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Material revisado e atualizado em 23/06/2021

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Aula 07 -
ATOS ADMINISTRATIVOS – P2
CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS 3
QUANTO À FORMAÇÃO DA VONTADE 3
QUANTO AO GRAU DE LIBERDADE 5
QUANTO AOS DESTINATÁRIOS 5
QUANTO AOS EFEITOS 6
QUANTO À IMPERATIVIDADE 6
QUANTO À SITUAÇÃO DE TERCEIROS 7
QUANTO AOS REQUISITOS DE VALIDADE 7
QUANTO AOS REQUISITOS DE EFICÁCIA 8
ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS 8
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS 15
CONVALIDAÇÃO OU SANATÓRIA 18
CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

QUANTO À FORMAÇÃO DA VONTADE


● Atos Simples: são aqueles editados a partir da vontade de um único órgão
público, ainda que colegiado. Como exemplo temos o ato de demissão de
servidor público expedido pelo Governador do Estado (ato simples singular).
● Atos Complexos: são aqueles elaborados pela manifestação autônoma de dois
ou mais órgãos. Há apenas um único ato administrativo, contudo, elaborado
pela vontade de órgãos diferentes. São necessárias duas ou mais manifestações
de vontade independentes, de órgãos distintos, que se fundem para a formação
de um único ato.
o O Supremo Tribunal Federal classifica como complexos:
o o ato de concessão de aposentadoria é complexo, aperfeiçoando-se
somente após a sua apreciação pelo Tribunal de Contas da União;
o nomeação de juiz do quinto constitucional: ato complexo de cuja
formação participam o Tribunal e o Presidente da República:
competência originária do STF.
o Como ensina Cyonil Borges e Adriel Sá, o ato complexo pode ser externo
(heterogêneo) ou interno (homogêneo).

o É considerado externo quando decorre da manifestação de órgãos de


Poderes distintos, a exemplo: 1) da nomeação, pelo Presidente da
República, de autoridade constante em lista tríplice elaborada por
Tribunal, depois da aprovação do nome da autoridade pelo Senado
Federal; 2) do ato de aposentadoria emitido pelo órgão de controle
interno, porém, sujeito à apreciação de legalidade pelo Tribunal de
Contas (entendimento do STF no MS 25.552/DF).

o Por outro lado, é considerado interno quando editado por estruturas de


um mesmo Poder, a exemplo do decreto assinado pelo chefe do Poder
Executivo e referendado por um ministro de Estado, art. 87, parágrafo
único, I, CF/ 88:

Art. 87. Os Ministros de Estado serão escolhidos dentre


brasileiros maiores de vinte e um anos e no exercício dos
direitos políticos.

Parágrafo único. Compete ao Ministro de Estado, além de


outras atribuições estabelecidas nesta Constituição e na lei:

I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos


órgãos e entidades da administração federal na área de sua
competência e referendar os atos e decretos assinados
pelo Presidente da República;

ATO COMPLEXO PROCESSO ADMINISTRATIVO

Somente se aperfeiçoam com a É uma série concatenada de atos


manifestação de vontade de todos os perfeitos e válidos. Cada ato do processo
órgãos envolvidos na sua edição. tem “vida própria”.

São impugnados, judicial ou Cada ato do processo é passível de


administrativamente, como um todo impugnação, administrativa ou judicial,
indivisível. de forma independente.

Segundo o STF, é possível o questionamento de cada ato componente do


caminho formativo da manifestação da vontade final, isto é, apesar de o ato complexo
ser um ato único, cada uma das manifestações pode ser questionada, a partir do
momento em que for emitida. (STF. Rcl 10707 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO,
Tribunal Pleno, julgado em 28/05/2014)

Com efeito, se o ato ainda está formação, é válido impetrar mandado de


segurança contra atos e/ou omissões imputáveis a cada um dos órgãos intervenientes
na elaboração dos atos complexos. Portanto, é autoridade coatora qualquer uma que
esteja atuando na formação do ato complexo. (STF. Rcl 10707 AgR, Relator(a): Min.
CELSO DE MELLO, Tribunal Pleno, julgado em 28/05/2014)

Contudo, se o ato complexo já estiver finalizado e, portanto, a última autoridade


incumbida de se pronunciar já houvesse se manifestado, contra esta deveria ser
impetrado o mandado de segurança.

