conduzir-se com
retidão.

42
9.2 Perícia em sentido jurídico

Perícia é, classicamente, um tema do sistema de administração de justiça. O


CPC (Código de Processo Civil) e o CPP (Código de processo Penal) afirmam que o
perito é auxiliar da justiça, no sentido de que ele, tal qual o juiz, está sujeito aos
princípios que norteiam as práticas sociais instituídas para a resolução justa dos
litígios. Também no sentido genérico, o perito pode ser entendido como atuante em
prol da justiça, pois o requerente, ao solicitar o parecer, acena a pretensão de uma
decisão justa.
No âmbito das práticas jurídicas, perícia é o conjunto de procedimentos
acionados para que se colham elementos relevantes a fim de formular um parecer
voltado a subsidiar uma decisão judicial.
Parecer pericial é a opinião tecnicamente fundamentada produzida pelo perito
sobre a obrigação do objetivo de subsidiar uma decisão judicial. Perito é o profissional
detentor do saber reconhecido como competente para pronunciar-se sobre a situação
em questão e como capaz de conduzir-se com imparcialidade.
Na área forense, o perito convive com o assistente técnico. É crucial manter
distinção entre o trabalho de um e o do outro: aquele procede que as perícias; este, a
avaliações; aquele produz um parecer; este questiona o parecer do perito ou
apresenta as conclusões das avaliações que realizou ou manifesta-se a partir de um
conjunto de dados que já dispunha.
As conclusões do assistente técnico forense só se constituem parecer quando
produzidas sobre determinação do juízo.
Se atendem a solicitações da parte contratante, não são pareceres, porque não
se configura perícia quando o próprio requerente da avaliação é o interessado em seu
resultado e não se constitui parecer a opinião assim formulada.

9.3 Perícia psicológica

O termo perícia pode ser denominada como o exame de situações (relações


entre coisas e\ou pessoas) ou fatos envolvendo (envolvendo coisas e\ou pessoas)
executados por um profissional capacitado na função que lhe é submetida, nomeado
perito, sendo este, habilitado para fornecer conhecimentos especiais, com o propósito

43
de determinar características técnicas ou cientificas (Brandimiller, 1996 apud Silva,
2012).
O objetivo da perícia é fornecer subsídios ao magistrado que se distingue do
conhecimento jurídico ou senso comum, essas informações não podem ser obtidas
pelo juiz, pois o mesmo não detém a clareza e a segurança precisa para a realização
de tal atividade.

Vale salientar, que mesmo com a solicitação da perícia a outro profissional, o


poder decisório é mantido ao juiz. (Santos, 1993 apud Silva, 2012, apud,
Gomes Diego, Ferreira Higor, Tuanny Isabelle, Silva Sabelly; 2017).

Para tal atividade o perito utiliza-se de aplicação de métodos e técnicas de


investigação psicológica e neuropsicológica, como já posto, objetivando auxiliar a
ação judicial, conforme o enredo do processo sempre que aparecem dúvidas quanto
à saúde psicológica de determinado sujeito, por meio da emissão do laudo (Serafim,
et al. 2017).
 Etapas da avaliação psicológica:
Segundo Serafim (et al. 2017) a perícia psicológica é um procedimento que
possui começo, meio, e fim, com recursos específicos em cada uma das etapas.
Rigonatti (2003). Afirma que em matéria civil a perícia pode ser solicitada pelo juiz nos
casos de anulação de casamento, guarda de menores, regulamentação de visitas,
perda de patrimônio, separação conjugal, pensão alimentícia, verificação de validade
de atos jurídicos, testamento, infortunística, entre outros, e a mais comum entre elas
é a interdição ou a curatela.
Pode-se sugerir seis etapas fundamentais para avaliação psicológica
forense:
 Estudo das partes dos processos:
O início da perícia acontece antes mesmo do contato com o periciando, quando
o profissional é submetido para a realização do tal processo, o mesmo deve
desenvolver uma leitura detalhada dos documentos relativos ao caso que será
investigado.
Portanto, é nessa etapa que o fato é investigado, dando importância as partes
em relação a esses fatos, se houver testemunhas é preciso ter conhecimento dos
quesitos que necessitam ser respondidos por elas.

