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UNITINS

KRYSLANNY SILVA DE ALMEIDA

A CRIMINOLOGIA E OS FATORES CRIMINÓLOGICOS

AUGUSTINÓPOLIS
2023
KRYSLANNY SILVA DE ALMEIDA

A CRIMINOLOGIA E OS FATORES CRIMINÓLOGICOS


Trabalho apresentado a
disciplina de criminologia,
ministrada pelo professor
Halan para obtenção de nota.

AUGUSTINÓPOLIS
2023
Resumo
O presente trabalho busca trazer conceitos de biologia criminal,
sociologia criminal e psicologia criminal. Todos esses temas estão inclusos na
criminologia e ajudam os estudiosos a entender o crime, o criminosos entre
outros elementos do crime baseado em algum aspecto relevante.
Nos últimos anos a criminologia tornou-se um elemento poderoso na
investigação criminal. Há várias áreas que são utilizadas nela como biologia
criminal, sociologia criminal e psicologia criminal. O objetivo básico do presente
trabalho foi descrever o conceito das áreas bem como seus principais pontos.
Para isso, recorreu-se a uma revisão de literatura dos vários trabalhos em que
essas áreas e técnicas são descritas detalhadamente. Isso demonstra a
importância e justifica os trabalhos que contribuem para aprimorar o
desenvolvimento e difusão do conhecimento acerca das ciências criminais.

Palavras-chave: criminologia; biologia criminal; psicologia criminal; sociologia


criminal;

Abstract
The present work seeks to bring concepts of criminal biology, criminal
sociology and criminal psychology. All these themes are included in criminology
and help scholars to understand crime, criminals and other elements of crime
based on some relevant aspect.
In recent years criminology has become a powerful element in criminal
investigation. There are several areas that are used in it such as criminal biology,
criminal sociology and criminal psychology. The basic objective of this work was
to describe the concept of areas as well as their main points. For this, a literature
review of the various works in which these areas and techniques are described
in detail was used. This demonstrates the importance and justifies the work that
contributes to improving the development and dissemination of knowledge about
the criminal sciences.

Keywords: criminology; criminal biology; criminal psychology; criminal sociology;


SUMÁRIO
1.0 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 4
2.0 CONCEITO DE CRIMINOLOGIA ................................................................. 5
3.0 BIOLOGIA CRIMINAL ................................................................................. 6
3.1 OS FATORES BIOLÓGICOS COMO DETERMINANTES DA CONDUTA
CRIMINAL ....................................................................................................... 6
3.1.1 Posições biológicas sobre comportamento criminoso a partir da
base do determinismo genético ............................................................... 7
3.2 BIOLOGIA FORENSE .............................................................................. 8
4.0 PSICOLOGIA CRIMINAL .......................................................................... 10
4.1 CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA CRIMINAL.................................... 10
4.2 PERFIL CRIMINAL – CRIMINAL PROFILIN ............................................11
5.0 SOCIOLOGIA CRIMINAL .......................................................................... 13
5.1 O QUE É UMA SOCIEDADE? ................................................................ 13
5.2 O DELITO COMO PROPAGAÇÃO IMITATIVA ...................................... 14
6.0 CONCLUSÃO ............................................................................................ 17
REFEERÊNCIAS ............................................................................................. 18
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1.0 INTRODUÇÃO
Os fatores criminológicos, podem influenciar o indivíduo a cometer
algum tipo de criminalidade, graças a isso o chamamos de fatores criminológicos
condicionantes. Eles podem se dar de forma individual (endógenos) e
sociológica ( exógenas) , no primeiro caso fornece uma explicação individual do
caso ( homem criminoso) e na segunda busca fornecer a compreensão da
criminalidade como um fenômeno social ( sociedade criminógena) .
Os fatores individuais podem ser divididos em : biológicos (
bioantropológicos) , psicológicos e psiquiátricos. Jà os fatores sociais podem ser
estudados através da Enfoques multifatoriais, Escola de Chicago, Teorias
estrutural-funcionalistas: A teoria da anomia, Teorias do conflito, Teorias
subculturais e Teorias do processo social.
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2.0 CONCEITO DE CRIMINOLOGIA


