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Atos Administrativos
0. INTRODUÇÃO
Fatos são acontecimentos naturais. Dentro dessa categoria inserem-se os fatos
jurídicos, que são quaisquer acontecimentos a que o Direito imputa e enquanto imputa
efeitos jurídicos, isto é, fatos com repercussão no Direito (ex.: o nascimento e a morte de
alguém dão ensejo, respectivamente, ao início e ao fim da personalidade civil).
O fato administrativo, por sua vez, é o acontecimento natural (ou seja, evento
independente da manifestação de vontade humana) que repercute na esfera do Direito
Administrativo (ex.: a morte de um servidor público enseja a vacância do cargo – cargo
vago -, o que, por sua vez, pode redundar na realização de um concurso público para
preenchimento daquele cargo). O fato administrativo também é chamado de “ato ajurídico”.
O ato administrativo, por sua vez, nada mais é que, uma classe especial de ato
jurídico. O ato administrativo é a manifestação de vontade do homem que apresenta
relevância na esfera do Direito Administrativo (ex.: candidato aprovado em concurso
público que manifesta-se favoravelmente a assumir o cargo público toma posse, sendo,
assim, investido no respectivo cargo).
1. DEFINIÇÃO
Ato Administrativo = manifestação unilateral de vontade (1) da Administração
Pública ou de quem lhe faça as vezes (2), no exercício de prerrogativas públicas, sob
regime jurídico especial de direito público (3), complementar à lei, permitindo a sua
aplicação (4), estando sujeito a controle pelo judiciário, apta à produção de efeitos
jurídicos concretos preestabelecidos (5).
(3) O ato administrativo é necessariamente praticado sob regime jurídico especial de direito
público; caso contrário, em se tratando de ato jurídico praticado pela Administração Pública
sob o regime jurídico de direito privado, não será ato administrativo, mas mero ato da
administração.
(4) O ato administrativo não se confunde com a lei nem tampouco com o provimento
jurisdicional.
2. DISTINÇÕES
Ato Administrativo X Contrato da Administração Pública.
Ex.: nomeação de ministro de Estado (art. Ex.: licitação (Lei n.º 8.666/93);
84, I, CF);
Quando o ato da administração é regido pelo direito público ele é também ato
administrativo. Diferentemente, se a Administração não emprega prerrogativa própria e
específica e se utiliza de instituto regido pelo direito privado, o ato é jurídico, da
administração, mas não administrativo, como, por exemplo, quando emite um título de
crédito (ex.: cheque).
Será competente o agente público que reúna a competência legal (lei – regra; CF –
exceção) ou regulamentar para a prática do ato. O ato administrativo, para ser considerado
válido, deve ser editado por quem detenha competência para tanto.
Características da Competência:
não se presume;
a competência é inderrogável;
Vício. Excesso de Poder. Fala-se em excesso de poder, uma das espécies do gênero
abuso de poder (do qual também é espécie o desvio de poder ou desvio de finalidade),
quando o agente competente para praticar o ato extrapola a competência que lhe foi
atribuída por lei. Ex.: a autoridade administrativa só pode aplicar a pena até de suspensão,
mas aplica a pena de demissão; o policial que se excede no uso da força (ele tem
competência para atuar, mas se excede no uso dos meios que a lei lhe dá para atingir os fins
de interesse público). No caso de excesso de poder, existem algumas hipóteses que são
previstas como crime de abuso de autoridade na Lei 4.898/65.
Não há que se confundir com o desvio de poder - outra espécie de abuso de poder –,
que se apresenta quando o administrador público atinge outra finalidade que não o interesse
público.
3.2. Forma
Conceito. A forma “consiste na exteriorização do ato administrativo, consiste na
maneira pela qual o ato administrativo se exterioriza no mundo jurídico”. A forma do ato
administrativo é, em suma, a forma prevista em lei.
Haverá vício quanto à forma quando: a) o ato não observar a forma prevista em lei;
b) a finalidade do ato só puder ser alcançada por uma forma determinada, não sendo esta
obedecida.
