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6º semestre

Direito Administrativos
Prof. Me José Carlos Christiano Filho
FACULDADE MARINGÁ
“declaração de vontade do
Estado ou de quem o
represente, que produz efeitos
jurídicos imediatos com
observância da lei, sob regime
jurídico de direito público e
sujeita a controle pelo Poder
Judiciário”.
1. Presunção de legitimidade
(formalidade do ato/conformidade com a
lei)
e
veracidade (de acordo com o mundo dos
fatos)
Certidões, atestados – fé pública; segurança
jurídica
Presunção relativa – admite prova em contrário
2. Imperatividade
Os atos administrativos se
impõe aos terceiros sem a
necessidade de sua
concordância;
Demonstra a uma característica
do ato administrativo: a
unilateralidade
Não existe essa característica em
todos os atos administrativos,
p.ex.: licença, autorização,
certidão, parecer, etc.
Essa característica é maior
diferença entre ato
administrativo e ato de direito
privado
- Nos atos de direito
privado não são criadas
obrigações sem a
concordância do
destinatário do ato;
3. Autoexecutoriedade
Os atos administrativos podem
ser postos em execução pela
própria administração pública
sem a intervenção do Poder
Judiciário
Sempre será possível quando:
a) previsão legal – contratos
administrativos/ocupação
dos equipamentos e
instalações;
b) medida urgente – polícia
administrativa: demolição de
prédio que ameaça a ruir.
Deverá ser passível de
controle judicial “a
posteriori”
4. Tipicidade
Os atos administrativos devem
corresponder a figuras
definidoras na lei aptas a
produzir resultados
Decorre do princípio da
legalidade;
Apresenta-se como garantia ao
administrado
- impede:
a) que a Administração Pública
pratique atos dotados de
imperatividade/executoriedade
sem previsão legal;
b) a prática do ato totalmente
discricionário – a lei define os
limites da discricionariedade.
1.Sujeito/competência: é aquele que a
lei atribui competência para prática
do ato;
Obs.:
No Direito Civil – sujeito precisa ter
capacidade (titular de direitos e
obrigações);
No Direito Administrativo – sujeito
deve ter capacidade + competência
- capacidade para os atos
administrativos para as
pessoas políticas (U, E, M e
DF); funções são distribuídas
entre órgãos administrativos
(ministérios,
secretarias/subdivisões e seus
agentes);
A competência das pessoas
jurídicas está na CF e a dos
órgãos e servidores está nas leis;
Conceito Di Pietro: “é o conjunto
de atribuições das pessoas
jurídicas, órgãos e agentes,
fixadas no direito positivo”.
Regras:
i. Decorre sempre de lei: não
pode o próprio órgão
estabelecer suas atribuições;
ii. é inderrogável: é conferida em
benefício do interesse público;
art. 11 da Lei 9784/1999;
Art. 11. A competência é irrenunciável e se
exerce pelos órgãos administrativos a que foi
atribuída como própria, salvo os casos de
delegação e avocação legalmente admitidos.
(Lei 9.784/1999).
iii. Pode ser objeto de
delegação/avocação, desde que
não seja competência conferida a
determinado órgão com
exclusividade.
Exceção: na ausência de lei determinando
a execução do ato administrativo, o
mesmo poderá ser praticado pela
autoridade inferior, art. 17 da Lei
9.784/1999.
Art. 17. Inexistindo competência legal
específica, o processo administrativo
deverá ser iniciado perante a autoridade
de menor grau hierárquico para decidir.
2. objeto/conteúdo: representa
o efeito imediato que o ato
administrativo produz
devendo ser:
a) lícito (em conformidade com
as figuras descritas na lei)
– ex.: na desapropriação por
utilidade pública, os entes
públicos deverão retirar a
propriedade do particular de
acordo com as hipóteses
apontadas no art. 5º do Decreto-
lei 3.365/1941/Consideram-se casos
de utilidade pública:
b) possível (realizável no mundo dos
fatos e do direito), p.ex.: a
construção de um parque
industrial na Lua, não seria um
objeto possível; nomeação de
agente público para um cargo
extinto no organograma da
Administração Pública
c) certo (determinado quanto aos
efeitos, destinatários, tempo e ao
lugar), p. ex.: a construção de uma
obra pela Prefeitura, sem
especificar onde vai ser
construída, sua finalidade, etc
d) moral – de acordo com os
padrões comuns de
comportamento, aceitos como
corretos, justos, éticos), p.ex.:
construção de uma horta
comunitária pela prefeitura com
plantio de cannabis sativa;
3. forma: condição de existência e
validade do ato administrativo
i. pelo respeito à forma do ato
administrativo que se possibilita
o controle do mesmo;
ii. não significa que devem ser
adotadas formas rígidas;
iii. adotada como regra a forma
escrita;
iv. a lei pode prever expressamente a
forma que a Administração Pública
deverá praticar um ato
administrativo, p.ex.: art. 32 da Lei
8.987/1995, vejamos:
“O poder concedente poderá
intervir na concessão, ...”

