DIREITO DE FAMÍLIA
(RESUMO DO VENOSA
Do Poder familiar
Da filiação
Do reconhecimento dos filhos
Da adoção
Do regime de bens
Dos alimentos
Da união estável
Do bem de família
Da tutela
Da curatela
1
Mônica Berrondo
DIREITO DE FAMÍLIA VENOSA
PODER FAMILIAR
3
Mônica Berrondo
DIREITO DE FAMÍLIA VENOSA
Uma vez decretada a perda do poder familiar um dos genitores, o outro passa a
exercê-lo isoladamente, salvo se não tiver condições, caso em que deverá ser
nomeado um tutor ao menor.
A suspensão do poder familiar suprime alguns direitos do genitor, mas, não exonera
de prestar alimentos.
A suspensão ou perda do poder familiar deverá ser requerida em processo,
garantindo o contraditória e a ampla defesa ao réu, sendo a competência para tais
ações a VIJ.
FILIAÇÃO
Registro de nascimento:
o Pode dar inicio a investigação de paternidade. A Mãe faz menção do suposto pai
Art. 1609, I.
Testamento:
o Apesar de testamento poder ser revogado o reconhecimento da paternidade não
pode, mesmo que o testamento seja nulo. O reconhecimento da paternidade poderá
ser revogado apenas quando provado nulo o testamento por vício de vontade.
Manifestação expressa e direta perante o juiz, ainda que o reconhecimento não seja o
objeto único ou principal do ato:
o Art. 26 ECA.
o A declaração perante o juiz tem equidade a escritura pública, pois o juiz tem fé
pública.
o Exige os requisitos necessários de identificação do declarante (pai) e do filho.
o Deve ser sempre na presença do juiz, se apenas for por ele assinado posteriormente
não tem validade.
5
Mônica Berrondo
DIREITO DE FAMÍLIA VENOSA
Oposição ao Reconhecimento:
→ Maiores de 18 anos não podem ser reconhecidos sem seu
consentimento.
→ Menores de 18 anos poderão impugnar a paternidade até 04 anos
após completada a maioridade ou emancipação – O projeto n.° 6960
retira a menção do prazo de 04 anos, pois, trata-se de direito
potestativo.
Anulação Do Reconhecimento:
→ Poderá ser anulado o reconhecimento em caso comprovado de erro
ou coação, através de ação anulatória – art. 113 da Lei de registros
públicos. Arts 1608 e 1604 CC.
Investigação de Paternidade:
→ Declaração judicial ou coativa de paternidade.
→ Filho X pai ou seus herdeiros.
→ Ação de estado – inalienável, imprescritível, irrenunciável,
personalíssima.
→ Art. 27 ECA.
→ Sujeito ativo é o investigante ou o MP.
→ O MP será sujeito ativo quando o pai não responde ao procedimento
de averiguação oficiosa – Lei 8560/92 – Legitimação extraordinária.
O MP propõe ação em nome próprio para defender interesse alheio,
não excluindo a legitimação do investigado – pode ser assistente
litisconsorcial. Se o investigante morre no curso do processo o MP
não tem mais interesse, extinguindo-se o processo.
→ Pólo passivo – suposto pai ou seus herdeiros. O espolio não tem
legitimação passiva.
→ Mãe, municípios e DF podem configurar no pólo passivo em casos
excepcionais, sendo assim, qualquer um com interesse jurídico pode
contestar a ação (art. 1615 CC).
→ Art. 7° da Lei 8560/92 – Sentença em 1/ grau reconhecendo
paternidade deve fixar os alimentos provisionais ou definitivos.
→ Corrente majoritária entende que são devidos os alimentos desde a
citação.
→ DNA põe em segundo plano as demais provas.
→ Se o réu negar-se a realizar exame pericial há a presunção (não
absoluta) da paternidade (sumula 149).
