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RESUMO DE PROCESSO CIVIL

(Atualizado com as leis 11.382/2006, 11.417/2006, 11.418/2006, 11.341/2006,


11.419/2006, 11.441/2007, 11.448/2007 e 13.105/2015.)

Conceito: O Processo Civil é a instrumentalidade do Direito Civil, que disciplina


a aplicação da jurisdição sobre as partes em litígio, visando a pacificação social.

Princípios – O Processo Civil é regido por princípios, dentre os quais


podemos citar: devido processo legal: obrigação de se aplicar um processo
justo e legal; contraditório: todas as partes da relação processual têm
assegurado o direito de exposição de suas razões; ampla defesa: garantia de
promover a ampla defesa de seus direitos; isonomia: igualdade de tratamento
no decorrer do processo; juiz natural: as sentenças serão expedidas por juízo
competente, proibido o juízo ou tribunal de exceção - o tribunal criado por lei
apara julgar um caso específico; proibição de prova ilícita: não são aceitas
provas obtidas por meios ilícitos e usadas no processo; motivação das
decisões judiciais: toda sentença deve ser motivada; publicidade: atos
processuais devem ser públicos, com exceção dos legalmente impedidos de
publicação (segredo de justiça); duplo grau de jurisdição: direito de recorrer
das decisões judiciais; e, finalmente, o princípio da boa-fé, segundo o qual as
partes devem litigar sob a lealdade.

JURISDIÇÃO E AÇÃO

Jurisdição (artigos 13 ao 25 do CPC/2015) – É a capacidade do Estado de


substituir as partes em conflito, mediante uma provocação expressa, tendo o
Estado o poder de expedir uma decisão que gere a pacificação do litígio. Em
síntese, a jurisdição é o comprometimento do Estado em dar solução a litígios,
aplicando a imperatividade da legislação pertinente.

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Tipos de Jurisdição: Voluntária – inexiste conflito entre as partes, mas a
intervenção do Estado se faz, mediante provocação, quando algum interesse
envolvido precisa ser assegurado por sua relevância; Contenciosa –
intervenção do Estado junto aos conflitos, para solução mediante definição da
razão em favor de uma das partes envolvidas (pode ocorrer de mais de um
indivíduo ser beneficiado) .

Ação – Pedido de intervenção do Estado para efetivação da jurisdição em um


determinado conflito.

Condições da Ação – Legitimidade  - direito da parte em invocar a prestação


jurisdicional; Interesse  - vontade de agir, que se concretiza com a proposição
da ação em juízo; e Possibilidade jurídica do pedido - legalidade do pedido
junto ao ordenamento pertinente.

Elementos da Ação – Constituem elementos da ação: as partes:  que são os


agentes em litígio que sofrerão os efeitos da jurisdição; e o pedido: que é o
objeto da pretensão estancada em juízo, e pode ser mediato (delimitação do
bem pretendido), ou imediato (delimitação do bem pretendido diretamente ao
juiz); e a causa de pedir: que é o objeto da pretensão proposta em juízo.

Partes e Procuradores (artigos 70 ao 112 do CPC/2015)

Partes – Todas as pessoas que se acham no exercício de seus direitos. Os


incapazes serão representados ou assistidos por seus pais, tutores ou
curadores.

Deveres – São deveres das partes: expor os fatos em juízo conforme a


verdade; proceder com lealdade e boa-fé; não formular pretensões, nem alegar
defesa, cientes de que são destituídas de fundamento; não produzir provas,
nem praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou defesa do direito;

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cumprir com exatidão os provimentos mandamentais; e não criar embaraços à
efetivação de provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou final. O autor,
o réu ou o interveniente sempre respondem por perdas e danos no caso de seu
pleito vir eivado de má-fé.

Procuradores - A parte será representada em juízo por advogado legalmente


habilitado. Ser-lhe-á lícito, no entanto, postular em causa própria, quando tiver
habilitação legal, ou, não a tendo, no caso de falta de advogado no local,  ou no
caso de recusa ou impedimento dos que houver.

Litisconsórcio (artigos 113 ao 118 do CPC/2015) - Facultativo: duas ou mais


pessoas podem litigar no mesmo processo, em conjunto, ativa ou
passivamente, quando entre elas houver comunhão de direitos ou de
obrigações em relação à lide; quando os direitos ou as obrigações derivarem do
mesmo fundamento de fato ou de direito; quando entre as causas houver
conexão pelo objeto ou pela causa de pedir; e quando ocorrer afinidade de
questões, por um ponto comum de fato ou de direito. Necessário: há
litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei ou pela natureza da
relação jurídica, o Juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as
partes; caso em que a eficácia da sentença dependerá da citação de todos os
litisconsortes no processo.

Assistência (artigos 119 ao 124 do CPC/2015) - Pendendo uma causa entre


duas ou mais pessoas, um terceiro, que tenha interesse jurídico em que a
sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la.
Simples: é a relação entre assistente e assistido. Litisconsorcial – é a relação
do assistente com a parte contrária do assistido.

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INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

Oposição (artigos 682 a 686 do CPC/2015) - Quem pretender, no todo ou em


parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu poderá, até ser
proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos.

Nomeação a Autoria - Aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-lhe


demandada em nome próprio, deverá nomear à autoria o proprietário ou o
possuidor. Em síntese, é o pedido de retirada do processo, com nomeação de
um terceiro. A nomeação à autoria deixou de ser uma espécie autônoma de
intervenção para se tornar uma questão a ser suscitada em preliminar da
contestação.

