Você está na página 1de 10

PARTES E

INTERVENÇÃO
DE TERCEIROS
Lucas Scarpelli de Carvalho
Alacoque
Espaço destinado para a inserção da ficha catalográfica
Deixar essa página vazia

ANO

2
SUMÁRIO

Introdução ................................................................................................04
Partes .......................................................................................................05
Litisconsórcio............................................................................................ 05
Intervenção de terceiros ...........................................................................06
Referências .............................................................................................. 10

3
INTRODUÇÃO

É tradicional a visão de que as partes, no Direito Processual Civil, são aquelas


que demandam em Juízo.

Ocorre que os novos paradigmas do processo nos convidam a diferentes


compreensões sobre esse tema, e a conhecer institutos processuais que
envolvem as partes – e terceiros – de forma mais complexa.

Esse estudo se inicia pelo conceito de partes, e passa por sua pluralidade no
processo, finalizando em uma análise das diferentes formas de intervenção de
terceiros no feito.

Passemos, portanto, ao estudo das partes e da intervenção de terceiros no


Direito Processual Civil.

4
PARTES

As partes são tradicionalmente conceituadas como aquelas pessoas que


participam do contraditório, geralmente aquele que pleiteia ou em face de
quem é pleiteada a tutela jurisdicional.

A qualidade de parte pode ser adquirida pela demanda, citação, sucessão ou


intervenção voluntária.

LITISCONSÓRCIO

É a pluralidade de sujeitos em um ou nos dois polos da relação jurídica


processual. É admitido se entre os sujeitos houver comunhão de direitos ou de
obrigações; se houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir; se houver
afinidade de questões por um ponto comum de fato ou de direito. Pode ser
ativo, passivo ou misto; inicial ou ulterior; facultativo ou necessário (será
necessário quando a lei disser ou quando a eficácia da sentença depender da
citação de todos); simples ou unitário (será unitário quando o juiz estiver
obrigado a decidir o mérito de maneira uniforme para todos os litisconsortes).

O juiz pode limitar o número de sujeitos que formam um litisconsórcio


facultativo (inclusive de ofício), desde que o número excessivo de pessoas
comprometa a rápida solução do processo, dificulte o exercício do direito de

5
defesa ou o cumprimento de sentença; o pedido de limitação apresentado
dentro do prazo de resposta o interrompe.

Há divergência sobre a existência de litisconsórcio ativo necessário, bem como


a intervenção iussu iudicis (o juiz determina o chamamento de terceiro ao
processo); a sentença proferida sem a citação do litisconsorte necessário é nula
(se for unitário) ou ineficaz em relação a esse litisconsorte (se for simples).

Os atos e as omissões do litisconsorte simples não prejudicam ou beneficiam os


demais, já os atos e as omissões do litisconsorte unitário não prejudicam os
demais, mas podem os beneficiar; no litisconsórcio unitário é impossível a
celebração de transação e disposição de direito material e processual por um
deles apenas. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita,
salvo se distintos ou opostos os seus interesses; as provas produzidas por um
podem beneficiar ou prejudicar os demais (inclusive a confissão eficaz). O prazo
em dobro não se conta em autos eletrônicos, na hipótese de só um deles se
defender e em recurso, caso só um litisconsorte tenha sucumbido (exceto ED).

INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
É a permissão legal para que um sujeito alheio à relação jurídica processual
originária ingresse em processo já em andamento; deve estar prevista em lei,
mas o rol do CPC é meramente exemplificativo.

a) Assistência: intervenção de um terceiro juridicamente interessado na


solução do processo. Pode ser simples (adesiva; o terceiro é apenas
interessado) ou litisconsorcial (qualificada; o terceiro é titular de relação