6
Mônica Berrondo
DIREITO DE FAMÍLIA VENOSA
Efeitos do reconhecimento:
Ex tunc
↓
Retroativo
↓
Declaratório
o Art. 1611 – Para residir com o pai deverá o cônjuge deste aceitar.
o O filho adota o sobrenome paterno – direito da personalidade – imprescritível –
Após o reconhecimento o filho pode pleitear o acréscimo do nome da família do
pai a qualquer momento.
o Eficácia erga omnes.
o Indivisível.
o Ato jurídico puro, não pode ser subordinado a termo ou condição.
o Irrevogável – Só pode ser anulado por vicio de manifestação de vontade ou
vicio material.
o Filho passa a ter todos os direitos patrimoniais – herança, alimentos, etc.
o Sujeita o filho reconhecido ao poder familiar (art. 1612 CC).
ADOÇÃO
Adoção no ECA:
Criança e adolescente são sujeitos de direito.
Criança até 12 anos. Adolescentes de 12 a 18 anos. Art. 2° ECA.
Colocação de criança e adolescente em família substituta depende sempre de
decisão judicial.
Art. 31 ECA – família substituta estrangeira somente através de adoção.
Art. 41 ECA – O filho adotado desliga-se de vinculo com os pais e parentes
biológicos, salvo para impedimentos matrimoniais.
Requisitos:
Estado de pobreza não é elemento definitivo para possibilitar a adoção – não se
perde o Poder familiar apenas devido a pobreza – art. 23 ECA.
Destituição do Poder Familiar deve anteceder a ação.
Em caso de menor abandonado deve utilizar-se de todos os recursos para a
localização dos pais biológicos.
Art. 24 ECA – Perda do Poder Familiar deve ser decretado judicialmente.
Art. 1638 CC – Causas da Perda do Poder familiar.
Os pais biológicos devem consentir a adoção.
Requer a iniciativa e presença dos adotantes, não podendo ser feita por procuração.
Processo tramita na vara da infância e juventude.
8
Mônica Berrondo
DIREITO DE FAMÍLIA VENOSA
Os pais não podem adotar o próprio filho, vez que não existe mais diferença entre
filhos legítimos ou ilegítimos.
Ascendentes e o irmão não poderão adotar.
Pessoas jurídicas não poderão adotar.
Sem restrição quanto ao estado civil do adotante.
Adoção conjunta somente é permitida entre casados e casais que mantém união
estável.
O homossexual poderá adotar, o casal de homossexuais não.
Art. 1619 e 42 § 3° - Deve ser o adotante pelo menos 16 anos mais velho que o
adotado.
Os divorciados ou separados judicialmente poderão adotar, conjuntamente, desde
que acordam sobra a guarda e visitação dos filhos e desde que o estágio de
convivência tenha sido iniciado na constância da sociedade conjugal – art. 42 § 4° e
1622.
Art. 42 § 5° e 1628 – Poderá o juiz deferir adoção em caso de morte do adotante,
sendo os efeitos retroativos a data do óbito, contudo, não se admite que o juiz defira
se adotante não tiver dado inicio ao processo.
Faz efeito a partir do transito em julgado da sentença, com exceção a post mortem.
Apelação da sentença – prazo de 10 dias com igual prazo para resposta. Tem efeito
devolutivo e, em se tratando de estrangeiros poderá ser conferido o efeito
suspensivo.
A apelação permite a retratação pelo juiz de primeiro grau, podendo reformar a
decisão em 5 dias, neste caso, parte e o MP poderão apelas em 5 dias.
Tutor ou curados só poderão adotar após prestarem contas – Art. 44 e 1620.
MP deve participar do processo de adoção.
Menor com mais de 12 anos será ouvido e será necessário o seu consentimento –
art. 45 § 2°.
É necessário o estagio de convivência por tempo determinado pelo juiz, podendo ser
dispensando em caso de menor com menos de 1 anos ou se estivesse na companhia
dos adotantes por algum tempo.
Em caso de adoção por estrangeiro, residente no Brasil ou exterior nunca será
dispensado o estagio de convivência, que terá duração de 15 dias para crianças de
até dois anos e de 30 dias para maiores de 02 anos – art. 46 § 2°.
Estrangeiros domiciliados no Brasil submete-se as regras brasileiras de adoção.
A Adoção por estrangeiro é excepcional, devendo ser deferida, principalmente a
brasileiros – art. 31 ECA.