A criminologia é um conjunto de conhecimentos que estudam os
fenômenos e as causas da criminalidade, a personalidade do delinquente e sua
conduta delituosa e a maneira de ressocializá-lo.
Foi no final do século XIX que a criminologia se tornou conhecida como
ciência autônoma com objeto específico de estudo, antes era vista apenas como
uma fase précientífica da criminologia, que era fundamentada através de
questionamentos superficiais (Bandeira & Portugal, 2017). Segundo Penteado
Filho (2019), a criminologia pode ser conceituada como “a ciência empírica
(baseada na observação e na experiência) e interdisciplinar que tem por objeto
de análise o crime, a personalidade do autor do comportamento delitivo, e da
vítima, e o controle social das condutas criminosas” (p. 21). Para Goes Júnior
(2012), a criminologia “trata-se da ciência que estuda o crime, a vítima, o
criminoso e as formas de controle social, analisando as causas e consequências
do crime para a sociedade.” (p. 38).
Portanto, pode-se pensar que a criminologia surgiu para entender os
fatores que levaram o indivíduo a cometer tais atos, podendo puni-lo de forma
justa. Segundo Bandeira e Portugal (2017), a criminologia enxerga o crime como
um todo, ou seja, o indivíduo delituoso, a vítima, a cena do crime, o contexto
social e como esses fatores podem interferir no ato criminal. Atualmente, a
criminologia está dividida em quatro objetos de estudo: o delito, o delinquente, a
vítima e o controle social.
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3.0 BIOLOGIA CRIMINAL


Estuda-se na Biologia Criminal o crime como fenômeno individual,
ocupando-se essa ciência das condições naturais do homem criminoso no seu
aspecto físico, fisiológico e psicológico. Inclui-a os estudos da antropologia,
psicologia e endocrinologia criminais.
3.1 OS FATORES BIOLÓGICOS COMO DETERMINANTES DA CONDUTA
CRIMINAL
Hoje -e acompanhando os avanços das pesquisas- ganha nova força a
velha discussão sobre se a base biológica que cada um de nós carrega é
responsável pelo comportamento criminoso. Essa discussão, como apontamos,
não é nova. A gênese dos estudos dos fatores biológicos como geradores do
crime deve ser encontrada no século XVIII, com Franz Gall, que investigou as
protuberâncias e outras irregularidades nos crânios dos detentos para encontrar
uma explicação biológica para o comportamento desses sujeitos.
Logo após as formulações de Gall, o pai da criminologia moderna,
Cesare Lombroso (1835-1909), professor de medicina legal da Universidade de
Torino e principal representante da escola positiva italiana, postulou a teoria do
"atavismo moral que é sua proposta de aplicação o mesmo método científico das
ciências naturais -como física, botânica, medicina ou biologia- para o estudo da
criminalidade, tarefa que realizou na primeira edição de sua obra "L'uomo
criminal who sees the light in 1876 and with que ele lança as bases da
antropologia criminal. Devemos esclarecer que a proposta de Lombroso não é
original dele, pois Augusto Comte já a havia realizado em 1842, por meio de sua
obra "Cours de Philosophie Positive" (Curso de Filosofia Positiva), na qual se
propunha estudar o comportamento humano e sociedade através da
observação, comparação e experimentação, da mesma forma que nas ciências
naturais.
A formulação de Lombroso revelou a ideia do criminoso nato e atávico –
um criminoso inato desde o nascimento ou desde sua origem – que era o
resultado de um processo evolutivo incompleto. O atavismo degenerativo, que é
o eixo central de sua teoria, ele o desenvolveu a partir dos estudos que Charles
Darwin realizou e que refletiu em sua obra "A origem das espécies", publicada
em 1859, na qual apontava exemplos de espécies que degeneram para fases
anteriores de seu desenvolvimento evolutivo. Lombroso, em seus depoimentos,
apontava que os criminosos natos e atávicos eram caracterizados por uma série
de traços físicos, como testa recuada e baixa, maçãs do rosto bem
desenvolvidas, orelhas em volta, muita pilosidade e braças maiores que o
tamanho do corpo. Com tais “descobertas”, ele se opõe às formulações da
Escola Clássica, que provocou um intenso debate científico entre ela e a Escola
Positiva. As formulações de Lombroso foram parcialmente seguidas por seus
discípulos, entre os quais Ferri, que atribuiu maior importância na etiologia do
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crime a fatores sociais, econômicos e políticos, e também classificou os


