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CRIMINOLOGIA – resumos: (parei p.

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* Raffaelle Garófalo (1851-1934) – pai da Criminologia.

* A Criminologia é uma ciência autônoma, que estuda o criminoso, o crime, a vítima, os controles sociais formais e
informais que atuam na sociedade, bem como a forma de prevenção da criminalidade.

* Criminologia Cultural: o crime é embalado e comercializado para os jovens como um romântico, emocionante, cool e
fashion símbolo cultural. E neste contexto a transgressão torna-se opção de consumo desejável.

- configura-se como Criminologia Estética de análise de ícones e símbolos culturais mercantilizados pelos meios
formais e informais de comunicação.

* Método: a Criminologia utiliza-se do método empírico ou pragmático, pelo qual o interprete faz uma análise
observando-se o campo dos fenômenos. O método é experimental, pois não irá encontrar respostas prontas para a
análise do seu objeto, como ocorre com as ciências exatas.

- Método indutivo: procura-se analisar e observar previamente, para somente depois encontrar uma regra para aquele
caso concreto, podendo ela variar de um caso para outro.

* Objeto: crime, criminoso, vítima, os controles sociais informais e formais, bem como as formas de prevenção do
crime.

* Autopoiese: permite a articulação equilibrada e interligada de todos os atores sociais, sendo o crime o “vilão” que
destruirá toda essa harmonia, que deve ser evitado a qualquer custo.

- Direito Penal do Inimigo: Gunter Jacobs – o RDD, previstos na LEP, pode ser considerado como exemplo de DPI no
processo brasileiro, pois o preso provisório ou definitivo pode ser colocado nele sem o devido processo legal ou
contraditório e ampla defesa, pelo simples fato de apresentar alto risco para a ordem e a segurança, bem como recaírem
fundadas suspeitas de envolvimento ou participação em organizações criminosas.

FUNÇÃO: prioritária da Criminologia seria aportar um núcleo de conhecimentos seguros e fundamentados acerca do
crime, do criminoso, da vítima e do controle social. Após a formatação desse núcleo de pensamentos e diretrizes, a
Criminologia possibilita um diagnóstico acerca do fato criminal, de forma a fornecer respostas seguras para a solução
do problema que se apresenta. Todo esse conjunto de respostas ofertado pela Criminologia somente é alcançado por
meio do seu método interdisciplinar e empírico, uma vez que cada fenômeno social deve ser analisado concretamente
para uma perfeita dimensão do problema. Essa análise é bastante pormenorizada e requer uma atenção especial por
parte do criminólogo.

MODELO POSITIVISTA DA CRIMINOLOGIA: A Escola Positivista preocupou-se com o estudo das


causas ou fatores da criminalidade, chamado de paradigma etiológico, a fim de individualizar as
medidas adequadas de intervenção no criminoso. A Escola Positiva pode ser dividida em 03 fases
distintas:

I) Fase Antropológica (Lombroso) – “O Homem Delinquente”

II) Fase Sociológica (Ferri) –“Sociologia Criminal”

III) Fase Jurídica/Psicológica (Garofalo) – “Criminologia

- Criminologista italiano e estudante de Lombroso, Ferri é considerado o maior vulto da Escola Positiva,
criador da Sociologia Criminal (publicou uma obra com esse nome em 1884). Ferri se sobressaiu nos
estudos sobre criminologia através dos fatores sociológicos, dando ênfase às ciências sociais, com
compreensão mais alargada da criminalidade, evitando-se o reducionismo antropológico. Ao contrário
de Lombroso, não acreditava que o crime seria cometido por pessoas com patologia individual.
Acreditava que fenômenos econômicos e sociais influíam na condição.
► ESCOLA CORRECIONALISTA – o infrator é um ser invalido e incapaz de dirigir a si mesmo. Justifica a ação de
um Estado Paternalista em relação ao delinquente, que o chega a tratá-lo como menor. Dessa forma, a intervenção
estatal se faz necessária para correção da direção da vontade do agente;

* O delinquente é um ser anormal, incapaz de uma vida jurídica livre, constituindo-se em um perigo para a convivência
social;

* A função principal – e única – da pena é a correção do indivíduo; essa pena deve ser indeterminada, já que a “cura” do
delinquente não é algo que possa ser previamente delimitada.

