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Exame 2021 – Laboral e Pós Laboral

1. Qual o papel do transportes ferroviário


na economia Moçambicana? Dê 4
exemplos.
R. O estudante deve, em suma, falar da
posição geoestratégica de Moçambique e
evidenciar a importãncia do transporte
ferroviário com 4 exemplos: Custo baixo,
maior capacidade de carga e de
passageiros, à conjugação entre esta
grande capacidade de carga e os custos de
operação que são mais baixos
relativamente ao mesmo tipo de transporte
em outros meios de transporte etc.

2. Comente a seguinte afirmação: “ o


encurtamento de rota na N4, é permitida,
sempre que viatura tiver 1/3 de assentos
vagos”.
1
R:Como pergunta para comentar, o
estudante deve fazer o seu comentário em
torno do Decr.35/2019 de 10.5, onde a
proibição não comporta excepções,
devendo falar inclusivé do Anexo VII e
concluir que a afirmação é falsa.

3. Indique 2 instrumentos juridicos


relacionados com a protecção do ambiente
marinho.
R: apesar de serem vários os
instrumentos que abordam de uma forma
directa ou indirecta, poderia indicar p.ex.
a MARPOL, a Resol. 17/96, a Lei 20/19.

4. A exploração do serviço de transporte


aéreo, em Moçambique, está sujeito à
concessão e obedece ao regime de
exclusividade.

R.: Está sujeita ao licenciamento (Decreto


39/2011, de 2 de Setembro) e não obedece
ao regime de exclusividade no sentido
2
lactu da palavra, mas sim exclusividade no
sentido de que só os operadores aéreos
nacionais podem actuar em cabotagem, em
regime concorrencial.

5. A atribuição de nacionalidade a um
navio é de importância vital para a
navegação marítima e importa efeitos
legais e práticos.
R: A atribuição da nacionalidade a um
navio (para alguns aa. Trata-se de pseudo-
nacionalidade) é de extrema importancia
legal e pratica, pois sem a nacionalidade,
registo, o navio sequer pode empreender
viagem.
Deve incluise falar das questoes
relacionadas com
proprietario/registo/nacionalidade e
fundamentar.

6. Quais as modalidades de fretamento


de um navio comercial?
R: São as previstas no art 542º. do
3
C.Comercial de 1888; é verdade que de
forma imperfeita e imcompleta constam
em outros instrumentos juridicos, que
serão considerados.

PARTE B(5 valores)

Leia atentamente e resolva a seguinte


hipótese:

O navio “Luna Star”, pertencente à empresa


sul-africana Star’s Durban e registada nesse
porto sul-africano, foi fretado pela
Maçaroca, Oil & Oil, Lda ,para carregar e
transportar 40000 tons de milho a granel,
produzidas na sua machamba, na última
campanha agrícola em Gaza.

4
Para tal, acordou-se que todo o produto seria
escoado pela via rodoviária, a espensas da
produtora de milho, em camiões-cavalo,
com 2 atralados, mas de forma parcelar, para
o porto de Maputo; ie, 20000tons de milho
em 30 de Março de 2021 e as restantes a 30
de Abril de 2021.
. As 20000tons serão embarcadas na data
convencionada e descarregadas
sucessivamente, 10000tons no porto de
Durban e 10000tons em Port Elisabeth,
conforme o contrato de Compra e Venda
Internacional, bem como nos termos do
respectivo contrato de transporte marítimo.

As restantes toneladas, seriam transportadas,


pelo mesmo navio, a 30 de Abril de 2021,
do porto de Maputo, para o porto de Durban.

A carga da 1ª. Viagem, chegou em perfeitas


condicões aos portos de destino, no dia e
hora acordada.

5
Por volta do dia 20 de Abril, estanhando a
falta de comunicação do capitão, do armador
ou proprietário do mesmo navio, de que
estariam no porto de Maputo no dia
combinado, para efectuarem o restante
carregamento, a Maçaroca, Oil & Oil, não
obteve qualquer resposta sobre o segundo
carregamento e transporte.

Aflitos, porque já tinham pago o frete na


totalidade, incluido o 2º carregamento, para
além de terem-se comprometido, vendido,
toda a produção do milho para o comprador
Sun Oil, Pty, nos respectivos portos acima
indicados, contacta-o, como jurista, para que
lhes diga que direitos lhes assiste e como
resolver a situação, principalmente com a
falta de noticias e o não carregamento,
transporte esse que deveria ocorrer a 14 de
Abril de 2021.
- Aconselhe-o, tendo em conta:

6
- o tipo de contrato de transporte e
modalidade, bem como o tipo de navio
usado;
- que responsabilidade, se é que existe, do
proprietário, armador do navio e como
ressarcir em relação a todos os danos
ocasionados.

