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MARINHA DO BRASIL

DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS


ENSINO PROFISSIONAL MARÍTIMO
CURSO DE FORMAÇÃO DE AQUAVIÁRIOS
(CFAQ-MAF/MMA)

SEGURANÇA E RESPONSABILIDADE SOCIAL


SRE-001
Sumário
1 LEGISLAÇÃO APLICADA À MARINHA MERCANTE BRASILEIRA 5

Legislação Pertinente (CLT / LESTA / RELESTA / NORMAM) .................................. 5

Águas jurisdicionais brasileiras ........................................................................... 7

Caderneta De Inscrição E Registro – CIR .............................................................. 9

Rol de equipagem............................................................................................. 10

Atribuições do comandante .............................................................................. 10

Atribuições dos aquaviários .............................................................................. 12

Legislação Ambiental ........................................................................................ 13

2 PRIMEIROS SOCORROS 16

Abordagem inicial à vítima ............................................................................... 17

Parada Cardiorrespiratória (PCR)....................................................................... 23

Obstrução das vias aéreas................................................................................. 26

Convulsão ........................................................................................................ 28

Desmaio........................................................................................................... 30

Queimaduras ................................................................................................... 31

Choque Elétrico ................................................................................................ 33

Principais lesões traumato-ortopédicas e suas consequências ............................ 34

Hemorragias .................................................................................................... 38

3 TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA PESSOAL 40

Embarcações de sobrevivência.......................................................................... 40

Embarcação de salvamento .............................................................................. 41

Equipamentos individuais ................................................................................. 41

Fundamentos da sobrevivência no mar ............................................................. 44

4 SEGURANÇA NO TRABALHO 47

Conceitos e definições ...................................................................................... 47


2
Legislação ........................................................................................................ 49

Riscos nos ambientes de trabalho ..................................................................... 50

5 PREVENÇÃO E CONTROLE DA POLUIÇÃO - MEIO AMBIENTE AQUAVIÁRIO 53

Meio ambiente ................................................................................................ 53

Poluição ........................................................................................................... 53

Degradação dos rios brasileiros ......................................................................... 55

Poluição e outros Crimes Ambientais ................................................................ 59

Principais agentes poluidores ........................................................................... 60

6 PROCEDIMENTOS DE EMERGÊNCIA 64

Procedimentos básicos para a sobrevivência ..................................................... 64

Procedimentos básicos para o trat de transtornos emoc e de saúde mental ....... 68

Procedimentos de Abandono ............................................................................ 74

Ações a serem empreendidas quando do abandono da embarcação .................. 76

7 RELAÇÕES INTERPESSOAIS E RESPONSABILIDADES SOCIAIS 85

Relações humanas ............................................................................................ 85

Personalidade .................................................................................................. 85

Trabalho em equipe.......................................................................................... 93

Relacionamento humano a bordo do navio ..................................................... 103

Responsabilidade social.................................................................................. 106

Relações humanas a bordo ............................................................................. 108

8 PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO 110

Teoria do fogo ................................................................................................ 110

Classificação dos incêndios ............................................................................. 111

Métodos de extinção do fogo ......................................................................... 115

Agentes extintores ......................................................................................... 117

Equipamentos de combate a incêndios ........................................................... 124

3
Combate a incêndios a bordo .......................................................................... 129

Agentes extintores usados a bordo - resfriamento ........................................... 131

Agentes extintores usados a bordo - abafamento ............................................ 132

Técnicas de Combate a Incêndio ..................................................................... 135

REFERÊNCIAS 142

4
1 LEGISLAÇÃO APLICADA À MARINHA MERCANTE BRASILEIRA
Legislação Pertinente (CLT / LESTA / RELESTA / NORMAM)
A carreira do aquaviário, ou seja, a formação, certificação e controle do pessoal
da Marinha Mercante, é regulada pela NORMAM 13. Regulamento da Lei de Segurança
do Tráfego Aquaviário (RLESTA) e regulamentou a Lei n. 9.537, de 11 de dezembro de
1977 (LESTA), que dispõe sobre a Segurança do Tráfego Aquaviário em águas sob
Jurisdição Nacional.

As Normas da Autoridade Marítima para Aquaviários - NORMAM 13, aprovadas


pela Portaria n. 111, de 16 de dezembro de 2003, estabelecem os procedimentos
relativos à carreira dos Aquaviários, em cumprimento da Lei mencionada e sua
regulamentação. A NORMAM 13, foi elaborada buscando atender a Convenção
Internacional sobre Padrão de Treinamento de Marítimos e de Certificação em Serviço
de Quarto, mais conhecida como STCW-78/95 (Standards of Training Certification and
Watchkeeping) da Organização Marítima Internacional (IMO).

Autoridade marítima é o representante legal do país, responsável, dentre outras


atribuições, pelo ordenamento e regulamentação das atividades da Marinha Mercante,
cabendo a ela promover a implementação e a execução da Lei de Segurança do Tráfego
Aquaviário - LESTA, com o propósito de assegurar a salvaguarda da vida humana, a
segurança da navegação, no mar aberto e hidrovias interiores, e a prevenção da poluição
ambiental por parte de embarcações, plataformas ou suas instalações de apoio.

A Autoridade Marítima no Brasil é o Comandante da Marinha. O Diretor de


Portos e Costas é o representante da Autoridade Marítima para a Marinha Mercante,
Segurança do Tráfego Aquaviário e Meio Ambiente. Estão sob sua responsabilidade os
assuntos concernentes à Marinha Mercante, ao Ensino Profissional Marítimo e aos
Aquaviários, à segurança do Tráfego Aquaviário, à Inspeção Naval, à segurança das
embarcações, à praticagem e à prevenção de poluição ambiental por parte de navios,
plataformas e suas estações de apoio e à poluição causada por vazamento de óleo e
outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional.

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As representações da Autoridade Marítima referentes a fiscalização do
cumprimento das normas de Segurança do Tráfego Aquaviário e do Meio Ambiente, são
exercidas pelos Comandantes de Distritos Navais e do Comando Naval da Amazônia
Ocidental, diretamente ou por meio das Capitanias dos Portos e Capitanias Fluviais, suas
Delegacias e Agências, denominadas Agentes da Autoridade Marítima. De acordo com
o artigo 4° da Lei n. 9.537 de 11 de dezembro de 1997(LESTA), que dispõe sobre a
segurança do tráfego aquaviário em águas sob jurisdição nacional, são atribuições da
Autoridade Marítima:

1) Elaborar normas para:

 Habilitação e cadastro dos aquaviários e amadores; tráfego e


permanência das embarcações nas águas sob jurisdição nacional, bem
como sua entrada e saída de portos, atracadouros, fundeadouros e
marinas;

 Realização de inspeções navais e vistorias; arqueação, determinação da


borda livre, lotação, identificação e classificação das embarcações;
 Inscrição das embarcações e fiscalização do Registro de Propriedade;
 Execução de obras, dragagens, pesquisa e lavra de minerais sob, sobre e
às margens das águas sob jurisdição nacional, no que concerne ao
ordenamento do espaço aquaviário e à segurança da navegação, sem
prejuízo das obrigações frente aos demais órgãos competentes;
 Cadastramento e funcionamento das marinas, clubes e entidades
desportivas náuticas, no que diz respeito à salvaguarda da vida humana
e à segurança da navegação no mar aberto e em hidrovias interiores;

 Cadastramento de empresas de navegação, peritos e sociedades


classificadoras;
 Estabelecimento e funcionamento de sinais e auxílios à navegação;
 Aplicação de penalidade pelo Comandante.

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Águas jurisdicionais brasileiras
De acordo com a NORMAM 04 as águas jurisdicionais brasileiras compreendem
as águas interiores e os espaços marítimos, nos quais o Brasil exerce jurisdição, em
algum grau, sobre atividades, pessoas, instalações, embarcações e recursos naturais
vivos e não vivos, encontrados na massa líquida, no leito ou no subsolo marinho, para
os fins de controle e fiscalização, dentro dos limites da legislação internacional e
nacional. Esses espaços marítimos compreendem a faixa de duzentas milhas marítimas
contadas a partir das linhas de base, acrescida das águas sobrejacentes à extensão da
Plataforma Continental além das duzentas milhas marítimas, onde ela ocorrer.

A Lei No 8.617 de 04 de janeiro de 1993, que dispõe sobre o mar territorial, a


zona contígua, a zona econômica exclusiva e a plataforma continental brasileira define:

Mar territorial brasileiro

 Compreende uma faixa de doze milhas marítimas de largura, medidas a


partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular brasileiro, tal
como indicada nas cartas náuticas de grande escala, reconhecidas
oficialmente no Brasil.

 A soberania do Brasil estende-se ao mar territorial, ao espaço aéreo


sobrejacente, bem como ao seu leito e subsolo.
 É reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o direito de
passagem inocente no mar territorial brasileiro.
 A passagem será considerada inocente desde que não seja prejudicial à
paz, à boa ordem ou à segurança do Brasil, devendo ser contínua e rápida.

 A passagem inocente poderá compreender o parar e o fundear, mas


apenas na medida em que tais procedimentos constituam incidentes
comuns de navegação ou sejam impostos por motivos de força maior ou
por dificuldade grave, ou tenham por fim prestar auxílio a pessoas a
navios ou aeronaves em perigo ou em dificuldade grave.
 Os navios estrangeiros no mar territorial brasileiro estarão sujeitos aos
regulamentos estabelecidos pelo Governo brasileiro.

7
Zona contígua

Compreende uma faixa que se estende das doze às vinte e quatro milhas
marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar
territorial. Na zona contígua, o Brasil poderá tomar as medidas de fiscalização
necessárias para:

I – Evitar as infrações às leis e aos regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração


ou sanitários, no seu território ou no seu mar territorial;

II – Reprimir as infrações às leis e aos regulamentos, no seu território ou no seu


mar territorial.

Zona Econômica Exclusiva

A zona econômica exclusiva brasileira compreende uma faixa que se estende das
doze às duzentas milhas marítimas, contadas a partir das linhas de base que servem para
medir a largura do mar territorial. Na zona econômica exclusiva, o Brasil tem direitos de
soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos recursos
naturais, vivos ou não-vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e
seu subsolo, e no que se refere a outras atividades com vistas à exploração e ao
aproveitamento da zona para fins econômicos. O Brasil, no exercício de su a jurisdição,
tem o direito exclusivo de regulamentar a investigação científica marinha, a proteção e
preservação do meio marítimo, bem como a construção, operação e uso de todos os
tipos de ilhas artificiais, instalações e estruturas. A investigação científica marinha na
zona econômica exclusiva só poderá ser conduzida por outros Estados com o
consentimento prévio do Governo brasileiro, nos termos da legislação em vigor que
regula a matéria. É reconhecido a todos os Estados o gozo, na zona econômica exclusiva,
das liberdades de navegação e sobrevoo, bem como de outros usos do mar
internacionalmente lícitos, relacionados com a referidas liberdades, tais como os ligados
à operação de navios e aeronaves.

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Plataforma continental

A plataforma continental do Brasil compreende o leito e o subsolo das áreas


submarinas que se estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do
prolongamento natural de seu território terrestre, até o bordo exterior da margem
continental, ou até uma distância de duzentas milhas marítimas das linhas de base, a
partir das quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior
da margem continental não atinja essa distância.

Caderneta De Inscrição E Registro – CIR


Após aprovação em curso do Ensino Profissional Marítimo, o candidato será
inscrito numa Capitania dos Portos e será expedida uma Caderneta de Inscrição e
Registro (CIR) onde serão feitas obrigatoriamente as seguintes anotações:

 Dados de identificação do Aquaviário;


 Averbação de cursos e outras certificações;
 Categoria profissional;
 Anexação de certificados, averbação de títulos de habilitação;
 Data e local do embarque ou do desembarque;
 Dados da embarcação.

Causas de cancelamento e de apreensão da CIR

O cancelamento será efetuado nos seguintes casos:

 Requerimento do aquaviário;
 Como medida disciplinar imposta pela Autoridade Marítima ou seu
representante;
 Falecimento;
 Quando o aquaviário for aposentado por invalidez impeditiva de exercer
a profissão.

A CIR será apreendida nos seguintes casos:

 Posse ou uso indevido da CIR não pertencente ao portador;

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 Alteração, falsificação ou adulteração de registro;
 Cumprimento de condenação passada ou julgada;

 Falta de pagamento de multa aplicada e julgada por autoridade


competente;
 Cumprimento de pena de suspensão;
 Falsificação, emissão fraudulenta ou alteração da CIR; e

 Servir-se de documento falsificado ou adulterado, ou prestar informação


não verdadeira, para fim de anotações na CIR.

Rol de equipagem
O Rol de Equipagem é emitido pela Capitania dos Portos, em duas vias, e é de
responsabilidade do comandante o seu correto preenchimento. É o documento hábil
para a garantia dos direitos decorrentes dos embarques de tripulantes verificados em
uma única embarcação, devendo conter as seguintes anotações:

 Dados da embarcação, do(s) proprietário(s) e do armador;


 Assinatura e nome legível do comandante do navio, proprietário,
armador ou seu preposto (representante legal);
 Dados do tripulante; e
 Dados do embarque e desembarques dos tripulantes.

Atribuições do comandante
Inúmeras são as atribuições do comandante; citemos algumas relacionadas com
a sua competência para aplicar penalidades. Ao comandante compete:

 Cumprir e fazer cumprir, por todos os subordinados, as leis e


regulamentos em vigor, mantendo a disciplina na sua embarcação,
zelando pela execução dos deveres dos tripulantes de todas as categorias
e funções, sob as suas ordens;
 Impor penas disciplinares aos que perturbarem a ordem da embarcação,
cometerem faltas disciplinares ou deixarem de fazer o serviço que lhes
for destinado, comunicando às autoridades competentes, na forma da
legislação em vigor; e

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 Instaurar inquérito e demais atos de direito, para as ocorrências de
bordo.
 Aplicação de penalidades.

