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RESUMO DE AULA

Turma/Turno: DPF – Preparação Final / Manhã

Data: 06/07/2012

Disciplina: Direito Administrativo

Professor: André Uchoa

Assunto e nº da aula: Ato administrativo – Aula 3

O ato administrativo difere do ato da administração que, por sua vez, difere do fato
administrativo. Ato administrativo é espécie do ato da administração (gênero).

O ato administrativo em sentido estrito é:

 Uma manifestação de vontade por parte da administração pública ou de quem lhe


faça às vezes;

 É uma manifestação unilateral de vontade.

 Visa materializar a vontade do legislador infraconstitucional.

 Praticada sob a égide do direito público.

 Passível de exame de controle de legalidade pelo poder judiciário.

 Tem como intuito modificar, resguardar, adquirir, resguardar, transferir ou extinguir


direito e obrigações do Estado ou de particulares atingidos pela prática do ato.

Imperatividade

Ato da administração (gênero)

Espécies:

Atos políticos

Contratos administrativos
Atos privados

Atos normativos

Atos enunciativos

Atos administrativos em sentido estrito

Atos materiais

Obeservações importantes

a- O ato político não é ato administrativo, pois o ato político é uma manifestação de
vontade por parte do Estado; todavia seu fundamento de validade é a própria constituição. A
iniciativa de projeto de lei, por parte chefe do executivo, é um exemplo de ato político.

b- Contrato administrativo é bilateral, logo não é ato administrativo.

c- Atos privados também não são atos administrativos.

d- Atos enunciativos não são atos administrativos, pois não inovam e sequer regulam
lei infraconstitucional. Certidão, atestado, parecer e apostila (C.A.P.A) são exemplos de ato
administrativo.

e- Ato material não tem manifestação de vontade, é um ato de execução, sendo


assim não se confunde com ato administrativo.

Responsabilidade civil do parecerista – INF. 475 STF, Qual a responsabilidade do


parecerista quando nele o ato estiver embasado?

O parecer pode ser facultativo, obrigatório não vinculante e obrigatório vinculante. Deste
modo, o STF entende que o parecerista só será responsável civilmente nos pareceres
obrigatórios vinculantes. A lei 8666 art. 38 Pú (licitação) prevê que toda minuta de contrato
deve ser submetida a prévio parecer jurídico, fazendo com que o ato, que outrora fora
opinativo, torne-se vinculante.

Parecer AC 073 AGU – é possível a recondução do servidor entre entes federativos


diversos do serviço público desde que não adquira estabilidade no novo ente. Exemplo,
delegado de polícia federal que migra para receita estadual de são Paulo. O parecer sai de
um caso particularizado e, após aprovação do chefe do executivo, torna-se um precedente
normativo erga omnes.

È possível também a recondução por aptidão em estágio probatório.

Fato administrativo

Materialização de uma vontade encontrada num ato administrativo. Execução da


vontade expressa no ato. Nessa perspectiva, fato administrativo é sinônimo de ato material.
No entanto, o fato administrativo pode também ser oriundo de decisão judicial. Como
exemplo, será um fato administrativo resultante de decisão judicial a perda do cargo em
decorrência de uma demissão sentenciada.
Outros exemplos:

A passagem do tempo é um fato administrativo.

Bem público deteriorado por conta de um terremoto – fato administrativo de cunho natural.

REQUISITOS OU ELEMENTOS DA FORMAÇÃO DO ATO:

Não há nenhuma lei que diga isto expressamente, no entanto a Lei 4717/65 Art. 2º faz
alusão a esses elementos que tanto influenciaram a doutrina.

Elementos do ato adminstrativo

Competência

Competência exclusiva é intransferível, não pode ser delegada nem avocada. O art.
11 da lei 9784/99 diz que a competência é irrenunciável por conta da indisponibilidade do
interesse público. Seré exercida pelos órgãos ou agentes que a lei atribuiu como própria,
ressalvada as exceções.

O art. 12 da supramencionada lei prevê que não é possível delegação integral de


competência, seria hipótese de renuncia de competência. Só é possível delegação de parte
se não houver impedimento legal (competência exclusiva). Se a lei não vedar conclui-se que
o agente pode delegar. Para impedir, o legislador deve ser expresso. Ou seja, a
possibilidade de delegação é a regra. Em tempo, cabe lembrar que é possível a delegação
de competência entre pares.

Obs:. A delegação de competência é um ato administrativo fundado no poder hierárquico

Delegar competência é um ato discricionário de forma regrada. Art14 §2º 9784/99;

Revogação tem como fato gerador a reavaliação do mérito.