● Atos Compostos: são aqueles que resultam da manifestação de dois ou mais


órgãos, em que a vontade de um é instrumental em relação à do outro (existem
dois atos).

QUANTO AO GRAU DE LIBERDADE


● Atos Vinculados: são aqueles com os requisitos e condições de sua realização
completamente fixados em lei, não deixando qualquer liberdade de escolha
para o agente público. Não há liberdade para o administrador agir de forma
diferente daquela estritamente prevista na norma jurídica.
● Atos Discricionários: são aqueles em que o agente público, dentro de
determinados parâmetros previamente definidos em lei, goza de relativa
liberdade de escolha quanto ao motivo e ao objeto. Envolvem margem de
liberdade por parte do agente público que pode analisar a conveniência e a
oportunidade para sua edição. Ou seja, o agente público tem liberdade para,
dentro dos limites da lei, determinar: “se, como e quando” o ato administrativo
será editado.

QUANTO AOS DESTINATÁRIOS


● Atos Gerais: são aqueles dotados de “generalidade e abstração” e editados sem
destinatários determinados, alcançando todos os sujeitos que se encontrem na
mesma situação de fato abrangida por seus preceitos.
● Atos Individuais: são todos aqueles que se dirigem a destinatários certos,
criando-lhes situação jurídica particular. É possível que o ato individual se refira
a vários indivíduos, mas desde que estejam especificamente identificados no
ato. Neste caso, o ato individual é considerado um ato múltiplo (pois atinge mais
de um indivíduo), diferente do ato individual singular, o qual atinge apenas um
destinatário.

QUANTO AOS EFEITOS


● Atos Constitutivos: são aqueles que criam, modificam ou extinguem direitos
(exemplos: nomeação de servidor público; promoção de empregado público).
Os atos constitutivos que restringem direitos dos administrados também são
chamados de atos ablativos (ou ablatórios).
● Atos Declaratórios: são aqueles que visam atestar um fato, ou reconhecer um
direito ou uma obrigação que já existia antes do ato (exemplos: certidão
negativa de débito fiscal expedida pela Secretaria de Fazenda).
● Atos Enunciativos: são aqueles que atestam determinados fatos ou direitos,
bem como envolvem, eventualmente, juízos de valor (exemplos: certidão que
atesta o tempo de serviço do servidor; pareceres que retratam juízos de valor
dos agentes públicos).

QUANTO À IMPERATIVIDADE
● Atos de Império: são aqueles que a Administração Pública edita usando de sua
supremacia sobre os administrados (poder extroverso), criando para eles
obrigações ou restrições, de forma unilateral.
● Atos de Gestão: são aqueles que a Administração expede na qualidade de
gestora de seus bens e serviços, sem usar de sua supremacia sobre os
destinatários. São executados pelo Poder Público sem as prerrogativas de
Estado, estando a Administração em patamar de igualdade com o particular.
● Atos de Expediente: são aqueles que se destinam a dar andamento aos
procedimentos administrativos, sem qualquer conteúdo decisório.
QUANTO À SITUAÇÃO DE TERCEIROS
● Atos Internos: são aqueles que produzem efeitos somente no âmbito da
Administração Pública, atingindo apenas órgãos e agentes públicos.
● Atos Externos: são aqueles cujos efeitos atingem pessoas de fora da entidade
que o produziu.

QUANTO AOS REQUISITOS DE VALIDADE


● Atos Válidos: são aqueles praticados em conformidade com a lei, sem qualquer
vício em sua formação.
● Atos Nulos: são aqueles que nascem com vício insanável por ausência ou defeito
substancial em um dos seus elementos constitutivos. Pelo atributo da
presunção de legitimidade dos atos administrativos (visto na aula passada), o
administrado não pode se negar a dar cumprimento ao ato nulo até que a
nulidade seja reconhecida e declarada pela Administração (autotutela) ou pelo
Judiciário.
● Atos Anuláveis: são os que apresentam defeito sanável, ou seja, passível de
convalidação pela própria Administração. O ato anulável é “passível de
convalidação”. A anulação do ato administrativo tem prazo para ser realizada
conforme o art. 54 da Lei 9784/99:

Art. 54. O direito da Administração de anular os atos


administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os
destinatários decai em cinco anos, contados da data em
que foram praticados, salvo comprovada má-fé.

