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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE DIREITO

Direito Economico

3 Ano - Laboral

O Estado Regulador da Economia

Discentes: CHIOTE, Anísio Elias

GAPA, Edmilson

Docentes: Dr. Teodoro Andrade Waty

Dra. Zaida Sultanejy

Dr. Mateus Saize

1
Índice
Introdução..........................................................................................................................1

Enquadramento conceptual:..............................................................................................2

Regulação económica........................................................................................................2

O Estado Regulador da Economia.....................................................................................2

Âmbito...............................................................................................................................4

Objetivos............................................................................................................................4

Tipos de Regulação...........................................................................................................4

Regulação incentivadora dos comportamentos dos agentes económicos..........................5

Procedimentos de Regulação Pública da Economia..........................................................5

Procedimentos unilaterais..................................................................................................5

Procedimentos negociados................................................................................................6

Concentrações Económicas...............................................................................................6

Principais áreas da regulação Publica económica.............................................................7

Regulação de natureza Geral.............................................................................................7

Regulação sectorial............................................................................................................7

Órgãos de definição da política econômica.......................................................................7

Conclusão........................................................................................................................10

Referencias Bibliográficas...............................................................................................11

2
Introdução
No presente trabalho, pretendemos discorrer em prol da temática relativa ao Estado
como regulado da economia, temática esta de estrema importância na lecionação dos
cursos de Direito, devido a sua relevância nos tempos atuais em que vários Estados tem
abandonado o seu papel de Intervenção direta na produção de bens e servições,
assumindo para si o papel de Estado Regulador, de modo a garantir a coexistência dos
agentes económicos que então assumem a tarefa de produção e distribuição com vista a
alcançar os objetivos do Estado.

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Enquadramento conceptual:
Regulação económica
A regulação económica consiste fundamentalmente na formulação, implementação e
efetivação de regras para a atividade económica, destinadas a garantir o seu
funcionamento equilibrado, de acordo com determinados objetivos públicos.
Segundo VITAL MOREIRA a noção de regulação compreende duas ideias
básicas: submeter a atividade económica a regras ou normas de conduta (regular é antes
de mais estabelecer regras – regulae em Latim); Assegurar o funcionamento regular da
economia, em termos de estabilidade e previsibilidade.

Nas palavras de E. Paz Ferreira e Luís Morais 1, a regulação económica consiste


na «intervenção indireta na atividade económica produtiva – indireta, porque se exclui
a participação pública direta na atividade empresarial – incorporando algum tipo de
condicionamento ou coordenação daquela atividade e das condições do seu exercício,
visando garantir o funcionamento equilibrado da mesma atividade em função de
determinado objetivos públicos»

O Estado Regulador da Economia

A questão do Estado como Regulador da economia, de forma genérica, deriva do


movimento de redução da atuação do Estado na produção de bens e serviços que tem-se
verificado em quase todo o mundo devido as diversas contestações da intervenção direta
do Estado, sendo que consequentemente o Estado passa a concentrar-se no seu papel de
regulador da economia.

A regulação não se justifica a si mesma. Tal como toda a ação legislativa e


administrativa num Estado constitucional-democrático, também a função reguladora
visa defender e realizar o interesse público, tal como definido pelo legislador. Antes de
mais, trata-se de ordenar o funcionamento da economia, em nome da estabilidade e
da eficiência

1
Eduardo Paz Ferreira e Luís Morais (edts.), Regulação em Portugal: Novos tempos, novo modelo?
Coimbra: Almedina, 2009, p. 22.

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Em termos conceptuais define-se a regulação pública da economia como sendo o
conjunto de medidas legislativas, administrativas e convencionadas através dos quais o
Estado determina, controla ou influencia o comportamento dos agentes económicos.
Em outras palavras, deve entender-se a regulação como a intervenção estadual na
economia por outras formas que não a participação direta na atividade económica,
equivalendo, portanto, ao condicionamento, coordenação e disciplina da atividade
económica, ou seja dos agentes económicos.
A Razão de ser desta regulação de forma abstrata é permitir que em face a fraca
intervenção direta do Estado, e massiva atuação dos agentes económicos privados na
produção de serviços e bens, não haja atuações de uns e outros, que não permitam a
coexistências destes mesmos agentes económicos, o que pode ser extremamente
prejudicial ao alcance dos objetivos do Estado, mormente a eficácia, na produção,
distribuição, com vista a garantir a felicidade do cidadão (Bem Estar Social).

