Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DE JANEIRO (UERJ)
RIO DE JANEIRO
2021
I- Análise do Tema
Para o Direito Processual Brasileiro, de maneira geral, terceiro é aquele que não
é parte ou coadjuvante em um processo pendente1. No entanto, tal conceito pode ser
ampliado de modo a identificar, segundo o autor Athos Gusmão, três categorias: (i)
Aqueles juridicamente indiferentes, cuja repercussão do resultado da demanda não
ultrapassa os planos dos fatos, não atingindo a esfera jurídica; (ii) Aquele que ostentam
interesse jurídico indireto, por afetar, mesmo que não de maneira direta, sua própria
esfera; (iii) E aqueles que possuem interesse direito e imediato na causa, que é, em
verdade, co-titular da relação jurídica.
1
Carneiro, Athos Gusmão. Intervenção de terceiros. 17 edição revista e atualizada. Saraiva, 2008 p.67
2
Ob. Cit. P. 69
3
Ibidem
Dentre essas mudanças pode-se citar a cláusula disposta no art. 190, a qual
ampliou a possibilidade de intervenção de terceiro atípica, foco de diversas divergências
doutrinárias. No entanto, inegável reconhecer que o CPC abriu espaço, por meio do
referido artigo, para que seja criado, por meio da vontade das partes, novas hipóteses de
cabimento de intervenção provocada, consequentemente, quebrando, como bem afirma
Marília Siqueira da Costa, a tipicidade importa pela lei4.
Nessa linha, o CPC conferiu as partes tanto o poder de conferir legitimidade
interventiva para além das situações previstas por meio da lei como provocar a
intervenção do sujeito que não conste como parte originária, independentemente do
vínculo existente entre o terceiro e o objeto litigioso, sendo dispensável, inclusive, o
requisito considerado essencial para as intervenções de terceiro típicas: a presença de
interesse jurídico5.
A importância dessa possibilidade é trazer maior segurança para as partes do
processo. Como exemplo disso, Marilia Siqueira traz em sua obra o desdobramento do
art. 31 da lei que instituiu política nacional de resíduos sólidos, cujo teor dispõe sobre o
compartilhamento de responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos, porém, uma vez
que não há indicação que esta responsabilidade seria solidária, em uma suposta ação por
descumprimento de obrigação exigida por lei, não haveria mecanismo previsto pelo
regramento legal de intervenção de terceiro que permitisse o ingresso de outros
envolvidos. Dessa maneira, a possibilidade da convenção a respeito da intervenção de
terceiro no processo permite uma maior segurança para ambos os polos, posto que
permite a divisão de responsabilidade e maior possibilidade de defesa para o polo
passivo, bem como amplia o patrimônio sujeito a eventual responsabilização,
beneficiando o polo ativo da suposta demanda.
Em suma, a utilização da convenção processual traz como benefício evitar
discussões relativas à existência ou não de interesse jurídico para intervir no feito,
consequentemente gerando uma maior segurança jurídica para os envolvidos no
processo, e, ainda, amplia o ingresso para sujeitos que possuem interesse de outras
ordens que não jurídica, que não possuiriam legitimidade para se desvencilhar dos
efeitos do processo. Desse modo, destaca-se que esse aprimoramento da intervenção de
terceiros merece elogios, pois proporciona maior efetividade e celeridade ao provimento
4
Da Costa, Maria Siqueira. Convenções Processuais sobre intervenção de terceiros. Editora Juspodivm. P.
239.
5
Ibidem
final, além de efetivamente resolver inúmeros problemas com os quais a dogmática
processual, há décadas, não consegue encontrar uma solução satisfatória.
II- Referências