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Faculdade de Direito de Lisboa

ADMINISTRATIVO II – AULAS

26Fev2019
Aula Teórica

1. Princípio da Administração Aberta – permite q os particulares tenham acesso aos


documentos administrativos, no entanto, tem limites:

 Ideia de que a OJ tem de ponderar outros valores, tais como de natureza pública
(segredo de Estado, segurança, sigilo fiscal...) ou natureza privada (reserva
privada da vida pessoal, segredo da propriedade intelectual...);

 Será que o cônjuge tem dto de acesso aos documentos médicos respeitantes
aos outros cônjuges?

 Por razoes de igualdade os concorrentes ou pessoas q participam no mesmo


concurso comum têm dto de acesso à documentação apresentada pelos outros
participantes?

2. Princípio da Natureza gratuita do Procedimento Administrativo

 Art. 15º CPA – impõe reserva de lei na derrogação do caráter gratuito do


procedimento – só podem exigir taxas com fundamento na lei.

 Art. 161º, nº2, k) CRP – são nulos os atos q criem obrigações pecuniárias não
previstas na lei

3. Princípio da Língua Portuguesa - Art. 54º

 Invalidade das normas que impõe procedimentos administrativos em Portugal


em língua diferente da portuguesa

 Será q é admissível a lecionação em língua estrangeira, nas universidades


portuguesas, a alunos portugueses? Não @ Prof. Paulo Otero.

4. Princípio da Cooperação Leal com a UE – Art. 19º CPA

5. Princípio do Estado de Necessidade Administrativa

 Pressupostos:

 Tem de ocorrer uma circunstância de facto extraordinária (carece de prova);


 É necessário q exista uma ameaça/efetivo perigo a bens ou interesses públicos
essenciais;
 Indispensabilidade e urgência da ação administrativa;
 A intervenção administrativa só pode surtir efeito se preterir as regras
normalmente aplicadas do procedimento administrativo.

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Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

Esta intervenção administrativa tem subjacente 3 juízos:

 Juízo de Ponderação – será q a medida é inadiável?


 Juízo de Prognose – vale a pena preterir as normas para alcançar o fim?
 Juízo de Atuação entre os meios a usar e os fins em vista

O Estado de Necessidade administrativa permite:

 Derrogar as normas de procedimento;


 Criar uma decisão com conteúdo derrogatório do dto normalmente aplicado

Assim este pode ser procedimental ou ter natureza substantiva ou material.

Qual o regime a q está sujeito o EN?

Quais são as regras de regime?

 O EN Administrativa permite praticar atos q em circunstâncias normais estejam


feridos de vicio de forma – permite derrogar normas sobre forma e
formalidades;

 Permite situações de substituição extraordinária – um órgão q não é


normalmente competente possa praticar um ato q apesar disso não está ferido de
incompetência

 Limites:

 O procedimento equitativo – ideia de justiça;


 Princípios gerais da atividade administrativa (princípio da igualdade,
proporcionalidade...) – não é uma licença para praticar atos ilegais;
 Normas q concretizam preceitos da CRP – normas sobre dtos fundamentais não
podem ser objeto de desconsideração;
 Princípio da proporcionalidade (em especial): proibição do excesso; princípio da
atuação; princípio da razoabilidade/ ponderação;
 Controlo judicial – toda atuação administrativa ao abrigo do EN está sujeita ao
controlo dos tribunais

Qual a natureza do EN?

Art. 3º, nº2 CRP – legalidade excecional – é um espaço de ação com um dto especial.

Princípios Materiais da Atividade Administrativa

1. Princípios gerais expressamente formulados na CRP – Art. 266º;


2. Princípios sem expressa formulação constitucional.

1.1. Princípio da Legalidade

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Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

A AP está sujeita ao Direito – pressuposto do Estado de Dto:

 A AP deve acatar a lei e as normas q pautam o seu agir;


 Em caso de atuação contrária ao Direito, o seu agir é inválido;
 Aos Tribunais está sempre reservado um poder de controlo da validade da
subordinação da AP ao direito.

Assim, a AP deve subordinar-se às decisões dos tribunais, ou seja, deve-lhe


obediência e, portanto, tem de dar execução à decisão.

Casos de Execução Lícita: impossibilidade ou grave prejuízo para o interesse


público. (Qd a AP não tem de seguir a decisão).

A execução ilícita gera o dever de indemnizar por ato ilícito e responsabilidade


criminal do crime de desobediência.

1.2. Princípio da Execução do IP

Para alem da AP também há particulares interessados nisto.

1.3. Princípio pelo respeito e interesses legalmente protegidos dos cidadãos

 Onde há um dto subjetivo há um

1.4. Princípio da Igualdade

 Igualdade formal – todos somos iguais perante a lei;


 Igualdade Material – permite tratar de modo diferenciado qd existe um
fundamento lógico q o imponha.

Este princípio é expressão do Princ. da justiça.

1.5. Princípio da Proporcionalidade

1.6. Princípio da Imparcialidade

 Este impõe distância entre quem decide e os interesses ou os destinatários da


respetiva decisão – Arts. 69º a 76º CPA.

A violação deste princípio gera invalidade da conduta.

 Qd se decide todos os interesses têm de ser chamados à ponderação – dimensão


positiva.

1.7. Princípio da Boa-fé

 Boa-Fé em sentido próprio


 Boa-Fé como instrumento da proteção da confiança

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Constança C. Neto
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1.8. Princípio da Justiça

08Março2019
Aula Prática

Caso Nº2

 Factos Jurídicos – acontecimentos/ ações independentes da vontade, neste caso, a


“tempestade muito violenta”, não correspondendo a um querer administrativo, podem
produzir efeitos q determinem um agir administrativo – tem de ser selecionado por uma
norma, tendo consequências na OJ:

 Voluntários;
 Naturais.

A atividade desenvolvida pela AP consiste sempre num conjunto de opções e decisões q


encontram expressão num ato, sendo este traduzido por uma conduta de ação ou
omissão.

Cap. 14 – toda a atuação administrativa pressupõe uma vontade proveniente de


estruturas da AP, sendo q esta vontade é imputável a uma entidade coletiva, por via dos
seus órgãos e agentes, sendo q não é possível a existência de uma vontade
administrativa sem um qql procedimento de formação e declaração.

A automatização exige o fenómeno da antecipação. Operações automatizadas –


execução de atos administrativos já “decididos”.

A emissão das guias de pagamento é uma fase intermédia do processo administrativo.

A consequência do desrespeito de Tibúrcio prende-se com um possível erro sobre o


objeto – erro-vício, sendo o desvalor a anulação – Art. 163º CPA.

Existe uma relação hierárquica entre o Diretor e o Presidente.

Art. 5º CPA – princípio da colaboração, neste caso, intraadministrativa, ou seja, o


subordinado hierárquico pediu instrução ao seu superior.

Art. 14º, nº3 CPA – princípio geral – Art. 61º e ss CPA.

Ato material da decisão – Art. 2º, nº3 CPA.

Tibúrcio infringiu um dever de obediência e diligência.

O GOV não tem poder de superintendência, logo o diretor fez bem em pedir instruções
ao presidente.

Mero facto jurídico – em relação ao espirro – não foi motivado por uma causa –
automatismo, ou seja, foi um ato voluntário, mas não doloso-
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Constança C. Neto
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Regulamento – 142º, nº2 CPA – princípio da irrevogabilidade singular do ato


administrativo.

12Março2019
Aula Teórica

Formas da Atividade Administrativa

1. Voluntariedade da conduta

A atividade administrativa assenta num querer, é uma conduta voluntária, no entanto,


nem todos os efeitos q envolvem a AP são resultantes destas.

Ex. Meros factos jurídicos como o decurso do tempo.

A regra é q a par das condutas voluntárias há condutas não voluntárias q produzem


efeitos jurídicos.

A conduta pode ser por ação ou por omissão, isto é, tanto produz efeitos jurídicos aquilo
q resulta de um agir como aquilo q resulta da omissão de um dever de agir.

A vontade administrativa só produz efeitos relevantes se for exteriorizada –


exteriorização da vontade como pressuposto para a sua relevância.
Porém, há condutas q não são exteriorizadas, mas têm relevância.

Por outro lado, as decisões administrativas podem ter como destinatários 1 ou várias
pessoas determinadas – ato não normativo.
Contrariamente, se há uma pluralidade indeterminável de destinatários estamos perante
um ato normativo.
No entanto, existem casos mistos, ou seja, parcialmente têm destinatários determináveis
e outros indeterminados.

Nem sempre a vontade administrativa é suficiente para produzir efeitos, isto é, nem
sempre um mero agir da AP produz a modificação da realidade.

Há atuações administrativas q não se limitam a meras declarações jurídicas exigindo


uma atuação material, sendo esta q permite a produção dos efeitos jurídicos pretendidos
(os atos físicos dão efetividade às meras declarações).

A prática de operações pode consubstanciar-se, por ação ou omissão, em fonte de


responsabilidade civil ou criminal, mesmo não sendo atos jurídicos.

 Formas:

 Prática de atos jurídicos;


 Atos não jurídicos.

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Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

Existem atos jurídicos regidos pelo Dto Público e outros regidos pelo Dto Privado –
nem toda a atividade administrativa se rege pelo Dto Público.

