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1ª edição
Belém-PA
2011
1
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____________ exemplares
Rio de Janeiro, RJ
20090-070
http://www.dpc.mar.mil.br
secom@dpc.mar.mil.br
o
Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto n 1825, de 20 de dezembro de 1907
2
SUMÁRIO
Introdução ............................................................................................................................ 4
2.5 Da responsabilidade civil do transportador marítimo à luz do Novo Código Civil ........ 25
Referências ........................................................................................................................ 68
3
Introdução
4
uma vez que, no que pertine especificamente a este tema, o ordenamento jurídico
brasileiro é omisso.
Mesmo com o advento do Novo Código Civil/2002, em vigor a partir de 2003,
este se manteve silente quanto à responsabilidade do transportador marítimo.
Socorre-se o causídico acerca da responsabilidade do transportador no Decreto
Legislativo n.º 2.681, de 07.dez.1912, mais conhecido como Decreto das Estradas
de Ferro, pois esta é a uma legislação que aborda especificamente a
responsabilidade do transportador e suas excludentes.
Urge que o Congresso Nacional acalente, com muita atenção, a elaboração
de um “Código da Navegação Brasileiro”, pelo qual deverá conter em seu bojo todos
os assuntos de relevante interesse à comunidade marítima. O Brasil ocupa
atualmente uma posição de destaque confronte o mercado internacional pelo notório
fato de ser um relevante produtor e exportador de diversas commodities, as quais
utilizam-se do transporte marítimo para alcançar seu destino.
Neste sentido, considerando que o transporte internacional por via marítima é
amplamente utilizado por exportadores brasileiros e importadores, o conflito de leis
enfrentadas entre as convenções internacionais aplicadas a esta matéria e as
disposições nacionais é uma questão recorrente e que não pode permanecer sem
um rumo definitivo.
Já nos contratos de afretamento, são prescindíveis legislações internacionais
uniformes para reger tal matéria. Raciocina-se que a natureza jurídica deste tratado
é locatícia, e, em se tratando de uma locação, um contrato (bilateral e oneroso) é o
suficiente para tornar a negociação revestida da mais plena e absoluta legalidade.
Todavia, estes contratos de afretamento internacional são padrões.
Destarte, a fim de fornecer uma descrição abrangente, algumas
características básicas e introdutórias do sistema legal brasileiro serão
apresentadas, seguidas de algumas definições relacionadas à logística de
transporte, que é uma área muito específica e de extrema importância para o
desenvolvimento das nações, como também são fontes de informações que
permitem discussões saudáveis e calorosas travadas em torno das convenções
internacionais e da legislação brasileira.
5
1 GENERALIDADES DO NAVIO
1
Waldemar Martins Ferreira. Instituições de direito comercial. 4.ª ed. revista e aumentada, IV volume, São Paulo, Max
Limonard, 1955, p. 79.
6
1.2 Natureza jurídica do navio
Nos termos da noção dada pelo direito civil para os bens móveis e atendendo
ao conceito de navio, deve o navio figurar entre os bens móveis de natureza sui
generis, e a configuração com res conexa, um todo indivisível. Portanto, a natureza
jurídica do navio é de bem imóvel.
Embora seja um bem móvel, sujeita-se o navio, em alguns casos, ao regime
dos imóveis. Assim, a prova da sua propriedade só se faz mediante documento
escrito, devidamente transcrito no registro marítimo, não se podendo transferi-la a
outrem pela simples tradição manual. Além disso, é o navio suscetível de ser
hipotecado. A hipoteca é um instituto específico dos bens imóveis, o que contraria
sobremodo o regime dos bens móveis. Contudo, a semelhança dos navios aos
imóveis é sempre expressamente indicada em Lei.
Na hipoteca naval, por lei, a transmissão de propriedade se opera mediante
transcrição do respectivo bem por escritura pública. A hipoteca é indivisível e grava
o navio em todas as suas partes, considerando os acessórios parte integrante do
navio.
Não bastam as aparências externas para que o navio seja conceituado como
tal, ou seja, para que permaneça com sua natureza jurídica incólume. O navio
desarvorado, ou mesmo que lhe seja designada uma outra função, como, por
exemplo, uma escola para aquaviários, porém, imobilizado no porto, perde sua
essência: deixa de ser navio. Ou navega, ou deixa de ser navio. É prudente
perceber-se que, obrigatoriamente, o navio deve deter a qualidade da
navegabilidade, na qual reside sua razão de ser.
7
Proprietário é a pessoa física ou jurídica em nome de quem a propriedade da
embarcação é inscrita na autoridade marítima e, quando legalmente exigido, no
Tribunal Marítimo. Quem designará a propriedade do navio é o registro de
Propriedade Marítima cujo ato de inscrição da embarcação será efetivado na
Capitania dos Portos (AM).
Construtor é toda pessoa jurídica que tem a responsabilidade de construir
navios em estaleiros sob a responsabilidade técnica de profissionais qualificados
como o engenheiro naval.
- o comprimento do barco;
- o comprimento da linha d'água;
- o comprimento entre perpendiculares;
- a boca;
- o calado;
- o pontal; e
- a borda livre.
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responsabilidade civil. Enquanto o proprietário é aquele a quem o navio pertence,
por estar registrado em seu nome nos órgãos competentes, o armador (que
eventualmente pode ser o mesmo proprietário) é aquele que arma o navio, ou seja,
apresta o navio colocando para que o mesmo esteja em condições de
navegabilidade.
2
Conceito de Prático segundo o item 0119, do capítulo 1, da NORMAM 12.
11
Agente marítimo caracteriza-se por dois aspectos fundamentais: 1. atuam na
figura contratual de mandato; e 2. nada mais é que o representante do proprietário
do navio, do armador, gestor ou afretador/transportador. O agente marítimo pode ser
pessoa física ou jurídica que representa o proprietário na armação e no transporte
marítimo.
Efetivamente o agente marítimo poderá realizar todos os trabalhos
necessários ao atendimento do armador, ou ser apenas agente comercial ou agente
operacional. Inclusive, encarrega-se de despachar o navio em portos de operação
comercial, e assistir o comandante na prática de atos jurídicos necessários a
conservação do navio e providenciar a continuidade da viagem.