► ESCOLA POSITIVA/TRADICIONAL – examina a pessoa do infrator como uma realidade biopsicopatológica,


de modo a considerar o determinismo biológico e social.

I) O delito é um fenômeno natural e social (fatores biológicos, físicos e sociais);

II) A pena é um instrumento de defesa social (prevenção geral);

III)A medida decorrente de um crime não possui um prazo determinado, pois deve perdurar enquanto não cessada a
periculosidade.

* TEORIA DA REAÇÃO SOCIAL: o delinquente é fruto de uma construção social, e a causa dos delitos é a própria
lei; segundo essa teoria, o próprio sistema e sua reação às condutas desviantes, por meio do exercício de controle social,
definem o que se entende por criminalidade.

* TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL: de EDWIN SUTHERLAND, segundo a qual o indivíduo


desenvolve seu comportamento individual com base nos exemplos e nas influências que possui, explica, de certa forma,
o denominado crime de colarinho-branco.

* JUSTIÇA CRIMINAL: Composto por órgãos dos Poderes Executivo e Judiciário da União, dos estados, do Distrito
Federal e dos municípios, tem atribuições que abarcam desde a prevenção ao crime até a execução imposta aos
condenados, segundo Fanchinelli (2016).

* Conceito de crime:

a. INCIDÊNCIA MASSIVA NA POPULAÇÃO- Não se tipifica como crime, fato isolado.

b. INCIDÊNCIA AFLITIVA – a conduta deve causar dor a sociedade

c. PERSISTÊNCIA ESPAÇO-TEMPORAL: reiteração no tempo por período significativo

d. CONSENSO INEQUÍVOCO ACERCA DA SUA ETIOLOGIA – conhecimento das causas e condutas e métodos
de enfrentamento.

* Do controle social (control theorie):

1) Teoria da conformidade diferencial (Briar e Piliavin): Quanto maior o grau de conformidade do indivíduo com os
valores sociais, menor a probabilidade do cometimento de crimes. Defende a existência de um grau variável de
compromisso e aceitação dos valores convencionais que se estende desde o mero medo do castigo até
a representação das consequências do delito na própria imagem, nas relações interpessoais, no status
e nas atividades presentes e futuras. Isso significa que, em situações equiparáveis, uma pessoa com
elevado grau de compromisso ou conformidade com os valores convencionais é menos provável que
assuma comportamentos delitivos, em comparação com outra de inferior nível de conformidade, e
vice-versa.

2) Teoria da Contenção: A comunidade produz estímulos e pressões que impulsionam o indivíduo à conduta criminal,
mas tais impulsos são impedidos por fatores internos — como a personalidade forte — e externos — como a coação
normativa exercida pela sociedade.
3) Teoria do enraizamento social: Travis Hirschi (1935): todo indivíduo é um infrator potencial e só o medo do dano
irreparável em suas relações interpessoais funciona como freio. O delito é inibido pelo processo de assunção de normas
sociais, pelo apego e afeto às pessoas e pelo medo de dano irreparável a essas relações interpessoais.

4) Teoria do controle interior: (Reiss) tem inequívocas conexões com a psicanálise e com a cibernética. A
delinquência é o resultado de uma relativa falta de normas e regras internalizadas, do desmoronar de controles
existentes com anterioridade e/ou de um conflito entre regras e técnicas sociais. A desviação social é vista como a
consequência funcional de controles pessoais e sociais débeis (fundamentalmente pelo fracasso dos grupos primários).

5) Teoria da antecipação diferencial: (Glaser) a decisão de cometer ou não um delito vem determinada pelas
consequências que o autor antecipa, pelas expectativas que derivam de sua execução ou não-execução. O indivíduo se
inclinaria pelo comportar delitivo quando de seu cometer derivar mais vantagens do que desvantagens, de forma a
considerar seus vínculos com a ordem social, com outras pessoas ou suas experiências precedentes. E tais expectativas,
por sua vez, dependeriam do maior ou menor contato de cada indivíduo com os modelos delitivos, isto é, da
aprendizagem ou associação diferencial.