A inércia administrativa também tem um significado procedimental – silêncio como


modo de declaração de uma vontade.

Igualmente, existem condutas administrativa de facto e condutas juridicamente


irrelevantes (Ex. Palavras de circunstância num ato oficial).

2. Atividade Adm Jurídica de Natureza Pública

 Produção de atos jurídicos:

 Manifestações de vontade ou ciência;

 Podem ser atos externos (qd passam para fora da AP) ou internos;

 Atos jurídicos simples (não negociais – há vontade de conduta, mas os


efeitos estão fixados pela lei – atos de natureza vinculada) // Atos Negociais
= Negócios Jurídicos (há conjugação de 2 vontades).

 Regulação pelo Dto Público (diversas formas do agir jurídico-público da AP):

 Regulamento;
 Ato administrativo;
 Meras declarações negociais;
 Contratos administrativos;
 Convénios administrativos;
 Atos processuais da AP.

Destas 6 formas existem algumas q são cruzadas como regulamentos cruzados com
contratos, atos cruzados com contratos e atis cruzados com regulamentos.

I. REGULAMENTO

O que é? Ato normativo proveniente dos órgãos da AP no exercício da função


administrativo, tendo como características a generalidade e abstração.

Sendo um ato normativo é uma consequência de 2 fatores:

 Não ser levado até às últimas consequências do princípio da separação de


poderes;
 A lei não pode tratar de tudo, assim, o detalhe é remetido para uma fonte
subordinada à lei (compete à AP).

 Tipos:

o Internos (esgotam os seus efeitos dentro da fronteira da AP) // Externos;

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Constança C. Neto
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o Execução (aqueles q desenvolvem, pormenorizam, detalham uma lei – existem para


tornar operativa a lei – regulamentos para boa execução das leis – Art. 199º CRP) //
Independentes (1. Independentes de uma lei, mas resultam de várias leis; 2.
Regulamentos independentes diretamente alicerçados na CRP *)

* Prof. Paulo Otero – 199º, g) CRP – fonte de regulamentos independentes – estes


regulamentos não carecem de uma lei prévia, tendo a ver com a satisfação de
necessidades coletivas, Estado de bem-estar.
O GOV pode implementá-los com base direta na Constituição.

 Pressupostos para a utilização de um regulamento independente – Art. 199º, g) CRP:

 A matéria não pode ser de reserva de lei;


 A matéria não pode ter sido, até ao momento, disciplinada por decreto-lei (o
regulamento não pode contrariar a lei sob pena de invalidade);

Quais as razões para o GOV optar por um regulamento independente em vez de ym


decreto-lei?

 Os regulamentos independentes revestem a forma de decreto-regulamentar:

 O decreto-lei está sujeito a fiscalização preventiva da constitucionalidade, ao


contrário do decreto-regulamentar;

 Os decretos-leis estão sujeitos à apreciação parlamentar – o GOV pode ver o seu


decreto-lei recusado pelo Parlamento (importante qd o GOV é minoritário), no
entanto, o decreto-regulamentar foge ao controlo parlamentar – Art. 169º CRP;

 O decreto-lei para ser aprovado tem de passar pelo Conselho de Ministros, já o


decreto-regulamentar precisa apenas da decisão com intervenção do PM e dos
ministros relacionados com a matéria (significativo qd o GOV é de coligação).

o Regulamentos de Operatividade Imediata (produz os seus efeitos


independentemente de qql ato de operação) // Operatividade Mediata (carece de um
ato de aplicação – o particular tem de o impugnar em Tribunal).

o Regulamentos de base contratual – determina q possa existir a produção de um


regulamento.

Ex. Regulamento q fixa taxas de utilização das autoestradas – contrato entre o


Estado e uma concessionaria).

 Qual o regime q se aplica aos regulamentos?

A matéria dos regulamentos está disciplinada no CPA – particularidade: Art. 135º CPA
– exclui a aplicação do Código aos regulamentos internos.

A disciplina jurídica dos regulamentos internos:

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Constança C. Neto
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 Existiu uma desprocedimentalização – o CPA 2015 deixou de disciplinar a


matéria – retrocesso – Prof. Paulo Otero: opção inconstitucional – 267º CRP;

 Como integrar a lacuna? PO – aplica-se por analogia o regime previsto para os


regulamentos externos no CPA.

II. ATO ADMINISTRATIVO

O que é? Aplicação a um caso concreto de uma norma jurídica.

FDUC – só é ato administrativo a estatuição autoritária q produza efeitos externos.


FDUL – Prof. Marcelo Caetano e Freitas do Amaral.

Prof. Paulo Otero – ato administrativo:

 Ato jurídico unilateral;


 Proveniente de estruturas q exercem poderes administrativos;
 Procura definir o direito aplicável a uma situação individual e concreta;
 Visa produzir efeitos sem necessidade do consentimento dos destinatários.

11Março2019
Aula Prática

 Erro-vício – deformação da própria vontade.

 Erro-obstáculo – erro na transmissão da vontade, isto é, a vontade formou-se sem qql


facto exterior q a comunicasse, porém foi mal comunicada.

 Circular – atuação administrativa interna – genéricas e concretas – comandos


dotados de generalidade e abstração (?) – exercício em massa de uma instrução

 Mero automatismo – atuação subconsciente, mas ainda assim dominada fisicamente


ou neurologicamente – ato voluntário.

 Ato Reflexo – não é controlado pelo sistema neurológico central do indivíduo –


desprovidos de vontade. (Ex. Ataque Cardíaco).

 Instrução – tem natureza genérica, mas é uma intenção concreta.

12Março2019
Aula Teórica

II. ATOS ADMINISTRATIVOS (continuação)

Ato administrativo plural –

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Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

Atos gerais – atos de aplicação imediata a um conjunto inorgânico de pessoas


determináveis, esgotando os seus efeitos imediatamente.

Ex. Ordem de dispersar um ajuntamento de pessoas.

Sinais de trânsito – regulamentos de operatividade imediata:

 Aplicam-se a um conjunto indeterminável de destinatários;


 Produzem efeitos direta e imediatamente.

O sinal de trânsito é um regulamento, mas a decisão de colocação deste é um ato


administrativo.

Há discricionariedade / arbitrariedade na fixação de conteúdo dos sinais?

Podem existir atos administrativos parcialmente regulamentares – forma híbrida do agir


administrativo  Resolução aplicada a uma instituição bancária (Ex. BES).
Esta produziu reflexos a uma pluralidade determinada de destinatários: os clientes do
banco.

Todos os regulamentos têm necessariamente um conteúdo normativo?


@ PO – não, pois há uns q são materialmente atos administrativos, ou seja, qd há um
destinatário determinado ou determinável – critério substantivo.

 Principais espécies de atos administrativos:

 Atos decisórios (têm em si uma determinada decisão de Dto no caso


concreto) // Atos Instrumentais (auxiliam, preparam ou implementam as
decisões);
 Atos Constitutivos (aqueles q introduzem inovações, alterações na OJ 
Primários – traduz a primeira definição de Dto no caso concreto – Ex.
classificação do teste escrito; Secundário – incide sobre um anterior ato) // Atos
Declarativos (limitam-se a verificar, constatar uma realidade);

 Atos Consensuais (aquele q praticado pela AP unilateralmente assenta, todavia,


num prévio acordo com os destinatários – Ex. marcação dos exames) // Atos
Não Consensuais (princípio da participação dos interessados);

 Atos cujo objeto é passível de ser um contrato (Ex. concessão) // Atos q não
podem ser contratos

 Atos com autotutela executiva (têm conjuntamente o dto de audição prévia) //


Atos sem autotutela executiva (Ex. Ato tributário).

 Regime dos Atos Administrativos: desde q sejam atos externos, o regime está no
CPA. Quanto aos atos internos, para o Regente a solução é inconstitucional, pois deixou
de estar regulada – analogicamente aplicável.

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Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

Art. 148º CPA – conceito de ato administrativo. O Código de forma incoerente veio
regular, por exemplo, a delegação de poderes q é um ato interno, entre outros.

III. MERAS DECLARAÇÕES NEGOCIAIS

 Nem sempre o agir administrativo unilateral se reconduz, num caso concreto, a um


ato administrativo.
Há casos em q a AP não atua de forma autoritária, apesar de regida pelo Dto Público, ou
seja, não gozam de autotutela declarativa, pois se o destinatário não acata / concorda, a
AP só pode ver definido o Dto no caso concreto através da intervenção do Tri.

A AP pode ter uma conduta individual q não goza de autotutela declarativa, isto é, não
define unilateralmente o Dto no caso concreto, para tal acontecer o particular tem de
concordar.

Se a AP teimar em aplicar pela força esta definição de Dto q não goza de autotutela
declarativa levará ao dto de resistência por parte do particular, sendo q padece do vício
de usurpação de poder.

Ex. Matérias do Art. 307º, nº1 Código dos Contratos Públicos:


 Interpretação de contratos;
 Validade de contratos.
Nestes casos, a AP não goza de ius imperi.

 Comportamentos Factuais Concludentes – nem sempre a AP emite declarações


negociais expressas, ou seja, são declarações q se extraem implicitamente dos
comportamentos da ADM – Art. 2º, nº1 a 3º CC.