R: O estudante deve:
- identificar os sujeitos- Exportador
/Transportador/Destinatario
-o objecto (mediato/imediato)- navio
graneleiro; transporte milho a grnel;
-o problema- incumprimento do contrato de
fretamento – 541º. e ss.
- solução – indemnização -492º. Sem se
esquecer do estipulado na responsabilidade
civil.
2020, primeiro, Laboral

7. Qual o papel dos transportes na


economia Moçambicana? Dê 4 exemplos.

7
R: Os transportes ao permitirem a
deslocação de pessoas e bens de um ponto
ao outro, escoamento de produtos, assumem,
no mundo actual, um papel inegável de
duplo significado: para a sociedade e para a
economia. Assim, para a economia
moçambicana, a indústria de transportes
afigura-se como um factor de
competitividade devido a localização
geoestratégica do país em face dos outros
países, do interland, assim como por possuir
uma vasta costa de cerca de 2 milhas. Mais
ainda, entre 2002 e 2006, em média, a
contribuição do sector para o PIB foi de
13%.

8
8. Defina, legal e doutrinariamente, o
contrato de transportes.

R: O contrato de transportes é um contrato


mercantil, pelo qual uma pessoa se obriga a
conduzir pessoas ou bens de um lugar para
outro, mediante retribuição1. É a convenção
pela qual uma das partes (o transportador) se
obriga, perante a outra (o expedidor/
passageiro), tendencialmente, mediante
retribuição, a deslocar pessoas ou coisas, de
um local para outro2.

1
C.f. nos artigos 458 e 557, ambos do Código Comercial.
2
CORDEIRO, Menezes (2008), apud BARATA, Carlos Lacerda (s/d), Introdução ao Direito dos
Transportes, separata da ROA 68/I, disponível em https://portal.oa.pt/, consultado no dia 11 de Março de
2021, pelas 21:40horas.

9
9. O bilhete de passagem é dispensável
para efeitos de responsabilidade civil no
ambito do Direito do transporte
ferroviário.

R: O grupo não concorda com esta


afirmação pois nos termos do disposto no nº
1 do artigo 39 do Decreto nº 47043 de 7 de
Junho de 1966, há uma obrigatoriedade de o
passageiro munir-se de uma passagem que
se expressa por um bilhete o qual assegura-
lhe o direito ao transporte e impõe à empresa
a obrigação correspondente. O n° 2 do
mesmo artigo prevê sanções para o
passageiro que esteja a viajar sem passagem.

10. A exploração do serviço de transporte


aéreo, em Moçambique, está sujeito à
concessão e obedece ao regime de
exclusividade.

R: O acesso a actividade de transporte aéreo

10
público está sujeito ao licenciamento
prévio3. Assim, não concordamos com a
afirmação pois quando se fala do serviço de
transporte aéreo, em Moçambique, refere-se
a ao transporte aéreo público4
compreendendo desde o transporte aéreo
regular intercontinental ao transporte aéreo
não regular doméstico. Ora, só o serviço de
transporte aéreo regular doméstico é que
está sujeito a concessão5. Ademais, o mesmo
explora-se em regime de livre concorrência
como estabelece o artigo 24 do mesmo
Decreto e não em exclusividade.

11. A atribuição de nacionalidade a um


navio é de importância vital para a
navegação marítima e importa efeitos
legais e práticos.

R: A atribuição de nacionalidade a um navio


é de importância vital para a navegação
3
C.f no nº 1 do artigo 58 da Lei nº 5/2016, de 4 de Junho que aprova a Lei de aviação civil.
4
C.f no nº 2 do artigo 3 do Decreto n.º 39/2011, de 2 de Setembro que aprova o Regulamento do Exercício
das Actividades de Transporte Aéreo e Trabalho Aéreo.
5
C.f no artigo 22 Ibid.

11
marítima e importa efeitos legais e práticos
pois é através do registo que um navio
adquire a nacionalidade e esta nacionalidade
é fundamental para se estabelecer vínculo
jurídico com um Estado pois o navio navega
por águas jurisdicionais de vários países6.

PARTE B(5 valores)

Leia atentamente e resolva a seguinte


hipótese:

O navio “Luna Star”, pertencente à empresa


sul-africana Star’s Durban e registada nesse
porto sul-africano, foi fretado pela
Maçaroca, Oil & Oil, Lda, para carregar e
transportar 40000 tons de milho a granel,
6
C.f no artigo 488 do Código comercial de 1888, artigos 23 e 24 da Lei nº 4/96, de 4 de Janeiro que aprova
a Lei do Mar, artigo 10 do Decreto-Lei n.º 1/2006, de 3 de Maio que cria o Registo de Entidades Legais.
No que diz respeito ao registo, as convenções internacionais deixam ao critério de cada Estado a definição
do registo nacional das embarcações.

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produzidas na sua machamba, na última
campanha agrícola em Gaza.

