I. INTRODUÇÃO
1. CONCEITO
O termo ‘criminologia’ foi empregado pela primeira vez em 1883, por Topinard, e aplicado de forma universal por Rafael Garófalo, em sua obra
Criminologia.
Há divergência quanto à origem da criminologia, se o nascimento da criminologia veio no século XIX, com a Escola Positiva de Lombroso (O homem
delinqüente). Defendida por criminológicos etiológicos. É o positivismo criminológico. Ou se foi originada no século XVIII, com a Escola Clássica de
Beccaria (Dos Delitos e das Penas) traz a racionalização do poder punitivo, propugna a humanização das sanções, supressão da tortura, princípios da
legalidade, humanidade, proporcionalidade das penas. Defendida por criminológicos da Reação Social (Juarez Cirino dos Santos). Outros afirmam que a
Criminologia nasceu no Século XV com a publicação da obra Malleus Maleficarum de Heinrich Kramer e James Sprenger, que segundo Zaffaroni foi o
primeiro discurso criminógeo.
A criminologia é uma ciência empírica e interdisciplinar que tem por objeto o crime, o delinquente, a vítima e o controle social do comportamento
delitivo.
Ainda, a Criminologia aporta uma informação válida, contrastada e confiável sobre a gênese, a dinâmica e as variáveis do crime (entendido este como
um fenômeno individual e como um problema social e comunitário), assim como sobre sua prevenção; eficácia das formas e estratégias de reação e as
técnicas de intervenção positiva no infrator. (Antonio Garcia-Pablos de Molina).
Ainda, é um estudo experimental do fenômeno do crime, para pesquisar-lhe a etiologia (origem) e tentar sua debelação (solução). (Nelson Hungria).
“Ciência que tem por objeto o estudo causal-explicativo do delito”. (Rafael Garófalo).
É a ciência que aborda o acontecimento delitivo nos seus aspectos individual e antissocial e na sua causação, inclusive destacando seus provocativos no
intento de atenuar a incidência criminosa. (Newton Fernandes/Valter Fernandes).
A Criminologia observa e examina tudo aquilo que se relaciona com o crime e com o criminoso, logo, verifica-se: o comportamento do criminoso; a forma
como é praticado o crime; o tempo e o lugar que é cometido o crime; as características do delinquente dando proeminência à idade, sexo etc., e o exame
da vida do criminoso.
Assim, em face da sua complexidade, há definições provisórias do que seja a Criminologia, já que esta é uma ciência do “SER” e não uma ciência
“EXATA”.
“Cabe definir a Criminologia como ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da
vítima e do controle social do comportamento delitivo, e que trata de subministrar uma informação válida, contrastada, sobre a
gênese, dinâmica e variáveis principais do crime – contemplado este como problema individual e como problema social.” (Garcia-
Pablos de Molina).
2. MÉTODO
Para o estudo da Criminologia, faz-se uso do método empírico e interdisciplinar. Tais métodos fornecem uma informação válida e confiável – não refutada
– sobre o complexo problema do crime, inserindo numerosos e fragmentados dados obtidos sobre ele em um marco teórico definido.
A Criminologia adquiriu autonomia e status de ciência a partir do instante que o Positivismo passou a generalizar o emprego do método empírico. Assim, a
análise, observação e a indução substituíram a especulação e o silogismo. Houve a superação do método abstrato, formal e dedutivo do mundo clássico.
Para Augusto Comte, uma das virtudes do método positivo foi a submissão da imaginação à observação e dos fenômenos sociais às leis implacáveis da
natureza.
2.1. Ciência: método (meio que conduz ao conhecimento ou a verdade científica) + objeto (ponto que distingue as ciências).
2.2. Empirismo: método empírico: análise e observação da realidade. O objeto da Criminologia pertence ao mundo do real, do verificável, do mensurável,
apresentado ao investigador como um fenômeno da realidade – é um saber provisório, aberto.
2.3. Interdisciplinar: está associado à consolidação da criminologia como ciência autônoma, mesmo que tenha a necessidade de interação com outros
ramos de ciências.
Ciências que se ocupam do crime como fenômeno individual e social: biologia criminal, psicologia criminal e sociologia criminal.
Portanto, a Criminologia é uma ciência do “ser”, empírica, servindo-se de um método indutivo, baseado na análise e na observação da realidade.
As disciplinas jurídicas (o Direito) são uma ciência cultural, do “dever ser”, normativa utilizando-se de um método lógico, abstrato e dedutivo.
2.4. Criminologia Moderna: pretende exercer a política preventiva. Esta prioriza a prevenção:
A criminologia é uma ciência do “ser”, ou seja, visa entender e explicar a realidade, utilizando-se para tanto de um método
empírico e indutivo. Empírico, pois analisa a realidade através do uso dos sentidos, onde os dados coletados são concretos,
materialmente verificáveis (uso da estatística) e é indutivo, pois em decorrência da observação de premissas específicas é
possível se construir uma teoria genérica capaz de explicar determinado fenômeno. Diferentemente do direito, caracterizado
como uma ciência do “dever ser” e que se utiliza de um método lógico e dedutivo que parte de uma premissa geral (a lei) para
chegar a uma conclusão particular.
Enquanto o direito valora o fato, definindo-o ou não como algo lesivo para a coletividade, a criminologia o analisa e explica, como
um fenômeno real.
2. OBJETO
A Criminologia tem como objeto a análise do delito, do delinquente, da vítima e do controle social.
3. SISTEMAS DA CRIMINOLOGIA
Sistematiza os dados coletados, transformando-os em informação, interpretando esta e atribuindo-lhe um determinado valor.
4. FUNÇÕES DA CRIMINOLOGIA
Explicar e prevenir o crime e intervir na pessoa do infrator e avaliar os diferentes modelos de resposta ao crime.
Crime, criminoso e criminalidade como objeto criminológico nas escolas clássica, positiva e técnico-jurídica.
1. INTRODUÇÃO
A sociedade politicamente organizada, pautada na ideia de coletividade, em uma visão geral de todos os indivíduos sem qualquer forma de distinção ou
exclusão, dirigiu-se no sentido de editar normas de conduta que disciplinassem a vida do homem em sociedade, garantindo, desta forma, a segurança do
convívio social. Para tanto, coube ao legislador editar tais normas para fixar os limites dessas condutas individuais, diminuindo-se, pois, a liberdade
individual de cada pessoa em benefício de uma maior segurança em sociedade. Em meio a este cenário, surge o Direito, inspirado pela preservação
desses valores e pela busca da convivência harmônica do homem inserido no meio social.
Com isso, garante-se que qualquer um que, intencionalmente ou não, atentar contra essa harmonia, quebrando a serenidade da convivência social ou de
qualquer um de seus valores será alvo dessas normas previamente estabelecidas com o intuito de coibir tais condutas. Por sua vez, ao Estado coube o
dever de intervir na em tais situações buscando o restabelecimento do equilíbrio inicial, sempre pautado pelos limites de ação estipulados pelas normas.
Logo, foi com o objetivo de adequar o comportamento do homem à sociedade que surgiram as instituições penais, limitando coercitivamente a conduta
humana de forma a garantir a tranquilidade geral.
2. ESCOLA CLÁSSICA
Construiu-se uma abordagem liberal ao direito criminal, a utilidade do direito de punir pautada no direito social.
Objeto de Estudo: O Crime. O crime era percebido como ente jurídico, opção de escolha pessoal do indivíduo em face do seu livre arbítrio. As pessoas
têm livre arbítrio e dentro dessa liberdade elas optam pelo crime. O criminoso é imputável, é normal, ele só fez uma escolha.
A Escola Clássica surgiu no final do século XVIII, e constituiu-se de um conjunto de ideias, teorias políticas, filosóficas e jurídicas acerca das principais
questões penais. Antecessora ao positivismo, em sua primeira fase, a escola clássica procurou pontuar a diferença entre a justiça divina e a justiça
humana, lutando pela soberania popular contra o absolutismo e também pelos direitos e garantias individuais. Beccaria como Expoente.
Em um segundo momento, focou-se no estudo jurídico do crime e da pena através da sistematização de normas jurídicas repressivas tendo como
principais conceitos a responsabilidade penal, o crime e a pena.
A responsabilidade penal baseia-se no livre arbítrio, sendo, desta forma, o conceito de liberdade individual de primordial importância para a manutenção de
todo o sistema positivo, pois segundo preceitua Jiménez de Asúa em um dos postulados mais importantes dos clássicos – “a imputabilidade baseada no
livre-arbítrio e culpabilidade moral”. O crime como um ente jurídico, produto da livre vontade do agente, ou seja, é a livre manifestação do sujeito. A pena
como um mal e como meio de tutela jurídica, um mal justo que se contrapõe ao crime - um mal injusto - um castigo dado ao indivíduo pelo mau uso de sua
liberdade.
Como expoentes desta escola, temos: Pelgrino Rossi, Giovanni Carmignani, o alemão Anselmo Von Fewerbach e sem dúvida a maior representação desta
escola Francesco Carrara.
Pelgrino Rossi consubstancia-se na necessidade social para fundamentar a essência da lei penal. Sendo a necessidade social da pena limitada em relação
ao homem em razão dos princípios morais, deve a ordem social funcionar como instrumento regulador de atuação da ordem ética. Em outras palavras, o
homem tem na sociedade deveres sociais, sendo estes violados, consuma-se o crime, a pena em contrapartida consiste no restabelecimento da ordem
social afetada pela conduta antagônica ao ordenamento jurídico.
Giovanni Carmignani também tem sua doutrina fundada na necessidade política da conservação social. No seu ensinamento, separa a moral do campo do
direito, entendendo que a lei ética funciona como limite e medida da ciência jurídica, tendo na pena o instrumento necessário para preservar a sociedade
de futuras agressões e não como meio de vingar-se do delito já cometido.
Anselmo Von Fewerbach entende que a pena tem duas vertentes. A primeira abrange seus aspectos psicológicos, em que o indivíduo é levado a não
cometer delitos devido à influência negativa que a pena exerce diretamente sobre sua vida. Já a segunda trata da coação propriamente dita, exercida pelo
Estado na aplicação da pena em concreto.
Francesco Carrara, com seus estudos que até hoje são atuais, tratou de todos os assuntos do Direito Penal como entidade jurídica. É o verdadeiro
fundador da dogmática penal, estudando o delito e a pena sub especie juris, apesar de não se basear em nenhuma lei positiva ou código. Partindo da lei
natural, constrói a teoria do delito como ente jurídico e, em continuidade com esse método, estuda os delitos em espécie, deixando um legado de estudos
sobre a parte especial dos códigos que até hoje não foram superados.
3. ESCOLA POSITIVA
Na Pena buscava a Prevenção Especial, pela neutralização individual ou correção.
O Crime se Explicava pelo estudo ontológico, da essência do ser, pré-constituido, natural (Garofalo).
Pautava-se no paradigma etiológico, reduzido à noção de causa e efeito para explicar o crime.
Parte do pressuposto de que a criminalidade é um meio natural de comportamentos e indivíduos que se distinguem de todos os outros comportamentos de
todos os outros indivíduos.
Modelo de Criminologia que busca estudar as causas do crime. O objeto é o homem criminoso.
O positivismo do paradigma etiológico se apresenta ao mundo (junto com as outras ciências) como ciência (status de ciência). Conhecimento positivista =
conhecimento científico.
Estabelece-se uma divisão entre o (sub) mundo da criminalidade, composta por uma minoria de perigosos e anormais [o mal], e o mundo decente da
normalidade, representado pela maioria [o bem]. A resposta do Estado à criminalidade seria a defesa social (a pena). O futuro: a recuperação.
3.1. Introdução
Ao final do século XIX, quando se tornava insustentável a ideia do liberalismo extremado em que o homem era conduzido para uma situação social e
política verdadeiramente desumana, onde se buscava com base na experiência e na observação explicações para todos os fenômenos da realidade
cósmica, dentre eles o crime, visto como fenômeno humano e social, surge a escola positivista, colocando-se em posição antagônica aos seus
predecessores – a escola clássica – sustentando ideias, tais como: as ciências causais explicativas que estudam metajuridicamente o crime e a
criminalidade, influenciando no abstracionismo jusnaturalista do Direito Penal clássico e princípios realistas que impuseram um contato mais acentuado da
justiça penal com o indivíduo.