Denunciação a Lide (artigos 125 ao 129 do CPC/2015) – Denúncia feita


sobre terceiro para que este pague a sucumbência sobre a lide, por ser uma
espécie de garantia desta. A denunciação acontece em casos específicos, dos
quais podemos citar, de acordo com o art. 70 do CPC: a denunciação ao
alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi
transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção Ihe
resulta;  a denunciação ao proprietário ou ao possuidor indireto, quando, por
força de obrigação ou direito, em casos como o do usufrutuário, do credor
pignoratício ou do locatário, o réu citado em nome próprio exerça a posse direta
da coisa demandada; e a denunciação àquele que estiver obrigado, pela lei ou
pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder a
demanda.

Chamamento ao Processo (artigos – 130 ao 132 do CPS/2015) –


Chamamento no prazo da contestação para que os coobrigados venham a
integrar o pólo passivo da lide. Possibilidades: do devedor, na ação em que o
fiador for réu; dos outros fiadores, quando para a ação for citado apenas um

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deles; e de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de
alguns deles, parcial ou totalmente, a dívida comum.

Ministério Público (artigos 176 ao 181 do CPC/2015) – O Ministério Público


terá direito de ação nas causas em que houver interesses de incapazes; nas
causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela,
interdição, casamento, declaração de ausência e disposições de última
vontade; nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse de terra rural; e
nas demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da
lide ou pela qualidade da parte.

Competência (artigos 42 ao 66 do CPC/2015) – É a medida da Jurisdição.


Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. São
irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas
posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a
competência em razão da matéria ou da hierarquia.

Definição da Competência – O CPC adota  três critérios para definir a


competência: o objetivo  - segundo o qual se fixa a competência com base nos
elementos da causa, ou seja, natureza, valor e condição das partes; o territorial
- competência relativa, fixada basicamente no domicílio do réu; e o funcional -
competência absoluta,  prevista em lei, na qual os órgãos do judiciário
funcionam dentro de uma hierarquia verticalizada e dividida em instâncias de
atuação). 

A competência territorial possuí as seguintes características: firmada


basicamente no domicílio do réu (artigo 94); no local dos fatos (artigo 100); e no
domicílio delimitado e foro da situação da coisa.

Modificação da Competência (artigos 54 ao 63 do CPC/2015) - A


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competência, em razão do valor e do território, poderá modificar-se pela
conexão (duas ou mais ações, quando Ihes for comum o objeto ou a causa de
pedir) ou pela continência (duas ou mais ações, sempre que há identidade
quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo,
abrange o das outras).

Atos Processuais (artigos 212 ao 232 do CPC/2015) – Todas as atividades


praticadas pelas partes com um objeto comum. Não se apresentam de forma
isolada, e seu conjunto visa a uma finalidade comum ( o resultado).

Princípios – Liberdade das formas -  forma mais idônea de se atingir o objetivo;


documentação  - todos os documentos relevantes ao julgamento da ação;
publicidade - todos os atos são públicos, com exceção dos que devem
preservar os interesses particulares das partes; obrigatoriedade de vernáculo  -
uso obrigatório da Língua Portuguesa.

Classificação – Atos das partes  - praticados por autor, réu, terceiros


interessados e Ministério Público; atos do juiz  - sentenças e decisões
interlocutórias (não põem fim ao processo), e despachos  - atos praticados
pelos auxiliares da justiça para a devida prestação jurisdicional.

Feriados Forenses – A regra é para que os atos não sejam praticados nos
feriados forenses, com exceção das medidas de natureza urgente.

Prazos – Se não houver previsão legal, a lei diz que os prazos omissos devem
ser praticados em cinco dias.

Contagem – Exclui-se o dia de início e inclui-se o dia de final. No caso de o dia


de início ou fim cair em final de semana (sábado ou domingo), em feriado, ou

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em dias em que não haja expediente forense, os prazos são prorrogados para o
dia útil subsequente.

Prazo para Fazenda Pública e Ministério Público - O prazo é contado em


dobro para recorrerem, e é quadruplicado para contestar.

Prazo para Defensoria Pública - Os prazos são contados em dobro.

Prazo para Litisconsortes - No caso de litisconsortes tiverem diferentes


procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, recorrer
e de modo geral falar nos autos.

Citação (artigos 238 ao 259 do CPC/2015) – É o ato processual de


chamamento do réu ou do interessado para se defenderem. A citação válida
previne o juízo, produz litispendência, torna a coisa litigiosa, constitui o devedor
em mora e interrompe a prescrição. Sua nulidade pode ser argüida em qualquer
fase processual.

Formas de citação:

    Por correio ou Postal – Com exceção das ações de Estado, quando o réu
for incapaz, ou quando ele for pessoa jurídica de direito público; nas execuções,
e quando o réu se encontrar em local incerto ou não sabido; ou quando o autor
requerer de outra forma.

    Por Oficial de Justiça – Efetivada por funcionário público com fé pública
para colher a assinatura do citado ou dar informações sobre sua condição no
ato da citação.

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    Por Edital – É sempre feita quando o réu se encontra em local incerto ou não
sabido e quando outros atos para a citação não tiverem produzido os efeitos
necessários.

    Por Hora Certa – Sempre que o Oficial de Justiça suspeitar da ocultação do
citado, e após três tentativas, poderá, a pedido, efetivar a citação de qualquer
pessoa encontrada no local. Nesse caso, o ato é feito com designação, pelo
Oficial, de dia e hora para ocorrência.

Impedimentos para citação – Para quem estiver assistindo a ato religioso;


para cônjuge ou parente de até segundo grau; por até sete dias do falecimento
da parte; e para os doentes em estado grave. Existe exceção nos casos de
possibilidade de perda de direito.