IV. CONTRATO ADMINISTRATIVO

 Forma de agir bilateral da AP.


 Vínculo Jurídico plurilateral, q tem sempre de envolver um contraente público e em
termos substantivos o Dto regulador é o Público.

!!! Nem todos os contratos da AP são administrativos, ela também pode celebrar alguns
regidos pelo Dto Privado:

 Entre uma entidade pública e uma privada;


 Entre duas entidades públicas – contratos interadministrativos;

 Contratos de atribuição – a prestação principal pertence a uma entidade pública


(Ex. Fornecimento de água);

 Contratos de colaboração – a prestação particular está a cargo do particular (Ex.


empreitadas públicas);

 Contratos de Cooperação – entre 2 entidades públicas;

 Contratos de natureza organizativa – Ex. Contrato de delegação de poderes;


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Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

 Contratos de natureza contenciosa;

 Contratos de natureza procedimental – Art. 57º CPA.

V. CONVÉNIOS INTERRGANICOS

 Estamos perante vínculos jurídicos / acordos entre dois ou mais órgãos / serviços de
uma mesma entidade pública. Visam regular a organização e regulamento ou o
exercício de poderes.

!!! Não são contratos, pois o contrato pressupõe dois sujeitos e aqui estamos perante um
único sujeito.

Não estão sujeitos nem ao CPA nem ao Código dos Contratos Públicos – estão numa
“zona de ninguém”.

No entanto, o CPA refere-se a eles no Art. 57º, 66º e 77º.

VI. ATOS PROCESSUAIS DA ADMINSITRAÇAO PÚBLICA

 Qd a AP age em Tri. desenvolve uma atividade administrativa de natureza processual


– atos praticados pela AP ou por mandatários da AP (MP ou advogado) – pratica atos
administrativos imputáveis à ADM.

Estes são atos jurídicos q expressam a posição da AP junto de um Tribunal, verificando-


se q a AP é parte num processo judicial ou arbitral.

 Código de Processo Civil; Código de Processo dos Tri Adm; Lei de Arbitragem
Voluntária (LAV).
Toda esta atuação processual da AP tem sempre de ter um título jurídico de Dto
Público, sendo q tem de existir coerência entre a atuação processual e substantiva da
AP, sob pena de ser violado o princípio da boa-fé.

15Março2019
Aula Prática

108º e 109º CPA 91

Arts. 66º ss CPTA

18Março2019
Aula Prática

Caso Nº3

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Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

O facto de a Presidente colocar num cesto verde ou vermelho conforme a decisão é uma
declaração expressa.
Estamos perante uma omissão relativa a uma situação individual, neste caso, relativa ao
pedido de licenciamento urgente de obra – Art. 13º CPA – princípio da decisão  a AP
está vinculada a decidir as pretensões q lhe são colocadas pelos cidadãos.

Este tipo de omissão configura-se como categoria residual e compreende todas as


formas de omissão administrativa q não se reconduzem a situações de inércia da AP no
âmbito da sua atividade regulamentar contratual ou convencional.

Art. 52º, nº1 CRP – fundamento do princípio procedimental do dever de decidir a cargo
da AP.

Ao não obter resposta por parte da AP, temos aqui uma violação do dever de decisão,
logo uma inércia de base pretensiva – traduz um silêncio-incumprimento – dto de
resposta constitucionalmente garantido – art. 268º, nº6 CRP.

O facto de outros comerciantes terem obtido o licenciamento de esplanada pode ser


suficiente para formar um precedente.

Art. 129º CPA – incumprimento do dever de decisão – ato tácito de indeferimento (?),
dado q, Carlota formulou um pedido à AP tendo decorrido o tempo previsto sem q esta
se pronunciasse sobre o assunto em questão.

Prazo  Art. 128º, nº1 CPA – 90 dias – a AP Adotou uma conduta implícita
verificando-se uma situação de inércia – Art. 67º, nº1, a) CPTA:

 Processo urgente – Art. 124º CPA ‘

“1 - A condenação à prática de ato administrativo pode ser pedida quando, tendo sido
apresentado requerimento que constitua o órgão competente no dever de decidir:

a) Não tenha sido proferida decisão dentro do prazo legalmente estabelecido;”

Deste modo, segundo o Art. 184º, nº1, b), Carlota pode reagir contra a omissão da AP
em sede de objeto de reclamação.

Neste caso, o silêncio não tem o sentido de indeferimento ou rejeição do requerido, na


medida em que, tal só aconteceu devido a uma conduta negligente por parte do
funcionário das limpezas  erro-obstáculo.

 Mero automatismo – atuação subconsciente, mas ainda assim dominada fisicamente


ou neurologicamente – ato voluntário, mas não doloso / intencional.

O recurso hierárquico não era admissível, pois a Presidente não tem ninguém acima de
si.

Poder de supervisão  suspender, modificar, revogar um ato de um subordinado seu –


associado ao superior hierárquico.

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Faculdade de Direito de Lisboa

Ato da Presidente – Art. 199º, nº1, b) CPA – O administrado pode recorrer ao plenário
da própria CM.
O administrado tem ainda uma garantia jurisdicional – ação de condenação à prática de
ato devido – 66º CPA.

18Março2019
Aula Teórica

Exemplos de atos unilaterais:

 Denúncia de um contrato de arrendamento gerido pelo Dto Privado;


Sede dos atos jurídicos unilaterais: CC + Art. 2º, nº3 CPA

 Negócios Jurídicos Plurilaterais – contratos de Dto privado em q a AP é parte:

Contratos de Dto Privado – o seu regime substantivo é regulado pelo Dto Privado,
enquanto q os contratos públicos são regulados pelo Dto Adm.

 Nos contratos de Dto Privado da AP ou nos contratos adm há sempre alguém q é


parte – a AP.
 Um regime procedimental (caminho q leva à celebração do contrato) é,
normalmente, em ambos os casos um regime de Dto Público.
 O q diferencia os contratos de Dto Privado dos contratos adm é o regime
substantivo.

Qual é a fonte q regula os contratos do Dto Privado da AP?

 Art. 202º, nº2 CPA;

 Regime Procedimental:

 Se o objeto do contrato de Dto Privado se envolve prestações submetidas à


concorrência a sua disciplina está no C. dos Contratos Públicos ou em lei especial
– Art. 1º, nº2 CCP;
 Se o objeto do contrato são prestações q não estão submetidas à concorrência há
dois caminhos:

 O contrato atribui vantagens a alguém, sendo q o seu objeto pode ser passível
de ato ou contrato adm  continua a reger-se pelo CCP ou lei especial – Art.
1º, nº3 CCP;
 Não atribui vantagens  estão sujeitos ao CPA – Art. 202º, nº2.
 O contrato não tem uma prestação submetida à concorrência, mas tb não atribui
uma vantagem  CPA – Art. 202º, nº2 CPA.

 Contratos de incidência comercial ou financeira em q a Adm é parte.

Formas Não Jurídicas do Agir da AP

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Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

Nem sempre a atividade adm envolve a prática de atos jurídicos – a atuação adm não se
esgota na produção de atos jurídicos.

Todavia, há sempre 2 particularidades:

 Toda essa atividade alicerça-se sempre numa norma jurídica – não há atuação adm
sem previa norma jurídica habilitante;
 Mesmo a atuação não jurídica pode gerar efeitos jurídicos colaterais, tal como RC.

Modalidades:

 Operações materiais – através destas há uma transformação da realidade factual –


são estas q permitem mudar a realidade – autotutela física sobre a realidade;
Ex. Autópsia; Policiamento; Dar uma aula.

O agir material pressupõe efeitos de natureza jurídica.

Estas não são uma declaração jurídica, mas delas pode-se sempre extrair uma
conduta com relevância jurídica.

A atuação material é o produto de uma anterior decisão adm, mas pode acontecer q
por vezes não exista essa declaração material, ou seja, por vezes a atuação material
pode ser aquilo a q se chama uma “via de facto”  atuação material sem prévio
título jurídico ou cujo título jurídico é nulo ou inexistente.

Ex. Ordem de demolição de num prédio cujo Nº é o 105 e a AP em vez de demolir


este, vai demolir o 115. Ao demolir o prédio errado atua em via de facto.

A importância das operações materiais:

 Dão vida, transformam a realidade e materializam atos jurídicos da AP, mas tb


permitem dar efetividade a normas jurídicas, desde logo às normas sobre dtos
fundamentais (para quê o dto à saúde se não há hospitais);

A CRP é refém da AP, pq é no momento das operações materiais q está em


causa o êxito do Estado de bem-estar.

Operações materiais – tipos:

 Com ou sem relevância constitucional;


 Preparatórias de atos jurídicos (estudar previamente uma matéria preparatória
da decisão)
 Operações materiais de execução de anteriores atos jurídicos;

A formalização jurídica de uma deliberação é ela em si uma operação material.

Onde é podemos encontrar o regime das OM? Art. 2º, nº3 CPA; existem ainda
diferentes garantias contenciosas.

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Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

Problemas de imputação jurídica:

 Qd estamos perante uma via de facto, será q a operação deve ser


imputada à pessoa coletiva ou ao titular?
Isto é relevante para efeitos de RC administrativa.