Medidas Preventivas

a) Diretas: atacam o crime.

b) Indiretas: atacam as causas do crime.

PREVENÇÃO PRIMÁRIA: Ataca as raízes da criminalidade (educação, saúde, trabalho, segurança.) E é a


MAIS EFICAZ, pois são a longo prazo.

PREVENÇÃO SECUNDÁRIA: Destinada aos setores da comunidade: policiais, assistência social,


programas de apoio, controle de comunicações.

PREVENÇÃO TERCIÁRIA: Destinada ao preso (reeducação) visando a recuperação e evitando a


reincidência do indivíduo.

Em seu início, a sociologia criminal buscava associar a gênese delituosa a fatores biológicos. Posteriormente, ela
passou a englobar as chamadas teorias macrossociológicas, que não se limitavam à análise do delito segundo uma
visão do indivíduo ou de pequenos grupos, mas consideravam a sociedade como um todo. Na perspectiva
macrossociológica, o pensamento criminológico moderno é influenciado por duas visões: a das teorias
de consenso e a das teorias de conflito.

TEORIAS DE CONTROLE SÃO: CONFORMIDADE DIFERENCIAL e CONTENÇÃO

Teorias do Consenso: estão as escolas de cunho mais positivista, conservador, má. Vinculam-se a
orientações ideológicas e políticas progressistas. Essas teorias consideram que os objetivos da
sociedade são atingidos quando as instituições funcionam e os indivíduos, que dividem os mesmos
valores, concordam com as regras de convívio.

Teoria da Anomia (Durkheim): A teoria da anomia entende que os crimes ocorrem porque os
indivíduos acreditam ser impossível atingir as metas desejadas através dos meios institucionalizados.
Durkheim justifica a normalidade e a funcionalidade do crime no ambiente social. Para esta teoria a
sociedade impõe objetivos e metas inalcançáveis para a maioria dos indivíduos (sucesso, poder,
status), e como tais metas são inatingíveis, a dissociação entre os objetivos e os instrumentos para seu
alcance geraria a ANOMIA, que seria uma situação de renúncia às normas sociais. Metas culturais e
sociais. O famoso Sonho americano.

Teorias do Conflito: estão as escolas de cunho progressista (Dica: pelo nome "conflito" são ideias
conflitantes, fundamento no iluminismo, traz um caráter mais reflexivo.

TEORIA UNIFICADORA: Também chamada de teoria da união eclética, intermediária,


conciliatória, mista ou unitária, na teoria unificadora a pena deve, simultaneamente, castigar o
condenado pelo mal praticado e evitar a prática de novos crimes, tanto em relação ao criminoso
como no tocante à sociedade. A pena assume um tríplice aspecto: RETRIBUIÇÃO, PREVENÇÃO
GERAL E PREVENÇÃO ESPECIAL. Foi a teoria acolhida pelo art. 59, caput, do Código Penal, quando
dispõe que a pena será estabelecida pelo juiz “conforme seja necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime”.

TEORIA AGNÓSTICA: A teoria agnóstica, também chamada de teoria negativa, coloca em


destaque a descrença nas finalidades da pena e no poder punitivo do Estado, notadamente na
ressocialização (prevenção especial positiva), a qual jamais pode ser efetivamente alcançada em
nosso sistema penal. Essa teoria, portanto, sustenta que a única função efetivamente
desempenhada pela pena seria a NEUTRALIZAÇÃO do condenado, especialmente quando a
prisão acarreta em seu afastamento da sociedade. (ZAFFARONI)

Macrossociológico: Teorias do Consenso e do Conflito.