44
A partir desses dados podem se identificar, qual é a tese de defesa e a de
acusação e para qual parte da história cada uma das partes relacionadas quer que o
perito verifica (Serafim, et al. 2017).
 Estabelecimento de honorários e agendamento da perícia
O perito a efetuar o trabalho poderá fazer parte da equipe técnica do fórum, ser
um servidor público relacionado a um setor de perícias estado/prefeitura ou nomeado
pelo juiz, no caso deste último, após ler os autos, deve-se fornecer seus honorários.
No demais o perito deve articular a sua avaliação estimulando a quantidade de
encontros a serem realizados, quais instrumentos serão utilizados, se ocorrerá ou não
discussão com o assistente técnico e em qual tempo médio durará a perícia (Serafim,
et al. 2017).
 Entrevista psicológica e entrevista de anamnese:
Entrevista psicológica e a entrevista de anamnese é uma maneira que o
psicólogo possui para estabelecer o rapport com o sujeito (ou sujeitos), observando o
comportamento do indivíduo e quais suas atitudes e reações mediante as situações
de avaliação. Utilizando-se de técnicas que permitirão conhecer detalhadamente a
sua história de vida, seu desenvolvimento neuropsicomotor, seu desempenho
acadêmico, seus relacionamentos interpessoais, atividades laborais, entre outros.
Vale salientar que o trabalho de avaliação psicológica é uma investigação do
funcionamento mental.
Quando um sujeito é investigado, certos acontecimentos não esperados podem
aparecer e o perito por sua vez, deve compreender que quando se é convocado para
uma perícia o sujeito está sendo intimado a comparecer a tal triagem, por essas
razões em muitos casos o periciando pode chegar à avaliação desconfiado, buscando
provar sua inocência ou sanidade (Serafim, et al. 2017).
Ao iniciar a entrevista psicológica emprega-se o contrato contendo dados sobre
quem solicitou a avaliação e como esta funcionará, ressaltando que o processo não
tem propósito de tratamento, mas objetivasse em compreender o que aconteceu e
não tem pretensão para julgar. Por fim, com as informações obtidas tenta-se uma
interligação casual com o fato investigado (Serafim, et al. 2017).
 Avaliação das funções cognitivas/ personalidade:
Nesta etapa, busca-se mais precisamente colher informações acerca das
funções cognitivas, dos aspectos emocionais e dos aspectos da personalidade,
45
subsidiadas pelas entrevistas, como também pela utilização de testes psicológicos,
atendendo as questões judiciais quanto à capacidade de entendimento,
autodeterminação e a presença de transtornos mentais.
Para a realização de tal tarefa, é fundamental utilizar-se de instrumentos
psicológicos, pois é um recurso que possibilita de maneira mais rápida chegar ao que
se deseja, é importante para a utilização do teste, que o psicólogo tenha conhecimento
específicos sobre como aplicá-lo e como avaliá-lo e se o mesmo possui propósito
específico para o que foi designado (Serafim, et al. 2017).
No que se refere a avaliação psicológica forense na capacidade civil, os
principais testes utilizados e validados pelos psicólogos são:
Personalidade:
 Teste de Apercepção temática (adulto – TAT; infantil – CAT): Um teste
projetivo que se fundamenta no que se refere às lembranças onde as
percepções já vivenciadas influenciam nos estímulos perceptivos atuais
(Serafim, et al. 2017).
 Teste das Pirâmides Coloridas de Pfister: analisa traços da
personalidade, especificamente da dinâmica afetiva (Serafim, et al.
2017).
 Teste de Rorschach: um instrumento projetivo, constituído por 10
pranchas com manchas de tinta, sendo solicitado ao avaliado que
exponha a sua percepção perante as manchas apresentadas (Serafim,
et al. 2017).
 HTP: é um método projetivo, considerado simples, podendo ser utilizado
por todas as faixas etárias, até mesmo com crianças pequenas.
Ferramenta gráfica que possui a finalidade de conseguir informações
referentes à individualidade em relação ao ambiente e ao outro (Serafim,
et al. 2017)
 Inventário Fatorial de Personalidade. (IFP): tem como objetivo principal
traçar as necessidades dos sujeitos, com base em três motivos
psicológicos (Serafim, et al. 2017)
 Inventário de personalidade (NEO PI): é fundamentado no modelo penta
fatorial da personalidade (Neuroticismo, Extroversão, Abertura à
Experiência, Amabilidade e Conscienciosidade) (Serafim, et al. 2017)
46
 Teste Palográfico: é considerado um instrumento expressivo de
personalidade, com o objetivo de avaliar as características da
personalidade do avaliado (Alves & Esteves, 2009).
 Teste R1 – Teste não verbal de inteligência: teste criado para o exame
psicotécnico de motoristas e pode ser empregado em outras áreas da
Psicologia. Foi construído para ser utilizado principalmente com pessoas
com baixo nível de escolaridade, analfabetos e estrangeiro. A aplicação
pode ser individual ou coletiva com duração de 30 minutos (Alves, 2012).
Inteligência:
 Escala de Inteligência Wechsler para crianças (WISC – IV): é um teste
aplicado individualmente, tendo como pretensão verificar a capacidade
intelectual e o processo de solução de problemas de indivíduos entre 6
anos e 0 meses a 16 anos e 11 meses (Serafim, et al. 2017).
 Escala de Inteligência Wechsler para adultos (WAIS – III): refere-se à
avaliação da capacidade cognitiva global e a averiguação do nível
intelectual de indivíduos entre 16 e 89 anos (Serafim, et al. 2017).
 Escala Wechsler Abreviada de Inteligência (WASI): recurso breve de
avaliação de inteligência em indivíduos com idade de 6 a 89 anos
(Serafim, et al. 2017).
 Matrizes Progressivas Coloridas de Raven: almejam mensurar um dos
integrantes do fator “g”, a capacidade educativa, que se compõe em
absorver novas informações e compreensões do que já é conhecido e
notório. O teste é relacionado ao raciocínio lógico não verbal (Serafim,
et al. 2017)
Memória:
 Teste de Memória de Reconhecimento (TEM- R) averigua a capacidade
de identificar qualquer tipo de estímulo ou acontecimento já visto ou
vivido anteriormente. O instrumento é composto de palavras e figuras
para o indivíduo memorizar, e o avaliado deve em seguida assinalar os
estímulos lembrados (Serafim, et al. 2017).
 TEPIC – M – O Teste pictórico de memória: tem função principal em
verificar a capacidade de armazenamento da memória de curto prazo,
pode ser aplicado individual ou coletivamente, em qualquer pessoal, em
47
diferente idade e ambos o sexo. Os estudos realizados para o
desenvolvimento dos instrumentos tiveram como público alvo sujeitos
com idades entre 17 e 97 anos (Rueda & Sisto, 2007).
Atenção
 Teste de Atenção Dividida (TEADI) - Pode ser aplicado individual ou
coletivamente, em pessoas de ambos os sexos e diferentes idades. O
instrumento fornece uma medida referente à capacidade que o sujeito
possui de dividir a tenção diante de dois alguns estímulos apresentados,
tendo o avaliado 5 minutos para realizá-lo (Rueda, 2016).
 Teste de Atenção Alternada (TEALT) - Este teste fornece informações
referentes à capacidade do sujeito em alternar a atenção, pode ser
aplicado em pessoas de ambos os sexos e diferentes idades e
escolaridades, no tempo de 2 minutos e 30 segundos (Rueda, 2016).
 Atenção Concentrada (AC) - O teste de atenção concentrada pode ser
executado de forma individual e coletiva, objetivando avaliar a
capacidade do indivíduo em direcionar a sua atenção para estímulos em
meio a tantos outros. O seu tempo de aplicação leva em média 5 minutos
(Cambraia, 2009).
 Teste de Atenção Concentrada (TEACO-FF) - Tem como público-alvo,
sujeitos de ambos os sexos. Os estudos realizados para o
desenvolvimento do mesmo foram com sujeitos de idade entre 18 e 61
anos. Pode ser aplicado individualmente ou coletivamente, com
processo de aplicação de 4 minutos (Rueda & Sisto, 2016).
Praxia
 Figuras Complexas de Rey: tem a finalidade de avaliar a memória
visual, com também, a habilidade visoespacial e as funções de
planejamento/ organização dos informes visuais e sua efetuação. O
avaliado executa a cópia de uma figura geométrica complexa (Serafim,
et al. 2017).
Linguagem:
Teste de Desempenho Escolar (TDE) - É um instrumento que tem como
finalidade, apresentar de forma objetiva, uma avaliação das capacidades
fundamentais para o contexto escolar, como escrita, aritmética e leitura.
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Possibilita a verificação de quais áreas de aprendizagem estão preservadas ou
comprometidas (Stein, 1994).
Além disso, é importante destacar que na avaliação diagnóstica psicológica, é
aconselhável o uso de diferentes testes que possuem finalidades semelhantes, não
se baseando na utilização de um único instrumento (Serafim, et al. 2017).
Análise dos dados apurados:
Decorrente a aplicação dos instrumentos psicológicos, o propósito seguinte é
corrigi-los e interligar as informações obtidas na entrevista com a avaliação cognitiva
e de personalidade. É neste momento que pode-se perceber se as alterações
percebidas e se são em decorrência de uma mudança na vida do avaliado, ou se
fazem parte do modo de como o mesmo funciona e sempre funcionou (Serafim, et al.
2017).
Elaboração do laudo:
No manual de elaboração de documentos decorrentes de avaliação
psicológicas, prevê que após a conclusão da avaliação deve-se elaborar o laudo ou
parecer (Serafim, et al. 2017). Segundo Silva (2012) o laudo pericial consiste no
relatório final realizado pelo perito, onde ele indica fielmente tudo quanto foi possível
observar no período de avaliação.
Portanto significa dizer, que o laudo é uma prova pericial que servirá para
subsidiar o magistrado quanto aos conhecimentos técnicos e científicos psicológicos,
podendo até sugerir algumas formas de sugestões que podem ser acatadas ou não
pelo magistrado que possui total autonomia pelo processo.
O código de ética profissional da psicologia (2014) destaca em sua introdução
que toda prática psicológica deve ser fundamentada em princípios éticos, de maneira
que a atuação do profissional de tal ciência, traga benefícios aos envolvidos no
processo, que nessa questão destaca- se o campo judiciário.
Assim a descrição que o psicólogo é direcionado a se manter dentro de seus
limites de atuação e de seu conhecimento, cabe ao mesmo respeitar os níveis de
probabilidade a respeito da previsão do comportamento, como também, deve evitar
incumbir seus achados ao favorecimento de uma das partes.

