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Lei de Drogas nº 11.

343/06 – ponto a ponto

1)

2) É inconstitucional a Lei nº 13.269/2016, que autorizou o uso da fosfoetanolamina sintética


("pílula do câncer) por pacientes diagnosticados com neoplasia maligna, mesmo sem que
existam estudos conclusivos sobre os efeitos colaterais em seres humanos e mesmo sem que
haja registro sanitário da substância perante a ANVISA. STF. Plenário. ADI 5501 MC/DF, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 19/5/2016 (Info 826).

3) A quantidade de drogas, por si só, não é fator determinante para concluir se era para
consumo pessoal. Nos termos do art. 28, § 2º, da Lei n. 11.343/2006, não é apenas a
quantidade de drogas que constitui fator determinante para a conclusão de que a substância se
destinava a consumo pessoal, mas também o local e as condições em que se desenvolveu a
ação, as circunstâncias sociais e pessoais, bem como a conduta e os antecedentes do agente.

4) ATIPICIDADE DA CONDUTA DE IMPORTAR SEMENTES DE MACONHA: O STF entende que não


há crime na importação de sementes de maconha.

O rol das substâncias que são consideradas como “droga”, para fins penais, está previsto
na Portaria SVS/MS nº 344/1998, considerando que ainda não foi editada uma nova lista
(norma penal em branco heterogênea, em sentido estrito ou heteróloga).

Tetrahidrocanabinol, também conhecido como THC, é uma substância psicoativa


encontrada na planta Cannabis Sativa, mais popularmente conhecida como maconha. A
THC é prevista expressamente como droga na Portaria SVS/MS nº 344/1998, da ANVISA.

Sementes de maconha não têm THC: Os frutos aquênios da cannabis sativa linneu não
apresentam na sua composição o THC. A planta da cannabis sativa linneu está prevista na lista
“E” da Portaria SVS/MS 344/1998. Ocorre que essa Portaria prevê apenas a planta como sendo
droga (e não a sua semente). Assim, a semente de maconha não pode ser considerada droga.

A semente de maconha não pode ser considerada matéria-prima ou insumo destinado à


preparação de drogas. Isso porque ela não é um “ingrediente” para a confecção de drogas. Não
se faz droga misturando a semente de maconha com qualquer coisa. Isso porque a semente de
maconha não tem substância psicoativa (ela não tem nada em sua composição que atue no
sistema nervoso central gerando euforia, mudança de humor, prazer etc.).

5) Posse de drogas para uso próprio em estabelecimento prisional e falta grave: O Superior
Tribunal de Justiça possui entendimento pacificado de que a posse de drogas no interior de
estabelecimentos prisionais, ainda que para uso próprio, configura falta disciplinar de natureza
grave, nos moldes do art. 52 da Lei de Execução Penal.

Nos termos da Súmula 526/STJ, "o reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de
fato definido como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de
sentença penal condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato".
6) O autor da conduta do art. 28 da LD deve ser encaminhado diretamente ao juiz, que irá lavrar
o termo circunstanciado e fará a requisição dos exames e perícias; somente se não houver juiz
é que tais providências serão tomadas pela autoridade policial; essa previsão é constitucional.

O STF, interpretando os §§ 2º e 3º do art. 48 da Lei nº 11.343/2006, afirmou que o autor do crime


previsto no art. 28 da Lei nº 11.343/2006 deve ser encaminhado imediatamente ao juiz e o próprio
magistrado irá lavrar o termo circunstanciado e requisitar os exames e perícias necessários.

Se não houver disponibilidade do juízo competente, deve o autor ser encaminhado à autoridade
policial, que então adotará essas providências (termo circunstanciado e requisição). Não há qualquer
inconstitucionalidade nessa previsão. Isso porque a lavratura de termo circunstanciado e a
requisição de exames e perícias não são atividades de investigação.

Considerando-se que o termo circunstanciado não é procedimento investigativo, mas sim uma
mera peça informativa com descrição detalhada do fato e as declarações do condutor do flagrante
e do autor do fato, deve-se reconhecer que a possibilidade de sua lavratura pela autoridade
judicial (magistrado) não ofende os §§ 1º e 4º do art. 144 da Constituição, nem interfere na
imparcialidade do julgador.