criminosos, em 1880, em cinco categorias: o delinquente nato ou instintivo; o
louco; o apaixonado; o ocasional e o habitual.
Por sua vez, Garofalo –o outro discípulo de Lombroso– considerou que
a Criminologia deveria estudar o crime, tanto do ponto de vista do fato individual
quanto do fenômeno social, e que o Estado – com base nos resultados desses
estudos – estabelecesse medidas, preventivas ou repressivas , para controlar o
crime. Considerava também que na origem da delinquência estava uma
deficiência mental ou moral, de natureza hereditária, que provocava no sujeito
falta de sentimentos altruístas e dificuldades de viver em sociedade, o que o
levava a considerar que a Sociedade precisava de defender se opõe a essas
pessoas com todos os meios à sua disposição, incluindo a pena de morte e a
prisão de criminosos em colônias distantes. Essas abordagens levaram muitos
socialistas da época a admitir o controle genético das classes perigosas e a ser
a favor da internação, por toda a vida, de reincidentes ou da pena de morte para
homicídios.
Além disso, Ferri e Garofalo, com suas formulações, destacaram as
importantes repercussões que a teoria de Lombroso teve na ciência criminal da
época de seu tempo: com sua abordagem, considerando que uma pessoa
comete um crime porque sua própria natureza o impõe, determinou-se a
inutilidade da existência de um Código Penal, que punisse pela prática de atos
criminosos culposos e, a partir da teoria de Lombroso, não haveria outra
alternativa senão impor a pena com base na periculosidade do infrator na
ausência de culpa, razão pela qual
Segundo Cerezo Mir– estaríamos diante de uma responsabilidade que
se daria pelo simples fato de viver o sujeito em sociedade. Essa forma de
contemplar a formulação de Lombroso levaria ao fato de que, caso se admitisse
que o sujeito, com os traços que ele aponta, está biologicamente determinado a
cometer um crime, a pena que lhe corresponderia duraria enquanto persistisse.
a periculosidade do delinquente que, obviamente, pode levar à prisão perpétua
no caso de delinquentes incorrigíveis.

3.1.1 Posições biológicas sobre comportamento criminoso a partir da base


do determinismo genético
A ciência biológica tenta localizar e identificar em alguma parte do corpo
humano um fator patológico, disfunção ou desordem orgânica que dê uma
explicação para o comportamento criminoso. A localização que a biologia
pretende estabelecer é realizada através de uma série de especialidades como
a ciência antropológica, biotipológica, endocrinológica, genética,
neurofisiológica, bioquímica, etc.
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Assim, as abordagens que tentaram explicar o crime com base em um


substrato biológico ou genético foram contestadas pela Criminologia,
argumentando que, se os fatores etiológicos do crime fossem de natureza
genética ou inata, o tratamento contra ele consistiria, seja em uma modificação
de tais predisposições através de um tratamento farmacológico, mesmo
cirúrgico, ou através de medidas inócuas que separem o delinquente da
sociedade por longos períodos de tempo, como um mal menor, ou legitimando a
pena de morte nos casos de sujeitos incorrigíveis extremamente perigosos. Todo
esse debate levou à criação de diferentes correntes dentro da própria ciência
biológica que oferecem diferentes explicações para o fenômeno criminoso do
ponto de vista genético. Essas correntes são representadas pelas seguintes
posições:
-Posições apoiadas por um biologicismo genético;
- Posições neodeterministas;
- Posições moderadas;