Ex.: está disposto na lei que o funcionário público que faltar mais de 30 dias
consecutivos será demitido. O funcionário “A” falta mais de 30 dias (pressuposto de fato) e
é demitido, com base no referido dispositivo legal (pressuposto de direito).
Ex.: está disposto na lei que havendo necessidade de funcionário público em outro
local, pode haver remoção de servidor. Devido à necessidade de funcionário público em
outro local (pressuposto de fato), o funcionário “A” é removido, com base no referido
dispositivo legal (pressuposto de direito).
Ex.: está disposto na lei que a Administração Pública pode fechar indústria que está
poluindo demasiadamente. Estando a indústria “A” poluindo demasiadamente (pressuposto
de fato), em contrariedade com as normas ambientais, será fechada, com base no referido
dispositivo legal (pressuposto de direito).
Assim, poder-se-ia dizer que a motivação contém os motivos ou, então, que os
motivos estariam contidos na motivação. Diz-se, ainda, que a motivação é a correlação
lógica do motivo com outros elementos do ato administrativo.
Falta de Motivação. O que importa é que quando entendida como obrigatória ou nos
casos em que obrigatória, a motivação será uma formalidade do ato administrativo, sendo
que sua falta acarretará a invalidade do ato por vício de forma.
Motivação Motivo
- nos atos administrativos em que a motivação é obrigatória (ou, para aqueles que
entendem sempre ser obrigatória a motivação, então, em todos os atos
administrativos), a existência e a congruência dos motivos nela contidos
determina (condiciona ou vincula) a validade de todo ato administrativo
praticado;
- nos atos administrativos em que a motivação não é obrigatória, mas é feita (atos
que dispensariam a declaração de motivo), a existência e a congruência dos
motivos nela contidos determina (condiciona ou vincula) a validade de todo ato
administrativo praticado;
a) lícito – aquele previsto em lei (e não, como no direito civil, aquele que não é proibido
por lei);
3.5. Finalidade
Objeto X Finalidade. Leciona Di Pietro que, “enquanto o objeto é o efeito jurídico
imediato que o ato produz (aquisição, transformação ou aquisição de direitos), a finalidade é
o efeito mediato”. A finalidade é o resultado mediato do ato administrativo, em
contraposição ao objeto, que é o resultado imediato.
Aspetos. Segundo uma análise mais detida, diz-se que a finalidade do ato
administrativo pode ser visualizada sob dois aspectos:
“Seja infringida a finalidade legal do ato (em sentido estrito), seja desatendido o seu
fim de interesse público (sentido amplo), o ato será ilegal, por desvio de poder. Tanto ocorre
esse vício quando a Administração remove o funcionário a título de punição, como no caso
em que ela desapropria um imóvel para perseguir o seu proprietário, inimigo político. No
primeiro caso, o ato foi praticado com finalidade diversa da prevista na lei; no segundo,
fugiu ao interesse público e foi praticado para atender ao fim de interesse particular da
Anotações de Aula – L. M.M. / p. 8
autoridade” (Di Pietro). Isso é o que estabelece, de maneira geral, a Teoria do Desvio de
Poder ou Teoria do Desvio de Finalidade.
4.2. Auto-executoriedade
Noção. A auto-executoriedade é o atributo dos atos administrativos responsável por
afastar a necessidade de controle prévio do Poder Judiciário para a realização destes. Graças
à auto-executoriedade é que os atos administrativos podem ser praticados pela
Administração Pública sem necessidade de prévia e anterior permissão do Poder Judiciário.
“Em regra, os atos administrativos são auto-executáveis, o que significa que eles têm força de título
executivo extrajudicial” – Assertiva: errada (CESPE –TST – AJAJ – 2008).
4.3. Imperatividade
Noção. A imperatividade é o poder que os atos administrativos possuem de gerar
unilateralmente obrigações aos administrados, independentemente da concordância destes.
É a prerrogativa que a Administração possui para impor, exigir determinado comportamento
de terceiros.
