Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Para o direito, ato é sinônimo de manifestação de vontade com aptidão para produzir efeitos
jurídicos. Em razão disso, Hely Lopes Meirelles dizia que o “o conceito de ato administrativo é
fundamentalmente o mesmo do ato jurídico, do qual se diferencia como uma categoria
informada pela finalidade pública”.
Seguindo essa linha de raciocínio, para o saudoso professor, o ato administrativo nada mais é
do que um ato jurídico stricto sensu por meio do qual a Administração Pública manifesta sua
VONTADE produzindo os efeitos jurídicos desejados para a satisfação do INTERESSE
PÚBLICO.
Portanto, nem sempre os atos emanados da Administração Pública são atos administrativos.
De fato, em regra, a Administração atua por intermédio dos atos administrativos, mas existem
casos em que ela pratica atos regidos pelo regime eminentemente de direito privado. Assim, a
doutrina afirma que ato administrativo é uma espécie de atos da administração, os quais
englobam atos privados (ex: celebração de um contrato de locação) e atos administrativos.
ATOS DA
ADMINISTRAÇÃO
“A noção de fato administrativo não guarda relação com a de fato jurídico, encontrada
no direito privado. Fato jurídico significa o fato capaz de produzir efeitos na ordem
jurídica, de modo que dele se originem e se extingam direitos (ex facto oriturius).
A ideia de fato administrativo não tem correlação com tal conceito, pois que não leva
em consideração a produção de efeitos jurídicos, mas, ao revés, tem o sentido de
atividade material no exercício da função administrativa, que visa a efeitos de ordem
prática para a Administração. Exemplos de fatos administrativos são a apreensão de
mercadorias, a dispersão de manifestantes, a desapropriação de bens privados, a
requisição de serviços ou bens privados etc. Enfim, a noção indica tudo aquilo que
retrata alteração dinâmica na Administração, um movimento na ação administrativa.
Significa dizer que a noção de fato administrativo é mais ampla que a de fato jurídico,
uma vez que, além deste, engloba também os fatos simples, ou seja, aqueles que não
repercutem na esfera de direitos, mas estampam evento material ocorrido no seio da
Administração.
(...)
Ainda com apoio nas lições do professor Hely Lopes Mereilles, o ato administrativo é composto
por cinco elementos, sem os quais ele inexiste. Para ele, esses elementos constituem a
“infraestrutura” do ato administrativo, de modo que sem a convergência deles, o ato não se
aperfeiçoa e, por consequência, não produz efeitos válidos.
Uma dica para lembrar dos elementos é ler o art. 2º da Lei 4717/65, que rege a ação popular.
Nela, os elementos do ato administrativos são arrolados e conceituados no parágrafo único do
art. 2º. Esses elementos são:
a) competência;
b) finalidade;
c) forma;
d) motivo;
e) objeto.
a. COMPETÊNCIA
A delegação de competência é o ato por meio do qual um agente transfere a outro funções
que originariamente lhe são atribuídas. Pode envolver agentes da mesma ou diferente
hierarquia. A delegação é sempre parcial, pois se fosse total configuraria renúncia da
competência. Além disso, não existe delegação entre os Poderes orgânicos do Estado, nem de
atos políticos ou de competência exclusiva. Registre-se ainda que a delegação é revogável a
qualquer tempo e é ato formal, devendo ser publicado.
É importante ressaltar que, para o STF, a prática de ato pelo agente ou órgão no exercício da
função delegada os torna partes legítimas para figurar em eventual ação para impugná-lo.
Nesse sentido é a Súmula 510 do STF:
Súmula 510. Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela cabe o
mandado de segurança ou a medida judicial.
A avocação de competência, por sua vez, consiste no ato mediante o qual uma autoridade
hierarquicamente superior atrai para sua esfera decisória a prática de ato de competência
natural de agente de menor hierarquia. Só existe entre agentes de hierarquia diferentes (o
superior avoca a atribuição do subordinado). É medida excepcional e sempre temporária, que
deve ser justificada.