Efetivadas as citações, os prazos para resposta começam com a data de


juntada de sua efetivação nos autos do processo.

Intimação (artigos 269 ao 275 do CPC/2015) – É a chamada ao processo


para que se efetive atos sob sua responsabilidade. Pode efetivar-se por meio
de publicação para advogados, e deve ser feita pessoalmente nos casos de
existência de Defensor Público ou representante do Ministério Público.

Formação (art. 312 do CPC/2015) e Extinção dos Processos (artigos 313 e


317 do CPC/2015) - A formação do processo começa com a iniciativa da parte
e, logo após, pelo impulso do Estado. A distribuição é o marco inicial de
formação do processo, podendo ocorrer modificação do pedido e da causa de
pedir até a citação ou o saneamento (com autorização e consentimento da
parte). A extinção ocorre, mediante sentença, com ou sem a resolução do
mérito. 

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Suspensão (artigos 313 ao 315 do CPC/2015) - Suspende-se o processo:
pela morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu
representante legal, ou de seu procurador; pela convenção das partes;  ou
ainda quando for oposta exceção de incompetência do juízo, da câmara ou do
tribunal, bem como exceção de suspeição ou impedimento do juiz. Suspende-
se também o processo quando a sentença de mérito depender do julgamento
de outra causa, ou da declaração da existência ou inexistência da relação
jurídica que constitua o objeto principal de outro processo pendente; quando a
sentença não puder ser proferida senão depois de verificado determinado fato,
ou depois de produzida certa prova, requisitada a outro juízo; quando tiver por
pressuposto o julgamento de questão de estado, requerido como declaração
incidente; ou por motivo de força maior.

DO PROCESSO E DOS PROCEDIMENTOS

O novo Código de Processo Civil no art. 318 aboliu a divisão de ritos, não


existindo mais a distinção entre sumário e ordinário. Resta apenas o
procedimento comum, este previsto no art. 318 e seguintes, bem como os
procedimentos especiais previstos no art. 539 ao 718 (jurisdição contenciosa),
no art. 719 a 770 (jurisdição voluntária) e, ainda, em legislação esparsa.

DO PROCEDIMENTO DA TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA EM


CARÁTER ANTECEDENTE (arts. 303 e 304 do CPC/2015) - Nos casos em
que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode
limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de
tutela final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo
de dano ou do risco ao resultado útil do processo. Concedida a tutela
antecipada a que se refere o caput deste artigo: o autor deverá aditar a petição
inicial, com a complementação de sua argumentação, a juntada de novos
documentos e a confirmação do pedido de tutela final, em 15 (quinze) dias ou
em outro prazo maior que o juiz fixar; o réu será citado e intimado para a

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audiência de conciliação ou de mediação na forma do art. 334; não havendo
autocomposição, o prazo para contestação será contado na forma do art.
335. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-se estável se
da decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso.

DO PROCEDIMENTO DA TUTELA CAUTELAR REQUERIDA EM CARÁTER


ANTECEDENTE (arts. 303 ao 310 do CPC/2015) -  A petição inicial da ação
que visa à prestação de tutela cautelar em caráter antecedente indicará a lide e
seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o
perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. O réu será citado para,
no prazo de 5 (cinco) dias, contestar o pedido e indicar as provas que pretende
produzir. Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado
pelo autor no prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado nos
mesmos autos em que deduzido o pedido de tutela cautelar, não dependendo
do adiantamento de novas custas processuais. Cessa a eficácia da tutela
concedida em caráter antecedente, se: o autor não deduzir o pedido principal
no prazo legal; não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias; o juiz julgar
improcedente o pedido principal formulado pelo autor ou extinguir o processo
sem resolução de mérito. O indeferimento da tutela cautelar não obsta a que a
parte formule o pedido principal, nem influi no julgamento desse, salvo se o
motivo do indeferimento for o reconhecimento de decadência ou de prescrição.

Procedimento Comum (artigos 318 ao 331 do CPC/2015) – Esse


procedimento é o padrão, e sempre será utilizado quando não houver previsão
em lei de procedimento diverso. Suas regras, contidas no artigo 319 do
CPC/2015, são as seguintes: a petição inicial indicará o juiz ou tribunal a que é
dirigida; os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a
profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a
residência do autor e do réu; o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; o
pedido, com as suas especificações; o valor da causa; as provas com que o

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autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; a opção do autor pela
realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.

Resposta do Réu (artigos 335 ao 342 do CPC/2015) –  O réu poderá oferecer


contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a
data: da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de
conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não
houver autocomposição; do protocolo do pedido de cancelamento da audiência
de conciliação ou de mediação apresentado pelo réu, quando ocorrer a
hipótese do art. 334, § 4o, inciso I; prevista no art. 231, de acordo com o modo
como foi feita a citação, nos demais casos. No caso de litisconsórcio passivo,
ocorrendo a hipótese do art. 334, § 6o, o termo inicial previsto no inciso II será,
para cada um dos réus, a data de apresentação de seu respectivo pedido de
cancelamento da audiência.

Exceções (artigo 337 do CPC/2015) – O Código de 2015 inova ao eliminar


uma das hipóteses de “exceção” como resposta do réu: a de incompetência.
Agora, tanto a incompetência relativa como absoluta são alegadas como
preliminares de contestação. Assim, dispõe o art. 337 que incumbe ao réu,
antes de discutir o mérito, alegar incompetência absoluta e relativa (inciso II).