As penalidades da competência do comandante são:

 Repreensão verbal;
 Repreensão por escrito;
 Suspensão do exercício das funções;
 Desembarque.

IMPORTANTE

Faltas disciplinares

 As faltas disciplinares de tripulantes passíveis de penalidade são:


 Desrespeitar seus superiores hierárquicos, não cumprindo suas ordens,
altercando com eles ou respondendo-lhes em termos impróprios;
 Recusar-se a fazer o serviço determinado por seus superiores;
 Apresentar-se embriagado para o serviço ou embriagar-se a bordo;
 Faltar ao serviço nas horas determinadas;
 Abandonar o posto quando em serviço de quarto, faina, vigilância ou
trabalho para o qual tenha sido designado;

 Sair de bordo sem licença, ou exceder a mesma;


 Ser negligente na execução do serviço que lhe compete;
 Altercar, brigar ou entrar em conflito;

 Atentar contra as regras de moralidade, honestidade, disciplina e limpeza


a bordo ou do local em que trabalha;
 Deixar de cumprir as disposições da lei e das normas em vigor.

Nenhuma penalidade pode ser aplicada sem que o acusado seja ouvido.

A penalidade de desembarque só será aplicada mediante inquérito procedido a


bordo.

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Das penalidades aplicadas pelo comandante, cabe recurso, em última instância,
ao Agente da Autoridade Marítima do primeiro porto de escala.

Atribuições dos aquaviários


Citemos algumas atribuições gerais dos marítimos no convés:

 O atendimento às manobras da embarcação, ocupando os postos para os


quais tenham sido escalados;

 O recebimento no convés da embarcação e o transporte para os paióis


respectivos do material de custeio pertencente à seção de convés;
 A movimentação de todos os aparelhos de manobra e peso, nas fainas da
embarcação (acionar guinchos, suspender e arriar paus de carga ou onde
se fizer necessário);

 A execução dos serviços necessários, a conservação, tratamento, limpeza


e pintura da embarcação, paióis e tudo mais onde se fizer necessário;
 A baldeação e adoçamento da embarcação;
 A conservação, a pintura das embarcações auxiliares, mangueiras de
incêndio, bombas, boias, coletes, balsas e todo material volante.

 A conservação dos estais, brandais, ovéns e amaútes, o conserto em


estropos e fendas, costura em lona e demais cabos de bordo;
 O auxílio ao contramestre em todas as fainas do convés, inclusive
sondagens;
 A limpeza e conservação dos compartimentos dos próprios camarotes;
 Auxiliar o contramestre em todas as fainas do convés, efetuando
pessoalmente a distribuição e, consequentemente, o recolhimento do
material necessário à faina diária, quando na função de paioleiro; e

 Colocar na proa e popa, junto às tomadas de carga e combustível, e nos


locais de embarque de cargas perigosas, o material móvel de combate a
incêndio, quando determinado pelo oficial responsável.

Citemos algumas atribuições gerais dos marítimos nas máquinas:

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 Executar, no serviço de quarto ou de divisão, os trabalhos de lubrificação
geral dos motores principais e auxiliares, manobra de vapor, óleo, água e
sondagem, manter esgotados os porões de alimentação das caldeiras,
manutenção e limpeza de maçaricos e filtros, participar nas fainas de
tratamento, conservação e pintura, nas embarcações com praça de
máquinas desguarnecida (fechada);
 Comunicar ao oficial de máquina de serviço de quarto qualquer
anormalidade que ocorra na praça de máquinas e frente de caldeiras, não
sendo permitido o seu afastamento da praça de máquinas e motores para
atender a qualquer outro setor, a não ser por necessidade imperiosa, que
deverá ser comunicada previamente ao oficial de serviço;

 Dar imediato conhecimento ao oficial de máquina de serviço de qualquer


variação na leitura dos instrumentos de medidas de pressão e
temperatura, bem como das indicações dos aparelhos de alarme que
possam influir no bom funcionamento das máquinas e aparelhos a seu
cargo;
 Verificar, pelo menos uma vez por quarto ou divisão, as condições de
operação dos sistemas fora da praça de máquinas (ar condicionado,
frigoríficas, engaxetamento da bucha, máquinas de leme etc.), quando o
oficial de serviço assim determinar;

 O moço de máquinas deve auxiliar em serviço de quarto ou divisão o


marinheiro de máquinas;
 O moço deve, ainda, limpar, pintar e conservar a praça de máquinas,
motores, caldeiras e chaminé sob a supervisão do paioleiro e ajudar no
transporte do material de sua seção.

Legislação Ambiental
Combate à poluição

As instalações portuárias exploradas por pessoa jurídica de direito público ou


privado, dentro ou fora da área do porto organizado, utilizadas na movimentação e
armazenagem de mercadorias perigosas destinadas ou provenientes de transporte

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aquaviário, deverão ter sistemas de prevenção, controle e combate à poluição
obrigatórios, para o recebimento e tratamento dos diversos tipos de resíduos e para o
combate da poluição, observadas as normas e critérios estabelecidos pelo órgão
ambiental competente.

Nas instalações ou meios destinados ao recebimento e tratamento de resíduos


e ao combate da poluição deverá ser elaborado manual de procedimentos internos para
o gerenciamento dos riscos de poluição. Todas as instalações portuárias deverão dispor
de Planos de Emergência Individuais para o combate à poluição por óleo e substância
nociva perigosa. Também realizarão auditorias ambientais bienais.

Transporte de óleo, substância nociva ou perigosa

Todo navio com arqueação bruta superior a 50 que transporte óleo portará a
bordo, obrigatoriamente, um Livro de Registro de Óleo, aprovado nos termos da
MARPOL 73/78, que poderá ser requisitado pela Autoridade Marítima ou pelo órgão
ambiental competente e no qual serão feitas anotações relativas a todas as
movimentações de óleo, lastro e misturas oleosas, inclusive as entregas efetuadas nas
instalações de recebimento e tratamento de resíduos. Todo navio que transportar
substância nociva ou perigosa a granel deverá ter a bordo um Livro de Registro de Carga,
nos termos da MARPOL 73/78, que poderá ser requisitado pela Autoridade Marítima,
pelo órgão ambiental competente e no qual serão feitas anotações relativas às
operações de carregamento, descarregamento, transferências de carga, limpeza dos
tanques de carga etc. O navio, para qualquer descarga de óleo ou mistura oleosa no mar
proveniente de seus tanques de carga, deve cumprir as seguintes condições:

 O navio esteja a mais de 50 milhas náuticas da terra mais próxima;


 O regime instantâneo da descarga do conteúdo de óleo não exceda a 30
litros por milha navegada;
 A quantidade total de óleo descarregado no mar não ultrapasse em
petroleiros existentes 1/15.000 da quantidade total da carga e em
petroleiros novos 1/30.000; e

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 O navio possua em operação um sistema de monitoragem e controle de
descarga de óleo e os slop tanques. Todo navio petroleiro ou não
petroleiro para descarga de óleo ou resíduo oleoso da praça de máquinas
deve cumprir as seguintes condições:

 O conteúdo do efluente de óleo seja menor que 15 PPM; e


 O navio possua em operação um sistema de monitoramento e controle
da descarga de óleo e equipamento de filtragem de óleo.

A legislação que regulamenta a poluição das águas por embarcações é conhecida


pela sigla MARPOL 73/78. É a Convenção Internacional para Prevenção da Poluição por
Navios, composta por seis anexos:

I – Poluição por óleo

II – Por substâncias líquidas nocivas a granel

III – Por substâncias perigosas transportadas embaladas

IV – Por esgoto

V – Lixo

VI – Por ar atmosférico (em vigor desde 2002)

No combate à poluição, os treinamentos periódicos a bordo são a única forma


de manter e aprimorar o nível operacional e de segurança de uma tripulação. O
tripulante sabendo o que deve fazer, melhorando sua familiarização e capacitação
individual por meio do treinamento e exercícios conjuntos. Treinar para aprimorar
sempre.

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2 PRIMEIROS SOCORROS
Primeiros Socorros são os cuidados iniciais que devem ser prestados
rapidamente a uma pessoa, vítima de acidentes ou de mal súbito, cujo estado físico põe
em perigo a sua vida, com o fim de manter as funções vitais e evitar o agravamento de
suas condições, aplicando medidas e procedimentos até a chegada de assistência
qualificada.

Qualquer pessoa treinada poderá prestar os Primeiros Socorros, conduzindo-se


com serenidade, compreensão e confiança.

Lembramos que a função de quem está fazendo o socorro é:

1. Contatar o serviço de atendimento emergencial especializado.

2. Fazer o que deve ser feito no momento certo, a fim de:

a. Salvar uma vida

b. Prevenir danos maiores

3. Manter o acidentado vivo até a chegada deste atendimento.

4. Manter a calma e a serenidade frente a situação inspirando confiança.

5. Aplicar calmamente os procedimentos de primeiros socorros ao acidentado.

6. Impedir que testemunhas removam ou manuseiem o acidentado, afastando-


as do local do acidente, evitando assim causar o chamado "segundo trauma”.

7. Ser o elemento de ligação das informações para o serviço de atendimento


emergencial.

8. Agir somente até o ponto de seu conhecimento e técnica de atendimento.


Saber avaliar seus limites físicos e de conhecimento. Não tentar transportar um
acidentado ou medicá-lo.

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Abordagem inicial à vítima
É primordial que o trabalhador atente para a preservação de sua segurança,
neste momento, não colocando a sua própria vida em risco. Manter a calma é essencial
para que as ações realizadas tenham êxito.

No atendimento inicial a qualquer indivíduo com danos à saúde, indicam-se as


etapas seguintes como forma de proporcionar segurança na adequação de ações a
serem empregadas, e que também conferirão ao indivíduo uma visão geral do quadro
encontrado:

 Avaliação da cena.
 Avaliação do Nível de Consciência (AVI).
 Pedido de ajuda.
 Avaliação da circulação (C).
 Avaliação das vias aéreas (A).
 Avaliação da respiração (B)

Avaliação da cena

Consiste na primeira etapa básica na prestação dos primeiros socorros. Ao


chegar no local do acidente, seja em casa ou no local de trabalho, assuma o controle da
situação e proceda a uma rápida e segura avaliação da ocorrência.

 Peça ajuda dos serviços especializados em emergências.


 Obtenha o máximo de informações possíveis sobre o ocorrido.
 Evite o pânico.
 Mantenha afastados os curiosos para evitar confusão e ter espaço para
trabalhar.
 Observe rapidamente se existem perigos para o acidentado e para quem
estiver prestando o socorro nas proximidades da ocorrência, como, por
exemplo: fios elétricos soltos e desencapados; tráfego de veículos;
andaimes; vazamento de gás, etc.
 Identifique pessoas que possam ajudar, dando ordens breves, claras,
objetivas e concisas.
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 Não altere a posição em que se encontra o acidentado, somente, no caso
de risco de vida para ele ou para o socorrista. Ex: risco de explosão,
estrada perigosa onde não haja como sinalizar.

 Tranquilize o acidentado e transmita-lhe segurança e conforto.


 A calma do acidentado desempenha um papel muito importante na
prestação dos primeiros socorros.

Avaliação do nível de consciência (AVI)

Consiste na 2ª etapa básica na prestação dos primeiros socorros. Ela permite o


início imediato das manobras de reanimação e o acionamento do serviço de urgência e
emergência.

Deve ser realizada em qualquer situação de urgência.

A vítima está consciente?

 Toque-a no ombro com delicadeza


 Fale alto perto do ouvido da vítima “posso ajudar?”

A vítima responde a estímulo verbal? Apresenta pulso? Está respirando? A via


aérea está desobstruída?

O exame deve ser rápido e sistemático, observando as seguintes prioridades:

 Estado de consciência: avaliação de respostas lógicas (nome, idade, etc).


 Respiração: movimentos torácicos e abdominais com entrada e saída de
ar normalmente pelas narinas ou boca.
 Hemorragia: avaliar a quantidade, o volume e a qualidade do sangue que
se perde.

 Pupilas: verificar o estado de dilatação e simetria (igualdade entre as


pupilas).

 Temperatura do corpo: observação e sensação de tato na face e


extremidades.

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Pedido de Ajuda

O acionamento do socorro deve ser realizado em todas as circunstâncias em que


se constate danos à saúde de um indivíduo em seu local de trabalho, rua ou em sua
residência, seja este dano de pequena, média ou grande severidade.

Caso esteja sozinho, deve-se deixar a vítima e acionar o socorro especializado


primeiramente, antes de implementar qualquer tipo de cuidado inicial.

Ao acionar o Sistema de Urgência/Emergência é importante informar:

 o tipo de emergência;
 o número de vítimas;
 o local do evento, com pontos de referência;
 o melhor acesso ao local.

Avaliação da vítima

Novas diretrizes para a abordagem inicial da vítima foram traçadas pela


American Heart Association (AHA) em 2010, que reformularam a sequência de
intervenções.

A reformulação do ABC embasou-se na necessidade de brecar o retardamento


da aplicação das compressões torácicas. Com a aplicação do C-A-B, as compressões
torácicas serão iniciadas mais cedo e o atraso na ventilação será mínimo, conferindo,
desse modo, qualidade a Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP).

De maneira resumida, as novas diretrizes da American Heart Association (AHA)


(2015) preconizam a seguinte sequência:

1. Massagem cardíaca;

2. Desobstrução de vias aérea;

3. Boa ventilação

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Circulação (C)

Após as verificações primárias – cena e AVI – com a constatação da inconsciência


da vítima, deve-se verificar o pulso radial da vítima.

Sua execução consiste em: utilizar o dedo médio e o indicador para palpar
durante 5 a 10 segundos a artéria radial do indivíduo, localizada no antebraço, na altura
do punho em linha com o dedo polegar. Caso haja ausência de pulso na vítima, o
socorrista estará se deparando com uma situação de Parada Cardiorrespiratória (PCR).