9
Mônica Berrondo
DIREITO DE FAMÍLIA VENOSA
O estrangeiro deverá comprovar estar habilitado para adotar segundo as leis de seu
país, devendo apresentar relatório psicossocial, elaborado por uma agencia
especializada de seu país. Art. 51 § 1°.
O juiz poderá requerer texto referente a adoção do país do adotante (de oficio ou a
requerimento do MP) art. 51 § 2°.
O menor não poderá sair do Brasil enquanto não consumada a adoção – art. 51 § 4°.
Art. 52 – adoção por estrangeiro pode ser submetida a estudo prévio, feito por uma
comissão estadual judiciária de adoção, o qual não se vincula a opinião do juiz,
sendo apenas mais um instrumento em sua convicção.
Sentença tem cunho constitutivo e simultaneamente extingue o poder familiar
anterior.
Após o transito em julgado será inscrita no cartório de registro civil mediante
mandado do qual não será fornecida certidão.
É cancelado o registro original do adotado.
A doutrina entende que são necessários dois mandados, um para o cancelamento do
registro anterior e outros para inscrição do novo.
A morte dos adotantes ou adotado não restabelece o vinculo com os pais naturais –
art. 49.
O menor pode ser adotado novamente.
A inscrição do adotado no registro civil consignará o nome dos adotantes como pais
e também dos avós ( art. 49 § 1°), podendo ainda ser modificado o prenome (art. 47
§ 5 e art 1627).
Adoção está sujeita a nulidade ou anulabilidade – Nulo não prescreve (art. 169 CC),
Anulável prescreve em 10 anos (art. 205 CC).
Adotante que não está cadastrado no cadastro de pessoas interessados em adotar não
estão proibidos de adotar – não é óbice para a adoção.
Adoção de menor de 18 anos (até a data do pedido) – Art 46 ECA – VIJ.
Adoção de maior de 18 anos – Varas de família.
Adoção unilateral – cônjuge adota o filho de seu consorte. Art. 1626 CC e art. 41.
GUARDA
firma reconhecida em cartório. Se o menor for viajar com apenas um dos pais o
outro precisa autorizar. No caso de um dos pais estar no exterior necessita de
autorização.
No caso de um dos pais estar em local incerto ou não sabido deverá dirigir-se a VIJ
para suprimento paterno ou materno.
Se contestada por um dos genitores a solicitação deve ter antecedência mínima de 3
meses.
REGIME DE BENS
Art. 499: é licita a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens excluídos da
comunhão.
Art. 1663: a administração do patrimônio comum compete a qualquer dos cônjuges.
Art. 1663 § 1: as dividas contraídas nessa administração obrigam os bens comuns e
os particulares do cônjuge que os administra, e os do outro na razão do proveito
auferido.
Art 1663 § 2: Necessária a anuência de ambos os cônjuges para os atos a titulo
gratuito que impliquem cessão do uso ou gozo dos bens comuns, sendo anulável
sem a anuência de ambos.
Art. 1663 § 3: O juiz pode atribuir a administração dos bens a apenas um dos
cônjuges, nos casos de mal uso e de lapidação dos bens pelo outro. O cônjuge que
ocasionar prejuízos ao outro poderá ser obrigado a reparar o dano (art. 186 CC).
Art. 1664: Os bens comuns respondem pelas obrigações contraídos por marido e
mulher para atender aos encargos do lar.
Art. 1666: As dividas contraídas por qualquer dos cônjuges na administração de
seus bens particulares e em beneficio destes, não obrigam os bens comuns.
14
Mônica Berrondo
DIREITO DE FAMÍLIA VENOSA
15
Mônica Berrondo
DIREITO DE FAMÍLIA VENOSA
Separação de Bens:
Art. 1687: completa distinção de patrimônio dos dois cônjuges, não se comunicando
os frutos e aquisições e permanecendo cada qual na propriedade, posse e
administração de seus bens.
Art. 1668: Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal,
na proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em
contrário no pacto antenupcial.
Decorre ou da vontade dos nubentes ou por imposição legal.