Incompetência Absoluta e Relativa (artigos 64 ao 66 do CPC/2015) - A


incompetência, absoluta ou relativa, será alegada como questão preliminar de
contestação. A incompetência absoluta pode ser alegada em qualquer tempo e
grau de jurisdição e deve ser declarada de ofício. Após manifestação da parte
contrária, o juiz decidirá imediatamente a alegação de incompetência. Caso a
alegação de incompetência seja acolhida, os autos serão remetidos ao juízo
competente. Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu não alegar a
incompetência em preliminar de contestação. A incompetência relativa pode ser
alegada pelo Ministério Público nas causas em que atuar.

Impedimento e Suspeição (artigos 144 a 148 do CPC/2015) – São aplicados

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todas as vezes que o juiz tiver ligação objetiva com as partes ou com o mérito
da causa, o que pode provocar a nulidade do processo, se não for aplicada em
momento oportuno.   Impedimentos (relacionados no artigo 144 do CPC/2015):
É defeso ao juiz exercer suas funções em processo contencioso ou voluntário:
de que for parte,  ou em que interveio como mandatário da parte, oficiou como
perito, funcionou como órgão do Ministério Público, ou prestou depoimento
como testemunha; em processo que conheceu em primeiro grau de jurisdição,
tendo-lhe proferido sentença ou decisão, ou quando nele estiver postulando,
como advogado da parte, seu cônjuge ou qualquer parente seu, consangüíneo
ou afim, em linha reta ou, na linha colateral, até o segundo grau; quando for
cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta
ou, na colateral, até o terceiro grau; e ainda quando for órgão de direção ou de
administração de pessoa jurídica, parte na causa.  Suspeição (art. 145 do
CPC/2015): Todas as vezes que a parcialidade do juiz comprometer o
julgamento da lide. Sua aplicabilidade se revela: quando o juiz é amigo íntimo
ou inimigo capital de qualquer das partes; quando alguma das partes for
credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha
reta ou, na colateral, até o terceiro grau; quando for herdeiro presuntivo,
donatário ou empregador de alguma das partes; quando receber dádivas antes
ou depois de iniciado o processo; quando aconselhar alguma das partes acerca
do objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio;
ou quando interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.
Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo.

Reconvenção (art. 343 do CPC/2015) – Ato pelo qual o réu pode, no mesmo
processo, apresentar pedido contra o autor. Esse ato processual só é possível
quando a reconvenção é conexa com a ação principal ou com  o fundamento da
defesa. As duas ações tramitarão em um mesmo processo e serão julgadas na
mesma sentença. A reconvenção é apresentada junto com a contestação e em
peça separada. Após recebida,  o autor tem prazo de quinze dias para
contestá-la sob pena de revelia, podendo a reconvenção prosseguir em caso de

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desistência pelo autor da ação principal.

Revelia – Ocorre pela perda do prazo para resposta do réu, e seus efeitos são
a transformação  dos fatos afirmados pelo autor da ação em verdadeiros.
Contudo seus efeitos não se efetivam: se houver pluralidade de réus e algum
deles contestar a ação;  se o litígio versar sobre direitos indisponíveis; e se a
petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei
considere indispensável à prova do ato. Ainda que ocorra revelia, o autor não
poderá alterar o pedido, ou a causa de pedir, nem demandar declaração
incidente, salvo se promover nova citação do réu, a quem será assegurado o
direito de responder no prazo de quinze dias.

Julgamento Conforme o Estado do Processo - ultrapassada a fase das


providências preliminares, ainda que nenhuma delas tenha sido necessária, o
processo chega a uma nova fase, em que o juiz proferirá uma decisão, que
pode ser interlocutória ou sentencial. Pode o julgamento conforme o estado
do processo consistir numa das seguintes decisões: Extinção do
Processo (art. 354 do CPC/2015); Julgamento Antecipado do Mérito (art.
355 do CPC/2015); Julgamento Antecipado Parcial do Mérito (art. 356 do
CPC/2015); Saneamento e Organização do Processo (art. 357 do
CPC/2015).

Das Provas (artigos 369 ao 383 do CPC/2015) – São todos os meios legais,
bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados no Código de
Processo Civil. São hábeis para provar a verdade dos fatos em que se fundam
a ação ou a defesa.

Ônus da Prova (artigos 373 do CPC/2015) - O ônus da prova incumbe:  ao


autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; ao réu, quanto à existência de
fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.Toda  convenção
que distribui, de maneira diversa, o ônus da prova é nula quando recair sobre

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direito indisponível da parte ou quando tornar excessivamente difícil a uma
parte o exercício do direito.

Tipos de Prova:

Depoimento Pessoal – Determinado de ofício ou a pedido da parte contrária, é


o ato pelo qual as partes comparecem em juízo para serem ouvidas pelo juiz.
Ressalvam-se o sigilo de certas profissões e a imputação de culpa sobre o
depoente.

Confissão – Admissão em juízo da verdade de um fato que beneficia a parte


em contrário. Não se aplica em direito disponível, e pode ser aplicada pelo juiz
no caso de negativa de depoimento da parte devidamente intimada para tal ato.

Exibição de Documento ou Coisa – Ordem judicial emanada por juiz para que
a parte exiba documento ou coisa sob sua guarda.

Prova Documental – São todos os documentos que compõem o corpo


probatório do processo, os quais devem acompanhar a inicial ou a contestação,
podendo ser juntados aos autos após decorridos os prazos desses, somente
quando se tratar de fato novo relativo à causa (fato já existente, cuja prova foi
conseguida posteriormente).

Prova Testemunhal –  Consiste na apresentação de testemunhas para serem


ouvidas em juízo (no prazo de até dez dias antes da audiência), para fim de
complementação de prova anteriormente produzida, ou a ser produzida em
audiência.

Prova Pericial – São provas produzidas por meio de exame, vistoria ou

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avaliação efetivada por perito técnico, que pode ser acompanhado por
assistentes nomeados pelas partes.

