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Administrativo
Gabriele Valgoi
Conceitos e classificação
dos atos administrativos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Os atos administrativos conceitualmente são atos praticados pelas pessoas
administrativas, por meio de seus agentes, no pleno exercício de suas
competências funcionais, que exteriorizam uma manifestação de vontade
do Estado. Eles são capazes de produzir efeitos para assegurar o interesse
público, de acordo com as hipóteses e condições previstas em lei.
Neste capítulo, você vai ler sobre os principais conceitos aplicados
aos atos administrativos e os elementos que os distinguem dos demais
atos expedidos pela Administração Pública, e também sobre como
classificá-los.
Atos administrativos
O ato administrativo é a concretização da manifestação de vontade pela Ad-
ministração Pública, de forma unilateral, em observância ao princípio da
legalidade, que assim a sujeita obrigatoriamente, observados os postulados
de um Estado de Direito. A partir da lei, portanto, será possível determinar a
validade das ações desempenhadas pelos governantes.
Por meio de um conjunto de preceitos como os atos administrativos, o
Direito Administrativo buscou disciplinar a atuação do poder estatal absoluto
e prefixar os efeitos dessa atuação sobre os direitos das pessoas.
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[...] declaração do Estado (ou de quem lhe faça as vezes — como, por exemplo,
um concessionário de serviço público), no exercício de prerrogativas públicas,
manifestada mediante providências jurídicas complementares da lei a título de
lhe dar cumprimento, e sujeitas a controle de legitimidade por órgão jurisdicional.
vinculado ou discricionário;
simples ou complexo;
de império ou de gestão.
Competência
Nenhum ato administrativo pode ser validamente realizado sem que o agente
disponha do poder legal para praticá-lo. Esse requisito impõe que o agente
tenha competência administrativa atribuída por lei e por ela delimitada para
o desempenho específico de suas funções. Não é competente quem quer, mas
quem a norma assim determina. A lei define a atribuição e fixa seus limites.
Di Pietro (2013) faz referência ao sujeito, já que a competência é apenas um
dos atributos que ele deve ter para a validade do ato, definindo o sujeito como
“[...] aquele a quem a lei atribui competência para a prática do ato”.
Finalidade
Forma
Motivo
Objeto
decreto;
portaria;
resolução;
circular;
despacho;
alvará.
Decreto
O decreto é ato emanado do Poder Executivo. Pode ser dirigido abstratamente
às pessoas em geral, a pessoas ou a um grupo de pessoas determinadas.
Um exemplo é o decreto de desapropriação.
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Portaria
As portarias são atos internos emanados dos chefes dos órgãos, destinados
aos seus subordinados, expedindo determinações gerais ou especiais. Podem
iniciar sindicâncias ou processos administrativos.
Resolução
As resoluções são atos administrativos normativos que partem de autoridade
superior, mas não do chefe do Executivo, por meio das quais disciplinam
matéria de sua competência específica. As resoluções não podem contrariar
os regulamentos e os regimentos, mas explicá-los. As resoluções podem
produzir efeitos externos.
Circular
A circular é o instrumento usado para a transmissão de ordens internas uni-
formes, incumbindo certos serviços ou atribuições a certos funcionários.
Despacho
O despacho é o ato que envolve a decisão da Administração Pública sobre
assuntos de interesse individual ou coletivo submetido à sua apreciação. Esse
despacho não se confunde com os despachos do Poder Judiciário.
Alvará
O alvará é a forma, ou seja, o revestimento exterior da licença e da autorização,
que são o conteúdo do ato administrativo. É o instrumento pelo qual a licença
e a autorização são concedidas.
autorização;
licença;
admissão;
permissão;
aprovação;
homologação;
parecer;
visto.
Autorização
A autorização é ato de natureza discricionária, que, a partir da avaliação da
Administração Pública, confere a possiblidade da realização de determinada
atividade, serviço ou até mesmo o uso de determinado bem público. Aquele
que pretende a autorização obrigatoriedade terá de atender a certas condições
previstas em lei. Porém, incumbe à Administração Pública decidir discriciona-
riamente quanto a permitir ou não a pretensão solicitada. Podemos exemplificar
os atos de autorização como a anuência do Poder Público para instalação de
food trucks em vias públicas.