Na separação de bens convencionada os cônjuges poderão estabelecer comunhão
entre certos bens, bem como a forma de administração.
O cônjuge casado sob esse regime não exercerá a inventariança do bens do consorte
falecido (art. 990, I, CPC).
Outros regimes:
Cônjuges podem optar por um dos regimes legais e cominá-los entre si, desde que
não contrariem normas de ordem pública.
Doações Antenupciais:
A doação para fins de casamento é negocio condicional, pois, fica com seus efeitos
subordinados ao regime de bens escolhido entre os cônjuges.
Art. 1668, IV: As doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com
clausula de incomunicabilidade é excluída da comunhão.
Nada impede que haja doações entre os cônjuges na constância do casamento, salvo
se o regime for o de separação de bens, sendo inócua se for no regime da comunhão
universal e não podendo prejudicar a legitima de herdeiro necessário.
ALIMENTOS
17
Mônica Berrondo
DIREITO DE FAMÍLIA VENOSA
18
Mônica Berrondo
DIREITO DE FAMÍLIA VENOSA
19
Mônica Berrondo
DIREITO DE FAMÍLIA VENOSA
UNIÃO ESTÁVEL
20
Mônica Berrondo
DIREITO DE FAMÍLIA VENOSA
Art. 1727: Os separados judicialmente estão impedidos de casas, mas, não estão
impedidos de constituir união estável.
No concubinato podem ocorrer os efeitos patrimoniais de uma sociedade de fato,
sem que existam outros direitos dedicados exclusivamente a união estável.
Art. 1723: Entidade familiar tratada muito proximamente como se matrimonio
fosse.
Art. 1723 § 1°: A união estável não pode ser reconhecida nas hipóteses em que o
casal está impedido para casar (art. 1521 CC).
Art. 1723 § 2°: As causas suspensivas por si, não serão óbice para o reconhecimento
da união estável.
Art. 1720: União estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos
companheiros ao juiz e assento no registro civil, dependendo dos procedimentos
preliminares e do processo de habilitação regular.
O CC não exige prazo mínimo de convivência para o reconhecimento da união
estável, requerendo apenas a união publica e notória, com o objetivo de constituir
família.
Reunidos os elementos necessários para a configuração da união estável, seu
reconhecimento dependerá da iniciativa dos interessados, conviventes ou herdeiros,
podendo ser a ação principal ou incidente – Súmula 380 STF. Havendo falecido o
convivente a ação deve ser movida contra os herdeiros e não contra o espólio.
Art. 1790 – a sucessão do companheiro: tratada antes da ordem de vocação
hereditária, concorrendo com outras classes de herdeiros.
É possível, na união estável, os companheiros celebrar convenções por escrito
quanto ao regime de bens, não sendo exigida escritura pública, podendo tal contrato
ser modificado a qualquer tempo – art. 1725.
Na dissolução o CC enfatiza a obrigação de prestar alimentos entre os
companheiros, conforme o art. 1694.
Se falecidos ambos os conviventes, a iniciativa para reconhecer a união estável será
dos herdeiros.
Art. 1725: na falta de contrato, aplica-se a união estável o regime da comunhão
parcial de bens.
Os bens adquiridos a titulo oneroso, salvo estipulação em contrário por escrito, são
partilhados em quotas iguais para ambos os companheiros.
Relação entre pessoas do mesmo sexo nunca poderá ser configurada, atualmente,
em união estável. Tais relações devem gerar apenas efeitos patrimoniais relativos a
sociedade de fato.
21
Mônica Berrondo
DIREITO DE FAMÍLIA VENOSA
BEM DE FAMÍLIA
22
Mônica Berrondo
DIREITO DE FAMÍLIA VENOSA
Art. 1714 – Bem de família constituído pelos cônjuges será formalizado pelo
registro de titulo no Registro de imóveis. Se constituído por terceiro, será feita a
transcrição.
TUTELA
A tutela é utilizada quando o menor não tem pais conhecidos ou forem falecidos ou
quando os genitores forem suspensos ou destituídos do poder familiar – art. 1728.