 Atuação Informal

Há modos de agir da AP q se caracterizam pela natureza flexível, consensual, isto é, em


vez de processos autoritários, parte da ação adm é hoje situada à margem de processos
formais – agir da AP paralelo à atuação procedimentalmente regulada:

 Situações de conselho – a AP aconselha;


 Recomendações – está aparelhada uma conduta a um fim;
 Advertência.;
 Tolerância da Adm face a situações de facto (Ex. Parar num sítio onde é proibido).

A atuação adm nem sempre envolve procedimentos rígidos, mas muitas vezes esta ideia
de adaptabilidade da respetiva atuação.

Esta atuação informal pode ser:

 Praeter legem;
 Contra legem – se reiterada ao longo do tempo pode gerar uma normatividade
adm não oficial, q vigora paralelamente à oficial.

Assim, há aqui um enfraquecimento da juridicidade, mas não uma abolição desta.

Aplica-se às atuações informais o Art. 2º, nº3 CPA e os princípios do Art. 266º CRP.

A atuação informal não pode ser exigida judicialmente, mas pode gerar RC por violação
da tutela da confiança.

Ex. O Professor diz q no exame não sai o capítulo Y e depois o exame é todo à base do
referido capítulo.

 Atuação Política da AP

A Adm não é alheia à atuação política.

Ex. Participação no orçamento de uma autarquia.

Conformidade com a CRP – Art. 3º.


Respeito pelo 2º, nº3 do CPA.

Em todos os atos políticos a tendência é para a limitação do controlo judicial.

19Março2019
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Constança C. Neto
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Aula Teórica

Inércia / Omissão Administrativa

 Situações em q a AP não age, não decide, em q é interpelada para agir e guarda


silêncio.
Perante isto o q fazer?

Se após algum tempo de um pedido, a Adm não responde, entendia-se q o silêncio


constituía um deferimento tácito (recusa de pretensão) – conceção francesa.

Qd a AP viola um prazo razoável de decisão está a pôr em causa o princ. do


procedimento equitativo, pois este pressupõe uma resposta em tempo plausível.

 Tipos de Inércia:

 Inércia jurídica ou declarativa – omissão de um prazo jurídico:

 O pedido pode vir do particular;


 Pode não haver pedido, mas resulta na omissão de uma obrigação do dever
legal.

 Inércia factual ou material – omissão de uma operação material:

 Pode ser expressão da autotutela executiva;

 Execução de uma sentença judicial (grave, pois há desrespeito por uma


decisão do Tri);

 Inatividade prestacional, ou seja, colisão entre princípios e valores (dever e


prestar a satisfação de necessidade coletiva e exercício de dtos
fundamentais).

Ex. Greve

 Inércia contratual / regulamentar ou de atos adm:

 Incumprimento do dever legal de decidir (conduta omissiva ilegal);

 Omissão do dever legal de decidir gera sempre dano para a RC;

 Perante situações de ilegalidade nem sempre há tutela de juridicidade


efetiva;

 A omissão reiterada conjugada com o princ. da tutela de confiança pode


alicerçar posições jurídicas subjetivas q se reconduzem a 3 figuras:
tolerância adm, nascimento ou supressão de posições jurídicas subjetivas.

 Omissão regulamentar:
16
Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

 Das formalidades do procedimento de feitura de um regulamento;

Ex. O regulamento deve ser objeto de consulta pública, sendo q a AP emanou o


regulamento não dando prazo para as pessoas s e pronunciarem.

 Material em relação ao conteúdo do regulamento;

 Total.

 Omissões contratuais qt à execução do contrato ou qt à formação deste;

 Omissão de situações individuais – tudo aquilo q não é uma omissão


regulamentar e bilateral (falta de ação da Adm – ações unilaterais).

Qual é a regra geral? Art. 129º CPA – ato tácito negativo (silêncio vale como
indeferimento).

Requisitos do indeferimento:

 Formulação de uma pretensão;


 Dever legal de decidir;
 Decurso do tempo;
 Tem de significar o silêncio da AP (inércia como facto concludente – declaração
tácita de deferimento).

Non entanto, a lei pode atribuir ao silêncio o significado de deferimento – Art. 130º
CPA – exceção.

Art. 134º CPA – comunicação previa ao início de uma atividade.

§ REGIME JURÍDICO COMUM DO PROCEDIMENTO ADM

1. Competência

Há diversos níveis de competência adm:

 Hemisfério Público VS Privado – sempre q a AP invade o privado viola dtos


fundamentais.

Dentro do hemisfério público tem de se respeitar a separação de poderes, caso


contrário há usurpação de poderes (Art. 162º, nº2, a) CPA)

Sempre q a entidade pública invade a esfera de atribuição de outra entidade pública


o ato é nulo – Art. 162º, nº2, b) CPA.

 Incompetência Absoluta Interna / Externa –

17
Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

Existem regras de distribuição de competência dentro dos órgãos de uma entidade


publica – qd um órgão invade a competência de outra há incompetência relativa –

22Março2019
Aula Prática
Caso Nº 4

Atividade Adm – agir adm q se consubstancia na produção de taos jurídicos e cuja


essência reguladora se encontra sujeita a um regime substantivo de Dto Público.

Ato Jurídico – manifestação de vontade apta a produzir efeitos de Dto.

Art. 200º, nº1, e) CRP – competência Conselho de Ministros – aprovar os planos -


resolução do Conselho de Ministros  ato político (PO).

Regulamento  norma emanada no exercício da função adm, sendo q traduz a


expressão normativa do agir administrativo.

Art. 135º CPA – norma jurídica geral e abstrata q visa produzir efeitos jurídicos
externos.

Art. 136º, nº1 CPA – a emissão de regulamentos depende de lei habilitante.

Art. 165º, nº1, f) CRP – reserva relativa de competência legislativa da AR – só a AR ou


o GOV, mediante autorização desta, podem emanar regulamentos respeitantes ao
serviço nacional de saúde.

Logo, o regulamento aprovado pelo Conselho Nacional de Saúde é inválido, nos termos
do Art. 143º, nº1 CPA.

Art. 4º - estatuto do Conselho Nacional de Saúde – decreto-lei 49/ 2016.


O CNS não dispõe de competência regulamentar, logo o regulamento q vier a provar é
ilegal.

Art. 26º CRP – livre desenvolvimento da personalidade.

Art. 18º, nº3 CRP – não é permitido restringir um dto fundamental, muito menos com
base num regulamento.

Padrões técnicos transnacionais da FAO e da OMS – Dto Internacional – padrão global


– é fonte de normatividade adm?
Traduzem problemas quanto à sua democraticidade e vinculatividade.

Contratar a empresa de fornecimento – contrato adm – contrato público – forma de agir


bilateral da AP, envolvendo um acordo entre duas ou mais vontades, expressando
interesses opostos e adotando a forma final de um contrato – contrato de colaboração.

18
Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

 contrato feito por ajuste direto – pode-se escolher quem contrata sem ter de se
considerar outros concorrentes.

Art. 69º ss

Art. 55º CCP

Art. 57º CPA – regime jurídico dos contratos.


Ordenar as funcionárias – ato adm – ato jurídico unilateral praticado, no exercício do
poder adm, neste caso por uma entidade pública e q traduz a decisão de um caso
considerado pela AP, visando a produção de efeitos jurídicos sobre uma situação
individual e concreta – 148º CPA – ato adm interno, pois define uma situação.

No entanto, atendendo ao 150º, nº1 CPA, o ato adm tem de ser praticado por escrito,
dado q devido às circunstâncias do caso não lhe pode ser aplicada a exceção prevista no
referido Art.

Uma ordem não necessita de redução a escrito.

Art. 163º CPA – o ato adm é anulável.

Art. 161º, nº2, d) – violação do dto de propriedade – ato nulo – o funcionário tem dto de
resistência em relação a estes atos.

Parecer -?

Revistar as mochilas dos alunos – operação material – atividade não jurídica


desenvolvida pela AP.

Plano do GOV  Definição prospetiva de como é q o GOV vai entrecruzar a


legislação com a sua atuação administrativa e executiva.

Os Planos são decisões político-administrativas e têm como finalidade coordenar várias


atuações administrativas futuras – natureza estruturante e operacional.

25Março2019
Aula Prática

Art. 53º CPA – o procedimento adm inicia-se com a solicitação dos interessados.

Art. 82º, nº1 CPA – dto à informação – o funcionário tem o dever de prestar
informações a Delfina e o facto de a chefe de serviço não se encontrar a trabalhar não o
impede de o fazer.

Assim, estamos perante uma to de inércia adm de base pretensiva, dado que houve uma
ausência de resposta face a um assunto apresentado por um cidadão – Art. 13º, nº1 CPA
– desrespeito pela legalidade.
19
Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

26Março2019
Aula Teórica

Toda a atividade adm tem um objeto numa dupla acessão:

 Imediato – tem a ver com os efeitos jurídicos q o ato se destina a produzir;


 Realidade material sobre a qual incide a atuação da AP.

Os efeitos podem ser de natureza constitutiva ou declarativa (não inovam na OJ –


limitam-se a certificar algo q já anteriormente existe).