Nesses casos, a Administração Pública analisará não somente as condi-
ções para o exercício da atividade comercial, mas principalmente os reflexos
atinentes ao uso da via pública, que se trata de bem público de uso comum do
povo. Sob tais condições, o ato emanado pela Administração Pública detém
caráter discricionário, pois a liberação requer a averiguação da conveniência
e oportunidade sobre a medida pretendida.
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Licença
Pelas características, a licença trata-se de ato vinculado, pelo qual a Admi-
nistração Pública permite que, mediante atendimento das condições previstas
em lei, o particular possa exercer determinada atividade.
Há diferenças entre a licença e a autorização, porque nesta última a Ad-
ministração Pública pode ou não permitir, mesmo que o solicitante atenda a
todos os requisitos legais, enquanto na licença o Poder Público irá analisar
apenas se houve ou não o atendimento das exigências, não lhe sendo possível,
se estiverem plenamente atendidos todos os requisitos, recusar o pedido. Isso
porque, nesses casos, o direito do particular já existe, cabendo à Administração
Pública unicamente declará-lo.
Um exemplo é a expedição de licença para construir — nesse caso, o direito
do particular de construir dentro de sua propriedade já é garantido, cabendo
à Administração Pública aferir se foram observadas as condições atinentes
ao projeto, conforme previsto no Código de Obras ou Plano Diretor (normas
atinentes ao Direito Urbanístico).
Admissão
A admissão é ato administrativo vinculado, no qual a Administração Pública
reconhece ao particular o direito à prestação de um serviço público. Assim,
tendo o particular atendido a todos os requisitos definidos em lei, o Poder
Público não poderá negar o deferimento da pretensão.
Permissão
A Administração Pública, por meio de ato discricionário e unilateral, confere
ao particular o uso de bem público dominical — assim entendido como aquele
que constitui patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, consoante
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disposto no art. 99, III, do Código Civil brasileiro (Lei Federal nº. 10.406, de
10 de janeiro de 2002) — ou a execução de serviço de interesse coletivo. Não
se confunde com a autorização, ao exigir que o serviço permitido, ou o bem a
ser usado, envolva interesse público. São exemplos de permissão de serviços
de interesse púbico as permissões conferidas para dirigir táxis.
Aprovação
De forma discricionária e unilateral, a Administração Pública exerce o con-
trole anterior e posterior de um determinado ato administrativo. A aprovação
se aplica aos atos complexos, em que existe a autorização de um órgão e o
referendo de outro. Um exemplo é a aprovação pelo Senado Federal de um
ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo Presidente da República.
Homologação
A homologação é ato vinculado, pelo qual a autoridade superior reconhece a
legalidade de um ato anterior, exarado pela própria Administração Pública, por
outra entidade ou até mesmo por particular. Trata-se apenas de um controle em
que cabe a rejeição ou a aprovação, não sendo passíveis quaisquer alterações,
restando, portanto, apenas a análise da legalidade.
A homologação é o que dará eficácia ao ato. Um exemplo típico é a homo-
logação pelo gestor do procedimento de licitação, assegurando-o por regular,
podendo ser conduzida a contratação com o fornecedor.
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Parecer
Parecer é o meio pelo qual os órgãos consultivos da Administração Pública
emitem opiniões sobre assuntos de sua competência. Porém, o parecer, como
regra, não obriga a Administração Pública ao cumprimento estrito de suas
conclusões, em face de seu caráter opinativo.
Em alguns casos, no entanto, a lei determina a obrigatoriedade do parecer,
para que o ato não seja nulo. Um exemplo do parecer em caráter obrigatório
é a previsão do inciso VI, do art. 38, da Lei Federal nº. 8.666, de 21 de junho
de 1993, que dispõe sobre a Lei de Licitações e Contratos Administrativos.
Visto
O visto é ato vinculado que atesta a legitimidade de outro ato sem analisar
o seu conteúdo, mas tão somente o pleno atendimento às condições formais,
examinando as exigências extrínsecas do ato. Como exemplo, citamos os
casos em que a lei atribui a condição do visto de chefia imediata do servidor,
previamente ao encaminhamento de determinada solicitação, sem a qual
sequer restará recebido.
Leituras recomendadas
CARVALHO FILHO, J. S. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2014.
MARINELA, F. Direito Administrativo. 3. ed. Salvador: JusPodivm, 2007.