§ 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de


decadência contar-se-á da percepção do primeiro
pagamento.

§ 2º Considera-se exercício do direito de anular qualquer


medida de autoridade administrativa que importe
impugnação à validade do ato.

● Atos Inexistentes: são os que apenas têm aparência de manifestação regular da


vontade da Administração, mas, em verdade, não chegam a entrar no mundo
jurídico, por absoluta falta de um elemento essencial. Exemplo clássico de ato
inexistente é aquele praticado por usurpador de função (indivíduo que se passa
por agente público sem ter sido investido em nenhum cargo).
● Fique claro, porém, que mesmo os atos nulos necessitam de contraditório e
ampla defesa para serem afastados. (STF. RE 452721, Relator(a): Min. Gilmar
Mendes, Segunda Turma, julgado em 22/11/2005)

QUANTO AOS REQUISITOS DE EFICÁCIA


● Atos Perfeitos: são aqueles que concluíram todas as fases de formação, são atos
“acabados”. Lembre-se que o ato perfeito não se confunde com o ato válido. A
perfeição se refere ao processo de elaboração do ato (é perfeito o ato que
contém todos os elementos previstos na lei).
● Atos Eficazes: são aqueles que, além de perfeitos, já estão aptos a produzir
efeitos, não dependendo de nenhum evento posterior.
● Atos Pendentes: são os perfeitos, mas que dependem de algum evento
posterior (termo ou condição) para produzir efeitos.
● Atos Consumados: são os que já produziram todos os efeitos que poderiam
produzir.

ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS

● Atos Normativos: são comandos gerais e abstratos proferidos pela


Administração Pública, cujo objetivo é a fiel execução da lei. Os atos normativos
podem ser considerados como leis em sentido material e atos administrativos
em sentido formal. Não são leis em sentido estrito. Os atos normativos
decorrem do Poder Normativo ou Regulamentar da Administração e
subdividem-se em algumas espécies:
o Decreto: são atos administrativos de competência exclusiva dos Chefes
do Executivo, destinados a prover situações gerais ou individuais.
o Em resumo, a corrente que prevalece é aquela capitaneada por Maria
Sylvia Zanella Di Pietro e adotada pelo STF e pelo STJ, de que os
Decretos/Regulamentos autônomos passaram a ser admitidos no Brasil
com a edição da Emenda Constitucional nº 32/2001, mas apenas
excepcionalmente nas hipóteses do art. 84, VI, da CF/88:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da


República:

(...)

VI – dispor, mediante decreto, sobre:

a) organização e funcionamento da administração federal,


quando não implicar aumento de despesa nem criação ou
extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

o Regimento: Os regimentos são atos administrativos normativos que


estabelecem regras de funcionamento e de organização dos órgãos
colegiados.
o Resolução e instrução normativa: são expedidas pelas altas autoridades
do Executivo ou pelos presidentes dos Tribunais e órgãos legislativos,
para disciplinar matéria de sua competência específica.
● Os atos normativos que extrapolem o comando legal podem ser suspensos pelo
Congresso Nacional conforme o art. 49 da CF:

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

(...)
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que
exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de
delegação legislativa;

No mais, uma vez que são atos destinados a atender à generalidade das
situações e dos administrados, sua validade depende da publicação no Diário Oficial,
sendo desnecessária a intimação pessoal dos afetados. (STJ. MS 14.686/DF, Rel.
Ministro Jorge Mussi, Terceira Seção, julgado em 13/09/2017)

Em síntese, não é possível que os atos normativos sejam objeto de ação do


controle concentrado pois entre eles e a Constituição haverá um diploma legal
intermediário (ou interposto), normalmente uma lei. No entanto, excepcionalmente, o
ato administrativo que inovou na ordem jurídica, ou seja, que não guarda relação com
uma norma primária, poderá ser atacado na via do controle concentrado.

