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ATOS ADMINISTRATIVOS

Atos administrativos x
Fatos Administrativos
 Fato é todo evento ou acontecimento que
ocorre no mundo, independente da vontade
do agente, pode ser um evento natural ou
até mesmo um comportamento. Acaso esse
evento tenha repercussão na esfera
jurídica, será denominado fato jurídico, e,
se atingir, especificadamente, o direito
administrativo, receberá a denominação de
fato administrativo.
Ato é uma manifestação de vontade.
Representa uma conduta que, caso
atinja o mundo jurídico, recebe a
denominação de ato jurídico e, caso
atinja o mundo jurídico, recebe a
denominação de ato jurídico e, caso
toque o direito administrativo, a de
ato administrativo.
CONCEITO DE ATOS DA ADMINISTRAÇÃO:

Atos jurídicos, ou não, por meio dos


quais a Administração emite uma
declaração de vontade para executar a
lei aos casos concretos e fazer
prevalecer o interesse público sobre os
interesses particulares, no
desempenho das suas atividades.
CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS DA
ADMINISTRAÇÃO (CELSO ANTÔNIO):
Atos Jurídicos Regidos pelo Direito
Privado
Atos Materiais = FATO ADMINISTRATIVO

Atos Políticos ou de Governo


ATOS ADMINISTRATIVOS (espécie do
gênero ‘Ato da Administração’).
É um ato jurídico por meio do qual o
Estado, ou quem lhe faça as vezes, exprime
uma declaração unilateral de vontade, no
exercício de suas Prerrogativas Públicas,
consistentes em providências jurídicas
complementares da Lei, a título de lhe dar
execução, sujeitas ao controle de
legitimidade pelo Judiciário, no
desempenho de atividades essencialmente
administrativas da gestão dos interesses
coletivos.
FASES DE CONSTITUIÇÃO DO ATO
ADMINISTRATIVO
 Para que, regularmente, produza efeitos,
no mundo jurídico, o ato administrativo
deve ultrapassar algumas fases
indispensáveis à sua criação.

 A) Perfeição;
 B) Validade;
 C) Eficácia.
OBS.
A eficácia é a aptidão para produção de
efeitos concedida ao ato administrativo.
Alguns têm eficácia imediata, logo após a
publicação, mas outros podem ter sido
editados com previsão de termos iniciais ou
condições suspensivas.
Atributos e Qualidades dos Atos Administrativos:

 Presunção de Legitimidade, juris tantum: o ato


administrativo presume-se editado de acordo com
as normas e princípios gerais de Direito
 Presunção de Veracidade, relativa: corresponde à
verdade de fato -> Fé Pública
 Imperatividade:não é atributo de todo ato, e sim
dos atos que encerram obrigações para os
administrados.
 Coercitividade dos atos administrativos,
decorrentes da imperatividade: só poderá haver
resistência judicial ao ato, enquanto isso não
ocorrer, o particular estará a ele obrigado.
 Exigibilidade: capacidade de exigir que a
obrigação imposta ao administrado seja cumprida.
 Auto-Executoriedade: Esse atributo tem que vir
expresso em lei, salvo se não for possível outra
solução no caso concreto.
 Tipicidade: todo ato administrativo está
previamente tipificado em lei.
Elementos e Requisitos dos Atos Administrativos:

A Doutrina Majoritária aponta cinco


elementos, com base na Lei de Ação
Popular 4717/65, art.2°, a falta de um dos
requisitos torna o ato inválido (anulável,
podendo ser sanado).
 Competência/Sujeito: Conjunto de atribuições
definidas por Lei, conferida aos órgãos e agentes
públicos para, em nome do Estado, exprimir a
declaração de vontade do mesmo através dos atos
administrativos. Decorre sempre da Lei, é sempre
Vinculada, portanto, mesmo quando o ato é
discricionário, sem o qual o ato é inválido.
 Finalidade: A Finalidade Específica de cada ato
está sempre prevista em Lei, é sempre elemento
vinculado, mesmo que ato seja discricionário.
*Obs -> Não pode existir ato administrativo
Inominado.

 Forma: É o revestimento do Ato Administrativo. É,


em regra, escrito e no idioma nacional, a forma
está prescrita em Lei, (requisito vinculado).
 Exceções à forma prescrita em Lei: quando a lei
se omitir a respeito da forma, está será livre,
poderá ser oral, através de gestos, placas.