3.2 BIOLOGIA FORENSE


A biologia forense é uma das ciências usadas pela justiça para
desvendar os mais diversos crimes investigados. Detectar e identificar fluidos
corporais no local de crime é um dos aspectos mais importante para essa
ciência. A determinação que há material biológico e sua identificação permite que
a amostra seja submetida a exames laboratoriais confirmatórios, dos quais o
mais específico é o exame de DNA. Às vezes identificar o fluido já é suficiente
para a resolução de um caso, no entanto, a identificação não é uma tarefa fácil,
pois a maioria dos fluidos corpóreos é invisível a olho nú ou semelhante a outros
líquidos e substâncias. O fato de uma mancha parecer obvia ao perito, não se
torna prova para a justiça, sendo necessária a realização de testes confirmativos
que apresente um resultado invariável baseado em leis científicas
incontestáveis, de forma que se os exames forem reproduzidos por outros
métodos o resultado permaneça constante (DOREA; STUMVOLL; QUINTELA,
2005; VIRKLER; LEDNEV, 2009).
A Biologia aplicada à área Forense permite que traços de fluidos sejam
recuperados em cenas de crime, pois estes representam os mais importantes
tipos de provas forenses em investigações. Eles contêm evidências de DNA que
pode identificar um suspeito ou a vítima, bem como exonerar uma pessoa
inocente. Motivados pela importância para aplicações forenses, os métodos de
identificação de fluidos corporais têm sido amplamente desenvolvidos nos
últimos anos (VIRKLER; LEDNEV, 2009).
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As evidências mais importantes nas cenas dos crimes são os fluidos


corpóreos, que devem ser identificados e colhidos pelos peritos criminais, pois
contêm importantes informações que podem identificar suspeitos e vítimas ou
exonerar indivíduos inocentes. O sangue é o vestígio biológico mais comumente
encontrado em locais de crime e, portanto, o mais examinado pela biologia
forense. Os testes de detecção presuntiva de sangue são utilizados por
investigadores forenses para identificar vestígios de sangue ou para investigar
manchas suspeitas, o ensaio luminol foi determinado como uma técnica sensível
para esta finalidade (WEBB et al., 2006). A detecção e confirmação de manchas
de sangue, na cena do crime, como sendo de origem humana é uma informação
importante para a investigação. Atualmente há uma série de métodos disponíveis
para detectar sangue (HURLEY et al., 2009). A identificação de pessoas através
do DNA é uma prova pericial que já é admitida internacionalmente nos tribunais,
sendo especialmente utilizada na resolução de casos relativos à criminalística
biológica (PINHEIRO, 2003/2004).
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4.0 PSICOLOGIA CRIMINAL


A Psicologia Criminal trata do diagnóstico e prognóstico criminais.
Ocupa-se com o estudo das condições psicológicas do homem na formação do
ato criminoso, do dolo e da culpa, da periculosidade e até do problema objetivo
da aplicação da pena e da medida de segurança.
Chamamos de Psicologia Criminal ou Psicologia Forense a área da
Psicologia que é responsável pelo estudo sobre o comportamento e os
processos psicológicos relacionados ao planejamento e perpetração de atos
criminais. Quem atua nesse ramo é o psicólogo criminal, que tem todo o
conhecimento necessário para analisar fatores externos e internos e traçar perfis
criminosos, por exemplo.
A Psicologia Criminal contribui ativamente com processos periciais e
jurídicos, uma vez que é capaz de dar respostas aos porquês dos atos criminais,
ajudando assim no julgamento dos seus responsáveis na justiça. É ela que
explica o comportamento da pessoa criminosa por meio da investigação de
motivos, emoções, pensamentos, intensões e até mesmo histórico da vida, além
de estudar também a vítima.
O campo da Psicologia Criminal, que tem o objetivo de descobrir qual o
motivo da realização de um crime, também se ocupa de temas como a ineficácia
do sistema carcerário no processo de ressocialização, e as condições
psicossociais que influenciam na realização de crimes. A área foi uma das
primeiras da História da Psicologia no Brasil, e sempre teve grande importância
na resolução de crimes, embora ainda sejam poucos os recursos destinados a
ela.