A delegação só pode ocorrer por questão de ordem técnica, social, econômica, territorial e
jurídica. TSE-TJ

Art. 13 lei 9784/99 – quais os atos que não admitem delegação?

I- Atos administrativos de caráter normativo não podem ser delegados, decreto


regulamentar.
II- Atos administrativos que decidam recursos administrativos não admitem
delegação.

Art. 61 9784/99 - Recursos administrativos, via de regra, só possuem efeito devolutivos, não
possuem efeito suspensivo. Exceção: Art. 109, II Lei 8666/93 – Expressamente a lei diz que
os recursos administrativos, da fase de habilitação e julgamento, têm, em regra, efeitos
suspensivos. A autoridade pode vislumbrar de officio ou a requerimento do interessado dar
efeito suspensivo.

III Atos administrativos com competênbcia exclusiva ao órgão ou agente.

Súmula 429 STF – diz que a existência de recurso administrativo com efeito supensivo não
impede o uso de mandado de segurança contra omissão da autoridade. Ou seja, cabe
mandado de segurança mesmo de ato omissivo.
Art. 14 lei 9784/99 – o ato de delegação de competência é um ato formal que deve
ser divulgado e publicado em diário oficial. Deve-se dizer quem é delegante e o delegado,
deve trazer as razões da delegação, o prazo de delegação e deve, também, trazer o recurso
cabível. O ato de delegação pode ser feito com ressalvas.

§2º - A delegação pode ser revogada a qualquer tempo.

O ato praticado no exercício de competência delegada considera-se editado por quem? Ou


seja, quem responde por este ato?

R.: A lei diz que o ato considera-se praticado pelo delegado. No entanto, segundo peculiar
legislação do estado do Rio de Janeiro que aborda este mesmo tema, com intuito de corrigir
uma possível ação de mandado de segurança, dispõe que a responsabilidade do ato não
será do delegado e sim do delegante. Lei 5427/09 art. 12.

O ato praticado no exercício de competência delegada deve, expressamente, mencionar


essa condição. O Art. 141 da lei 8112/90 não diz se a competência para o ato de demissão
é exclusiva ou privativa; assim, como nada diz, o STJ, baseando-se no decreto, admite
delegação desta competência. Destarte, não há vício na demissão de servidor público
federal por ato praticado por ministro de estado no uso de atribuições delegadas. Importante
lembrar que, não havendo decreto ou delegação, o vício será na competência. Havendo o
decreto, só poderia haver vício se fosse na forma.

Avocação (art.15 Lei 9784/99)

Avocação é excepcionalidade. Só pode ocorrer entre agentes e órgãos hierarquicamente


subordinado, não é possível avocar entre pares.

Sempre por prazo determinado e devidamente motivado.

Aquele que delega continua tendo atribuição para praticar o ato, mas o delegado também
terá concomitante competência delegada. Ambos podem praticar o ato. Ampliação do
espectro.

Elemento Forma

Indica a maneira pela qual o ato administrativo se exterioriza. A forma do ato é sempre
vinculada. Em regra, prescrita e escrita em lei; no entanto, excepcionalmente, o ato pode
adotar forma não escrita desde que prevista em lei. Como exemplo, a lei de trânsito – forma
luminosa, sonora, gestual, placas.

Art. 22 Lei 8784/99 – Os atos do processo administrativo não dependem de forma, a não ser
quando a lei expressamente exigir. Princípio do informalismo.

Princípio da oficialidade – art.5º lei 8784/99 – O processo administrativo se inicia de ofício ou


por requerimento da parte interessada.

Elemento Finalidade
É o elemento teleológico do ato adminstrativo. A finalidade de todo e qualquer ato é a
satisfação do interesse público. A finalidade, ´para a doutrina majoritária, é sempre um
elemento vinculado. Já para Celso Antônio Bandeira de Mello, há um viés de
discricionariedade na aplicação da verba, finalidade mediata (satisfação do interesse
público) e finalidade imediata (educação / saúde), construir escola ou posto de saúde?

Elemento Motivo

São as razões que dão ensejo a prática do ato. São os elementos causais do ato.
São razões de fato ou de direito que precedem o ato. Não há ato administrativo sem motivo.
Entretanto, motivo não se confunde com motivação. Motivação é a exteriorização do motivo.
Motivação não é elemento do ato, é um comportamento do agente em exteriorizar. O
princípio da motivação está na lei de processo (art. 2º VII 9784/99 c/c art. 93, X CF/88) –
indicar pressupostos de direitos, de modo que os atos administrativos dos tribunais devam
ser motivados. Alguns sustentam que tal previsão constitucional alberga a regra da
motivação, mas os autores clássicos tratam-na como princípio da motivação.