A escola positiva pode ser dividida em três fases e cada uma delas tem seu principal representante, que são:
3.2. Primeira Fase – Antropológica
Representada por César Lombroso, médico legista, considerado criador da escola positiva. Difusor do método empírico, que se contrapõe ao método
dedutivo da escola clássica. O método empírico é a principal contribuição de Lombroso. Ou método Indutivo-Experimental.
Lombroso formulou a teoria do criminoso nato ao considerar certas características físicas e psíquicas – insensibilidade física e psíquica, baixo senso de
moral, pronunciada assimetria craniana, fronte baixa, dentre outras características – peculiares aos criminosos que observara em seus estudos realizados
na época. Pesquisas Craniométricas. Teoria do Atavismo ou Degenerescência em que o delinqüente poderia ter um retrocesso atávico que originava a
agressividade, fator de inferioridade. Alegou ter descoberto a fosseta occiptal média, nervura contida no cérebro dos delinqüentes. Classificação dos
criminosos.
Acreditava que a propensão inerente ao crime, para certos indivíduos, tinha origem em fatores biológicos, assim como nascem pessoas loucas ou doentias
da mesma forma o criminoso já era constituído ao nascer, não significando com isso que qualquer pessoa que tivesse algum desses sinais seria
potencialmente um criminoso, mas sim, que estas características seriam mais acentuadas e peculiares a este tipo de indivíduo.
Portanto, para a escola positiva o crime é um fato humano originado de fatores individuais, físicos e morais. Completamente oposto ao que considerava a
escola clássica, o crime como sendo um ente jurídico.
Assim, Lombroso desenvolveu a tese do criminoso nato: a causa do crime é encontrada no próprio criminoso. Parte do determinismo biológico (anatômico-
fisiológico), procurando comprovar sua teoria através da confrontação de grupos não criminosos com criminosos. Pesquisa em presídios/manicômios do
sul da Itália com um arsenal de engenhocas para ‘medir ’criminosos.
Ferri conteve idéias de Lombroso, corrigiu suas teses do criminoso nato, apoiou-se nos fatores exógenos, sócio-economicos e culturais.
Buscava a prevenção especial. Disciplinas que interagiam: Antropologia e Medicina legal (Lombroso); Sociologia (Ferri) e Direito (Garofalo).
Pena: Tinha uma função de defesa social, recuperação ou neutralização, de prevenção Especial Positiva (PEP) moralizante que alçava a evolução moral,
ou prevenção especial negativa (PEN) que almejava a pena de morte dos incorrigíveis.
Nos seus ensinamentos, substituiu a responsabilidade moral pela responsabilidade social, afirmando que o homem só pode ser responsabilizado por algo
porque vive em sociedade, estando ele isolado não lhe caberia nenhuma responsabilidade. Buscou dar mais importância à prevenção em lugar da
repressão, pontuando fatores econômicos e sociais como causas de origem da criminalidade.
Estabeleceu uma classificação para os criminosos dividindo-os em cinco grupos: natos, loucos, habituais, ocasionais e passionais. Os natos e os loucos
foram relacionados na primeira fase, a antropológica, e nesta foram mantidos. O criminoso habitual é fruto do meio em que está inserido, geralmente
começa bem cedo praticando pequenos delitos os quais são punidos com penas reduzidas e cumpridas de modo inadequado e em conjunto com demais
presos de diferentes graus de periculosidade, contribuindo cada vez mais para sua corrupção a práticas delituosas. Ao contrário do criminoso ocasional,
que por ser facilmente influenciado por situações – miséria, más companhias, impunidade – é impulsionado na vida do crime. Por último temos os
criminosos passionais, que como o próprio nome indica, são impelidos a práticas criminosas no calor de suas emoções, geralmente se arrependendo logo
após o fato o confessa.
Assim, com Ferri nasce o Positivismo sociológico - ideia de que pobreza causa criminalidade. Desenvolve a antropologia de Lombroso numa perspectiva
sociológica; ele admite uma tríplice série de causas ligadas ao crime: (1) individuais (orgânicas e psíquicas), (2) físicas e (3) sociais (ambiente social). Esta
tríplice ordem de fatores que conformam a personalidade de uma minoria de indivíduos perigosos.
Buscou idealizar um conceito de crime que pairasse acima das legislações e tinha na moral um bem indispensável a todos os indivíduos que vivessem
socialmente. A avaliação da conduta criminosa tinha que ser levada em consideração para determinar a dosimetria da pena, como também a constância e
o grau de perversidade utilizada pelo infrator.
Assim, Garófalo o nome Criminologia. Nasce o conceito de periculosidade: potencial de criminalidade que algumas pessoas têm. Criminalidade associada
a periculosidade que alguns homens com certas características fisiopsicológicas, o que gera violência individual (homens já determinados).
Adeptos:
Walton, Taylor, Young, Baratta, Bricola, Pavarini, Melossi, Zaffaroni, Cirino, Batista, Karam, Malaguti.
Definição: (Cirino): A Criminologia Crítica vincula o fenômeno criminoso à estrutura das relações sociais. São criminosos e criminógenos os sistemas que
produzem por suas estruturas econômicas e sociais e superestruturas jurídicas e políticas as condições necessárias e suficientes para a existência do
comportamento desviante.
(Nilo Batista e Raúl Zaffaroni): A criminologia compreende uma serie de discursos, conjunto de conhecimentos de diversas áreas, que buscam explicar o
fenômeno criminal através dos saberes das corporações hegemônicas em cada tempo histórico. São aplicados À analise e critica do poder punitivo para
explicar sua operatividade social e individual, além de viabilizar a redução em seus nives de produção e reprodução da violência social.
Postulados: A criminologia crítica tem como base teórica o materialismo histórico. As instituições de poder criam a reação social que por processos de
definição atribuem a qualidade de crime e o status de criminoso. Desse modo, a reação social é quem cria norma penal, e esta é quem cria o crime.
Atua sob enfoque interdisciplinar associado à Sociologia Crítica, que entende a solução para a Criminalidade pela extinção da exploração econômica.
Tem viés marxista. Há crítica à Criminologia do consenso, em que o delito coloca-se como fenômeno do modo de produção capitalista. Pauta-se no
modelo de conflito social.
O enfoque macrossociológico desloca-se do comportamento desviante para os mecanismos do controle social, para os processos de criminalização.
Apóia-se sob os pilares da teoria materialista (econômico-politica) acerca do desvio, dos comportamentos tidos como socialmente negativos,
especialmente das classes subalternas.
Concebe o pluralismo axiológico, no mundo em conflito como expressão de determinado grupo ou classe, instrumento nas mãos dos detentores do
poder. Assim, os crimes reprimidos partem dos vulneráveis.
Daí que, os crimes muitas vezes traduzem uma revolta individual, falta de consciência de classe não canalizada para uma transformação ou mesmo
revolução.
MUDANÇA DE PARADIGMA
>> Conceito de paradigma: “Aquilo que os membros de uma comunidade científica compartilham” (T. Kuhn, Estrutura das Revoluções Científicas). E,
inversamente, uma comunidade científica consiste em homens que compartilham um paradigma.
>> A mudança:
EUROPA (séc. XIX) EUA (séc. XX)
1876 – Lombroso – E. Positivista Italiana -----------| > 1963 – Howard Becker (Outsiders - Chicago )
Paradigma Etiológico Paradigma da Reação ou Controle Social
>> Porém, a mudança de paradigma na ciência não tem ultrapassado o espaço acadêmico para alçar o público da rua e provocar a necessária
transformação cultural no senso comum sobre a criminalidade e o sistema penal.
>> Enfoque da Criminologia muda: o objeto agora é o sistema penal e o fenômeno do controle. A pergunta passa a ser: por que algumas pessoas são
rotuladas pela sociedade e outras não?
>> Tese central: o desvio e a criminalidade não são uma qualidade intrínseca da conduta, mas uma qualidade (etiqueta) atribuída a determinados sujeitos
através de complexos processos de seleção. Trata-se de um duplo processo: definição legal de crime + a seleção que etiqueta um autor, dentre todos os
outros, como criminoso.
>> Por isso, em vez de falar em criminalidade, devemos falar em criminalização.
SISTEMA PENAL
>> Controle social formalizado. Função do sistema penal: selecionar alguém.
>> processo articulado e dinâmico de criminalização ao qual concorrem todas as agências de controle social.
>> Seletividade:
1 - Criminalização Primária - parlamento
2 - Criminalização Secundária - pessoas (momento do etiquetamento).
3 - Criminalização terciária - estigmatização.
>> Senso Penitenciário (1994): Déficit: 69 000 vagas (sem contar 275mil mandados não cumpridos).
Custo: 1,5 bilhões (69 000).
Quem: 96% homens, 54% por crimes contra o patrimônio.
* Portanto, homens, pobres, que cometem crimes patrimoniais, têm maior tendência a ser criminalizados.
CRIMINALIZAÇÃO x CRIMINALIDADE
>> Criminalização: ação operada pelo sistema e sustentada pela sociedade – senso comum punitivo (seleção).
>> Criminalidade: - Prática de atos definidos como crime. Não é mais a prática de uma minoria desviada.
>> Teses:
(1) Todos nós praticamos crimes.
(2) A criminalidade real é muitíssimo maior do que se pode imaginar (cifra oculta).
(3) A impunidade é a regra de funcionamento do sistema.
VITIMAÇÃO
>> Quando o Estado atribui a alguém o status de criminoso. A alguém é atribuído o status de vítima (mas nos crimes não selecionados não).
CRIMINOLOGIA CRÍTICA
>> Estudo das razões que sustentam, numa sociedade de classes, o processo de definição e de etiquetamento.
>> A Criminologia Crítica recupera a análise das condições objetivas, estruturais e funcionais que originavam, na sociedade capitalista, os fenômenos de
desvio, interpretando-os separadamente, conforme se tratem de condutas das classes subalternas ou condutas das classes dominantes.
>> O sistema penal se apresenta como um sistema das relações de poder e de propriedade existentes, mais que como instrumento de tutela de interesses
e direitos particulares dos indivíduos. A Criminologia Crítica é quando o enfoque se desloca do comportamento desviante para os mecanismos de controle
social, em especial para o processo de criminalização.
>> Sistema penal faz isso porque está representando (espelhando) o nível macro da sociedade (capitalismo e patriarcado).
>> O sistema penal se dirige quase sempre contra certas pessoas, mais do que contra certas condutas. Os grupos poderosos na sociedade possuem a
capacidade de impor ao sistema uma quase que total impunidade das próprias condutas criminosas (leis de um código social). Por isso, a maioria do
sistema penal são pobres não porque delinqüem mais, mas porque têm maiores chances de serem criminalizados e etiquetados como delinqüentes. A
variável principal da distribuição do status de delinqüente parece ser a posição ocupada pelo autor potencial na escala sócias. O Direito e o sistema penal
exercem, também, uma função ativa de conservação e reprodução das desigualdades sociais.
Interação entre vários campos do saber. Psicologia, historia, sociologia, antropologia e, durante um período, biologia.
Ciência interdisciplinar, que não se confunde com multidisciplinar. Multidisciplinar trabalharia lado a lado. Interdisciplinar os saberes se entrelaçam,
se articulam de modo a visar a cooperação integrada, havendo uma troca efetiva de conhecimento, intercambio de ideias.
Conceito moderno de criminologia: A criminologia cientifica é ciência empírica e interdisciplinar, com informação valida e segura, relacionada ao
fenômeno delitivo, entendido sob o prisma individual e de problema social, como também formas de preveni-o. Concebe o crime como fenômeno
humano, cultural e complexo.
Tem como objetivos a prevenção do delito, dai, diagnosticar o fenômeno criminal, acompanha-lo com estratégias de intervenção por
programas de prevenção do crime pela eficácia do seu controle e custos sociais.
A criminologia cientifica moderna possui orientação prevencionista, em detrimento da repressiva. Analisa e avalia os modelos de reação ao delito.
Essa prevenção visa o intuito de evitar o cometimento de delitos e não o enfoque absolutista da retribuição.
Tem como objetivos a prevenção do delito, daí, diagnosticar o fenômeno criminal, acompanha-lo com estratégias de intervenção por programas
de prevenção do crime pela eficácia do seu controle e custos sociais.
Quanto aos métodos: O empirismo consiste em uma doutrina que busca extrair o conhecimento a partir da experiência, mesmo negando
princípios de racionalidade.