4.1 CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA CRIMINAL


A Psicologia Criminal contribui para a elaboração de perfis criminais,
através da observação de características dos delitos, assim como prováveis
comportamentos dos criminosos vistos na cena do crime por testemunhas ou
segundo relatos das vítimas. Podendo auxiliar, portanto, além da construção de
perfis psicológicos, o perfil do tipo de crime cometido e, até mesmo, a prevenção
de certas transgressões que podem acontecer, tudo isso a partir da análise da
cena de outros crimes semelhantes (Goes Júnior, 2012).
Alguns autores afirmam que os perfis elaborados determinaram
mudanças em alguns casos, pois surgem novas informações e a partir disso,
eles eliminam suspeitos ou focam a atenção em outros vestígios e sujeitos
(Homant & Kennedy, 1998, citados por Rodrigues, 2010).
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4.2 PERFIL CRIMINAL – CRIMINAL PROFILIN


Criminal Profiling Turvey (em Mendes, 2014) descreve a definição de
profiling, segundo o FBI, como “um processo de investigação que identifica a
grande personalidade e as características comportamentais do infrator com base
nos crimes que ele ou ela tenham cometido” (p. 310). O Perfil Criminal é umas
das técnicas de investigação que é usada também na cena do crime, sendo
estudada na Criminologia, Psicologia, Psiquiatria e nas Ciências Forenses, e é
através do conhecimento sobre padrões de comportamento, que esses são
avaliados e interpretados para que se possa traçar um perfil com prováveis
características do criminoso (Rodrigues, 2010). O Perfil Criminal pode ser divido
em quatro principais modelos: A Análise de Investigação Criminal (CIA – Criminal
Investigative Analysis): conhecida por ser o principal modelo de perfil usado pelo
FBI. Destaca o desenvolvimento de táticas, técnicas e procedimentos os quais
ajudarão na coleta de dados determinantes, que auxiliarão na elaboração de
uma possível personalidade e características do comportamento dos criminosos,
podendo avaliar se o perfil deste sujeito se difere da população em geral. O
segundo modelo, a Psicologia Investigativa: procura explicar os métodos
científicos usados na investigação de um crime, podendo também encontrar
auxílio na Psicologia, em relação ao ambiente e nos comportamentos mostrados
pela interação do sujeito com seu meio, porém, não deixando de olhar para o
entendimento geral do crime (Correia, et al., 2007).
A aplicação da técnica do Perfil Criminal pode ser realizada em diversos
casos e por profissionais da área do Direito, Psicologia, profissionais de Polícia,
Investigadores e outros profissionais que entendam sobre ocorrências criminais
(Rodrigues, 2010). Porém, os casos mais conhecidos são os crimes de homicídio
e crimes sexuais. Vale ressaltar que essa técnica sozinha não resolve crimes,
mas auxilia como uma das ferramentas forenses existentes, para que perfis de
criminosos sejam mais eficazes durante a investigação (Holmes & Holmes, 2009;
Kocsis, 2006 em Mendes, 2014). Sendo um complemento, pode ser usada junto
com outros tipos de técnicas, porém, não como solução para a resolução de
crimes específicos, como citado acima. Kocsis, (em Mendes, 2014), relata que
em alguns países há a distinção entre os termos “homicídio” e “assassinato”,
sendo que o homicídio é considerado o ato de matar outro ser humano, pode-se
usar como exemplo um acidente de carro; já o assassinato é matar um indivíduo,
especialmente com dolo, ou seja, assassinar uma pessoa por determinado
motivo. Quando o profiling é usado em casos de crimes sexuais, o objetivo é
identificar os tipos de vítimas, assim como o perfil dos criminosos, para entender
como cada um planeja os ataques, ajudando na investigação, na busca e
interpretação de provas e, posteriormente, na identificação e prisão dos
suspeitos. No propósito de compreender as origens dos comportamentos e das
motivações que levaram o sujeito a cometer certos crimes, é necessário, sempre
que possível, o relato da testemunha e também do ofensor.
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Já em casos de homicídio, em que não é possível obter dados através