Nesse sentido, há um interessante precedente do STF em que se entendeu não


caber à unidade federativa (um Estado) a edição de decreto para conceder isenção de
ICMS, sem que houvesse um convênio celebrado no âmbito do CONFAZ1 que o
sustentasse. Nesse caso, coube o controle do ato via ADI, pois houve inovação indevida
no ordenamento. (STF. ADI 3664, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, Tribunal Pleno,
julgado em 01/06/2011)

● Atos Ordinatórios: decorrem do poder hierárquico e orientam os agentes


públicos subordinados no exercício das funções que desempenham. Os atos
ordinatórios restringem-se ao interior da Administração e somente alcançam os
servidores que estão subordinados à chefia que os expediu.
● Atos Negociais: são aqueles nos quais ocorre uma coincidência da pretensão do
particular no tocante ao que deseja a Administração Pública. Os atos negociais
estabelecem efeitos jurídicos entre a Administração Pública e os administrados,

1
Conselho Nacional de Política Fazendária. Este órgão detém interessantes atribuições voltadas
a minimizar os efeitos da guerra fiscal entre os estados. Você o estudará melhor com o Professor
Leonardo em Direito Tributário.
impondo a ambos a observância de seu conteúdo e o respeito às condições de
sua execução.
o Espécies:
o Autorização: É o ato administrativo unilateral, discricionário e precário
pelo qual a Administração Pública faculta o uso de bem público a
particular para atender ao seu interesse privado ou faculta a prestação
de serviço público, ou ainda para a prática de determinada conduta.
o Permissão: É ato administrativo unilateral, discricionário e precário pelo
qual a Administração faculta o uso de bem público a particular, mas
diferencia-se da autorização por visar atender a interesse do particular e
da coletividade. O ato será discricionário e precário.
o Saliente-se, ainda, que embora discricionária, a permissão deve
resguardar o princípio da impessoalidade, de modo que sempre que
possível, será outorgada mediante licitação ou, no mínimo, com
obediência a procedimento em que se assegure tratamento isonômico
aos administrados. (STJ. Resp 904676/DF, Rel. Min. Luiz Fux, 1ª Turma, j.
18/11/2008)

a) permissão de uso de bem público: é ato administrativo unilateral,


discricionário e precário, é o que estamos estudando agora;
b) permissão se serviços públicos: é contrato administrativo de adesão,
precedido de licitação pública, nos termos do art. 40 da Lei 8.987/95:

Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada


mediante contrato de adesão, que observará os termos
desta Lei, das demais normas pertinentes e do edital de
licitação, inclusive quanto à precariedade e à
revogabilidade unilateral do contrato pelo poder
concedente.

o Licença: É o ato administrativo vinculado pelo qual a Administração, após


verificar que o administrado preenche todos os requisitos estabelecidos
pela lei, libera o desempenho de atividade material.
o No caso peculiar de licença para construção e reforma, tanto a doutrina
como a jurisprudência se firmaram no sentido de que é possível a sua
revogação, desde que justificada por razões de interesse público
superveniente, mas com indenização ao particular pelos prejuízos
comprovados. (STJ. STJ – Resp 1011581/RS, Rel. Min. Teori Albino
Zavascki, 1ª Turma, j. 07/08/2008)

AUTORIZAÇÕES PERMISSÕES LICENÇAS

O objeto é o uso de bem O objeto é o uso de bem O objeto é uma atividade


público a particular; a público por particular. material prestada pelo
prestação de serviço particular.
público; ou a prática de
determinada conduta.

São discricionárias. São discricionárias. São vinculadas.

São revogáveis (ato São revogáveis (ato Em regra, não são revogáveis
precário). precário). (ato definitivo).

● Atos Enunciativos: são todos aqueles em que a Administração se restringe a


certificar ou a atestar um fato constante de registros, processos e arquivos
públicos ou emitir opinião sobre determinado assunto.
o Espécies:
o Pareceres: são atos administrativos que expressam a opinião do agente
público sobre determinada questão fática, técnica ou jurídica. Em regra,
os pareceres não vinculam a decisão administrativa. Como exemplo veja
o que dispõe o art. 40 da LC 70/93:

Art. 40. Os pareceres do Advogado-Geral da União são por


este submetidos à aprovação do Presidente da República.

§ 1º O parecer aprovado e publicado juntamente com o


despacho presidencial vincula a Administração Federal,
cujos órgãos e entidades ficam obrigados a lhe dar fiel
cumprimento.