A figura jurídica do agente marítimo tornou-se tão relevante no Direito
Comercial Marítimo que goza de absoluta legitimidade para receber, em nome da
empresa de navegação que representa, a citação oriunda de uma pendenga judicial.
O ensinamento do advogado e professor Paulo Henrique Cremoneze disserta o
seguinte:
3
CREMONEZE, Paulo Henrique, Prática de Direito Marítimo – O Contrato do Transporte Marítimo e a Responsabilidade
Civil do Transportador – São Paulo: Quartier Latin, 2009.
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Consignatário é a figura que se diferencia basicamente do agente marítimo
pela temporariedade; porém, detém as mesmas características: atua por mandato
na representação de uma empresa, e também é o representante do armador cujos
interesse deve zelar. Com efeito, são mandatários temporários do armador e são
nomeados por empresas que atuam na navegação liner, navegação rápida.
Cargo broker (broker ou corretor de cargas), por força do costume no jargão
comercial marítimo, é amplamente conhecido por broker ou, raramente, corretor de
praça, é um prestador de serviço que atua na função de angariar carga para os
navios (ou área de reserva de praça de navios). O cargo broker também viabiliza a
logística de transporte necessária à transferência da mercadoria desde o pátio da
indústria do exportador até o porto de embarque ou, se for o caso, até o destino
final. Não obstante toda essa vasta atuação do cargo broker, ressalte-se que o
mesmo não realiza despachos aduaneiros.
Corretor de navio é aquele que tem o principal mister de firmar contratos de
operações de corretagem relativas ao engajamento de cargas, ao afretamento e à
compra e venda de navios. Realiza também tradução sobre os contratos de compra
e venda de navios e de afretamentos, além de acompanhar toda a movimentação
dos navios desde a chegada até a partida do porto, perante os órgãos da
Administração como Capitania dos Portos, Imigração, Receita Federal, ANVISA etc.;
acompanha as operações de carga e descarga; promove pagamento dos impostos
sobre as operações realizadas e providencia o seguro (sobre casco, carga, entre
outros) do navio.
2.3 Conceitos
4
O registro de proprietário é exigido à embarcações que possuem arqueação bruta (AB) superior a 100 toneladas (NORMAM
-02).
5
Dispõe sobre registro de propriedade marítima.
14
Nacional da Marinha Mercante, o operador que assume todas as responsabilidades
da movimentação da carga de ponto a ponto, emitindo documentação apropriada e
utilizando navios de terceiros, na qualidade de usuário.
Operador de navio (Ship’s operator). É, em geral, a empresa de navegação
que além da atividade principal que possa desenvolver como armador/transportador,
intermedia negócios empregando navios afretados de terceiros, obtendo, assim,
receita que resulta da diferença entre o valor da locação que faz e da sublocação
que realiza.
Abalroamento (Collision). Primeiramente, é prudente ovacionar que o termo
traduzido para a língua inglesa, collision, dá nítida conotação de sua tradução com
rigor literal, qual seja, “colisão”, cujo termo só se deve empregar tecnicamente em
Direito Marítimo quando há uma colisão entre uma embarcação e um outro objeto
qualquer que não seja outra embarcação. No idioma inglês se usa indistintamente –
collision. No entanto, o termo abalroamento significa o choque entre duas ou mais
embarcações.
Fortuna do Mar – Caso Fortuito (Act of God). São eventos originários por
causas naturais, direta e exclusivamente, sem a intervenção humana, e que não
poderiam ser evitadas por qualquer tipo de previsão e cuidados razoáveis. É o fato
natural imprevisível e por isso inevitável. É o fruto do acaso e provém das forças
naturais, ou de uma causa cujos efeitos não era possível prever-se ou evitar.
Alijamento de carga (jettison). A prática do alijamento de carga ou parte desta
para salvar o navio, sua tripulação, e parte da carga, perde-se nas brumas do
tempo. Todos os códigos, antigos e modernos, conceituam o alijamento, como a
modalidade mais perfeita de avaria grossa. Alijar carga é o mesmo que arremessar
ao mar a quantidade de carga considerada necessária para devolver ao navio as
condições mínimas de navegabilidade (seaworthiness); é um ato voluntário,
consciente e cercado de embasamento técnico. Nos abalroamentos e colisões, nos
encalhes e durante as tormentas, pode-se tornar necessário muitas vezes, aliviar o
navio para que possa continuar flutuando com segurança. Sempre que possível,
recorre-se ao “alívio” (lighterage) em vez do alijamento pura e simples, tendo em
vista a obrigação moral e profissional do Comandante de minimizar os efeitos
negativos e prejudiciais àquela empreitada marítima.
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Varação (Putting by , beaching). É a decisão tomada pelo Comandante em
encalhar seu navio voluntariamente, no firme propósito de salvaguardar as vidas
humanas, a carga, o navio e, dependendo das circunstâncias, o meio ambiente
também.
Encalhe (grounding, stranding). Fato decorrente da imprudência, da imperícia
ou da negligência da navegação cujo agente não teve a intenção de cometê-lo.
Arribada (route desviation). Trata-se da entrada do navio em um porto, não
conste na rota do navio, em caráter de emergência. Essa entrada emergencial se dá
por vários motivos, entre os quais o de abrigar-se de mau tempo ou, em guerra, para
fugir do inimigo; extrema necessidade em vista de alterações nas condições seguras
da navegabilidade (seaworthiness), como por exemplo, avaria no sistema de
propulsão, “água aberta” etc, ou ainda, doença ou acidente grave de tripulante,
escassez de víveres, água potável ou combustível; em suma, um desvio de rota
plenamente justificado. Poderá também ser fruto de um erro do Comandante ou de
algum membro da tripulação. O Tribunal Marítimo conceitua a arribada como um
acidente de navegação, e o desvio da rota como um fato da navegação. O Código
Comercial, em seu artigo 740, diz ser a arribada a entrada de um navio em um porto
ou lugar distinto daquele a que se destinava.
16
Primeiramente, atentemos aos conceitos empregados aos contratos de
afretamento pela norma em epígrafe:
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2.4.1 Contrato de afretamento a casco nu (bareboat ou demise charter party)
18
observadas as normas internacionais de segurança e salvaguarda da vida humana
no mar.