Microssociológico:

> Escola de Chicago, Anomia, Subcultura Delinquente e Associação diferencial; (T. do Consenso)

> Teoria Crítica e Labelling Approach. (T. do Conflito)

NOVA DEFESA SOCIAL: é um movimento com traços de uma política criminal humanista, na
busca de um Direito Penal de caráter preventivo e protetor da dignidade humana. Em sentido
diametralmente oposto ao da Defesa Social, existem os chamados Movimentos de Lei e Ordem,
cuja ideologia estabelecida é a repressão, pautada no regime punitivo-retributivo. A
Despenalização das Contravenções, por seu turno, não é considerada como instrumento de
endurecimento do Estado no combate ao crescimento da criminalidade.

MOVIMENTO LEI E ORDEM: acreditam que os criminosos somente poderão ser controlados
através de leis severas, que imponham a pena de morte e longas penas privativas de liberdade.
Estes seriam os únicos meios eficazes para intimidar e neutralizar os criminosos e, além disso,
capazes de fazer justiça às vítimas.
MOVIMENTO TOLERÂNCIA ZERO: parte da premissa de que os pequenos delitos devem ser
rechaçados, o que inibiria os mais graves (fulminar o mal em seu nascedouro), atuando como
prevenção geral; os espaços públicos e privados devem ser tutelados e preservados.

NEORRETRIBUCIONISMO: (lei e ordem; tolerância zero): Uma vertente diferenciada surge nos
Estados Unidos, com a denominação lei e ordem ou tolerância zero, decorrente da teoria das
“janelas quebradas”, inspirada pela escola de Chicago, dando um caráter “sagrado” aos espaços
públicos.

Alguns a denominam realismo de direita ou Neorretribucionismo. Parte da premissa de que os


pequenos delitos devem ser rechaçados, o que inibiria os mais graves (fulminar o mal em seu
nascedouro), atuando como prevenção geral; os espaços públicos e privados devem ser
tutelados e preservados.

Alguns doutrinadores discordam dessa teoria, no sentido de que produz um elevado número de
encarceramentos (nos EUA, em 2008, havia 2.319.258 encarcerados e aproximadamente
5.000.000 pessoas beneficiadas com algum tipo de instituto processual, como sursis, liberdade
condicional etc.).

A teoria das janelas quebradas, desenvolvida nos EUA e aplicada em Nova York, por meio da
Operação Tolerância Zero, reduziu consideravelmente os índices de criminalidade naquela
cidade. O resultado da aplicação da tolerância zero foi a redução satisfatória da criminalidade
em Nova York, que antigamente era conhecida como a “Capital do Crime”. Hoje essa cidade é
considerada a mais segura dos Estados Unidos. Uma das principais críticas a essa teoria está no
fato de que, com a política de tolerância zero, houve o encarceramento em massa dos menos
favorecidos (prostitutas, mendigos, sem-teto etc.).

VITIMOLOGIA: fundador Benja-min Mendelsohn. Se preocupa com o estudo da vítima, de sua


personalidade, de suas características, de suas relações com o delinquente e do papel que assumiu na
gênese do delito. Em outras palavras, seria o comportamento da vítima na origem do crime e do
criminoso.

Existem 03 grupos principais de vítimas:

a) inocente ou ideais: são aquelas que não têm participação ou, se tiverem, será ínfima na produção
do resultado.

b) provocadora: é responsável pelo resultado e pode ser caracterizada como provocadora direta,
imprudente, voluntária ou ignorante.

c) agressora: pode ser considerada uma falsa vítima em razão de sua participação consciente, casos
em que ela cria a vontade criminosa no agente, como os exemplos de legítima defesa.

Hans von Hentig (1974) elaborou a seguinte classificação:

a) criminoso-vítima-criminoso (sucessivamente). Trata-se do reincidente que é hostilizado no cárcere,


vindo a delinquir novamente pela repulsa social que encontra fora da cadeia. É o que ocorre na teoria
do etiquetamento, notadamente em razão do estigma que os controles sociais formais e informais
empregam na relação sociedade e criminoso;

b) criminoso-vítima-criminoso (simultaneamente). Comum ocorrer quando a prática do crime se


justifica pela condição de vítima, como nos casos em que o usuário de drogas faz a mercancia ilícita de
entorpecentes para sustentar o seu próprio vício. Ele é vítima do traficante, mas também é autor do
tráfico para manter o seu próprio vício;

c) criminoso-vítima (imprevisível). Situações em que há retaliação pela prática do crime por parte do
criminoso, que, de autor, passa a vítima, por exemplo, linchamento pela prática de algum crime grave,
podendo ser citado o homicídio do próprio filho. Também pode ser constatado em caso de alcoolismo
quando o alcoólatra, com seu comportamento danoso e agressivo, cria no outro a vontade criminosa.