Embora o tutor assuma o exercício do poder familiar, o exercício da tutela dele se
difere, pois, se trata, basicamente, de conjunto de direitos destinados à
administração dos bens do pupilo, sob fiscalização judicial.
A tutela, deferida nas hipóteses do Eca, implica necessariamente o dever de guarda
(art. 36 § único ECA), com obrigação de assistência moral e educacional.
A tutela possui três finalidades: cuidados com a pessoa do menor; administração de
seus bens; e sua representação para os atos e negócios da vida civil.
O juiz da VIJ será competente para os casos dos menores que tenha tido seus
direitos violados (art. 98 ECA). Menores com patrimônio que estão órfãos ou seus
pais tenham sido destituídos do poder familiar, ou foram declarados ausentes terão a
tutela reguladas pelos juizes da vara de família.
A instituição de tutor é ato unilateral, mas revogável a qualquer tempo, de acordo
com as circunstâncias que se apresentem.
A tutela pode ser definida de forma testamentária, legitima e dativa e a nomeação de
tutor deve ser feita por testamento ou qualquer documento autentico (art. 1729), o
qual será feito pelos pais em conjunto. Existindo apenas um dos genitores ou
somente um deles estar apto, o outro poderá nomear tutor isoladamente.
Art. 1733 – Se mais de um tutor for nomeado por testamento, entende-se que a
tutela foi atribuída ao primeiro, sendo que os demais o sucederão em caso de sua
morte ou incapacidade. O § 2° admite curador especial ad hoc para o menor
herdeiro ou legatário.
Art. 1730 – Somente os pais no exercício do poder familiar tem legitimidade para
nomear tutor.
Art. 1731 – A tutela legitima ocorre na falta de tutor nomeado pelos pais, sendo de
caráter subsidiário. Na ausência de nomeação será nomeado tutor os ascendentes,
preferindo o de grau mais próximo aos mais remotos, os colaterais até 3° grau,
preferindo os mais próximos aos mais remotos e no mesmo grau dos mais velhos
aos mais moços.
25
Mônica Berrondo
DIREITO DE FAMÍLIA VENOSA
Proibições Legais:
O tutor está proibido de praticar atos que coloquem em preferência seus próprios
interesses, em detrimento dos direitos do pupilo.
O art. 1749 elenca as proibições do tutor, ainda que com autorização judicial.
Não se trata de incapacidade, contudo, o tutor não tem legitimidade para a pratica
desses atos, os quais serão nulos por falta de agente capaz (art. 104 CC).
Garantia da Tutela:
No CC restringe-se a exigência a qualquer modalidade de garantia legal de caução
por parte do tutor, não necessariamente à hipoteca, como mencionam os artigos
1744, II e 1745 § único.
Art. 1744, I – A responsabilidade do magistrado será direta e pessoal quando não
tiver nomeado tutor ou não houver feito oportunamente.
Art. 1744, II – A responsabilidade do juiz será subsidiária quando não tiver exigido
garantia real do tutor, nem o removido, tanto que se tornou suspeito.
Art. 1742 – Sendo conveniente, o juiz poderá nomear protutor, podendo o juiz
especificar ainda quais atos serão, necessariamente, aprovados ou verificados pelo
protutor.
Art. 1745 § único – A prestação de caução pelo tutor poderá ser dispensada se este
for de reconhecida idoneidade.
Exercício da Tutela:
Art. 1745 – os bens serão entregues ao tutor mediante termo especificando, com os
respectivos valores, ainda que os pais tenham dispensado.
Art. 1746 – Se o menor possuir bens, será educado e sustentado ás sua expensas,
devendo o juiz arbitrar o valor necessário para esse fim, com base em sua fortuna e
condições, quando o pai ou a mãe não o tiver fixado.
27
Mônica Berrondo
DIREITO DE FAMÍLIA VENOSA
Art. 1747 – O tutor recebe as rendas e pensões do pupilo, bem como faz as despesas
de manutenção e pode alienar os bens destinados a venda.