49
9.4 Avaliação psicológica

A avaliação psicológica refere-se à coleta e interpretação de dados, obtidos por


meio de um conjunto de procedimentos, reconhecidos pela ciência psicológica. O
planejamento e a realização do processo avaliativo, assim como a análise crítica dos
resultados obtidos, são de competência do psicólogo, a quem cabe definir seus
procedimentos avaliativos, baseando-se nos seis elementos a seguir:
 Contexto no qual a avaliação psicológica se insere;
 Propósitos da avaliação psicológica;
 Constructos psicológicos a serem investigados;
 Adequação das características dos instrumentos/técnicas aos
indivíduos avaliados;
 Condições técnicas, metodológicas e operacionais do instrumento de
avaliação.
 A avaliação psicológica é um processo técnico e científico ela é
dinâmica e constitui-se em fonte de informações com a finalidade de
subsidiar os trabalhos nos diferentes campos de atuação do psicólogo.
Difere da testagem psicológica que tem, nos testes, a sua principal fonte de
informação, a testagem psicológica, portanto, pode ser considerada uma etapa da
avaliação psicológica, que implica a utilização de teste (s) psicológico (s) de diferentes
tipos, a avaliação envolve a integração de informações provenientes de diversas
fontes (testes, entrevistas, observações, análise de documentos).
O processo de avaliação psicológica é capaz de prover informações
importantes para o desenvolvimento de hipóteses, por parte dos psicólogos, que
levem à compreensão das características psicológicas da pessoa ou de um grupo.
Essas características podem se referir à forma como as pessoas irão desempenhar
uma dada atividade, à qualidade das interações interpessoais que elas apresentam,
etc. Assim, dependendo dos objetivos da avaliação psicológica, a compreensão
poderá abranger aspectos psicológicos de natureza diversa.
É importante notar que a qualidade do conhecimento alcançado depende da
escolha de instrumentos que maximizem a qualidade do processo de avaliação
psicológica.

50
Os resultados das avaliações devem considerar e analisar os condicionantes
históricos e sociais e seus efeitos no psiquismo, com a finalidade de servirem como
instrumentos para atuar não somente sobre o indivíduo, mas na modificação desses
condicionantes que operam desde a formulação da demanda até a conclusão do
processo de avaliação psicológica. O resultado de uma avaliação psicológica é o
diagnóstico psicológico.
Obviamente, frente à complexidade de dimensões inter-relacionadas na
determinação do comportamento humano, a avaliação psicológica depara com limites
quanto ao que pode entender e prever.
Logo, é preciso ser cuidadoso na elaboração do relatório ou do laudo
psicológico, os quais devem focalizar a finalidade da avaliação realizada e descrever
os procedimentos e conclusões resultantes.
As informações ofertadas devem restringir-se ao que foi demandado e o
documento precisa, ainda, indicar direções a respeito de encaminhamento,
intervenções ou acompanhamento psicológico.