Historicamente segundo VITAL MOREIRA, os últimos dois séculos oferecem


três modelos típicos de relação entre o Estado e a economia no contexto da economia de
mercado, baseada na iniciativa privada e na concorrência, ando que o primeiro modelo é
o do Estado abstencionista, correspondente ao liberalismo económico, em que o
Estado se abstinha de qualquer intervenção na esfera económica, e o principal
mandamento era a absoluta separação entre o Estado e a economia.
O segundo modelo é o do Estado intervencionista, que predominou na Europa entre a I
Guerra Mundial e os anos 80 do século passado, caracterizado por uma extensa e
intensa presença do Estado na economia, já como agente económico, produtor de bens e
prestador de serviço. Situação essa que também caracterizou a o Estado Moçambicano
no período imediatamente posterior a independência nacional com a constituição
de 1975 e com o processo de nacionalizações.

O terceiro modelo é o do Estado regulador, estabelecido nos Estados Unidos desde os


anos trinta do século XX e na Europa desde os anos oitenta do mesmo século, em que o
Estado abdica em princípio de participação direta na atividade económica, mas
desempenha um papel de regulador mais ou menos extenso da atividade económica
privada.

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Âmbito

Sob ponto de vista territorial, a regulação económica do Estado pode ter um âmbito
mundial, regional, nacional ou local visto que a economia pode ser regulada por normas
de origem internacional, regional ou nacional, sendo que no nosso estudo iremos nos
focar na regulação regional ou nacional, por tratar-se de uma análise virada a ordem
jurídica interna do nosso país.

Sob ponto de vista matéria, a regulação pública da economia poderá ser global, quando
esta destina-se a regular a economia; sectorial, quando destinada a regulação de
determinados sectores; e por fim pontual, quando destinada à uma determinada
empresa.

Objetivos

O Estado ao Regular a economia visa prosseguir ou alcançar os seguintes objetivos:

 Garantir o Respeito pelas regras da concorrência;


 Alcançar a Eficácia na produção, distribuição e o bem-estar social;
 Evitar comportamentos, por parte dos agentes económicos, que sejam lesivos
aos interesses socialmente legítimos e orientá-los em direção aos interesses
socialmente desejáveis.
Ex: Proibir práticas de concorrência desleal – atos contrários aos usos e
costumes da actividade industrial, comercial ou de serviços (Artigo 213 do
código da propriedade industrial)
 Modificar o comportamento dos agentes económicos em relação ao que seria tal
comportamento se estivessem sujeitos às leis do mercado;
 Orientar a actuação dos agentes económicos de forma planificada pelo Estado
contribuindo desta forma para o alcance dos objectivos do Estado.

Tipos de Regulação

São essencialmente dois os tipos de regulação pública da economia:

Regulação restritiva dos comportamentos dos agentes económicos

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Na regulação restritiva dos comportamentos dos agentes económicos o Estado restringe
ou condiciona o acesso ou a organização ou o exercício de determinadas atividades,
proibindo, condicionando ou sancionando determinadas condutas.

Regulação incentivadora dos comportamentos dos agentes económicos

Na regulação incentivadora dos comportamentos dos agentes económicos o Estado


concede incentivos ou apoios aos agentes económicos que desenvolvam determinadas
atividades com o objetivo de conduzir ou influenciar os agentes económicos a adotar
comportamentos que contribuam para a realização das políticas económicas e sociais do
Estado ou para o alcance dos objetivos económicos do Estado, a titulo exemplificado
temos as situações em que o Estado, com vista a incentivar determinados agentes
económicos a investirem num determinado sector da economia, decide por meio da
regulação emanar normas que atribuem benefícios fiscais a todos os que se
prontificarem a investir naquele sector.

