Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Ambos os conceitos pertencem a uma raiz jurídica comum de feição garantistica dos direitos e
interesses legítimos, mas isso não significa que sejam duas noções sobreponíveis. Distinguem-
se quanto aos fins prosseguidos e quanto à espécie de órgãos públicos intervenientes. O
processo judicial pretende que se apure a verdade dos factos e a realização dos interesses das
partes, tudo sendo presidido por um juiz imparcial e independente das partes. O procedimento
administrativo visa outras finalidades, e pretende conciliar a necessidade de garantia dos
direitos dos administrados com o seu principal objetivo de permitir uma eficiente e conforme
às leis realização dos interesses públicos.
O processo judicial circunscreve a atuação de órgãos de soberania, os tribunais. O
procedimento administrativo atua no âmbito de órgãos administrativos, que não são
soberanos. O processo judicial supõe a existência de um conflito jurídico entre duas ou mais
partes e pretende-se do juiz a aplicação das normas jurídicas ao caso concreto. No
procedimento administrativo, pode-se tratar de outras utilidades, que não a resolução de
conflitos jurídicos, como a realização de interesses públicos, por exemplo, relacionados com o
urbanismo, o transito, os planos diretores, o ordenamento do território, etc. Convém que o
procedimento administrativo seja menos solene, menos formalizado, menos rígido, com
menos fases obrigatórias do que o processo judicial, pois, no Estado de direito não se
confundem as funções judicial e administrativa.
No procedimento administrativo, os órgãos administrativos têm predominância, pois podem
dar inicio oficioso ao procedimento, dirigem a instrução, e decidem a final. O principio do
inquisitório tem especial importância (art.58 CPA). Porém, não se pode negar o papel do
principio do contraditório no procedimento (arts. 121, 122, 123 CPA). Os particulares
(interessados) têm um direito subjetivo de intervenção pessoal no procedimento (art. 67 CPA),
ou de se fazer representar ou assistir através de mandatário, advogado ou solicitador. Não se
pode confundir o direito de participação (art.12 CPA), com um mero dever de colaboração no
procedimento (art.11 CPA).
O ato complexo é um ato único, com efeito jurídico unitário, mas na sua formação
participaram dois ou mais órgãos administrativos.
O procedimento é uma sucessão ordenada de distintos atos e formalidades. Não é um
conjunto de atos distintos, não relacionados entre si. Os atos do procedimento têm uma
estrutura de ligação interna, isto é, a prossecução de um interesse publico comum. Cada ato
do procedimento tem regras próprias de validade, vícios e regime de anulabilidade próprios,
independentemente da decisão final do procedimento. O procedimento não é um ato
complexo. Os sucessivos atos não perdem a sua individualidade jurídica dentro de um conceito
substancial e amplo de procedimento que retirasse individualidade jurídica aos atos singulares.
Assim, estes, no caso de vícios, podem ser invalidados, independentemente da decisão final,
não se tendo de esperar por esta ser proferida para haver recurso.