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Ações ou interditos possessórios, positivados no Novo CPC nos arts. 554 a 568, são as formas de assegurar o
direito à posse de um bem em caso de lesão possessória de esbulho, turbação ou ameaça por ato de outrem.
As ações possessórias têm por objetivo assegurar a posse de um bem. Logo, promovem a tutela jurídica da
posse. O tema é da mais alta importância, já que está diretamente relacionado a questões sociais como a
concentração de terras e a reforma agrária. No Novo CPC, sua tematizada se dá nos arts. 554 a 568.
As ações possessórias fazem parte do rol de procedimentos especiais e seguem algumas normas bastante
específicas.
Neste post, então, apresenta-se, em linhas gerais, o que o Novo CPC determina em relação à propositura e
condução deste tipo de ação.
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito
pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua
posse contra o indireto.
Esbulho é a situação em que o possuidor é despojado do bem possuído. Nesse caso, o remédio jurídico é a
ação de reintegração de posse.
Turbação, por sua vez, é a situação em que um ofensor exerce atos materiais que dificultam o exercício da
posse. Isto ainda que o possuidor não perca a disposição física sobre o bem. Nesse caso, portanto, o remédio
jurídico é a ação de manutenção de posse.
Art. 560. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado em caso de
esbulho.
Art. 567. O possuidor direto ou indireto que tenha justo receio de ser molestado na posse poderá requerer ao
juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório em que se comine ao réu
determinada pena pecuniária caso transgrida o preceito.
Essa fungibilidade tem base legal no art. 554 do Novo CPC. Assim:
Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e
outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados.
De acordo com a interpretação de Flávio Tartuce [1], o dispositivo do art. 554, NCPC, implica duas
possibilidades. A primeira, quando há alteração fática que enseje mudança na demanda. Esta é reconhecida
como transmudação de uma ação em outra. A segunda, por sua vez, é referente ao erro quanto à medida
cabível. Nesses casos, diz-se haver aplicação do princípio da instrumentalidade das formas.
Entretanto, Tartuce [2] faz uma advertência doutrinária. Pois a natureza dúplice das ações possessórias não
abrange o interesse do réu ilimitadamente. É necessário que o pedido esteja relacionado à proteção da posse
ou à indenização por perdas e danos resultados da ação. Caso deseje consequência jurídica diversa, deverá
ingressar com ação declaratória incidental.
Requisitos para propositura de ações possessórias
Para propor uma ação possessória, o Novo CPC estabelece alguns requisitos. Dessa forma, o art. 561, NCPC,
determina que o autor deverá comprovar:
a posse;
o esbulho ou a turbação;
a data do esbulho ou turbação;
e, por fim, os efeitos do esbulho ou turbação.
A petição inicial da ação, portanto, estará devidamente instruída se atender a esses requisitos. Do mesmo
modo, deverá atender também àqueles exigidos pelo art. 319 do Novo CPC. Em seguida, o juiz deve deferir a
expedição de mandado liminar de reintegração ou manutenção de posse. Para isso, entretanto, não é
necessário ouvir o réu, de acordo com o art. 562 do CPC/2015.
No que diz respeito ao interdito proibitório, é sempre considerado ação de força nova, já que a ameaça, por sua
natureza não-realizada, é necessariamente atual.
Ainda que a ação possessória seja intentada além de ‘ano e dia’ da turbação ou esbulho, e, em razão disso,
tenha seu trâmite regido pelo procedimento ordinário (CPC, art. 924), nada impede que o juiz conceda a tutela
possessória liminarmente, mediante antecipação de tutela, desde que presentes os requisitos autorizadores do
art. 273, I ou II, bem como aqueles previstos no art. 461-A e parágrafos, todos do Código de Processo Civil.
Apesar da redação do enunciado ser anterior ao Novo CPC, o entendimento do STJ permanece nesse sentido.
É, por exemplo, entendimento da decisão em Agravo Interno no Agravo em Recurso Especial de 2018:
[…] 4. O Superior Tribunal de Justiça tem entendimento de que é possível a concessão de tutela antecipada em
ação possessória de força velha, desde que preenchidos os requisitos do art. 273 do CPC/73, a serem aferidos
pela instância de origem. (STJ, 4ª Turma, AgInt no AREsp 1089677/AM, rel. Min. LÁZARO GUIMARÃES,
julgado em 08/02/2018, publicado em 16/02/2018)
Estas inovações estão presentes nos arts. 554, §1º, e 565 do NCPC. O primeiro dispõe acerca da forma de
citação de polo passivo coletivo. O segundo, por sua vez, acerca da obrigatoriedade de audiência de mediação
no litígio coletivo pela posse.
[…] O CPC/2015, visando adequar a proteção possessória a tal realidade, tendo em conta os interesses público
e social inerentes a esse tipo de conflito coletivo, sistematizou a forma de integralização da relação jurídica, com
o fito de dar a mais ampla publicidade ao feito, permitindo que o magistrado se valha de qualquer meio para
esse fim.
[…] O novo regramento autoriza a propositura de ação em face de diversas pessoas indistintamente, sem que
se identifique especificamente cada um dos invasores (os demandados devem ser determináveis e não
obrigatoriamente determinados), bastando a indicação do local da ocupação para permitir que o oficial
de justiça efetue a citação daqueles que forem lá encontrados (citação pessoal), devendo os demais serem
citados presumidamente (citação por edital).
(STJ, 4ª Turma, REsp 1314615/SP, rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO, julgado em 09/05/2017, publicado em
12/06/2017)
Por fim, estes são os aspectos gerais das ações possessórias no Novo CPC. Outras normas, todavia, são
apresentadas nos artigos 554 a 568 do Código. E tratam, por exemplo, da intervenção do Ministério Público
nessas ações.
1. [1] TARTUCE, Flávio. O Novo CPC e o Direito Civil: impactos, diálogos e interações. São Paulo: Editora
Método, 2015.
2. [2] TARTUCE, Flávio. O Novo CPC e o Direito Civil: impactos, diálogos e interações. São Paulo: Editora
Método, 2015.
3. [3] TARTUCE, Flávio. O Novo CPC e o Direito Civil: impactos, diálogos e interações. São Paulo: Editora
Método, 2015