Parágrafo único. A intervenção


far-se-á por decreto do
poder concedente
v. a Administração Pública poderá
praticar o ato da forma que lhe
parecer mais adequada, p.ex.: a
intimação de um servidor
investigado em PAD pode ser
feita através de publicação em
jornal de grande circulação ou
através notificação direta
vi. As formas mais rigorosas são
utilizadas para assegurar os
direitos fundamentais dos
administrados, tais como ocorrem
em licitações públicas, concursos
públicos, processo administrativo
disciplinar;
vii. O art. 22 da Lei 9.784/1999
dispõe que a regra é o
informalismo (sem forma
determinada), vejamos: “Os atos
do processo administrativo não
dependem de forma determinada
senão quando a lei expressamente
a exigir”.
viii. Excepcionalmente os atos
administrativos são exteriorizados
através de ordens verbais, gestos, apitos
e sinais luminosos, cartazes e placas
(proibição de estacionar nas ruas,
proíbem fumar)
Importante lembrar que: devem ser
gestos e sinais convencionais que
todos possam compreender
4. motivo: Di Pietro – é o pressuposto
de fato (1) e de direito (2) que serve
de fundamento ao ato
administrativo
(1) conjunto de circunstâncias que
levaram a Administração Pública a
praticar o ato administrativo
(2) dispositivo legal que se
baseia o ato administrativo
Exemplos
i. Na punição de um servidor
público, a infração é o motivo;
ii. No tombamento, o motivo é
o valor cultural do bem
ii. Para não esquecer!!!

A ausência de motivo ou a
indicação de motivo falso
invalidam o ato administrativo
Teoria dos motivos
determinantes:
a validade do ato se vincula aos
motivos indicados com seu
fundamento, ou seja, se
inexistentes ou falsos haverá a
nulidade do ato administrativo
Exemplo
Exoneração ad nutum de um
servidor com a alegação da
Administração Pública que fez
por falta de verba e, logo em
seguida, nomeia outro servidor
para a mesma vaga, o ATO será
NULO quanto ao MOTIVO
5. finalidade: representa o
resultado que a Administração
Pública quer alcançar com a
prática do ato; significa o efeito
mediato do ato administrativo;
algo que a AP quer alcançar com
a prática do ato;
A finalidade apresenta-se em dois
sentidos:
i. amplo: quando atinge a
finalidade pública/resultado do
interesse público
ii. restrito: resultado específico que
cada ato deve produzir, ou seja,
o que decorre da lei
i. Se a lei determina a demissão entre os atos
punitivos ao agente público, não pode ser ela
utilizada com outra finalidade que não a
punição; ii. Se a lei permite a remoção ex
officio do servidor para atender a necessidade
de serviço público, não poder ser utilizada
para finalidade diversa, como a de punição
Di Pietro conclui:
“Seja infringida a finalidade legal
do ato (em sentido estrito), seja
desatendido o seu fim de
interesse público (sentido amplo),
o ato será ilegal, por desvio de
poder”
Exercícios para fixação de módulo
1. Delegado/SC 2008) Complete as lacunas na
frase a seguir e assinale a alternativa correta:
_______é o efeito mediato do ato, é o objetivo
decorrente do interesse coletivo e indicado
pela lei, buscado pela Administração. ______é
pressuposto de fato e direito que leva a
Administração a praticar o ato. Já a _____é
um aspecto formal que constitui garantia
jurídica para o ato administrativo e para
Administração, possibilitando o controle do
ato.
a) motivo, objeto, competência.
b) finalidade, objeto, competência.
c) objeto, finalidade, forma.
d) finalidade, motivo, forma.
e) n.d.a
2. (Técnico Judiciário TRT/SP) Sendo um dos
requisitos do ato administrativo, a competência é:
a) modificável por vontade do agente;
b) transferível;
c) irrenunciável;
d) prescritível;
e) de exercício não obrigatório.
3.(Especialista em Gestão Pública –
Prova Esaf) No âmbito do regime
jurídico-administrativo, a
presunção de legitimidade dos
atos da Administração Pública
não se caracteriza por:
a) Classificar-se como presunção
absoluta;
b) Admitir a execução imediata da
decisão administrativa;
c) Ter o efeito de inverter o ônus da
prova;
d) Criar obrigações para o particular,
independente de sua aquiescência;
e) Admitir prova em contrário
VÍCIOS NOS ATOS
ADMINISTRATIVOS
relativos ao (a):