O método interdisciplinar, o qual se conecta com outros saberes parciais como: A Psicologia, a sociologia e a biologia, por conexão.
No método multidisciplinar saberes parciais trabalham lado a lado, fornecendo diferentes informações sobre o tema específico.
No método interdisciplinar saberes parciais se entrelaçam, há cooperação, articulação dos conteúdos que se integram, há reciprociprocidade de
intercâmbios, conexão profunda e enriquecedora.
Quanto ao Objeto da Criminologia Cientifica Moderna: Crime, Delinquente, Vítima e Controle Social.
Objeto para a Criminologia Moderna Científica, segundo Molina e Calhau são quatro: delito, delinquente, controle social e vítima.
Crime para o direito penal. Enforque Material, Formal e Analítico.
Para a Criminologia Positivista o crime é uma qualidade do ato do delinquente. Segundo Garofalo em lesão de parte do sentido moral, que
consiste em sentimentos altruístas fundamentais (piedade e probidade). Segundo o padrão médio em que se encontra as raças superiores, cuja
medida é necessária para a adaptação do indivíduo em sociedade.
Para a Criminologia Crítica a noção de crime é relativa, advém da reação social, do controle social. O direito Penal é quem cria o crime. O crime
não é uma qualidade do ato, é um ato qualificado como criminoso. O crime varia em cada tempo histórico, em função de certo contexto social. Em
uma sociedade conflitiva a noção de crime tem múltiplas interpretações.
A criminologia Crítica rechaçou o enfoque no delinquente, que se pautava da estigmatização social, na rotulação de indivíduos de substratos
sociais mais baixos.
Para a Criminologia Moderna Científica, o estudo do delinquente passou a um segundo plano. Ocorreu um deslocamento com enfoque para a
conduta delitiva, o controle social e a vitima. Hoje o delinquente é examinado para Molina e Gomes em suas interdependências sociais como
unidades biopsicossociais, e não sob uma perspectiva biopsicopatológica. Embora a Psicologia estude a personalidade do desviante.
VITIMOLOGIA:
Em varias etapas era muito enfocado, justiça vindicativa. Vitima era muito valorizada. Observava-se o sofrimento da vitima ou família para aplicar
a infração. Modelo nítido de vingança.
Tivemos outras etapas em que o Estado assume o monopólio da pretensão punitiva. Modernidade. A vitima era muito esquecida nesta etapa.
Na atualidade, desde a segunda guerra mundial, começa-se a tentar se alcançar determinadas necessidades das vitimas, para que ela seja
amparada. A vitima entra em foco.
Hoje o Direito penal brasileiro tenta observar isso. Exemplo dos Juizados, lei 9.099. Estabelece a possibilidade de contato, de interação. Pena de
prestação pecuniária, reverte em favor da vitima.
Primária: Prejuízos sofridos diretamente pela pessoa. Torna-se o Objeto da conduta criminosa. Alvo da Conduta criminosa. Pode sofrer danos
físicos, patrimoniais, sociais, psíquicos. Todos os danos que afetam diretamente e imediatamente a vítima.
Secundária: O modelo de justiça criminal tras alguns ônus. É penoso. Depoimentos ao longo do processo, exames realizados. Traduzem em
ansiedade. Constante reconstrução do crime. Isso também onera o individuo. Vai do inquérito ao processo.
Terciária: Cifra oculta ou Cifra negra da criminalidade. Parcela de delitos que ocorre cotidianamente. Crimes que ocorrem e não adentram no
sistema penal. Não aparecem, aparentemente não existem. Não São lançados nos dados. Milhares de crime acontecem e não são computados.
Crimes de Estupro. Crimes do Colarinho Branco (crimes econômicos), crimes de furto.
CONTROLE SOCIAL: Zaffaroni afirma que são formas de exercício de poder. Zaffaroni distingue em dois tipos:
A) Difuso: Da-se espraiado na sociedade, como: Família, Educação, Religião, Ideologia, mídia.
B) Institucionalizado: Temos o não punitivo e o punitivo. O Punitivo engloba desde o poder legislativo, atividade policial, MP acusador,
poder judiciário, Sistema penitenciário. Penas e medidas de segurança.
CONTROLE SOCIAL para Molina e Calhau. O controle social pode ser informal ou formal.
a) Controle Social Informal Pode ser um conjunto de sanções positivas ou negativas, no processo de socialização. Adapta a conduta aos
padrões normativos da infância. Internaliza-se.
b) Controle social formal Ocorre no sistema de justiça formal, integrado pela policia, pelo PJ, pelo MP e pela ADM penitenciária, no
exercício do poder publico.
a) Controle por Sanções Formais: são as aplicadas pelo Estado (cíveis, administrativas e penais) e informais (não possuem
coercibilidade).
b) Controle por meios Negativos (reprovações ou sanções) ou meios positivos (prêmios e incentivos).
c) Controle Externo pela ação da sociedade e ou do Estado (por meio de multas administrativas, multas estatais) e interno que se dá pela
autodisciplina.
PREVINIR O CRIME.
PARA CALHAU.
FAZER USO DO METODO INTERDISCIPLINAR PARA CONECTAR CONHECIMENTOS DE DIFERENTES CAMPOS DO SABER.
Seletividade, repressão, punitivismo, estigmatizante, reforça as desigualdades sociais, manutenção do status quo, reativo, pois atua nas
consequências do crime.
Para Zaffaroni O direito Penal deve atuar de modo a conter o poder punitivo, diante de uma perspectiva humanista e um viés garantista.
POLÍTICA CRIMINAL. Para maioria da doutrina não é ciência autônoma. Seriam atitudes importantes dirigidas a redução da criminalidade.
Seleciona os programas, projetos e normas que cooperam na concretização de respostas que o Estado adotará em face do fenômeno delitivo.
Atua em diversos âmbitos: Federal, Estadual e Municipal. Em diferentes poderes: Executivo, legislativo e judiciário.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, podemos observar que ao longo dos tempos foram longos os caminhos trilhados para se alcançar a visão que temos hoje do Direito Penal no que
se refere ao crime, à pena e ao criminoso. Grandes foram os debates travados pelas escolas e principalmente pelas três elencadas acima, no intuito de
cada uma delas comprovar a superioridade de suas teorias e princípios sob as demais.
Ao se conceder ao Estado o poder de intervir na vida e na liberdade individual, abrindo-se, com isso, mão de parcela dos direitos inerentes a cada pessoa
em benefício de um melhor convívio e segurança social, não se pode atrelar o direito penal a uma única corrente, adotando-a como “o caminho ideal”, e
sim, deve-se colher o que cada uma delas tem de melhor para que seja aplicada no caso em concreto, tornando, desta forma, esta intervenção
minimamente sentida pela sociedade, pois enquanto mais se desenvolver a consciência e o compromisso de cada indivíduo, levando-o a compreender e
exercer a sua parcela de responsabilidade no meio social em que vive menor será a brusca intervenção do Estado para a correção destas possíveis falhas.
4. A SOCIEDADE CRIMINÓGENA
BIOLOGIA CRIMINAL.
CONCEITO: Teve inicio no século XIX com Lombroso, e mesmo no século XX e XXI, mantém traços característicos. Busca a localização e
identificação de elementos criminógenos do desviante, ou seja, a presença de algum fator diferencial que explique a conduta delitiva, uma
patologia, disfunção orgânica, endocrinológica, genética, neurofisiológica, bioquímica...
A biologia em sua interação com a criminologia deve ser vista com muito cuidado, especialmente com o incremento da neurociência e da genética,
com pretensões de controle sobre a conduta humana em intervenções pré ou pós delitivas, para que não se tenha generalização indevida,
relações simplistas de causa e efeito, reducionismos preconceituosos, que conduzam à estigmatização de indivíduos.
Daí que, na criminologia moderna nota-se o enfraquecimento das teorias biológicas, sofisticando concepções já superadas, de desvios patológicos.
PSICOLOGIA CRIMINAL.
São desenvolvidos estudos psicossociais e tentativas de averiguar modelos psicopatológicos e psicanalíticos, exames criminológicos, para
corroborar a compreensão do fenômeno criminal.
SOCIOLOGIA CRIMINAL.
A sociologia criminal utiliza-se de teorias macro-sociológicas, que se compõe pela vertente do consenso e do conflito.
a) Conflito: Denota os campos áridos em constante confronto. Coação dentro da sociedade. Forma de controle social que impõe normas, regras,
valores e temos valores punitivos sendo aplicados.
Entendem que na ordem social há disputas, confrontos, força. Como o controle social formal institucionalizado que exerce poder.
b) Consenso: Existem muitas barganhas para que ocorra o funcionamento pleno das instituições. Para que temos um funcionamento da
sociedade. Para que haja ordem numa sociedade.
Defendem que na ordem social há acordos, negociações na busca do funcionamento pleno das instituições, com objetivos comuns.
Exemplo: Escola de Chicago, teoria da associação diferencial, teoria da Anomia e Subculturas Criminais.
TEORIAS SOCIOLÓGICAS:
A Escola de Chicago nasceu na Universidade de Chicago na década de 20 e 30, modelaria o inicio da criminologia Americana, com Robert Park e
Ernest Burguess, através do modelo ecológico, que buscava equilíbrio entre comunidade humana e o ambiente natural.
Enfocava a organização do espaço urbano e o desenvolvimento da criminalidade, ou seja, a noção de crime conectada à desorganização social.
Em Chicago nessa época havia muitos grupos étnicos, diversos. Havia um caos urbano, uma desorganização social. Houve um crescimento
exponencial da população. Muita emigração de diversos países. Muitos conflitos surgindo por conta da diversidade étnica. “Gangues de Chicago”.
Então há essa percepção que essa diversidade gera conflitos.
A teoria ecológica retrata uma ecologia urbana, voltada ao ser humano. Se dá em razão de um modelo pragmático (observação direta e
conveniente de se ouvir os interlocutores desse espaço urbano, terão importância dentro do cenário). Método Pragmático.
Logo, mais importante do que os fatos era como as pessoas reagiam a eles, como a experiência pratica era fundamental.
Assim, notou-se a observação direta, o pragmatismo que empregava o método participante. Considerava a experiência do pesquisador.
A Teoria Ecológica relata como a cidade produz criminalidade e as áreas em que esta se concentra. O efeito criminógeno da grande cidade
produz desorganização, deterioração de grupos familiares, perda de raízes, crise dos valores tradicionais, degradação dos valores familiares,
superpopulação, proximidade de áreas comerciais e industriais, meio criminógeno. Há influencias do ambiente e das cidades na criminalidade.
Da teoria ecológica (escola de Chicago) surge a teoria das zonas concêntricas (na própria escola de Chicago). Ernest Burguess.
Ernest Burguess criou a teoria das zonas concêntricas. Esta é formada por círculos variados, um dentro do outro, em um total de cinco, em que
chama de zona cada espaçamento.
Na ZONA II, encostada na zona I, tem-se a transição do distrito comercial para residencias, ocupadas por pessoas dos segmentos mais baixos da
população. Diferindo das ZONAS III, IV E V de classe média e alta.
Para esta teoria a zona concêntrica da criminalidade era localizada na zona II. Relacionava a criminalidade a pobreza, na zona II.
Crimes do colarinho branco. Indivíduos que criam habilidades específicas para determinados crimes. Existência de gangues empresariais,
crimes mais sofisticados, onde o individuo tem aprendizado especializado para praticar determinados crimes.
Edwin Sutherland, nos anos 30, já tinha identificado os autores de crimes diferenciados, em casos de dessemelhanças com os criminosos
comuns, quando destacou o White Collor crimes.
A conduta criminal deve ser aprendida com habilidades para tirar proveito de oportunidades, como gangues urbanas ou mesmo grupos
empresariais.
Aprendizagem do comportamento criminal inclui técnicas, ocorre na interação com o outro pela comunicação com participação ativa.
O crime se aprende através de um processo de aprendizagem comportamental, pelo contrato diferencial do individuo com modelos delitivos.
Anomia consistia na idéia de falta de ordem, ausência de coesão. Traduz-se pela idéia de confusão, desordem. Podendo ser produzidas de varias
formas falta de normas, antinomias normativas.
Rompe com os métodos e com os paradigmas levantados pelo positivismo criminológico (individuo que nascia criminoso...). A idéia de que o crime
é uma coisa anormal é uma coisa refutada por Durkheim. Para ele, toda sociedade tem seus delitos.