No excesso de poder o agente público extrapola a competência que lhe foi conferida mediante
lei. Já no desvio de poder, o agente público apesar de competente, pratica o ato em
desconformidade com o interesse público.
b. FINALIDADE
c. FORMA
É o meio pelo qual se exterioriza a vontade. É o revestimento exteriorizador do ato. Todo ato
administrativo é, em princípio, formal. No direito privado a liberdade da forma do ato jurídico
é a regra, já no direito público é a exceção, pelo princípio da solenidade das formas. Toda
forma do ato é substancial. No ato administrativo, prevalece a forma escrita, de modo a
conferir maior controle na gestão do interesse público. Pode, no entanto, em situações
excepcionais, quando a lei autorizar, ser verbal ou gesticular. A forma é elemento vinculado
do ato. Enfim, se a lei estabelece determinada forma como revestimento do ato, não pode o
administrador deixar de observá-la, sob pena de invalidação por vício de ilegalidade.
d. MOTIVO
IMPORTANTE: por força da teoria dos motivos determinantes, quando o agente público
apresentar a motivação do ato, ficará a ela vinculado, ainda que se trate de ato discricionário.
Portanto, essa teoria limita a discricionariedade da Administração nos casos em que o agente,
ainda que sem obrigação de motivar o ato, o faça.
Ressalta-se que a Lei 9.7844/99 admite a chamada motivação aliunde, que ocorre quando
utiliza-se a motivação de outro ato para embasar o seu, conforme disposto no artigo 50:
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos
fundamentos jurídicos, quando:
e. OBJETO
COmpetência
FInalidade VINCULADOS
ELEMENTOS DO ATO
ADMINISTRATIVO FOrma
Motivo
DISCRICIONÁRIOS
OBjeto
MÉRITO ADMINISTRATIVO:
Quando o administrador atua dentro da esfera de liberdade que a lei lhe confere, as suas
decisões são chamadas de mérito administrativo, que nada mais é do que a valoração da
oportunidade e conveniência de praticar o ato. Como se pode ver, o mérito administrativo só
existe nos atos discricionários.
Esse poder decisório é a prerrogativa que o administrador tem de representar o povo fazendo
as escolhas necessárias para bem atender o interesse público. Portanto, ele é protegido até
mesmo do Poder Judiciário, que não pode imiscuir-se no mérito administrativo, isto é, não
pode se substituir às escolhas do administrador público.
a. Presunção de legitimidade
Todo ato administrativo, quando nasce, presume-se praticado de acordo com a ordem jurídica.
Isso porque a Administração Pública está jungida ao princípio da legalidade, devendo agir
sempre nos estritos termos e limites fixados pela lei e pela Constituição. Trata-se, porém, de
uma presunção relativa, que pode ser ilidida por prova em contrário. Até que venha a ser
suspenso ou invalidado, o ato produz todos os seus efeitos validamente.
Com base nisso, Hely Lopes Meirelles identifica dois principais efeitos que decorrem da
presunção de legitimidade do ato administrativo:
Para Alexandre Aragão, essa presunção deve passar por uma releitura no atual estágio do
Estado Democrático de Direito. Segundo afirma, a presunção relativa de legitimidade dos atos
administrativos se decompõe em presunção de veracidade, ligada à certeza dos fatos
subjacentes ao ato, e a presunção de legalidade, concernente às razões jurídicas que
amparam o ato.
b. Imperatividade
É o atributo do ato que impõe a coercibilidade para o seu cumprimento. Ele não é aplicável a
todos os atos, mas apenas àqueles cujo conteúdo seja uma ordem administrativa, com força
impositiva. Decorre da própria existência do ato, em virtude da sua presunção de legitimidade.
c. Autoexecutoriedade
Em regra, a Administração Pública não precisa de um respaldo do Poder Judiciário para atuar;
ela edita o ato e o executa. Mas como toda boa regra, há exceções: multas e penalidades
pecuniárias não são autoexecutáveis. Elas devem ser executadas em processo judicial. Assim,
os atos que atingem o patrimônio não são autoexecutáveis.
