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Princípio do procedimento equitativo

 É uma decorrência do princípio de justiça e do Estado de Direito Material.


 Determina que, em todas as matérias suscetíveis de envolver consequências
prejudiciais para os destinatários, os procedimentos devam ser estruturas no sentido
de garantir: i) participação dos interessados na formação das decisões ou deliberações
que lhe digam respeito; ii) direito ao contraditório; iii) produção de uma decisão final
com ponderação de todos os interesses, numa lógica de igualdade e imparcialidade; iv)
decisão emitida dentro do prazo, fundamentada e com publicidade; v) acesso à justiça
administrativa.
 O princípio do procedimento equitativo não tem formulação expressa na CRP ou CPA,
mas decorre do princípio da justiça (266º/2 CRP) e de normas de Direito Internacional
(41º da Carta dos Direitos Fundamentais da EU).

Princípio da administração aberta

 Os cidadãos têm também o direito de acesso aos arquivos e registos administrativos


(17º CPA, 268º/2 CRP).
 A transparência é importante para garantir a legalidade e justiça das decisões
tomadas, além de envolver uma limitação do poder, igualdade e responsabilidade.

Princípio do reequilíbrio financeiro

 Consiste em manter a equivalência das prestações contratadas em relação às bases


econômicas vigentes na celebração do contrato, implicando uma indemnização ao
cocontratante caso a relação contratual seja desvirtuada por atos da Administração
Pública.
 Não obriga a AP a indemnizar por alterações anormais e imprevisíveis que fogem do
seu controle.
 A proteção do cocontratante está consagrada constitucionalmente e as entidades
públicas estão vinculadas ao direito de propriedade dos cocontratantes (18º e 62º
CRP).

Princípio do caso decidido administrativo

 O caso decidido administrativo é quando ele se torna inimpugnável, por razões de


tutela da confiança e segurança jurídica.
 Não impede a revogação do ato.
 Não deve ser confundido com o caso julgado judicial, que é imutável e definitivo.

Delegação de poderes intersubjetiva

 Delegação de poderes intersubjetiva ocorre quando um órgão da administração


pública delega poderes a outro órgão de outra pessoa coletiva.
 Deve ser feita por meio de ato administrativo e ser publicada para ser eficaz.
 Publicidade garante transparência e legalidade do processo de delegação de poderes.
 Não deve ser confundida com subdelegação, que ocorre dentro da mesma estrutura
hierárquica.
 Pela tese da transferência do exercício da competência, o delegante transfere apenas
o mero exercício da competência para o delegado, mantendo a plenitude da
competência. A falta de publicação gera incompetência absoluta, gerando nulidade.
 Pela tese do alargamento do exercício, durante a delegação, há uma situação de
competência alternativa entre o delegante e o delegado. Ambos podem praticar atos
de exercício da competência delegada. Haveria incompetência relativa, sanada por
anulabilidade.

Estado de necessidade administrativa

 Previsto no art. 3º/2 do CPA.


 Pressupostos: i) circunstância extraordinária; ii) ameaça ou perigo a bens e interesses
públicos essenciais; iii) ação administrativa indispensável e urgente; iv) intervenção só
pode ser feita pelo afastamento das regras procedimentos normais.
 Permite a derrogação de normas de competência.
 Limites intransponíveis: respeito ao procedimento legalmente previsto, respeito pelos
princípios gerais da atuação administração, respeito pelos direitos fundamentais.
 Está sujeito ao controle judicial.

Invalidade

 É uma conduta administrativa contrária à juridicidade que não gera efeitos


anulatórios.
 Ocorre quando: i) não houver outra opção; ii) o objetivo da norma violada foi atingido
de outra forma; iii) a decisão seria a mesma sem a violação; iv) a anulação seria
desproporcional ou contrária à boa fé.
 A definição do que é um ato irregular pode ser atribuída ao legislador ou aos tribunais.
E, por força do art. 163º/5, a própria Administração pode casos de irregularidade.

Concurso público

 O concurso público se baseia em dois princípios básicos: igualdade de condições para


todos os participantes e escolha baseada no mérito.
 Os valores que fundamentam a ideia do concurso público são igualdade, justiça e
imparcialidade.
 A preterição do concurso público viola os princípios constitucionais da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
 O concurso público é uma exigência legal para o provimento de cargos públicos e deve
ser observado pela Administração Pública.
 A preterição do concurso público pode levar à anulação dos atos administrativos
praticados em decorrência e à responsabilização dos agentes públicos envolvidos.

Dever de obediência

 Dever de Obediência é definido como a obrigação de o subalterno cumprir as ordens e


instruções dos seus legítimos superiores hierárquicos, dadas em objeto de serviço e
sob forma legal.
 Existindo algum vício face a tais requisitos, a ordem tornar-se-á extrinsecamente ilegal,
pelo que o subalterno não terá a obrigação de obedecer àquilo que lhe for irregular ou
indevidamente determinado.
 Ordens extrinsecamente ilegais: subordinados não têm obrigação de obedecer.
 Ordens intrinsecamente ilegais: divergência doutrinária - corrente legalista defende
que não há dever de obediência; formulação ampliativa afirma que não é devida
obediência a qualquer ilegalidade; opinião intermédia diz que dever cessa se ordem
for patente ou inequivocamente ilegal; visão restritiva afirma que subordinado não
tem dever de obedecer apenas em caso de ordem que implique ato criminoso.
 Objeção de consciência é direito fundamental reconhecido pela Constituição
Portuguesa.
 Goza subordinado de objeção de consciência face aos comandos hierárquicos do
superior?