Os princípios éticos básicos que regem a realização de uma avaliação


psicológica:

 O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do contínuo


aprimoramento profissional, contribuindo para o desenvolvimento da
Psicologia como campo específico de conhecimento e prática;
 Utilização, no contexto profissional, apenas dos testes psicológicos com
parecer favorável do CFP que se encontram listados no Sistema de
Avaliação de Testes Psicológicos (Satepsi);
 Emprego de instrumentos de avaliação psicológica para os quais o
profissional esteja qualificado;
 Realização da avaliação psicológica em condições ambientais
adequadas, de modo a assegurar a qualidade e o sigilo das informações
obtidas;
 Guarda dos documentos de avaliação psicológica em arquivos seguros
e de acesso controlado;

 Disponibilização das informações da avaliação psicológica apenas


àqueles com o direito de conhecê-las;
51
 Proteção da integridade dos testes, não os comercializando, divulgando-
os ou ensinando-os àqueles que não são psicólogos.
Sempre levando em consideração sua finalidade, o laudo deverá conter a
descrição dos procedimentos e conclusões resultantes do processo de avaliação
psicológica. O documento deve dar direções sobre o encaminhamento, intervenções
ou acompanhamento psicológico.
As informações fornecidas devem estar de acordo com a demanda, solicitação
ou petição, evitando-se a apresentação de dados desnecessários aos objetivos da
avaliação.
Que competências um psicólogo necessita para realizar avaliação
psicológica?
Em princípio, basta que o profissional seja psicólogo para que ele possa realizar
avaliação Psicológica. Entretanto, algumas competências específicas são importantes
para que esse trabalho seja bem fundamentado e realizado com qualidade e de
maneira apropriada:
 Ter amplos conhecimentos dos fundamentos básicos da Psicologia,
dentre os quais podemos destacar: desenvolvimento, inteligência,
memória, atenção, emoção, etc., construtos esses avaliados por
diferentes testes e em diferentes perspectivas teóricas;
 Ter domínio do campo da psicopatologia, para poder identificar
problemas graves de saúde mental ao realizar diagnósticos;
 Possuir um referencial solidamente embasado nas teorias psicológicas
(psicanálise, psicologia analítica, fenomenologia, psicologia sócio
histórica, cognitiva, comportamental, etc.), de modo que a análise e
interpretação dos instrumentos seja coerente com tais referenciais.
 Ter conhecimentos da área de psicometria, para poder julgar as
questões de validade, precisão e normas dos testes, e ser capaz de
escolher e trabalhar de acordo com os propósitos e contextos de cada
um;
Quais os principais cuidados que o psicólogo dever ter na escolha de um
teste psicológico?
Na escolha de um teste como instrumento de avaliação psicológica, é
fundamental que o psicólogo consulte o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos
52
(SATEPSI), disponível no site do Conselho Federal de Psicologia (www.pol.org.br),
com o intuito de verificar se ele foi aprovado para uso em avaliação psicológica.
Em caso afirmativo, ele deverá então consultar o manual do referido teste, de
modo a obter informações adicionais acerca do construto psicológico que ele pretende
medir bem como sobre os contextos e propósitos para os quais sua utilização se
mostra apropriada.
Quais os principais cuidados que o psicólogo deve ter para utilizar um
teste psicológico?
 Verificar se as pessoas estão em condições físicas e psíquicas para
realizar o teste;
 Verificar se não existem dificuldades específicas da pessoa para realizar
o teste, sejam elas físicas ou psíquicas
 Utilizar o teste dentro dos padrões referidos por seu manual;
 Cuidar da adequação do ambiente, do espaço físico, do vestuário dos
aplicadores e de outros estímulos que possam interferir na aplicação.
Quais são os princípios éticos básicos que regem o uso da avaliação
psicológica?
É necessário que o psicólogo se mantenha atento aos seguintes princípios:
 Contínuo aprimoramento profissional visando ao domínio dos
instrumentos de avaliação psicológica;
 Utilização, no contexto profissional, apenas dos testes psicológicos com
parecer favorável do CFP que se encontram listados no SATEPSI;
 Emprego de instrumentos de avaliação psicológica para os quais o
profissional esteja qualificado
 Realização da avaliação psicológica em condições ambientais
adequadas, de modo a assegurar a qualidade e o sigilo das informações
obtidas;
 Guarda dos documentos de avaliação psicológica em arquivos seguros
e de acesso controlado
 Disponibilização das informações da avaliação psicológica apenas
àqueles com o direito de conhecê-las;
 Proteção da integridade dos testes, não os comercializando, publicando
ou ensinando àqueles que não são psicólogos
53
9.5 Relatórios, laudos e pareceres

O parecer é a fala do saber do perito


Na função de realizar perícias e emitir pareceres, a ênfase recai sobre o caráter
de compromisso assumido pelo psicólogo de emitir um parecer, por força da
regulamentação e da consolidação do papel da psicologia. Não se nega a profissional
oportunidade para esquivar-se da solicitação, mas, uma vez assumida, ela precisará
ser devidamente cumprida.
A sociedade instituiu e definiu atribuições, funções, direitos e deveres a todos
aqueles que se habilitaram ao exercício da profissão de psicólogo. Reconheceu sua
competência para emitir pareceres sobre a matéria de psicologia, autorizando lhe
pronunciar-se.
Sendo um tema persistente no sistema de administração de justiça, a
realização de perícias tem sido prevalentemente discutida pelos psicólogos que atuam
no âmbito das práticas jurídicas.
Na área da psicologia judiciária, a realização de perícias assume o sentido de
obrigação do objetivo de subsidiar uma decisão que é da competência do poder
judiciário. Na expressão “forensic assessment – Avaliação Forense” o caráter de
obrigação, decorrente do fato de a realização da perícia ter sido determinada por um
poder com autoridade para impor sua realização, é denotado pela palavra inglesa
assessment-Avaliação. Pela mesma razão, deveríamos preferir “perícia forense” a
“avaliação forense”, que corresponde à tradução mais literal da expressão “forensic
evaluation”.
Na perícia, prepondera o objetivo de escolher procedimentos com
potencialidade de colher elementos capazes de fundamentar a produção do parecer.
Os métodos e técnicas de avaliação psicológica nela utilizados são meios a serviço
desse fim. Ao mesmo tempo, não é o domínio e a experiência do profissional sobre a
matéria o que mais importa, mas sim sua obrigação de emitir uma opinião
tecnicamente fundamentada.
O parecer é a fala do saber detido pelo perito, que tanto pode ser um
profissional de vasta experiência e de enorme respeito, quanto um iniciante na
profissão.