Nesse tema, por ser um excelente apanhado do quadro jurisprudencial, vale


compartilhar as conclusões da Procuradora do Estado do Paraná Amanda Louise Ramajo
Corvello Barreto:

Assim, tem-se que a jurisprudência do Supremo Tribunal


Federal, até o momento, é no seguinte sentido: 1) o Advogado
Público parecerista pode ser chamado a prestar informações
perante o Tribunal de Contas, desde que se trate de aprovação
de minuta de edital de licitação, contratos, acordos, convênios e
ajustes, nos termos previstos no parágrafo único do art. 38 da
Lei n. 8666/1993; 2) o Advogado Público é responsável
civilmente pelos danos causados se decorrente de erro grave e
inescusável, ou ato comissivo ou omissivo praticado com culpa
em sentido lato (dolo e culpa grave); 3) para parte dos
Ministros, que aliás, não compõe mais a Corte, nos casos em que
o parecer é vinculante, haveria possibilidade de o consultor
público responder solidariamente com o administrador pelo ato
administrativo; 4) é abusiva a responsabilização do parecerista
com base no alargamento do nexo de causalidade entre o dano
ao erário e o parecer.

Já o posicionamento do Tribunal de Contas da União em relação


à responsabilização do Advogado Público parecerista é muito
mais ampla. O entendimento consolidado é de que o Advogado
de Estado parecerista, independentemente da espécie de
parecer, responde solidariamente com o administrador público
pela irregularidade na aplicação de recursos públicos, por erro
grosseiro ou atuação culposa em sentido largo. Considera-se que
o parecer integra e motiva o ato administrativo emitido pelo
ordenador de despesa.

o Certidões: são atos que reproduzem cópias dotadas de fé pública de


registro de alguma informação de que disponha a Administração em seus
arquivos, expedidas em razão de solicitação do requerente.
o Atestados: são atos administrativos parecidos com as certidões, pois
também declaram a existência ou inexistência de fatos administrativos.
o Apostilamentos: a Administração acrescenta informações constantes em
um registro público. Apostilar significa acrescentar algo ao registro,
incluir informações faltantes ou alterá-lo, no caso de conter descrição
não condizente com a realidade.
● Atos Punitivos: são os instrumentos por meio dos quais a Administração aplica
uma sanção a servidores ou aos administrados. Os atos punitivos internos têm
como destinatários os próprios agentes públicos. São exemplos as penalidades
disciplinares. Já os atos punitivos externos têm como destinatários os
particulares que pratiquem infrações administrativas em geral.

ESPÉCIES DOS ATOS ADMINISTRATIVOS


Decreto ou Regulamento
Instrução Normativa
ATOS NORMATIVOS Regimento
Deliberação
Resolução
Circular
Portaria
ATOS ORDINATÓRIOS Ordem de serviço
Ofício
Despacho
Autorização
Permissão
ATOS NEGOCIAIS Licença
Admissão
Aprovação
Homologação
Atestado
ATOS ENUNCIATIVOS Certidão
Apostila ou Averbação
Parecer
ATOS PUNITIVOS Poder Disciplinar
Poder de Polícia

EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

● Extinção formal ou natural: extingue-se naturalmente quando produz seus


efeitos ou no advento do prazo nele estipulado.
● Extinção Subjetiva: é a extinção dos efeitos do ato administrativo que acontece
quando desaparece o destinatário/sujeito do ato.
● Extinção Objetiva: ocorre quando desaparece o objeto da relação jurídico.
● Extinção por vontade do particular: em duas hipóteses, o ato administrativo
pode ser extinto a pedido do próprio interessado: renúncia e recusa.
● Extinção por ato da Administração: por força do princípio da autotutela
administrativa, a extinção dos atos administrativos pode ocorrer por
manifestação de vontade da Administração Pública.
o Caducidade: Trata-se de extinção pela superveniência de lei que impede
a manutenção do ato inicialmente válido. O ato torna-se ilegal em
virtude da alteração legislativa.
o Contraposição: um ato administrativo novo se contrapõe a um ato
anterior, extinguindo seus efeitos.
o Cassação: consiste em invalidar um ato que nasceu regular, mas se
tornou irregular durante sua execução. Assim, a cassação ocorre pelo
descumprimento de condição fundamental.
o Anulação: também conhecida como invalidação, é o desfazimento do ato
administrativo por questões de legalidade ou de legitimidade.
o Súmula 473-STF: A administração pode anular seus próprios atos,
quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se
originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos
os casos, a apreciação judicial.
o Segundo o STF, a prerrogativa de a Administração Pública controlar seus
próprios atos não prescinde (não dispensa) a instauração de processo
administrativo no qual sejam assegurados o contraditório e a ampla
defesa.
o Atente-se, ainda, que as recentes alterações na LINDB:

Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa,


controladora ou judicial, decretar a invalidação de ato,
contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá
indicar de modo expresso suas consequências jurídicas e
administrativas.

Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste


artigo deverá, quando for o caso, indicar as condições para
que a regularização ocorra de modo proporcional e
equânime e sem prejuízo aos interesses gerais, não se
podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que,
em função das peculiaridades do caso, sejam anormais ou
excessivos.

Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora


ou judicial, quanto à validade de ato, contrato, ajuste,
processo ou norma administrativa cuja produção já se
houver completado levará em conta as orientações gerais
da época, sendo vedado que, com base em mudança
posterior de orientação geral, se declarem inválidas
situações plenamente constituídas.

Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as


interpretações e especificações contidas em atos públicos
de caráter geral ou em jurisprudência judicial ou
administrativa majoritária, e ainda as adotadas por prática
administrativa reiterada e de amplo conhecimento público.

o Revogação: trata-se da extinção de ato administrativo legal por motivo


de oportunidade e conveniência, ou seja, por razões de mérito.
o A competência para revogar atos administrativos é exclusiva da
Administração Pública, seja através do órgão que o editou, seja através
de outro órgão com competência para tanto. Nesse sentido, o art. 64, da
Lei nº 9.784/99:

Art. 64. O órgão competente para decidir o recurso poderá


confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou
parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua
competência.

ANULAÇÃO REVOGAÇÃO

Competência da Administração Pública Competência apenas da Administração


(de ofício ou mediante provocação) e do Pública (de ofício ou mediante
Poder Judiciário (apenas mediante provocação).
provocação).
Ocorre por razões de ilegalidade (ou Ocorre por juízo de conveniência e
ilegitimidade). oportunidade (mérito administrativo).

Efeitos “ex tunc” (retroagem) Efeitos “ex nunc” (não retroagem)

CONVALIDAÇÃO OU SANATÓRIA
● A convalidação (ou sanatória) é o ato privativo da Administração Pública,
dirigido à correção de vícios presentes nos atos administrativos. Convalidar é
tornar válido. A doutrina tradicional não admitia essa possibilidade.
o Maria Sylvia Zanella de Pietro, a convalidação ou saneamento “é o ato
administrativo pelo qual é suprido o vício existente em um ato ilegal, com
efeitos retroativos à data em que este foi praticado”.
● Se o interesse público exigir e for sanável o vício, o ato administrativo pode
ser convalidado, em razão da oportunidade e conveniência, desde que a
convalidação não cause prejuízo a terceiros. A má-fé do particular impede a
convalidação do ato administrativo.
● Com efeito, se o interesse público exigir e for sanável o vício, o ato
administrativo pode ser convalidado, em razão da oportunidade e conveniência,
desde que a convalidação não cause prejuízo a terceiros, como termina o art.
55 da lei 9.784/99:

Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem


lesão ao interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos
que apresentarem defeitos sanáveis poderão ser
convalidados pela própria Administração.

● Requisitos para a convalidação:


o Ausência de prejuízo a terceiros (legal);
o Inexistência de dano ao interesse público (legal);
o Presença de defeitos sanáveis (legal);
o Ausência de má-fé (doutrinário);
● Convalidação é ato discricionário ou vinculado?
o Celso Antônio Bandeira de Mello considera a convalidação um ato
vinculado. Para o autor, a Administração não tem poderes para escolher
livremente entre convalidar ou anular um ato.
o Ante a intensa divergência doutrinária, penso que o mais seguro para
fins de concurso público é ficar com a letra fria da lei. Assim, se deve
entender que a Administração “pode” convalidar os atos com defeitos
sanáveis.

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