Tem importância o contrato de afretamento a casco nu em eventual relação
com terceiros e suas conseqüências. Vejamos alguns exemplos dentre vários:
(1) nos casos de danos causados ao navio: a responsabilidade do afretador a
casco nu será aquela do direito civil, que regem os contratos, e decorrentes dos
estritos termos do contrato em questão;
(2) quanto aos fretes gerados pelo navio durante o período do contrato: o
proprietário do navio, por não ter a posse do mesmo, não terá direito aos fretes.
Estes são do afretador a casco nu;
(3) pelos atos do comandante e tripulação: o proprietário do navio não é
responsável perante os embarcadores e/ou consignatários, posto que são eles
prepostos do afretador a casco nu;
(4) os conhecimentos de embarque (bill of lading) assinados pelo comandante
vinculam o afretador a casco nu e não o proprietário; e o afretador a casco nu é,
para todos os efeitos, o transportador das mercadorias;
(5) Nos casos de colisão ou abalroação pelo navio: responderá o afretador a
casco nu perante terceiros (e, da mesma forma, perante o proprietário).
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(1) no contrato de afretamento a casco nu, o Comandante e os tripulantes são
empregados do afretador a casco nu, enquanto que no contrato de afretamento por
tempo, estes são empregados do proprietário ou do armador-disponente;
(2) no contrato de afretamento a casco nu, as despesas de óleo combustível,
diesel, lubrificantes, água, víveres (rancho), soldadas (salários dos tripulantes) são
de responsabilidade do afretador a casco nu. Já no contrato de afretamento por
tempo, apenas as despesas com óleo combustível, diesel, navegação de apoio,
praticagem e, em alguns casos lubrificantes, são de responsabilidade do afretador
por tempo;
(3) no contrato de afretamento a casco nu, todas as despesas portuárias
relativas ao navio e seus tripulantes são de responsabilidade do afretador a casco
nu. No contrato de afretamento por tempo, as despesas portuárias relativas ao navio
são de responsabilidade do afretador por tempo, permanecendo as despesas
referentes aos tripulantes de responsabilidade do proprietário ou armador
disponente;
(4) nos contratos de afretamento a casco nu, a recompensa por salvatagem
irá para o afretador a casco nu. Nos contratos de afretamento por viagem, a
recompensa por salvatagem irá para o proprietário ou armador-disponente;
(5) nos contratos de afretamento a casco nu, o armador-disponente não
poderá colocar o navio off hire (fora de contrato), porque não haverá
descumprimento de cláusula contratual por parte do proprietário, pois sua única
obrigação é a entrega do navio. Poderá o proprietário, no entanto, apenas colocar o
navio off hire pelo não pagamento do hire (preço do afretamento). No contrato de
afretamento por tempo, o afretador por tempo poderá colocar o navio off hire em
qualquer hipótese que afete a navegabilidade ou operacionalidade do navio
(deficiência de equipamento, propulsão etc.);
(6) no contrato de afretamento a casco nu, o proprietário jamais será
responsabilizado por eventual avaria à carga perante o embarcador ou
consignatário, pois será, sempre, o armador disponente, o transportador.
Ainda, os contratos de afretamento por tempo podem se resumir a uma
viagem específica, isto é, por um período de tempo pré-determinado, de um porto a
outro especificado, ou mesmo a uma viagem redonda (e.g. embarque no porto A,
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descarga no porto B, embarque no porto B e descarga no porto A, com um tempo de
90 dias / 10 dias mais ou menos).
Existem vários tipos de contrato de afretamento por tempo. No entanto, os
mais divulgados e utilizados, em formulários padrão aprovados pelo BIMCO (The
Baltic and International Maritime Council) são:
O termo por viagem não tem significado restritivo, quer dizer, não determina
que o contrato deva ser por apenas uma viagem. Pode ser por várias viagens com o
mesmo navio. O termo apenas demonstra que o contrato é de transporte de
mercadorias, de acordo com a Convenção de Roma, de 1980, sobre Obrigações
Contratuais.
De maneira geral, nos contratos de transporte por viagem, obriga-se o
transportador a transferir coisas de um lugar para outro. Nesses contratos, há duas
pessoas, físicas ou jurídicas, que são o transportador (carrier) e o fretador ou
charteador (charterer).
É o transportador aquele que fornece o espaço a bordo de seu navio,
enquanto que o fretador (que pode ser também o embarcador – shipper) é aquele
que toma o espaço do navio, mediante o pagamento de uma contrapartida – o frete
– para o transporte de sua mercadoria.
Nestes contratos, a responsabilidade civil do transportador é objetiva, quer
dizer, é independente de culpa.
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2.4.4 Do hire e off-hire
2.4.4.1 Hire
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marítimo e por meio de carros, carretas, caminhões, trens, aviões, chatas, barcos,
navios, etc.
A responsabilidade civil do transportador marítimo, a exemplo dos
transportadores em geral, é de natureza contratual e é regida pela teoria objetiva
imprópria.
A teoria objetiva imprópria é aquela em que a culpa do transportador,
havendo inadimplemento do contrato de transporte, é sempre presumida.
O transportador só conseguirá eximir-se dessa presunção legal de culpa
provando a existência, no caso concreto, de alguma das causas excludentes de
responsabilidade previstas pelo ordenamento jurídico brasileiro.
A adoção da teoria objetiva imprópria encontra fundamento jurídico no
Decreto Legislativo (Lei Federal) nº 2.681/12, mais conhecido como "Decreto das
Estradas de Ferro" (também "Decreto dos Transportes", que regula a
responsabilidade civil das estradas de ferro).
O Decreto Legislativo (Lei Federal) nº 2.681/12, aplicável aos transportadores
em geral, elaborado no início do século, e o Código Comercial, datado da época do
Império, foram recepcionados pela Constituição Federal de 1988, razão pela qual
estão em pleno vigor, produzindo todos os efeitos jurídicos a que se destinam, em
especial o de regular a responsabilidade civil dos transportadores de bens.
Diz o art. 1º do Decreto Legislativo (Lei Federal) nº 2.681/12 que: "Art. 1º —
será sempre presumida a culpa do transportador". Vê-se nas suas letras inaugurais
que o dito dispositivo legal adotou a idéia de responsabilidade objetiva para regrar a
situação jurídica dos transportadores — posição vanguardista à época.