1. Sujeito
O artigo 2º, parágrafo único, da Lei
4.717/1965, prevê:
“a incompetência fica
caracterizada quando o ato não se
incluir nas atribuições legais do
agente que o praticou”
a) incompetência: sempre
definido em lei; haverá
ilegalidade quando o ato
administrativo for praticado por
quem NÃO seja detentor das
atribuições fixadas na lei
com três figuras:
a.1: usurpação de função – com
previsão de crime do art. 328 do
Código Penal, lendo-se:
Art. 328 - Usurpar o exercício de
função pública:
Pena - detenção, de três meses a
dois anos, e multa.
Parágrafo único - Se do fato o agente
aufere vantagem:
Pena - reclusão, de dois a cinco
anos, e multa.
a pessoa que pratica o ato não foi
investida no cargo; não tem qualidade
de agente público;

a.2: excesso de poder


agente excede os limites de sua
competência.
Nesse caso, o agente tem competência,
mas extrapola os limites de sua
competência fixados em lei;
o agente público exorbita de suas funções
Quando o agente, embora
possua competência para
realizar o ato, o faz com desvio
de finalidade. Como exemplo o
caso de remoção de ofício de
um servidor, como forma de
puni-lo por faltas funcionais.
Nessa espécie há vício no
requisito da finalidade do ato.
a.3: função de fato - pessoa
investida no cargo está
irregularmente; situação com
aparência de legalidade;
A função de fato ocorre quando o
agente que pratica o ato não foi
investido regulamente na função,
ou seja, neste caso, a investidura
no cargo foi ou encontra-se
irregular.
Exemplo: agente que, embora
investido no cargo, falta-lhe um
requisito legal para a regularidade
de sua investidura, como, por
exemplo, o grau de ensino superior
necessário para o exercício daquela
função.

o ato administrativo praticado por


agente de fato é considerado válido
perante terceiro de boa fé.
b) incapacidade - hipóteses dispostas
na Lei 9.784/1999
b.1: suspeição - art. 20
Art. 20. Pode ser argüida a suspeição
de autoridade ou servidor que tenha
amizade íntima ou inimizade
notória com algum dos interessados
ou com os respectivos cônjuges,
companheiros, parentes e afins até o
terceiro grau.
Possui presunção relativa
b.2: impedimento - art. 18
É impedido de atuar em processo
administrativo o servidor ou autoridade
que: I - tenha interesse direto ou indireto
na matéria; II - tenha participado ou
venha a participar como perito,
testemunha ou representante, ou se tais
situações ocorrem quanto ao cônjuge,
companheiro ou parente e afins até o
terceiro grau; III - esteja litigando judicial
ou administrativamente com o
interessado ou respectivo cônjuge ou
companheiro.
apresenta presunção absoluta

2. objeto
O art. 2º, p. único, "c", da Lei
4.717/1965 dispõe:
c) a ilegalidade do objeto ocorre
quando o resultado do ato importa em
violação de lei, regulamento ou outro ato
normativo;
Nas seguintes hipóteses:
1. proibição pela Lei - quando o
Município desapropria bem do Estado;
2. objeto diverso do previsto em lei -
autoridade aplica pena de suspensão
quando deveria ser de repreensão
3. impossível - efeitos são irrealizáveis
de fato e de direito - nomeação para
cargo inexistente;
4. incerto - em relação aos
destinatários, às coisas. Exemplo de
obra construída e paralisada por
várias vezes pelas alterações
constantes nos projetos
3. forma
art. 2º, p. unico, “b” da Lei 4717/1965
prevê: Omissão ou observância
incompleta ou irregular das
formalidades indispensáveis á
existência do ato
vício de forma: quando expressamente a
lei exige ou a finalidade pode alcançar
sobre determinada forma. Exemplo -
decreto, ato do chefe do Executivo;
edital - é a única forma possível para
convocar os interessados para
concorrência em licitação.
4.vício de motivo
art. 2º, p. único, “d” - a inexistência
dos motivos se verifica quando a
matéria de fato ou de direito, em que
se fundamenta o ato, é materialmente
inexistente ou juridicamente
inadequada ao resultado obtido;
Importante apontar/resgatar a teoria
dos motivos determinantes: se
motivo inexistente ou falsidade do
motivo haverá vício relacionado ao
motivo
5. finalidade
art.2º, parágrafo único, “e” o desvio
de finalidade se verifica quando o
agente pratica o ato visando a fim
diverso daquele previsto, explícita ou
implicitamente, na regra de
competência.
desvio de poder/desvio de
finalidade

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