A autoexecutoriedade não está presente em todos os atos, ela decorre de lei ou de situações
de urgência. A autoexecutoriedade afasta o controle jurisdicional prévio do ato administrativo
(isso é chamado de contraditório diferido ou postergado). Não há afastamento do controle
jurisdicional, pois o judiciário é inafastável, existe o afastamento prévio. Se a pessoa se sentir
prejudicada ela pode ir ao Judiciário.
IMPORTANTE: Existe uma exceção da exceção → as penalidades pecuniárias que podem ser
descontadas do contracheque são autoexecutáveis. É o caso de estatutos funcionais que
preveem hipóteses de ressarcimento pelos danos causados pelo agente público. Neste caso, é
possível o desconto em folha, se ordem judicial.
a) ato geral: ato abstrato, impessoal, aplicável à coletividade como um todo. Não há
destinatário determinado.
• Quanto ao alcance
a) atos internos: produz efeitos dentro da própria administração. (ex: determinação do horário
de lanche dos servidores da repartição X)
b) atos externos: produz efeitos fora da administração. Estes atos produzem efeitos dentro e
fora da administração (ex: determinação de que um órgão funcionará de 08 às 14h)
b.2) a lei estabelece uma competência e não diz como exercer (ex: compete ao
prefeito zelar pelo paisagismo do município)
b.3) a lei utiliza conceitos vagos ou indeterminados que exigem que o conteúdo seja
preenchido.
IMPORTANTE: No que tange ao controle dos atos administrativos pelo Poder Judiciário, este
controle é possível no que toca à legalidade dos atos. De outro lado, não se admite a análise
de conveniência e oportunidade dos atos administrativos, ou seja, não se pode apreciar o
mérito dos atos discricionários.
• Quanto ao objeto
a) atos de império: aqueles que a administração pratica valendo-se de sua supremacia em face
do particular. Ex: desapropriação.
A doutrina tem criticado essa classificação porque quando a administração pratica atos
em pé de igualdade com o particular, o regime jurídico será o privado, dessa forma, não será
ato administrativo e sim ato da administração.
a) ato simples: aquele que se torna perfeito e acabado com uma simples manifestação de
vontade.
b) ato composto: depende de mais de uma manifestação da vontade, que acontece dentro de
um mesmo órgão. A primeira manifestação é a principal, a segunda é secundária. Ex: ato
praticado pelo subordinado que depende de visto do superior (efeito prodrômico do ato
administrativo).
c) ato complexo: depende de mais de uma manifestação da vontade, que acontece em órgãos
diferentes, em patamar de igualdade. Ex: nomeação de dirigente de agência reguladora,
senado aprova e presidente nomeia (efeito prodrômico do ato administrativo).
c) Atos ablatórios ou ablativos: São aqueles atos que restringem os direitos do administrado.
Exemplo: cassação de licença.
IMPORTANTE: Para que o ato administrativo esteja regularmente produzindo efeitos ele
precisa passar por três planos de análise: PERFEIÇÃO, VALIDADE E EFICÁCIA.
1. Ato Perfeito: É aquele que completou as etapas necessárias para sua existência
2. Ato válido: É aquele que está de acordo com a lei
3. Ato eficaz: É aquele que está apto a produzir os seus efeitos
Há ainda os que mencionam o ATO EXEQUÍVEL, que seria aquele apto a produzir os seus
efeitos IMEDIATAMENTE.
b) ATO ORDINATÓRIO: é aquele que vai organizar, que vai escalonar os quadros da
administração. É o exercício do poder hierárquico.
c) ATO ENUNCIATIVO: é aquele que apenas atesta, que certifica uma situação (Ex: parecer).
Não tem conteúdo decisório.
d) ATO NEGOCIAL: é aquele em que há uma coincidência da vontade do poder público com a
vontade do particular (Ex: permissão, autorização, licença).
e) ATO PUNITIVO: aquele que tem no seu conteúdo uma punição. Trata-se do exercício do
poder disciplinar ou do poder de polícia.