Referida norma jurídica foi elaborada, como já se disse, para disciplinar a
responsabilidade civil dos transportadores ferroviários, tanto assim que é mais
conhecido pela expressão "Decreto das Estradas de Ferro". Hoje, porém, é pacífico
o entendimento de ele ser aplicável aos transportadores em geral, entre eles o
transportador marítimo.
27
A propósito, diz Carlos Roberto Gonçalves:
6
Responsabilidade Civil, Saraiva, 4ª ed., São Paulo: 1988, p. 111.
28
A limitação da responsabilidade civil do transportador encontra amparo no
Código Civil, art. 750, o qual dispõe que a responsabilidade do transportador, limita
ao valor constante do conhecimento, começa no momento em que ele, ou seus
prepostos, recebem a coisa e termina quando é entregue ao destinatário, ou
deposita em juízo, se aquele não for encontrado.
Transcreve-se o referido artigo do Novo Código Civil:
29
"Realmente, a obrigação do transportador é de fim e não de meio. Não se
obriga ele a tomar providências e cautelas necessárias para o bom sucesso
do transporte; obriga-se pelo fim, isto é, garante o bom êxito. Daí a
7
apreciação rigorosa da sua responsabilidade"
7
Agostinho Alvim . Da Inexecução das Obrigações e suas Consequências, Saraiva, 1955, p. 341.
30
correto acondicionamento da mercadoria nos porões do navio. (Diário da
8
Justiça da União – Edição: Brasília, 26.10.1978, p. 8.462)
8
Jurisprudência extraída do livro Prática do Direito Marítimo, de Paulo Henrique Cremoneze, São Paulo: Quartier Latin,
2009.
31
Invertendo a ordem lógica em benefício da didática, comecemos pelo
segundo ponto destacado: a natureza de depositário do transportador marítimo.
Entende-se por depositário, no plano do Direito das Obrigações, todo aquele
que tem o dever jurídico-contratual de guardar um bem até que a outra parte o
reclame.
É, aliás, o que se depreende da simples leitura do art. 629 caput, do Novo
Código Civil: "Art. 629. O depositário é obrigado a ter na guarda e conservação da
coisa depositada o cuidado e diligência que costuma com o que lhe pertence, bem
como a restituí-la com todos os frutos e acrescidos, quando o exija o depositante."
Maria Helena Diniz, ao comentar o referido artigo, especificamente o contrato
de depósito, diz:
"Dever de guardar e conservar a coisa depositada. O depositário terá a
obrigação de guardar ma coisa sob seu poder, sendo-lhe permitido invocar
a ajuda de auxiliares, que ficarão sob sua responsabilidade. Deverá ter na
custódia do bem o cuidado e a diligência que costuma ter com o que lhe
pertence, respondendo pela perda ou deterioração se culposamente
9
contribuiu para que isso acontecesse (TRT, 690:136, 536:117; ejstj, 16:43)"
9
Maria Helena Diniz . Código Civil Anotado, Saraiva, 8.ª ed. atual. com o NCC. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 406.
32
responde pelo que é e não pelo que fez ou deixou de fazer. Daí dizer-se que a sua
responsabilidade é a de natureza contratual-objetiva.
A natureza jurídica do contrato de depósito importa responsabilidade civil
objetiva imprópria e, a reboque, o instituto da culpa presumida. Somente o caso
fortuito, a força maior e o vício de origem são capazes de afastar a presunção de
culpa do depositário em caso de inadimplemento contratual, daí não se falar na
caracterização de culpa. Tal postulado, bom frisar, é de inteira aplicação aos
transportadores.
Tão desnecessário é o fato de ter o depositário contribuído ou não
culposamente para o dano no bem confiado e tão objetiva é a responsabilidade civil
dele, que há quem defenda que esta responsabilidade objetiva é a da sua
modalidade mais absoluta e rigorosa, qual seja: a responsabilidade civil objetiva
própria, aquela que não reconhece qualquer causa excludente de responsabilidade.
Imperioso é ressaltar que hoje, o sistema normativo brasileiro prescreve que a
responsabilidade do depositário, em caso de inadimplemento da obrigação de
depósito, é de ordem objetiva (imprópria), informada pela ideia de presunção legal
de culpa.
Eis o motivo pelo qual é correto equiparar as obrigações do transportador
marítimo com as do depositário. É feliz a comparação porque ela é revestida de
lógica jurídica e tem a capacidade de fazer a justaposição da norma com o contexto
fático. Explica-se: o transportador marítimo, ao receber os bens contratualmente
confiados para o transporte, deve, antes, guardá-los e conservá-los para, depois de
feita a viagem marítima, restituí-los, entregá-los, a quem de direito e no local de
destino.
O contrato de transporte, pois, reclama, ainda que às avessas e/ou de forma
indireta, o de depósito, não existindo aquele sem que, no plano dos fatos, dos
acontecimentos do mundo, tenha havido, antes, este.
Finda a primeira observação, entenda-se, comentário do primeiro ponto
abordado por Rubens Walter Machado, há que se perscrutar os caminhos da
segunda observação, versando o primeiro ponto tratado pelo referido especialista
em sua manifestação, qual seja, aquele que trata do capitão do navio, preposto do
transportador marítimo.
33
No que abrange algumas especificidades do Direito Marítimo, é tecnicamente
certo dizer que o comandante do navio é aquele que representa, em tudo e para
tudo o que for relacionado ao navio e a viagem. Conforme o caso, poderá
representar o proprietário, o armador ou mesmo o afretador (aquele que loca
espaços do navio ou todo este). É largamente cediço no Direito Marítimo que o
comandante é o representante daquele que emitiu o conhecimento marítimo
(contrato de transporte marítimo), e que é chamado de transportador marítimo.
Com efeito, tão pacificado está o assunto no Direito brasileiro que o Supremo
Tribunal Federal houve por bem sumulá-lo: "STF - SÚMULA 341 - É presumida a
culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto."
Tal enunciado da súmula é bem empregado no caso específico do
transportador marítimo, este entendido como aquele que tem a gestão náutica de
um navio e/ou emite conhecimentos de embarque (contrato de transporte) em
relação aos atos do capitão, a pessoa natural que incorpora o comando do navio. O
transportador marítimo, a quem se incumbe bem escolher os seus prepostos ou
representantes, responde pelos atos do comandante não por que tenha dado causa
direta pelo fato danoso, mas, sim, pelo que é, pela natureza da relação jurídica que
tem com o seu preposto e, sobretudo, pelo modo como se apresenta perante o
terceiro que com ele celebra o Contrato de Transporte Marítimo.