do testemunho da vítima, os investigadores buscam provas na cena do crime,
que possam levar à alguma informação do criminoso.
O comportamento dos criminosos é dividido em dois grupos: os crimes
organizados e os desorganizados. Se a cena do crime é caótica, com diversas
provas e evidências físicas, indica um crime desorganizado, ou seja, “estas
surgem associada a ofensores com menores competências cognitivas e que
manifestam menor cuidado na forma como organizam e praticam o crime.
Geralmente são crimes que ocorrem de repente, sem um planejamento
específico” (p. 16). E se na cena do crime quase não são encontrado provas e
evidências, indica que o criminoso possui alto grau de organização, ou seja,
“derivam de ofensores com uma estrutura da personalidade com o mesmo tipo
de características, isto é, um tipo de ofensores que são cautelosos na forma
como praticam o crime, premeditam o crime, deixam menos vestígios e tendem
a escolher vítimas desconhecidas”
A construção de um perfil é baseada no máximo de informações
coletadas em relação ao crime ocorrido, a cena, objetos encontrados, assinatura
do criminoso (sinal comum que possa deixar em todos os crimes que comete),
informações das vítimas (idade, sexo, endereço, descrição física, estado civil,
etc.), hábitos, histórico familiar, profissional, financeiro, médico, histórico social,
amigos e inimigos, recentes mudanças, registros policiais, entre ouras
informações que vão surgindo no decorrer da investigação.
A técnica do Perfil Criminal é utilizada como um instrumento psicológico
no auxílio das investigações, que conciliará informações para que o caso seja
solucionado, identificando os comportamentos apresentados pelo criminoso na
hora do crime e podendo ser comparado com outros casos. A partir deste perfil,
os suspeitos começam a ser investigados, até que o criminoso seja encontrado
e relate o possível motivo que o levou a cometer tal crime.
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5.0 SOCIOLOGIA CRIMINAL


A sociologia criminal é o estudo do comportamento das pessoas que
cometem crimes e os elementos coletivos que nele intervêm.
A sociologia tem como objetivo compreender as várias culturas e
sociedades. Segundo o FNDE a sociologia é a parte das ciências humanas que
estuda o comportamento humano em função do meio e os processos que
interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições. Não obstante do
meio jurídico, compreender o comportamento do criminoso em relação ao meio
que vive é mais que essencial.
Logo, a sociologia criminal é basicamente a análise das ações
criminosas, considerando o contexto de tempo e lugar, bem como as conexões
que tem com o coletivo sem ter em conta das características psicológicas, morais
e psicológicas, de cada transgressor.
A sociologia criminal surgiu como disciplina, graças ao sociólogo e jurista
italiano Enrico Ferri (1856-1929).

5.1 O QUE É UMA SOCIEDADE?


Digamos, antes de tudo, que para Tarde uma sociedade é um resultado,
um equilíbrio alcançado, um produto –certamente instável e provisório– da vida
social. Isso não significa, porém, que ele veja o indivíduo como o fundamento
último e como o motor dessa vida social produtiva das sociedades. Ele também
parece ser um resultado, em certo sentido, instável e provisório. Ocorre que em
sua opinião o heterogêneo e não o homogêneo está no cerne das coisas
(1884:497). No que diz respeito ao indivíduo, isso significa que ele não nasce
semelhante aos outros ou a si mesmo, mas torna-se semelhante. E a mesma
coisa acontece com a sociedade. Isso se estabelece fundamentalmente por
laços de semelhança afetivo e avaliativo, mas aqui a coincidência de convicções
e paixões em um grande número de indivíduos não se refere a uma herança
orgânica, nem a um contrato de direito natural, nem a um fato social como
Durkheim o entende (coercitivo e externo aos indivíduos): I afirmam que aquela
minuciosa conformidade de mentes e vontades que constitui o fundamento da
vida social, mesmo no tempos mais convulsos, essa presença simultânea de
tantas ideias precisas, tantos fins e meios precisos, em todos os espíritos e em
todas as vontades, seja o efeito (...) da sugestão-imitação (1983:34-35).
A sociabilidade, e não a sociedade, será então a palavra-chave desta
sociologia. Sociabilidade ou "imitatividade", porque a forma como essa evolução
semelhante ocorre está ligada à ação social elementar de repetir um exemplo.
De modo que para Tarde a forma, o conteúdo e a relativa regularidade com que
ocorrem as uniões matrimoniais, as transações comerciais, as práticas
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religiosas, mas também as fraudes, roubos e assassinatos, terão sua causa no


quadro imitativo, no labirinto de espelhos mentais que constitui sociabilidade.
Assim, para Tarde, a sociedade é a organização da imitatividade, mas
tanto as invenções quanto as oposições que essa organização ou sistema nunca
pode ser fechado. Uma sociedade (e em geral qualquer sistema) é um grupo que
tende à coerência, completude e fechamento, sem nunca obtê-los. É um ponto
de chegada e estruturação, momentâneo e sempre inacabado, das paixões e
convicções multiformes que constituem a vida social.
Se a vida social é invenção e transmissão de crenças e desejos que
assumem a forma de correntes de fé ou de paixão popular, a sociologia não pode
ser outra coisa senão a cartografia desses fluxos.