As normas dos §§ 2º e 3º do art. 48 da Lei nº 11.343/2006 foram editadas em benefício do usuário


de drogas, visando afastá-lo do ambiente policial, quando possível, e evitar que seja indevidamente
detido pela autoridade policial. STF. Plenário. ADI 3807, Rel. Cármen Lúcia, julgado em
29/06/2020 (Info 986 – clipping).

7) A Lei de Drogas só afirma que drogas são substâncias que "...causam dependência", o rol
taxativo está na portaria da ANVISA 344/1998. TODAVIA, poderia estar prevista em lei específica
também (Art. 1º, p.u.).

8) Associação para o tráfico (para o STJ, NÃO é equiparado a HEDIONDO) = 2 ou + agentes para
prática de atos previstos na lei de drogas. Deve haver ESTABILIDADE (se não, concurso de
pessoas);

9) STJ: o agente que leva droga consigo em transporte público, mas NÃO comercializa dentro do
veículo, NÃO recai sobre si a majorante do Art. 40, III;

10) STJ: NÃO HÁ CONCURSO MATERIAL entre importar e vender drogas e, com os recursos, se
autofinanciar para a prática do tráfico, mas há causa de aumento de pena de um sexto a dois
terços (Art. 40, VII);

11) STJ/2017: É POSSÍVEL a utilização de inquéritos policiais e/ou ações penais em curso para
formação da convicção de que o réu se dedica a atividades criminosas, de modo a afastar o
benefício legal previsto no artigo 33, § 4º, da Lei 11.343/06;

STF: NÃO. Não se pode negar a aplicação da causa de diminuição pelo tráfico privilegiado,
prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/2006, com fundamento no fato de o réu responder a
inquéritos policiais ou processos criminais em andamento, mesmo que estejam em fase recursal,
sob pena de violação ao art. 5º, LIV (princípio da presunção de não culpabilidade). STF. 1ª Turma.
HC 173806/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 18/2/2020 (Info 967).
12) STJ: A natureza e a quantidade da droga NÃO podem ser utilizadas simultaneamente para
justificar o aumento da pena-base e afastar a redução prevista no §4º do art. 33 da Lei 11.343/06,
sob pena de caracterizar bis in idem (AREsp 704874/SP);

13) INFILTRAÇÃO DE AGENTES: em qualquer fase da persecução penal.

14) AÇÃO CONTROLADA: em qualquer fase da persecução penal, somente autorizada se


conhecido o itinerário provável e a identificação dos agentes do delito ou colaboradores.

15) INTERNAÇÃO INVOLUNTÁRIA: não pode ser realizada por servidores da área de segurança
pública. Prazo MÁX. 90 dias. Comunicadas em 72h ao MP e DPE.

16) PRISÃO EM FLAGRANTE: Delegado comunica imediatamento ao Juiz e encaminha o APF, do


qual será dado vista ao MP em 24h. Após, 10 dias para determinar a destruição das drogas, que
serão destruídas em 15 dias, pelo Delegado, que lavrará auto circunstanciado (sem flagrante: 30
dias p/ destruição, contados da apreensão)

- Materialidade: laudo de constatação firmado por um perito, oficial ou não, que não ficará
impedido de participar do laudo definitivo.

- PRAZOS DO INQUÉRITO: 30 dias preso/ 90 dias solto. Podem ser duplicados, por pedido
justificado.

16) INSTRUÇÃO CRIMINAL: Recebido o Inquérito, MP terá 10 dias para arquivar; requerer
diligências ou oferecer denúncia (arrola 5 testemunhas). Denunciado o indiciado, juiz determina
a notificação para responder em 10 dias. Se não apresentar resposta, juiz nomeia defensor para
oferecê-la, no prazo de 10 dias. Apresentada a defesa, juiz decide em 5 dias. Recebida denúncia,
designa audiência (a ocorrer em 30 dias ou 90 dias, neste caso se determinada avaliação para
testar a dependência de drogas) e cita o réu. Sustentação oral: 20 min, prorrogável por mais 10
min. Sentença em10 dias.