Síndrome de Oslo: ocorre quando as vítimas passam a acreditar que são merecedoras das agressões morais e físicas
que estão sofrendo, em razão de alguma conduta pretérita por parte delas. Na verdade, trata-se de um mecanismo de
defesa que ela utiliza para deixar o agressor mais calmo, de forma a tentar controlar as suas ações. Ocorre muito em
situações de violência doméstica quando a mulher assume para o marido que merecia sofrer as lesões perpetradas por
ele, mas isso apenas com o intuito de fazer com que cessem imediatamente as agressões e pareça que o homem tinha
razão acerca dos fatos que originaram o episódio. O grande problema é que, mesmo após o agressor ter ficado calmo, a
vítima, em muitos casos, não procura as autoridades estatais e entra num círculo vicioso.

Vitimização primária: é aquela provocada pelo próprio cometimento do crime, pela conduta
violadora dos direitos da vítima. Decorre do Delito.

Vitimização secundária/sobrevitimização: causada pelas instâncias formais de controle social.


Exemplos.: o mau atendimento que eventualmente receba a vítima em delegacias de polícia, institutos
médico-legais, fóruns e varas criminais. Decorre do Processo.

Vitimização terciária: Ausência de receptividade social e omissão estatal. Decorre da Sociedade.

Heterovitimização: corresponde à “auto recriminação da vítima” diante de um crime cometido, por


meio da busca pelas razões que a tornaram, de modo provável, responsável pela prática delitiva. Ex.:
ter deixado a porta de um automóvel sem a trava ou ter assinado uma folha de cheque que estava em
branco.

Vitimização quaternária: é aquela gerada pelo medo de se tornar vítima novamente.

SÍNDROMES DA CRIMINOLOGIA:

* Síndrome da Barbie: sintetiza a ideia de coisificação da mulher. A mulher é vista socialmente como objeto de
desejo, nos mesmos moldes de uma boneca, daí o nome alusivo à Barbie. Sabe-se que desde cedo muitas crianças são
criadas como se fossem bonecas dos pais, sem vontade própria e sempre visando à subserviência ao futuro marido.

* Síndrome da Mulher de Potífar: prova forjada de um suposto crime de estupro.

MODELOS DE REAÇÃO AO CRIME:


1) Modelo Clássico ou dissuasório: ao mal causado pelo crime deve ser retribuído pelo mal da pena.
Numa visão hegeliana, a pena deve ser vista como um castigo proporcional ao delito cometido. Não se
preocupa com a ressocialização do agente, mas apenas que ele sofra as consequências de uma prisão
em virtude da sua conduta criminosa. A vítima e a sociedade têm uma posição secundária, enquanto o
Estado e o delinquente são protagonistas.

2) Modelo Ressocializador: busca-se a reinserção social do condenado após o cometimento do delito.


Afasta-se daquele viés em que a expiação é a única busca quando da aplicação da pena, pois deve ser
lembrado que o condenado num futuro próximo irá voltar ao convívio social, o que torna a
responsabilidade da sociedade elevada. Com essa ideia é que surgem mecanismos de ressocialização
cada vez mais eficazes, como a remição da pena pelo trabalho e pelo estudo.

A pena com caráter utilitário, apresenta finalidade de prevenção especial positiva, destinando-se à
reinserção social, não se restringindo à noção de castigo, de retribuição do mal causado.

3) Modelo Restaurador ou integrador: (JUSTIÇA RESTAURATIVA) busca-se o retorno da vítima ao


status quo ante ao cometimento do delito, de forma a tentar resgatar o momento anterior à violação
dos bens jurídicos. Passam a compor, de forma principal, esse modelo de reação, a vítima e o
condenado, ficando de fora o Estado. Busca-se a conciliação entre autor e vítima (modelo conciliatório).
Ex: transação penal e composição civil de danos.