Procedimentos de Regulação Pública da Economia

Na regulação pública da Economia pode ser adotado um dos seguintes procedimentos:

Procedimentos unilaterais

Segundo CARLOS SANTOS2 Trata-se de medidas imperativas, de natureza


legislativa e/ou administrativa, de âmbito geral ou individual, limitadoras da liberdade
dos agentes económicos ou dando-lhes algumas vantagens condicionadas a
determinados comportamentos.
Desta forma podemos dizer que nos procedimentos unilaterais o Estado recorre à
medidas imperativas de natureza legislativa ou administrativa influenciando,
condicionando ou proibindo determinados comportamentos dos agentes económicos
sem que haja nenhuma negociação ou aceitação por parte dos agentes económicos
visados por tais medidas imperativas ou condicionantes.

Ex: Actos de controlo; aplicação de sanções de natureza civil, administrativa ou penal.

Procedimentos negociados

2
SANTOS, Carlos, Antonio, o objeto do Direito Economico, 70

7
Segundo CARLOS SANTOS3 Trata-se da crescente privatização dos
instrumentos de regulação económica da Administração complementando ou
substituindo os actos administrativos unilaterais por acordos de incitação ou de
colaboração com os destinatários da regulação.
Desta forma podemos dizer que nos procedimentos negociados ocorre o contrario dos
procedimentos unilaterais, sendo que o Estado, antes de per si fazer vigorar uma
determinada regulação, procura previamente negociar ou obter a adesão dos que serão
afetados pela medida à tal regulação.

Os procedimentos negociados mais comuns são a concertação económica, que


constituem o meio através do qual se fixa o salário mínimo, e os contratos económicos.

 Concentrações Económicas

Designa um processo, institucionalizado ou não, de definição de medidas de política


económica e social mediante a negociação entre o Estado e os representantes dos
interesses afetados por essas medidas.

As organizações patronais e sindicais são os parceiros típicos dos acordos de


concertação, mas pode haver outros, como os dos consumidores com os fabricantes e ou
distribuidores.

A sua autonomia e natureza jurídica não são muito claras. Estão próximos dos contratos
económicos, dos acordos políticos ou de processos de consulta.

Podem ter, por âmbito, políticas globais (controlo da inflação), sectoriais (reestruturação
de um sector em crise) ou aplicar-se mesmo a uma só empresa.

As Principais modalidades de concertação social são:

Pactos tripartidos - Elaboração Pactos ou acordos de âmbito nacional (governo,


organizações patronato, sindicatos para a elaboração de contratos coletivos de trabalho)
de natureza politica, não diretamente vinculados. Esta forma de concentração envolvem
não apenas o domínio social, mas também o económico, na medida em que serve de
instrumento para atingir os objetivos da política económica.

3
SANTOS, Carlos, Antonio, ibidem 71

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Principais áreas da regulação Publica económica

Regulação de natureza Geral

A CRM prevê um conjunto de tarefas de regulação pública em matéria de organização


económica, mormente: O Estado lhe é atribuído a tarefa dos direitos fundamentais, em
especial os que constituem direitos a Acão positiva por parte do Estado – Prevenção dos
Recursos naturais (Artig 98 CRM); o equilíbrio ecológico e a conservação e prevenção
do meio ambiente (art 90 da CRM); assegurar a participação de todos os agentes
económicos na definição e execução das principais medidas económicas e sociais.

O Estado também lhe é reservado em matéria de orientação e control da atividade


economica do estado, designadamente.

Demover o desenvolvimento si sector económico.

Regulação sectorial

 Sector Agrário;
 Sector industrial;
 Vertente orçamental - conselho de ministros, condicionado a aprovação da AR
 Sector da Comunicação - INCM - Decreto n 31/2001 de 6 de Novembro;
 Sector da banca - Banco de Moçambique - lei n:1 /92 de 3 de janeiro.