Em homenagem à síntese, sobre todo o exposto, vale dizer: acerca da
primeira parte destes modestos comentários, pode-se dizer o seguinte:
1. a responsabilidade civil dos transportadores marítimos é de natureza
contratual e é, segundo o ordenamento jurídico brasileiro, ditada pela teoria objetiva
imprópria, aquela em que a sua culpa, em caso de inadimplemento do contrato, é
sempre presumida;
2. a presunção legal de culpa, segundo o entendimento do Direito brasileiro, é
tão inequívoca que alcança os atos praticados pelos empregados e prepostos dos
transportadores marítimos, em especial o capitão, comando do navio;
3. o transportador marítimo tem a obrigação de zelar pelo bem confiado para
o transporte tal e qual um depositário, sendo os seus deveres os de guardar,
conservar e restituir o bem em condição idêntica a recebida;
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4. o contrato de transporte marítimo só se aperfeiçoa com a perfeita entrega
dos bens dados contratualmente para o transporte a quem de direito. Não havendo o
adimplemento dessa obrigação, há a presunção legal de culpa do transportador,
devendo ele responder pelos prejuízos decorrentes, salvo se conseguir provar, no
caso concreto, a existência de alguma das causas legais excludentes de
responsabilidade.
35
Trata-se, pois, de uma causa excludente de responsabilidade que bem se
ajusta aos muitos mecanismos de calibragem do sistema jurídico brasileiro e,
mesmo, internacional.
Mas, a prova da existência do vício de origem compete exclusivamente ao
transportador marítimo, por conta e ordem do império da teoria da inversão do ônus
da prova, um dos pilares da teoria objetiva imprópria.
Assim, em sendo alegado pelo transportador eventual ocorrência de vício de
origem, caberá a ele próprio a respectiva produção de prova, normalmente por meio
de perícia judicial.
Não havendo prova específica em tal sentido, mantém-se, em desfavor do
transportador, a presunção de culpa pelo inadimplemento contratual.
Dá-se isso porque o transportador muito provavelmente, num caso dessa
natureza, recebeu a carga para transporte sem qualquer ressalva no conhecimento
marítimo, vale dizer, “limpa a bordo”.
O vício de embalagem é mais comumente alegado nas lides forenses sobre
Direito Marítimo.
De certo modo, o conceito de vício de origem é parecido com o de vício de
embalagem.
O vício de embalagem é o defeito existente na proteção da carga confiada
para transporte.
O artigo 746 do N. Código Civil expressamente prevê que “O transportador
poderá recusar a coisa cuja embalagem seja inadequada, bem como possa por em
risco a saúde das pessoas ou danificar o veículo e outros bens.”
Sendo conferida, por lei, a possibilidade de o transportador recusar a coisa,
cuja embalagem seja inadequada, muito difícil será a caracterização de vício de
embalagem.
De fato, ao receber a carga, o transportador automaticamente reconhece que
a embalagem é adequada, pois se assim não fosse, poderia ter exercitado a
faculdade disposta no citado artigo 746 do N. Código Civil.
Logo, para se ter caracterizada a figura do vício de embalagem, é preciso
provar, ainda, que o vício e defeito da mesma estivesse oculto no momento do
embarque.
36
E, ao se falar em “oculto”, fala-se oculto aos olhos e às máximas de
experiência, ao bom-senso e conhecimento da tripulação do navio, que sabe, a rigor,
quais embalagens são ou não adequadas para a maioria das cargas que lhes são
confiadas por meio de sucessivos transportes.
Importante destacar que vício de embalagem jamais poderá ser confundido
com vício de estivagem da carga.
O vício de estivagem, apesar do nome, não tem nada que ver com o vício
oculto. Trata-se, sim, de grave modalidade de falta contratual do transportador
marítimo, que se revela desidioso quanto aos seus deveres operacionais.
Com efeito, a estivagem, ainda que operada por terceiro, é de inteira
responsabilidade do transportador, por meio do comandante do navio.
O vício de estivagem nada mais é do que a falha operacional do transportador
marítimo em arrumar as cargas a bordo do navio.
Força maior e caso fortuito, são as causas excludentes de responsabilidade
mais alegadas pelos transportadores marítimos e as que são objeto das maiores
discussões, posto que a sua caracterização, não raro, é difícil de ser constatada no
mundo fático, motivo pelo qual serão tratadas, doravante, com especial atenção.
Referidas causas fazem parte do gênero fortuidade, sendo diferentes,
apenas, no que diz respeito ao agente causador. Explica-se: enquanto na força
maior o agente causador é a conduta humana, no caso fortuito, o agente é a força
da natureza.
É importante destacar que esse entendimento não é pacífico na doutrina
mundial. O Direito comparado apresenta a doutrina alemã em sentido contrário. Para
os alemães, o conceito de força maior implica força da natureza e o de caso fortuito,
a conduta humana.
Há quem considere caso fortuito e força maior expressões sinônimas, sem
distinção de qualquer natureza, uma vez que o que é relevante ao ordenamento
jurídico é a projeção dos efeitos legais e concretos de um e de outro e que são
praticamente os mesmos.
Em que pese o antagonismo conceitual existente entre os diversos
ordenamentos jurídicos do mundo, o certo é que os efeitos são os mesmos e as
consequências, no mundo dos fatos e no mundo do Direito, também.
37
Operando-se o gênero fortuidade, é possível compreender melhor os
institutos e postulados que regem as espécies, força maior e caso fortuito.
A caracterização da fortuidade depende dos seguintes elementos, tidos como
pressupostos essenciais: imprevisibilidade, inesperabilidade e irresistibilidade. Não
basta haver um fato considerado como anormal e provocador de um determinado
dano para alegar-se a fortuidade, é preciso que este fato seja absolutamente
imprevisível, inesperado e irresistível.
Nesse sentido é interessante o entendimento de Pedro Calmon Filho,
professor universitário e advogado especializado em Direito Marítimo:
10
Estudos do Mar Brasileiro - A Lei do Mar, Renes, Rio de Janeiro: 1972, p. 152
38
a incidência das três condições. Significa dizer que o transportador marítimo, para se
valer da fortuidade, precisa provar que o fato que o envolveu foi, ao mesmo tempo,
imprevisível, irresistível e inesperado.