O objeto pode ter zonas de discricionariedade e de vinculação.

 Cláusulas Acessórias – 149º CPA:

 Conteúdo conforme à lei;


 Adequado ao fim do atoa dm em concreto;
 Correlação com o conteúdo principal do ato;
 Especialmente vinculadas ao princ. da proporcionalidade – não podem impor
sacrifícios excessivos face ao resultado q emerge do ato.

Muitas vezes coloca-se o problema de saber se não é excessiva a clausula pela qual se
licencia certo projeto urbanístico, mas impõe-se ao autor deste q sejam construídos os
passeios?

A cláusula acessória pode por vezes não ser acessória, isto é, pode ser para quem
decidiu um motivo determinante da sua atuação, de tal modo q se esta no for aceite ou
for invalido se pode discutir se há uma redução ou anulação da respetiva decisão.

Requisitos de validade:

 Possibilidade;
 Determinabilidade;
 Legalidade do objeto.

1. O objeto tem de ter uma possibilidade de facto (pode ter a ver com o destinatário do
ato ou pode ter a ver com a matéria sobre a qual incide o objeto do ato) e jurídica.

Contudo, a impossibilidade pode ser material, ou seja, tem a ver com o objeto em si.

Ex. Declarar como monumento nacional um edifício q já não existe.

A impossibilidade gera a nulidade da decisão – 161º, nº2, c) CPA.

Esta pode ser objetiva (qd diz respeito a todas as situações) ou subjetiva (qd diz
respeito a uma pessoa em concreto).
Pode ainda ser originária ou superveniente.
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Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

2. 161º, nº2, c) CPA

As decisões nulas são irrevogáveis e não podem ser anuláveis por falta de objeto
jurídico.

3. A atuação dm não pode violar normas injuntivas  gera nulidade – 161º, nº2 CPA.

A atuação adm q se rege por Dto Privado e sempre q violar a legalidade o desvalor
jurídico é a nulidade.

Quais são os efeitos q a atuação dm pode produzir?

 Natureza permissiva – a AP autoriza determinada conduta;


 Natureza imperativa – estatui em sentido de ordem ou proibição;
 Natureza propulsora – apresentação de uma proposta, recomendação;
 Natureza declarativa – atestam, verificam, certificam.

Requisitos de eficácia:

 Publicidade – dada através da publicação em jornal oficial, em local distinto,


internet, notificação dos destinatários  notificação – 110º a 114º CPA:

A notificação é obrigatória à luz da CRP para todos os atos q envolvam a criação de


deveres ou encargos – notificação individual ao destinatário.

Nestes casos, a notificação aparece como um dto fundamental dos cidadãos.

A notificação é um ato adm – ato distinto do objeto notificado:

 Ato de notificação  aquele q comunica;


 Ato objeto de notificação.

Há efeitos dos atos q só se começam a produzir após uma regular notificação – q


efeitos são estes:

 Prazo para a impugnação judicial ou adm de um ato;


 Se estamos perante uma obrigação pecuniária, o dever de cumprir só começa a
correr após a data da notificação.

Ninguém pode ser sancionado por não cumprir um ato q não foi objeto de
notificação, ou se esta foi incompleta.

Os atos constitutivos de dtos / posições jurídicas favoráveis produzem efeitos


independentemente da respetiva notificação.

A falta de publicidade gera a ineficácia jurídica do ato.

 Aprovação do ato da decisão por outro órgão;


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Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

 Aceitação do destinatário;
 Realização de um referendo.

Pode também acontecer q a eficácia esteja dependente da verificação de uma condição


suspensiva ou de um termo.

 Interpretação e integração:

A integração pressupõe a existência de uma lacuna – Art. 10º CC.

Em regra, toda a atuação adm pode ser modificada – razões:


 Legalidade;
 Mérito;
 Erro de cálculo ou material na expressão da vontade.
Como é q estas modificações do agir adm ocorrem?

 Vontade da própria AP;

 Intervenção judicial – os tribunais anulam, reduzem a decisão da AP – pode ser total


ou parcialmente inválida;

 Modificação oper leges – encerra o problema de saber se o legislador pode, a seu


belo prazer, modificar as condutas da AP:

A AR não pode, por via legislativa, modificar decisões individuais da AP  se o


fizer viola a separação de poderes.

E poderá a AR por via legislativa, geral e abstrata, modificar a conduta adm?

@ PO – podem mudar para o futuro, mas dificilmente pode modificar, com efeitos
lesivos para os cidadãos, retroativamente  viola a inconstitucionalidade.

Pode o GOV por via de decreto-lei individual modificar a conduta adm?

Em regra, sim, pois não há obrigatoriedade de lei material, com exceção da matéria
com restrições sobre dtos fundamentais.

O GOV não pode por via de decreto-lei modificar atuações adm de natureza
declarativa.

A alteração anormal das circunstâncias sé sempre uma clausula implícita em toda a


atuação adm.

Sempre q a modificação do agir adm envolva um agravamento especial ou anormal para


a posição jurídica dos particulares, a AP constitui-se no poder de repor o equilíbrio q
existia antes da sua intervenção (importante nos contratos da Adm).

Cessação dos efeitos:

22
Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

 Razões de legalidade  anulabilidade;


 Razões de conveniência  revogação.

Se excetuarmos a atuação informal, toda a atuação adm tem de obedecer a um conjunto


de tramites  formalidades:
Há umas anteriores, contemporâneas e posteriores à decisão.

O princ. geral do Dto Português é a proibição do formalismo excessivo, ou seja, pode


acontecer q exista preterição de formalidades sem invalidade – 163º, nº5 CPA.

Quais são as principais formalidades?

 Participação dos interessados – tem a ver com a participação em diálogo – podem


participar através do dto de audiência previa – 121º a 124º CPA – e da consulta
pública – 124º, nº1, b) CPA;

Audiência prévia – o dto a esta é uma formalidade q integra o conceito de


procedimento equitativo.

Não há em matéria sancionatória, lesiva da propriedade ou liberdade, uma atuação


sem previamente se ouvir os interessados – tem sempre de existir audiência previa.

Se o fizer o procedimento não é equitativo  PO – o ato é nulo, pois viola um


princípio fundamental.

A preterição de audiência previa é um vício de forma.

 Fundamentação – significa q por razoes de transparência a AP deve justificar as


razoes de facto e de dto q a levarem a decidir num determinado momento, sentido.

Art. 153º CPA – tem de ser clara, lógica, adequada.

Se ela não preenche estes requisitos é equivalente à falta de fundamentação 


anulável.

A fundamentação é um imperativo constitucional.

@ PO – sempre q está em causa um ato lesivo dos cidadãos (impõe sanção, priva da
propriedade ou lesa a liberdade), a fundamentação é um dto fundamental dos
cidadãos  a sua falta equivale a violação do núcleo essencial e o ato é nulo.

 A publicidade é não apenas um requisito de eficácia, mas é também uma


formalidade, para evitar uma AP baseada nos secretismo e confidencialidade – o
agir adm é transparente.

Os atos adm podem ter uma forma:

 Escrita – suporte papel ou via eletrónica;


 Verbal;

23
Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

 Forma luminosa ou usando símbolos sem texto (Ex. Sinais de transito, incluindo os
semáforos);
 Forma gestual (Ex. Polícia sinaleiro);
 Acústica;
 Comportamentos factuais concludentes.

Todavia, a regra é a forma escrita.

O princípio é o do paralelismo ou identidade da forma entre a prática do ato e a


cessação deste.

A carência absoluta de forma determina a nulidade dos atos – 161º, nº2, g) – as restantes
situações de preterição da forma geram anulabilidade.

05Abril2019
Aula Prática

Caso Nº6

Contrato de concessão entre a Marina e a MarCascais  NJ plurilateral – consubstancia


um acordo, q envolvendo entidades q desenvolvem funções adm, visa regular e
coordenar interesses contrapostos – Art. 200º e 202º CPA.

A Carta dos Dtos Fundamentais da UE também consagra um princípio de Adm aberta e


de acesso aos arquivos da AP – só é aplicável qd esteja em causa Dto da UE.

Princípio da Administração aberta – expressão de uma AP transparente – Art. 17º CPA


+ 268º, nº2 CRP – dto q os cidadãos têm de acesso aos arquivos e aos registos adm,
procurando inteirar-se da atividade desenvolvida pelas estruturas adm – 83º, nº1 CPA
(?).

Este princípio não exige q os requerentes do acesso aos arquivos, neste caso Albertino,
tenham em curso um procedimento q lhes diga diretamente respeito – 17º, nº1 CPA.

De acordo com o Art. 3º, nº1, a) da Lei 46 / 2007 de 24 de Agosto, considera-se


documento adm qql suporte de informação sob forma escrita, visual, sonora, eletrónica
ou outra forma material.

Há documentos q estão na posse das empresas concessionárias q fazem parte da sua


atuação adm, mas tb há documentos de foro pessoal.

Contudo, este princípio não é ilimitado e é preciso haver uma ponderação com outros
direitos, assim, relativamente ao parecer jurídico q versa sobre uma situação de alegado
assédio sexual, é necessário ter em conta o dto à reserva da intimidade da vida privada,
consagrado pelo Art. 26º, nº1 CRP, das pessoas a cujo parecer jurídico diz respeito.