“A tipicidade só existe com relação aos atos unilaterais; não existe nos contratos
porque, com relação a eles, não há imposição de vontade da Administração, que depende
sempre da aceitação do particular; nada impede que as partes convencionem um contrato
inominado, desde que atenda melhor ao interesse público e ao particular” (Di Pietro).
excesso de poder – o agente público excede os limites de sua competência (ex: fiscal
que atua na área de construção civil e multa um estabelecimento por falta de higiene).
Alguns autores entendem que a incompetência territorial é passível de anulação. Nos
demais casos o ato é nulo.
b) Incapacidade.
b) objeto impossível;
d) objeto incerto.
b) quando a finalidade do ato só pode ser alcançada por uma forma determinada;
c) ausência de motivação.
c) motivo falso.
12.4.4. Anulação
Noção Geral. Trata-se da retirada de ato administrativo por outro, tendo em conta
ilegalidade anterior.
Súmula 346, STF: “A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios
atos”.
Súmula 473, STF: “A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de
vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los por
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em
todos os casos, a apreciação judicial.”
Efeitos. A anulação, via de regra, produz efeitos retroativos (efeitos “ex tunc”),
atingindo o ato ilegal desde a sua origem. Contudo, a maioria da doutrina afirma que, em
relação aos terceiros de boa-fé, a anulação deve operar efeitos “ex nunc”.
Obs. Celso Antônio Bandeira de Mello, manifestando posição peculiar, faz uma observação,
no sentido de que se o primeiro ato for do tipo restritivo de direitos (ex.: negativa de
gratificação), o segundo, que é o ato de anulação, terá eficácia retroativa (“ex tunc”). Já se o
primeiro ato, que é o ato a ser anulado, for do tipo concessivo ou ampliativo de direitos (ex.:
concessão de gratificação), a eficácia é não-retroativa (efeitos “ex nunc”).
12.4.5. Revogação
Noção Geral. É a retirada do ato administrativo em decorrência da sua
inconveniência ou inoportunidade em face dos interesses públicos. ex.: permissão de uso
que a Administração passa a considerar inconveniente ou inoportuna deve ser revogada.
Legitimidade. A revogação somente poderá ser feita pela via administrativa, pois a
análise do mérito administrativo (conveniência e oportunidade) cabe somente à
Administração Pública.
Pacífico o entendimento segundo o qual o Poder Judiciário não pode ser provocado a
se manifestar sobre a revogação de atos administrativos não expedidos por ele, atuando
como mecanismo de controle judicial ou apreciação jurisdicional. Contudo, por óbvio, nada
impede que ele revogue os seus próprios atos administrativos inconvenientes e inoportunos.
Tal qual ocorre com o Poder Judiciário, quando no exercício de função atípica de
administração pública, sucede com o Poder Legislativo.
“A revogação do ato administrativo pode ser operacionalizada por meio de outro ato administrativo ou por
meio de decisão judicial” – Assertiva: incorreta (CESPE – PGE/PA – 2007). A revogação nunca pode ser
operacionalizada mediante decisão judicial, somente por ato administrativo.
- atos já extintos;
- atos de controle;
- atos complexos;
Importante ressaltar a existência de autores, como Hely Lopes Meirelles, que utilizam
a palavra invalidação como gênero do qual a anulação e a revogação seriam espécies.
Celso Antônio Bandeira de Mello justifica a sua posição quanto à adoção restrita do
termo invalidação nos seguintes termos: para ele, o termo “invalidação”, etimologicamente
analisado, traz idéia contraposta de validade, concluindo que somente os atos que estão em
desacordo com a lei é que podem ser invalidados.
Alega que a revogação não pode ser espécie de invalidação, porque há casos em que
o ato é válido, mas por ser inconveniente à Administração pode ser suprimido.
Invalidação, segundo
Invalidação (gênero), Celso Antônio /
Revogação
segundo Hely Lopes Anulação, segundo Hely
Lopes
Administração Pública e
Legitimidade Administração Pública
Poder Judiciário
Processo Administrativo
Pressuposto Processo Administrativo
ou Judicial
Motivo Conveniência e
Ilegalidade
Oportunidade
Poder Discricionário de
Descumprimento do
Fundamento que goza a Administração
Princípio da Legalidade
Pública