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O procedimento administrativo é orientado por um conjunto de princípios

fundamentais, sendo eles: o carácter escrito, o princípio do inquisitório, princípio da


adequação procedimental, princípio da cooperação e boa-fé procedimental, princípio
da decisão e, finalmente, o princípio da gratuitidade.
Temos desde logo o carácter escrito do procedimento administrativo, isto é, as
decisões administrativas devem ser devidamente ponderadas e importa conservar o
registo completo e seguro de todo o procedimento não deixando, no entanto, de
existir em certos casos atos administrativos orais. É também de destacar que
atualmente se privilegia a utilização de meios eletrónicos de forma a tornar todo o
processo mais ágil e simples (artigo 61º CPA).
Já o princípio do inquisitório encontra-se no artigo 58º do CPA e decorre de uma ideia
de flexibilidade, isto é, a Administração Pública goza de direito de iniciativa e liberdade
de conformação, não estando dependente da vontade ou da solicitação dos
interessados, e podendo (e devendo) adotar todas e quaisquer diligências que se
revelem necessárias de modo a alcançar uma decisão justa.
O princípio da adequação procedimental está estipulado no artigo 56º do CPA que
reflete a ideia de que cada decisão necessita de encontrar um modelo estrutural do
procedimento que se mostre adaptável aos objetivos visados. O responsável pela
direção do mesmo goza de discricionariedade no sentido de estruturar o
procedimento administrativo para que os interesses públicos sejam satisfeitos e se
alcance uma solução apropriada ao caso concreto.
Segue-se o princípio da cooperação e boa-fé procedimental, este princípio surge no
artigo 60º do CPA e indica que a Administração Pública e os interessados devem
cooperar entre si de forma a serem fixados rigorosamente os pressupostos da decisão
e a serem alcançadas decisões legais e justas. Esta colaboração envolve três tipos de
manifestações: a colaboração da Administração Pública com os particulares (artigo 11º
CPA), a colaboração dos particulares com a Administração baseada num princípio de
boa-fé (artigo 10º CPA) e ainda a colaboração dos órgãos administrativos entre si
através de um auxílio administrativo (artigo 66º CPA).
Por sua vez o princípio da decisão, enunciado no artigo 13º CPA, traduz-se na
obrigação que recai sobre a Administração Pública de se pronunciar sobre todos os
assuntos da sua competência que lhe sejam apresentados, ou seja, esta deve dar uma
resolução acerca dos assuntos que lhe digam respeito. O dever de decisão expira
quando, há menos de dois anos, desde a apresentação do requerimento, o órgão
administrativo em causa tenha praticado um ato administrativo sobre o mesmo
pedido, expresso pelo mesmo particular e com os mesmos fundamentos. O
incumprimento deste dever representa uma ilegalidade por violação do dever de
decisão (artigo 129º CPA).
Por último, o princípio da gratuitidade, artigo 15º CPA, determina que, via de regra, o
procedimento administrativo é gratuito. A exceção é a obrigação, estipulada por lei, do
pagamento de taxas por despesas, encargos ou outros custos suportados pela
Administração.
Os princípios supramencionados visam disciplinar o desenvolvimento do procedimento
administrativo de maneira a racionalizar os meios e serviços utilizados, procurando
evitar a burocratização e tornando a relação entre os serviços públicos e os sujeitos
privados mais próxima. Estes servem ainda para elucidar a vontade da administração
publica de forma que as decisões tomadas sejam as mais adequadas e mais justas para
os particulares garantindo a prossecução do interesse publico e assegurando a
participação dos cidadãos nas decisões que a estes lhes digam respeito garantindo o
respeito pelos direitos e interesses dos mesmos.

https://sub10administrativo.blogs.sapo.pt/o-procedimento-administrativo-16856
https://st16direitoadministrativo.blogs.sapo.pt/os-principios-fundamentais-como-solenes-
18005
https://cm-manteigas.pt/wp-content/uploads/2015/10/
Os_principios_actuacao_administrativa.pdf

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