Mostra que o crime está atrelado a um tempo histórico e é um conceito relativo. Trabalha a idéia da solidariedade social.
Emile Durkheim desenvolveu a teoria estrutural funcionalista da anomia. Que mais tarde seria desenvolvida pro Merton. Para Durkheim o desvio
é um fenômeno normal da estrutura social, salvo quando ultrapassados os limites, ou seja, o excesso de desvio e a perda de referencias
normativas leva ao enfraquecimento da solidariedade social.
Robert Merton afirmou que a explicação para o crime radica na distancia entre o padrão cultural almejado e a estrutura social. O insucesso
de se atingir o padrão cultural (riqueza, sucesso e status profissional) devido à insuficiência de metas ou meios institucionalizados na estrutura
social produz Anomia. Daí o modelo com modos de adaptação: CIRER:
CONFORMISMO entende a adaptação em que o individuo aceita o padrão cultural e adere totalmente aos meios institucionalizados buscando
alcançá-lo (+,+).
INOVAÇÃO o individuo aceita o padrão cultural, mas não os meios institucionalizados, não acessíveis a todos, rompe com o sistema e desvia.
(+, -). Há crime.
RITUALISMO a pessoa percebe com descaso o padrão cultural e acredita que nunca atingirá as metas culturais, contudo, resigna-se aos meios
institucionalizados. Respeita as regras. (-, +).
EVASÃO o individuo não segue os meios institucionalizados e nem as metas culturais. Encontra-se distanciado da sociedade, vive deslocado.
Tem comportamento anômico. Exemplo: Mendigos, páreas, bêbados, drogados... (-,-).
REBELIÃO trata-se de rejeição das metas e dos meios dominantes. Configura-se a luta pela sua substituição na busca de uma nova ordem,
revolução social. (+-, +-).
CONFORMIDADE + +
INOVAÇÃO + -
RITUALISMO - +
EVASÃO - -
REBELIÃO +- +-
Albert Cohen elaborou a teoria da subcultura delinqüente, associada a sistemas sociais e categorias de pessoas integrantes de segmentos ou
subgrupos étnicos e de minorias. Praticas e idéias culturais diferem das seguidas pela sociedade em geral. Para as teorias subculturais deve-se
considerar o caráter pluralista e atomizado da sociedade. A semelhança estrutural em sua gênese no comportamento regular e no irregular.
Para as teorias subculturais o crime não é produto da desorganização ou ausência de valores, mas sim é reflexo de um outro sistema de
normas e valores distintos, ou subculturais, do conflito.
Teoria do Etiquetamento. Processo de criminalização. Primária, secundária e terciária. Noção de Rótulo e estigma.
A teoria do Etiquetamento surgiu nos EUA em 1970. Não enfoca o crime em si, mas a reação proveniente dele. Os grupos sociais criam os
desvios na qualificação de determinadas pessoas percebidas como marginais. O Desvio ocorre em decorrência da profecia anunciada da repetição
da imputação do crime à pessoa estigmatizada. O individuo rotulado como delinqüente assume o papel.
Etapas explicativas do Labelling Aprroach: processo de definição da conduta desviada pela criação de normas (criminalização primária), a
atribuição do status social por um processo de seleção (criminalização secundária), impacto da atribuição do status de criminoso na identidade
gera e reforça carreira desviada, como na prisão (criminalização terciária).
As teorias do Labelling Approach se enquadram no paradigma da Reação Social. Este se contrapõe a outro paradigma chamado de
Paradigma Etiológico.
Logo, é a reação social quem cria o crime. O crime não é uma qualidade intrínseca da conduta, é uma conduta qualificada como criminosa pelo
controle social, por processos seletivos, discriminatórios. A reação social é que é deflagrada com a pratica do ato pelo delinqüente, há um
deslocamento do plano da ação para o plano da reação social.
Há deslegitimação do poder do sistema penal. Pois o crime coloca-se como uma etiqueta social, que deriva do processo de rotulação, com efeito
estigmatizante, pelo controle social.
O Estado deve ter o monopólio da aplicação da lei penal. Este monopólio deve ter limites. Limites constitucionais. Limites nos tratados
internacionais.
Para Zaffaroni:
Adverte para o papel do direito penal na relação de tensão entre o Estado democrático de direito e o Estado de polícia.
Reforça que o Direito Penal deve funcionar como uma baliza jurídica, na contenção do Estado Policial e do Poder Punitivo, para assegurar os
Direitos fundamentais.
1ª POLÍTICAS PÚBLICAS. INVESTIMENTO SOCIAL. MAIS A LONGO PRAZO. DIRIGI-SE A TODA SOCIEDADE. ELEVAÇÃO DA
QUALIDADE DE VIDA.
2ª ATUAÇÃO FOCADA. INCIDEEM ZONAS PROBLEMATICAS. CONVERGENCIA DE VIOLENCIA. PRATICA DE DELITOS. PROGRAMAS
DE PREVENÇÃO POLICIAL POR ZONAS. CURTO E MÉDIO PRAZO. REORDENAMENTO URBANO. PRATICAS DE MONITORAMENTO.
3ª EVITAR A REINCIDÊNCIA. É MAIS DIFICIL.
REAÇÃO AO CRIME.
B) Modelo Neoclássico Elemento cotramotivador do crime a percepção pelo infrator da eficaz forma de funcionamento do sistema legal e
não do rigor penal.
B) Teoria Relativa da Prevenção Geral Negativa (Intimidação) atua pelo temor infundido aos possíveis delinqüentes para afastá-los do crime,
vislumbra como exemplaridade pedagógica.
C) Teoria Relativa da Prevenção Especial Positiva (Ressocialização) atua através da correção do apenado pela sua reinserção social.
D) Teoria Agnostica da Pena é defendida por Zaffaroni, Cirino dos Santos, Nilo Batista. A prisão não intimida e não socializa. É a prisão pela
prisão. Só traz dor ao individuo. Defendem outras formas de reação. Reparação, Restauração, Terapêutico e Conciliatório.
( B ) O nascimento da Criminologia deu-se em 1764, quando da publicação da obra: “Dos delitos das penas”, de Beccaria. Esta posição é
defendida pelos criminólogos da reação social, com perspectiva histórica, para os críticos, como: Roberto Bergalli, Juan Bustos Ramirez, e Juarez
Cirino dos Santos.
( C ) Não há divergência quanto à origem da Criminologia, se o nascimento da Criminologia veio no século XIX, com a Escola Positiva de
Lombroso, ou no século XVIII, com a Escola Clássica de Beccaria.
( D ) O nascimento da Criminologia deu-se em 1876, quando da publicação da obra: “O homem delinqüente”, de Lombroso. Esta posição é
defendida pelos criminólogos etiológicos, como: Molina, que entende a etapa pré-científica advinda com a Escola Clássica e a etapa científica
advinda com a Escola Positivista, a linha de divisão.
( A ) Para autores como Hassemer e Muñoz Conde a Criminologia com o apoio da Sociologia, Antropologia, Psicologia e Economia fornecem
informações da realidade comportamental e social para o campo jurídico, para o saber normativo, ou seja, para o Direito Penal. Pois este necessita
do saber empírico, da experiência, das práticas, para oxigená-lo.
( B ) Para Molina e Calhau a criminologia científica consubstancia-se em uma ciência interdisciplinar, com informação válida e segura, relacionada
ao fenômeno delitivo, entendido não somente sob o prisma individual, como também enquanto problema social. Abrange formas de prevenir o
crime, considerado, portanto, fenômeno humano, cultural e complexo.
( C ) O conceito de criminologia varia de acordo com a Escola Criminológica, assim, seu conteúdo difere da Criminologia Clássica, Criminologia
Positivista e Criminologia Crítica.
( D ) Para Carrara, Pessina e Romagnosi, a Criminologia busca a prevenção geral. Acredita na opção de escolha do indivíduo em face de seu livre-
arbítrio, para cometer um crime, percebido como ente jurídico.
( E ) Para Beccaria e Juarez Cirino dos Santos a Criminologia trouxe a influência da Medicina Legal e da Psiquiatria, além do modelo do
cientificismo. Desse modo, temo com função a prevenção especial ou individual negativa.
( A ) Para autores como Molina e Calhau a Criminologia Moderna ou Científica possui a metodologia empírico-indutiva, que predomina nas
Ciências Sociais. Trata-se de um estudo científico do crime, que permite medi-lo, compará-lo de uma localidade à outra, de bairros a países,
considera o tipo de crime, se há variação em sua ocorrência, como aumento ou diminuição...
( B ) A Criminologia Moderna tem como um dos seus principais objetivos a prevenção do delito.
( C ) Tem como objetivo ainda diagnosticar o fenômeno criminal e acompanhá-lo com estratégias de intervenção por programas de prevenção do
crime pela eficácia do seu controle e custos sociais.
( D ) A Criminologia Clássica tem como método o dedutivo, contrapondo-se à Criminologia Positivista que tem como método o indutivo-
experimental, e à Criminologia Crítica que tem como método o dialético, do materialismo histórico.
( E ) A Criminologia é uma Ciência Plural, que tem como objetivo recebe a influência da Geografia, da História, da Matemática, da Criminalística,
do Direito, da Política, da Biologia, da Economia, da Estatística, da Psicologia, da Antropologia...
( A ) A Criminologia Positivista adveio em fins do século XIX, com Lombroso (obra: O homem delinqüente, 1876), trouxe a influência da Medicina
Legal e o cientificismo para a Criminologia.
( B ) O Positivismo Criminológico pautava-se no cientificismo, pela observação dos dados e fatos, utilização de aparelhos medidores e emprego de
hipóteses. Assim, foram realizadas pesquisas craniométricas dos criminosos, com análise dos fatores anatômicos, fisiológicos e mentais.
( C ) A Criminologia Positivista tinha como método o indutivo-experimental. Entre os seus principais adeptos italianos destaca-se: Lombroso, Ferri e
Garofalo; no Brasil ganhou notoriedade Tobias Barreto; e finalmente, na Argentina, José Ingenieros.
( D ) A Criminologia Positivista pautava-se na concepção do crime natural. Entendia o crime como elemento ontológico, preconstituído.
( E ) Entre os postulados do Positivismo Criminológico temos as noções de determinismo biológico, atavismo, transmissibilidade hereditária, de
condição sub-humana e degenerescência.
( A ) A Criminologia Crítica ancora-se no paradigma etiológico, que se pauta nas causas da criminalidade, remete à noção de causa e efeito para
tentar explicá-la. Tem como escopo a redução da criminalidade através da prevenção.
( B ) A Criminologia Clássica originou-se no século XVIII, construiu uma abordagem liberal ao direito criminal, centrou-se na utilidade do direito de
punir pautado no direito social. Buscava a prevenção geral.
( C ) Lombroso fundou a Antropologia Criminal ou Antropometria do crime, pelo estudo de cérebros e esqueletos.
( D ) A Criminologia Crítica compreende uma série de discursos, conjunto de conhecimentos de diversas áreas, que buscam explicar o fenômeno
criminal através dos saberes das coorporações hegemônicas em cada tempo histórico. São aplicados à análise e crítica do poder punitivo para
explicar sua operatividade social e individual, além de viabilizar a redução em seus níveis de produção e reprodução da violência social.
( E ) Para o Positivismo Criminológico a pena tem como função a defesa social. Logo, nota-se a recuperação ou a neutralização, em razão da
prevenção especial positiva (de cunho moralizante que alça a evolução moral), ou da prevenção especial negativa (pela eliminação dos
incorrigíveis).
( C ) Beccaria defendeu a redução da pena de morte, o fim das penas físicas e a garantia de princípios como o da legalidade e proporcionalidade.
( E ) Garofalo defendia que o crime era um conceito naturalístico, pela violação do senso moral de piedade e probidade.
( A ) O Positivismo Criminológico propugnou a teoria do atavismo, em que o delinqüente poderia ter um retrocesso atávico que originava a
agressividade, fator de degenerescência. Estabeleceu características corporais do delinqüente, como: protuberância ocipital, testa fugidia,
superciliares excessivos, nariz torcido, lábio grosso, arcada dentária defeituosa, braços longos, mãos grandes, anomalias de órgãos sexuais,
orelhas grandes e separadas, insensibilidade à dor...
( B ) Segundo a Criminologia Crítica o crime nasce da elaboração legislativa, a partir de conflitos na estrutura social. Portanto, o controle social é
quem cria o crime.