Durante um longo período o direito administrativo se utilizou da teoria monista (Hely Lopes
Meirelles e Diógenes Gasparini) para explicar as situações de vícios e invalidades em um
determinado ato administrativo. De acordo com essa teoria, diante de uma ilegalidade na
Administração Pública, só caberia uma conduta: a anulação do ato. Não se admitiam institutos
como a decadência e a convalidação, em respeito ao princípio da legalidade.
O problema é que essa teoria monista colocava em risco o princípio da segurança jurídica, ao
permitir a extinção de todos os efeitos produzidos por um ato administrativo, após o decurso
de um longo período.
Nessa esteira, surge a chamada teoria dualista, que, prestigiando o princípio da segurança
jurídica, passa a admitir institutos como a decadência e a convalidação no Direito
Administrativo.
L9784, Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram
efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram
praticados, salvo comprovada má-fé.
L9784, Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao interesse público nem
prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela
própria Administração.
Assim, existem alguns vícios que são sanáveis, permitindo a convalidação do ato. Segundo José
dos Santos Carvalho Filho, são três as formas de convalidação do ato administrativo:
➢ Ratificação
➢ Reforma
➢ Conversão
Ex: ato administrativo que promove 2 servidores distintos: X, por merecimento e Y, por
antiguidade no cargo. Posteriormente, a administração viu que Y não era o mais antigo na
carreira. Assim, primeiro faz uma reforma, mantendo a parte valida (promoção do servidor X
por merecimento) e retirando a parte inválida (promoção do servidor Y por antiguidade). Mas
também inclui no ato um novo objeto, que é a promoção do servidor Z, que de fato era o mais
antigo.
Sobre o tema, convém transcrever as claras lições de José dos Santos Carvalho Filho:
“Há três formas de convalidação. A primeira é a ratificação. Na definição de MARCELO
CAETANO, “é o acto administrativo pelo qual o órgão competente decide sanar um
acto inválido anteriormente praticado, suprindo a ilegalidade que o vicia”. A
autoridade que deve ratificar pode ser a mesma que praticou o ato anterior ou um
superior hierárquico, mas o importante é que a lei lhe haja conferido essa competência
específica. Exemplo: um ato com vício de forma pode ser posteriormente ratificado
com a adoção da forma legal. O mesmo se dá em alguns casos de vício de
competência. Segundo a maioria dos autores, a ratificação é apropriada para
convalidar atos inquinados de vícios extrínsecos, como a competência e a forma, não
se aplicando, contudo, ao motivo, ao objeto e à finalidade.
A segunda é a reforma. Esta forma de aproveitamento admite que novo ato suprima a
parte inválida do ato anterior, mantendo sua parte válida. Exemplo: ato anterior
concedia licença e férias a um servidor; se se verifica depois que não tinha direito à
licença, pratica-se novo ato retirando essa parte do ato anterior e se ratifica a parte
relativa às férias.
De acordo com a doutrina majoritária, NÃO podem ser convalidados vícios nos elementos
motivo e finalidade, tidos como insanáveis. Assim, somente admitiriam sanatória os vícios
nos elementos competência, forma e objeto.
Segundo José dos Santos, existem cinco formas de extinção dos atos administrativos:
a) extinção natural: é a que decorre do cumprimento normal dos efeitos do ato, findo o qual o
ato deixa de existir.
f) extinção volitiva: é a que decorre de uma manifestação de vontade. Pode ser de três
espécies
Súmula 356: "A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos”
Súmula 473: “A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que
os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência e oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
casos, a apreciação judicial”
A anulação opera efeitos ex tunc, retroagindo à data em que o ato foi praticado. Em
outras palavras, é como se o ato nunca tivesse existido, não produzindo efeitos.
A convalidação também opera efeitos ex tunc, retroagindo à data da prática do ato.