Em outras palavras: a falta de apenas um dos requisitos em destaque tem o
condão de afastar eventual caracterização de fortuidade. A força maior e o caso
fortuito só existem se coexistirem os referidos três requisitos, capazes de superar os
limites máximos de cuidado do transportador marítimo em relação aos bens sob sua
custódia.
A falta de apenas um deles é o bastante para se ter afastada qualquer
pretensão no sentido de se caracterizar a fortuidade. É de vital significado, ter-se
como postulado esse entendimento, porque é muito comum os transportadores,
diante de casos concretos, alegarem fortuidade, com base em apenas um dos
referidos requisitos. Fazem-no porque continuam defendendo a ideia, há muito
ultrapassada, segundo a qual a expedição marítima é uma verdadeira aventura,
sujeita a inúmeros riscos e perigos, todos imprevisíveis ao homem.
Sobre o tema fortuidade em relação à navegação nos dias de hoje, Rubens
Walter Machado, tão estimado mestre, é mais uma vez feliz ao dizer:
"...a força maior ou o caso fortuito previstos por nossa legislação comercial,
são os fatos imprevisíveis ou irresistíveis que superam a normal diligência e
perícia que se podem exigir do comando do navio. São os fatos inesperados
que extrapolam a capacidade do homem prevenir-se contra um perigo não
esperado, ou de enfrentar depois de iniciado. Em nossos dias, com o
avanço da tecnologia, os navios são planejados e construídos para
enfrentar os usuais perigos do mar. Os meios de comunicação existentes
permitem que o comando do navio tenha uma exata e perfeita informação
das condições do mar a ser enfrentado, permitindo que se afastem — quase
que por completo — os fatos imprevisíveis, imprevistos e inesperados." (op.
cit., p. 21)
40
sua fúria pode variar em intensidade, razão pela qual, sabendo previamente da sua
ocorrência, a ninguém é dado enfrentá-la sem o devido preparo. Quem o faz,
assume, integralmente, todos os riscos, não podendo, posteriormente e mediante a
constatação de infortúnio, alegar o benefício legal do caso fortuito.
O caso ilustrado é bastante emblemático e serve para enfatizar a ideia de
hoje ser muito difícil, talvez impossível, a caracterização de fortuidade,
especialmente caso fortuito, em face de todo o aparato tecnológico existente e que
faz previsível, senão esperado, todas as eventuais ocorrências de adversidades
climáticas. Com efeito, se o evento é, de qualquer forma esperado, ou previsível,
ainda que irresistível, não há como subsistir a excludente de responsabilidade em
estudo.
Naquilo que toca o conceito de força maior, o aspecto mais problemático e
bastante relevante é o da questão do roubo de mercadorias a bordo do navio
transportador.
41
“Art. 744. Ao receber a coisa, o transportador emitirá conhecimento com a
menção dos dados que a identifiquem, obedecido o disposto em lei
especial.
Parágrafo único. O transportador poderá exigir que o remetente lhe
entregue, devidamente assinada, a relação discriminada das coisas a serem
transportadas, em duas vias, uma das quais, por ele devidamente
autenticada, ficará fazendo parte integrante do conhecimento.”
11
Fábio Ulhoa Coelho, Código Comercial e legislação complementar anotados. À luz do Novo Código Civil. 5ª Ed. São
Paulo, Saraiva, p. 188.
42
Como regra, são exigidas as seguintes informações: denominação da
empresa emissora; número de conhecimento; data da emissão; nome e viagem do
navio; embarcador; depositário, nome de quem vai ser notificado quando da
chegada da mercadoria; tipo de mercadoria e suas características (quantidade, peso
bruto, embalagem, volumes, marcas etc.); forma de pagamento do frete (em
algarismos e por extenso); nome do agente da companhia transportadora no porto
de embarque, com o carimbo e assinatura do responsável; carimbo do local de
estiva da mercadoria (shipped on board); portos ou pontos de embarque, destino e
transbordo. No verso do B/L estão delineadas as cláusulas que retratam as
condições do transporte. Destacam-se, em essencial e pela relevância, A cláusula
Paramount12 de legislação aplicável, a cláusula de competência jurisdicional, as
cláusulas limitativas e/ou exonerativas de responsabilidade do transportador
marítimo durante o transporte, cláusulas de avarias grossas, entre outras.
12
A cláusula paramount é também conhecida como cláusula principal. Trata-se de cláusula que determina a
legislação aplicável. Comumente remete-se à aplicabilidade de um regime convencional – geralmente a
Convenção de Bruxelas para a Unificação de Certas Regras em Matéria de Conhecimento de Embarque (1924,
Regras de Haia), as Regras de Haia-Visby, as Regras de Hamburgo, a Cogsa 1936 (EUA) – ou uma determinada
lei estatal.
43
I. GENERAL PROVISIONS
1. Applicability.
Notwithstanding the heading "Combined Transport", the provisions set out and referred to in this Bill of
Lading shall also apply, if the transport as described in this Bill of Lading is performed by one mode of
transport only.
2. Definitions.
"Carrier" means the party on whose behalf this Bill of Lading has been signed. "Merchant" includes the
Shipper, the Receiver, the Consignor, the Consignee, the holder of this Bill of Lading and the owner of
the goods.
3. Carrier's Tariff.
The terms of the Carrier's applicable Tariff at the date of shipment are incorporated herein. Copies of
the relevant provisions of the applicable Tariff are available from the Carrier upon request. In the case
of inconsistency between this Bill of Lading and the applicable Tariff, this Bill of Lading shall prevail.
4. Time Bar.
All liability whatsoever of the Carrier shall cease unless suit is brought within 9 months after delivery of
the goods or the date when the goods should have been delivered.
Disputes arising under this Bill of Ladinq shall be determined by the courts and in accordance with the
law at the place where the Carrier has his principal place of business.
44
7. Optional Stowage.
(1) Goods may be stowed by the Carrier by means of containers, trailers, transportable tanks, flats,
pallets, or similar articles of transport used to consolidate goods.
(2) Containers, trailers, transportable tanks and covered flats, whether stowed by the Carrier or
received by him in a stowed condition from the Merchant, may be carried on or
under deck without notice to the Merchant.
