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1- Qual o conceito doutrinário de ato administrativo?

O conceito de ato administrativo para a doutrina é amplo. Para Hely


Lopes Meirelles, o conceito de ato administrativo é fundamentalmente o
mesmo do ato jurídico, diferenciando-se por uma categoria direcionada
à finalidade pública. Por outro lado, José Santos Carvalho Filho, de
forma mais completa, menciona que existem três pontos fundamentais
para a caracterização do ato administrativo: a) é necessário que a
vontade emane de agente da Administração Pública ou de alguém
dotado das prerrogativas desta; b) seu conteúdo há de propiciar a
produção de efeitos jurídicos com fim público; c) toda a categoria de
atos deve ser regida basicamente pelo direito público.
Além disso, a conceituada doutrinadora Maria Sylvia Zanella Di
Pietro, define ato administrativo como toda manifestação unilateral de
vontade da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha
por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e
declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria.

2- Quais os elementos da existência do ato administrativo?


São elementos de formação dos atos administrativos:
- competência: poder legal conferido ao agente para o
desempenho de suas atribuições (alguns autores preferem utilizar
o termo sujeito no lugar da competência.);
- finalidade: o ato administrativo deve se destinar ao interesse
público (finalidade geral) e ao objetivo diretamente previsto na lei
(finalidade específica);
- forma: é o modo de exteriorização do ato;
- motivo: situação de fato e de direito que gera a vontade do agente
que pratica o ato;
- objeto: também chamado de conteúdo, é aquilo que o ato
determina, é a alteração no mundo jurídico que o ato se propõe a
processar, ou seja, o efeito jurídico do ato.

3- 3. Explique e exemplifique os atributos do Ato Administrativo


A presunção de legitimidade pressupõe, até que se prove o contrário,
que os atos foram editados em conformidade com a lei, ou seja,
presumem-se legítimos, lícitos, legais ou válidos. Por sua vez, a
presunção de veracidade significa que os fatos alegados pela
administração presumem-se verdadeiros; No que se trata da
imperatividade, os atos administrativos impõem obrigações a terceiros,
independentemente de concordância; Em síntese, a exigibilidade ocorre
somente por meios indireto; A autoexecutoriedade consiste na
possibilidade que certos atos ensejam de imediata e direta execução
pela administração,sem necessidade de ordem judicial. Permite,
inclusive, o uso da força para colocar em prática as decisões
administrativas; Por fim, pela imperatividade os atos administrativos
impõem obrigações a terceiros, independentemente de concordância.

4- O que é poder extroverso?


O poder extroverso do Estado, significa que o poder público pode editar
atos que vão além da esfera jurídica do sujeito emitente, adentrando na
esfera jurídica de terceiros, constituindo unilateralmente obrigações.
Esse poder também é chamado de poder de coerção e, nesse caso,
diz-se que os atos administrativos são cogentes, ou seja, podem impor
obrigações.

5- Qual a diferença entre ato perfeito e imperfeito?


O ato perfeito é aquele que completou o seu ciclo de formação.
Portanto, todas as etapas necessárias à formação do ato foram
realizadas. Por outro lado, o ato imperfeito é aquele cujo ciclo de
formação ainda não se completou. Por exemplo, ainda falta uma
assinatura ou ainda falta a manifestação de vontade de outro órgão
(como ocorre nos atos complexos).

6- Qual a diferença entre validade - eficácia e exequibilidade do ato


administrativo?
A validade diz respeito ao fato de o ato ter sido editado conforme a lei.
Quanto à exequibilidade, o ato administrativo pode ser perfeito,
imperfeito, eficaz, pendente ou consumado. No que se trata do ato
eficaz, por sua vez, é aquele que é idôneo para produzir os seus efeitos,
podendo atingir o fim para o qual foi editado. Normalmente, afirma-se
que o ato eficaz independe de evento posterior para produzir os seus
efeitos, como uma condição suspensiva, ou um termo inicial ou um ato
de controle.
7- O que é um ato simples, complexo e composto. Exemplifique
O ato simples é o que resulta da manifestação de vontade de um único
órgão, seja ele unipessoal ou colegiado. Não importa o número de
agentes que participa do ato, mas sim que se trate de uma vontade
unitária. Dessa forma, será ato administrativo simples tanto o despacho
de um chefe de seção como a decisão de um conselho de contribuintes.
O ato complexo, por sua vez, é o que necessita da conjugação de
vontade de dois ou mais diferentes órgãos ou autoridades. Apesar da
conjugação de vontades, trata-se de ato único. Por fim, o ato composto
é aquele produzido pela manifestação de vontade de apenas um órgão
da Administração, mas que depende de outro ato que o aprove para
produzir seus efeitos jurídicos (condição de exequibilidade).

8- Qual a diferença entre ato vinculado e discricionário? Exemplifique.


Os atos vinculados são aqueles praticados sem margem de liberdade
de decisão, uma vez que a lei determinou o único comportamento
possível a ser obrigatoriamente adotado é sempre aquele em que se
configure a situação objetiva prevista na lei. Os atos discricionários, por
outro lado, ocorrem quando a lei deixa uma margem de liberdade para o
agente público. Enquanto nos atos vinculados todos os requisitos do ato
estão rigidamente previstos (competência, finalidade, forma, motivo e
objeto), nos atos discricionários há margem para que o agente faça a
valoração do motivo e a escolha do objeto, conforme o seu juízo de
conveniência e oportunidade.