TERMINOLOGIAS ESPECÍFICAS:

* Tese do Volume Constante: Trata-se da tese desenvolvida por Guerry e Quetelet, em que se admite
um certo número de crimes na sociedade, desde que haja um controle por parte dos órgãos de
Segurança Pública de forma a impedir o seu crescimento desenfreado. Em outras palavras, admite-se
que o crime é algo natural em qualquer sociedade, mas a sua prática deve ser em número aceitável,
em que o convívio social não seja afetado de forma sobremaneira.

* Direito Penal Subterrâneo: Consiste na prática de condutas ilícitas por meio dos personagens do
controle social formal (Delegados, membros do Ministério Público e Juízes) na investigação das
infrações penais. O nome subterrâneo remonta ao termo “às escuras” ou aquilo que está encobertado,
como se fosse algo sujo (esgoto), de tal forma que os integrantes da persecução penal usam de
técnicas pouco convencionais para descobrir provas de crimes. São os casos de tortura para que o
agente confesse onde está a droga ou, em nível da criminalidade moderna do colarinho-branco,
quando são feitas interceptações telefônicas sem autorização judicial ou de pessoas que possuem foro
por prerrogativa de função. Além disso, tem-se os casos de condenações perpetradas por Juízes com
base unicamente em palavra de delator, no seio de alguma delação premiada, em total contradição ao
que prega a Lei n. 12.850/2013, art. 4o, § 16.

* Teoria dos substitutivos penais de Ferri: Trata-se, na verdade, de uma técnica de prevenção
primária dos crimes, de forma a implementar Políticas Públicas na sociedade como forma de frear o
cometimento de delitos menores, como furtos, danos e consumo pessoal de drogas. Ferri propõe que
para os delinquentes inofensivos são suficientes medidas de caráter pedagógico, como matricular de
forma obrigatória em escolas, prestar serviços em igrejas e assistir palestras sobre os efeitos das
drogas.
* Lei térmica da criminalidade: Foi criada pelo matemático Adolphe Quetelet e estuda a influência
das estações do ano (verão, primavera, outono e inverno) no cometimento de crimes. Por meio de
pesquisas estatísticas, constatou-se que os mais variados crimes estavam relacionados a certas
estações climáticas. Por exemplo, no verão, aumentam-se os índices de criminalidade dos crimes
contra a pessoa; no inverno, são praticados crimes contra o patrimônio; na primavera, destacam-se os
crimes contra a dignidade sexual.

* Leis da imitação: O estudioso Jean-Gabriel Tarde constatou que os criminosos cometiam delitos com
base no comportamento imitativo, de forma que o crime surge porque os integrantes da sociedade
interagem entre si e copiam a conduta alheia. Tem fundamento no Determinismo Social, em que o
meio determina o homem, notadamente quando o semelhante consegue obter metas sociais difíceis
por meio do ganho fácil (práticas criminosas), ocorre uma imitação por parte dos demais cidadãos. No
Brasil, os crimes de colarinho-branco são praticados e dificilmente punidos, mas as metas culturais
como casas luxuosas, carros caros e outros bens de maior valor são alcançados, o que faz com que
outras pessoas pratiquem esse tipo de crime imitando aqueles que praticaram e ficaram impunes.

* Penologia: É a ciência que estuda o sistema penitenciário, de forma a dar melhor condição de
cumprimento da sanção criminal no ambiente carcerário. Foi idealizado por John Howard, com o livro
O estado das prisões, em que se defendia um local mais humano na execução penal, uma vez que este
já é por natureza um local de difícil convivência.

* Genética Criminal: Consiste no estudo de fatores hereditários para o surgimento do crime. Foi
comprovado cientificamente por Mendel que a transmissão hereditária de genes influencia na
propensão ao crime, de tal forma que fatores biológicos, morfológicos e psicológicos são
determinantes na prática de crimes. Além das caracterís-

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