Órgãos de definição da política econômica

 Conselho de ministros

Compete lhe em grande medida a definição da política econômica do pais

Promover o desenvolvimento econômico

Preparar o plano e o orçamento do Estado

Promover e regulamentar a atividade económica e ou sectorial

Orientar e controlar a atividade econômica.

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Assembleia da Republica

Aprovar o plano e o orçamento do Estado

Instituto Nacional de comunicações de Moçambique ( INCM)

Regime jurídico: Decreto n 31/2001 de 6 de Novembro.

Natureza Jurídica: artigo 5 - um instituto público dotado de personalidade jurídica,


autonomia administrativa, financeira e patrimonial, têm a sua sede em Maputo.

Exerce a atividade de autoridade reguladora no âmbito das telecomunicações.

Atribuições:

 Regular os serviços postais e de comunicação de modo a garantir que sejam


prestados de forma a melhorar, servir e contribuir para o desenvolvimento
econômico e social do país (artigo 9 n1, Al b);
 Regular interligação das redes e as condições de inter-operabidade dos serviços
de telecomunicações de uso público;( vide artigo 9 n1, al d);
 Regular preços dos serviços fixo de telefone prestados em termos de serviço
universal.
 Fiscalizar a qualidade dos serviços prestados pelos operadores e prestadores de
serviço postal e de telecomunicações.

Órgãos – Artigo 4: O conselho de administração, o conselho fiscal e a direção geral.

5.2 Inspeção Nacional das atividades económicas (INAE)

Regime Jurídico - Decreto n 43/2017 de 11 de Agosto;

Natureza Jurídica – Artigo 1 do Decreto 48/2017 - A INAE é uma instituição


pública, dotada de personalidade jurídica e autonomia administrativa.

Competências: artigo 5

 Fiscalizar todos os locais onde se proceda qualquer atividade econômica;


 Fiscalizar a legalidade do exercício da atividade de abate, preparação, tratamento
e armazenamento de produtos de origem animal,

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 Fiscalizar a legalidade da exploração da energia em instalações elétricas e em
postos de combustíveis;
 Proceder ao encerramento de atividades económicas ilegais;
 Fiscalizar espetáculos e divertimento público.

5.3 Banco de Moçambique (B M)

Regime Jurídico - lei n:1 /92 de 3 de janeiro.

Funções:

 Desempenha as funções de banho do estado;


 Orienta e controla as políticas monetárias e cambiais;
 É supervisor das instituições financeiras que operam no território nacional;
 É intermediário nas relações monetárias internacionais;
 É gestor das disponibilidades externas do país;
 É conselheiro do governo no domínio financeiro.

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Conclusão

Feitas as investigações relativamente a esta temática a que nos foi desafiados a


desenvolver os aspetos essenciais do Estado regulador da economia, podemos constatar
que para que o Estado possa alcançar os seus objetivos em face aos atuais tempos em
que acompanhamos uma fraca intervenção direta do Estado, ate porque é o mais
conveniente, e massiva atuação dos agentes económicos privados na produção de
serviços e bens através das privatizações, o Estado, de modo a garantir que não hajam
comportamentos lesivos aos demais agentes económicos, e garantir um bom
funcionamento do mercado, assume para si o papel de regulador da economia. Situação
essa que consideramos a mais acertada, pois possibilita o alcance da eficácia económica,
assim também como o bem estar social.

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Referencias Bibliográficas

Eduardo Paz Ferreira e Luís Morais (edts.), Regulação em Portugal: Novos tempos,
novo modelo? Coimbra: Almedina, 2009;

SANTOS, Carlos, Antonio, o objeto do Direito Economico, Universidade de Coimbra

,Faculdade de Direito.

MOREIRA, Vital, Provas de agregação

Legislação:

 Constituição da Republica de Moçambique.


 Decreto n 31/2001 de 6 de Novembro
 Decreto n 43/2017 de 11 de Agosto
 Lei n:1 /92 de 3 de janeiro.

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