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Direito Administrativo II

Semestre II

Teoria geral da acção do Direito administrativo

Esta “teoria da acção” compreende os actos e operações que a administração pública realiza; que
podem ser: actividade jurídica= série de actos jurídicos para chegar a operações materiais,
através do poder administrativo, destinam-se a constituir direito; ou actividade material = as que
traduzem as actividades jurídicas em matérias, aptas a satisfazer os interesses colectivos “actos
concretos. Na administração pública, é imperioso avaliar-se detalhadamente a natureza dos actos
que nos são apresentados/dados com vista a apurar o respectivo tratamento ideal. Ou seja, deve-
se olhar não somente para as acções numa perspectiva formal, mas também material, porque a
administração pública também realiza as suas actividades através do direito privado, não tirando
o seu mérito como actividades de carácter publico (artigo 50/1 da lei 24/2013, de 01 de
Novembro).

Teoria geral da relação jurídica.

A relação jurídico-administrativa e o acto central da acção administrativa. Conceito: São todas as


ligações entre sujeitos jurídicos, segundo o direito administrativo. Elementos da relação (sujeito,
objecto, facto e garantia)

Características

Noção abrangente- pois aparece como o novo centro da AP, tem uma vertente de enquadrar de
forma quase totalizante as relações que a administração estabelece com os particulares. Carácter
estruturante- e uma noção considerada estruturante porque ela tem a capacidade de estruturar a
relações que estabelece com os particulares/ administrados; facilita a projecção/ correlação dos
elementos estruturantes da relação jurídica administrativa. Função explicativa-porque desenvolve
a problemática do poder administrativo na íntegra, ou seja, explica melhor todas as
manifestações do poder administrativo.

Elementos da relação jurídica

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Sujeito= elemento orgânico fundamental desta relação (lei 24/2013, 01 de Novembro e 7/2012,
o8 de Fevereiro).

São pessoas colectivas de direito público (institutos públicos, associações, autarquias, etc. etc.). a
relação jurídica administrativa e também uma relação sinalagmática, ou seja, o sujeito tem
deveres e obrigações.

Existem dois critérios para se apurar o sujeito da relação: critério orgânico= que tem como base
pessoa do direito público, sendo este um critério necessário, mas não suficiente; e também o
critério da natureza material= (visto que nem sempre que quando estamos perante uma relação
entre pessoas colectivas e particulares, e jurídica administrativa.

No critério material discute-se o objecto e a finalidade da relação jurídica (para melhor


classificar a relação- se e ou não jurídica.

Objecto

Facto= dos os acontecimentos da vida social regulados pelo direito, isto e, influem na
constituição, modificação/transmissão e extinção de direito.

Existem factos voluntários e involuntários, que podem desencadear uma relação jurídica
administrativa; ex. de factos jurídicos voluntários (atribuição de DUAT, contracto, regulamento,
etc.)

Ex. de factos involuntários (comportamentos omissivos* da administração publica)

Nos factos jurídicos voluntários, iremos analisar com destaque o acto jurídico-administrativo;
contrato e competência.

 O acto jurídico-administrativo
 O acto administrativo e a espinha dorsal do Direito Administrativo; tem a função de
garantia da Administração Publica e do sistema da defesa dos subjectivos e interesses
legítimos dos particulares;

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O ato administrativo, por regra é praticado pelo Poder Executivo, face a actividade
administrativa ser função típica deste Poder. No entanto, quando o Poder Legislativo e o Poder
Judiciário administram – função atípica – igualmente praticam actos administrativos.

Conceito tradicional (Marcelo Caetano)

E a conduta voluntária de um órgão da administração no exercício de um poder publico e que


resulte a aplicação de normas jurídicas a um caso concreto? Não basta.

Ora, o acto administrativo não e simplesmente uma conduta voluntária, pois existem actos
administrativos devidos (p/ex. comprimento de uma decisão do tribunal- imposição);

Não ainda, porque os actos administrativos não são somente dados pelos órgãos da
administração, existindo alguns que são tomados por órgãos de poder judicial ou legislativo, v.
LPA.

CISTAC, define-o como uma decisão administrativa, que modifica o mundo exterior.

A lei 7/2014, 28de Fevereiro, dá-nos um conceito processual, um acto definitivo e executório.

O conceito do acto administrativo deve ser definido numa perspectiva substancial, material
daqueles que emanam actos administrativos; não pode incluir os actos emanados dos privados*,
declaração negocial, actos instrumentais- notificação; actos confirmativos dos actos
administrativos anteriores.