A verificação de circulação poderá ser feita também pelo pulso carotídeo da


vítima, devendo durar de 5 a 10 segundos também. O procedimento consiste em:

 Estender o pescoço da vítima e posicionar os dedos indicador e médio


sobre a proeminência laríngea. Faça então deslizar lateralmente a ponta
dos dois dedos executando uma leve pressão sobre o pescoço até que se
perceba a pulsação.

Em situações de emergência deve ser tomado sempre o pulso central (pulso


carotídeo), uma vez que este não desaparece em condições de baixa pressão sanguínea.

Caso haja dificuldade ou dúvida da presença de pulso, deverá avaliar a presença


de sinais de Circulação, também conhecidos como Sinais Vitais. Se algum desses sinais
estiver presente, a vítima possui circulação.

Fonte: https://semioclin.files.wordpress.com/2017/03/pulso-e-frequc3aancia-cardc3adaca.pdf

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Sinais Vitais

Sinais vitais são aqueles que indicam a existência de vida. Consistem em reflexos
ou indícios que permitem concluir sobre o estado geral de uma pessoa.

Os sinais sobre o funcionamento do corpo humano que devem ser


compreendidos e conhecidos são:

 Temperatura;
 Pulso;
 Respiração;
 Pressão arterial.

Eles podem ser facilmente percebidos, deduzindo-se assim, que na ausência


deles, existem alterações nas funções vitais do corpo.

Abertura das vias aéreas (A) – Avaliação das vias aéreas

A desobstrução das vias aéreas é feita pela manobra de inclinação da cabeça e


elevação do queixo. Esse processo corrige a principal causa de obstrução de vias aéreas
em indivíduos inconscientes, não vítimas de trauma: a queda de língua.

Esta ocorre quando o músculo da língua, por ausência do controle do tônus,


retrai, ficando sobre a epiglote, fechando a glote e, assim, obstruindo a passagem de ar
para a traqueia do indivíduo, o caminho dos pulmões.

Fonte: https://s3.sa-east-
1.amazonaws.com/medcel.admin/pedagogical/books/TOUR_CIRURGIA_GERAL_VOLUME_202018.pdf

21
Para executar a manobra, deve-se:

 Colocar uma das mãos na fronte da vítima e a utilizar para inclinar a


cabeça para trás;

 Deslocar a mandíbula para a frente com os dedos da outra mão colocada


no queixo da vítima.

Boa Ventilação (B) – Avaliação da Respiração

A respiração da vítima é verificada rapidamente, por cerca de 10 segundos, como


parte da constatação da Parada Cardiorrespiratória (PCR).

Essa nova sequência CAB recomendada pela American Heart Association (AHA)
eliminou o procedimento de “ver, ouvir e sentir”, conferindo assim agilidade para
execução do Suporte básico de vida (SBV).

Nesse momento, avalia-se a qualidade da ventilação da vítima, e para isso o


trabalhador pode utilizar como parâmetro a própria respiração.

Se a vítima não estiver ventilando — ausência de respiração —, deve-se ventilar


duas vezes com a utilização do sistema boca-máscara (pocket mask).

Dessa forma, a ventilação é realizada com a máscara de ventilação que formará


uma barreira, por meio do filtro de ar existente em sua estrutura.

É importante informar que a respiração boca a boca não é mais utilizada devido
aos riscos de contaminação por agentes patogênicos, de transmissão indivíduo a
indivíduo.

Se o profissional não possuir máscara de bolso ou não se sentir preparado para


aplicar as ventilações, ele pode realizar as compressões contínuas de 100 a 120 por
minuto.

Na utilização do sistema bolsa-máscara, deve-se seguir os seguintes


procedimentos adiante, objetivando uma ventilação eficaz do indivíduo:

 Ajoelhar-se atrás ou ao lado da vítima;


 Aplicar a máscara que deverá cobrir a boca e o nariz da vítima;
22
 Utilizar os polegares e indicadores de ambas as mãos para fixar a máscara
na face da vítima, enquanto o terceiro, quarto e quinto dedos elevam a
mandíbula, mantendo a abertura das vias aéreas ou empregar o polegar
e o indicador de uma das mãos para fixar a máscara e elevar o queixo,
enquanto emprega o polegar e o indicador da outra mão para fixar a
máscara na face e inclinar a cabeça;
 Ventilar através da máscara por duas vezes, observando a expansão do
tórax da vítima.

Fonte: https://www.medicalexpo.com/pt/prod/laerdal-medical/product-74988-476389.html

Parada Cardiorrespiratória (PCR)


A cadeia de sobrevivência corresponde à sequência básica de ações a serem
executadas por qualquer indivíduo que presencie uma situação de
urgência/emergência, seja na sua residência, no local de trabalho ou fora dele.

Etapas:

● Reconhecimento imediato da Parada Cardiorrespiratória (PCR) e acionamento


do Serviço de Emergência/Urgência;

● A Reanimação cardiopulmonar precoce, com ênfase nas compressões


torácicas;

23
● Rápida desfibrilação com uso do desfibrilador externo automático (DEA);

● Suporte Avançado de vida eficaz;

Trata-se da condição em que a vítima deixa de realizar as incursões respiratórias


(inspirar e expirar), os pulmões deixam de realizar as trocas gasosas (entrada de oxigênio
e saída de gás carbônico) e o coração deixa de realizar sua função de bombeamento do
sangue para o corpo. Então, cessa a chegada de sangue com oxigênio aos tecidos,
podendo ocasionar danos aos órgãos vitais, como o cérebro e o próprio coração.

A PCR é reversível se houver atendimento rápido, especialmente na forma do


Suporte Básico de Vida (SBV) prestado por aquele que presenciou o acidente ou que
primeiro encontrou a vítima.

A identificação e os primeiros atendimentos devem ser iniciados dentro de um


período de, no máximo, 4 minutos, a partir da ocorrência, pois os centros vitais do
sistema nervoso ainda continuam em atividade.

A maioria das paradas cardiorrespiratórias em adultos é decorrente de uma


alteração do ritmo cardíaco, denominada fibrilação ventricular.

O único tratamento para essa alteração é a desfibrilação, que consiste em uma


descarga elétrica aplicada no coração na tentativa de fazê-lo retornar a seu ritmo
normal.

Reanimação Cardiorrespiratória (RCP)

A RCP é a associação das técnicas de abertura das vias respiratórias, ventilação e


compressão torácica, e constitui as medidas iniciais para manutenção da vida do
indivíduo em PCR. A aplicação da RCP deverá ser realizada após o reconhecimento eficaz
da PCR, por meio da verificação da respiração e da pulsação da vítima.

Se tiver dúvida da ocorrência de PCR, é recomendável realizar o procedimento


de ventilação passiva (respirações de resgate - uma respiração a cada 5-6 segundos) do
indivíduo por duas vezes.

24
A RCP deverá ser realizada na forma de ciclos. Cada ciclo corresponde a duas
ventilações e 30 compressões torácicas. E, cada ventilação, precisa ter duração de um
segundo.

Para ventilar um paciente em PCR existem três (3) formas: boca a boca;
dispositivo Válvula Máscara (Pocket-Mask); dispositivo Bolsa-Válvula-Máscara (AMBU).
Depende do que estiver disponível no local.

As compressões torácicas deverão ter frequência de 100 a 120/min. Serão


realizados cinco ciclos sequenciais, o que corresponde a dois minutos de RCP.

De modo geral, função da RCP não é despertar a vítima, mas estimular a


oxigenação e a circulação do sangue até que seja iniciado o tratamento definitivo.

Técnica de compressões torácicas em adultos

1. O trabalhador deve posicionar-se de joelhos, formando boa base, ao lado da


vítima e localizar o esterno situado entre os dois mamilos (linha intermamilar).

2. Apoiar a palma de uma das mãos sobre a metade inferior do esterno, devendo
o eixo mais longo da mão acompanhar o eixo longo do esterno.

3. Colocar a outra mão sobre a primeira, com os dedos estendidos ou


entrelaçados, mas que não devem ficar em contato com o esterno.

4. Manter os braços esticados, com os ombros diretamente sobre as mãos,


efetuando a compressão sobre o esterno da vítima.

5. A força da compressão deve ser provida pelo peso do tronco e não pela força
dos braços, o que causa rapidamente cansaço.

6. O esterno deve ser comprimido cerca de 1/3 à metade de sua profundidade


para o adulto normal (cerca de 5 cm).

7. A compressão deve ser aliviada completamente sem que o socorrista retire


suas mãos do tórax da vítima.

25
Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/13402048/

É o método efetivo de ressuscitação cardíaca que consiste em aplicações rítmicas


de pressão sobre o terço inferior do esterno. Ela deverá ser utilizada a partir do
momento que o socorrista não sentir o pulso da vítima, na etapa C – Circulação da
sequência CAB da vida.

Uma dica para ter o ritmo necessário para realizar de 100 a 120 compressões por
minuto, é realizar as compressões no ritmo de algumas músicas, como Stayin’ Alive dos
Bee Gees ou Another one Bites the Dust do Queen que possuem um ritmo de 110bpm.

A execução da RCP deve ser parada, somente, diante:

 Chegada do suporte especializado


 Ordem médica
 Cansaço extremo do socorrista
 Presença de sinais de vida na vítima

Existem outras alterações ou quadro clínicos que, se não socorridos a tempo,


podem levar a vítima a ter consequências graves ou até a morte.

Aqui, abordaremos também, as principais Emergências clínicas e Traumáticas


mais recorrentes, suas características gerais e orientações básicas sobre os primeiros
socorros que deverão ser realizados, sendo elas:

Obstrução das vias aéreas


Ocorre mais frequentemente em crianças, idosos e indivíduos sem dentição,
devido a pedaços de alimentos e objetos pequenos que ficam detidos em alguma
localidade das vias aéreas, impedindo a passagem do ar para os pulmões. É de

26
fundamental importância para que se tenha sucesso na ajuda a indivíduos que
apresentem obstrução de vias aéreas a identificação do tipo de obstrução ocorrida.

A obstrução pode ser parcial ou total.

Na obstrução parcial, o indivíduo apresenta tosse ineficaz, ainda há ruídos


respiratórios e agudos; o indivíduo apresenta sensação de sufocamento.

Enquanto na obstrução total, a vítima fica em apneia (ausência de respiração),


ocorre cianose, ausência de ruídos respiratórios e resulta em inconsciência. Caso a
vítima não for socorrida a tempo ela poderá evoluir para PCR.

Em caso de obstrução parcial, deve-se acalmar a vítima, estimular a tosse, retirar


roupas apertadas que dificultam a respiração como golas e gravatas, bem como solicitar
socorro especializado.

Já no caso de obstrução total, deve-se solicitar ajuda especializada e iniciar a


técnica de desobstrução, chamada Manobra de Heimlich.

Fonte: https://anatomiadeumaleitora.com/2022/04/14/manobra-de-heimlich-passo-a-passo-
de-como-fazer/

Essa técnica objetiva a expulsão do corpo estranho através da eliminação do ar


residual dos pulmões, criando uma espécie de tosse artificial.

Passo a Passo - Manobra de Heimlich

 Com a vítima consciente (em pé), o socorrista deve se posicionar atrás


dela, formando base com os pés e colocando uma de suas pernas entre
as pernas da vítima.

27
 Abraça-se a vítima por trás, com os braços na altura do ponto entre a
cicatriz umbilical e o apêndice xifoide. Com as mãos em contato com o
abdômen da vítima, punho fechado e polegar voltado para dentro, serão
realizadas compressões abdominais sucessivas direcionadas para cima,
até desobstruir a via aérea ou a vítima perder a consciência.
 Com a vítima inconsciente (deitada), o trabalhador deve inspecionar sua
boca, removendo o corpo caso seja visível; em seguida realizar duas
ventilações, com duração de um segundo cada; posicionar-se de joelhos
ao lado da vítima; realizar 30 compressões torácicas.
 Segue-se a verificação da boca e realiza-se esta sequência (ciclo) até que
ocorra a desobstrução ou até a chegada do socorro especializado.

Convulsão
É a perda súbita da consciência acompanhada de contrações musculares bruscas
e involuntárias.

Entre as principais causas estão: Epilepsia, exposição a agentes químicos de


poder convulsígeno (inseticidas clorados e o óxido de etileno), hipoglicemia, overdose
de cocaína, abstinência alcoólica ou de outras drogas, meningite, lesões cerebrais
(tumores, AVE, TCE) e febre alta.

Os procedimentos a serem realizados são:

 Avaliar a segurança da cena;


 Procurar sinais de consumo de drogas ou envenenamentos;
 Aplicar medidas de bioproteção;
 Verificar Nível de Consciência da Vítima (AVI);
 Proteger a cabeça da vítima, colocando um apoio macio
 Não impedir os movimentos da vítima, não segure ou a agarre.

 Não coloque a mão dentro da boca da vítima (inconscientemente a


pessoa poderá mordê-lo).
 Posicione o indivíduo de lado para que o excesso de saliva, vômito ou
sangue escorra da boca, evitando broncoaspiração.

28
Atenção: Nunca tente introduzir objetos na boca da vítima durante a crise
convulsiva

Técnica de lateralização

A Posição Lateral de Segurança deve ser usada para manter a vítima em


segurança até à chegada da ajuda médica e, por isso, só pode ser feita em pessoas que
estão inconscientes, mas respirando.

Por meio dela, é possível garantir que a língua não caia sobre a garganta
obstruindo a respiração, assim como também prevenir que possíveis vômitos possam
ser engolidos e aspirados para o pulmão, causando pneumonia ou asfixia.

Sua sequência consiste em:

 Colocar uma das mãos da vítima embaixo do próprio corpo.