54
Consideramos da mais alta relevância que o psicólogo tenha clareza de que o
seu parecer é a fala do saber que ele detém. Não é a fala dos periciandos, nem a dos
demais envolvidos na avaliação, afinal, cada frase colhida no decorrer de uma perícia
psicológica é efeito da condução da perícia sobre os auspícios do saber detido pelo
psicólogo perito.
Assim, ao manifestar-se, o psicólogo não se deve esquivar de emitir sua
opinião, tomar posição; igualmente, não deve reproduzir, nos autos, o pronunciamento
do periciando, como se tal constituísse o elemento que se pretendia obter com a
perícia. Esta nossa insistência de que o parecer deve ser produzido, pois ele é a
finalidade última da perícia, destoa do preconizado nas normativas do SCP
(Sociedade em Conta de Participação), que está sempre a recomendar que se evite
a tomada de posição, a emissão de opinião, a oferta de sugestão, a indicação de
prováveis desdobramentos futuros.
Culminando em não considerar o parecer documento decorrente de avaliação
psicológica, conforme já apontamos.
Os dados e impressões colhidos no decorrer da perícia ou ao longo do trabalho
de atendimento importam na medida em que fundamentam o parecer que se produz.
O reconhecimento do parecer como manifestação da fala do saber detido pelo
psicólogo é extremamente relevante quando os psicólogos (a) indaga se a perícia
psicológica não se constituiria em violação ao direito de que ninguém será compelido
a produzir provas contra si mesmo.

Segundo Shine relata a situação em que a assistente técnica é acusada de


utilizar um gravador escondido no decorrer do atendimento de uma criança
de oito anos, no intuito de gravar falas que não confirmem as conclusões da
perícia quanto ao uso de violência física por parte da mãe. Proceder
inadmissível do ponto de vista ético, mas também inútil do ponto de vista da
produção de um parecer, o qual só cumpre seu papel quando expressão do
saber de quem o produz, (Shine; 2012).

A fala da criança, ainda quando obtida legitimamente, não se constitui


elemento definidor do parecer. Basta lembrar a criança abusada sexualmente que
afirma não o ter sido, e, apesar disso, conclui-se que o abuso de fato ocorreu; como
também o avesso, quando se declara abusada a criança, sem que nada se tenha
dado. No contexto de uma disputa de guarda de elevada litigiosidade, a criança tanto
pode dizer que sofre violência física sem sofrê-la, quanto pode dizer que não a sofre
apesar de sofrê-la.
55
Esta é a razão de ser da perícia psicológica: ela promove uma escuta
qualificada e explicita, nos autos, o que o perito conclui a partir dos dados, informações
e impressões colhidos. Não se trata de transpor para os autos o que se ouviu no
decorrer do estudo procedido.

Segundo a Miyahara, focalizando o risco de tutela moral e de produção de


estigma nas práticas profissionais na rede de proteção à infância e à
juventude, aborda as divergências entre os serviços de intervenção
psicossocial e os representantes do judiciário. Comenta que uma psicóloga
se indignou diante de um juiz que autorizou o desacolhimento da criança
porque nenhum dos técnicos havia afirmado ter ocorrido o abuso dela pelo
pai, (Miyahara 2014).

“Á fala dessa criança estaria representada em seus desenhos e em suas


brincadeiras”. Mesmo no papel de assistente técnico, o psicólogo, ao se dispor a
fornecer os subsídios solicitados pelo juízo, deve pronunciar-se sobre a questão que
lhe foi colocada, especialmente quando amparado pelo princípio da proteção integral
à criança e ao adolescente.
O desacolhimento, ponderou o juiz, amparou-se na falta de posicionamento
dos técnicos. Não cabe ao juiz abstrair a fala da criança de desenhos e de brincadeiras
descritas nos relatos.
O que o juiz examina, no subsídio ofertado, é a fala do saber do técnico. Ainda
que reconheçamos que a fala do periciando no decorrer de uma perícia psicológica
seja efeito do saber do psicólogo que conduz a perícia, ao se solicitar um parecer,
requerer-se a opinião tecnicamente qualificada do perito. Se o saber do perito se
omite, abstendo-se de produzir o parecer, o requerente da perícia não pode arrolar
subsídios para a tomada de decisão, sentenciando sem saber.
Na elaboração de um parecer, o saber do técnico conduz o processar de um
complexo entrelaçamento dos procedimentos utilizados e dos dados obtidos, os quais
são valorados a partir de determinado referencial conceitual que o técnico detém,
referencial que integra uma disciplina do conhecimento vigente, reconhecida pelo
poder responsável pela decisão como competente para produzir enunciados de
verdade sobre a questão com que se está defrontando.

56
9.6 Relatório, laudo e parecer

O CFP publicou em edição do dia 13/02 do Diário Oficial da União uma nova
resolução (CFP – 004/2019) que dispõe sobre as regras para elaboração de
documentos escritos produzidos pelo psicólogo no exercício profissional. Esta
resolução revoga a Resolução CFP º 07/2003 e a Resolução CFP nº 15/1996.
Conteúdo da Resolução CFP 004/2019:
A resolução CFP 004/2019 sobre elaboração de documentos escritos
produzidos pelo psicólogo dispõe sobre os seguintes itens:
Estrutura da resolução:
I – Disposições gerais
II- Princípios fundamentais na elaboração de documentos psicológicos
III- Modalidades de documentos
IV- Conceito, finalidade e estrutura
V – Guarda dos documentos e condições de guarda
VII- Prazo de validade dos conteúdos dos documentos
VIII- Entrevista devolutiva
Pela nova resolução, considera como modalidades de documentos
psicológicos:
I – Declaração:
Que consiste em um documento escrito, através do qual é descrita a prestação
de serviço psicológico, e tem por finalidade de registrar, de forma objetiva e sucinta,
informações sobre a prestação de serviço realizada ou em realização.
II- Atestado Psicológico:
Que consiste em documento de atribuição da (do) psicóloga (o), que certifica,
com fundamento em um diagnóstico, psicológico, uma determinada situação, estado
ou funcionamento psicológico, tendo como finalidade afirmar as condições
psicológicas de quem, por requerimento, o solicita.
III- Relatório:
Relatório Psicológico:
Consiste em documento que, por meio de uma exposição escrita, descritiva e
circunstanciada, considera os condicionantes históricos e sociais da pessoa, grupo ou
instituição atendida, podendo também ter caráter informativo. Visa a comunicar a