Inspeção Judicial – Ato pelo qual o juiz, de ofício ou a requerimento da parte,


pode, em qualquer fase do processo, inspecionar pessoas ou coisas, a fim
de se esclarecer fato que interesse à decisão da causa.

Da Audiência (Artigos 358 ao 368 do CPC/2015) – Ato processual no qual as


provas orais serão produzidas em juízo.  A audiência será pública, com exceção
dos casos previstos em lei (art. 368). O juiz exerce o poder de polícia,
competindo-lhe:  manter a ordem e o decoro na audiência;  ordenar que se
retirem da sala de audiência os que se comportarem inconvenientemente;  e
requisitar, quando necessário, a força policial. Compete ao juiz em especial:
dirigir os trabalhos da audiência;  proceder direta e pessoalmente à colheita das
provas;  e exortar os advogados e o órgão do Ministério Público a que discutam
a causa com elevação e urbanidade. Enquanto depuserem as partes, o perito,
os assistentes técnicos e as testemunhas, os advogados não podem intervir ou
apartear sem licença do juiz. Antes de iniciar a instrução, o juiz tentará conciliar
as partes. Chegando-se a acordo, o juiz mandará tomá-lo por termo. O termo
de conciliação, assinado pelas partes e homologado pelo juiz, terá valor de
sentença.

Instrução e julgamento – Para instrução e julgamento, as provas serão


produzidas na audiência na seguinte ordem: o perito e os assistentes técnicos
responderão aos quesitos de esclarecimentos, requeridos no prazo e na forma
da lei; o juiz tomará os depoimentos pessoais, primeiro do autor e depois do
réu; finalmente, serão inquiridas as testemunhas arroladas pelo autor e pelo
réu. Finda a instrução, o juiz dará a palavra ao advogado do autor e ao do réu,
bem como ao órgão do Ministério Público, sucessivamente, pelo prazo de vinte
minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a critério do juiz. Quando a

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causa apresentar questões complexas, de fato ou de direito, o debate oral
poderá ser substituído por memoriais, caso em que o juiz designará dia e hora
para o seu oferecimento.  Encerrado o debate, ou oferecidos os memoriais, o
juiz proferirá a sentença, desde logo, ou no prazo de dez dias.

Coisa Julgada (artigos 502 ao 508 do CPC/2015) – Ato pelo qual, após a
expedição da sentença, e esgotamento de recursos, sua eficácia se firma de
forma imutável. Coisa Julgada Formal -  Terminado o processo, não caberá
nova discussão sobre seu objeto. No entanto, outras ações poderão ser
propostas sobre o mesmo tema (Ex. Ação de Alimentos). Coisa Julgada
Material - Denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e
indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário.
Em caso de grave invalidade, a coisa julgada pode ser desconstituída em até
dois anos, por meio de ação rescisória.

Liquidação de Sentença (artigo 509 ao 512 do CPC2015) - Quando a


sentença não determinar o valor devido, procede-se à sua liquidação. Para
requerimento de liquidação de sentença, a parte será intimada, na pessoa de
seu advogado. A liquidação poderá ser requerida na pendência de recurso,
processando-se em autos apartados, ou no juízo de origem, cumprindo ao
liquidante instruir o pedido com cópias das peças processuais pertinentes.
Quando a determinação do valor da condenação depender apenas de cálculo
aritmético, o credor requererá o cumprimento da sentença, instruindo o pedido
com a memória discriminada e atualizada do cálculo. Será feita a liquidação por
arbitramento, quando determinado pela sentença ou convencionado pelas
partes, e quando o exigir a natureza do objeto da liquidação. Requerida a
liquidação por arbitramento, o juiz nomeará o perito e fixará o prazo para a
entrega do laudo. Será feita a liquidação por artigos, quando, para determinar o
valor da condenação, houver necessidade de alegar e provar fato novo. Na
liquidação por artigos, será observado, no que couber, o procedimento comum.
É defeso, na liquidação, discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a
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julgou. Da decisão de liquidação caberá agravo de instrumento.

Cumprimento da Sentença - O cumprimento da sentença será


feito conforme arts. 513 ao 519 do CPC/2015, tratando-se de obrigação por
quantia certa, por execução. É definitiva a execução da sentença transitada em
julgado, e provisória quando se tratar de sentença impugnada mediante recurso
ao qual não foi atribuído efeito suspensivo. Quando na sentença houver uma
parte líquida e outra ilíquida, será lícito ao credor promover, simultaneamente, a
execução da parte líquida e, em autos apartados, a liquidação da ilíquida. Caso
o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa, ou já fixada em
liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação
será acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do
credor, será expedido mandado de penhora e avaliação.

Dos Títulos Executivos - São títulos executivos judiciais: a sentença proferida


no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer, de não
fazer, de entregar coisa ou pagar quantia; a sentença penal condenatória
transitada em julgado; a sentença homologatória de conciliação ou de
transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo; a sentença arbitral; o
acordo extrajudicial de qualquer natureza, homologado judicialmente; a
sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; a formal e
a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos
herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal.

Competência para Cumprimento da Sentença - O cumprimento da


sentença será efetuado: perante os tribunais, nas causas de sua competência
originária; perante o juízo que processou a causa no primeiro grau de jurisdição;
ou ainda perante o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal
condenatória, de sentença arbitral ou de sentença estrangeira.

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Execução Definitiva – Execução efetivada sobre título imutável, oriundo de
sentença transitada em julgado.