 Dobrar um dos joelhos da vítima, mantendo-o seguro com uma das mãos.
 Colocar a outra mão da vítima embaixo do próprio pescoço, mantendo
uma das mãos sob o pescoço dela.
 Segurar a vítima pelo joelho dobrado e pelo pescoço, lateralizando-a em
sua direção.
 Posicionar a mão da vítima que estava sob seu próprio pescoço,
espalmada sob o rosto dela, a fim de evitar sufocamento por eventual
vômito.

 Posicionar o braço da vítima, que se encontrava sob seu próprio corpo,


agora esticado ao lado dela.

Fonte: https://www.tuasaude.com/posicao-lateral-de-seguranca/

29
Desmaio
É a perda súbita, temporária e repentina da consciência, devido à diminuição de
sangue e oxigênio no cérebro. Automaticamente o cérebro reage com falta de força
muscular, queda do corpo e perda de consciência.

Condutas a serem seguidas:

 Se a vítima estiver acordada (consciente)


 Sentá-la em uma cadeira, ou outro local semelhante.
 Curvá-la para frente.
 Baixar a cabeça do acidentado, colocando-a entre as pernas e
pressionar a cabeça para baixo.

 Manter a cabeça mais baixa que os joelhos.


 Fazê-la respirar profundamente, até que passe o mal-estar.

Fonte: https://www.carajas.org/wiki/index.php/Desmaios

 Havendo o desmaio:
 Manter o acidentado deitado, colocando sua cabeça e ombros em
posição mais baixa em relação ao resto do corpo.
 Afrouxe sua roupa.
 Se houver vômito, lateralize a cabeça, para evitar sufocamento.

 Se o desmaio durar mais que dois minutos agasalhar a vítima e


chame o socorro especializado.

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Fonte: https://www.istockphoto.com/br/vetor/ilustracao-em-vetor-de-um-
desmaio-em-choque-e-de-primeiros-socorros-gm653031054-118791929

Queimaduras
É toda lesão produzida no tecido de revestimento do organismo, por agentes
térmicos, elétricos, produtos químicos, radiação ionizante, animais (água-viva) e plantas
(urtiga), entre outros.

O fogo é o principal agente das queimaduras, embora as produzidas pela


eletricidade sejam as mais graves. A dor na queimadura é resultante do contato das
terminações nervosas, expostas pela lesão, com o ar.

Os agentes causadores de queimaduras podem ser:

 Físicos:

● Temperatura: vapor, objetos aquecidos, água quente, chama etc.

● Eletricidade: corrente elétrica, raio etc.

● Radiação: sol, aparelhos de raios X, raios ultravioletas, nucleares etc.

 Químicos:
 Produtos químicos: ácidos, bases, álcool, gasolina etc.
 Biológicos:
 Animais: lagarta-de-fogo, água-viva, medusa etc.

Quanto à profundidade, as queimaduras podem ser:

 Primeiro grau: Só atinge a epiderme ou a pele (causa vermelhidão).

31
 Segundo grau: Atinge toda a epiderme e parte da derme (forma
bolhas).
 Terceiro grau: Atinge toda a epiderme, a derme e outros tecidos mais
profundos, podendo chegar até os ossos. Surge a cor preta, devido à
carbonização dos tecidos.

Na prática, é difícil de distinguirmos queimaduras de segundo e terceiro graus.


Além disto, uma mesma pessoa pode apresentar os três graus de queimaduras, no
entanto, a gravidade do quadro não reside no grau da lesão, e sim na extensão da
superfície atingida.

Quanto à extensão ou severidade, as queimaduras podem ser:

 Baixa - menos de 15% da superfície corporal atingida;


 Média – entre 15 e menos de 40% da pele coberta;
 Alta – mais de 40% do corpo queimado.

O grau de mortalidade das queimaduras está relacionado com a profundidade e


extensão da lesão e com a idade do acidentado. Queimaduras que atinjam 50% da
superfície do corpo são geralmente fatais, especialmente em crianças e em pessoas
idosas.

Quanto maior a extensão da queimadura, maior é o risco que corre o acidentado.

Os cuidados aos queimados devem ter as seguintes recomendações:

1. Retirar a vítima do contato com a causa da queimadura:

 Em caso de vestes pegando fogo não permita que pessoa corra, pois pode
aumentar as chamas, apague o fogo, abafando com um cobertor ou
simplesmente rolando o acidentado no chão;

 Verificar o nível de consciência, a respiração e o batimento cardíaco da


vítima.

 Retirar a roupa do acidentado, se ela ainda contiver parte da substância


que causou a queimadura;

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 Em queimaduras de pequena extensão: lavar a área queimada com
bastante água corrente, em jato suave, por aproximadamente, 10 (dez)
minutos;

 Em caso de queimaduras extensas, colocar a vítima debaixo do chuveiro


durante 30 minutos. Após este período, retire as roupas molhadas e
proteja seu corpo com um lençol ou pano limpo.

2. Aliviar a dor e prevenir infecção no local da queimadura:

 Não romper as bolhas. Se as bolhas estiverem rompidas, não as colocar


em contato com a água;
 Não utilizar água em queimaduras provocadas por pó químico, pois este
pode se espalhar para outras localidades e produzir novas queimaduras;

 Não retirar as roupas queimadas que estiverem aderidas à pele;


 Não aplicar pomadas, líquidos, cremes, manteiga, pó de café, creme
dental ou outras substâncias sobre a queimadura, pois podem complicar
o tratamento e necessitam de prescrição medicamentosa;

 Não oferecer água a vítimas com mais de 20% da superfície corporal


atingida;
 Não aplicar gelo sobre a queimadura. O gelo poderá agravar mais a
queimadura;

 Encaminhar, o mais rápido possível, a vítima para o cuidado e


atendimento especializados.

Choque Elétrico
São abalos musculares causados pela passagem de corrente elétrica pelo corpo
humano. Os danos ao corpo humano são causados pela conversão da energia elétrica
em calor durante a passagem da eletricidade.

A gravidade depende de: tipos de corrente, resistência, duração do contato,


magnitude da energia aplicada e caminho percorrido pela corrente elétrica.

33
A partir de 50 volts, o corpo humano já sente os efeitos de uma descarga elétrica,
ou seja, um choque acima desse valor pode ser fatal, dependendo do caminho que ele
percorra no corpo e a sua duração.

As principais consequências decorrentes do choque elétrico são:

 parada cardiorrespiratória;
 queimaduras.

As condutas a serem realizadas quando ocorrem acidentes com choque elétrico


são:

 Antes de iniciar qualquer procedimento, ligue para o atendimento


especializado.
 Avaliar a segurança da cena;
 Desligar a fonte de energia;
 Se possível, interromper o contato da vítima com a fonte de eletricidade;
 Realizar o CAB da vida;

Em caso de queimadura, proceder como indicado anteriormente.

Principais lesões traumato-ortopédicas e suas consequências


Aqui serão apresentados os principais tipos de lesões traumato-ortopédicas mais
recorrentes, suas consequências e as condutas adequadas que deverão ser tomadas
para cada um deles. Essas condutas objetivam, principalmente, impedir o agravamento
da lesão, mas também amenizar a dor causada à vítima.

A maioria das lesões traumato-ortopédicas não apresenta muita gravidade.


Porém, todas elas são extremamente dolorosas, desde as mais simples entorses até as
fraturas expostas com hemorragia.

Todo acidentado de lesão traumato-ortopédica necessita obrigatoriamente de


atendimento médico especializado.

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Entorses

São lesões dos ligamentos das articulações, onde estes esticam além de sua
amplitude normal, rompendo-se. Quando a entorse acontece há uma distensão dos
ligamentos, mas não há o deslocamento completo dos ossos da articulação.

As causas mais comuns da entorse são violências como puxões ou rotações, as


quais forçam a articulação. Os locais mais recorrentes onde ocorrem são as articulações
do tornozelo, ombro, joelho, punho e dedos.

As condutas que deverão ser tomadas:

 Aplicar bolsa térmica de gelo ou de água gelada na região afetada para


diminuir o edema e a dor, durante as primeiras 24 horas, lembrando de
colocar uma compressa (pano limpo) protegendo a pele do local de
aplicação térmica; após este tempo aplicar compressas mornas.

 Se houver alguma ferida no local da entorse, agir conforme o ferimento:


cobrir com compressa seca e limpa.

 Imobilizar a área afetada antes de remover a vítima.


 O enfaixamento de qualquer membro ou região afetada deve ser firme,
mas sem compressão excessiva, para prevenir insuficiência circulatória;
 Encaminhar a vítima para o atendimento especializado, para avaliação e
tratamento.

Luxação

São lesões em que a extremidade de um dos ossos que compõem uma


articulação é deslocada do seu lugar.

Nas luxações, ocorre o deslocamento e perda de contato total ou parcial dos


ossos que compõe a articulação afetada. Os casos de luxação ocorrem geralmente
devido a traumatismos, por golpes indiretos ou movimentos articulares violentos,
porém, às vezes uma contração muscular é suficiente para causar a luxação. As
articulações mais atingidas são os ombros, cotovelos, dedos e a mandíbula.

Para identificar uma luxação deve-se observar as seguintes características:


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 Dor intensa no local afetado (a dor é muito maior que na entorse),
geralmente, afetando todo o membro cuja articulação foi atingida
 Edema
 Impotência funcional
 Deformidade visível na articulação. Podendo apresentar um
encurtamento ou alongamento do membro afetado

Os cuidados iniciais que deverão ser tomados são:

 Acionar o sistema de urgência adequado para atendimento à vítima.


 O tratamento de uma luxação (redução), recolocação na posição
anatômica original, é atividade exclusiva de pessoal especializado em
atendimento a emergências traumato-ortopédicas.
 Os primeiros socorros limitam-se à aplicação de bolsa de gelo ou
compressas frias no local afetado e à imobilização da articulação,
preparando o acidentado para o transporte.

 O acidentado deverá ser mantido em repouso, na posição que lhe for


mais confortável, até a chegada de socorro especializado ou até que
possa ser realizado o transporte adequado para atendimento médico.

 A imobilização ou enfaixamento das partes afetadas por luxação devem


ser feitas da mesma forma que se faz para os casos de entorse. A
manipulação das articulações deve ser cuidadosa, mínima e com extrema
delicadeza, levando sempre em consideração a dor intensa que o
acidentado estará sentindo.

Contusão

São lesões provocadas por golpes ou pancadas, em que não há presença de


ferimentos abertos, isto é, sem rompimento da pele. Porém, os vasos sanguíneos
adjacentes ao local lesionado são rompidos, ocorrendo derramamento de sangue no
tecido subcutâneo ou em camadas mais profundas.

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Quando vasos maiores são lesados, o sangue extravasado produz uma
tumoração visível sob a pele, ocorrendo o hematoma. A mancha, inicialmente arroxeada
no local contundido, vai sendo absorvida lentamente até o desaparecimento completo.

Conduta:

 Aplicação de bolsa térmica de gelo ou de água gelada nas primeiras 24


horas e repouso da parte lesada são suficientes.

 Caso persistirem os sintomas de dor, inchaço e vermelhidão, procure o


ajuda especializada.

Fratura

Trata-se de uma interrupção na continuidade do osso.

Ocorre geralmente devido à queda, impacto ou movimento violento com esforço


maior que o osso pode suportar.

Suspeita-se de fratura ou lesões articulares quando houver:

 Dor intensa no local e que aumente ao menor movimento.


 Edema local.
 Paralisia (lesão de nervos).
 Crepitação ao movimentar (som parecido com o amassar de papel).
 Hematoma (rompimento de vasos, com acúmulo de sangue no local) ou
equimose (mancha de coloração azulada na pele e que aparece horas
após a fratura).

As fraturas podem ser classificadas em fechadas ou abertas.

Fratura Fechada ou Interna

São as fraturas nas quais os ossos quebrados permanecem no interior do


membro sem perfurar a pele. Poderá, entretanto, romper um vaso sanguíneo ou cortar
um nervo.

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Fratura Aberta ou Exposta

São as fraturas em que os ossos quebrados saem do lugar, rompendo a pele e


deixando exposta uma de suas partes, que pode ser produzida pelos próprios
fragmentos ósseos ou por objetos penetrantes. Este tipo de fratura pode causar
infecções.

Cuidados:

 Acionar o atendimento especializado o mais rápido possível.


 Manter a estrutura afetada imóvel, evitando dessa forma piora da lesão
e aumento da dor da vítima.
 Em caso de fraturas abertas, deve-se proteger o tecido exposto com
compressas ou panos limpos para evitar grandes perdas sanguíneas,
mantendo a estrutura imóvel.

Atenção: Nunca se deve tentar recolocar o osso fraturado de volta no seu eixo.
As manobras de redução de qualquer tipo de fratura só podem ser feitas por pessoal
médico especializado.

Hemorragias
É a perda de sangue devido ao rompimento de um vaso sanguíneo. Ela pode
ocorrer por meio de ferimentos em cavidades naturais como nariz, boca etc. Pode ser
também, interna, resultante de um traumatismo.

As hemorragias podem ser classificadas de acordo com:

 O vaso sanguíneo atingido:


 Arterial: Sangramento em jato, possuem a coloração vermelho
vivo, geralmente. É mais grave que o sangramento venoso.

 Venoso: Sangramento contínuo e lento, geralmente de coloração


escura.
 Capilar: Sangramento contínuo discreto.
 Local para onde o sangue é derramado:

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 Externa: Sangramento de estruturas superficiais com
exteriorização do sangramento. Podem, geralmente, ser
controladas utilizando técnicas de cuidados iniciais.

 Interna: Sangramento de estruturas profundas. As medidas


básicas de cuidados iniciais não funcionam.

Os sinais e sintomas variam conforme a quantidade de sangue perdida:

 Perdas de até 15% (aproximadamente 750 ml em adultos): Geralmente


não causam alterações; o corpo consegue compensar; é o caso da doação
de sangue.