24
Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

Nesse sentido, parece-me lógico q sejam entregues todos os documentos pedidos, com
exceção do parecer jurídico q versa sobre a situação acima referida.

Importa agora questionar se o elenco constitucional e legal de limitações ao princípio da


adm aberta assume natureza taxativa, pois estamos diante de restrições a um dto
fundamental de acesso aos registos adm.

Porém, em contraposição, é necessário salvaguardar outros dtos fundamentais, nesta


situação o dto à reserva da vida privada, na medida em q é dotado de aplicabilidade
direta e vincula as entidades públicas, numa manifestação de limite ao princípio da adm
aberta.

Assim, neste cenário de colisão, o relevo da garantia em risco fará ceder o dto
procedimental previsto no 268º, nº2 CRP e no 17º CPA.

O facto de o advogado ser irmão de um dos membros do Conselho de Administração


viola o princ. da imparcialidade – Art. 69º CPA – admite aplicação às pessoas coletivas
privadas q exerçam função adm.

Doc. nominativo – permite identificar alguém através das suas características.


Art. 6º Lei 26 / 2016 – restrições ao dto de acesso – tem de ter interesse direto, pessoal e
legitimo.

Temos de perceber se há um IP relevante q justifique o acesso ao parecer relativo ao


assédio sexual.  Art. 10º, nº5 Lei 26/2016.

O acesso ao doc. adm é uma garantia jurisdicional.

Art. 12º, nº1; 13º; 15º, nº1  Lei 26/2016.

CADA = Comissão de Acesso aos Docs. Adm – comissão independente integrada na


AP direta  Adm direta independente – órgão do Estado.

Art. 16º, nº1 Lei 26/2016 – a decisão da CADA não é vinculativa. O órgão adm não está
obrigado a seguir o relatório desta.

ADM extraordinária – AP de frutificação / transformação;


ADM ordinária – AP de conservação.

08Abril2019
Aula Teórica

REGULAMENTOS

 Validade e eficácia:

Art. 143º CPA – a validade é duplamente aferida:


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Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

 Conformidade com a OJ exterior;


 Validade em relação à OJ interna à própria Adm.

Art. 138º CPA – relações de prevalência entre os regulamentos:

 Se há relações de prevalência há relações de hierarquia:

o Prevalência dos regulamentos do GOV – 138º, nº1 CPA;


o As relações de prevalência entre regulamentos das autarquias locais – os
regulamentos dos municípios prevalecem sobre os das freguesias;
o Relações de prevalência dentro dos regulamentos do GOV – 138º, nº3.

As normas especiais podem criar um regime especial no âmbito das relações de


prevalência – a norma especial derroga a regra da prevalência hierárquica.

Art. 142º, nº2 CPA – princípio da inderrogabilidade singular dos regulamentos: o


regulamento não pode ser afastado no caso concreto  princípio da igualdade perante a
lei e princ. da imparcialidade.

Art. 146º, nº2 CPA – consagra a proibição de revogação não substitutiva de


regulamentos de execução.

Art. 137º CPA – norma supletiva – qd uma lei carece de execução por regulamento qual
é o prazo em q o regulamento deve ser emanado para dar execução à lei? O prazo é
aquele q a lei fixar.
E se a lei não fixar? Solução está no 137º, nº1 – 90 dias.

 Invalidade:

 Desrespeito pelas proibições determina a invalidade da conduta;


 A regra do Art. 144º, nº1 CPA é q a invalidade pode ser invocada a todo o tempo e
pode ser declarada a todo o tempo;
 Art. 144º CPA – estabelece especialidades em matéria de ilegalidade formal/
procedimental  se o regulamento sofre de uma invalidade formal ou
procedimental e se não se verifica um caso de inconstitucionalidade, carência
absoluta de forma legal ou se não houve preterição da consulta pública (exceções)
– ela só pode ser invocável nos 6 meses subsequentes.
Findo estes 6 meses o regulamento é invalido, mas não é passível de ser destruído
judicialmente.

Quais são os efeitos da declaração de invalidade?

Regra geral – 144º, nº3 CPA.

A declaração é retroativa e determina a repristinação do regulamento q tiver sido


declarado – duplo efeito.

 Limites, em nome da segurança, à retroatividade:


26
Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

 Art. 144º, nº4:

o Casos julgados (o q o Tribunal decidiu em vigência do regulamento);

o Atos administrativos q se tenham tornados impugnáveis;

o O regulamento é inválido, mas os atos q se consolidaram na OJ mantêm-se nessa


mesma OJ – exceção: se o ato era desfavorável ele pode ser removido da OJ (Art.
144º, nº4, parte final).

Contudo, os atos desfavoráveis nem sempre são desfavoráveis para todos.

o Nem sempre a destruição dos efeitos é totalmente retroativa e nem sempre a


repristinação ocorre (144º, nº3) – não ocorre qd o regulamento q é para ser
repristinado seja ilegal ou qd o regulamento anterior tenha deixado de vigorar por
outro motivo.

Qual o regime aplicável perante ausência de lei?  Problema de lacuna regulamentar.

Recorre-se à analogia e na impossibilidade desta à norma q o interprete criaria se tivesse


de regulamentar.

Invalidade por omissão – 137º, nº2 CPA

 Exigência de publicação dos regulamentos – 139º CPA;


 Proibição da eficácia retroativa – 141º CPA.

 Cessação de vigência dos regulamentos:

 Revogação:

 Art. 146º, nº1


 Limite à livre revogabilidade sempre q está em causa um regulamento de
execução – 146º, nº2;
 O autor do ato tem competência para revogá-lo.

 Declaração adm de invalidade;

 Caducidade – como é q acontece?

 Verificação do termo final ou da condição resolutiva a q estava sujeito o


regulamento – 145º, nº1 CPA;
 Desaparecimento da sit. material subjacente ou esgotamento do objeto;
 Caos em q um regulamento de execução vê desaparecer a lei q o executava.

27
Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

o Intervenção do legislador – pode ter intervenção através da revogação da lei q


alicerça o regulamento ou o regulamento pode ser de execução, mas a revogação é
substitutiva da lei.

A lei X é revogada pela lei Y. O q é acontece ao regulamento da lei X perante a


emergência da lei Y? Mantém-se em vigor em tudo aquilo q não for incompatível
com a lei Y – 145º, nº2 CPA.

ATOS ADMINISTRATIVOS

Há uma dicotomia q separa os atos constitutivos dos atos declarativos: (ver folha
resumo)

o Atos constitutivos – Introduzem uma inovação na OJ:

 Atos primários – aquele q traduz a primeira disciplina jurídica de determinada


matéria – têm como objeto situações materiais da vida.

Ex. Licença de construção.

 Ato secundários – têm como objeto outros atos jurídicos.

Ex. Revogação da licença.

o Atos declarativos – nada acrescentam na OJ.

09Abril2019
Aula Prática

Caso Nº7

Há partida um órgão adm só pode agir se a lei lhe conferir competência para o efeito, no
entanto, há exceções tal como o Estado de Necessidade.

Os concessionários integram a Adm indireta sob forma privada. O Ministro do


Ambiente não pode proferir instruções, visto q não há uma relação de hierarquia.

Art. 3º, nº2 CPA – Excecionalidade, proporcionalidade.

09Abril2019
Aula Teórica

Principais tipos de atos administrativos: (continuação – ver folha)

 Atos secundários:
o Atos Integrativos:
28
Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

 Aprovação;

 Homologação – efeito de “apagar” o ato homologado;

 Confirmação – juízo de concordância com um ato anterior (semelhante à


homologação na aparência) – aqui continuam a existir 2 atos autónomos (o ato de
confirmação + o ato confirmado) e 2 autores autónomos;

 Ratificação confirmativa – competência extraordinária por parte de um órgão q


resolve no exercício dessa competência emitir um juízo de concordância com um
ato praticado por outro órgão, sendo q este não tem uma competência anómala –
juízo sobre o mérito nos termos em q foi exercida uma competência
extraordinária.

o Atos desintegrativos – aqueles q extinguem efeitos – 165º a 172º CPA:

 Revogação – é a cessação de efeitos de um ato com fundamento em mérito


(razões de invalidade);

 Anulação – cessação de efeitos do ato anterior com fundamentos na sua


ilegalidade.

Anulação Adm  emanada de órgãos da AP // Anulação Judicial  produto da


intervenção dos tribunais.

o Atos modificativos – alteram, introduzem modificações na OJ:

 Sem caráter saneador (173º, nº1 CPA) – alteração em sentido estrito


(modificação do ato anterior):

 Suspensão – paralisia temporária de efeitos de um ato (há falsas suspensões)


– à suspensão aplica-se, em regra, o regime da revogação;
 Retificação – Art. 174º CPA.

 Caráter saneador:

 Ratificação-sanação – sana o vício da incompetência relativa;


 Reforma – conserva-se do ato anterior a parte q não está ferida de invalidade;
 Conversão – aproveita-se tudo aquilo q era válido para se deles se retirar/
construir um novo ato válido.

 Atos consensuais – têm na sua origem um acordo entre destinatário e o interveniente


do respetivo órgão:

o Procedimentais;
o Natureza substantiva – 57º, nº3 e 77º, nº4 CPA.

