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CENTRO UNIVERSITÁRIO FIPMOC - UNIFIPMOC

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

FELIPE ELBERTY

A INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

MONTES CLAROS-MG
2023
Fredie Didier Jr. (2015, p. 476) define intervenção de terceiro como uma
espécie de fato jurídico processual que implica modificação de processo já existente.
Além do mais o ilustríssimo autor concerne que o conceito em disposto se refere a
um ato jurídico processual pelo qual um terceiro cuja autorização é exercida pela lei
adentra em processo pendente, entrando assim como parte. O terceiro é aquele que
não estava na relação processual inicial, não era parte no processo. O interesse
jurídico que o habilita a intervir na ação ocorre quando o provimento final de mérito
possa afetar diretamente sua esfera de direitos.
Conforme dispõe o doutrinador Marcus Vinicius Rios Gonçalves (2014, p.
209), terceiros podem ser denominados aqueles que não se apresentam como
partes da demanda processual, dentre os quais podem ser citados autores, desde
que sejam as pessoas que formulem a pretensão em juízo, e réus, pessoas de quem
a pretensão é formulada. Há de se ressaltar que existem casos em que aqueles que
até então eram terceiros passam a ser consideradas partes pela força exercida por
meio da intervenção. Independente da modalidade da intervenção apresentada,
aquele que até então não figurava como parte do processo passa a figurar nesta
condição.
Intervenção de Terceiros pode ser conceituada como oportunidades
legalmente concedidas à pessoa não participante de determinada relação jurídica
processual para nela atuar ou ser convocado a atuar, na defesa de interesses
jurídicos próprios.
No Novo CPC, a Intervenção de Terceiros está contida dentro da parte geral
do Código, no Livro III, Título III, estando disciplinada a partir do artigo 119. Em
função dessa localização que o legislador a deu no Diploma, é possível concluir que
a partir de agora a Intervenção de Terceiros será aplicável a todos os procedimentos
diferentemente do que ocorria no CPC/1973, onde em regra admitia-se a
Intervenção apenas no processo de conhecimento de procedimento comum
ordinário, havendo restrições no procedimento comum sumário (por força do
disposto no artigo 280 do CPC/73 que excetuava a assistência), nos procedimentos
especiais e na execução.
O CPC/2015 acaba ampliando as hipóteses de cabimento deste instituto, o
que pode facilitar O cotidiano dos operadores do Direito, muito embora, em algumas
situações, tal fato fez com que o jurista deva ter maior atenção na forma em que
milita dentro de determinada demanda.
A assistência, embora tratada no mesmo capítulo que o litisconsórcio é
forma de intervenção, e não se dá por meio de ação própria e sim por incidente no
processo pendente. Neste caso, o assistente atua como um auxiliar de uma das
partes no intuito de que o resultado final do processo seja favorável à parte a quem
assiste.
Para a intervenção do terceiro é necessário que se observe o limite temporal
referente ao processo pendente, assim entendido o momento em que se inicia com
a petição inicial e se extingue quando a sentença torna-se irrecorrível.
A assistência pode ser simples ou litisconsorcial, dependendo da intensidade
do interesse do terceiro no resultado do processo. Qualquer que seja a modalidade
o assistente terá faculdades, ônus, poderes e deveres relativos à relação
processual.
A assistência simples é a espécie mais comum, também chamada de
adesiva. Como citado, o terceiro tem que demonstrar que a decisão poderá afetar a
esfera dos seus direitos, não se tratando de alegação de prejuízo econômico ou de
qualquer outra natureza. O assistente simples também é chamado de assistente
adesivo, sendo este dotado de legitimidade processual na modalidade extraordinária
e subordinada. O assistente atuará no auxílio do assistido no desenvolvimento
processual, e assim, poderá requerer e produzir provas, peticionar e recorrer, mas
não reconhecer o pedido. Tais prerrogativas corroboram sua legitimação processual,
porém este não tem nenhuma relação jurídica com a parte adversa.
Fredie Didier Júnior (DIDIER JR., 2009, p. 341) que entende ser “parte
processual” e por isso recebe os efeitos da intervenção, os demais doutrinadores
entendem que o assistente simples não é parte. Porém, se o assistente não é