 Perdas maiores que 15% e menores de 30% (aproximadamente 750 a


1.500 ml): Ansiedade, sede, taquicardia, pulso radial fraco, pele fria,
palidez, suor frio, taquipneia
 Perdas acima de 30% (maiores que 1.500 ml): Levam ao choque
descompensado com redução da pressão arterial; alterações das funções
mentais, agitação, confusão, até inconsciência; sede intensa; pele fria;
palidez; suor frio; taquicardia; pulso radial ausente;

Quanto maior a quantidade de sangue perdida, mais graves serão as


hemorragias.

Principais Condutas a serem tomadas em caso de hemorragias externas:

 Acione o sistema de urgência adequado, informando o local da lesão.


 Aplique as medidas de bioproteção.
 Coloque uma compressa ou um pano limpo sobre o local e comprima.
 No caso de a hemorragia ser em mãos, braços, pés ou pernas, mantenha-
os elevados acima do coração.
 Não eleve o segmento ferido se isso produzir dor ou se houver suspeita
de lesão interna como uma fratura.

 Se a compressa ficar encharcada, coloque outra por cima sem retirar a


primeira.

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Atenção: Não utilize quaisquer produtos sobre os ferimentos, tais como pó de
café ou açúcar, pois podem ocasionar comprometimentos, provocando uma lesão
secundária, além de trazerem micro-organismos, infectando o ferimento. Não faça
torniquetes, uma vez que este procedimento é exclusivo dos profissionais de saúde
habilitados, pois ao realizá-lo pode-se comprimir um ponto arterial importante para a
irrigação dos tecidos adjacentes à lesão.

3 TÉCNICAS DE SOBREVIVÊNCIA PESSOAL


Embarcações de sobrevivência
Embarcação de sobrevivência é definida como um barco capaz de proteger a vida
de quem está em perigo desde o momento em que saem do navio.

De acordo com o Cap. III da SOLAS, as embarcações mercantes deverão carregar


em cada bordo, uma ou mais embarcações salva-vidas, de modo que sua capacidade
agregada em cada bordo, acomode todas as pessoas previstas a estarem no posto de
abandono. As baleeiras geralmente são arriadas na água, bem como recuperadas, p or
meio de dispositivos denominados de turcos.

Fonte: https://www.pescadorprofissional.com.br/pdf/10-TSP%20001-CFAQ%20I-
M%202013.pdf

A balsa inflável consiste em duas ou mais câmaras de flutuação independentes,


um piso inflável e uma cobertura erguida por um tubo também inflável.

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Fonte: https://www.borestenautica.com.br/arquivos/Sobrevivencia_Meio_Aquaviario.pdf

Segundo a Convenção SOLAS, cada navio mercante deverá carregar uma ou mais
balsas, capazes de serem lançadas por qualquer dos bordos do navio, de modo a que
em cada posto de abandono a capacidade agregada acomode todas as pessoas a bordo.

As balsas podem ser lançadas por três métodos:

 Lançamento pela borda (manual)


 Liberação por flutuação livre
 Arriamento por turco.

Embarcação de salvamento
Define-se embarcação de salvamento como uma embarcação concebida para
salvar pessoas em perigo e conduzir as embarcações de sobrevivência. (Cap. III da
SOLAS). Segundo SOLAS, cada navio deverá carregar a bordo pelo menos uma
embarcação de salvamento (bote de resgate).

Equipamentos individuais
É importante destacar que o equipamento individual de salvatagem faz a
diferença em uma emergência no mar, ou seja, a pessoa que estiver utilizando-o tem
muito mais chances de sobreviver do que quem não está. Os equipamentos individuais
de salvatagem podem ser coletes salva-vidas, boias salva-vidas, roupas de imersão,
meios de proteção térmica e roupas anti-exposição.

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Colete salva-vidas

Existem vários modelos de coletes salva-vidas, contudo, para serem válidos


devem estar aprovados pela Autoridade Marítima Brasileira. Para saber se o modelo é
aprovado, basta verificar se existe um carimbo com os dizeres: “Homologado pela
Diretoria de Portos e Costas – DPC sob o no XXXX “. O propósito do colete salva-vidas é
prover flutuabilidade positiva ao náufrago, o que significa que, com o colete, a pessoa
não se afoga.

De acordo com o Capítulo 03 da convenção SOLAS, deverá existir um colete salva-


vidas para cada pessoa a bordo da embarcação. Adicionalmente, deverá haver um
número suficiente de coletes salva-vidas, guardados em locais apropriados, para o
pessoal de serviço em localidades onde seus coletes salva-vidas não estejam acessíveis
de imediato, além dos postos de abandono.

Fonte: https://www.tiburonnautica.com.br/colete-jaleco-ativa-salva-vidas-classe-ii-
homologado

Roupa de imersão

Roupa de imersão é uma roupa de proteção que reduz a perda de calor de uma
pessoa imersa em água fria, que a estiver usando (Cap. III da SOLAS). São roupas próprias
para lugares onde faz muito frio, consiste em um macacão impermeável, que possibilita
a manutenção da temperatura do corpo por um determinado período. Essa roupa, reduz
os efeitos da hipotermia, que consiste na diminuição da temperatura corporal em
decorrência da troca de calor com o meio ambiente mais frio e que pode levar à morte.

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Fonte: https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-1322907390-roupa-de-imerso-immerion-
suit-rsf-ll-c-lmpada-solas-_JM

Boia salva-vidas

A boia salva-vidas é um equipamento próprio para resgatar pessoas que estejam


na água, podendo ser lançada à água. Conforme o Cap 3 da convenção SOLAS, pelo
menos 8 (oito) boias salva-vidas devem ser providas a bordo de cada unidade.

O modelo mais comum é a circular, que pode ter como acessórios:

 Retinida flutuante (30m de comprimento, no mínimo)


 Dispositivo de iluminação automática (facho holmes)
 Sinal fumígeno flutuante laranja

Fonte: https://www.inglesnosupermercado.com.br/boia-salva-vidas-lifebuoy/

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Meio de proteção térmica

Meio de proteção térmica é um saco, ou roupa, confeccionado com material à


prova d’água, com baixa condutividade térmica. (número 24, da regra 3 do Cap. III da
SOLAS).

Fonte: http://www.onavegante.com.br/vestimentos.html

Roupa anti-exposição

Roupa anti-exposição é uma roupa de proteção projetada para ser utilizada pela
tripulação de embarcações de salvamento e por equipes de sistemas de evacuação
marítima (número 1, da regra 3 do Cap. III da SOLAS).

Fundamentos da sobrevivência no mar


Podemos conceituar sobrevivência como o conjunto de procedimentos e
atitudes adotados por um grupo de pessoas, ou por uma pessoa sozinha, que se
encontram em situação adversa após terem abandonado um meio de transporte ou
uma instalação marítima, com a finalidade de serem resgatados com vida.

As quatro principais ameaças à vida dos náufragos após o abandono da unidade


são:

Afogamento

Uma pessoa que não saiba nadar e se encontre dentro da água sem colete salva-
vidas apresenta grande probabilidade de se afogar. Embora o corpo humano tenha uma
densidade que lhe permita flutuar (com as vias aéreas submersas), quem não sabe nadar

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geralmente entra em pânico, bebe e aspira água, alterando a densidade de seu corpo,
vindo a afundar.

As providências a serem tomadas são:

 Manter a calma em todas as circunstâncias.


 Vestir sempre o colete salva-vidas.
 Evitar pular na água.

 Procurar abandonar a unidade diretamente para dentro de uma


embarcação de sobrevivência.

Exposição ao tempo

A exposição, tanto em clima quente como em clima frio, pode ser fatal ao
náufrago. O calor acelera a perda dos fluídos corpóreos e pode levar à morte por
insolação. O frio pode conduzir o náufrago à morte por hipotermia.

As principais ações a serem tomadas são:

Em clima quente: Proteja sua cabeça e pescoço quando expostos à luz solar
direta. Molhe as roupas com água do mar durante o dia, retirando o excesso, e evite a
superexposição à água salgada do mar, pois pode causar úlceras na pele. Evite a
exaustão pelo calor reduzindo a atividade física. Cale a boca e beba água limpa. É
importante manter a ventilação dentro do bote salva-vidas abrindo suas entradas,
molhando constantemente o convés, evitando assim o efeito estufa devido ao
aquecimento desigual.

Em clima frio: Proteja-se dos efeitos do vento, especialmente quando está


molhado. Mantenha o barco salva-vidas o mais seco possível. Sempre descarte a água
usada. Se possível, erga uma barreira para impedir a entrada de água do mar. Seque as
roupas molhadas (pressione-as para remover o excesso de água). Mantenha o corpo
aquecido cobrindo-o com o que estiver disponível no bote salva-vidas. Junte-se a outros
sobreviventes. Em hipótese alguma ofereça bebidas alcoólicas aos caçadores.

45
Sede

O náufrago pode sobreviver por longos períodos sem comer, desde que tenha
água para beber. O homem adulto tem em seu organismo, em média, 30 litros de água
e perde, diariamente, em torno de um litro de água, através do suor e da urina. Essa
perda deve ser reposta, caso contrário inicia-se um processo de desidratação, que é a
perda contínua de líquido e, como consequência, pode levar à morte. Portanto, a
reposição de água no organismo do náufrago é vital, porém em nenhuma circunstância
deve-se tomar água do mar (água salgada) ou urina, pois, a ingestão desses líquidos
pode acelerar o processo de desidratação.

As medidas de controle a serem tomadas são:

As embarcações de sobrevivência possuem água armazenada em sacos ou


outros recipientes plásticos, denominadas de ração líquida, para serem usadas nessas
situações. Entretanto, recomenda-se um racionamento rigoroso, inclusive podendo
ficar sem beber água nas primeiras 24 horas do naufrágio. Uma forma eficaz de se
manter o estoque de água é o recolhimento de água da chuva.

Fome

A alimentação está no fim da lista de prioridades para a sobrevivência no mar.


Muito mais importante do que a alimentação é a proteção contra o sol, vento, água do
mar e frio, além de manter o equilíbrio hídrico do corpo, economizando água corporal.
O corpo precisa principalmente de açúcar e carboidratos, não de carne. Em repouso, o
corpo humano pode sobreviver por semanas com apenas 750 calorias por dia. Com o
tempo, o estômago encolhe e logo o deportado se acostuma com a dieta escassa. As
principais medidas a serem tomadas são:

Os botes salva-vidas têm rações, geralmente compostas por jujubas, que devem
ser consumidas de acordo com as instruções dadas no Manual de Salvamento Marítimo.
O mar fornece fontes de alimento para os náufragos - peixes, aves marinhas, tartarugas,
algas marinhas. O líder deve estimular a pesca no grupo, pois, além de direcionar os
esforços dos exilados para a obtenção de alimentos, desenvolve uma atividade
produtiva, sendo a pesca também considerada uma terapia ocupacional.
46
Além dos principais riscos citados acima, existem outros que também devem ser
observados pelos náufragos, tais como:

Pânico

Todos nós sentimos medo em situações de perigo, até mesmo as pessoas mais
experientes sentem também, o importante é saber controlar esse medo de modo que,
não atrapalhe nas ações a serem tomadas em um momento como esse. No entanto, as
pessoas que se deixam levar pelo medo entram em pânico, ou seja, o pânico é um medo
exagerado que desorienta e faz com que a pessoa fique incapacitada de raciocinar e agir.

Cansaço

Nas primeiras horas do naufrágio há um desgaste muito grande de todos, seja


para coordenar as ações que antecedem um abandono seja o próprio desgaste
emocional que reflete no estado físico, sob a forma de cansaço extremo, ou fadiga. É
uma situação perigosa, porque a tendência é entregar os pontos, e deixar que as coisas
aconteçam perdendo, assim, o controle. Além disso, a fadiga acelera o metabolismo,
fazendo com que se perca mais água e energia.

Predadores

O náufrago é uma presa fácil para predadores, principalmente em mar aberto; e


o predador mais conhecido é, sem dúvida, o tubarão. No entanto, cabe observar que
nem todas as espécies de tubarão são predadoras, ou seja, atacam o homem. Mas,
atenção, porque esse animal é ágil e voraz.

4 SEGURANÇA NO TRABALHO

Conceitos e definições
A segurança do trabalho é uma matéria multidisciplinar que estuda as várias
possibilidades de ocorrência de incidentes e acidentes que ocorrem no desenvolvimento
das atividades laborais diárias dos trabalhadores. O objetivo principal é a prevenção de
acidentes, doenças relacionadas ao trabalho e outras mazelas que possam prejudicar a
saúde do trabalhador.

47
Acidente do trabalho, segundo o Art. 19 da Lei 8213/91, é o que ocorre pelo
exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo
exercício do trabalho dos segurados, provocando lesão corporal ou perturbação
funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho.

Acidente é algo que ao acaso que altera a ordem regular das coisas sem que seja
parte da sua essência ou natureza; e a essa ação ou ocorrido, provoquem prejuízos ou
danos às pessoas ou aos materiais.

Mesmo com vários conceitos diferentes, o mais comum é considerar um


acontecimento que, provocado por uma ação violenta e inesperada ocasionada por um
agente externo involuntário, resulta numa lesão material e/ou física para a situação em
questão.

Incidente é um evento com potencial de provocar um acidente, ou seja, uma


ocorrência que ainda não provocou prejuízos ou danos, entretanto, caso negligenciado,
pode levar a consequências mais graves.

A nova redação da NR-01 descreve o Perigo ou fator de risco como a fonte com
o potencial para causar lesão ou problemas de saúde. Portanto, o Perigo trata-se de toda
fonte (atividade, ambiente, máquina rotativa, substância, etc.) com potencial de causar
danos à saúde e integridade física do trabalhador.

A NR-01 descreve o Risco relacionado ao trabalho ou risco ocupacional como a


combinação da probabilidade de ocorrência de eventos ou exposições perigosas a
agentes nocivos relacionados aos trabalhos e da gravidade das lesões e problemas de
saúde que podem ser causados pelo evento ou exposição.