Desse modo, convalidado o ato (Ex: ratificação promovida pela autoridade
competente). É como se o vício também nunca tivesse existido.
Já na revogação, como o ato era válido, produzirá seus regulares efeitos até a data em
que foi revogado pela autoridade competente. Diz, então, que a revogação possui
efeitos “ex nunc” (dali para frente).
ANULAÇÃO REVOGAÇÃO
Vício de Legalidade Análise de conveniência e oportunidade
Efeitos “ex tunc” (retroativos) Efeitos “ex nunc” (dali para frente)
Questões Objetivas
A) enunciativo;
B) ordinatório;
C) de controle;
D) negocial;
E) punitivo.
GABARITO: A
Conforme estudamos, ato enunciativo é aquele em que a Administração certifica, atesta uma
situação ou profere opinião quando for consultada como, por exemplo, o atestado, a certidão
e o parecer. Portanto, como a questão trata da emissão de certidão, estamos diante de um ato
enunciativo. Lembrando o que foi visto em nosso material:
b) ATO ORDINATÓRIO: é aquele que vai organizar, que vai escalonar os quadros da
administração. É o exercício do poder hierárquico.
c) ATO ENUNCIATIVO: é aquele que apenas atesta, que certifica uma situação (Ex: parecer,
certidão, etc.). Não tem conteúdo decisório.
d) ATO NEGOCIAL: é aquele em que há uma coincidência da vontade do poder público com a
vontade do particular (Ex: permissão, autorização, licença).
e) ATO PUNITIVO: aquele que tem no seu conteúdo uma punição. Trata-se do exercício do poder
disciplinar ou do poder de polícia.
Acerca dessa situação hipotética, é correto afirmar que o indeferimento do ato em questão:
A) está eivado de desvio de finalidade, que resulta da contaminação do móvel,
correspondente à satisfação de Cleverson pela negativa;
B) está eivado de excesso de poder, na medida em que Cleverson possui notória
inimizade com Marleci;
C) está eivado de vício insanável quanto ao motivo, que se confunde com o móvel na
situação descrita;
D) não possui vício, na medida em que não há necessidade de motivar o indeferimento
de ato vinculado;
E) não possui vício, considerando que o móvel não interferiu no motivo nem na
motivação necessária e adequada para tal negativa.
GABARITO: E
Selecionamos essa questão para o nosso material, pois o cerne da questão reside na distinção
entre móvel e motivo e, por vezes, a FGV se vale dessa distinção. Portanto, ela será
apresentada nesse momento:
O móvel do ato administrativo está presente nos atos discricionários e é a própria intenção do
agente, o elemento subjetivo do ato. O motivo, por sua vez, é pressuposto de fato e de direito
que exige a atuação administrativa, o elemento objetivo do ato administrativo.
Dito isso, perceba que, independentemente do ato ser praticado por Cleverson ou por
qualquer outra autoridade administrativa, ele seria indeferido da mesma forma, eis que não
foram apresentados por Marleci os documentos necessários para a prática do ato. A satisfação
pessoal de Cleverson (móvel do ato), não é suficiente para considerá-lo viciado, pois o ato foi
praticado de forma correta e dentro do que exige a lei. Diferente seria a situação se Cleverson,
a fim de se vingar da requerente, indeferisse o pedido de forma ilegal, tão somente com a
finalidade de satisfazer seu interesse privado, agindo em desconformidade com a lei. Aqui, o
ato seria ilegal e passível de recurso e responsabilização do agente público.
Dessa forma, podemos afirmar que o indeferimento do ato em questão não possui vício,
considerando que o móvel não interferiu no motivo nem na motivação necessária e
adequada para tal negativa.
GABARITO: D
Pela Teoria dos Motivos Determinantes, a validade do ato administrativo está vinculada à
existência e à veracidade dos motivos apontados como fundamentos para a sua adoção, a
sujeitar o ente público aos seus termos. Ou seja, conforme estudado neste material, por força
da teoria dos motivos determinantes, quando o agente público apresentar a motivação do ato,
ficará a ela vinculado, ainda que se trate de ato discricionário. Estando correta a alternativa D.