57
atuação profissional da (do) psicóloga (o), em diferentes processos de trabalho já
desenvolvidos ou em desenvolvimento, podendo gerar orientações, recomendações,
encaminhamentos e intervenções pertinentes à situação descrita no documento, não
tendo como finalidade produzir diagnóstico psicológico.
Relatório multiprofissional:
É produzido quando a (o) psicóloga (o) atua em contexto em que há uma
demanda multiprofissional, ocasião em que o relatório pode ser produzido em conjunto
com profissionais de outras áreas, preservando a sua autonomia e a ética profissional.
IV- Laudo Psicológico:
É o resultado de um processo de avaliação psicológica, com finalidade de
subsidiar decisões relacionadas ao contexto em que surgiu a demanda, e a quem o
solicitou.
V- Parecer Psicológico:
É um pronunciamento por escrito, que tem como finalidade apresentar uma
análise técnica, respondendo a questões focais do campo psicológico.
Seremos mais precisos se optarmos por parecer judiciário, para indicarmos o
resultante de perícia judiciária ou parecer forense, para o produzido pelo assistente
técnico por solicitação judicial.
No âmbito jurídico, realização de perícia psicológica, o psicólogo perito deve
incluir nesse conjunto de procedimentos os melhores métodos e técnicas de avaliação
psicológica com objetivo de diagnóstico psicológico, haja vista o tamanho da
responsabilidade por ele assumida.
Assim, não há como deixar de reconhecer que, neste âmbito, o parecer
psicológico, sendo a opinião tecnicamente fundamentada formulada a partir de perícia
psicológica que deve recorrer a métodos e técnicas de avaliação psicológica, é
também documento decorrente de avaliação psicológica.
O parecer, quando produzido por força de obrigação funcional de assistir
tecnicamente ao usuário do serviço público em que o psicólogo trabalha ou se
decorrente de determinação judicial dirigida ao psicólogo quem atende ao envolvido,
permanece subjugado ao compromisso profissional com a pessoa beneficiária do
atendimento.
Não se deve considerar parecer as conclusões do assistente técnico
produzidas por solicitação da parte que o contrata ou de cliente/usuário de serviço

58
público envolvido em processo judicial, pois, neste caso, não cabe ao requerente uma
tomada de decisão.
A consistência do entendimento do psicólogo (a) de que a essência da atividade
pericial é a emissão do parecer, revela-se ao se reconhecer que, de fato, não é
imprescindível proceder à realização de perícia para que ele seja produzido, ainda
que tal se suceda em condições bastante peculiares e raras no âmbito das práticas
jurídicas.
A condição sine qua non que se refere a uma ação cuja condição ou ingrediente
é indispensável e essencial, ela é uma produção do parecer e a convicção do perito
de que ele já tem formulada uma opinião tecnicamente fundamentada.
A admissão de que o parecer é o documento resultante da realização de perícia
é finalmente admitida, mas com a ressalva de que os psicólogos (a) deve respeitar os
limites legais da atuação, não tomar posição, entenda-se: não se deve adentrar nas
decisões e nem fazer previsões.
Desvela-se a razão até então suprimida: o parecer do psicólogo, assim como
suas sugestões de medida, tende a ser acolhido pelo juízo; as práticas judiciárias são
práticas de opressão, logo, o psicólogo torna-se opressor ao ter seu parecer e suas
sugestões acolhidas pelo juízo.
Note-se a inconciliabilidade com o entendimento legal de que a realização de
perícias visa colher dados para que se produza uma opinião tecnicamente
fundamentada a subsidiar uma decisão judicial.
Não se subestimem as dificuldades impostas aos psicólogos peritos, à medida
que se colocam questões que não admitem meias respostas: foi essa criança abusada
sexualmente por seu pai? Os filhos ficarão melhor sobre a guarda da mãe ou do pai?
Esta criança vem sofrendo violência física por parte de sua mãe? Estão dadas
condições suficientes para o retorno destes dois meninos ao convívio familiar? Este
preso tenderá a reincidir em práticas criminosas caso seja beneficiado com o regime
semiaberto? E tantas outras.
Acrescente-se que, em uma perícia, dificilmente se poderá deixar de
considerar o desdobramento dos acontecimentos: o presente sendo reconstruído com
base na retomada dos fatos passados, por meio de uma releitura sobre o crivo do
conhecimento técnico, apontando, ineludivelmente, a desdobramentos futuros.

59
Sabemos que o conhecimento obtido em prática clínica não deve ser transposto
acriticamente para as práticas jurídicas, haja vista o que nos adverte, por exemplo, o
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), da Associação
Americana de Psiquiatria, em sua quinta edição, 2014, ao ressaltar que ele foi
concebido para atender às necessidades da prática clínica, e não às dos profissionais
da área jurídica e às dos tribunais.
Recomenda que os responsáveis por decisões nos tribunais sejam alertados
dos limites dos diagnósticos nele formulados, especialmente no que se refere às
implicações quanto à etiologia ou às causas do transtorno, como também quanto ao
grau de controle sobre o próprio comportamento do indivíduo com o transtorno
diagnosticado:

A definição de transtorno mental inclusa no DSM-5 foi desenvolvida para


satisfazer as necessidades de clínicos, profissionais da área da saúde e
pesquisadores, em vez de todas as necessidades técnicas de tribunais e de
profissionais da área jurídica. Cabe, ainda, atestar que o DSM-5 não fornece
diretrizes de tratamento para nenhum tipo de transtorno (APA, 2014, apud
Alves Edson; 2016).