Para tal, acordou-se que todo o produto seria


escoado pela via rodoviária, a espensas da
produtora de milho, em camiões-cavalo,
com 2 atralados, mas de forma parcelar, para
o porto de Maputo; ie, 20000tons de milho
em 30 de Março de 2021 e as restantes a 30
de Abril de 2021.
. As 20000tons serão embarcadas na data
convencionada e descarregadas
sucessivamente, 10000tons no porto de
Durban e 10000tons em Port Elisabeth,
conforme o contrato de Compra e Venda
Internacional, bem como nos termos do
respectivo contrato de transporte marítimo.

As restantes toneladas, seriam transportadas,


pelo mesmo navio, a 30 de Abril de 2021,
do porto de Maputo, para o porto de Durban.

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A carga da 1ª. Viagem, chegou em perfeitas
condicões aos portos de destino, no dia e
hora acordada.

Por volta do dia 20 de Abril, estanhando a


falta de comunicação do capitão, do armador
ou proprietário do mesmo navio, de que
estariam no porto de Maputo no dia
combinado, para efectuarem o restante
carregamento, a Maçaroca, Oil & Oil, não
obteve qualquer resposta sobre o segundo
carregamento e transporte.

Aflitos, porque já tinham pago o frete na


totalidade, incluido o 2º carregamento, para
além de terem-se comprometido, vendido,
toda a produção do milho para o comprador
Sun Oil, Pty, nos respectivos portos acima
indicados, contacta-o, como jurista, para que
lhes diga que direitos lhes assiste e como
resolver a situação, principalmente com a
falta de noticias e o não carregamento,

14
transporte esse que deveria ocorrer a 30 de
Abril de 2021.
- Aconselhe-o, tendo em conta:
- o tipo de contrato de transporte e
modalidade, bem como o tipo de navio
usado;
- que responsabilidade, se é que existe, do
proprietário, armador do navio e como
ressarcir em relação a todos os danos
ocasionados.

R: Introdução

O presente caso prático que faz parte


integrante da avaliação, enquadra-se no
grupo normativo do transporte marítimo na
medida em que o seu objecto imediato é a
deslocação de mercadorias por um navio,
através do mar.

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Dos Sujeitos
1. Star’s Durban – fretador pois a entidade
que cede o navio por contrato de
fretamento.
2. Maçaroca, Oil & Oil, Lda – Afretador
pessoa colectiva que toma a embarcação
por contrato de fretamento7.

Tipo de Contrato
É um contrato de fretamento na medida em
que é um contrato pelo qual uma das partes
(fretador) se obriga em relação a outra
(afretador) a pôr à sua disposição uma
embarcação ou parte dela, para fins de
7
C.f na alínea a) do artigo 1 do Decreto nº 35/2007, de 14 de Agosto que aprova o Regulamento do
Transporte Marítimo Comercial.

16
navegação marítima, mediante uma
remuneração pecuniária denominada taxa de
fretamento8.

Modalidade de Contrato
Trata-se de Charter Party pois o navio foi
fretado na sua totalidade e não é de pequeno
lote9.
Tipo de Navio
É um navio de carga seca, graneleiro.
Quanto a rota é um navio irregular.

O Problema

8
C.f na alínea f) do artigo 1 do Decreto nº 35/2007, de 14 de Agosto que aprova o Regulamento do
Transporte Marítimo Comercial.
9
C.f nos artigos 538 e 541, ambos do código comercial de 1888.

17
O problema no presente contrato é o do
silêncio, isto é, a falta de comunicação ao
afretador do estágio da execução do contrato
muito antes do vencimento do prazo, isto é,
no dia 20 de Abril, 10 dias antes.

Solução

Quanto ao regime de responsabilidades,


referir que há dois regimes, designadamente:
 Regime geral – responsabilidade
contratual (subjectiva) e pelo risco10;
 Regime especial – responsabilidade
do proprietário (armador) perante a
contraparte11.
10
C.f nos artigos 483 e 499, ambos do código civil.
11
C.f no artigo 492 do código comercial de 1888.

18
Ora, no caso em apreço, como jurista
daríamos o seguinte parecer:
 Havendo violação do contrato (não
carregamento na data prevista – 30 de
Abril), o fretador seria responsável
perante o afretador pelo valor e gastos
feitos pelo transporte da mercadoria até
ao porto de Maputo, a devolução do frete
pago e a indemnização pelos danos
emergentes pelo não cumprimento do
contrato perante a Sun Oil, Pty conforme
as disposições indicadas do código
comercial de 1888.

19
Não obstante, no caso em apreço não há
nenhum incumprimento do contrato pois o
contrato ainda não havia vencido o prazo
para a sua execução que é dia 3º de Abril.
Logo, no dia 20 de Abril não há quaisquer
tipos de responsabilidades por
incumprimento do contrato.

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