Atos consensuais

 Os atos administrativos consensuais são resultado de um acordo entre a


Administração Pública e os interessados ou destinatários do ato.
 Esses atos envolvem uma autovinculação bilateral administrativa entre as partes
envolvidas, visando a definição dos termos do ato. Ou seja, há uma negociação entre
as partes e um acordo mútuo é alcançado.
 Os atos consensuais têm especificidades que os aproximam dos contratos e os afastam
dos atos administrativos não consensuais. Enquanto nos atos consensuais há uma
negociação entre as partes envolvidas, nos não consensuais não há prévio acordo com
os interessados ou destinatários do ato.
 A fixação das datas dos exames é um exemplo de ato administrativo consensual.

Ajuste direito e concurso público

 São modalidades de escolha do cocontratante na formação de contratos pela AP.


 No ajuste direto, a escolha do cocontratante é feita diretamente pela entidade
adjudicante; no concurso público, e escolha do cocontratante é feita mediante um
procedimento competitivo.

ANULAÇÃO E REVOGAÇÃO

Revogação

A revogação é o ato administrativo que determina a cessação dos efeitos de outro ato, por
razões de mérito, conveniência ou oportunidade (165º CPA).

São aplicáveis à alteração e substituição dos atos administrativos as normas reguladoras da


revogação (173º CPA).

O autor do ato, mesmo que tenha sido praticado com incompetência relativa. O órgão
incompetente também é competente para anular o ato, de acordo com o princípio do
autocontrole da legalidade . Órgão competente preterido tem competência para anular atos
feridos de incompetência relativa, mesmo que tenham sido praticados pelo órgão
incompetente. Isso porque deixar o ato em vigor seria atribuir relevância positiva a um ato
ferido de incompetência. Imagine-se a hipótese em que temos a assembleia municipal e a CM.
E imagine-se que a CM pratica um ato da AM – incompetência relativa. Quem pode revogar o
ato? Quem praticou o ato. Mas o órgão competente preterido (AM) tem ou não competência
para revogar? A resposta é sim. O problema aqui não é de revogação, mas de anulação. O
órgão competente preterido tem competência para anular. Quando se trata de um ato ferido
de incompetência absoluta, o que pode fazer um órgão competente preterido? Declarar a
nulidade.

Anulação administrativa
A anulação administrativa é o ato administrativo que determina a destruição dos efeitos de
outro ato, com fundamento em invalidade (165º CPA). Quando um ato é ilegal, a
administração deve anulá-lo para cessar seus efeitos.

A anulação também obriga a Administração a reconstituir a situação hipotética, restaurando a


situação que existiria se o ato anulado não tivesse sido praticado - artigo 172º/1

PRINCÍPIO DO PROCEDIMENTO EQUITATIVO

Princípio do procedimento equitativo: É uma decorrência do princípio da justiça e do Estado de


Direito Material. Este princípio determina que, em todas as matérias suscetíveis de envolver
consequências prejudiciais para os destinatários (ou, reflexivamente, para terceiros), os
procedimentos devam ser estruturados no sentido de garantir: i) a participação dos
interessados na formação das decisões ou deliberações que lhes digam respeito; ii) a
efetivação do direito ao contraditório; iii) a produção de uma decisão final com ponderação de
todos os interesses e factos constantes do procedimento, numa lógica de igualdade e
imparcialidade; iv) a fundamentação da decisão administrativa; v) a emissão de uma decisão
final dentro de um prazo razoável e dotada de publicidade; vi) o acesso à justiça
administrativa, à luz do direito a uma tutela jurisdicional efetiva. O princípio do procedimento
equitativo não tem formulação expressa na nossa Constituição nem no CPA, mas decorre do
princípio da justiça da Administração Pública, que se encontra no artigo 266º/2 CRP, e de
normas do Direito Internacional, nomeadamente do artigo 41º da Carta dos Direitos
Fundamentais da União Europeia.

II

Comente a seguinte afirmação (5 vals.):

“Por força do Código dos Contratos Públicos, são hoje residuais das diferenças entre os
contratos administrativos e os contratos de direito privado da Administração Pública, assim
como se esbateram as diferenças de regime entre os primeiros e os atos administrativos”.

II

Comente, de modo crítico, a seguinte afirmação (5 valores):

“Existem hoje múltiplas formas de eventuais ilegalidades serem irrelevantes ou sanadas, o

que é absolutamente fundamental para a proteção do interesse público e de terceiros.”

Hipótese de resolução:

• Justificação de regimes que visam fazer prevalecer o interesse público e interesses de

terceiros face à legalidade;


• Alusão a disposições do CPA das quais pode resultar a irrelevância de certas

ilegalidades e explicação do respetivo regime;

• Alusão a disposições do CPA das quais pode resultar a sanação de ilegalidades e

explicação do respetivo regime;

• Valorização da alusão a outras disposições previstas noutros diplomas em matéria de

contratos, contencioso administrativo, etc;

• Valorização da apreciação crítica sobre se tais disposições são adequadas,

insuficientes ou excessivas.

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