considerado parte, então este não sofre os efeitos da coisa julgada e sempre poderá
rediscutir a matéria debatida no processo que interveio. Corroborando a inviabilidade
da postura em comento, o legislador aduziu que o assistente simples deve sofrer
com os efeitos da intervenção, em via de regra, não podendo desta maneira
rediscutir a matéria em nova demanda processual. Contudo, a matéria poderá ser
rediscutida no caso de “má gestão processual” previstos nos incisos do artigo supra
comentado.
Um clássico exemplo citado na doutrina trata-se da intervenção do
sublocatário numa ação de despejo. Ele não fez parte do contrato que originou a
ação de despejo, contudo, a sentença poderá afetar seu direito, já que eventual
procedência na ação acarretará prejuízos a ele.
Assistência litisconsorcial - O conceito de assistente litisconsorcial está amoldado
como a parte no processo que intervém. Nesta forma de intervenção de terceiro o
assistente flui como litisconsorte e sentirá, diretamente, os efeitos da coisa julgada,
devido a este ter relação direta com a parte adversa do assistido. No caso em
menção o assistente defende o seu direito em litisconsórcio com o assistido, em
juízo.
A assistência litisconsorcial é definida como uma forma de litisconsórcio unitário
facultativo costuma dar-se no polo ativo, ambiente propicio a esta modalidade de
terceiro. Trata-se de modalidade de intervenção de terceiro espontânea, ou seja, o
terceiro se transforma em litisconsórcio assistido, sendo seu tratamento deferido de
forma igual ao assistido.
Prevista no artigo 124 do CPC, difere da assistência simples e caracteriza-se
pela relação que o assistente tem com o assistido e a parte contrária. Aqui, todos
participam da mesma relação de direito material, sendo possível apenas nos casos
de litisconsórcio facultativo, ou seja, quando o julgamento do mérito da demanda
não depender de sua formação.
A assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento e em todos
os graus de jurisdição, inclusive nos Tribunais Superiores, recebendo o processo
no estado em que se encontre, conforme parágrafo único do artigo 50 do CPC de
73. É cabível, portanto, em todos os ritos do processo de conhecimento; no
processo cautelar; nos embargos do devedor e na liquidação de sentença.
Os pedidos de assistência poderão ser indeferidos liminarmente na hipótese
de o pedido ser inadmissível ou de manifesta improcedência. 
Caso não sejam indeferidos, as partes terão o prazo de 15 dias para
manifestação. Esse incidente não suspenderá o curso do processo, sendo que se
admitido, o assistente passará a atuar a partir do acolhimento do incidente.
Após o trânsito em julgado da decisão, o assistente não poderá mais discuti-
la, ficando impedido de suscitar as questões que já foram enfrentadas em outro
processo futuro. 
Há apenas duas exceções contidas no artigo 123 do CPC:  Se comprovar que
foi impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença, seja pelo estado
que recebeu o processo, seja pelas declarações e atos do assistido; por
desconhecer a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo
ou culpa, não se valeu.
A denunciação a lide encontra amparo no direito regressivo da parte que traz
o terceiro eventualmente responsável pelo ressarcimento dos danos ocasionados
pelo processo. 
A doutrina classifica este tipo de intervenção de terceiros como uma
denunciação coercitiva. Diz-se que é: Incidente, pois instaurada em processo já
existente; regressiva, eis que fundada no direito de regresso da parte; eventual,
porque relaciona-se com a demanda originária e no caso de se constatar que não
houve dano ao denunciante, a denunciação não terá sentido; e, antecipada,
considerando a economia processual. 
O terceiro terá qualidade de parte, sendo vinculado à relação jurídica, se sua
participação for requerida tempestivamente pelo Autor ou Réu e desde que citado
regularmente.
Denunciação a lide pelo comprador evicto - Supondo que haja um imóvel em
litígio entre dois particulares e um deles aliena o imóvel a terceiro. 
Denunciação do obrigado por lei ou contrato a indenizar regressivamente a
parte - Tem abrangência ampla, cabendo em qualquer hipótese de direito regressivo
previsto em lei ou contrato, por exemplo, contrato de seguro. 
Denunciação sucessiva - Ocorre caso um denunciado na demanda originária
denuncie também um terceiro.