GABARITO: C
Conforme estudado no material, a anulação do ato administrativo decorre do controle de
legalidade do ato, podendo ser levada a efeito pelo Poder Judiciário e também pela própria
Administração Pública, por força do princípio da autotutela administrativa. Vejamos o teor
dos artigos 53 e 54 da Lei nº 9.784/1999 e a Súmula 473 do Supremo Tribunal Federal (STF),
que cuidam do instituto da AUTOTUTELA:
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de
vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
Súmula 473 do STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando
eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam
direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial.
Portanto, após a leitura dos artigos supraexpostos fala-se em ANULAÇÃO dos próprios atos,
quando há vício de legalidade, e fala-se em REVOGAÇÃO por motivo de conveniência ou
oportunidade. Logo, gabarito é letra C.
GABARITO: E
O enunciado da questão demonstra que a construção de dois novos postos de saúde por parte
do Município Ômega foi feita, após estudos estratégicos realizados pela Secretaria Municipal
de Saúde, com base em critérios de oportunidade e conveniência. Consequentemente, a ação
civil pública apresentada pela associação de moradores deve ser julgada improcedente, uma
vez que, em nosso ordenamento jurídico, o Poder Judiciário não pode analisar o mérito
administrativo, mas apenas deve proceder ao controle da legalidade do ato. E a decisão do
Município Ômega, que foi tomada com base em critérios de oportunidade e conveniência, é
um típico exemplo de ato discricionário, cujo mérito, conforme mencionado, não poder ser
analisado pelo Poder Judiciário.
O atributo do ato administrativo que fez valer a decisão de demolição, sem necessidade de
prévia intervenção do Poder judiciário, é a
A) imperatividade, como meio direto de execução do ato administrativo, não devendo
ser oportunizado a João o contraditório diferido.
B) exigibilidade, como meio direto de execução do ato administrativo, devendo ser
oportunizado a João o prévio contraditório.
C) autoexecutoriedade, como meio direto de execução do ato administrativo, devendo
ser oportunizado a João o contraditório diferido.
D) tipicidade, como meio indireto de execução do ato administrativo, devendo ser
oportunizado a João o prévio contraditório.
E) coercibilidade, como meio indireto de execução do ato administrativo, devendo ser
oportunizado a João o contraditório diferido.
GABARITO: C
Estudamos em nosso material os atributos do ato administrativo, cerne da questão em tela.
Como o município promoveu a demolição sem quaisquer intervenções, fala-se aqui em
autoexecutoriedade, isto é, a execução direta do ato administrativo pela própria
Administração, independentemente de ordem judicial. São exemplos desse atributo as
interdições de atividades ilegais e obras clandestinas e a inutilização de gêneros impróprios
para o consumo.
Levando em consideração que, à luz das normas de regência e da situação fática, João
realmente não tinha direito subjetivo ao benefício pleiteado, o ato administrativo de
desprovimento do recurso praticado por Antônio:
A) está viciado, por ilegalidade no elemento motivo;
B) está viciado, por ilegalidade no elemento forma;
C) está viciado, por ilegalidade no elemento finalidade;
D) não está viciado, pela teoria dos motivos determinantes;
E) não está viciado, pois o motivo do ato existe e é válido.
GABARITO: B
Estudamos os elementos do Ato Administrativo (lembrar do mnemônico COFIFOMOB)
COmpetência
FInalidade
ELEMENTOS DO ATO
ADMINISTRATIVO FOrma
Motivo
OBjeto
O Art. 50 da Lei 9784/99 afirma que “os atos administrativos deverão ser motivados, com
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: V - decidam recursos
administrativos;”
Logo, o vício por ausência de motivação é vício na forma, e não no motivo. O motivo -
REQUISITO DO ATO - representa os pressupostos de fato (demonstração da situação fática e
jurídica que justificam a prática do ato), enquanto a MOTIVAÇÃO é a justificativa por escrito da
existência de tais pressupostos (exteriorização do motivo). Sendo, portanto, o gabarito a letra
B.