Execução Provisória – Execução efetivada sobre título provisório, de sentença


ainda não transitada em julgado. Corre sob a responsabilidade do exeqüente
em reparar danos no caso de reforma da sentença, e depende de caução, no
caso de levantamento de dinheiro e atos de alienação de bens.

Dos Recursos (artigos 994 ao 1.044 do CPC/2015) – Os recursos têm a


função de impugnar decisões judiciais dentro da relação processual existente,
visando à reforma ou simplesmente à declaração da decisão. O artigo 994 do
CPC/2015 enumera e classifica os recursos da seguinte forma: apelação;
agravo de instrumento; agravo interno; embargos de declaração; recurso
ordinário; recurso especial;  recurso extraordinário;   agravo em recurso
especial ou extraordinário e embargos de divergência.

Prazos: O NCPC inovou ao uniformizar os prazos recursais do Processo Civil,


de forma que, atualmente, passou-se a obedecer à regra do prazo de 15
dias. O art. 1.003, § 5º do CPC/2015, faz menção à exceção dos Embargos
de Declaração, cujo prazo será de 5 dias.

 “Art. 1.003 § 5o - Excetuados os embargos de declaração, o prazo para


interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias.”

Juízo de Admissibilidade – Verificação preliminar do recurso; em primeiro


momento, para aferir a sua oportunidade, e, em segundo, para apreciação de
seu mérito. O juízo de admissibilidade tem a função de verificar se as
exigências legais foram cumpridas pelo recorrente na imposição do recurso.

Pressupostos Recursais Objetivos – Cabimento; adequação; tempestividade;

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preparo; motivação; e verificação de fato impeditivo ou extintivo.

Pressupostos Recursais Subjetivos – Ligados ao recorrente.  São eles:


legitimidade e interesse.

Recurso de Apelação (artigos 1.09 ao 1.015 do CPC/2015) - Da sentença


definitiva, caberá apelação. A apelação, interposta por petição dirigida ao juízo
de primeiro grau, conterá: os nomes e a qualificação das partes; a exposição do
fato e do direito; as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade;
o pedido de nova decisão. O apelado será intimado para apresentar
contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias.

Recurso de Agravo (artigos 1.015 ao 1.020 do CPC/2015)- Cabe agravo de


instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: tutelas
provisórias; mérito do processo; rejeição da alegação de convenção de
arbitragem; incidente de desconsideração da personalidade jurídica; rejeição do
pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação;
exibição ou posse de documento ou coisa; exclusão de litisconsorte; rejeição do
pedido de limitação do litisconsórcio; admissão ou inadmissão de intervenção
de terceiros; concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos
embargos à execução; redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373,
§ 1o; outros casos expressamente referidos em lei.Também caberá agravo de
instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase de liquidação de
sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no
processo de inventário.

Embargos de Declaração (artigos 1.022 ao 1.026 do CPC/2015) - Cabem


embargos de declaração quando houver, na sentença ou no acórdão,
obscuridade ou contradição; quando omitido ponto sobre o qual devia
pronunciar-se o juiz ou tribunal e para corrigir erro material. Os embargos serão
opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação
do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo.

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RECURSOS PARA O STF E STJ

Recurso Ordinário (artigos 1.07 e 1.028 do CPC/2015) – Serão julgados em


recurso ordinário: pelo Supremo Tribunal Federal, os mandados de segurança,
os habeas data e os mandados de injunção decididos em única instância pelos
tribunais superiores, quando denegatória a decisão; pelo Superior Tribunal de
Justiça: a) os mandados de segurança decididos em única instância pelos
tribunais regionais federais ou pelos tribunais de justiça dos Estados e do
Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão; b) os processos
em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo
internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País.

Recurso Extraordinário e Especial (artigos 1.029 ao 1.035 do CPC/2015) –


O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos
na Constituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-
presidente do tribunal recorrido, em petições distintas que conterão: a
exposição do fato e do direito; a demonstração do cabimento do recurso
interposto; as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão
recorrida. Quando o recurso fundar-se em dissídio jurisprudencial, o recorrente
fará a prova da divergência com a certidão, cópia ou citação do repositório de
jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que
houver sido publicado o acórdão divergente, ou ainda com a reprodução de
julgado disponível na rede mundial de computadores, com indicação da
respectiva fonte, devendo-se, em qualquer caso, mencionar as circunstâncias
que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados.

Embargos de Divergência (Arts. 1.043 e 1.044 do CPC/2015) - É embargável


o acórdão de órgão fracionário que: em recurso extraordinário ou em recurso
especial, divergir do julgamento de qualquer outro órgão do mesmo tribunal,
sendo os acórdãos, embargado e paradigma, de mérito; em recurso

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extraordinário ou em recurso especial, divergir do julgamento de qualquer outro
órgão do mesmo tribunal, sendo um acórdão de mérito e outro que não tenha
conhecido do recurso, embora tenha apreciado a controvérsia. Poderão ser
confrontadas teses jurídicas contidas em julgamentos de recursos e de ações
de competência originária. A divergência que autoriza a interposição de
embargos de divergência pode verificar-se na aplicação do direito material ou
do direito processual. Cabem embargos de divergência quando o acórdão
paradigma for da mesma turma que proferiu a decisão embargada, desde que
sua composição tenha sofrido alteração em mais da metade de seus membros.

Processo de Execução (artigos 771 ao 788 do CPC/2015) – O processo de


execução está disciplinado a partir do art. 771, CPC e compreende a duas
espécies, de maneira que são definidas quanto ao título que está sendo
executado. Podem promover a execução: o credor a quem a lei confere título
executivo; o Ministério Público, nos casos prescritos em lei; o espólio, os
herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por morte deste, Ihes for
transmitido o direito resultante do título executivo; o cessionário, quando o
direito resultante do título executivo Ihe for transferido por ato entre vivos; e o
sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional. São sujeitos
passivos na execução: o devedor, reconhecido como tal no título executivo; o
espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;  o novo devedor, que
assumiu, com o consentimento do credor, a obrigação resultante do título
executivo;  o fiador judicial e o responsável tributário, assim definido na
legislação própria. 