45
(g) Strikes or lock-outs or stoppages or restraints of labour from whatever cause whether partial or
general.
(h) Any cause or event which the Carrier could not avoid and the consequence whereof he could not
prevent by the exercise of reasonable diligence.
(4) Where under sub-clause 9 (3) the Carrier is not under any liability in respect of some of the factors
causing the loss or damage, he shall only be liable to the extent that those factors for which he is
liable under this Clause have contributed to the loss or damage.
(5) The burden of proving that the loss or damage was due to one or more of the causes or events,
specified in (a),(b) and (h) of sub-clause 9 (3) shall rest upon the Carrier.
(6) When the Carrier establishes that in the circumstances of the case, the loss or damage could be
attributed to one or more of the causes or events, specified in (c) to (g) of sub-clause 9 (3), it shall be
presumed that it was so caused. The Merchant shall, however, be entitled to
prove that the loss or damage was not, in fact, caused either wholly or partly by one or more of the
causes or events.
46
(2) Insofar as there is no mandatory law applying to carriage by sea by virtue of the provisions of sub-
clause 11 (1), the liability of the Carrier in respect of any carriage by sea shall be determined by the
International Brussels Convention 1924 as amended by the Protocol signed at Brussels on February
23rd 1968 - The Hague/Visby Rules. The Hague/Visby Rules shall also determine the liability of the
Carrier in respect of carriage by inland waterways as if such carriage were carriage by sea.
Furthermore, they shall apply to all goods, whether carried on deck or under deck.
47
IV. DESCRIPTION OF GOODS
15. Carrier's Responsibility.
The information in this Bill of Lading shall be prima facie evidence of the taking in charge by the
Carrier of the goods as described by such information unless a contrary indication, such as "shipper's
weight, load and count", "Shipper-packed container" or similar expressions, have
been made in the printed text or superimposed on the Bill of Lading. Proof to the contrary shall not be
admissible when the Bill of Lading has been transferred, or the equivalent electronic data interchange
message has been transmitted to and acknowledged by the Consignee who in good faith has relied
and acted thereon.
48
18. Dangerous Goods.
(1) The Merchant shall comply with all internationally recognised requirements and all rules which
apply according to national law or by reason of international Convention, relating to the carriage of
goods of a dangerous nature, and shall in any event inform the Carrier in writing of
the exact nature of the danger before goods of a dangerous nature are taken into charge by the
Carrier and indicate to him, if need be, the precautions to be taken.
(2) Goods of a dangerous nature which the Carrier did not know were dangerous, may, at any time or
place, be unloaded, destroyed, or rendered harmless, without compensation; further, the Merchant
shall be liable for all expenses, loss or damage arising out of their handing over
for carriage or of their carriage.
(3) If any goods shipped with the knowledge of the Carrier as to their dangerous nature shall become
a danger to any person or property, they may in like manner be landed at any place or destroyed or
rendered innocuous by the Carrier without liability on the part of the Carrier except to General
Average, if any.
49
If the currency in which freight and charges are quoted is devalued between the date of the freight
agreement and the date when the freight and charges are paid, then all
freight and charges shall be automatically and immediately increased in proportion to the extent of the
devaluation of the said currency.
(3) For the purpose of verifying the freight basis, the Carrier reserves the right to have the contents of
containers, trailers or similar articles of transport inspected in order to ascertain the weight,
measurement, value, or nature of the goods.
21. Lien.
The Carrier shall have a lien on the goods for any amount due under this Contract and for the costs of
recovering the same, and may enforce such lien in any reasonable manner,
including sale or disposal of the goods.
13
https//WWW.bimco.org/~/media/Docoments/Document_Samples/Bill_of_Ladings_Copy_COMBICONBILL.ashx
50
2.6.3 Das principais cláusulas do conhecimento de embarque
• Cláusula Paramount;
• Cláusula de jurisdição;
• Cláusula de abalroamento em caso de culpa de ambos os navios (both to
blame);
• Cláusula de avaria grossa (general avarege clause) e cláusula new jason;
• Cláusula de identificação do transportador (identity of carrier clause);
• Cláusula de definição de viagem (scope of voyage);
• Cláusula de exceção geral (exception general clause).
51
Cláusula de avaria grossa (general average clause) e cláusula New Jason. A
cláusula de avaria grossa determina a legislação aplicável na regulação de avarias
grossas. Geralmente, nelas são aplicáveis as Regras de York e Antuérpia. A
cláusula New Jason autoriza o armador de um navio a exigir contribuição da
regulação de avaria grossa mesmo na hipótese de falta, erro ou negligência suas,
pelos quais o armador não responda por lei.
52
de retenção da carga ou do navio em casos que uma das partes tornou-se credora
por uma obrigação não adimplida da outra. Em geral essa cláusula beneficia ambos
os contratantes.
53
apropriada da embarcação/navio, à navegação e a tudo mais que se fizer necessário
à navegação.
A gestão náutica se subdivide em gestão administrativa e gestão náutica
propriamente dita. A gestão administrativa se ocupa dos cuidados com o casco, as
máquinas propulsoras e aparelhos do navio que fazem parte da Seção de Máquinas,
seu aprovisionamento, equipagem, certificados etc. A gestão náutica propriamente
dita se refere à navegação, estabilidade, manobra do navio e aos seus aparelhos de
carga e de suspender. Além disso, a gestão náutica é encarregada da implantação e
atualização, a bordo, de Convenções, Regulamentos, circulares e portarias
emanadas da Autoridade Marítima. Como exemplo temos a Convenção SOLAS, a
MARPOL, o STCW, o ISM Code, o ISPS, a LESTA e outras.
54
Contrato de Gestão Gestão
fretamento Náutica Comercial
14
Resolução nº 1.557-ANTAQ, de 11 de dezembro de 2009.
55
bordo. Alguns armadores, principalmente os nacionais, agora é que estão
despertando para esta necessidade.
A armação e a propriedade são conceitos distintos. A propriedade é uma
noção exclusivamente jurídica e o direito sobre o navio, que confere a seu titular
uma atividade estática por excelência. Proprietário é a pessoa física ou jurídica, em
nome de quem a propriedade da embarcação é inscrita na Autoridade Marítima.
A armação, a contrario sensu, importa em uma noção dinâmica do exercício
da atividade empresarial da navegação.