( C ) O Positivismo Criminológico teve como matrizes o pensamento de Comte, Darwin e Spencer. Foi este último quem se apropriou do conceito
de evolução de Darwin e o deslocou para as ciências sociais, do campo biológico rumo ao sociológico.
( D ) De acordo com a Criminologia Positivista, no estudo do criminoso o foco foram os fatores endógenos, os aspectos biológicos e os patológicos
( E ) Consoante a Criminologia Crítica o crime se explica pelo estudo ontológico, da essência do ser. Em que a relevância do aspecto
interdisciplinar se verifica pela proximidade com diferentes campos do saber, como: a Psicologia, a Sociologia, a História, a Antropologia, o Direito,
etc....
( A ) A Criminologia Crítica tem como base teórica o materialismo histórico. Não supera o paradigma funcionalista, incluindo-o em sua concepção.
Ocorre uma redefinição do objeto da Criminologia. Nota-se que as instituições de poder criam a reação social que por processos de definição
atribuem a qualidade de crime e o status de criminoso.
( B ) A Criminologia Crítica vincula o fenômeno criminoso à estrutura das relações sociais. São criminosos e criminógenos os sistemas que
produzem por suas estruturas econômicas e sociais e superestruturas jurídicas e políticas as condições necessárias e suficientes para a existência
do comportamento desviante (Juarez Cirino dos Santos).
( C ) Para a Criminologia Crítica a reação social é quem cria a norma penal, e esta é quem cria o crime. Logo, o crime não é qualidade do ato, é ato
qualificado como criminoso.
( D ) No Brasil, Nina Rodrigues foi o fundador do Positivismo Criminológico, representante da Escola da Bahia, defendia a degenerescência no
negro e no índio, tidos como seres inferiores, indolentes e criminosos.
( E ) A interpretação lombrosiana conduz ao direito penal do autor, em que o crime funciona como um dado ontológico, pré-constituído à reação
social e ao direito. Logo, incide sobre os suspeitos de certo segmento social, de modo preconceituoso.
( C ) Tende a transformar uma teoria da criminalidade em uma teoria crítica e sociológica do sistema penal.
( A ) Os objetos de estudo da Moderna Criminologia são quatro: o delito, o delinqüente, a vítima e o controle social.
( A ) - A atuação da vítima passou por 3 etapas ou modelos. No primeiro modelo a vítima era muito valorizada, pois a Justiça era vindicativa,
quando vítima ou seus familiares aplicavam a punição. Tratava-se da vingança privada. No segundo modelo o Estado assumiu o monopólio de
aplicação da pretensão punitiva. Neutralizou-se a importância da vítima no conflito. Apenas no terceiro modelo a vítima passa a retornar à cena.
( B ) São três os tipos de vitimização: a vitimização primária, a secundária e a terciária. A vitimização primária refere-se à cifra negra, ou oculta,
pela considerável quantidade de crimes que não chegam ao Sistema Penal, de modo que a vítima experimenta abandono, e opta por não levar à
publicidade o crime.
( C ) No Brasil, a vítima não tem a proteção jurídica devida, em que apenas o espaço do conflito é assegurado, como se pode verificar diante das
legislações dos Juizados Especiais Criminais ( Lei 9.099 de 1995) e da Contra a Violência Doméstica (Lei 11.340 de 2006).
( D ) Em países como: EUA, Portugal e Espanha, os advogados, psicólogos e assistentes sociais auxiliam a vítima na atenuação do processo,
conhecido como vitimização terciária.
( E ) A preocupação com a Vitimologia veio após a I Guerra Mundial, com o redescobrimento da vítima, onde sua importância foi retomada, sob um
aspecto mais humano, por parte do Estado.
( A )Prevenir o crime.
( A ) A Criminologia Crítica tece críticas ao Direito Penal frente à: seletividade, repressão, estigmatização, reforço das desigualdades sociais,
manutenção do status quo, reação e não prevenção ao crime, pois atua nas suas conseqüências.
( B ) Para Zaffaroni, o Direito Penal deve atuar de modo a conter o poder punitivo, reduzindo o sistema penal, diante de uma perspectiva
humanista.
( C ) Para Molina, a Moderna Criminologia Científica preocupa-se com a qualidade da resposta penal diante do fenômeno delitivo. De modo que, a
resposta estatal deve ser compreendida para além da mera punição do infrator, merece atenção a vítima, seus familiares, o infrator, seus
familiares, a sociedade, o meio, a degenerescência e o atavismo.
( D ) Para Calhau, o Direito Penal converte em proposições jurídicas o saber criminológico esgrimido pela política criminal, com respeito às
garantias fundamentais.
( E ) Para Calhau, a Moderna Criminologia Científica tem como a orientação a prevencionista, em detrimento da repressiva. Pois, analisa e avalia
os modelos de reação ao delito.
Disciplina: Criminologia | Assunto: Política Criminal e Criminologia.
( A ) Para Roxin, a Ciência Global do Direito Penal é a que necessita de uma estreita colaboração com outras disciplinas. Logo, o autor dá relevo à
Política Criminal, levando-a à Teoria do Delito. ( B ) Para Roberto Lyra, “o Direito Penal sem a Criminologia é como um barco sem hélice.” Assim, o
autor defendia a integração entre o Direito Penal e a Criminologia.
( C ) Para Liszt, a Ciência Total do Direito Penal seria fruto da fusão da Dogmática Jurídico-Penal, da Criminologia e da Política Criminal. Do
contrário, o Direito Penal seria uma torre de marfim alijada da realidade social.
( D ) Para Molina e Calhau, são três os sistemas das Ciências Criminais, inseparáveis e interdependentes: a Criminologia, o Direito Penal e a
Política Criminal. Em que a Criminologia fornece o substrato empírico e os fundamentos do sistema e a Política Criminal transforma a experiência
criminológica em estratégias concretas de controle da criminalidade.
( E ) Para Zaffaroni e Batista a Política Criminal consubstancia-se em uma ciência autônoma. Trata-se de um conjunto de práticas, ações, atitudes
dirigidas à redução da criminalidade. Seleciona os programas, projetos e normas que cooperam na concretização de respostas que o Estado
adotará em face do fenômeno delitivo.
( A ) A Escola de Chicago criticou a teoria do delinqüente nato e reafirmou a influência do ambiente e das cidades na criminalidade.
( B ) A Teoria da Associação Diferencial, segundo os postulados de Ferri, já tinha identificado os autores de crimes diferenciados, em casos de
dessemelhanças com os criminosos comuns, quando destacou os white collor crimes, nos anos 30.
( C ) Consoante o paradigma da reação social, o crime deve ser compreendido em referência aos controles sociais. Trata-se de uma perspectiva
interacionista, em que através da interação social, com a prática do ato, há um deslocamento do plano da ação para o plano da reação social, logo,
constata-se que a reação social é que define o comportamento desviante, cria o crime.
( D ) Para a Teoria do Labelling Approach o crime não é uma qualidade intrínseca da conduta, é uma conduta qualificada como criminosa pelo
controle social, por processos seletivos, discriminatórios. O crime não se ajusta à dimensão ontológica, enquanto categoria do ser.
( E ) Ernest Burguess criou a teoria das zonas concêntricas. Esta é formada por círculos variados, um dentro do outro, em um total de cinco, em
que chama de zona cada espaçamento. Na Zona I, no miolo, tem-se a zona central, com comércios e bancos. Na Zona II, encostada à Zona I, tem-
se a transição do distrito comercial para residências, ocupadas por pessoas dos segmentos mais baixos da população. Na Zona III, encontram-se
moradias de trabalhadores, em melhores condições que as da Zona II. Na Zona IV, há bairros residenciais de classe média e alta. Na Zona V, há
áreas mais distantes, cidades satélites, das classes mais altas. Segundo os estudos do autor, a maior criminalidade concentrava-se na Zona II.
( A ) A Escola de Chicago nasceu na Universidade de Chicago, teve duas fases, de 1915 a 1940 e de 1945 a 1960. Na década de 20 e 30,
modelaria o início da Criminologia Americana, com Robert Park e Ernest Burguess.
( B ) Na Teoria da Associação Diferencial, o indivíduo aprende a conduta desviada e associa-se com referência nela. Trata-se de uma organização
diferencial da aprendizagem de valores criminais, uma vez que a associação diferencial consiste no processo de aprender comportamentos
desviantes, além de habilidades para tirar proveito de oportunidades.
( C ) Através da Teoria do Labelling Approach o funcionamento das instâncias de controle social ganhou força. Notadamente, o número de prisões
cresceu exponencialmente nos EUA, diante do enfoque na criminalização terciária.
( D ) A escola de Chicago pautava-se no modelo Ecológico, que buscava equilíbrio entre a comunidade humana e o ambiente natural. Enfocava a
organização do espaço urbano para analisar o desenvolvimento da criminalidade.
( E ) Para que a Criminologia Crítica pudesse florescer, foram desenvolvidos relevantes estudos de: Becker sobre o conceito de rotulação, de
Goffman sobre o conceito de estigma e de Chapman sobre o conceito de estereótipo.
( A ) Emile Durkheim desenvolveu a Teoria Estrutural Funcionalista da anomia, a qual mais tarde seria desenvolvida por Robert Merton. Refutou a
noção de criminoso nato, pois rechaçou a orientação biológica, que imputava entre as causas dos desvios fatores bioantropológicos e naturais, e
situações patológicas da estrutura social.
( B ) Para a Teoria das Subculturas Criminais, o crime não é produto da desorganização ou ausência de valores, mas sim é reflexo de um outro
sistema de normas e valores distintos, dos sub-grupos sociais.
( C ) A Escola de Chicago propugna a Teoria Ecológica que relata como a cidade produz criminalidade, a partir das suas áreas de concentração.
Afinal, o efeito criminógeno da grande cidade produz desorganização, deterioração de grupos familiares, perda de raízes, crise dos valores
tradicionais e familiares, superpopulação, proximidade de áreas comerciais e industriais.
( D ) Pela Teoria do Labelling Approach nota-se que o processo de definição da conduta desviada inicia-se pela criação de normas (criminalização
primária); depois verifica-se pela atribuição do status social, por um processo de seleção (criminalização secundária); e, finalmente, constata-se
pelo impacto da atribuição do status de criminoso na identidade, que gera e reforça a carreira desviada, (criminalização terciária).
( E ) Para Durkheim o desvio é um fenômeno anormal da estrutura social. Defendeu que apenas quando ultrapassados os limites, ou seja, o
excesso de desvio é que se torna negativo para a estrutura social, com a perda de referências normativas e enfraquecimento da solidariedade
social.
( A ) Para Durkheim, segundo a sua Teoria Estrutural Funcionalista, a anomia consiste na falta de ordem e coesão. Constituem anomia os
episódios em que se têm a falta de normas ou muitas normas ambíguas, ou mesmo quando as normas são descumpridas em demasia,
provocando os crimes.
( B ) Para Albert Cohen, consoante a Teoria da Subcultura Criminal, da década de 50, existem vários sistemas sociais e categorias de pessoas
integrantes de segmentos ou subgrupos étnicos e de minorias. Logo, suas práticas e idéias culturais diferem das seguidas pela sociedade em
geral. Assim, deve-se considerar o caráter pluralista e atomizado da sociedade, ou seja, o mosaico de grupos e subgrupos fragmentados e
conflitivos, com seus próprios códigos de valor, que nem sempre coincidem com os valores majoritários e oficiais.
( C ) A Escola de Chicago utilizava-se do conceito de personalidade humana. Logo, mais importante do que os fatos era como as pessoas reagiam
a eles, como a experiência prática era fundamental. Dessa maneira, a forma como se construía a personalidade, através das trocas e elementos
congênitos era tomada como fator central.
( D ) A Teoria do Etiquetamento não enfoca o crime em si, mas a reação proveniente dele. Certos grupos sociais criam os desvios para qualificar
comportamentos de pessoas de substratos sociais mais baixos. Nesse diapasão, tem-se o desvio primário. Corresponde à primeira ação delitiva do
sujeito, muitas vezes econômica. O desvio secundário consigna-se na repetição dos atos delitivos. O desvio primário e o secundário ocorrem como
uma profecia anunciada, através da repetição da imputação do crime à pessoa estigmatizada. Assim, cada um torna-se aquilo que os outros vêem.
O indivíduo rotulado como delinqüente assume o papel que lhe é atribuído.