 *Obs: diferencia-se de Formalidade -> não é


elemento de todo ato administrativo, é uma
solenidade especial para prática de determinados
atos que a exigem. O não cumprimento da
formalidade torna o ato irregular, já o vício de
forma gera nulidade. Ex. Regulamento (o Decreto
é ato administrativo que serve como formalidade
para eficácia do regulamento)
 Motivo: Razão de fato ou de direito que autoriza
ou determina a prática do ato por parte da
Administração. O motivo será elemento Vinculado
quando o Ato for Vinculado; Será Discricionário
quando o Ato assim o for (ocorre quando a lei não
elenca o motivo, deixando que a administração o
pondere).
 *Obs: Diferencia-se de Motivação (Princípio
Constitucional, é a exigência da Administração em
revelar, manifestar os motivos do ato) Teoria dos
Motivos Determinantes: O motivo revelado pela
Administração para a prática do ato deve ser
seguido estritamente, sob pena de invalidade do
ato. Os motivos determinam e condicionam a
validade do ato.
 Objeto/Conteúdo: É o próprio conteúdo,
disposição jurídica do ato (o que o ato dispõe
juridicamente). É a própria essência do ato, a
própria administração vai escolher qual o seu
objeto. É elemento discricionário, quando o ato
for discricionário, ou vinculado, quando o ato
assim o for. Ex. Remoção (o objeto é a própria
remoção).
*OBS. Corrente Minoritária (Diógenes Gasparini,
Celso Antônio) existem mais 02 Elementos:

 Causa: Exigência de correlação, ou relação de


pertinência lógica entre o motivo e o conteúdo do
ato à luz de sua finalidade, sobretudo nos atos
discricionários.
 Conteúdo (separado do objeto): Seria a própria
disposição do ato, enquanto o objeto seria aquilo
sobre o qual o conteúdo incide, coisa ou relação
jurídica sobre o qual recai o ato.
Classificação dos Atos Administrativos:
 Quanto à Vontade para a Formação do Ato:

 a) Simples (01 vontade): É todo ato administrativo que decorre


de uma única vontade, expressada por um único órgão ou
agente público, a maioria dos atos é simples (ex: nomeação,
exoneração). Pouco importa se o órgão é singular ou colegiado.
 b) Complexo (01 + 01 vontade): Ato cuja formação depende de
mais 01 ou mais vontade emanada por mais de um órgão. Ex.
Promoção por merecimento dos desembargadores dos TRF´s (o
TRF forma uma lista tríplice -> a encaminha para o Presidente
-> que escolherá 01 dentre os 03 nomes).
 c) Composto (01 + 01 vontade): Decorre de uma
única vontade, emanada de 01 único agente ou
órgão público, mas que depende de uma vontade
acessória de outro agente ou órgão para lhe dar
eficácia e validade.
O Ato composto depende de aprovação
discricionária, prévia ou posterior.
Quanto aos Destinatários do Ato:
 a)Geral: São Atos Normativos (sempre atos
gerais). Têm como destinatários os
indivíduos em geral, incertos e
indeterminados.

 b)Individuais: Atinge pessoa determinada,


ou pessoas determinadas. Ex. nomeação,
exoneração.
Quanto aos Efeitos do Ato:
 a) Constitutivo: Decorre sempre do exercício do
juízo discricionário por parte da administração.
Quando seus efeitos se prestarem a criar, inovar,
construir uma situação jurídica antes inexistente.
Ex. Autorização, permissão.

 b) Declaratórios: Os efeitos se destinam a
reconhecer uma situação jurídica preexistente.
Ex. Todos os atos vinculados.
 c) Enunciativos: Emitem um juízo de
conhecimento ou opinião sobre uma situação de
fato ou de direito conhecida pela Administração
Pública. Não constituem, nem declaram, apenas
emitem juízo de opinião. Ex. certidões,
declarações.
Quanto ao Conteúdo do Ato:
 Atos negociais – atos nos quais a manifestação de
vontade do estado coincide com o requerimento
do particular.

