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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

GESTÃO PÚBLICA PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL

DISCIPLINA: Direito Administrativo I - Avaliação II


PROFESSOR: Angelo Remedio
ALUNO: Leonardo de Lima

Nas questões abaixo, assinale a alternativa correta conforme enunciado (valor: 1 ponto cada).

Questão 1) Sobre os atos administrativos, seu conceito e efeitos, disserte sobre: (2 pontos).

a. Possibilidade de Controle Judicial.

Ato administrativo é qualquer manifestação voluntária e unilateral da Administração Pública,


sendo esse ato obrigatoriamente regido pelo DIREITO PÚBLICO. Segundo a professora Maria Sylvia
Zanella Di Pietro, ato administrativo é a declaração do Estado ou de quem o represente que produz
efeitos jurídicos imediatos sob a observância da lei, sob o regime jurídico de direito público e que seja
passível de controle pelo poder judiciário.
Os atos administrativos possuem cinco elementos — competência; finalidade; forma; motivo;
objeto — que são como requisitos de validade, pois o ato praticado em desacordo com o que a lei
estabeleça para cada requisito será, em regra, um ato nulo. Os atos administrativos também possuem
atributos que também são conhecidos pela doutrina como características, esses atributos são —
presunção de legitimidade e veracidade; autoexecutoriedade; tipicidade; imperatividade.
Um ato administrativo pode se extinguir de acordo com algumas modalidades —
desaparecimento do sujeito; cumprimento dos seus efeitos; retirada do ato administrativo — sendo
que essa última modalidade, retirada do ato administrativo, pode ser feita através da anulação, que é a
declaração de invalidade de um ato administrativo ilegítimo ou ilegal. Ela pode ser feita pela própria
administração, através do controle de legalidade, pautado no poder de autotutela do Estado que exerce
um controle interno em defesa da instituição e da legalidade de seus atos.
Mas essa retirada também pode ser feita pelo poder judiciário, através do controle de
legalidade, desde que haja provocação, ou seja, desde que sejam levados à sua apreciação pelos meios
processuais cabíveis, aqui não existe a autotutela, pois o ato está sendo anulado por outro poder.
Quando há essa retirada ela possui o chamado efeito EX TUNC, ou seja, retroage até o nascimento do
ato desse modo os seus efeitos também retroagem.

b. Tipicidade.

A tipicidade é um dos atributos do ato administrativo, ela está ligada à necessidade de respeitar-
se a finalidade específica definida na lei para cada espécie de ato administrativo, proibindo que a
mesma venha a praticar atos inominados. Por exemplo, a tipicidade proíbe que a regulamentação de
determinada lei seja feita por meio de uma portaria, pois tal situação cabe por força da própria lei a
outra categoria de ato administrativo que é o decreto. A Prof. Maria Silvia Zanella Di Pietro afirma
que a tipicidade não se encontra nos contratos administrativos, pois esses são formados a partir de uma
bilateralidade de vontades.
Questão 2) Sobre a classificação dos atos administrativos, disserte sobre: (2 pontos).

a. Atos Simples.

Classificar um ato administrativo como simples significa dizer que ele resulta da manifestação
de vontade de um único órgão unipessoal ou colegiado. O que importa é a vontade unitária que
expressam. Unitário então seria o despacho de um único chefe de seção e o colegiado seria a decisão
de um conselho ou colegiado, portanto, de um grupo.

b. Atos Compostos.

Ato composto é aquele que resulta da vontade de um único órgão, mas depende da verificação
e ratificação por parte de outro órgão para se tornar possível de ser executado. Por exemplo um ato de
autorização sujeito a outro ato para confirmá-lo.

c. Atos Complexos.

Esse ato se forma pela conjugação da vontade de mais de um órgão. É o concurso de vontades
de órgãos diferentes para a formação de um único ato. Por exemplo a aposentadoria do servidor e
nomeação para os ministros do Supremo Tribunal Federal.

d. Atos de Império.

Os atos de império são aqueles que usam a supremacia sobre o administrado ou


servidor, ou seja, a administração os impõe coercitivamente, portanto, não são possuem a possibilidade
de desobediência por parte do particular. Eles são atos obrigatórios, unilaterais, revogáveis e
modificáveis a critério da administração.