( E ) Merton afirmou que a explicação para o crime radica no defasamento entre o padrão cultural almejado e a estrutura social. Em que o padrão
cultural impõe a todos a persecução dos mesmos fins, por meios legítimos. Já a estrutura social desigualmente oferece possibilidades de acesso, o
que conduz muitas vezes a meios ilegítimos para alcançar o padrão cultural.
( A ) A conduta criminal deve ser aprendida. Pois, o aprendizado ocorre na interação com o outro pela comunicação com participação ativa. Pois, a
aprendizagem do comportamento criminal inclui técnicas.
( B ) Ocorre o processo de aprendizagem nas relações mais íntimas do indivíduo com seus familiares, ou pessoas do seu meio. Embora as
associações e os contatos diferenciais do indivíduo advenham de suas características hereditárias.
( C ) O indivíduo converte-se ao crime quando por seus contatos diferenciais aprende mais modelos criminais do que respeitosos.
( E ) O crime se aprende através de um processo de aprendizagem comportamental, pelo contato diferencial do indivíduo com modelos delitivos.
( B ) É na etapa batizada por Merton de “rebelião” que ocorre o crime. Pois, o indivíduo aceita o padrão cultural, mas não os meios
institucionalizados, os quais não são acessíveis a todos. Logo, o indivíduo rompe com o sistema e desvia.
( C ) A Criminologia Crítica, Criminologia Radical ou Nova Criminologia, surgiu entre as décadas de 60 e 70, desenvolveu-se com a Escola de
Berkeley, EUA. Parte da base da Teoria do Labelling Approach que entende o crime como uma etiqueta social, que deriva do processo de
rotulação, com efeito estigmatizante, pelas atividades da polícia e dos juízes.
( D ) As pesquisas no campo do Interacionismo constituem modo de deslegitimação do poder do sistema penal. Não se importam com o modelo
etiológico das causas do desvio. Mas sim com os processos de criminalização, pelos controles sociais.
( E ) Para a Criminologia Radical a solução para a criminalidade passa pela extinção da exploração econômica. Assim, tem viés marxista. Há
crítica ao paradigma do consenso. Logo, o delito coloca-se como fenômeno do modo de produção capitalista. O enfoque macrossociológico
desloca-se do comportamento desviante para os mecanismos do controle social, para os processos de criminalização.
( A ) A prevenção do crime consiste na evitação do delito, almeja a dissuasão do agente de cometer uma infração penal.
( B ) Para prevenir o crime o Estado possui o monopólio da aplicação da lei penal. Mas o exercício desse poder deve se dar sob os auspícios da
Constituição, dos Princípios e Tratados Internacionais, do Código Penal, diplomas que limitam e determinam a aplicação da lei.
( C ) Diante da ocorrência de um crime, o Estado, através do Ministério Público, instaura processo criminal, oferece a peça formal de acusação
(denúncia) com as provas iniciais levantadas pela instituição policial. Estas provas serão refutadas pelo réu, através do Defensor Público ou do seu
Advogado, e submetem-se ao crivo do contraditório e da ampla defesa. Assim, o Juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova, após
ser produzida no contraditório. Por fim, o Magistrado ao prolatar a sentença poderá exarar a condenação com a aplicação da sanção penal.
( E ) O Estado deve reprimir o crime e preveni-lo, impondo respeito ao Diploma Penal Vigente, à Magna Carta, bem como aos Princípios e
Tratados Internacionais. Contudo, o próprio Estado não deve submeter-se às limitações impostas.
( A ) A Prevenção Primária consiste no vultuoso investimento em políticas públicas sociais, como as de saúde e educação para a população.
( B ) A Prevenção Primária é programada à longo prazo, dirige-se à sociedade como um todo, possui custos mais altos, pois atua na essência dos
conflitos sociais.
( C ) A Prevenção Terciária não produz resultados elevados, uma vez que se destina aos apenados, com o escopo de evitar a reincidência
criminal.
( D ) A Prevenção Quaternária configura-se pelo investimento vultuoso, em presos reincidentes, cujos resultados são pouco expressivos.
Paulatinamente, vem aumentando a demanda por esta forma prevenção.
( E ) A Prevenção Secundária enfoca áreas em que há concentração de violência. Tratam-se das intervenções pontuais, em questões nevrálgicas,
com investimentos medianos, a curto e médio prazo, de vigilância policial.
23 – Marque a alternativa correta: Qual modelo penal representa a prevenção especial positiva:
( B ) Banimento.
( D ) Prisão Perpétua.
( E ) Pena de Morte.
( A ) A Retribuição é a compensação pelo mal causado pelo crime, conhecida como Teoria Relativa.
( E ) Entre duas modalidades de reação ao crime, o Brasil adotou a Prevenção Individual Positiva e a Prevenção Geral Negativa. Embora os
defensores da Teoria Agnóstica aleguem que a pena não impede, dissuade ou inibe o delito. Daí, a propositura de outras formas de reação ao
crime, como: Reparação, Restauração, Modelo Terapêutico e Conciliação.
( B ) O Modelo Neoclássico visa à eficácia do sistema legal e não necessariamente o rigor punitivo.
( C ) A Prevenção Geral Negativa atua na intimidação, pelo temor infundido aos possíveis delinqüentes para afastá-los da prática delitiva,
vislumbrada como exemplaridade.
( E ) A Prevenção pela Teoria Relativa consubstancia-se no modelo da absoluta imperatividade penal, em que se deve fazer sofrer o apenado.
26 - O efeito criminógeno da grande cidade, valendo-se dos conceitos de desorganização e contágio inerentes aos modernos núcleos
urbanos, é explicado pela:
( C ) Teoria da Anomia.
( E ) Teoria Ecológica.
( C ) à ordenação urbana.
( D ) à população carcerária.
( E ) ao surgimento de conflito.
32 - Dentre os modelos de reação ao crime destaca-se aquele que procura restabelecer ao máximo possível o status quo ante, ou seja,
valoriza a reeducação do infrator, a situação da vítima e o conjunto social afetado pelo delito, impondo sua revigoração com a reparação
do dano suportado. Nesse caso, fala-se em:
( A ) modelo dissuasório.
( B ) modelo ressocializador.
( C ) modelo integrador.
( D ) modelo punitivo.
( E ) modelo sociológico.
33 - Dentre os fatores condicionantes da criminalidade, no aspecto psicológico, alcança projeção, hoje em dia, nas favelas, um modelo
consciente ou inconsciente, com o qual o indivíduo gosta de se identificar, sendo atraente o comportamento do bandido, pois é “valente,
tem dinheiro e prestígio na comunidade”. A esse comportamento dá-se o nome de:
( A ) carência afetiva.
( B ) ego abúlico.
( C ) insensibilidade moral.
( D ) mimetismo.
( E ) telurismo.
Prova do Curso de Formação - 2ª. Fase de Concurso - Departamento da Polícia Federal – DPF-ANP - Brasília -2010. Disciplina: Sociologia
do Crime | Assunto: Objeto da Criminologia.
Prova do Curso de Formação - 2ª. Fase de Concurso - Departamento da Polícia Federal – DPF-ANP - Brasília - 2009. Disciplina: Sociologia
do Crime | Assunto: Escolas Criminológicas.
35 - A teoria do labelling approach (ou técnica do etiquetamento) consiste em um processo de crítica à/ao(s):
( A ) Inclusão social.
Prova do Curso de Formação - 2ª. Fase de Concurso - Departamento da Polícia Federal – DPF-ANP - Brasília - 2010. Disciplina: Sociologia
do Crime | Assunto: Reação ao Crime.
( B ) Segurança e disciplina.
Prova do Curso de Formação - 2ª. Fase de Concurso - Departamento da Polícia Federal – DPF-ANP - Brasília - 2010. Disciplina: Sociologia
do Crime | Assunto: Objeto da Criminologia.
Prova do Curso de Formação - 2ª. Fase de Concurso - Departamento da Polícia Federal – DPF-ANP - Brasília - 2010. Disciplina: Sociologia
do Crime | Assunto: Criminalização e Prevenção.
( B ) A norma incriminadora.
Prova do Curso de Formação - 2ª. Fase de Concurso - Departamento da Polícia Federal – DPF-ANP - Brasília - 2010. Disciplina: Sociologia
do Crime | Assunto: Escolas da Criminologia.
(C) Princípio da legalidade, princípio da proporcionalidade das penas e fim das torturas.
Prova do Curso de Formação - 2ª. Fase de Concurso - Departamento da Polícia Federal – DPF-ANP - Brasília -2010. Disciplina:
Criminologia | Assunto: Escolas Criminológicas.
( A ) Escola Clássica.
( B ) Escola Crítica.
( C ) Escola Positivista.
Prova do Curso de Formação - 2ª. Fase de Concurso - Departamento da Polícia Federal – DPF-ANP - Brasília - 2009. Disciplina: Sociologia
| Assunto: Escolas Criminológicas.
( A ) Cesare Beccaria.
( B ) Cesare Lombroso.
( C ) Alessandro Baratta.
( D ) Michel Foucault.
Preparatório para Concurso de Psicólogo do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro – PSI-TJ-RJ - 2010. Disciplina: Criminologia
| Assunto: Escolas Criminológicas. 42 – De acordo com a Criminologia Clássica:
( B ) A humanização das práticas penais e o estabelecimento da idéia de proporcionalidade entre a punição e o delito decorrem do método
indutivo-experimental.
( C ) A pena é vista como uma reação natural ao mal causado pelo infrator, daí autorizar a prática da tortura em busca da confissão e a aplicação
da pena de morte.
( D ) A visão desconstrutiva dos sistemas penais nas sociedades capitalistas ganha espaço e encontra eco no Brasil com Nina Rodrigues.
Preparatório para Concurso de Psicólogo do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro – PSI-TJ-RJ - 2010. Disciplina: Criminologia
| Assunto: Reação ao Crime.
( B ) A pretensa neutralidade científica dos técnicos psiquiátricos e psicólogos em relação ao tratamento dos delinqüentes no interior do sistema
carcerário.
( C ) A aniquilação dos instintos criminosos pela via do tratamento médico-carcerário, com o surgimento de um novo sujeito social.
Preparatório para Concurso de Psicólogo do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro – PSI-TJ-RJ - 2010. Disciplina: Criminologia
| Assunto: Criminologia e Psicologia Criminal.
( B ) Propõe uma técnica de regeneração de criminosos através de uma pedagogia dos afetos.
( D ) Considera o desvio social como resultante do poder que certos grupos sociais têm de definir padrões de comportamento de acordo com seus
interesses.
Preparatório para Concurso de Psicólogo do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro – PSI-TJ-RJ - 2010. Disciplina: Criminologia
| Assunto: Escolas Criminológicas.
( A ) coisa de criminoso.
( D ) amoralidade social, fruto de lares desfeitos e falta de cultura própria ao respeito às leis.
Preparatório para Concurso de Psicólogo do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro – PSI-TJ-RJ - 2010. Disciplina: Criminologia
| Assunto: Métodos da Criminologia.
Preparatório para Concurso de Psicólogo do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro – PSI-TJ-RJ - 2010. Disciplina: Criminologia
| Assunto: Criminologia e Interdisciplinariedade.
47 - O estudo da Criminologia faz uma abordagem interdisciplinar, de modo que estão presentes vários campos de conhecimento,
SALVO:
( A ) História.
( B ) Sociologia.
( C ) Antropologia.
( D ) Matemática.
( E ) Psicologia.
Concurso de Promotor de Justiça do Estado de Santa Catarina - 2008. (MP-SC-2008) Disciplina: Criminologia | Assunto: Escolas
Criminológicas.
48 – Considere as assertivas:
I - O Código de Hamurabi, concebido na Babilônia, entre 2.067 a 2.025 aC e na atualidade pertencente ao acervo do Museu do Louvre em Paris,
não continha disposições penais em sua composição.
II - Segundo a "Lei Térmica da Criminalidade" de Quetelet, fatores físicos, climáticos e geográficos podem influenciar no comportamento criminoso.
III - Entende-se por "Cifra Negra" da criminalidade, o conjunto de crimes cuja violência produz elevada repercussão social.
IV - Seguidor da Antropologia Criminal, Lombroso entendia que havia um tipo humano irresistivelmente levado ao crime por sua própria
constituição, de um verdadeiro criminoso nato.