Art. 1748 – mediante autorização o tutor poderá:
a) Pagar dividas do menor.
b) Aceitar por ele heranças, legados ou doações, ainda que com encargos.
c) Transigir.
d) Vender-lhe os bens móveis, cuja conservação não convier e os imóveis no
casos em que for permitido.
e) Propor em juízo as ações, ou nelas assistir o menor e promover todas as
diligencias a bem deste, assim como defendê-lo de pleitos contra ele
movidos.
Art. 1748 § único – No caso de falta de autorização, a eficácia do ato do tutor
depende da aprovação ulterior do juiz.
Art. 1750 – Os imóveis pertencentes ao menores somente poderão ser vendidos
quando apresentar vantagem. O Leilão poderá ser dispensados, a avaliação nunca.
Art. 1751 – Se a ratificação judicial for negada, o ato não deverá gerar efeitos,
devendo ainda o tutor ser responsabilizado se ocasionar prejuízos.
O tutor responderá pelos prejuízos, que, por negligencia, culpa ou dolo causar ao
pupilo, sendo que a ação pode ser movida pelo MP, pelo pupilo ou qualquer
interessado.
Bens do órfão:
Art. 1753 – os tutores não podem conservar consigo dinheiro dos pupilos, alem do
necessário para as despesas ordinárias com seu sustento, sua educação e
administração de seus bens.
Art. 1753 § 3° - Os tutores respondem pela demora na aplicação dos valores.
Art. 1754 – Os valores depositados em estabelecimento oficial não poderão ser
retirados, senão mediante ordem do juiz.
Prestação de contas:
Art. 1755 – ainda que os pais tenham dispensado, os tutores deverão prestar constas.
Trata-se de dever irrenunciável.
Art. 1756 – Ao final de cada ano de administração o tutor deverão submeter o
balanço ao juiz para aprovação.
Art. 1757 – O tutor prestará contas a cada dois anos ou quando, por qualquer motivo
deixar o exercício da tutela, ou ainda toda vez que o juiz julgar conveniente.
28
Mônica Berrondo
DIREITO DE FAMÍLIA VENOSA
A prestação de contas deve ser apresentada sob forma contábil. Após a prestação, o
tutor deverá recolher os saldos em instituição bancária oficial ou adquirir títulos da
dívida pública.
Art. 1761 – As despesas com a prestação de contas devem ser pagas pelo pupilo.
Se houver saldo em favor do tutor, este poderá cobrá-lo ao findar a tutela ou pedir
seu abono ao juiz durante seu exercício.
A falta de prestação de contas ou sua desaprovação porderá motivas a destituição do
tutor e o ajuizamento de ação de indenização pelo Mpo ou qualquer outro
interessado.
Art. 1762 – O alcance do tutor, bem côo os saldos do tutelado, vencerão os juros
desde o julgamento definitivo das contas, aplicando-se também a correção
monetária.
Art. 1758 – Quando o tutelado atinge a maioridade o fato de este aprovar as contas
do tutor não produzirá efeitos antes de aprovadas pelo juiz.
Art. 1759 – No caso de morte, ausência ou interdição do tutor, as contas serão
prestadas pelos seus herdeiros ou representantes.
Art. 1760 – As despesas justificadas que se provarem proveitosas em beneficio do
pupilo serão levadas a crédito do tutor, cabendo a este provar que efetuou tais
despesas.
Cessação da Tutela:
Art. 1763 – A tutela cessa com a maioridade ou emancipação, ou caindo o menor
sob o poder familiar.
Art. 1764 – Pelo lado do tutor cessam seus funções quando expirado o termo em
que estava obrigado a servir, sobrevindo escusa legitima ou sendo removido.
Até que novo tutor seja regularmente nomeado, poderá o juiz nomear curador
especial ou tutor interino, para a pratica de ator urgentes, podendo ainda deferir a
guarda provisória a quem estiver habilitado para tal.
Cessando as funções de tutor ou curados pelo decurso de prazo em que era obrigado
a servir, deve ingressas com pedido de exoneração no prazo de 10 dias seguintes a
expiração do prazo, não fazendo se entenderá como reconduzido, salvo se o juiz o
dispensar (art. 1198 CPC).