 a) Autorização: Ato administrativo discricionário,


unilateral, precário, gratuito ou oneroso através
do qual a Administração faculta a um terceiro
interessado o exercício de uma atividade material
ou uso em caráter privativo de um bem público,
ou a prestação em caráter precaríssimo de um
determinado serviço público.
 b) Permissão: Discricionário, Precário
(menos que a autorização), através do qual
a Administração faculta ao particular
interessado o uso privativo de um bem
público, ou prestação de um serviço público
também em razão de interesse público, que
neste caso é predominante.
 c) Licença: Ato vinculado e definitivo, através do
qual a administração reconhece um direito
subjetivo do administrado, ora para exercer
atividade material, ora para exercer atividade
jurídica, condicionadas no seu exercício ao prévio
reconhecimento por parte da administração (a
Lei, ao tempo que reconhece um direito ao
administrado, condiciona o seu exercício a esse
prévio reconhecimento).
 d)Admissão: Não é ato de provimento. É
Ato Vinculado, através do qual a
Administração reconhece ao administrado o
direito de usufruir um serviço público. Ex.
matrícula em escola ou universidade
pública.
Normativos: atos que exprimem normas gerais

 a) DECRETO (Chefes de Executivo): Só são


emanados pelos Chefes de Executivo (prefeito,
presidente e governador) podem expedir decreto
p/ formalizar determinado ato administrativo,
tendo por destinatários pessoas incertas e
indeterminadas. Ex. Decreto Expropriatório
(formaliza, dá solenidade à desapropriação, sem o
decreto a desapropriação é nula).
 b) RESOLUÇÕES: Atos Administrativos formais que
os órgãos colegiados exprimirem as suas
deliberações a respeito de determinada matéria.
Ex. Agencias Reguladoras possuem órgãos
colegiados que podem expedir resoluções. A
Resolução formaliza o ato do órgão colegiado. Não
pode ser expedida por órgão singular. Resoluções
Administrativo-Normativas: São as Resoluções com
efeitos gerais e abstratos. Obs: Diferenciam-se das
Resoluções Legislativas, que são lei em sentido
amplo, embora de efeito interno à câmara
legislativa.
 c) INSTRUÇÕES (Ministros e Secretários): Tem
caráter abstrato, são atos formais através dos
quais a Administração expede normas gerais de
orientação interna.
Atos ordinatórios: atos de organização
interna da atividade pública:

 a) ORDEM DE SERVIÇO: Finalidade de distribuir e


ordenar o serviço interno do órgão, escalonando
entre os setores e servidores.
 b) PORTARIA - Ato administrativo individual que
estipula ordens e determinações internas e
estabelece normas que geram direitos ou
obrigações internas a indivíduos específicos.
 c) CIRCULARES - Para a edição de normas
uniformes a todos os servidores, subordinados a
um determinado órgão.

 D) Despacho - Por ele as autoridades públicas


proferem decisões (finais ou interlocutórias no
processo administrativo) acerca de determinadas
situações específicas, de sua responsabilidade
funcional.
 Memorando - Ato de comunicação interna, entre
agentes de um mesmo órgão público, para fins de
melhor executar a atividade pública (entre
setores de uma mesma estrutura orgânica).

 Ofício - Ofício Ato emanado para garantir


a comunicação entre autoridades públicas ou
entre estas e particulares, destinados à
comunicação externa, também podendo ser
utilizado com a intenção de encaminhar
informações ou efetivar solicitações.
 Atos Punitivos: atos de aplicação de
penalidades.

 Atosenunciativos: atos que atestam fatos


ou emitem opiniões.
Extinção dos Atos Administrativos

 a) Cumprimento dos efeitos do ato.

 b)Desaparecimento da pessoa ou do objeto


da relação que o ato constituiu.

 c) Renúncia: Pedido de Exoneração.


 d) Retirada do Ato anterior por outro ato
posterior:

A. CASSAÇÃO: a ilegalidade é superveniente à


edição do ato.

B. CADUCIDADE: incompatibilidade do ato


anteriormente editado que antes não existia.

C. CONTRAPOSIÇÃO/DERRUBADA : Edição de novo


ato contrário, (ex. demissão).
D. REVOGAÇÃO; Causa de extinção ou supressão do
ato administrativo válido e de seus efeitos, por
razões de conveniência e oportunidade.