5.2 O DELITO COMO PROPAGAÇÃO IMITATIVA


O crime, afirma Tarde de forma aparentemente prosaica, ocorre sob a
regra do exemplo. Pontualmente: mata-se ou não se mata por imitação
(1962:40). Mas também aqui não se restabelece a primazia de um indivíduo para
quem o social seria apenas um ambiente ao qual enfrentar, com ou sem sucesso,
sua vontade racional ou irracional. O importante é a imitação, não o imitador. E
a imitação em questão é a cópia (consciente ou não) por um agente de outros
comportamentos sociais.
O social não é então externo aos indivíduos que imitam, nem estes
indivíduos são unidades de vontade e/ou pensamento. Como qualquer outro
fenômeno social, os crimes são inventados, disseminados –isto é, ficam na
moda– e, às vezes, se enraízam, tornando-se em formas mais ou menos
tradicionais de fazer, sentir e pensar. Não há diferença nisso entre a prática de
roubo e assassinato e a práticas de linguagem, religião, moralidade ou indústria:
todas começam como inovações e tendem a se espalhar e criar raízes. À tarde,
qualquer costume corrente (ra pacidade ou trabalho, violência ou negociação),
foi copiado ontem, e começou como "uma semente exótica trazida por um ar
social" (1962:105).
Uma consequência disso é a impossibilidade de afirmar que uma nação,
um grupo ou uma classe – mas também não é um indivíduo – é constitutiva,
essencialmente cruel, predatória ou má: se assim fosse, tornou-se tal por imitar
os outros e a si mesmo.
Os delinquentes “nascidos” do positivismo criminológico não são, na
realidade, mais do que indivíduos capturados pelo hábito: pelo hábito ou pelo
ofício dirigem forças para fins ilícitos que seriam eles próprios susceptíveis de
outra direcção (1892:355). E criminosos "ocasionais" são aqueles que,
habitualmente orientados para fins legais, infringem acidentalmente a lei,
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iluminados por um invenção que não se repete, ou é momentaneamente


capturada por uma moda.
Entre os exemplos de invenções que se tornaram epidemias criminais
contemporâneas a ele, Tarde (1962) cita o atentado ao pudor (que se espalhava
de uma cidade para outra, e da cidade para o campo), várias técnicas de furto e
a moda de jogar ácido no rosto de um ente querido - uma ideia toute parisiense
que foi repetida com sucesso entre os Mulheres traídas de toda a França. Mas
as referências mais impressionantes e sintomáticas que ele sugere para ilustrar
esse ponto são os casos de Henriette Cornier e Jack o estripador. E isso porque,
ao contrário dos anteriores, é especialmente difícil encontrar justificativas
racionais para eles.
Todos os indivíduos procuram maximizar sua utilidade e o processo de
tomada de decisão pode ou não contemplar estar fora da lei. E é graças à
sociologia criminal que é possível analisar os atos criminosos não apenas como
dados individuais isolados. Em vez disso, leva dados que produzem padrões de
comportamento. Com essas informações, é possível construir estatísticas que
permitam aos governos dos países tomar medidas que reduzam o percentual de
crimes e até mesmo os previnam.
Lembremos que a insegurança é extremamente onerosa para cada país,
pois põe em perigo a vida de seus habitantes, os investimentos, a geração de
empregos, a estabilidade econômica e a paz em geral.
As condições para coibir atos criminosos se concentram em dois
sentidos principais. Por um lado, reduzindo o ganho monetário decorrente do
crime e, por outro, aumentando a severidade da punição.
É necessário ter em mente que, embora seja verdade, nem todos os atos
criminosos visam o ganho monetário, também é verdade; À medida que a
severidade das punições e o maior controle, como o aumento das taxas de
encarceramento, um maior número de policiais, as leis cada vez mais
consideram os atos que causam dano moral como ilegais pelos danos que
causam, etc. Então, os atos criminosos serão reduzidos independentemente do
contexto macrossocial.
A Sociologia Criminal, estudando as causas que levam o homem ao
crime, não desconsidera que a própria forma de organização da sociedade, com
suas falhas e defeitos surgidos ao sabor da crescente complexidade de suas
exigências, pode revestir-se de condição para que a criminalidade aconteça.
Essa sociedade, diga-se, necessita de leis gerais que presidam sua constituição,
organização, funcionamento e sua própria evolução (FERNANDES;
FERNANDES, 2002, p.377).
A conduta criminosa é aprendida, é conduta socializada. A família, a
escola, a vizinhança, os grupos de amigos, o ambiente profissional – as
16