As pessoas com poder de decisão fora do âmbito clínico também devem ser
alertadas de que um diagnóstico não traz em si quaisquer implicações necessárias
com relação à etiologia ou às causas do transtorno mental do indivíduo ou do grau de
controle que este tem sobre comportamentos que podem estar associados ao
transtorno. Mesmo quando a diminuição do controle sobre o próprio comportamento
é uma característica do transtorno, o fato de ter o diagnóstico, por si só, não indica
que a pessoa necessariamente é (ou foi) incapaz de controlar seu comportamento em
determinado momento. (APA, 2014).
O diagnóstico clínico de um transtorno de saúde mental, nos termos em que
ele é proposto no DSM-5, detém previsibilidades relacionadas a comportamentos
futuros - aí contidos o planejamento do tratamento, a evolução e o prognóstico, como
também é capaz de promover a compreensão de comportamentos passados.
Entretanto, não nos autoriza a conclusões sobre a capacidade do diagnosticado de
controlar seu comportamento, seja no passado, seja no futuro. Para tanto, deve-se
recorrer a informações adicionais.

60
O uso apropriado do DSM-5 no âmbito legal ocorre quando, por exemplo, o
diagnóstico de um transtorno mental fundamenta a determinação de uma internação
compulsória.

9.7 O processo de psicodiagnóstico infantil

No psicodiagnóstico infantil o brincar é a técnica de avaliação utilizada. Roza


(1999) apud Oliveira et al., (2012) destaca que a brincadeira é uma forma do
comportamento específico da própria infância, assim são projetadas no ato, a forma
de expressar seus sentimentos, pensamentos e conflitos.
Para avaliar a criança é necessário conhecer sua relação com sua família para
relacionar ao seu desenvolvimento biopsicossocial. Tsu (1984) decorre sobre a
questão de quem é o cliente do psicólogo no processo de psicodiagnóstico infantil, a
criança, família ou quem encaminhou.
Segundo a autora, deve considerar que as condições e características das
crianças na sociedade, a ajuda psicológica é procurada em função da criança, mas
que o problema deve ser visto além da individualidade, relacionado ao todo grupo
familiar e com outras pessoas ou grupos envolvidos.
“O sintoma da criança é emergente de um sistema intrapsíquico que está, por
sua vez, inserido no esquema familiar também doente” (ARZENO, 1995).

Oliveira et al., (2012) aborda o psicodiagnóstico como um estudo profundo da


personalidade do indivíduo. Não é apenas uma coleta de dados que através
da organização do entendimento clínico irá orientar o processo psicoterápico.
É uma prática delimitada, que tem a função de obter a descrição e
compreensão de modo global da personalidade do paciente ou também do
grupo familiar. Sendo assim, é possível percorrer sobre os aspectos do
passado, diagnóstico e prognóstico dessa personalidade (OCAMPO &
ARZENO, 1975 apud OLIVEIRA et al., 2012).

9.8 A hora do jogo diagnóstica

A hora do jogo diagnóstica constitui um recurso ou instrumento técnico que o


psicólogo utiliza dentro do processo psicodiagnóstico com a finalidade de conhecer a
realidade da criança que foi trazida à consulta. Trata – se, então, de instrumentalizar
suas possibilidades comunicacionais para depois conceituar a realidade de que nos
apresenta.

61
Numa avaliação psicodiagnóstica com uma criança, a hora de jogo diagnostica
vai orienta-la a expressar as vivências de sua vida diária. E isto ajudará o psicólogo a
levantar informações relevantes a respeito da queixa inicial e a respeito de qual teste
apropriado para confirmar tais informações.
Antes da criança entrar no ambiente para realizar a hora do jogo diagnóstica,
há algumas instruções a fazer. É preciso separar os brinquedos necessários à queixa
encaminhada e ás informações recebidas pela anamnese dos pais e do paciente. Por
exemplo, se a queixa for uma dificuldade de raciocínio, escolha um brinquedo que irá
trazer a informação de confirmar se a queixa é verdadeira ou não.
Prepara- se a sala com tais brinquedos, tira-os da caixa e deixe-os sobre a
mesa com fácil acesso para a criança pegar.
A sala tem de ser ampla sem impedir o brincar eficaz da criança. Quando ela
chegar, é preciso explicar as atividades que ela fará com os brinquedos e que tem um
tempo determinado para executar tais brincadeiras.
Os principais materiais utilizados podem ser:
 Fantoches;
 Fazendinha;
 O quadro negro;
 Lápis de cor;
 Giz de cera;
 Papel;
 Tesoura sem ponta;
 Bonequinhos;
 Massa de modelar entre outros.
Durante a sessão, é dada a orientação e é feita a observação de todo o
comportamento da criança, tudo é anotado para fins de hipóteses para o laudo.
A maior dificuldade da “hora do jogo diagnóstico” está na sua avaliação. Por
ser um procedimento não estruturado, depende da experiência do psicólogo e da sua
capacidade de observação e interpretação.
Na análise, levam-se em conta os aspectos evolutivos (desenvolvimento da
criança, segundo a idade), desenvolvimento emocional, inibição/sociabilidade, bem
como os conteúdos inconscientes expressos nos jogos – defesas, fantasias,
ansiedades, agressividade e a capacidade adaptativa, criativa e simbólica da criança.
62
O campo da avaliação psicológica abarca hoje uma pluralidade de práticas
diagnósticas que podem ou não recorrer a instrumentos estruturados e padronizados,
como os testes psicológicos, e a outras técnicas e procedimentos menos estruturados,
como jogos, brinquedos, desenhos e estórias.
A flexibilidade na escolha de determinada estratégia (ou instrumentos) é
influenciada pela experiência do profissional, referencial teórico e objetivo. O contexto
e as novas demandas das Psicologias (Clínica, hospitalar, jurídica, institucional etc.)
também influenciam na escolha.

Quando adotados fora da clínica tradicional, mais restrita aos consultórios


particulares, os procedimentos clínicos de diagnóstico e avaliação psicológica
em geral carecem de adaptações para atender às peculiaridades de cada
caso. Sobre isso, ver estudos sobre o uso da avaliação psicológica nos
contextos da saúde (CAPITÃO; SCORTEGAGNA; BAPTISTA, 2005) e
institucional (GUIRADO, 2005, apud Psico.teor. prat. V9. N2. São Paulo
2007).

