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Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais
Curso de Direito
Direito de Process
O Litisconsórcio
Docente
Judith Vieira
Manuel
Luanda
Novembro de 2020.
Paulo Gustavo Marcos de Almeida Cardoso
O Litisconsórcio
Luanda
Novembro de 2020.
Ora bem, a priori, antes de adentrar propriamente no mérito da questão em apresso, é
necessário que se faça o devido enquadramento, sendo assim, será indispensável frisar
certos aspectos em jeito de introdução.
Litisconsórcio
Na maioria dos casos são apenas duas as partes que se defrontam integrando com o juiz
a relação processual (trilateral). em Ou seja, a regra é a da dualidade das partes.
É o proprietário que, como autor numa acção de reivindicação, demanda o possuidor ou
o detentor da coisa como réu. É o portador da letra que acciona o aceitante para obter o
pagamento. É o marido que requer o divórcio contra a mulher.
A regra do processo, é, por conseguinte, a da dualidade das partes (autor e réu;
exequente e executado; requerente e requerido), embora no mesmo processo ou autor
possa cumular dois ou mais pedidos contra o réu, nos termos do artigo 470.° do Código
de Processo Civil (Cumulação objectiva).
Muitas vezes, porém, em lugar de um só autor ou só réu, a acção tem vários autores ou é
proposta por dois ou mais réus.
À dualidade das partes, substitui-se nesses casos a pluralidade das partes:
Pluralidade activa;
Pluralidade passiva;
Pluralidade mista.
Pluralidade activa
Se a acção é proposta por dois ou mais autores contra o mesmo réu.
Pluralidade passiva
Se o autor demanda simultaneamente vários réus.
Pluralidade mista
Quando a acção é instaurada por dois ou mais autores contra o mesmo réu.
Nem sempre a cumulação subjectiva reveste a mesma natureza, procede da mesma fonte
ou se constitui no mesmo momento.
No tocante ao primeiro ponto, a lei distingue, nos artigos 27. ° e seguintes do Código
de Processo Civil, entre o Litisconsórcio e a Coligação, podendo acrescentar-se entre
estas duas figuras, os casos de pluralidade de partes proveniente da intervenção de
terceiros (artigos 320. ° e seguintes do já referido Código de Processo Civil.)
Se os vários credores de uma obrigação plural (seja ela solidária ou conjunta),
demandar em o mesmo ou os mesmos réus, haverá um caso de Litisconsórcio, visto o
pedido se fundar numa relação material respeitante a várias pessoas.
No Litisconsórcio há pluralidade de partes, mas unicidade de relação material
controvertida.
A intervenção de terceiros pode conduzir nalguns casos ao Litisconsórcio ou à coligação
mas delas podem brotar também figuras distintas e autónomas de pluralidade. É o caso
típico da assistência, onde não há Litisconsórcio porque não há comunhão e partes
principais, mas em que, ao lado delas passa a figurar na acção uma parte acessória
(secundária ou dependente).
E é ainda o caso especial da oposição em que uma terceira parte se enxertia na acção
com uma pretensão que não coincide, nem com o autor, nem com o réu (artigo 344.° do
Código de Processo Civil.)
No âmbito da figura geral do Litisconsórcio a Lei refere ainda duas modalidades
diferentes:
Litisconsórcio voluntário;
Litisconsórcio necessário.
Litisconsórcio voluntário
A cumulação depende exclusivamente da vontade das partes (artigo 27.° do Código de
Processo Civil).
Litisconsórcio necessário
A cumulação resulta da determinação da Lei, de prévia estipulação ou da natureza da
relação jurídica (artigo 28 do Código de Processo Civil).
Sendo necessário o Litisconsórcio, entende-se que há uma só acção com pluralidade de
sujeitos (artigo 29) – tendo esta unidade de acção, reflexos profundos, não só na
questão de legitimidade das partes, mas também nos efeitos praticados por uma das
partes sobre o seu litisconsorte.
Se for voluntário, entende-se que o Litisconsórcio gera apenas uma acumulação de
acções e que cada um dos consortes actua com independência em relação aos outros.
Quanto à sua fonte, a pluralidade das partes pode ser:
Voluntária: sucede nos casos de coligação e Litisconsórcio da iniciativa das
partes;
Legal: quando imposta por lei;
Provocada: quando o terceiro intervém no processo por chamamento do autor
ou do réu (artigos 347.° e 356.° do Código de Processo Civil);
Não conhecendo o direito processual vigente o Litisconsórcio ou à coligação
judicial, isto é, o chamamento das partes: a fim de integrarem o contraditório
por determinação ou iniciativa do juiz.
Quanto ao momento da sua formação, a pluralidade das partes, nomeadamente o
Litisconsórcio, pode ser: Inicial ou sucessiva.
Pluralidade inicial
Diz-se inicial, a pluralidade que nasce com a propositura da acção: seja porque a acção é
proposta por vários autores ou contra mais de um réu, seja porque é instaurada por
favoritos autores contra vários réus.
Pluralidade sucessiva
Quando só surge após a proposição da acção, como sucede nos casos de intervenção de
terceiros, de chamamento de alguém ao processo como autor ou como réu, a fim de
sanar a ilegitimidade de uma das partes (artigos 23.°, 269.°, 1.°, 288.°, 2.° e 494.°).