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● AULA 04

● ATOS ADMINISTRATIVOS
Ato jurídico
• O ato administrativo, como qualquer ato jurídico necessita
dos pressupostos do negócio jurídico, sendo destacados no
art. 104 do Código Civil (2002) as condições para sua validade,
a saber:

• Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:


• I - agente capaz;
• II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
• III - forma prescrita ou não defesa em Lei.
Ato administrativo
• Para o professor José Cretella Júnior ato
administrativo pode ser conceituado como:

[...] a manifestação de vontade do Estado, por seus


representantes, no exercício regular de suas funções, ou por
qualquer pessoa que detenha, nas mãos, fração de poder
reconhecido pelo Estado, que tem por finalidade imediata
criar, reconhecer, modificar, resguardar ou extinguir situações
jurídicas subjetivas, em matéria administrativa. (1977, p.19)
Ato administrativo
● Segundo Hely Lopes Meirelles: "Ato
administrativo é toda manifestação unilateral
de vontade da Administração Pública que,
agindo nessa qualidade, tenha por fim
imediato adquirir, resguardar, transferir,
modificar, extinguir e declarar direitos, ou
impor obrigações aos administrados ou a si
própria".
Ato administrativo militar
• Toda manifestação da vontade unilateral da
Administração Pública Militar, capaz de gerar
efeitos jurídicos imediatos para si e para os
administrados em geral. Assim, excluídos
estão os contratos administrativos, por serem
bilaterais, como também os fatos
administrativos (realizações materiais da
Administração, por exemplo: demolição de
um prédio, construção de uma ponte)
Exemplos de atos da administração militar

• punição disciplinar;
• licenciamento, demissão;
• nomeação e exoneração de cargos militares;
• comissionamento;
• normas gerais de ação.
Classificação atos da administração militar

• Federais, estaduais ou distritais;


• Gerais ou individuais;
• Vinculados ou discricionários;
Atributos
• A doutrina tem reconhecido como atributos
dos atos administrativos a presunção de
legitimidade e veracidade, a imperatividade, a
autoexecutoriedade. No entanto, em razão da
rígida e inflexível hierarquia e disciplina
castrense, assumem, por vezes, contornos
mais austeros.
Atributos
• Presunção de legitimidade ou veracidade

A Administração Pública está adstrita ao princípio da


legalidade. Daí surge a presunção de legitimidade dos atos
da administrativos, ou seja, de que foram editados em
consonância com a lei, e da veracidade dos fatos aduzidos
pela Administração, razão pela qual as declarações,
certidões e atestados fornecidos por ela são dotados de fé
pública.
Admite prova em contrário, a ser produzida pelo
administrado.
Atributos
• Imperatividade
Torna os atos compulsórios para o
administrado, independente de sua
concordância ou aprovação.
Exemplo: Prestação de serviço militar
obrigatório pelo cidadão incorporado a uma
OM das Forças Armadas.
Atributos
• Autoexecutoriedade
Este atributo do ato administrativo viabiliza a execução
imediata e direta pela própria Administração Militar
independente de prévia intervenção judicial.
A título de exemplo, cita-se a segregação forçada do
militar punido disciplinarmente com pena restritiva de
liberdade, executada pela própria Administração Militar,
independente de prévia intervenção do Poder Judiciário,
hipótese chancelada, expressamente pela CF/ 88(art. 5º,
LXI)
Requisitos do ato administrativo
militar
A administração norteia e regula a ação dos seus
administrados por meio de atos administrativos,
todavia estes atos necessitam de requisitos de
validade para adquirem vida jurídica, pois o ato que
desatenta a um deles, será em regra um ato nulo.
São requisitos de validade do ato administrativo:
competência, finalidade, forma, motivo e objeto.
Requisitos do ato administrativo militar
• Competência
Pode ser definida como o poder que a lei atribui ao agente para
a prática do ato. Decorre sempre de lei, não podendo o próprio
órgão estabelecer por si mesmo, suas atribuições. Outra
característica é que ela pode ser objeto de delegação ou
avocação quando não se tratar de competência conferida a
determinado órgão ou agente, com exclusividade pela lei.
Exemplo: O comandante de UBM é competente para aplicar
punição disciplinar a todos os militares que servirem sob seu
comando.
OBS: O ato administrativo ainda que praticado por autoridade
competente que extrapole suas atribuições legais será ilegal,
inválido, nulo em decorrência de vício quanto a competência.
Requisitos do ato administrativo
militar
• Finalidade
Deve sempre vincular os atos administrativos,
por meio dos interesses da administração, não
se admite ato administrativo sem finalidade
pública. Os atos administrativos que não
objetivam o interesse público são nulos.
Requisitos do ato administrativo militar

• Forma
É o formato com que o ato administrativo é exteriorizado. É o
modo de exteriorização do ato administrativo.
Di Pietro (2010) assinala que “partindo-se da ideia de
elemento do ato administrativo como condição de existência
e de validade do ato, não há dúvida de que a inobservância
das formalidades que precedem o ato e o sucedem, desde
que estabelecidas em lei, determinam a sua invalidade.”
Requisitos do ato administrativo militar

• Motivo
Corresponde ao conjunto de circunstâncias,
de acontecimentos, de situações que levam a
administração a praticar o ato, baseado num
dispositivo legal que serve de fundamento ao
ato administrativo.
A inexistência do motivo apontado no ato ou
a indicação de motivo falso o invalida.
Requisitos do ato administrativo militar

• Objeto
É o próprio conteúdo material do ato
administrativo, o efeito por ele pretendido. Segundo
Alexandrino (2011), o objeto do ato administrativo:

[...] identifica-se com seu próprio conteúdo, por meio do qual


a Administração manifesta sua vontade, ou atesta
simplesmente situações preexistentes. Pode-se dizer que o
objeto do ato administrativo é a própria alteração no mundo
jurídico que o ato provoca, é o efeito jurídico imediato que o
ato produz. (p.453)
Controle dos atos da Administração ou Revisão do ato administrativo

• O controle dos atos pode ser interno ou


externo. Pode ser:
• Interno- Realizado no âmbito da própria
Administração.
• Externo- Realizado fora do âmbito da própria
Administração. É o controle exercido pelo
poder judiciário.
Revogação
• Consiste na extinção de um ato administrativo válido, legítimo e
eficaz, com base em critérios de conveniência e oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos.