O Acto administrativo deve ser perfeito per si só, ser uma decisão unilateral (nr. 1/24 LPA),
capaz de produzir efeitos internos ou externos. Assim:

Acto administrativo é uma decisão unilateral provinda de um órgão da Administração Publica


no exercício da função administrativa, ou de ouras entidades públicas ou privadas quando
acometidas ao exercício do poder administrativo outorgado por lei ou por outro título jurídico,
visando imediatamente criar, reconhecer, modificar ou extinguir situações jurídicas individuais
concretas em matéria administrativa.

NB:

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O acto administrativo distingue-se do Regulamento, pois o acto, produz efeitos num caso
concreto- situação jurídica concreta, ao passo que o este “regulamento” produz efeitos nas
situações gerais e abstractas;

Difere-se ainda do acto político- que consubstancia o exercício da soberania e escapa da


fiscalização do tribunal, e o acto administrativo, por natureza resume-se no exercício da
função administrativa, que esta sujeita a fiscalização do tribunal;

Funções do acto administrativo: tituladoras; procedimentais; estabilizadoras; concretizadoras,


processual.

Características

1- Imperatividade

Os actos administrativos são impostos a todos independentemente da vontade do destinatário. De


acordo com Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, rigorosamente, imperatividade traduz a
possibilidade de a administração pública, unilateralmente, criar obrigações para os
administrados, ou impor-lhe restrições. Este atributo decorre do poder extroverso do Estado, cuja
principal característica é de impor seus actos independentemente da concordância do particular.
Basta que o acto exista no mundo jurídico para que produza imperatividade. No entanto, o
atributo somente está presente nos actos que impõem ao particular obrigação (comandos
administrativos). Há imperatividade, portanto, nos actos de apreensão de alimentos,
interdição de estabelecimento etc.

1- Presunção de legitimidade e veracidade dos actos administrativos:

Os actos administrativos são presumidos verdadeiros e legais até que se prove o contrário.
Assim, a Administração não tem o ónus de provar que seus actos são legais e a situação que
gerou a necessidade de sua prática realmente existiu, cabendo ao destinatário do ato o encargo de
provar que o agente administrativo agiu de forma ilegítima. Este atributo está presente em todos
os actos administrativos. Principais informações sobre o atributo: Fundamento  Rapidez e
agilidade na execução dos actos administrativos. Natureza da presunção  Relativa, uma vez que
pode ser deconstituída pela prova que deve ser produzida pelo interessado prejudicado. Inversão
do ónus da prova  O particular prejudicado que possui o dever de provar que a Administração
Pública contrariou a lei ou os fatos mencionados por ela não são verdadeiros. Consequências: -
Até a sua deconstituição, o acto continua produzir seus efeitos normalmente; - Tanto a

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Administração como o Poder Judiciário têm legitimidade para analisar as presunções
mencionadas.

2- Executoriedade

Os actos administrativos podem ser executados pela própria Administração Pública


directamente, independentemente de autorização dos outros poderes. De acordo com a doutrina
majoritária, o atributo da executoriedade não está presente em todos os actos administrativos,
mas somente:

Quando a lei estabelecer. Ex. Contratos administrativos (retenção da caução quando houver
prejuízo na prestação do serviço pelo particular). Em casos de urgência. Ex. Demolição de um
prédio que coloca em risco a vida das pessoas.

3- Tipicidade

É o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder a figuras previamente definidas
pela lei como aptas a produzir determinados efeitos. O presente atributo é uma verdadeira
garantia ao particular que impede a Administração de agir absolutamente de forma
discricionária. Para tanto, o administrador somente pode exercer sua actividade nos termos
estabelecidos na lei. Somente está presente nos actos unilaterais. Não existe tipicidade em actos
bilaterais, já que não há imposição de vontade da Administração perante a outra parte. É o caso
dos contratos, onde a sua realização depende de aceitação da parte contrária.

4- Mutabilidade;
5- Delimitação ou Fronteira

Requisitos ou elementos do acto:

Estes ser essenciais- aqueles cuja falta faz o acto carecer de efeitos jurídicos=eficácia (sujeito-
competência, forma (artigo 119 LPA, formalidades; objecto e conteúdo); e não essenciais- a sua
falta não afecta a validade do acto (condição, termo e modo).