À luz do caso concreto e da teoria do ato administrativo, é correto afirmar que o Estado do
Rio de Janeiro:
A) poderia ter interrompido a concessão do benefício, uma vez que não decorreu o
prazo decadencial para a Administração Pública Estadual anular os seus atos, houve
tempo hábil para o exercício prévio da ampla defesa e do contraditório e os alunos
podiam ainda exercer o contraditório diferido. Ademais, a teor dos princípios da
legalidade, da autotutela administrativa e da supremacia do interesse público,
consideradas, ainda, as graves consequências econômicas que adviriam da
manutenção do benefício, era dever do Estado restaurar o status de legalidade;
B) não poderia, em atenção aos princípios constitucionais do devido processo legal,
segurança jurídica e proteção à confiança, ter cassado o benefício de forma abrupta,
pois que ele é fruído há anos pelos alunos e, como o transporte viabilizava o acesso
ao direito fundamental à educação, a cassação do benefício importaria em odioso
retrocesso no âmbito da implementação de relevante política pública social;
C) poderia ter anulado o benefício de tal forma, desde que o ato fosse devidamente
motivado, com a indicação expressa de suas consequências jurídicas e
administrativas e, ainda, as condições para que a regularização ocorresse de modo
proporcional e equânime, sem prejuízo aos interesses gerais;
D) não poderia ter anulado o benefício pois que, em função das peculiaridades do caso,
relacionado com a garantia do direito fundamental à educação, a interrupção do
benefício imporia aos alunos ônus ou perdas excessivos;
E) não poderia ter anulado o benefício porque a sua interrupção inviabiliza o acesso ao
direito fundamental à educação. Ademais, compete aos Municípios (e não ao
Estado) atuar prioritariamente no ensino fundamental.
GABARITO: D
Trata-se de uma questão extensa, que envolve diversos atributos do ato administrativo,
portanto, passemos a alisar cada alternativa:
A assertiva A está incorreta, pois, apesar de estar dentro do prazo decadencial e de se tratar
de ato envolvendo ilegalidade que caberia anulação, deve haver ponderação para a solução do
problema. Se anulação gerar mais prejuízos do que a manutenção, é melhor fazer a
estabilização dos efeitos do ato. Sem falar que os alunos não tiveram tempo para o exercício
prévio da ampla defesa, o que torna a afirmativa errada.
A assertiva B está incorreta, pois não é o caso de extinção do ato administrativo por cassação.
Esta ocorre quando a retirada do ato pelo poder público se dá em razão do descumprimento
das condições inicialmente impostas.
Por sua vez, a alternativa C também está incorreta porque não seria aconselhável a anulação já
que a interrupção do benefício geraria aos alunos perda maior do que se o ato fosse mantido.
Portanto, nesse caso, como já explicado nas alternativas anteriores, a anulação do ato ilegal
geraria mais prejuízos que a sua manutenção, por isso seria melhor se os efeitos do ato fossem
estabilizados. A segurança jurídica não pode servir como escudo para validar situações
teratológicas que afrontem diretamente a ordem constitucional, mas deve amenizar as
circunstâncias que possam causar transtorno maiores, principalmente em casos como esse,
em que se discute direitos fundamentais. Assertiva correta, letra D.
1ª - Agentes públicos competentes aplicam multa a João, como meio indireto de coação.
2ª - Agentes públicos competentes guincham o carro de João, como meio direto de
execução do ato administrativo.
GABARITO: D
Conforme estudamos, os atributos são qualidades ou características dos atos administrativos,
sendo certo que os atributos dos atos administrativos, conforme estudados, são:
IV) tipicidade: Segundo a Prof. Maria Sylvia Di Pietro, tipicidade "é o atributo pelo qual o ato
administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas a
produzir determinados resultados".