instâncias que realizam, portanto, o processo de socialização do indivíduo, sua


prática no padrão de conduta social, sua mentalidade e as normas – são as
instituições, cujos defeitos prematuros podem colocar o germe do desvio delitivo.
(HASSEMER, 2005, p. 67).
17

6.0 CONCLUSÃO
Os fatores criminológicos citados a cima são importantes para
entendermos o perfil do criminosos e os fatores que o lavam a cometer tal delito,
tendo como base o estudo do preste trabalho não há estudo mais importante que
o outro ou uma hierarquia de valores, pois ambos se complementam.
Entende-se por sociologia criminal que o crime está sujeito aos mesmos
princípios gerais que regem o mundo social como um todo. Isso implica, em que
os crimes são inventados e propagados da mesma forma que uma técnica de
produção ou uma ideologia política. Logo, um crime será então uma ação sempre
motivada por um exemplo ambiental; e uma ação passível, por sua vez, de se
tornar em modelo e se difundir repetidamente como moda em todos os espaços
culturais que de alguma forma se relacionem com ela. Em segundo lugar, implica
que, como difusão imitativa, a atividade criminosa pode ser organizada,
estabelecida como uma “teoria da vida” e prática habitual, disponível como um
padrão de comportamento mais ou menos tradicional.
Tendo em vista a Psicologia Criminal, sabe-se que ela contribui para a
elaboração de perfis criminais, através da observação de características dos
delitos, assim como prováveis comportamentos dos criminosos vistos na cena
do crime por testemunhas ou segundo relatos das vítimas, e também na
prevenção de novos possíveis crimes, tendo como base outros crimes que já
ocorreram. Neste momento, acreditamos que se pode concluir que a presença
de um gene associado a algum traço comportamental não é determinante para
explicar comportamentos criminosos, pois nestes intervêm a partir das
abordagens de abordagens biológicas moderadas - que consideramos a postura
mais adequada - a fatores genéticos ou ambientais. Diante dessa conclusão, o
desafio científico será determinar – se isso for possível – em que medida os
fatores em questão influenciam o desenvolvimento do comportamento criminoso.
No entanto, até que chegue esse momento, não devemos esquecer
várias ideias: que embora se tenha encontrado uma relação entre alguns fatores
biológicos e a maior ou menor tendência para a agressividade das pessoas, isso
não implica necessariamente, a prática de crimes, mas confirma que algumas
pessoas são mais propensas a se comportar de forma violenta do que outras.
Já a biologia forense é uma das ciências usadas pela justiça para
desvendar os mais diversos crimes. Detectar e identificar fluidos corporais no
local de crime é um dos aspectos mais importante para essa ciência, permitindo
que a amostra seja submetida a exames laboratoriais confirmatórios, dos quais
o mais específico é o exame de DNA. O Código de Processo Penal Brasileiro
determina que os locais de crime sejam preservados até a chegada do perito,
pois na cena do crime são encontrados vestígios biológicos, no entanto, no Brasil
ainda não há uma tradição de preservação do local de crime, dificultando a
investigação policial.
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REFEERÊNCIAS

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auxiliar investigações criminais. 2019.
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