Competência (artigos 781 e 782 do CPC/2015) –  A execução fundada em


título extrajudicial será processada perante o juízo competente, observando-se
o seguinte: a execução poderá ser proposta no foro de domicílio do executado,
de eleição constante do título ou, ainda, de situação dos bens a ela sujeitos;
tendo mais de um domicílio, o executado poderá ser demandado no foro de
qualquer deles; sendo incerto ou desconhecido o domicílio do executado, a

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execução poderá ser proposta no lugar onde for encontrado ou no foro de
domicílio do exequente; havendo mais de um devedor, com diferentes
domicílios, a execução será proposta no foro de qualquer deles, à escolha do
exequente; a execução poderá ser proposta no foro do lugar em que se praticou
o ato ou em que ocorreu o fato que deu origem ao título, mesmo que nele não
mais resida o executado. Não dispondo a lei de modo diverso, o juiz
determinará os atos executivos e os oficiais de justiça os cumprirão.

Requisitos (artigos 784 e 785 do CPC/2015 – A execução para cobrança de


crédito fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível. São
títulos executivos extrajudiciais: a letra de câmbio, a nota promissória, a
duplicata, a debênture e o cheque; a escritura pública ou outro documento
público assinado pelo devedor; o documento particular assinado pelo devedor e
por 2 (duas) testemunhas; o instrumento de transação referendado pelo
Ministério Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública, pelos
advogados dos transatores ou por conciliador ou mediador credenciado por
tribunal; o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou outro direito
real de garantia e aquele garantido por caução; o contrato de seguro de vida
em caso de morte; o crédito decorrente de foro e laudêmio; o crédito,
documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como de
encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; a certidão de
dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma da lei; o crédito
referente às contribuições ordinárias ou extraordinárias de condomínio edilício,
previstas na respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde
que documentalmente comprovadas; a certidão expedida por serventia notarial
ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas
pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei; todos os
demais títulos aos quais, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.
A propositura de qualquer ação relativa a débito constante de título executivo
não inibe o credor de promover-lhe a execução.

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Títulos Executivos Judiciais (artigos 515) –  São títulos executivos judiciais:
as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a exigibilidade de
obrigação de pagar quantia, de fazer, de não fazer ou de entregar coisa; a
decisão homologatória de autocomposição judicial; a decisão homologatória de
autocomposição extrajudicial de qualquer natureza; o formal e a certidão de
partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos herdeiros e aos
sucessores a título singular ou universal; o crédito de auxiliar da justiça, quando
as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão
judicial; a sentença penal condenatória transitada em julgado; a sentença
arbitral; a sentença estrangeira homologada pelo Superior Tribunal de Justiça; a
decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do exequatur à carta
rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça;

Títulos Executivos Extrajudiciais (artigo 771 do CPC/2015) – O CPC regula


o procedimento da execução fundada em título extrajudicial, e suas disposições
aplicam-se, também, no que couber, aos procedimentos especiais de execução,
aos atos executivos realizados no procedimento de cumprimento de sentença,
bem como aos efeitos de atos ou fatos processuais a que a lei atribuir força
executiva. São títulos executivos extrajudiciais: a letra de câmbio, a nota
promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;  a escritura pública ou outro
documento público assinado pelo devedor; o documento particular, assinado
pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação referendado
pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos
transatores; os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução,
bem como os de seguro de vida; o crédito decorrente de foro e laudêmio; o
crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem
como de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio; o
crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor,
quando as custas, os emolumentos ou os honorários forem aprovados por
decisão judicial; a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente

23
aos créditos inscritos na forma da lei; todos os demais títulos a que, por
disposição expressa, a lei atribuir força executiva.

Elementos de Constituição do Título - A execução para cobrança de crédito


fundar-se-á sempre em título de obrigação certa, líquida e exigível. É definitiva
a execução fundada em título extrajudicial; e provisória, enquanto pendente a
apelação da sentença de improcedência dos embargos do executado, quando
recebidos com efeito suspensivo.

Espécies de Execução - Da Entrega de Coisa Certa (artigos 806 ao 810 do


CPC/2015) – Ato pelo qual o devedor entrega objeto específico. Caso a coisa
não seja entregue em prazo determinado por contrato, o credor poderá exigir o
valor da coisa, além de perdas e danos. O devedor terá prazo de dez dias para
apresentar a coisa, momento no qual lhe será dado prazo de dez dias para
apresentação de embargos.

Execução para Entrega de Coisa Incerta (artigos 811 ao 813 do CPC/2015)


- Quando a execução recair sobre coisas determinadas pelo gênero e pela
quantidade, o devedor será citado para entregá-las individualizadas, se Ihe
couber a escolha; mas se a escolha couber ao credor, este a indicará na
petição inicial. Qualquer das partes poderá, em quarenta e oito horas, impugnar
a escolha feita pela outra, e o juiz decidirá de plano, ou, se necessário, ouvindo
perito de sua nomeação.