Chamamento ao processo - É espécie coercitiva de intervenção de terceiros
que não depende de concordância, sendo que a mera citação válida será suficiente
para integrar o chamado ao processo. 
A facultatividade da denunciação da lide é um ônus, uma vez não permitida a
denunciação, a parte apenas poderá adotar o direito de regresso autônomo. Caso o
juiz entenda que ela comprometerá a duração razoável do processo, a denunciação
da lide pode ser articulada implicando a preclusão, ou seja a perda do direito de
regresso.
São três as hipóteses de cabimento 
1. Chamamento do devedor, quando acionado o fiador, que serão responsáveis
solidariamente pelo cumprimento da obrigação principal;
2. Dos demais fiadores, quando a ação for proposta apenas contra um deles;
3. Dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o
pagamento da dívida.
Desconsideração da personalidade jurídica - É condicionada ao pedido da parte ou
do Ministério Público, devendo preencher os pressupostos previstos em lei, tais
como: abuso de personalidade jurídica pelo desvio de finalidade, confusão
patrimonial, entre outros.
O pedido incidental é cabível em qualquer momento do processo. Após a sua
instauração, o sócio será citado a se manifestar e requerer a produção das provas
cabíveis no prazo de 15 dias, sendo o incidente resolvido por decisão interlocutória.
Amicus curiae - A figura do amicus curiae origina do direito romano,
desenvolvendo-se no direito norte americano para que um terceiro contribua com o
juízo na formação do seu convencimento. Ou seja, atua no sentido de melhorar a
qualidade da prestação jurisprudencial, considerando seus conhecimentos da
matéria tratada, não havendo interesse jurídico na solução da demanda, mas sim
o auxílio para que seja proferida a melhor decisão.
Por fim, pontua-se que tal intervenção não implica em alteração de
competência nem autoriza a interposição de recurso, salvo o caso de Embargos de
Declaração ou no caso de a decisão julgar o incidente de resolução de demandas
repetitivas.
Modalidades atípicas da intervenção de terceiro
 A união poderá intervir nas causas em que figurarem como autoras ou rés as
autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas
federais, em demandas já em trâmite, com fundamento no prejuízo indireto,
afastando-se o interesse jurídico, fundando-se no interesse econômico, por força do
artigo 5°, caput da Lei 9.469/97;
 Na ação de alimentos, eis que se obrigam a pagar alimentos parentes, cônjuges e
companheiros, podendo ser chamado a integrar o processo aquele responsável por
prestar alimentos que não foi trazido num primeiro momento por tratar-se de
litisconsórcio facultativo;
 Na alienação judicial por meio de arrematação.
Pode-se notar que houve uma adequação nas formas de intervenção de
terceiros no novo Código de Processo Civil. A nomeação à autoria não encontra
previsão, a oposição é somente a autônoma tratada nos procedimentos especiais,
a denunciação da lide e o chamamento ao processo sofreram alguns ajustes e
foram criados o incidente de desconsideração da personalidade jurídica e a
participação do amicus curiae. O terceiro pode assumir ou não a condição de parte,
assim sendo este possuidor do interesse jurídico, é permitido que o mesmo ingresse
em um processo já pendente, auxiliando a parte ou realizando extensivamente atos
processuais, de maneira que possa interferir no resultado final da pretensão
jurisdicional. Com relação à pretensão jurisdicional, relativo à coisa julgada material
ou a justiça da decisão, sem a necessidade de participar de uma, estará o terceiro
dependente, desde então, proporcionando a concretização de princípios básicos do
Direito Processual Civil, tais como celeridade e economia processual, além da
inadmissão de decisões divergentes sobre um mesmo fato.

Referências
Intervenção de Terceiros: O que é e modalidades do CPC/15 (aurum.com.br)
A Intervenção De Terceiros No Novo CPC - Jus.com.br | Jus Navigandi
O que é intervenção de terceiros? | Jusbrasil
A intervenção de terceiros no novo Código de Processo Civil | Jusbrasil

DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Curso de direito


processual civil. Bahia: Editora Jus Podivm, 2009, p. 341, v. 1.

GONÇALVES, Marcos Vinicius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado. 4ª


ed. São Paulo: Saraiva, 2014.

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