1. Sujeito Ativo da Revogação: Só a própria


Administração, no âmbito de cada Poder da
República. Não é possível a revogação judicial de
um ato administrativo. Os outros Poderes poderão
revogar seus próprios atos administrativos.
 Obs.: O Judiciário não poderá revogar ato
administrativo no exercício de sua função
típica, que é a função jurisdicional, já que
não pode adentrar no mérito
administrativo.
2. Objeto da Revogação: Só o Ato Válido poderá ser
revogado. Apesar de válido, o ato torna-se
inconveniente à Administração.

3. Fundamento: Existência de uma competência


discricionária para rever a conveniência e
oportunidade dos atos anteriormente editados.
 4. Limites (atos irrevogáveis são a
exceção):

 -> Atos Vinculados são irrevogáveis: Ex.


Revoga-se uma autorização, nunca uma
licença.

 -> Atos que já Exauriram seus Efeitos (atos


Consumados).
 Obs: STF: Não há Direito Adquiridos a Regime
Jurídico. Súm. 473: Poder de Autotutela da
Administração. A Administração pode revogar seus
próprios atos, respeitado o dir. adquirido.

 -> Atos Meramente Enunciativos: Ex. Certidão


Negativa de Débito.
 5.Motivos da Revogação: Juízo de Conveniência e
Oportunidade. O ato deixa de ser conveniente e
oportuno.

 6. Efeitos da Revogação: Ex-Nunc. Impede a


produção dos efeitos futuros do ato,
permanecendo os efeitos pretéritos.
INVALIDAÇÃO: vício na origem.
 1. Conceito: Causa de Extinção ou supressão de
Ato Administrativo Inválido ou Viciado, por razões
exclusivamente de Legalidade ou Legitimidade.

 2. Sujeito Ativo: Administração Pública (Poder de


Auto-tutela, Controle Interno) e o Judiciário
(controle externo judicial, quando provocado por
terceiros). Só o Judiciário pode Invalidar atos de
todos os Poderes.
 3. Objeto: Ato Viciado, Ilegal, contrário ao
Direito.

 4. Motivos: Ilegalidade, Ilegitimidade do Ato.

 5. Efeitos: Ex-Tunc para os atos que atinjam


pessoas indeterminadas, para atos restritivos dos
Direitos dos administrados.
 Para os terceiros de Boa-fé e para os Atos
ampliativos dos Direitos do administrado: A
Invalidação terá efeito Ex-Nunc.
 6.Prazo Decadencial: A Administração Pública tem
05 anos para declarar a Invalidação do Ato.
Passados os 05 anos, a Administração não poderá
mais invalidá-la -> Convalidação Temporal.

 Obs. Ação Judicial p/ Anulação de Ato


Administrativo: Prazo Prescricional de 05 anos.
7. Espécies de Invalidação (Lei 9784/99, art.55):

 Nulidade (atos nulos):

• Não podem ser reeditados, não são


convalidáveis;

• Quando o Vício atingir a finalidade, o motivo ou


o objeto, o ato será nulo, não convalidável, não
reeditável.
• Podem ser Convertidos: Mudança de categoria
de um ato, quando sai de uma categoria na qual o
ato era nulo, para uma outra onde o ato seja
válido, também tem efeito retroativo. Diferencia-
se de convalidar (reeditar o mesmo ato sem o
vício que o contamina, com efeitos retroativos).

• Pode haver conversão de atos nulos com vício de


conteúdo e objeto. (Nomeação de servidor para
cargo sem concurso público, pode ser convertido
em nomeação para cargo de confiança).
 Anulabilidade (Atos Anuláveis):

• Podem ser convalidados, racionalmente


reeditados. Obs. Doutrinadores defendem que,
quando houver possibilidade de convalidação, a
Administração está obrigada a Convalidar o ato,
apesar de a Lei 9784/99 tratar a convalidação
como faculdade da administração.
• Quando houver vício na competência: desde que
o ato seja ratificado pela autoridade competente.
Confirmado, haverá a convalidação.

• Quando houver vício na forma: reedita-se o ato


com a forma prescrita em lei.

• OBS. GERAL: OS ATOS INVÁLIDOS NÃO GERAM


DIREITO ADQUIRIDO.

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