Execução da Obrigação de Fazer (artigos 815 ao 821 do CPC/2015)-


Quando o objeto da execução for obrigação de fazer, o devedor será citado
para satisfazê-la no prazo que o juiz Ihe assinar, se outro não estiver
determinado no título executivo. Se, no prazo fixado, o devedor não satisfizer a
obrigação, é lícito ao credor, nos próprios autos do processo, requerer que ela
seja executada à custa do devedor, ou haver perdas e danos; caso em que ela
se converte em indenização. Se o fato puder ser prestado por terceiro, é lícito
24
ao juiz, a requerimento do exeqüente, decidir que aquele o realize à custa do
executado. Havendo recusa ou mora do devedor, a obrigação pessoal do
devedor será convertida em perdas e danos.

Execução da Obrigação de Não Fazer (artigos 822 e 823 do CPC/2015)- Se


o devedor praticou o ato, a cuja abstenção estava obrigado pela lei ou pelo
contrato, o credor requererá ao juiz que Ihe assine prazo para desfazê-lo.
Havendo recusa ou mora do devedor, o credor requererá ao juiz que mande
desfazer o ato à sua custa, respondendo o devedor por perdas e danos. Não
sendo possível desfazer-se o ato, a obrigação resolve-se em perdas e danos.

Execução por Quantia Certa Contra Devedor Solvente - A execução por


quantia certa tem por objeto expropriar bens do devedor, a fim de satisfazer o
direito do credor. A expropriação consiste na adjudicação em favor do
exeqüente; na alienação por iniciativa particular; na alienação em hasta pública;
e no usufruto de bem móvel ou imóvel.  Não estão sujeitos à execução os bens
que a lei considera impenhoráveis ou inalienáveis.

Bens Impenhoráveis - São absolutamente impenhoráveis: os bens inalienáveis


e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; os móveis,
pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado,
salvo os de elevado valor ou os que ultrapassem às necessidades comuns
correspondentes a um médio padrão de vida; os vestuários, bem como os
objetos de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; os
vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de
aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por
liberalidade de terceiro, e destinadas ao sustento do devedor e de sua família;
os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal; os
livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros
bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão; o seguro
de vida; os materiais necessários para obras em andamento, salvo se estas
forem penhoradas;  a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde
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que trabalhada pela família; os recursos públicos recebidos por instituições
privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social;
a quantia depositada em caderneta de poupança, até o limite de quarenta
salários mínimos.

Embargos à Execução (artigos 914 ao 920 do CPC/2015) – Ato de oposição


do devedor para com o credor, conforme disposição legal. Os embargos serão
oferecidos no prazo de quinze dias, contados da data da juntada aos autos do
mandado de citação. O juiz rejeitará liminarmente os embargos: quando
intempestivos; quando inepta a petição; ou quando manifestamente
protelatórios. Recebidos os embargos, será o exeqüente ouvido no prazo de
quinze dias; a seguir, o juiz julgará imediatamente o pedido, ou designará
audiência de conciliação, instrução e julgamento, proferindo sentença no prazo
de dez dias. Nos embargos, poderá o executado alegar a nulidade da
execução, por não ser executivo o título apresentado; por penhora incorreta ou
avaliação errônea; por excesso de execução ou cumulação indevida de
execuções; por retenção de benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de
título para entrega de coisa certa, e por qualquer matéria que lhe seria lícito
deduzir como defesa em processo de conhecimento.

ARRESTO E SEQUESTRO

Arresto (artigo 830 do CPC/2015) – Apreensão de bens do devedor para


devida efetividade de futura execução. O arresto tem lugar: - quando o
devedor, sem domicílio certo, intenta ausentar-se ou alienar os bens que
possui, ou deixa de pagar a obrigação no prazo estipulado;  - quando o
devedor, que tem domicílio, se ausenta ou tenta ausentar-se furtivamente, ou,
caindo em insolvência, aliena ou tenta alienar bens que possui; quando ele
contrai ou tenta contrair dívidas extraordinárias; põe ou tenta pôr os seus bens
em nome de terceiros; ou comete outro qualquer artifício fraudulento, a fim de
frustrar a execução ou lesar credores; - e quando o devedor, que possui bens
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de raiz, intenta aliená-los, hipotecá-los ou dá-los em anticrese, sem ficar com
algum ou alguns, livres e desembargados, equivalentes às dívidas. O juiz
concederá o arresto independentemente de justificação prévia quando for
requerido pela União, Estado ou Município.  Se o oficial de justiça não encontrar
o executado, arrestar-lhe-á tantos bens quantos bastem para garantir a
execução. Nos 10 (dez) dias seguintes à efetivação do arresto, o oficial de
justiça procurará o executado 2 (duas) vezes em dias distintos e, havendo
suspeita de ocultação, realizará a citação com hora certa, certificando
pormenorizadamente o ocorrido. Incumbe ao exequente requerer a citação por
edital, uma vez frustradas a pessoal e a com hora certa. Aperfeiçoada a citação
e transcorrido o prazo de pagamento, o arresto converter-se-á em penhora,
independentemente de termo.

Sequestro – Ato que visa a entrega de coisa ou objeto em litígio. O juiz, a


requerimento da parte, pode decretar o seqüestro: de bens móveis, semoventes
ou imóveis, quando Ihes for disputada a propriedade ou a posse, havendo
fundado receio de rixas ou danificações; dos frutos e rendimentos do imóvel
reivindicando, se o réu, depois de condenado por sentença ainda sujeita a
recurso, os dissipar; e dos bens do casal, nas ações de separação judicial e de
anulação de casamento, se o cônjuge os estiver dilapidando. Outras medidas
cautelares: Busca e Apreensão, Exibição, Produção Antecipada de Provas,
Alimentos Provisionais, Arrolamento de Bens, Justificação, Protestos,
Notificações e Interpelações, Homologação do Penhor Legal, Posse em Nome
do Nascituro, Atentado, Protesto e Apreensão de Títulos,

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