Art. 50 Lei 9784/99 - Em todo ato necessariamente haverá motivo, mas a motivação é
obrigatória nos casos dispostos neste artigo.

Em caso de prova discursiva.

1ª corrente – segundo Oswaldo aranha Bandeira de Mello a motivação só deve estar


presente nos atos administrativos discricionários, pois no ato vinculado, as razões que
levam o administrador a praticar o ato está na lei, Ao passo que no discricionário dependerá
de um juízo de conveniência e oportunidade.

2ª corrente – Celso Antônio Bandeira de Mello - todos os atos necessitam de motivação. Art.
1º , §1º, CF/88 , princípio democrático. Outra justificativa é o art. 93, X, CF/88, pois se o
judiciário tem de motivar e há isonomia, bem como, harmonia entre os poderes, nada mais
justo que legislativo e executivo também motivem seus atos.

3ª corrente - Carvalho Filho - o administrador só deverá motivar quando a lei o obrigar, a


motivação seria uma faculdade quando a lei não o obriga. Ou seja, só motivaria nos casos
do Art. 50 Lei 9784/99.

4ª corrente Hely Lopes, para ele só os atos vinculados deveriam ser motivados

5ª corrente – Di Pietro, para ela só os atos administrativos decisórios/discricionários é que


deveriam ser motivados.

STF – todo ato administrativo, discricionário ou vinculado, quando restringe o direito, deverá
ser motivado.
Motivação aliundi é a motivação que não está naquele ato. Está em outro ato, em outro
documento. Muita das vezes baseia-se em parecer da AGU como motivação para o ato.

Teoria dos motivos determinantes

Hipótese de controle do ato administrativo, surge na ocasião em que o administrador tenha


motivado e exteriorizado o ato. Ou seja, quando o administrador motiva, surge um elo entre
as alegações e à realidade dos fatos ou com aquilo que prescreve a lei. Se houver
dissonância significa que houve quebramento dos motivos determinantes. Faz-se mister
lembrar que não é a teoria dos motivos determinates que obriga o administrador a motivar o
ato e sim a lei. A teoria dos motivos determinantes é consequência da motivação.

Móvel – Celso Antônio Bandeira de Mello

É a intenção que move o agente público no momento da prática do ato. É um elemento


psíquico. É aquilo que leva o agente a praticar o ato. Deve ser analisado apenas nos atos
discricionários.

Ato administrativo praticado por agente público absolutamente incapaz – a doutrina diz que:

Se o ato for vinculado, ainda que o agente seja incapaz, não há que se falar em invalidade
se este seguiu a técnica que a lei o exigira. Ao passo que este ato seria inválido se fosse
discricionário, posto que a falta de discernimento não lhe permite ter exata noção da
realidade.

Elemento Objeto

O objeto do ato é sinônimo de conteúdo, o conteúdo deve ser lícito, possível, determinado
ou determinável.

Conteúdo – é a consequência jurídica imediata do ato. A consequência pode ser mediata


ou imediata.

Imediata – é retirada do elemento objeto. (construção de um presídio)

Mediata – é retirada do elemento finalidade, nunca se altera. (satisfação do interesse


público)

Atributos do ato administrativo (características)

 Presunção de legalidade, Legitimidade, veracidade

 Imperatividade e coercibilidade

É a capacidade que a administração , através de um ato adminstrativo, tem de


compelir o particular a se submeter à vontade do estado. Capacidade de se fazer prostar a
vontade do particular à vontade do Estado. Auto de prisão em flagrante como exemplo.
Poder extroverso

É poder no qual se funda a imperatividade – oriunda do direito italiano, professor “Renato


Alessi”

A coercibilidade é um instrumento da imperatividade, pois no exercício da imperatividade irá


fazer uso da força, claro que pautada no princípio da razoabilidade, com o uso progressivo
da força para fazer valer a imperatividade.

Todo ato administrativo é imperativo?

1ª corrente – Maria Di Pietro diz que sim , se não possuir imperatividade não é ato
administrativo, seria ato da administração.

2ª corrente – há exceções à imperatividade; como exemplo, os atos enunciativos

 Auto executoriedade

 Tipicidade

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