Armação é o ato de armar o navio, provendo-o de todos os meios para
empreender uma expedição marítima. O conceito de armação abrange toda a
atividade economicamente organizada pelo armador para o provimento de uma
embarcação e sua exploração comercial. Ademais, armar um navio é aprestá-lo e,
concluído o aprestamento, colocá-lo em estado de navegabilidade.
Armador é o empresário individual (pessoa física) ou sociedade empresarial
(pessoa jurídica) que procede a armação da embarcação de sua propriedade ou não
e a explora comercialmente. Efetivamente, armador é pessoa que exerça titularidade
da função náutica ou empresa da navegação.
O armador, em seu nome e sob sua responsabilidade, apresenta a
embarcação com fins comerciais, pondo-a a navegar por sua conta. Evidencia-se,
portanto, que na pessoa do armador consagra-se o empresário da navegação
marítima. Destarte, na acepção jurídica, o armador providencia a armação do navio
e também o explora comercialmente e, via de consequência, assume obrigações
empresariais advindas da exploração econômica do meio flutuante.
A exegese finalista que decorre da análise precedente resvala na
pressuposição básica de que o armador detém e responde pela gestão náutica,
independentemente de ser ou não o proprietário do navio (shipowner, armador
original).
Nos termos de análise precedente, infere-se que a GN é de responsabilidade
do afretador, apenas no BCP (fretamento a casco nu). Nos fretamentos a tempo –
TCP – e por viagem – VCP, a GN fica a cargo do fretador. Depreende-se, por
conseguinte, que o armador é o fretador no VCP e TCP.
56
Há de se ressaltar, além disso, que independentemente da modalidade de
fretamento, o fretador original, ou principal, é sempre o proprietário do navio. Nos
fretamentos principais VCP e TCP se configuraram, portanto, a figura jurídica do
armador–fretador–proprietário.
No BCP o armador é o afretador na figura do armador disponente, ainda
denominado doutrinariamente armador-beneficiário, tendo em vista que vai explorar
o navio que não é de sua propriedade e vai deter a GN e a GC.
57
2.8.2 GENCON
2.9 Do fixture
15
Michael Wilford, Terence Coghlin, Nicholas J. Healy, Jr, John D. Kimball. Time Charters. Second edition, London:
Lloyd’s of London Press Ltd., 1982. p. 9.
59
3 DA NEGOCIAÇÃO DO FECHAMENTO DE NAVIOS E CARGAS
60
3.2 Da função do broker junto ao armador
61
I – aceitando parcialmente (charterers accept owners, except ...), resposta
comumente denominada contra (counter);
II – recusando a maioria dos termos e reinviando uma contraproposta (counter
offer);
III – recusando totalmente os termos oferecidos (charterers declaine owners
offer without); e
IV – aceitando e procedendo ao fechamento do contrato (fixture).
62
A fase final da contratação enseja o fechamento do contrato, sua respectiva
celebração e a especificação dos details.
Portanto, após todos os detalhes acordados sob última análise, dar-se-á o
contrato de afretamente concluído, consolidando-se o fixture.
63
contratos de afretamento por viagem com diversas empresas que distribuem
combustível por toda a costa brasileira. Contratos esses em que o navio transporta
um tipo ou mais de um tipo de carga; entretanto, o afretador utiliza-se de todo o
espaço do navio para, então definir-se o destino da carga. Mas o importante é que o
navio está plenamente comprometido – “navio fechado”.
64
“Rescission for misrepresentation
16
Michael Wilford, Terence Coghlin, Nicholas J. Healy, Jr, John D. Kimball. Time Charters. Second edition, London:
Lloyd’s of London Press Ltd., 1982. p. 25.
65
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
66
Na mesma dinâmica em que os contratos de transporte são firmados, os
contratos de afretamento acompanham o mesmo ritmo. Estes encontram-se
umbilicalmente relacionados com o cargo broker, que atua sobretudo nos navios
liners. A figura do cargo broker tem relevante importância no cenário do transporte
marítimo, pois é o responsável para completar as praças dos navios. Tanto o
exportador como o armador necessitam de seus serviços. Aquele porque tem que
despachar a sua mercadoria vendida ao destino do importador. Já o segundo, é pelo
óbvio fato de que o navio deve navegar com mercadoria, cujo objeto da prestação
de serviço é a sua receita para manter a boa saúde financeira da empresa.
De outra banda, o cargo broker também pode operar como representante do
armador a fim de consolidar os contratos de afretamento.
No entanto, conclui-se pela iminente adoção das normas internacionais, haja
vista que a teoria dualista adotada pelo Brasil não permite a tácita recepção de uma
convenção internacional a não ser que seja devidamente submetida à apreciação do
Congresso Nacional para, em seguida, ser sancionada pelo Presidente da República
através de decreto (o único que detém força de lei ordinária), tal qual exige a nossa
Carta Magna/88.
Do contrário, o Brasil quedar-se-á suscetível de enfrentar verdadeiros
conflitos de competência no que tange à legislação aplicável, provocados pela
resistência oferecida à não ratificação de quatro diferentes convenções (Regras de
Hamburgo, Haya-Visby, Regras de Haya [Conveção de Bruxelas] e COGSA-1936),
que regem o transporte marítimo internacional, responsável, nos dias de hoje, por
cerca de 80% do comércio mundial.
No caso do Brasil, navegar é preciso!
67
Referências
ANJOS, José Haroldo dos. Curso de Direito Marítimo. Rio de Janeiro: Renovar.
1992.
CALMON FILHO, Pedro. Estudos do Mar Brasileiro - A Lei do Mar. Renes, Rio de
Janeiro: 1972.
DINIZ, Maria Helena. Código Civil Anotado. Saraiva, 8.ª ed. atual. com o NCC. São
Paulo: Saraiva, 2002
68
GONÇALVES, Carlos Roberto, Responsabilidade Civil. Saraiva, 4ª ed., São Paulo:
1988.
MARTINS, Eliane Maria Octaviano. Curso de Direto Marítimo. 3.ª Ed. Barueri, São
Paulo: Manole, 2008.
WILFORD, Michael, COGHILIN, Terence, HEALY, JR., Nicholas J., KIMBALL, John
D. TIME CHARTERS, London : Lloyd’s of London Press, Second edition, 1982.
69