É importante destacar que somente haverá o risco caso exista exposição do


trabalhador e/ou de terceiros ao perigo, pois o risco está associado à exposição ao
perigo. Se pensarmos em uma linha cronológica, inicialmente surge o Perigo para em
seguida, se houver exposição, surgir o risco.

Risco = Perigo + Exposição

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Exemplos de Risco

Perigo: A operação da empilhadeira por um trabalhador sem capacitação;

Risco(s): Acidente, morte, danos materiais, etc.

Perigo: A realização de trabalhos em altura;

Risco(s): Queda e ferimentos, etc.

Perigo: Manutenção em equipamentos elétricos ou subestações;

Risco(s): Choque elétrico, queda e ferimentos.

Perigo: Conduzir os automóveis da empresa sem carteira de motorista (CNH);

Risco(s): Acidente, morte, danos materiais, etc.

Legislação
As leis que regem a segurança do trabalho são muitas. Pois, além das normas
gerais contidas no capítulo V, da CLT, ainda encontramos outras leis sobre o tema, como
as normas regulamentadoras, portarias, decretos e normas técnicas. Como regra geral,
todas essas contêm dispositivos cujo objetivo é a adoção de medidas preventivas contra
a ocorrência de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Isto é, esses dispositivos
buscam garantir a saúde e o bem-estar do colaborador.

Destaca-se, ainda, que as negociações coletivas, tanto os acordos coletivos de


trabalho quanto as convenções, também podem gerir normas relacionadas à segurança
e saúde do trabalhador, desde que obedeçam às normas superiores. Assim sendo, além
da legislação formal, as empresas são obrigadas a respeitar os dispositivos acordados
durante as negociações coletivas da categoria.

As Normas Regulamentadoras (NR’s) consistem em obrigações, direitos e


deveres a serem cumpridos por empregadores e trabalhadores com o objetivo de
garantir trabalho seguro e sadio, prevenindo a ocorrência de doenças e acidentes de
trabalho, de cumprimento obrigatório pelas empresas, sejam privadas ou públicas, bem
como os órgãos do governo que porventura tenham trabalhadores regidos pela
Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
49
As primeiras normas regulamentadoras foram publicadas pela Portaria MTb nº
3.214, de 8 de junho de 1978. As demais normas foram criadas ao longo do tempo,
visando assegurar a prevenção da segurança e saúde de trabalhadores em serviços
laborais e segmentos econômicos específicos.

As Normas Regulamentadoras são, atualmente, 37, as quais tratam diversos


assuntos.

Riscos nos ambientes de trabalho


Os locais de trabalho, pela própria natureza da atividade desenvolvida e pelas
características de organização, relações interpessoais, manipulação ou exposição a
agentes físicos, químicos, biológicos, situações de deficiência ergonômica ou riscos de
acidentes, podem comprometer o trabalhador em curto, médio e longo prazo,
provocando lesões imediatas, doenças ou a morte, além de prejuízos de ordem legal e
patrimonial para a empresa.

Os riscos ambientais estão divididos em cinco grupos. São eles: riscos físicos,
riscos químicos, riscos biológicos, riscos de acidentes e riscos ergométricos.

Agentes físicos - São os decorrentes de processos e equipamentos produtivos,


como ruídos, vibrações, pressões fora do normal, temperaturas extremas, radiações
ionizantes e as não ionizantes;

Agentes químicos - São os decorrentes de manipulação e processamento de


matérias-primas, como poeiras, fumos, vapores, névoas, neblinas e gases — que podem
ser absorvidos por via respiratória ou por meio da pele;

Agentes biológicos - São os decorrentes de manipulação, transformação e


modificação de seres vivos microscópicos, como bactérias, genes, bacilos, parasitas,
protozoários, vírus;

Riscos ergonômicos - São os decorrentes de fatores relacionados a aspectos


psicológicos e fisiológicos, como imposição de ritmos excessivos, jornadas de trabalho
prolongadas, levantamento e transporte manual de peso, exigência de postura
inadequada, esforço físico intenso e controle rígido de produtividade.

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Riscos de acidentes - São os decorrentes de máquinas ou equipamentos, como
maquinários desprotegidos, ferramentas inadequadas ou com defeitos, iluminação
inadequada, arranjo físico inadequado e probabilidade de explosão ou incêndio;

Orientação e treinamentos

Os colaboradores precisam estar cientes dos riscos existentes, bem como devem
saber quais são as medidas e procedimentos de prevenção. Para tal, a realização de
treinamentos e capacitações deve ser constante.

Durante os treinamentos, deve ser promovido o estímulo ao comportamento


seguro, correção e orientação quanto às boas práticas de segurança, além de reforço à
cultura de segurança do trabalho.

Medidas de controle

Várias atitudes podem ser utilizadas para diminuir os riscos, como a colocação
de placas indicando possibilidades de choques, quedas de materiais e explosões. As
máquinas devem ser sinalizadas e apresentar instruções de uso de maneira clara e
objetiva.

Os EPIs e EPCs devem ser identificados e estar em locais de fácil acesso. O


ambiente interno da empresa deve estar iluminado, limpo e bem organizado.

Proteção e fiscalização

A NR 6 disponibiliza uma lista de EPIs que se enquadram para cada função. Ela é
dividida de acordo com a parte do corpo o Equipamento de Proteção Individual protege.
Alguns desses itens mais comuns são:

 Cabeça: Capacetes e capuz ou balaclava;


 Olhos e face: Óculos, viseiras e máscara de solda;
 Auditiva: Protetores auriculares, tampões e abafadores de ruídos;
 Respiratória: Máscaras, filtros e respiradores;
 Tronco: Aventais e coletes à prova de balas;

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 Membros superiores: Luvas, braçadeiras, mangotes e creme protetor
contra agentes e produtos químicos;

 Membros inferiores: Calçado (coturnos, botas e tênis, por exemplo),


meia, perneira e calça;
 Corpo inteiro: macacão e outro tipo de vestimenta que cubra o corpo
todo;
 Contra quedas: Cinto e cinturão de segurança.

52
5 PREVENÇÃO E CONTROLE DA POLUIÇÃO NO MEIO AMBIENTE AQUAVIÁRIO

Meio ambiente
Para conceituarmos meio ambiente é fundamental o entendimento do termo
ecologia.

Este termo define o estudo das relações dos organismos ou grupo de organismos
com o seu ambiente, sendo, portanto, a ciência das inter-relações dos seres vivos e o
ambiente no qual são encontrados.

Considerando de forma simples o meio ambiente é o espaço ou área geográfica


onde a vida se desenvolve, portanto pode ser considerado meio ambiente:

 planeta terra na sua totalidade;


 o mar (chamado de meio ambiente marinho);
 uma cachoeira;
 uma floresta;
 uma área de mangue;
 um rio;
 uma praia;
 um campo de futebol;
 o quintal de sua casa, etc.

Poluição
A atividade humana pode afetar a circulação de nutrientes (alimentos) no meio
ambiente, tanto no aspecto qualitativo quanto quantitativo e, realmente a circulação de
alguns nutrientes se processa essencialmente com a intervenção dos seres vivos, como
é o caso do nitrogênio, fósforo e do oxigênio. Esta intervenção desequilibrada muitas
vezes causa sérios prejuízos ao funcionamento da cadeia alimentar provocando doenças
que podem eliminar colônias inteiras de seres vivos.

Algumas substâncias, quando despejadas pelo homem no meio ambiente,


passam a fazer parte dos organismos e são repassadas, através da cadeia alimentar ao
chamados seres superiores (as aves, os peixes, o homem, etc) dando origem a sérias
doenças.
53
Um exemplo histórico foi a utilização de DDT (pó de broca), como defensivo
agrícola nas décadas de 60 e 70, que se acumula em grandes quantidades nos tecidos
gordurosos de animais, sendo os mais afetados aqueles do topo da cadeia alimentar,
como águias e falcões que ingerem grandes quantidades de presas menores, as quais
uma vez contaminadas, inibem a formação de cálcio nas águias e falcões, interferindo
na formação da casca dos ovos que, fragilizados, facilmente se quebram e, como
consequência quase causou a extinção de diversas espécies de aves.

A literatura nos alerta com diversas citações a respeito de envenenamento de


seres humanos por defensivos agrícolas e metais pesados, tais como os episódios de
Bophal e do “Smog” fotoquímico de Londres em 1950, quando foram lançadas
substâncias altamente tóxicas para o meio ambiente natural, com graves consequências
sobre a saúde e o bem-estar de populações inteiras.

Com relação a contaminação por metais outro episódio importante que deve ser
lembrado é a “Síndrome de Minamata” – Minamata é uma cidade do Japão que na
década de 50 abrigava uma indústria – esta indústria poluía as águas da baía com
despejos de mercúrio metálico. Este material era absorvido por microrganismo e através
da cadeia alimentar os peixes ao se alimentarem destes seres menores iam acumulando
em sua carne o mercúrio metálico. Esta cidade dependia muito da pesca do local, sendo
o peixe o alimento básico de seus habitantes – apareceu no local uma doença muito
estranha que levava suas vítimas à morte após grande sofrimento. Passados os anos foi
descoberto que o mercúrio ao se acumular no ser humano, através da corrente
sanguínea afetava o sistema nervoso central, levando à perda de movimentos
voluntários, a grande sofrimento e à morte. Milhares de pessoas morreram vítimas
desta contaminação da água por mercúrio metálico.

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Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/3184892/

Degradação dos rios brasileiros


O desmatamento

É um dos problemas mais sérios que o Brasil enfrenta nos dias de hoje. O
desmatamento das nascentes está provocando a escassez das águas dos rios e o
desmatamento das áreas próximas às margens provocando enchentes graves com
alteração dos cursos dos rios e destruição da fauna e flora deste ecossistema e, em
muitos casos, acabando com o pescado, antes abundante. Por vezes, enchentes têm
aterrorizado comunidades ribeirinhas, levando pânico para moradores de pequenos
municípios cortados por rios.

Entretanto, as pessoas não percebem que elas são as causadoras de sua própria
tragédia. A utilização das margens dos rios e canais para atracação de embarcações vem
provocando desbarrancamentos devido à falta de uma infraestrutura adequada para
esta atividade. Os atracadouros surgem da noite para o dia, sem que tenha sido feito
um estudo de impacto ambiental por parte das autoridades locais nem por parte dos
usuários da atividade. A destruição de mangues por aterramento, que acabam dando
origem a favelas nas periferias de balneários e cidades, vem levando à destruição de
várias espécies de vidas marinhas que antes garantiam o sustento de pequenas
comunidades. Estas, ao perderem sua fonte de sustento, acabam engrossando o
número de pedintes nos centros urbanos. O desmatamento de manguezais para uso de
sua madeira, em algumas regiões do Brasil, está provocando a erosão nestes locais com
o consequente avanço do mar para dentro da costa. Antes de destruirmos os

55
manguezais devemos ter em mente que ele impede o avanço do mar para terra e é rico
em biodiversidade não encontrada em outro ecossistema.

Os areais

A retirada de areia do leito dos rios é danosa ao meio ambiente, pois afeta os
animais, altera o curso dos rios e promove a erosão das margens. Esta atividade se
ocorrer fora de controle provocará danos irreversíveis ao meio ambiente. Soma-se a isso
uma cultura brasileira de desmatar as áreas adjacentes às margens dos rios.

A remoção de areia do fundo dos rios provoca sérios problemas para os animais
devido ao alto grau de detritos em suspensão nas águas, à redução do nível de oxigênio
e à consequente morte dos organismos que vivem nestes locais, o que torna a pesca
impossível porque os peixes não conseguem sobreviver nessas condições ambientais.

Cabe a todo homem e em particular ao pescador ajudar a preservar os mares, os


rios e o meio ambiente de onde retiram o sustento de suas famílias.

O garimpo

O garimpo de ouro em rios brasileiros, principalmente na Amazônia, vem sendo


conduzido de forma indiscriminada e, de certa forma, fora do controle das autoridades
que cuidam do meio ambiente. Por esta razão, por muitos anos e de forma menos
intensa nos dias de hoje, o mercúrio metálico tem sido utilizado para facilitar a
separação do ouro dos cascalhos. A Síndrome de Minamata já foi detectada,
isoladamente, junto à população ribeirinha do Amazonas. É importante estarmos
atentos e combater esta prática pois o mal causado é irreversível e prejudica
exatamente aquele que não se beneficiam da exploração deste mineral, podendo levar
à morte famílias inteiras que dependem do peixe para sua sobrevivência e podem estar
sendo envenenadas sem saberem.

Riscos associados ao excesso de água nas enchentes

Cheias são fenômenos naturais dos rios que decorrem dos seus regimes.

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Enchentes são cheias catastróficas em geral agravadas por ações humanas, tais
como:

 supressão da cobertura vegetal; e


 impermeabilização do solo (pavimentação de ruas e quintais), construção
de casas e etc.

Por meio dessas ações, reduz-se a capacidade de infiltração e de retenção do


solo e aumenta-se o escoamento superficial.

A sua ajuda, muito bem-vinda, é fundamental para a preservação deste meio


ambiente e pode ocorrer das seguintes formas:

 não lançando lixo, óleo ou esgoto nas águas;


 reaproveitando (reciclando) o lixo, principalmente plásticos; e

 denunciando para as autoridades, sempre que encontrar alguém


lançando lixo, óleo ou esgoto nos rios, lagoas, baías e mares.