• Por recair, exclusivamente, sobre ato constituído em conformidade


com a lei, a revogação produz efeitos ex nunc, ou seja, da data de
revogação para frente, mantidos os efeitos até então. O ato
revocatório é privativo da Administração.

• Exemplo: Norma Reguladora do Serviço Operacional de 2014


revogou a Diretriz Operacional nº001 de 2001
Anulação
• É a extinção de um ato administrativo ilegítimo ou ilegal , efetuada pela
própria Administração Pública, no exercício da autotutela, ou pelo Poder
Judiciário, quando acionado pelos meios judiciais cabíveis. Em razão da
ilegalidade do ato, sua anulação produzirá efeitos ex tunc, ou seja, opera
efeitos retroativos.
• Súmula 346 do STF
• A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada em todos os casos, a
apreciação jurídica.
Poder Judiciário
• Em atendimento a jurisdição única e das
garantias constitucionais nenhuma lesão o
ameaça a direito pode escapar da apreciação
do poder judiciário, o qual realiza entre outras
coisas o controle dos atos da Administração.
Todavia, o poder Judiciário só poderá anular
os atos da Administração Pública, em hipótese
alguma poderá revogá-los.
• Sendo assim, o poder judiciário não julga o
mérito administrativo e sim a legalidade dos
atos da administração.
REGULAMENTOS
O poder de regulamentar da administração é uma espécie de ato administrativo, conferida ao Poder Executivo, na edição de regulamentos para sua correta aplicação pelos órgãos administrativos, devendo estar em consonância e subordinada a lei, em respeito aos limites
constitucionais, caracterizando o princípio da legalidade. Sobre o assunto afirma Oswaldo Aranha Bandeira de Mello in Princípios Gerais de Direito Administrativo. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1979, p. 342. v. I.:

(...) os regulamentos são regras jurídicas gerais, abstratas, impessoais, em desenvolvimento da lei, referentes à organização e ação do Estado, enquanto poder público (...).
No mesmo sentido José Joaquim Gomes Canotilho in Direito Constitucional e Teoria da
Constituição. 6. ed. Coimbra: Almedina, 2002. p. 829, por sua vez, assinala que:

"(...) o regulamento é uma norma emanada pela Administração no


exercício da função administrativa e, regra geral, com caráter executivo
e/ ou complementar da lei (...)".
NO CBMPA
A Lei nº 5.731, de 15 de dezembro de 1992, que dispõe sobre a Organização Básica do CBMPA, estipula a competência do Comandante Geral
pela Administração da instituição. Vejamos:

Art. 10 - O Comandante Geral é o responsável pelo Comando e pela Administração da Corporação. Será um
oficial da ativa do último posto do Quadro de Combatentes, em princípio o mais antigo; caso o
escolhido não seja o mais antigo, terá ele precedência funcional sobre os demais.
Lei nº 5.731, de 15 de dezembro de 1992

● Art. 56 - Em complementação à presente Lei, disporá a Corporação da seguinte regulamentação:

● II - Regulamento Interno e dos Serviços Gerais (RISG);

● III - Regulamento Disciplinar do Corpo de Bombeiros (RDCBM)

● IV - Regulamento do Estado Maior Geral (REMG);

● V - Regulamento de Uniformes Bombeiro Militar (RUBM);

● VI - Regulamento da Secretaria de Comissão de Promoções (RSCP);

● (...)
● Regulamento disciplinar por ato administrativo, ato ilegal.

● Tema devendo ser regulado apenas por lei, por força de dispositivo constitucional, caput do art. 142, da
CF/88.
A análise dos princípios reitores da administração elencados no art. 37 da CF/88, mais
especificamente pelo princípio da legalidade, encartado no art. 5º, II da CF/88. Enquanto este
mandamento assegura a todos, indistintamente, a prerrogativa de liberdade de somente se
obrigarem a fazer o que determina a lei, aquele outro mandamento restringe de forma específica
que o agente público somente pode agir nos limites permitidos pela lei.

CF - Art. 5º

II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de

lei.
A supremacia da unidade federativa, ao determinar que caberá a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º, inciso X (matérias de cunho essencialmente militares, em fase da condição de força auxiliar e reserva
do exército). Senão vejamos:

Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal
e dos Territórios. (EC n° 3/93, EC no 18/98, EC no 20/98 e EC n° 41/2003)

§ 1o Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições do art. 14, §8° ; do art. 40, § 9°;
e do art. 142, §§ 2° e 3°, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, §3°, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos
respectivos governadores.

(...)
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes
constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.

(...)

§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as seguintes disposições: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)

(…)

X – a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações especiais dos militares, consideradas as
peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de compromissos internacionais e de guerra. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998)
No Brasil

Recentemen
te, foi
● Art. 18. As
polícias militares
e os corpos de
bombeiros

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