17) BENS APREENDIDOS: requerida pelo MP, assistente, ou representação do Delegado, no curso
do IP ou da instrução (juiz não determina de ofício). Após a comunicação da apreensão, juiz
determina a venda em 30 dias. Avaliação em 5 dias por OJ. Se necessários conhecimentos
especializados, 10 dias. Feita a avaliação, intima MP e FUNAD para manifestação em 5 dias.
Imóveis vendidos em hasta pública, por não menos que 50% da avaliação. (OBS: lei de lavagem de
dinheiro: bens – móveis ou imóveis – são alienados por valor não inferior a 75% da avaliação).

18) ART. 37 – INFORMANTE: deve existir nexo de causalidade entre a ação informativa do
colaborador e a atividade do grupo. A colaboração inócua, que em nada contribui para o
resultado, é penalmente irrelevante. Exemplo: os associados sequer conheciam o agente e,
tampouco, poderiam imaginar que o foguetório tinha por escopo auxiliá-los. Somente se verifica
se a conduta do informante ocorrer de forma esporádica. Tratando-se de informante
colaborador permanente, seu enquadramento típico migrará para outro dispositivo mais grave,
consistente no art. 35 (associação para o tráfico), e se o agente realizar qualquer conduta ligada a
tráfico de drogas, ser-lhe-á imputado o art. 33, caput.

19) ART. 35 – ASSOCIAÇÃO: É imprescindível o vínculo associativo, revestido de estabilidade e


permanência entre seus integrantes. O acordo ilícito entre duas ou mais pessoas deve versar
sobre uma duradoura, mas não necessariamente perpétua, atuação em comum para o fim de
cometer qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 da Lei 11.343/2006.

20) MAJORANTE ART. 40, IV (envolver criança e adolescente), e ART. 35: não há bis in idem na
aplicação da causa de aumento cumulativamente para os crimes de associação para o tráfico (art.
35) e de tráfico de drogas (art. 33, caput), haja vista tratarem-se de delitos autônomos.

21) Na Lei de Drogas, é prevista como crime a conduta do agente que oferte drogas,
eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa do seu relacionamento, para juntos a
consumirem, não sendo estabelecida distinção entre a oferta dirigida a pessoa imputável ou
inimputável.

22) O uso não é crime, o crime é o porte da substância para uso; portanto, se os agentes não
encontrarem a substância entorpecente em poder do abordado, ele não estará sujeito às penas
previstas no artigo 28 da Lei 11.343/06.

23) A natureza e a quantidade da droga não podem ser utilizadas simultaneamente para
justificar o aumento da pena-base e afastar a redução prevista no §4º do art. 33 da Lei
11.343/06, sob pena de caracterizar bis in idem.

24) A condenação simultânea nos crimes de tráfico e associação para o tráfico afasta a incidência
da causa especial de diminuição prevista no art. 33, §4º, da Lei n. 11.343/06 por estar evidenciada
dedicação a atividades criminosas ou participação em organização criminosa.

25) O juiz pode fixar regime inicial mais gravoso do que aquele relacionado unicamente com o
quantum da pena ao considerar a natureza ou a quantidade da droga.

26) A incidência de mais de uma causa de aumento prevista no art. 40 da Lei n. 11.343/06 não
implica a automática majoração da pena acima do mínimo (2/3) na terceira fase, pois a sua
exasperação exige fundamentação concreta.

27) Não acarreta bis in idem a incidência simultânea das majorantes previstas no art. 40 aos
crimes de tráfico de drogas e de associação para fins de tráfico, porquanto são delitos autônomos,
cujas penas devem ser calculadas e fixadas separadamente.

28) Não há bis in idem na aplicação da causa de aumento de pena pela transnacionalidade (art.
40, I, da Lei n. 11.343/06) com as condutas de "importar" e "exportar" previstas no caput do art. 33
da Lei de Drogas, porquanto o simples fato de o agente trazer consigo a droga já conduz à
configuração da tipicidade formal do crime de tráfico.

29) É dispensável a expedição de mandado de busca e apreensão domiciliar quando se trata de


flagrante de crime permanente, como é o caso do tráfico ilícito de entorpecentes na modalidade
guardar ou ter em depósito.

30) Para fins de fixação da pena, não há necessidade de se aferir o grau de pureza da substância
apreendida uma vez que o art. 42 da Lei de Drogas estabelece como critérios "a natureza e a
quantidade da substância".

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