9- O que são atos ampliativos e restritivos? Exemplifique.


Os atos ampliativos aumentam a esfera de ação jurídica do destinatário,
por exemplo, concessões em geral, permissões. São atos restritivos
quando diminuem a esfera jurídica do destinatário, ou lhe impõe novas
obrigações, deveres, ônus, por exemplo, sanções administrativas,
proibições, os que extinguem os atos ampliativos.

10- O que são atos gerais e atos individuais? Exemplifique.


Os atos gerais ou normativos são aqueles que não possuem
destinatários determinados. Eles apresentam hipóteses genéricas de
aplicação, que alcançará todos os sujeitos que nelas se enquadrarem.
Tendo em vista a “generalidade e abstração” que possuem, esses atos
são também chamados de atos normativos. Podemos trazer como
exemplos de atos gerais os regulamentos, portarias, resoluções,
circulares, instruções, deliberações, regimentos, etc; Os atos individuais
ou especiais são aqueles que se dirigem a destinatários certos,
determináveis. São aqueles que produzem efeitos jurídicos no caso
concreto, a exemplos da nomeação, demissão, tombamento, licença,
autorização, etc.

11- O que são atos de império e atos de gestão?


Os atos de império ou de autoridade são aqueles praticados com todas
as prerrogativas e privilégios de autoridade e impostos de maneira
unilateral e coercitivamente ao particular, independentemente de
autorização judicial. Tais atos manifestam o “poder de coerção” ou
“poder extroverso” do Estado, pois podem constituir obrigações
independentemente da vontade do particular. Ademais, o fundamento
desses atos é o princípio da supremacia do interesse público sobre o
privado. Os atos decorrentes do exercício do poder de polícia são
típicos exemplos de atos de império; Já os atos de gestão são aqueles
praticados em situação de igualdade (horizontalidade) com os
particulares, para a conservação e desenvolvimento do patrimônio
público e para a gestão de seus serviços. São atos desempenhados
para a administração dos serviços públicos. Pode-se elencar a compra e
venda de bens, o aluguel de automóveis ou equipamentos, etc. É o tipo
de ato que se iguala com o direito privado e, por conseguinte, devem
ser enquadrados no grupo de atos da administração e não propriamente
nos atos administrativos.

12- Qual a diferença entre autorização, permissão e concessão?


A autorização é ato administrativo unilateral, discricionário e precário por
meio do qual a administração faculta ao particular o exercício de uma
atividade ou a utilização de um bem público. A permissão, aqui
estudada, é ato administrativo unilateral, discricionário e precário
adotado para consentir ao particular o exercício de uma atividade ou o
uso privativo de um bem público. Assim, a permissão pode servir, por
exemplo, para que um particular explore um quiosque localizado em
uma praça pública. A concessão é definida como a delegação de
serviço público, feita pelo poder concedente, mediante licitação na
modalidade concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas
que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco
e por prazo determinado.

13- Dentre as formas de extinção de atos administrativos, explique os


tipos de retirada
A caducidade ocorre quando a retirada se fundamenta em uma nova
legislação que impede a permanência de uma situação anteriormente
consentida pelo Estado. Em termos bem simples, trata-se de uma
legislação superveniente contrária à legislação que fundamentou o ato
anterior; Já a contraposição, também chamada de derrubada, acontece
quando é editado um novo ato administrativo, mas com efeitos que se
contrapõem a um ato anterior. Como exemplo, podemos citar a
exoneração, cujos efeitos se opõem ao ato anterior: a nomeação; Por
sua vez, a cassação é o desfazimento de um ato válido em virtude de
descumprimento pelo beneficiário das condições que ele deveria manter
para continuar gozando do ato. Portanto, a cassação funciona como
uma sanção contra o administrado por descumprir alguma condição
necessária para usufruir de um benefício; Finalmente, a anulação é o
desfazimento do ato ilegal, enquanto a revogação é o desfazimento de
um ato válido, mas que deixou de ser conveniente e oportuno.

14- Qual a diferença entre anulação e revogação? Quais a súmulas do


que STF que falam sobre isso?
A anulação é o desfazimento de ato ilegal e a revogação é a extinção de
ato válido, mas que deixou de ser conveniente e oportuno. Ou seja,
quando se torna ilegal, a forma de se extinguir é pela anulação e no
caso conveniência e oportunidade, seria pela revogação. E então vale a
pena descrever a súmula 473 do STF: “A administração pode anular
seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.”

15- O que é convalidação? É possível a convalidação na competência,


na forma, finalidade, no motivo e no objeto?
A convalidação, também chamada por alguns autores de saneamento
ou de aperfeiçoamento, não é uma forma de desfazimento dos atos
administrativos. Pelo contrário, convalidar é “corrigir” ou “regularizar” um
ato administrativo. Nesse contexto, a convalidação tem por objetivo
manter os efeitos já produzidos pelo ato e permitir que ele permaneça
no mundo jurídico. Na mesma linha, a convalidação gera efeitos
retroativos(ex tunc), uma vez que corrige o vício do ato desde a sua
origem.
Assim, podemos dizer que são três condições para a convalidação
de um ato viciado: (i) que isso não acarrete lesão ao interesse público;
(ii) que não cause prejuízo a terceiros; (iii) que os defeitos dos atos
sejam sanáveis. A corrente mais adotada defende que são vícios
sanáveis os vícios de competência e de forma, não sendo possíveis em
relação objeto, motivo e finalidade.

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