 Sujeito competente ou Competência;


 Forma;
 Finalidade;
 Motivo;
 Objecto ou conteúdo.
a) Sujeito competente ou Competência: É o poder decorrente da lei conferido ao agente
administrativo para o desempenho regular de suas atribuições. Somente a lei pode determinar a
competência dos agentes na exacta medida necessária para alcançar os fins desejados. É um
elemento sempre vinculado.

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Celso António Bandeira de Mello enumera as principais características do elemento:
 Exercício obrigatório para órgãos e agentes públicos;
 Intransferível. Vale lembrar que a delegação permitida pela lei não transfere a competência,
mas sim a execução temporária do acto.
 Imodificável pela vontade do agente;
 Imprescritível, já que o não exercício da competência não gera a sua extinção. A Lei 9784/99
permite a delegação e a avocação dos actos administrativos. Contudo, em face do primeiro, a lei
menciona: Art. 13. Não podem ser objecto de delegação: I - a edição de actos de carácter
normativo; II - a decisão de recursos administrativos; III - as matérias de competência exclusiva
do órgão ou autoridade.

b) Finalidade

A finalidade, segundo os ensinamentos de Di Pietro, é o resultado que a Administração deve


alcançar com a prática do acto. É aquilo que se pretende com o ato administrativo. De acordo
com o princípio da finalidade, a Administração Pública deve buscar sempre o interesse público e,
em uma análise mais restrita, a finalidade determinada pela lei. É um elemento sempre
vinculado.
Assim, o elemento pode ser considerado em seu sentido amplo (qualquer actividade que busca o
interesse público) ou restrito (resultado específico de determinada actividade previsto na lei). O
vício no elemento finalidade gera o desvio de finalidade, que é uma modalidade de abuso de
poder.

c) Forma (artigo 119 LPA)

O ato deve respeitar a forma exigida para a sua prática. É a materialização, ou seja, como o acto
se apresenta no mundo real. A regra na Administração Pública é que todos os actos são formais,
diferentemente do direito privado que se aplica a liberdade das formas. È um elemento sempre
vinculado, de acordo com a doutrina majoritária. Todos os actos, em regra, devem ser escritos e
motivados. Excepcionalmente, podem ser praticados actos administrativos através de gestos e
símbolos. Ex. Semáforos de trânsito, apitos de policiais etc.

d)Motivo

Consiste na situação de facto e de direito que gera a necessidade da Administração em praticar o


ato administrativo. O pressuposto de direito é a lei que baseia o acto administrativo, ao passo que

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o pressuposto de fato corresponde as circunstâncias, situações, acontecimentos, que levam a
Administração a praticar o ato.
Não confundir motivo e motivação. Esta, por sua vez, é a demonstração dos motivos, ou seja, é a
justificativa por escrito de que os pressupostos de fato realmente existiram. Por fim, vale lembrar
que o motivo pode ser discricionário ou vinculado. Segundo Edimur Ferreira de Faria, o motivo
deve estar previsto na lei explícita ou implicitamente. Se explícito, à autoridade não compete
escolha; deve praticar o ato de acordo com o motivo, sempre que a hipótese se verificar. Não
estando o motivo evidenciado na lei, cabe ao agente, no exercício da faculdade
discricionária, escolher ou indicar o motivo, devidamente justificado. O renomado autor mineiro
menciona a possibilidade de o motivo ser um elemento vinculado na primeira situação narrada,
ou discricionário na parte final de sua conclusão.

e)Objecto ou conteúdo

É a modificação fática realizada pelo ato no mundo jurídico. São as inovações trazidas pelo acto
na vida de seu destinatário.

Exemplos: Acto- Licença para construir; Objecto - permitir que o interessado edifique
legitimamente;

Acto -Aplicação de multa; Objecto - efectivar uma punição, etc.

Segundo Fernanda Marinela, o objecto corresponde ao efeito jurídico imediato do ato, ou seja, o
resultado prático causado em uma esfera de direitos. Representa uma consequência para o mundo
fático em que vivemos e, em decorrência dele, nasce, extingue-se, transforma-se um determinado
direito. É um elemento vinculado e discricionário.

 Competência Vinculado;
 Forma  Vinculado;
 Finalidade  Vinculado;
 Motivo  Vinculado / Discricionário
 Objecto  Vinculado/ Discricionário

Professor Carlos Barbosa Actos administrativos


www.professorcarlosbarbosa.com.br

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