Questão 3) Sobre os casos de Dispensa e Inexigibilidade de Licitação, disserte sobre sua pertinência,
vantagens e riscos para a Administração Pública (2 pontos).

A Constituição Federal de 1988 diz que quando a Administração Pública quiser contratar
compras, obras, serviços, via de regra, deverá licitar, porém o texto constitucional também diz no início
do artigo 37; inciso XXI a seguinte informação: “ressalvados os casos especificados na legislação”.
Portanto há margem para contratações sem licitação, em alguns casos, que serão tratados a seguir.
Ao fazer uma licitação inexigível o que se deve ter em mente é que ela ocorrerá quando houver
uma inviabilidade de competição. A própria lei que regulamenta as licitações Lei 8.666/93 diz em seu
artigo 25 que é inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição. Essa situação deve
ocorrer especialmente para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser
fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca,
devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado; também é inexigível a licitação
para a contratação de serviços técnicos de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória
especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação; e por último é
inexigível para a contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de
empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.
No caso da dispensa de licitação, a lei traz um rol com trinta e cinco hipóteses em que ela pode
ser dispensada, só como exemplo podemos citar: os casos de guerra ou grave perturbação da ordem;
casos de emergência ou de calamidade pública; quando a União tiver que intervir no domínio
econômico para regular preços ou normalizar o abastecimento; para a celebração de contratos de
prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de
governo, para atividades contempladas no contrato de gestão entre muitos outros casos.
As vantagens da dispensa e inexigibilidade de licitação certamente serão a rapidez e agilidade
de conclusão do processo de execução ou compra do serviço buscado, no entanto o cuidado com o
com a coisa pública deve ser levado em conta, ainda mais em tempos em que a sociedade exige
transparência e uso racional dos recursos. Nesse caso, a inexigibilidade e dispensa de licitação não
necessariamente atendem aos requisitos do uso racional do dinheiro e da economia, tão necessárias em
um país onde a distribuição dos limitados recursos tem sido tão difícil ultimamente. A administração
ao se valer da dispensa ou não exigir uma licitação corre o risco de desperdício de dinheiro que terá
um custo grande para a sociedade além de poder colocar o trabalho do gestor em xeque podendo, em
casos de mau uso, responsabilizá-lo por improbidade administrativa.

Questão 4) Atos administrativos podem ser absolutamente nulos ou anuláveis. Em alguns casos, é
possível a convalidação. Disserte sobre (2 pontos).

Há diversas possibilidades de vício de um ato administrativo — vício de competência; vício de


finalidade; vício na forma; vício de motivo; vício de objeto — e a convalidação é a eliminação do vício
existente em um ato ilegal, com efeitos retroativos (EX TUNC) à data em que este foi praticado. Os
vícios relativos à competência e à forma podem ser convalidados. Os outros elementos, se estiverem
viciados, geram nulidade absoluta, ou seja, não permitem a convalidação do ato.
Segundo o professor José dos Santos Carvalho Filho há três formas de convalidação de um
ato administrativo, ratificação, reforma e conversão. Nas palavras do professor Carvalho, “A
ratificação é o ato administrativo pelo qual o órgão competente decide sanar um ato inválido
anteriormente praticado, suprindo a ilegalidade que o vicia”. Portanto a autoridade que deve ratificar
pode ser a mesma que praticou o ato anterior ou um superior hierárquico.
Já a reforma ocorre quando um novo ato suprime a parte inválida do ato anterior, mantendo
sua parte válida. Por exemplo: um ato anterior concedia licença e férias a um servidor; mas se verifica
depois que não tinha direito à licença, então pratica-se novo ato retirando essa parte do ato anterior e
se ratifica a parte relativa às férias. Por último há a conversão, que ocorre quando a administração,
depois de retirar a parte inválida do ato anterior, faz a sua substituição por uma nova parte, assim o
novo ato passa a conter a parte válida anterior e uma nova parte, nascida com o ato de aproveitamento.
Um exemplo seria um ato que promoveu dois funcionários por merecimento e antiguidade, mas
verificando após que um deles não deveria ter sido promovido, mas sim um outro, a Administração
pratica novo ato mantendo a promoção de um deles e retirando a promoção que havia sido feita de
forma equivocada, mas inserindo agora o funcionário correto na promoção, foi retirada então a parte
inválida e inserida a parte correta, convalidando assim o ato administrativo.

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