A poluição é definida no art. 3 da Lei Federal No 6938 de 31/08/1981, que dispõe


sobre a política nacional de meio ambiente:

“poluição é a degradação de qualidade ambiental resultante de atividades que


direta ou indiretamente:

 prejudiquem a saúde, segurança e o bem-estar da população (diarreia,


asma, feridas na pele);

 criem condições adversas às atividades sociais e econômicas (prejudique


a pesca em rios, lagoas, baías e mares);

 afetem desfavoravelmente à biota (garrafas plásticas em, rios, mangues,


lagoas e baías);
 afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente (esgoto e
óleo lançados na Baía de Guanabara, Sepetiba etc.); e
 lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos (lançamento pela indústria de mercúrio, óleo e outros
metais nas águas)”

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Portanto todos que se utilizam das águas, para a pesca ou para locomoção tem
o dever de preservá-las, não poluindo e denunciando para os representantes da
Autoridade Marítima ou Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA) aqueles que estejam poluindo ou praticando atos que causem
danos a este meio ambiente.

A Lei Nº 9.966, de 28 de abril de 2000, trata sobre a prevenção, o controle e a


fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas
ou perigosas em águas sob jurisdição nacional e dá outras providencias é denominada
dentro do cotidiano de “Lei do Óleo”. Cabe destacar:

A quem a Lei se aplica:

 às embarcações nacionais, portos organizados, instalações portuárias,


dutos, plataformas e suas instalações de apoio;
 às embarcações, plataformas e instalações de apoio estrangeiras, cuja
bandeira arvorada seja ou não de país contratante da Marpol 73/78,
quando em águas sob jurisdição nacional;

 às instalações portuárias especializadas em outras cargas que não óleo e


substâncias nocivas ou perigosas, e aos estaleiros, marinas, clubes
náuticos e outros locais e instalações similares.

Vemos que a Lei se aplica a todos que fazendo uso de rios, lagoas, lagos, mar
territorial e Zona Econômica Exclusiva ou de áreas próximas (Instalações Portuárias por
exemplo) são potenciais poluidores destes locais.

Substâncias nocivas

 categoria A - alto risco tanto para a saúde humana como para o


ecossistema aquático;

 categoria B - médio risco tanto para a saúde humana como para o


ecossistema aquático;

 categoria C - risco moderado tanto para a saúde humana como para o


ecossistema aquático;

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 categoria D - baixo risco tanto para a saúde humana como para o
ecossistema aquático.

Poluição e outros Crimes Ambientais


O Art 54º da Lei Nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, estabelece para aquele
que causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam
resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a
destruição significativa da flora, atribuindo: Pena - reclusão de um a quatro anos e
multa.

Já em relação à poluição das águas a Lei estabelece:

 causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do


abastecimento público de água de uma comunidade;
 dificultar ou impedir o uso público das praias;
 ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou
detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências
estabelecidas em leis ou regulamentos:

Pena - reclusão de um a cinco anos

A prevenção para não ocorrer poluição quando do transporte de derivados de


petróleo e de substâncias nocivas é cada vez mais importante. A Lei 9.966 traduz esta
preocupação ao obrigar a tomada de diretriz e ações, por todos aqueles envolvidos com
o manuseio destes produtos, como o desenvolvimento de Treinamentos do pessoal e
Planos de Contingência que ajudam a diminuir a ocorrência de acidentes, e se
ocorrerem, por certo, minimizará seus efeitos danosos para o meio ambiente.

As embarcações de pequeno porte, por serem em grande número e estarem


presentes em praticamente todos os ambientes sujeitos à poluição, tem um papel
fundamental para ajudar na proteção do meio ambiente aquaviário e devem sempre
que ocorra poluição por manobra fortuita ou intencional de uma grande embarcação,
porto ou terminal informar as autoridades locais.

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Lembre-se: qualquer contribuição, por menor que seja, é fundamental para a
preservação do meio ambiente garantindo a nossa sobrevivência.

Principais agentes poluidores


Lixo

O lixo é responsável por um dos mais graves problemas ambientais de nosso


tempo e é, também, o grande desafio para o homem na atualidade. Para a preservação
do meio ambiente o seu tratamento deve ser considerado como uma questão que deve
envolver toda a sociedade. Quando jogado em terrenos baldios favorece o
desenvolvimento de vetores (insetos e ratos) transmissores de doenças.

Lixões são depósitos de lixo sem nenhum tratamento. No Brasil esse problema é
gravíssimo, pois cerca de 80% dos municípios depositam seu lixo nestes locais. Esses
depósitos podem causar poluição do solo, das águas potáveis e do ar, em virtude da
combustão espontânea, propiciada pela emissão de gases oriundos da decomposição
de materiais orgânicos.

Incineradores são grandes fornos onde o lixo sofre uma queima controlada, com
filtros para evitar que os gases formados na combustão dos materiais atinjam e poluam
a atmosfera. Eles têm a grande vantagem de reduzir o seu volume em até 85%, mas
mesmo assim existe uma sobra de cinzas e dejetos (os outros 15%), que precisam ser
levados para um aterro sanitário.

Aterros sanitários são a melhor solução para o lixo que não pode ser
reaproveitado ou reciclado. Trata-se de áreas de terreno preparadas para receber
dejetos, com tratamento para os gases e líquidos resultantes da decomposição dos
materiais, de maneira a proteger o solo, a água e o ar da poluição.

Coleta seletiva de lixo consiste na segregação de tudo o que pode ser


reaproveitado, como papel, latas de alumínio, vidro e plástico enviando-se esse material
para reciclagem. A implementação de programas de coleta seletiva não só contribui para
a redução da poluição, como também proporciona economia de recursos naturais –
como matérias-primas, água e energia - e, em alguns casos, pode representar a
obtenção de recursos, pela comercialização do material reciclável.
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Reciclagem é a recuperação de detritos por meio de reprocessamento, para uso
industrial. Permite reduzir substancialmente a quantidade de lixo jogada no meio
ambiente, o que resulta em menor agressão à natureza e, economicamente, reverte em
ganhos para as empresas. Vidros, papéis, ferros-velhos e metais como alumínio, cobre,
chumbo e zinco são os mais reaproveitados.

Algumas regras básicas para as embarcações:

 Durante a permanência no porto, fundeadas ou atracadas, o lixo deve ser


recolhido em recipientes adequados e assim mantidos até a sua retirada
de bordo. Para evitar que, acidentalmente, detritos caiam no mar, não
deve ser permitido que camburões de lixo, sacos plásticos e outros
recipientes fiquem dependurados pela borda.
 Os lastros contaminados, água da lavagem dos tanques e outros resíduos
de óleos devem ser conservados a bordo para serem descarregados nas
instalações de recepção situadas no porto.
 É proibido efetuar qualquer tipo de esgoto ou descarga direta para o mar
durante a permanência no porto. A retirada de produtos químicos, óleos
ou substâncias poluentes poderá ser feita empregando-se chata de óleo
ou caminhão.

 É proibida a eliminação no mar de materiais plásticos, cabos e redes de


pesca em fibra sintética, papel, trapos, vidros, metais, garrafas, louça
doméstica, cinza de incineração, material de estiva, revestimento e
material de embalagem.
 A eliminação no mar dos restos de comida (material orgânico degradável)
poderá ser autorizada, desde que seja feita o mais distante possível da
terra, mas em nenhum caso a menos de 12 milhas da costa.

Óleo

O petróleo e seus derivados como: óleo pesado, óleo diesel, querosene, gasolina,
etc., poluem as águas causando a morte de algas, pequenos crustáceos e peixes por
envenenamento ou ausência de oxigênio. A poluição por óleo na costa e principalmente

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em área de manguezais causam um dano irreparável aos seres que ali vivem e para
aqueles que dependem destes animais para a sua sobrevivência.

O óleo derramado nas águas acabará desaparecendo um dia, por meio da


evaporação ou servindo de alimento para um tipo especial de bactéria. Entretanto,
ambos os processos são muito lentos e este óleo permanece causando danos por muitos
anos.

A existência de grandes reservas de petróleo em mar aberto tem levado a


ocorrência de poluição por óleo devido a vazamentos naturais e incontroláveis.
Entretanto, grandes poluições por óleo ocorreram durante o seu transporte de um país
produtor para o país consumidor, sendo que o maior número de acidentes aconteceu
durante o carregamento ou descarga de navios. Apesar das severas punições aplicadas
àqueles que poluem as águas com óleo, muitas poluições ocorrem sem que se possa
identificar seus autores.

O pescador utiliza-se das águas como via de transporte e deve denunciar sempre
que perceber qualquer embarcação poluindo nossos rios, baías, lagoas ou mares.

Por meio da coleta da película de óleo da superfície, mesmo misturada a água é


possível provar sua procedência, não cabendo defesa ao navio que lançou este óleo.

Lembre-se: Não importa se a quantidade de óleo derramada ao mar, rio, baía ou


lagoa foi pequena, ela levara muitos anos para desaparecer e causará prejuízos muito
sérios para os seres que habitam estes locais.

De acordo com a lei No 9.966, de 28 de abril de 2000, fica estabelecido que o


valor da multa é no mínimo de R$7.000,00 (sete mil reais) e o máximo de
R$50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais). Cabendo ao IBAMA estabelecer o valor
da multa após avaliar a extensão do acidente, sua motivação e suas consequências para
o meio ambiente aquaviário.

Esgoto

Existem dois tipos de esgoto que devemos considerar: o residencial e o industrial.

62
O crescimento urbano desordenado dos grandes centros no Brasil e a falta de
planejamento de sistema de esgoto e tratamento de águas servidas faz com que na
cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, jogue-se aproximadamente três Maracanãs
cheios de esgoto contaminado com coliformes na Baía de Guanabara todo dia. Os
investimentos necessários hoje para reverter esta situação são imensos pois será
necessário refazer toda a rede de esgoto direcionada a uma ou mais estações de
tratamento de águas servidas.

Todas as outras grandes cidades do Brasil sofrem do mesmo mal e só para


lembrar citaremos algumas: São Paulo, Porto Alegre, Curitiba, Recife, Salvador, Belo
Horizonte, entre outras.

O esgoto industrial é também muito danoso ao meio ambiente, entretanto a


nova Lei de meio ambiente oferece instrumentos mais eficazes no combate a este tipo
de poluição e os empresários vêm se esforçando para cumprir as novas exigências. Uma
maneira de obrigar a indústria a tratar as águas por ela utilizadas é exigir que a tomada
de água para uso fique localizada abaixo do ponto de despejo das águas servidas, o que
é procedimento usual no Japão.

Os navios de grande porte têm que ter uma pequena estação de tratamento de
águas oriundas de banheiros, cozinhas, copas, etc. Somente após o tratamento esta
água pode ser lançada no mar, baía, etc. Em pequenas embarcações é proibido o uso de
banheiros dentro de baías e lagoas e em certas situações são lacrados.

63
6 PROCEDIMENTOS DE EMERGÊNCIA

Procedimentos básicos para a sobrevivência


Processos mais comuns para a obtenção de água potável

A água é o principal objetivo de uma pessoa em perigo em um barco salva-vidas.


Sem água potável, a expectativa de vida humana é significativamente reduzida,
estimada em apenas alguns dias.

É por isso que os botes salva-vidas são equipados com rações líquidas, que
atualmente são acondicionadas em sacos plásticos ou recipientes plásticos.

A quantidade de água no equipamento para cada pessoa a bordo depende do


tipo de baleeira.

Em relação às embarcações salva-vidas, o Código Internacional de Equipamentos


de Salvamento estipula que devem existir recipientes impermeáveis com um total de 3
(três) litros de água potável para cada pessoa na embarcação.

Nas balsas salva-vidas infláveis, essa quantidade de água é menor, 1,5 (um litro
e meio) de água potável em recipiente impermeável para cada pessoa permitida na
balsa.

O Estado-Maior das Forças Armadas determina o consumo diário de 750 ml de


água para que uma pessoa mantenha condições físicas e psicológicas favoráveis.

No entanto, o montante a distribuir por uma vítima em perigo deve ser reduzido
se, por exemplo, for prevista uma viagem de sobrevivência mais longa ou um maior
número de pessoas no bote salva-vidas. No entanto, a quantidade mínima de água que
uma pessoa precisa consumir a cada 2 horas para sobreviver no mar é de 350 ml.

Fonte: https://www.borestenautica.com.br/arquivos/Sobrevivencia_Meio_Aquaviario.pdf
64
Observa-se que a quantidade de água potável disponível na ração líquida é
limitada, por isso o náufrago busca fontes alternativas.

A principal fonte de água potável é a chuva. A cobertura da embarcação de


resgate possui água da chuva, que foi projetada para facilitar sua coleta.

Este coletor geralmente consiste em uma calha, que direciona a água da chuva
através de uma tubulação para o interior do bote, onde é coletada em tanques
coletores. Por isso é importante que os náufragos tenham à disposição recipientes para
água da chuva, por exemplo, sacos de plástico, recipientes vazios da ração líquida já
consumida, etc. Houve casos em que pessoas em dificuldades não conseguiram coletar
água da chuva porque não havia recipientes para armazená-la. Outro ponto
extremamente importante que o sobrevivente deve levar em consideração antes de
coletar a água da chuva é se a capota do bote está limpa, ou seja, livre de cristais de sal
acumulados. Portanto, o toldo deve ser batido de vez em quando para remover o sal. A
primeira água captada pode ser imprópria para consumo, água salobra, pois se mistura
com o sal da cobertura.

O orvalho que se forma no toldo também pode ser recolhido se não estiver
contaminado com sal. Um náufrago pode usar uma das esponjas do convés para coletar
as caixas. Como há duas esponjas na embarcação salva-vidas, uma delas seria para essa
função específica e a outra seria para secar o fundo da embarcação. Se usássemos duas
esponjas para secar o fundo da embarcação, ambas estariam "contaminadas" com sal e
não poderiam ser usadas para coletar as gotículas de água.

Hoje existem no mercado aparelhos muito úteis que podem transformar a água
do mar em água potável. São destiladores solares e usinas de dessalinização por osmose
reversa. No entanto, a Lei Marítima Internacional (Código Internacional de
Equipamentos Salva-Vidas) ainda não exige tais equipamentos. Portanto, a
disponibilidade de tal equipamento no convés da balsa salva-vidas depende de quem
equipa as embarcações salva-vidas.