V — Em sua obra "Dos delitos e das penas", escrita no fim do século XVIII, Beccaria defendeu uma legislação penal rigorosa, aprovando a prática
da tortura e da pena de morte.
Concurso de Promotor de Justiça do Estado de Goiás - 2008. (MP-GO-2008). Disciplina: Criminologia | Assunto: Escolas Criminológicas.
Teorias Sociológicas.
49 – Considere as assertivas: "Tratamento e prevenção (do delito), para terem sucesso, demandam amplos programas que envolvam
recursos humanos junto à comunidade e que concentrem esforços dos cidadãos em torno das forças construtivas da sociedade. (...) A
unidade de operação é a vizinhança Se o crime é um fenômeno associado à cidade, a reação ao crime também o é. Deve abranger áreas
restritas em extensão e com, no máximo, 50.000 habitantes nessa área." (SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. São Paulo: RT, 2004,
p. 167). O texto acima é introdutório nas propostas de uma teoria criminológica sobre o problema do crime que tem obtido destaque na
mídia brasileira, sobretudo por projetos planejados e administrados no âmbito municipal, marcados pela intervenção no ambiente que
favorece a prática delitiva. Assinale a alternativa que corresponde a essa teoria criminológica:
Concurso de Escrivão de Polícia do Estado de São Paulo - 2008. (EP-SP-2008). Disciplina: Criminologia | Assunto: Criminologia. Conceito
de Crime.
Gabarito:
1. C
2. E
3. E
4. C
5. A
6. B
7. E
8. A
9. E
10. E
11. A
12. E
13. C
14. E
15. B
16. C
17. E
18. C
19. B
20. B
21. E
22. D
23. A
24. E
25. E
26. E
27. D
28. A
29. E
30. C
31. A
32. C
33. D
34. A
35. D
36. A
37. D
38. B
39. C
40. C
41. A
42. A
43. D
44. B
45. B
46. E
47. D
48. B
49. B
50. B
1. SOCIOLOGIA CRIMINAL E DESORGANIZAÇÃO SOCIAL
2. TEORIAS DA SUBCULTURA DELINQUENTE E DA ANOMIA
3. A PERSPECTIVA INTERACIONISTA
4. SELETIVIDADE.
I - ASPECTOS GERAIS
Não está falando necessariamente de sociologia jurídica, mas parte apenas de algumas propostas para melhor compreensão do tema.
1. Conceitos
Direito Penal
Conjunto de normas que tipificam as formas de condutas desvaloradas pela sociedade.
Visa proteção coercitiva dos bens jurídicos essenciais à vida humana.
Deve ser utilizado como ultima ratio, “porque empreende uma função sancionadora, deve ser resguardado para questões que de fato necessitem do direito
penal” – direito penal mínimo.
Criminologia
Ciência empírica que se ocupa do crime, do delinqüente, da vitima e do controle social.
Analisa os meios formais e informais de controle social.
Ciência interdisciplinar: - relaciona-se com vários ramos do conhecimento.
Sociologia
Ciência que estuda as sociedades humanas e os processos que interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições.
Estuda, também, a formação, transformação e desenvolvimento das sociedades humanas e seus fatores econômicos, culturais, religiosos, etc..
Ocupa-se com as observações do que é repetitivo nas relações sociais para daí formular generalizações teóricas.
Sociologia Jurídica
Parte da sociologia que percebe o Direito como fenômeno social e sócio-cultural, estudando os fatores de sua formação desenvolvimento e declínio.
Estudo do Direito como fato social e seu efeito sobre o grupo social.
Investiga as razoes sociais que levaram à elaboração de determinadas normas e a sua aplicação.
Sociologia Criminal
Denominação dada por Ferri
É uma ciência geral do crime e, para tanto, estuda o fenômeno criminal sob todos os seus ângulos, utilizando nessa pesquisa, o método das ciências
físicas e naturais. “Leva um pouco do pragmatismo das ciências naturais, ou seja, verifica-se se o que está sendo aplicado em Portugal está funcionando e
se aplicada aqui o que pode acontecer”.
Preocupa-se em explicar e justificar a maneira como o meio ambiente social atua sobre a conduta individual, conduzindo o homem ao empreendimento
delitivo.
Conjunto de estudos relativos ao delito como fenômeno social (Cuello Calon).
2. Fatores Exógenos
Sócio Familiares
No fator familiar está a raiz mais profunda da criminalidade (Jean Pinatel).
“Programas como o bolsa-família são muito poucos para incentivar o fator familiar, mas é uma gotinha”.
“A família é fator determinante, mas deve propagado valores morais, o que vem se perdendo, assim, se o avô é criminoso, bem ou mal ele não passa bons
valores para os seus filhos e netos”
Sócio Econômicos
De um lado a pobreza, miséria, desemprego, de outro lado, a riqueza, a ganância descontrolada, exploração, fraude.
“A miséria é um acido corrosivo que mina o sentimento moral, e a riqueza é o ópio que entorpece a consciência humana”.
“Não é o fato de ser pobre o que leva a criminalidade, mas a discrepância da situação econômica das pessoas, ou seja, muitos muito pobres e poucos
muito ricos”.(Amália)
Sócio-ético-pedagógicos
Ignorância, falta de educação e formação moral leva o indivíduo à falsa representação da realidade.
“Educar é dar O exemplo”; “tem que ensinar a moralidade, o respeito”; “ a sociedade se espelha em suas instituições” (Amália)
Sócio-ambientais
Más companhias, influências negativas.
“O ambiente favorece a criminalidade, na medida em que o individuo possui mecanismos ou não de resistência”;
“De um mesmo ambiente saem indivíduos muito diferentes uns dos outros, ex.: 4 filhos trabalham e estudam muito, já 1 é o terror”.
“Inclusive por aceitação social a pessoa faz”.
Outros fatores
- migração – cultura externa que se impõe a um determinado local, sendo que qualquer forasteiro sofre para se adaptar e que gera muito a criminalidade;
inadaptação social; imprensa – “é O poder, já que a cultura que se passa é aquela que a mídia impõe”; morosidade da justiça – “na medida em que uma
justiça inoperante gera um sentimento de impunidade que gera a possibilidade de reincidência inclusive”; tratamento corrupto e arbitrário da polícia – “é
claro que o que se espera de qualquer órgão que ele seja ético”; degenerescência prisional – “a pena de prisão, qualquer que seja, é uma pena, e não se
impõe porque ela é boa, mas sim porque é ruim, conforme o estado estabelecer, sendo que qualquer outra punição que a própria lei recomenda é ilegal; e
outra, violência gera violência; o sistema prisional procura educar, punir, devendo assim agir”.
II - TEORIAS SOCIOLÓGICAS
As teorias não partem do Brasil ou outra região, mas sim necessariamente da Europa e dos Estados Unidos, mas cada qual com os seus
desenvolvimentos, problemas, etc.
Ex: a Europa passou por inúmeras regras, teve o seu território invadido, o que não aconteceu com os Norte-Americanos.
1. TEORIAS FUNCIONALISTAS
Postulados
→ Normalidade e funcionalidade do crime.
Vê o crime como:
- Um comportamento normal/atividade normal/não patológico (anormal é o súbito incremento das taxas de criminalidade).
- Inextirpável - sempre existirão condutas contrárias à norma; sociedade sem condutas irregulares seria pouco desenvolvida, monolítica, imóvel e primitiva.
- Deriva de fenômenos cotidianos - deve ser analisado como decorrente das estruturas da sociedade.
Exerce função integradora e inovadora, devendo ser contemplado como produto do normal funcionamento de toda a sociedade.
Vê o delinqüente como:
- Não é um indivíduo patológico ou anti-social, mas fator do funcionamento regular da vida social, serve como termômetro.
Vê a pena como:
- Não cumpre os objetivos metafísicos que preconiza, mas, como qualquer outra instituição social, constitui-se em reação social necessária.
Características:
- Berço da moderna sociologia americana;
- Preocupações pragmáticas;
- Crescimento da cidade, que se expande em círculos do centro para a pariferia, cria graves problemas sociais, potencializando a criminalidade;
- Escola consagrou a postura criminológico metodológica de fazer qualquer análise social mais profunda superpondo os resultados ao mapa da cidade.
Método:
- empirismo - finalidade pragmática - observação direta
Objetivo de investigação:
- sociologia da grande cidade. idéia central é de que a cidade não é um amontoados de homens, ruas, parques, ônibus, mas um estado de espírito, corpo
de constumes transmitidos por tradição. Cada cidade tem sua própria cultura, organização, ela em uma ordem moral decorrente de manifestações
culturais; tudo isto exige uma estrutura física que, por sua vez, modifica-se pelas demandas humanas.
Principal contribuição:
- investigação cientifica em amplas áreas da cidade; priorizar ação preventiva; qualquer intervenção na cidade deve ser planejada.
A cidade é um macroorganismo.
Pesquisas:
- índice de criminalidade aumenta quanto mais se aproxima da zona industrializada da cidade;
- índice de criminalidade diminui nas redondezas e zonas residenciais dos nucles urbanos.
Propostas preventivas:
- nenhuma redução de criminalidade é possível se não houver mudanças das condições econômicas e sociais das crianças;
- tratamento e prevenção para terem sucesso demandam programas que envolvam recursos humanos; instituições locais; grupos; igrejas; escolas;
associações de bairro;
- unidade de operações e vizinhança com áreas de, no máximo, 50.000 habitantes;
- programas comunitários que envolvam atividades recreativas, artesanato;
- esforços para melhoria das residências e melhorias sanitárias dos bairros.
Importância:
- análise estatística dos dados policiais e judiciais vinculados ao delito, chamando a atenção sobre as taxas de delinqüência nas áreas pobres e
deterioradas da sociedade.
Crítica:
- simplificou a analise da delinqüência, pois:
- não explica aquele que se dá fora das áreas delitivas, tampouco explica as condutas na-delitivas que têm lugar nessas áreas;
- exacerbou a forca de certas zonas: as áreas delitivas atraem a criminalidade, porém, não as produzem.
Objetivo:
- prevenção da criminalidade mediante o desenho arquitetônico e urbanístico.
Propostas:
- ambientes residenciais que criem obstáculos ao delito;
- sentimento de auto-responsabilidade quanto às áreas públicas: subdividir áreas públicas em zonas menores para que vizinhos adotem atitude de
propriedade; janelas com capacidade de potencializar ao máximo a observação destas áreas; nas zonas concorridas, instalar atividades públicas que não
são fontes de perigo (parques, lazer infantil); construção de áreas públicas que causem a sensação de que seus visitantes estão sendo observados.
Propostas:
- reestruturação da vida urbana com o fortalecimento das instituições intermediárias;
- reestruturação de determinados centros sociais (familiares e comunitários);
- intervenção deve ter impacto preventivo, incidindo naqueles lugares onde se apresenta o problema;
- alterações são de ordem institucional, não visam a reforma pessoal do indivíduo.
Aula 03 - 14.10
Nova formulação do conceito de crime de colarinho-branco, diante da história recente ocorrida nos EUA.
Crime:
- decorre da aprendizagem efetiva dos valores criminais que podem suceder em qualquer cultura;
- não pode ser definido como inadaptação de pessoas de classes menos favorecidas, não sendo ele exclusividade destas;
- homem aprende a conduta desviada, assim como aprende o comportamento virtuoso.
Sociedade:
- aprendizagem mediante contatos com sociedade pluralista;
- influência criminógena depende do grau de intimidade do contato.
Cultura:
- um conjunto de símbolos, de significados, de crenças, de atitudes e valores, que tem como característica o fato de serem compartilhados, transmissíveis
e de serem apreendidos. Quando essa cultura penetra na personalidade, o faz através de um processo que de denomina processo de socialização.
Ordem social:
- mosaico de grupos, subgrupos, fragmentados e conflitivos, sendo que cada grupo possui seu próprio código de valores que nem sempre coincidem com
os valores majoritários e oficiais.
Crime:
- delito não é conseqüência da desorganização social senão de organização social distinta;
- reflexo de sistemas de normas e valores distintos, os chamados subculturais;
- não lhe interessa a estrutura interna dos ‘bandos’, mas a ‘origem’ deles, vinculados ao problema da estratificação social;
- não são certas áreas deterioradas que geram a criminalidade das baixas classes sociais que nelas vivem, mas o acesso limitado das subculturas
criminais aos objetivos e metas das classes médias.