10 SOBRE O CONTEXTO GERAL DA PSICOLOGIA JURÍDICA

Conforme sugere Cezar-Ferreira (2007), o trabalho dos profissionais que atuam


em Psicologia Jurídica envolve a investigação da subjetividade em diferentes níveis
de complexidade. Voltados para esse objetivo, esses profissionais se utilizam de
diferentes recursos teórico-metodológicos em suas abordagens, podendo partir de
diversas perspectivas teóricas (p. ex. Psicanálise, Terapia Familiar, Terapia Narrativa,
Gestalt, entre outras) e realizar observações, entrevistas, testes psicológicos,
trabalhos em grupos, visitas às residências das famílias, escolas e outros ambientes
frequentados pelas crianças.
De uma forma geral, a perícia psicológica ainda continua sendo o campo de
maior demanda para os psicólogos no judiciário. No campo do Direito, a perícia é um
tipo de prova produzida durante o processo judicial.
O magistrado nomeia um perito de acordo com a necessidade que tem de
conhecer melhor os fatos envolvidos no caso. O perito, em geral, deve realizar uma
avaliação da situação e apresentar um laudo que será incluído como documento no
processo (PIZZOL, 2009).
A produção pericial é um elemento importante que compõe o discurso jurídico
da prova, entretanto, é preciso ressaltar que ela não define a decisão do magistrado.

63
Ele pode decidir contrariamente ao laudo pericial, pois sua decisão provém do “livre
convencimento”, desde que fundamentado nas normas legais.
No campo da Psicologia Jurídica, a perícia demanda um estudo detalhado da
dinâmica relacional da família em conflito, englobando aspectos tanto psicológicos
quanto sociais. Esse tipo de estudo vem recebendo diversas denominações, tais
como: estudo psicológico, estudo técnico, estudo psicossocial, estudo social,
avaliação psicológica, reavaliação psicológica.
A Psicologia Judiciária compõe-se das práticas exercidas sobre a obrigação do
objetivo de subsidiar uma decisão judicial e, por isso, impõe-nos a atuação com
imparcialidade. O subsídio a ser ofertado sintetiza-se na emissão de um parecer
técnico fundamentado, em uma tomada de posição, na expressão de uma opinião. A
emissão de parecer é o cerne dessas práticas.
A perícia é o conjunto de procedimentos selecionados pelo perito para a
realização do estudo voltado a colher elementos capazes de fundamentar a produção
do parecer.
Destaque-se que o requerente se distingue do periciado. Não há impedimentos
a que se produza um parecer sem que se tenha, antes, realizado uma perícia. O
cuidadoso estudo psicológico da situação sobre apreciação judicial e a realização de
avaliação psicológica são meros meios para se produzir o parecer, sendo, em tese,
prescindíveis. Entretanto produzir um parecer sem realizar um amplo estudo e uma
séria avaliação é uma prática profissional é considerada irresponsável.
A psicologia forense, em que inserimos o subconjunto psicologia judiciária, haja
vista que ambas têm seus procederes vinculados ao que se passa no foro, inclui,
também, a assistência técnica psicológica forense: prática exercida sobre a égide da
relação entre profissional e cliente/usuário de serviço público em que o psicólogo (a)
assume objetivo explicitamente parcial de influenciar uma decisão judicial, seja por
força de compromisso profissional para com o cliente, seja por força das obrigações
funcionais próprias dos serviços públicos em que o psicólogo (a) trabalha.
A Psicologia Jurídica foi definida como o conjunto universo em que está contida
a psicologia forense, que, por sua vez, contém a psicologia judiciária. É na psicologia
Jurídica que se situam as práticas psicológicas com envolvidos em situações
judicializadas ou judicializáveis, quando, para preservar-se o caráter genuinamente
psicológico clínico da atuação do psicólogo (a), esquivamo-nos de atender a objetivos

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do direito, ou seja, o psicólogo (a) não reconhece tendo a obrigação de fornecer
relatórios, laudos ou pareceres, tampouco pretende influenciar a decisão.
Também são psicologia jurídica todo o conjunto de práticas relacionadas à
interface psicologia-direito a que não se aplicam ponderações quanto a
parcialidade/imparcialidade.
Toda a justiça atua a partir de uma posição de imparcialidade fundamentando
suas decisões em seus princípios norteadores, os quais se consolidam conforme
refletem os interesses e a dinâmica da sociedade como um todo. Sabemos haver
interesses de grupos que se camuflam como interesses de todos e que se fazem
exercer, ainda que em prejuízo da maioria.
A imparcialidade deve ser entendida como relativa, ou seja, por um lado, a
Justiça é imparcial na medida em que deixa falar todos os envolvidos sem se deixar
cativar pelas alegações de cada um deles; por outro, é parcial perante os interesses
coletivos, isto é, tende a privilegiá-los ao proferir suas decisões.
No âmbito processual, a imparcialidade concretiza-se nas alegações de
suspeição e de impedimento, admissíveis tanto em relação ao juiz, quanto aos
auxiliares da justiça e aos membros do MP-Ministério público.
A atuação profissional do psicólogo (a) no Tribunal de Justiça impõe-lhe um
posicionamento ético-político. É consensual o argumento de que, no exercício de toda
e qualquer prática profissional, não há imparcialidade, nem neutralidade.
Entretanto, a imparcialidade é um pressuposto da atuação em nome da Justiça
e concretiza-se, na letra da lei, na possibilidade de alegar-se impedimento ou
suspeição tanto do juiz, quanto de todos que a seu serviço manifestam-se nos autos
do processo. O Art. 148 do CPC estende os motivos de impedimento e de suspeição
aos auxiliares da justiça e "aos demais sujeitos imparciais do processo".

Segundo Silva, a essência da função do perito é oferecer ao juiz subsídios


dentro de seu conhecimento técnico científico, sendo fundamentais o
diagnóstico e o laudo, não podendo o profissional eximir-se de apresentá-los,
(Silva 2003).

Bernardi (2005) afirma que o psicólogo deve ter a consciência e refletir sobre
as implicações éticas e políticas do seu trabalho, devendo considerar sempre que os
seus resultados podem ser determinantes na medida judicial aplicada ao caso pelo
juiz, embora este não esteja obrigado a acatar o laudo psicológico para sua decisão.

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