29
Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

Na base destes há uma ideia de autovinculação da AP q conta com a participação dos


interessados  a decisão final é unilateral, mas tem na base uma cordo com os
respetivos destinatários.

Ex. Marcação dos exames na FDL.

Estes levantam problemas qt ao procedimento do acordo:

 Saber se na fase negocial há ou não caráter vinculativo ou se é uma mera


aproximação de posições;
 Será q a invalidade do acordo se repercute na decisão final?

@ PO – sim.

 Poderá haver controlo judicial deste acordo anterior ao ato adm?


 Um ato final está ou não sujeito a um princ. de integração e conformidade com o
acordo?
 A revogação pela AP do ato final pode ser feita sem acordo prévio?

 Atos declarativos:

 Verificação – apreensão de factos e declaração de conhecimento ou ciência desses


factos – comprovam factos anteriores:

 Certificação.

10Abril2019
Aula Prática

Caso 8

1§  Diretora do Agrupamento – entidade pública, Adm Periférica* e direta.

* Dispõe de competência limitada a uma área territorial restrita e funciona sob a direção
dos correspondentes órgãos centrais.

Art. 44º, nº3CPA – delegação de poderes entre Luísa e Belinda – ato constitutivo
primário e permissivo (permite / habilita o respetivo destinatário a adotar uma conduta
q, em princípio, lhe estaria vedada).

Art. 21º, nº4, i) do Regulamento interno Escola Emídio Navarro  A diretora tem
competência para a execução das obras.

Art. 21º, nº5, b) RI E. Emídio Navarro – a diretora tem poder hierárquico.

Logo é uma delegação hierárquica, pois esta emite ordens no âmbito do poder
hierárquico.

30
Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

Art. 47º CPA – os requisitos da delegação estão preenchidos.

Art. 46º, nº1 CPA – Belinda pode subdelegar as competências q lhe tenham sido
delegadas...

..., MAS, atendendo ao facto q o regime da delegação é idêntico ao da subdelegação,


aplica-se o Art. 45º, a) CPA q postula q não pode haver delegação total.

Assim sendo, há uma situação de incompetência relativa, na medida em q é dentro da


mesma estrutura administrativa / pessoa coletiva  Art. 163º, nº1 CPA – ato anulável.

Belinda não pode transferir, nos termos do 49º, nº2 CPA.

2§ - Contrato de empreitada – Art. 343º CCP – contrato oneroso q tem por objeto quer a
execução quer conjuntamente, a conceção e a execução de uma obra pública q se
enquadre nas subcategorias previstas no regime.

 Falta de publicação do ato de delegação de Belinda à funcionária – Art. 47º, nº2 CPA
+ 159º CPA.

Nos termos do 158º, nº2 CPA há ineficácia.

Requisitos do contrato da empresa Obras a Metro:


 Envolver um contraente público (Agrupamento);
 Vínculo Jurídico plurilateral;
 Dto regulado – Público.

Belinda contrata com o namorado  violação do princípio de imparcialidade (Art. 9º


CPA) – 73º, nº1, d) CPA – fundamento de escusa e suspeição:

 Dado q há fundamento de escusa, dá-se a formulação do pedido, nos termos do 74º,


nº1  havendo decisão observa-se o disposto no 75º, nº3 CPA – remissão para o
Art. 72º CPA – dá-se a substituição pela outra empresa.

Art. 167º, nº1 CPA – insuscetível de revogação, pois deste ato adm resulta uma
obrigação legal (cumprimento do contrato).

 Diretora Adjunta – suplência nos termos do Art. 42º CPA.

Art. 42º, nº2 CPA – pode ser ela a assinar (regra supletiva na falta de designação).

Como já foi dito, o ato não pode ser revogado logo é anulável, segundo o 163º, nº1 +
165º, nº2 + 76º, nº1 CPA.

3§  A Obras a Metro pode impugnar* o ato perante a AP pedindo a sua modificação –


Art. 184º, nº1, a) CPA.

Tem legitimidade para tal, de acordo com o 186º, nº1, a) CPA.

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Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

* Não é reclamação, pois não é junto do autor do ato, mas sim perante o gabinete da
Ministra da Presidência e da Modernização Adm.

 Gabinete – pertence ao GOV – Adm central direta.

Visto que tanto a Escola como o Gabinete são Adm direta aplica-se o Art. 193º, nº1, a)
– recurso hierárquico.

A Escola está sujeita a poder hierárquico de direção – 194º, nº1 CPA.

 Princípio da boa-fé – Art. 10º CPA – confiança jurídica.

Art. 201º, nº2, a) CRP – compete aos ministros executar a política do seu ministério.

Como o pedido de alteração foi apresentado perante a Ministra acima referida, o ato é
nulo, atendendo ao disposto no Art. 161º, nº2, b) CPA – incompetência absoluta (apesar
de não serem PC distintas, são centros de imputação do poder distintos).

Ilegalidade – constatação q um determinado ato viola uma norma legal  vício do ato
adm.

Vícios do ato adm:

 Incompetência (absoluta ou relativa);


 Usurpação de poder – qd a AP pratica um ato da função legislativa ou jurisdicional;
 Abuso de poder – qd usa poderes discricionários para visar fins q a lei não permite;
 Violação de lei – geralmente respeita à preterição de formalidades.

Desvalor jurídico – consequência negativa associada à ilegalidade do ato:

 Anulabilidade – insere-se numa categoria mais ampla de invalidade –– os efeitos da


anulação apenas se produzem a partir do momento em q há a declaração da AP e do
Tribunal, ou seja, produz efeitos desde o momento em q foi proferido até à
declaração de anulabilidade.

Carece de arguição por parte do particular interessado na cessação dos efeitos.

Os particulares têm prazos de 3 meses a contar desde a notificação para impugnarem


o ato perante o Tribunal.

 Nulidade – opera retroativamente – o ato é destruído desde o momento em q foi


proferido.

É de conhecimento oficioso – o Tribunal ou a AP podem declarar espontaneamente


a nulidade.

A sua impugnação perante os Tribunais não está sujeita a prazo.

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Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

Art. 58º CPTA – distinção entre atos nulos e anuláveis.

 Inexistência – regra de criação doutrinária e jurisprudencial – são estes q


determinam em q circunstâncias é q a atividade adm é inexistente ou não.

Esta pressupõe uma preterição de uma formalidade essencial q faz com q o


destinatário do ato nem o reveja como um ato adm.

Ex. A AP emite uma ordem de despejo afixando um cartaz semelhante a um


publicitário em frente da casa do destinatário.

23Abril2019
Aula Teórica

REGIME DA REVOGAÇÃO E ANULAÇÃO

Se a cessação de efeitos tem como fundamento razões de invalidade / invalidade


designa-se anulação adm.

Pelo contrário, se esta tem como razão questões q se prendem com a inconveniência /
razões de mérito estamos perante uma revogação.

1. Revogação

Art. 165º ss CPA.

A revogação permite diferenciar 2 atos: o ato revogado (aquele cujos efeitos foram
cessados) e o ato revogatório (aquele q faz cessar os efeitos de um anterior ato)  é
sempre um ato secundário, pois incide sobre um ato anterior.

 Revogação: cessação definitiva de efeitos.

 Tipos:

 Oficiosa – é a própria AP q toma a iniciativa de cessar os efeitos: pode ser o autor


do ato (retratação) ou um 3º órgão;

 A requerimento do interessado – Art. 169º, nº1 CPA:

Se o requerimento é dirigido ao autor do ato chama-se reclamação (191º e 192º), se


for a um órgão diferente do autor é um recurso adm (193º a 199º)  regime comum:
Arts. 184º a 190º.

 Simples – aquela q apenas tem 1 propósito: extinguir os efeitos


 Substitutiva – extingue, mas ao mesmo tempo substitui-se a disciplina A da matéria
pela disciplina B da mesma matéria.

 Efeitos:
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Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

 Revogação ab-rogatória (ex nunc) – apenas para o futuro – regra: 171º, nº1.
 Propósito retroativo (ex tunc) – efeitos para o passado.

Quem pode revogar?

 O autor do ato tem competência revogatória ao abrigo da respetiva competência


dispositiva – quem tem poder para decidir uma matéria tem poder para revogar
aquilo q anteriormente decidiu – 169º, nº2.

No caso de delegação de poderes ou subdelegação, o delegado ou subdelegado só


tem poderes revogatórios se se mantiver a respetiva delegação de poderes;

 Superior hierárquico, pois tem poder de supervisão e é o responsável pela totalidade.

Mesmo nos casos em q o superior hierárquico não tem competência revogatória,


este tem sempre, todavia, poder de direção q pode consistir numa ordem de
revogação – responde por tudo aquilo q se passa dentro do seu serviço.

Pode levantar-se o problema da constitucionalidade do poder de revogação sobre a


competência do subalterno;

 O delegante ou o subdelegante – o delegante tem sempre competência para revogar


os atos praticados pelo delegado – 169º, nº4 – exerce uma relação de supremacia
sobre o delegado.

Art. 44º, nº5 CPA – os atos praticados pelo delegado valem como se tivessem sido
praticados pelo delegante ou subdelegante.
Assim, a quem são imputados os efeitos do ato do delegado?