Classe média:
- ênfase na responsabilidade individual, racionalidade, respeito à propriedade, construtividade, emprego do tempo livre, mobilidade social.
Classes baixas:
- importância à força física. Seus jovens estão propensos aos conflitos porque se acham em desvantagem já que são instruídos a alcançar os valores de
outra classe.
2. TEORIAS DO CONFLITO
Opõem-se ao funcionalismo.
Na sociedade, agem grupos com interesses opostos que se encontram em situação de desigualdade e em luta pelo poder. O principal objetivo da
sociedade não é o interesse comum, consenso, progresso, convivência pacífica, ao contrário, coação e condicionamento ideológico são exercidos pelos
grupos de poder sobre os demais objetivando preservar privilégios e manter a dominação.
Sociedade:
- luta de interesses e opiniões que objetiva a mudança de estrutura social;
- contínuo conflito entre dominadores que querem manter a situação atual e os dominados que querem mudá-la.
A história de todas as sociedades, até hoje, é a história da luta de classes.
Contribuição:
- teoria da ultima ratio;
- criação de movimentos de descriminalização;
- no Brasil: nova parte geral do CP; penas restritivas de direitos; transação penal, composição civil, suspensão condicional do processo; nova lei de drogas.
Contribuição:
- estudo do fundamento do crime deve ser investigado junto as bases estruturais econômicas e sociais que caracterizam a sociedade;
- diminuição das desigualdades das classes sociais;
- estado deve assumir criminalização e penalização das classes sociais dominantes (mas principalmente em relação aos crimes econômicos e políticos,
segurança do trabalho, saúde pública, meio ambiente, economia popular, patrimônio coletivo, crime organizado);
- estado deve promover a minimização da intervenção punitiva dos pequenos delitos, como crimes patrimoniais sem violência, conflitos pessoais.
3. TEORIAS MULTIFATORIAIS
Objeto de investigação:
- inicia-se a investigação a partir da delinqüência juvenil.
Método:
- criminalidade nunca é resultado de um único fator;
- fatores que polarizam as investigações: lares desfeitos; tensões familiares; disciplina e relações familiares; criminalidade dentro da própria família;
abandono dos filhos.
Pesquisas:
I - Diagnóstico das causas da delinqüência: 500 pares de jovens delinqüentes e não delinqüentes que foram analisados durante 10 anos por equipe
interdisciplinar, com foco para a família, escola, município, estrutura da personalidade. Conclusões: fatores que mais interferem no comportamento
criminoso do jovem: vigilância do jovem por sua mãe, maior ou menor severidade com que ela o educa; clima de harmonia ou de desavenças familiares
II – Explicações para a conduta desviada da criança: a criança é capaz de superar um ou dois handicaps, dois grandes infortúnios, mas se lhe acrescentar
outros infortúnios além destes, tais fatores se unem contra a criança.
6. PENA DE PRISÃO
1. HISTÓRICOS
2. CRISE
3. ALTERNATIVAS
V - PENOLOGIA
PRISÃO
Latim PRENSIONE: ato de prender, de capturar
Passou a significar, também, o lugar ou estabelecimento em que alguém fica retido ou segregado.
- Durante a Idade Média predominavam as Prisões Eclesiásticas para fins penitenciais e expiação (castigo) dos hereges (aqueles professavam doutrina
contrária a da Igreja Católica) e apóstatas (por abandono de fé de uma igreja, especialmente a cristã).
Esses estabelecimentos eram chamados de penitenciários (penitência), conhecidos hoje como penitenciárias.
1. Sistemas penitenciários
- Filosofia de se utilizar a prisão como forma de pena começou a ser difundida a partir do século XVIII.
A idéia de prisão se baseia no princípio de que a condição de vida nela deve ser pior do que aquela vivida fora das grades.
- A evolução dos regimes prisionais está intimamente ligada à evolução dos próprios sistemas penitenciários.
1.1. Pensilvânico
(celular, ou da Filadélfia, ou belga)
Criado em 1829, na Penitenciária de Eastern
Apoiou-se nas idéias de Beccaria, Howard e Bentham.
Consiste em:
- isolar o apenado em célula individual, sem saída, exceto esporadicamente e sozinho, para passeio em pátio fechado;
- propósito de separar o condenado, impedindo qualquer promiscuidade, propiciando a meditação por força do isolamento;
- única leitura autorizada é a bíblia;
- permite-se que o preso trabalhe na cela, onde recebe orientação religiosa e algumas visitas (diretor, médico, sacerdote e funcionários);
- sistema rigorosamente celular, ensejando inúmeros casos de loucura, sendo abolido nos EUA em 1913 (persistindo em alguns países).
Crítica: Seu único objetivo era a redução dos gastos com vigilância
1.2. Alburniano
(Silent System)
Seu surgimento decorreu da necessidade de superar as limitações do regime celular, nascendo em uma prisão construída em 1821, em Auburne (N.Y.-
EUA).
Crítica: Fracassou em face das pressões das associações sindicais que se opuseram ao trabalho penitenciário, pois, a produção representava menores
custos e competição ao trabalho livre.
1.3. Progressivo
Seus principais mentores foram:
Manuel Montesinos de Molina (Valência, 1834)
Alexander Maconochie (1840, Ilha de Norfolk, Austrália)
Walter Crofton (Irlanda, 1854)
O predomínio, no séc. XIX, da pena privativa de liberdade coincide com o progressivo abandono da pena de morte.
Essência do regime consiste em distribuir o tempo de duração da condenação em períodos, ampliando-se em cada um os privilégios que o recluso pode
desfrutar de acordo com sua boa conduta.
METAS
- Estímulo à boa conduta e adesão do recluso ao regime aplicado;
Disposição do interno em obedecer às regras do sistema o leva à sua reforma moral assim como a preparação para a vida em sociedade;
ETAPAS
1.3.2. Período de encarceramento noturno combinado com trabalho coletivo durante o dia
Trabalho em semi-liberdade (extramuros).
Crítica: Sistema se mostra satisfatório, sobretudo para penas de longa duração, sendo adotado em diversos países (Inglaterra, Suíça, Dinamarca, Holanda,
França, Itália, Espanha, Portugal, Irlanda, Argentina, Brasil, etc.)
Os sistemas jurídico-criminais modernos se utilizam da pena privativa de liberdade que, nem sempre, resultam na reforma do condenado:
“Não existe verdadeiros profissionais do crime senão após sua passagem por estabelecimento penitenciário; é somente após de ser detido e condenado
por um pequeno furto, por uma rixa, por resistência a agentes policiais, que o homem se torna criminoso habitual” (Edmond Locard).
“O cárcere contribui para a formação do tipo perigoso e conseqüente reincidência habitual dos egressos” (J. Augusto Martinez).
“De todas as maneiras de punir os criminosos, a mais comum em nossos dias, a prisão parece ser a menos satisfatória; nada há que a recomende a não
ser a facilidade de sua aplicação a grande número de delinqüentes; todos os observadores competentes a descrevem como uma incitação ativa a erros
posteriores” (Vinogradoff).
Por mais que se pretenda que a pena privativa de liberdade deva preparar o sujeito para a vida livre, o certo é que ela propicia a formação de uma
sociedade anti-natural, na qual o sujeito carece das motivações da sociedade livre, adquirindo características rudes e primitivas, que costumam persistir
após a recuperação da liberdade, e, que ao entrar em conflito com a sociedade livre, têm a oportunidade de manifestar-se.
Fácil compreender, disto tudo, porque o insulado resta perdido na estéril obscuridade do recinto prisional, ulcerando-se interminavelmente em si mesmo,
como um silencioso predador psíquico.
7. VITIMOLOGIA E VITIMIZAÇÃO
III - VITIMOLOGIA
1. Vítima
Pessoa que sucumbe, ou que sofre as conseqüências dos próprios atos, dos de outrem, de um fato ou de um acidente.
- sujeito ativo → vitimário → culpado.
- sujeito passivo → vítima → inocente.
Todavia, há estudos que indicam que nem sempre a vítima é culpada.
3. Vitimologia
Ciência que procura estudar a personalidade da vítima sob o ponto de vista psicológico e sociológico na busca do diagnóstico e da terapêutica do crime e
da proteção individual e geral da vítima.
4. Precursores
Estudos de vitimologia buscam indicar o posicionamento biopsicossocial da vítima diante do drama criminal, fazendo-o sob o ângulo do direito penal, da
psicologia e da psiquiatria.
Raramente se estuda algum comportamento criminoso sem observar o comportamento da vítima – não é o aspecto mais relevante, mas deve ser
considerado.
O estudo da vítima deve abarcar as seguintes áreas: direito, criminologia, política criminal, etc.
6. Vitimização
Desde a mais tenra idade (ou mesmo antes de nascer), o processo de criminalização ou vitimização já pode ter seu início.
Ex: mãe que usa crack na gestação;
crianças submetidas a abusos;
pessoas nascidas de relações incestuosas ou estupros.
A vítima apreende o papel, internaliza-o, adapta-se a ele e conforma-se.
Desenvolvem, assim, uma relação de cumplicidade, de complementaridade.
A partir dessa adaptação que a pessoa pode se submeter ao crime.
A relação, dessa forma, é sempre entre vitimário e vítima – relação de complementaridade (normalmente o sujeito criminoso tem um tipo de vítima
característica que ele procura, denotando essa relação, ainda que não exista entre eles nenhum prévio acordo).
6.1. Vítima: é qualquer pessoa que sofra infaustos resultados, seja de seus próprios atos, dos atos de outrem, de influxos nocivos ou deletérios de fatores
criminógenos, ou do acaso.
6.2. Vitimização: é o processo que leva a pessoa a se vitimar ou a se tornar vítima.
O indivíduo perpassa pelas fases onde se observa que há risco de vitimização – nesse aspecto que deve entrar a medida preventiva adequada.
6.3. Fator vitimógeno: representa qualquer influxo, endógeno ou exógeno, capaz de levar o homem a tornar-se vítima.
6.4. Perigosidade vitimal: estado psíquico e comportamental em que a vítima se coloca estimulando sua vitimização (etapa inicial de vitimização).
Ex: garota que se desprende das amigas e sai da festa em companhia de uma pessoa desconhecida.
Sob o ponto de vista da criminologia, isso pode ser evitado.
A culpabilidade é relativamente mensurável, graduável. Implica na dosimetria da pena e relaciona-se, diretamente, à culpabilidade penal.
Aula 05 - 21.10
9. Vitimologia
Quanto maior a cumplicidade por parte da vítima, maior o trabalho de prevenção e conscientização do processo de vitimização e vice-versa.
“Fez-se referência ao comportamento da vítima, erigido, muitas vezes, em fator criminógeno, por constituir-se em provocação ou estímulo a conduta
criminosa, como, em outras modalidades, o pouco recato da vítima nos crimes contra os costumes”.
Ou seja, a vítima pode também ser a culpada pelo crime, não apenas vítima do mesmo.
Constituição Federal, art. 245. A lei disporá sobre as hipóteses e condições em que o Poder Público dará assistência aos herdeiros e dependentes
carentes de pessoas vitimadas por crime doloso, sem prejuízo da responsabilidade civil do autor do ilícito.
Ou seja, protege a vítima.
Código Penal:
Art. 59 (fazer uma leitura detalhada).
Art. 61 e 65 – circunstâncias agravantes (pega a vítima em situação imprevisível, da qual não poderia se defender) e atenuantes (há situações nas quais
havia possibilidade de resistência da vítima, então a reprovação do autor é menor).
“O comportamento do ofendido deve ser apreciado de modo amplo no contexto da censurabilidade do autor do crime, não só diminuindo, mas também a
aumentando, eventualmente. Não deve ser igual a censura que recai sobre quem rouba jóias que uma senhora ostenta e a responsabilidade de que subtrai
donativos, por exemplo, do Exército da Salvação”. Delmanto.
MARX, Karl. O 18 de Brumário. Apud BONAPARTE, Luis. Textos. SP. Edições Sociais. 1977 (copiar: “Os homens fazem sua própria história... Se as
circunstâncias... Se é perigoso para a sociedade...”).
8. ABOLICIONISMO.
9. GARANTIMOS.
10. DIREITO PENAL DO INIMIGO.
11. MÍDIA E CRIMINALIDADE.
12. CRIMINOLOGIA E POLÍTICA CRIMINAL.
13. TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS DA CRIMINOLOGIA