6
jurídica, verdadeira parte, e poderia até ter ingressado em litisconsórcio
facultativo). O requerimento de assistência é feito por simples petição
fundamentada, em qualquer processo (exceto JEsp, ADI e ADC), inclusive
execução; o Juiz pode indeferir de plano o pedido (cabe agravo de instrumento)
ou intimar as partes para manifestação no prazo de 15 dias (esse incidente não
suspende o processo); acolhido o pedido, o assistente recebe o processo no
estado em que ele se encontra. A atuação do assistente simples está
condicionada à vontade do assistido, não podendo ir contra ele (nem mesmo
se opor a atos de disposição de direitos dele), mas podendo “substituí-lo” em
caso de inércia. O assistente litisconsorcial atuará no processo como se fosse
um litisconsorte unitário. O assistente fica, em regra, impedido de voltar a
suscitar as questões já enfrentadas e resolvidas no processo em que interveio
em futura demanda (justiça da decisão, fatos e fundamentos expostos na
sentença).

b) Denunciação da lide: Serve para que uma das partes traga ao processo um
terceiro que tem responsabilidade de ressarci-la pelos eventuais danos
advindos do resultado desse processo (direito de regresso); é uma intervenção
coercitiva, sendo impossível ao terceiro negar sua qualidade de parte. Admite-
se seu pedido como mero tópico da inicial ou da contestação, bastando a
exposição da causa de pedir. É cabível a denunciação por parte do comprador
evicto contra o alienante imediato e em caso de direito regressivo previsto em
lei ou contrato, ainda que leve ao processo um fundamento novo. A
denunciação é facultativa, podendo o direito de regresso ser discutido em ação
autônoma se ela não for promovida ou for indeferida. O novo CPC prevê a
possibilidade de o autor requerer o cumprimento de sentença também contra

7
o denunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva. O pedido
de denunciação da lide feito pelo autor suspende o andamento da demanda
principal, e deverá ser feita a citação do denunciado no prazo de 30 dias (ou 2
meses, se ele residir em outra comarca ou local incerto), sob pena de ineficácia
se o atraso for culpa do requerente; essas normas se aplicam também ao
pedido de denunciação feito pelo réu, oportunidade em que, citado o
litisdenunciado, poderá ele impugnar todas as assertivas das outras partes,
contestar apenas o pleito autoral, quedar inerte (o denunciante pode, nesse
caso, restringir sua atuação à denunciação), confessar os fatos alegados pelo
autor (o denunciante pode aderir ao reconhecimento, pedindo apenas a
procedência do regresso, ou continuar sua defesa). Sendo a denunciação da
lide julgada prejudicada, caberá a condenação do denunciante ao pagamento
das verbas de sucumbência em favor do denunciado (alguns julgados
condicionam isso à resistência ou não do litisdenunciado).

c) Chamamento ao processo: situações de garantia simples, em que há


coobrigação gerada pela existência de mais de um responsável pelo
cumprimento da obrigação perante o credor; nela o terceiro será integrado à
relação jurídica processual a pedido do réu e independentemente da sua
concordância (só é facultativo por parte do réu original, que pode se utilizar de
posterior ação de regresso), criando-se um litisconsórcio passivo ulterior. É
admissível o chamamento do afiançado, se o fiador for réu (não o contrário) ou
o restante dos fiadores ou demais co-devedores solidários. Aplica-se a
normatização do litisconsórcio multitudinário. O chamamento é requerido na
contestação e a citação dos chamados deve ser providenciada em 30 dias (2

8
meses se for outra comarca ou local incerto). A sentença de procedência valerá
como título executivo em favor do réu que satisfizer a dívida.

d) Amicus curiae: terceiro interveniente atípico; o juiz ou o relator,


considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da
demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão
irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda
manifestar-se, solicitar ou admitir sua participação, no prazo de 15 (quinze)
dias de sua intimação; é pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade
especializada, com representatividade adequada. O amicus curiae só pode
interpor ED e recurso contra decisão que julga o IRDR; caberá ao juiz ou relator,
na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os poderes dele.

9
REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição (1988). Disponível em:


https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf. Acesso
em: 12 mai. 2023.

BRASIL. Código de Processo Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-


2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 12 mai. 2023.

NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. 3ª Ed. Salvador: JusPODIVM,
2019.

GRINOVER, Ada Pellegrini. DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria Geral do Processo 12. ed. São Paulo:
Malheiros, 1996.

10

Você também pode gostar