 Órgão de superintendência e o órgão tutelar – 169º, nº5 – podem revogar desde q a


lei expressamente o permita.

@ PO – esta solução carece de ser interpretada em conformidade com a CRP, na


medida em q esta consagra a aplicabilidade direta do dto de revogar.

 Casos do órgão competente preterido – 169º, nº6 CPA.

Ideias nucleares do regime:

 Existem atos de revogação impossível – 166º, nº1 – não se podem revogar atos
nulos, anulados contenciosamente nem aqueles revogados retroativamente;
 Os atos válidos são livremente revogáveis com fundamento em razões de mérito –
167º a contrario – princípio justificante: princ. da boa administração, pois é sempre
possível encontrar uma melhor solução para o IP.
 Os atos constitutivos de dtos válidos não podem ser revogados – a sua revogação
consubstancia uma violação de lei  exceções: 167º, nº2.

Formalidades da revogação  princípio do paralelismo relativamente ao ato revogado.


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Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

29Abril2019
Aula Prática

Caso Nº7

Estado de necessidade adm – indícios de excecionalidade: ameaça grave e séria – facto


natural e não humano (não pode ser causado dolosamente pelo próprio órgão adm) –
aplicável em situações menos gravosas do q aquelas q necessitam da atuação da AR e
do PR.

Chefe Maior das FA – órgão teoricamente incompetente.

Art. 44º CRP – liberdade de circulação + Art. 38º CRP – liberdade de imprensa.

Será q é uma proibição excessiva? Art. 18º CRP – alínea a) do caso – princípio da
proporcionalidade (adequação – a medida tem de ser apta a defender o bem colocado
em causa; necessária – medida menos lesiva das várias q estão em conflito).

Confisco dos bens  conflito de dtos (dto à propriedade privada em confronto com
estes dtos):

 Tese hierárquica – há dtos fundamentais mais importantes q outros (@ Jorge


Miranda);
 Tese de ponderação de interesses – não há nenhum dto absoluto na CRP – todos os
dtos constitucionais são passiveis de restrição – tende-se a salvaguardar os dtos em
conflito.
O Estado de necessidade adm faz com que nem sequer haja audiência prévia –
consequência.

Art. 124º CPA – apenas admite a ausência de audiência prévia e não de todo o
procedimento.

O ENA é mais operacional – tem como consequência o facto de todas as normas


procedimentais passarem a ser inaplicáveis.

Se o Exército tem material próprio não necessita de proceder ao confisco dos bens dos
particulares.

03Maio2019
Aula Prática

Caso Nº9

Vício de forma  falta de audiência – anulabilidade – 163º CPA.

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Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

Art. 58º CPTA.

07Maio2019
Aula Teórica

Responsabilidade civil

 Responsabilidade civil da AP:

No âmbito da AP a solução preferencial é a reconstrução através da forma especifica – a


indemnização aparece como um sucedâneo.

Alicerces:

o Art. 22º CRP e 62º, nº2 CRP:

 O Estado e as demais entidades publicas são solidariamente responsáveis em relação


aos seus titulares pelos prejuízos q resultariam da sua atuação;
 A RC das entidades públicas é a não apenas a RC civil no exercício da função adm,
mas tb a RC no exercício das demais funções do Estado: os deputados não são
responsáveis pelas opiniões / votos q emitam no exercício de funções, de igual
modo, os juízes tb não são responsáveis pelas decisões;
 Matéria de expropriação – dto de propriedade (conteúdo patrimonial privado) – Art.
62º - qql privação jurídico-pública confere o dto a uma indemnização – princípio da
justa repartição dos encargos públicos  responsabilidade pelo sacrifício.

Temos aqui uma estrutura dualista: Art. 22º (norma geral) e 62º (norma especial).

Art. 16º CPA – princípio da RC + Lei 67/2007 de 31 de Dezembro.

Evolução histórica da RC:

1. Reinado de D. Afonso II – danos q decorrem da guerra civil;


2. Sec. XIV – onde se afirma q a expropriação pela propriedade confere dto à
indemnização;
3. Sec. XVIII – o rei responde civilmente pelo incumprimento dos contratos;
4. 1930 – Os funcionários públicos são responsáveis pelos atos q praticam;
5. 1967 – É publicada a lei q define a responsabilidade extracontratual do Estado e das
demais entidade públicas;
6. 2007 – Implementação ao Art. 22º CRP – Lei 67/2007.

A responsabilidade pode estra relacionada a danos patrimoniais ou não patrimoniais.

Pode ter na base condutas regidas pelo Dto Privado ou Dto Público.

O modelo de responsabilidade pode ser subjetivista (assente na culpa) ou objetiva


(independentemente da culpa) – relevante em sede de prova.

36
Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

Pode ainda ser contratual (natureza pré-contratual qt à formação do contrato; execução


do contrato; extinção do contrato) ou extracontratual (responsabilidade por facto ilícito;
facto lícito; risco).

Pode ser institucional ou pessoal (titular do órgão)  dto de regresso (271º, nº4 CRP).

A responsabilidade pode ocorrer dentro da própria AP – responsabilidade


intraadministrativa ou intersubjetiva (entre 2 pessoas coletivas públicas).

Se dois titulares dos órgãos colegiais se insultam no exercício de funções qual é o tipo
de responsabilidade? Zona cinzenta.

A RC está tb hoje consagrada no âmbito da Carta dos DFUE e no T. Lisboa e tb na


Convenção Europeia dos Dtos do Homem.

Esta amplitude da RC q pode ser subjetivada num dto fundamental suscita os limites à
RC – problema de gestão dos recursos financeiros, pois é através de impostos ao recurso
ao crédito público q se satisfazem as indemnizações  há um dever fundamental de não
conduzir o Estado à ruina financeira – não estamos perante um dto fundamental
ilimitado.

 Lei 67/2007:

Sistemática da Lei:

1§ - normas genéricas da RC;


2§ - RC no âmbito da função adm;
3§ - responsabilidade no exercício da função jurisdicional;
4§ - RC no âmbito da função politico-legislativa;
5§ - indemnização pelo sacrifício.

o Responsabilidade por facto ilícito – Art. 7º a 10º da Lei

 Conduta ilícita – a ilicitude é identificada com a ilegalidade por ação ou omissão;


 Prejuízo;
 Culpa – negligência ou dolo;
 Nexo de causalidade.

o Responsabilidade pelo sacrifício / facto lícito – pressupõe q nos encontremos


perante situações em q o dano é especial e anormal – Art. 2º;

o Responsabilidade pelo risco – Art. 11º Lei.

Causas de exclusão da responsabilidade:

 Justificação da ilicitude;
 Medo ou situação de erro ou desculpabilidade da respetiva conduta (Ex. Estado de
necessidade adm);

37
Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

 Interrupção do nexo de causalidade – pode acontecer q seja a própria conduta da


vítima q causa o dano;
 Causas de irrelevância do prejuízo – exclui-se a indemnização por via legislativa;
 A vitima não tem dto a ser melhor tratada.

10Maio2019
Aula Prática

Caso Nº10

Será q o vereador do ambiente tem competência para mandar remover o cartaz? Nos
termos do Art. 11º do Regulamento de Publicidade da CML a licença para fixação
depende de requerimento dirigido ao Presidente da Câmara.

Assim, a competência do vereador do ambiente carece de lei habilitante que lhe permita
decidir o que outro órgão pode exercer.

Nos termos do Art. 3º, nº1 do Regulamento de Publicidade da CML que a afixação de
cartazes publicitários carece de prévia licença.

A CRP consagra a liberdade de propaganda política.

Art. 152º CPA + Art. 268º, nº3 CRP.

Art. 199º CPA – recurso especial.

Art. 21º CRP – dto de resistência – requisitos: impossibilidade de recorrer às forças da


autoridade...

Os polícias apenas podiam desobedecer se o ato fosse nulo.

O vereador através da nova formulação, fundamentando, pratica um ato de reforma –


164º CPA – tinha de voltar a brir procedimento adm e respeitar todas as formalidades
exigidas.

13Maio2019
Aula Prática

Caso Nº11

Art. 111º. Nº2 CRP – as competências q a CRP atribui aos órgãos constitucionais, não
podem ser alvo de delegação, salvo casos excecionais.

Art. 232º, nº1 CRP – a Assembleia Regional tem competência regulamentar das leis da
República.

O GOV só pode regulamentar legislação regional – 232º, nº1 a contrario.


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Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

Art. 227º, nº1, d) CRP – as RA têm competência regulamentar.

Qd o GOV regional decide delegar há uma situação de incompetência absoluta, pois


trata-se de diferente PC – nulidade do ato adm.

Instituto regional – Adm indireta da RA, ou seja, da AP autónoma.

Art. 100º - qd a AP aprova um regulamento que contenha disposições q afetem os


cidadãos, estes têm o dto a ser ouvidos.

Assim, as empresas de turismo podem pedir a reapreciação do regulamento em causa,


contudo, tendo em conta que há um elevado número de interessados devemos proceder
à consulta pública prevista no Art. 101º CPA.

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Constança C. Neto
Faculdade de Direito de Lisboa

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Constança C. Neto

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