Art. 1766 – Sempre que o tutor praticar ato contra os interesses da tutela por culpa
ou dolo, ou quando incorrer em incapacidade deverá ser destituído, competindo ao
MP ou qualquer interessado provocar a remoção.
29
Mônica Berrondo
DIREITO DE FAMÍLIA VENOSA
CURATELA
Aqueles que por causa duradoura não puderem exprimir sua vontade (art.
1767, II):
Permite que se decrete a interdição de quem não possa exprimir sua vontade durante
período incerto ou ponderável. Não se trata de enfermidade ou deficiência mental,
mas de toda e qualquer causa que suprima a possibilidade de expressão de vontade
do agente, ainda que transitoriamente.
31
Mônica Berrondo
DIREITO DE FAMÍLIA VENOSA
dos atos restritivos, contrair matrimonio com a autorização do curador, votar e ser
votado, etc.
A interdição do pródigo visa, em principio, proteger sua pessoa e de sua família,
pois, se ocorrer sua ruína, o perdulário irá tornar-se um ônus para a família e
também para a sociedade.
São anuláveis os atos praticados pelos pródigos dentro de sua proibição, podendo
propor a ação o curador ou quem demonstrar interesse. A Interdição perdurará
enquanto perdurar os sintomas de prodigalidade.
A sentença tem apenas eficácia ex nunc.
Nascituros:
Possível a curatela nos casos de nascituro com o falecimento do pai ou perda do
poder familiar se estiver a mãe grávida e não se encontrar em condições de exercer
o poder familiar.
Art. 1779 § único – Se a mãe estiver interdita seu curador será também o do
nascituro.
A finalidade dessa curadoria é zelar pelos interesses do nascituro e impedir, em
favor do feto e de terceiros a substituição e a supressão do parto.
Processo de interdição:
Art. 1771 – O suposto incapaz deverá ser ouvido pelo juiz, assistido por
especialistas.
32
Mônica Berrondo
DIREITO DE FAMÍLIA VENOSA
Se o interditando não puder locomover-se o juiz deverá dirigir-se ao local onde ele
se encontra para realizar o interrogatório. Se a pessoa não puder expressar-se, o juiz
deverá fazer constar o fato do auto.
O processo será nulo se não for feito o exame pericial.
O interditando poderá contestar no prazo de 05 dias, contados da audiência do
interrogatório.
Decorrido o prazo de impugnação, o juiz nomeará perito para proceder o exame do
interditando.
Apresentado o laudo, o juiz designará data para audiência de instrução e julgamento
(art. 1183), a qual não será obrigatória.
Procedente o pedido e decretada a interdição o juiz nomeará curador ao interdito.
O MP deve participar do processo, sob pena de nulidade.
É processo de jurisdição voluntária, contudo, sob prisma territorial, terá
competência o foro do interditando.
O pedido será processado pelas varas de família, se houver.
Sentença da Interdição – Art. 1184 CPC - Art. 1773 CC:
A sentença que declara a interdição produz efeitos desde logo, embora sujeita a
recursos (ex nunc).
Tem cunho declaratório, com conteúdo constitutivo.
Os atos praticados pelo interdito são nulos ex nunc. Para os atos praticados
anteriormente a sentença, deve ser proposta ação de nulidade dos negócios jurídicos
praticados pelo agente incapacitado.
Levantamento de interdição:
Art. 1186 CPC – será levantada a interdição cessando a causa que a determinou.
O pedido pode ser formulado pelo MP (art. 1104 CPC) ou pelo interessado (art.
1186 CPC).
O pedido será apensado nos autos da interdição, nomeando-se perito para proceder
o exame de sanidade.
Acolhido o pedido, o juiz decretará o levantamento da interdição e mandará
publicar a sentença, após o transito em julgado pela imprensa local e órgão oficial
por três vezes, com intervalo de 10 dias, seguindo-se a averbação no registro civil.
O recurso dessa sentença será recebido no efeito suspensivo e o interdito recuperará
a capacidade apenas após o trânsito em julgado.
O levantamento da interdição pode ainda ser apenas parcial.
33
Mônica Berrondo