65
De acordo com o Código Internacional de Equipamentos de Salvamento, nos
botes salva-vidas é previsto 1,5 litros de água potável por pessoa, 0,5 (meio) litros por
pessoa pode ser substituído por um dispositivo de dessalinização (por exemplo,
aquecedor solar) capaz de produzir a mesma quantidade de água potável em dois dias.
Ou 1 (um) litro de água potável por pessoa pode ser substituído por um dispositivo de
dessalinização por osmose reversa operado manualmente que pode produzir a mesma
quantidade de água potável em dois dias.

Para baleeiras, esses valores são duplicados, ou seja, 1 litro e 2 litros por pessoa,
respectivamente, que podem ser substituídos por um destilador solar ou dessalinizador
de osmose reversa.

A obtenção de alimentos do meio marinho e os cuidados necessários ao


consumi-los

O mar fornece uma série de fontes de alimentação para os marinheiros, como


peixes, aves marinhas, tartarugas, algas, moluscos, crustáceos, etc.

O desespero dos náufragos por comida não se justifica.

Você já sabe que sua prioridade não é a alimentação, mas a manutenção do


equilíbrio hídrico.

Embora a sensação de fome seja desagradável, o náufrago acaba se


acostumando, pois o tamanho do estômago diminui com o tempo.

Isso não significa que você não precise se preocupar com a pesca. Pelo contrário.

A pesca é um passatempo muito importante para a sobrevivência no mar. É uma


atividade produtiva que mantém o grupo trabalhando e unido. Assim, a pesca é um
exemplo de terapia ocupacional.

Lifeboat Survival Guide fornece instruções para obter alimentos. Essas diretrizes
devem ser seguidas, pois são o resultado das experiências de outros sobreviventes.

O líder deve estimular a pesca no grupo porque, além de direcionar os esforços


dos refugiados para a obtenção de alimentos, desenvolve uma atividade produtiva.

66
O Código Internacional de Equipamentos de Salvamento inclui um conjunto de
equipamentos de pesca em botes salva-vidas. Este kit deve incluir linha de pesca, anzóis,
chumbadas e iscas artificiais.

Vários guias de sobrevivência dão conselhos para a pesca dentro de uma jangada
ou bote salva-vidas. Aqui estão alguns:

 As iscas em movimentação atraem os peixes com mais facilidade do que


as iscas estacionárias;
 Deve-se ser extremamente cuidadoso ao manusear anzóis, facas ou
outros objetos que possam danificar a balsa salva-vidas inflável;
 A linha de pesca não deve ser amarrada ao corpo do náufrago, pois se for
pescado um peixe maior, a pessoa poderá ser jogada na água. Também
não é recomendado ancorar a linha na balsa salva-vidas inflável, pois esta
pode ser danificada quando o peixe tentar se livrar do anzol.
 À noite, o facho de uma lanterna direcionado para a água pode atrair
peixes e lulas. O reflexo da lua em uma superfície metálica pode ter o
mesmo efeito;

 A pesca deve ser praticada durante a noite e o dia, variando o


comprimento da linha de pesca; e

 Não se esqueça de verificar o Guia de Sobrevivência no Mar para outras


dicas importantes.

Ao pescar, é recomendável matá-lo antes de soltá-lo no barco. Se você colocar


um peixe grande no bote enquanto ele ainda estiver vivo, pode causar acidentes, pois
com certeza o animal vai brigar e bater na pessoa, causando ferimentos ou até mesmo
danificando o bote salva-vidas.

Os kits de pesca de sobrevivência marinha usam iscas artificiais. No entanto,


sabe-se que os peixes preferem alimentos de seu habitat natural. Peixes pequenos
capturados perto do bote salva-vidas, bem como intestinos de peixes maiores e
pássaros, podem ser usados como isca.

67
Se um grupo perdeu o equipamento ou deseja aumentar o número de linhas na
água, um anzol pode ser improvisado usando grampos, alfinetes, pregos e distintivos de
uniforme da equipe.

Os peixes capturados em mar aberto são geralmente comestíveis. Como


mostrado acima, a maioria das espécies venenosas são encontradas em águas tropicais
perto de recifes de corais. No entanto, você deve ter cuidado ao comer peixe.

Primeiro, não engula o peixe. Deve-se mastigar a carne do peixe e descartar as


peles e nervos, usando-os como isca. A explicação para usar este procedimento é
simples. Anteriormente, vimos que uma forma de perda de água ocorre através do trato
digestivo. Portanto, quando uma pessoa engole carne de peixe, o corpo funciona e
produz fezes, e uma pequena quantidade de água é removida das fezes.

Outro cuidado a ser observado diz respeito aos peixes doentes, que são
identificados por guelras brancas e brilhantes, olhos fundos, pele e carne malcheirosa.
Lembre-se de que a diarreia aumenta muito a perda de água, aumentando o
desequilíbrio hídrico do corpo.

É difícil manter o peixe em um bote salva-vidas porque estraga rapidamente.


Existe uma técnica para conservar o peixe durante vários dias, em que a carne é cortada
em tiras muito finas e deixada a secar ao sol após a salga.

Especialistas dizem que peixes de carne azul, como o atum, são muito sensíveis
a microrganismos e devem ser consumidos imediatamente.

Finalmente, cabe uma observação. Como não é possível fazer fogo no bote
salva-vidas, o peixe é comido cru. Nem todos podem comer carne de peixe cru e podem
sentir náuseas e até vômitos, se necessário, o que não é desejável. Nesses casos, é
melhor não comer, pois a principal prioridade do náufrago é manter o equilíbrio hídrico.

Procedimentos básicos para o tratamento de transtornos emocionais e de


saúde mental
Um naufrágio é uma situação traumática que pode causar pânico e reações
psicológicas negativas nas pessoas.

68
Primeiro, é essencial um líder competente com conhecimentos teóricos e
práticos de sobrevivência. Este líder deve inspirar confiança em outros que estão
quebrados.

A disciplina é importante em um barco salva-vidas. A disciplina do bote salva-


vidas não é alcançada impondo uma hierarquia existente em um navio abandonado,
mas confiando nas pessoas para liderar.

Um grupo de sobreviventes deve formar um grupo único, unificado e indivisível


com um objetivo bem definido, que é a salvação de todos os sobreviventes.

Todos devem ser tratados com justiça e igualdade para evitar o favoritismo e o
naufrágio da unidade. O mais importante é a união de todos.

A terapia ocupacional é a melhor maneira de tratar esses transtornos


emocionais e mentais. A terapia ocupacional refere-se ao envolvimento em atividades
positivas, como busca por comida (pesca), trabalho por turnos, manutenção de um
diário de sobrevivência.

Não se esqueça que os distúrbios emocionais são causados principalmente por


medo, lesões, exaustão ou ingestão de água do mar. Em tais circunstâncias, a pessoa
aflita não deve ser tratada com muita severidade, pois isso pode piorar sua situação e
até torná-la violenta.

Cuidado com pessoas deprimidas e excessivamente ansiosas, pois elas podem


ter um grande colapso emocional que pode contagiar todo o grupo de sobreviventes.

O líder deve considerar suas ações. Deve saber ser rígido, conciliador e imparcial
quando a situação o exigir. Deve inspirar fé em outras pessoas devastadas.

Ele não deve demonstrar ansiedade ou hesitação, e sempre que isso for sugerido,
ele deve usar um pouco de humor.

Lembre-se de que uma boa gestão em uma jangada ou bote salva-vidas reduz a
possibilidade de conflito e aumenta muito as chances de sobrevivência bem-sucedida.

69
Medidas preventivas para manter a saúde

Hipotermia: embora existam botes salva-vidas a bordo, podem ocorrer


circunstâncias excepcionais que os tornem inacessíveis. Portanto, uma pessoa perdida
pode ficar algum tempo na água esperando pelo resgate.

A hipotermia é uma queda na temperatura interna do corpo causada pela


exposição excessiva a um ambiente frio.

A hipotermia pode ser definida como uma queda da temperatura corporal


abaixo de 35°C. Pode acontecer tanto na terra quanto na água. A hipotermia causada
pela imersão na água é mais rápida do que no ar. A razão para isso é a condutividade
térmica da água, que é aproximadamente 20 (vinte) vezes maior que a do ar
atmosférico.

A sobrevivência de uma pessoa imersa em água fria antes da parada cardíaca é


determinada principalmente pela temperatura da água e pelo tempo de imersão do
corpo, que também afeta a estrutura física e a atividade da pessoa na água.

Quanto menor a temperatura da água, menor a sobrevivência. O resfriamento


do corpo é acompanhado por um colapso rápido e gradual dos estados de resistência
física e mental e, a uma temperatura interna de cerca de 27 graus, o ritmo cardíaco é
interrompido e a morte pode ocorrer devido a batimentos cardíacos não sincronizados
e descontrolados.

O primeiro sintoma de perigo é um tremor incontrolável do corpo, seguido de


perturbação mental e dormência nas pernas e braços.

O impulso imediato de uma pessoa exposta ao frio é fazer exercícios ou sacudir-


se vigorosamente para tentar se aquecer. Ao contrário do que se imagina, essa reação
retira as últimas reservas de calor do corpo e encurta significativamente a sobrevida.

A pessoa, imersa em água fria, deve procurar manter a calma, sem se agitar
desnecessariamente. Se você estiver usando um colete salva-vidas, deve assumir a
posição HELP, mantendo a cabeça, o pescoço e o pescoço fora da água, os tornozelos
cruzados e os joelhos para cima, os braços próximos ao corpo ou abraçados às pernas
70
ou as mãos entre as axilas, para proteger as partes do corpo onde ocorre maior troca de
calor.

Fonte: https://www.sobrasa.org/new_sobrasa/arquivos/EMERGENCIAS_OFFSHORE.pdf

Roupas largas devem ser usadas em vez de roupas grossas e apertadas, porque
a água presa entre o corpo e o tecido atinge rapidamente a temperatura da superfície
do corpo, agindo como um isolante térmico para a água externa.

Qualquer medida que reduza a perda de calor corporal retardará o


aparecimento de sintomas típicos de hipotermia e prolongará a sobrevida.

Tanto em terra como no mar devem ser tomadas as seguintes medidas:

• Usar vestuário adequado à temperatura ambiente;

• Proteger a cabeça, pescoço, nuca, axilas e virilha, pois são as áreas mais
quentes;

• Manter-se seco, se possível;

• Proteja-se do vento, pois em clima frio apenas um vento fraco aumenta a


perda de calor, podendo congelar partes abertas do corpo (fechar a capota da baleeira);

• Não bebe álcool;

• Evite chá e café, pois são bebidas diuréticas;

• Evite exercícios desnecessários;

71
• Tomar comprimidos para náuseas (as náuseas tornam as pessoas mais
suscetíveis à hipotermia);

• Se estiver sozinho na água, coloque-se na posição HELP; e

• Em um bote salva-vidas, o grupo deve tentar ficar o mais próximo possível do


calor do outro, e o fundo duplo deve ser inflado para aumentar o isolamento da água
fria do mar.

Insolação: Uma vez que a insolação é causada por um aumento da temperatura


corporal sem a remoção adequada desse calor, sua prevenção é impedir a exposição de
uma pessoa ao calor e todo desgaste físico. Além disso, alimentos líquidos devem ser
dados a quem necessitar.

Você também deve tentar baixar a temperatura do corpo com uma toalha
molhada.

A ventilação do bote salva-vidas deve ser privilegiada e permiter que o ar fresco


circule no interior.

Desidratação: Como vimos anteriormente, a desidratação é causada por um


desequilíbrio de água no corpo. Como a regra de sobrevivência no mar é a escassez de
água potável para hidratar o corpo, a única medida que um marinheiro pode tomar para
reduzir a desidratação é reduzir a perda de água corporal.

Para fazer isso, você deve se proteger do sol e do vento, porque o calor e o ar
em movimento aumentam a evaporação. Reduza a transpiração molhando as roupas e
a capota da balsa salva-vidas com água do mar para evitar o efeito estufa.

Não coma, especialmente peixe e aves, porque a água do corpo é usada para
digerir esses alimentos. Tente evitar possíveis náuseas e diarreia.

Reduza a atividade física fazendo todo o trabalho ao entardecer e ao amanhecer


quando as temperaturas são baixas.

Queimadura solar: Para evitar queimaduras solares, o marinheiro deve manter


a cabeça e a pele cobertas e ficar na sombra. O perigo de queimaduras solares não é

72
apenas quando os raios incidem diretamente sobre a pele, mas também os que refletem
na água.

Ao atuar como vigia, proteja o pescoço e a nuca com uma aba improvisada.
Capa, roupas e óculos podem ser meios de proteção dos raios solares no bote salva-
vidas.

Inflamação ocular: Fortes reflexos do céu e da água podem causar vermelhidão


dos olhos, deixando-os inflamados ou doloridos. Portanto, é conveniente usar óculos de
proteção ou, na falta deles, improvisar proteção com um pano ou curativo.

Se houver colírios antissépticos disponíveis, use-os para controlar a inflamação.


Se seus olhos doerem, coloque um curativo leve sobre eles. Antes de aplicar o curativo,
umedeça a gaze com água potável e coloque-a sobre os olhos.

Úlceras causadas por água salgada: O contato constante com água salgada na
pele causa úlceras. O marinheiro deve evitar abri-las ou pressioná-las. Use o creme
antisséptico no kit de primeiros socorros do bote salva-vidas.

Não deixe a humidade entrar nas feridas. Mantenha a ferida o mais seca
possível.

Enjoo: Tonturas, náuseas e vômitos são os problemas mais comuns no mar,


principalmente em navios que balançam muito. Sobrevivendo no mar com um bote
salva-vidas impulsionado pelas ondas, o problema se torna crítico, pois os vômitos
causados pelo enjoo significam a perda de água interna do corpo e, consequentemente,
o aumento da desidratação. Em tal situação, o náufrago deve se deitar, mudar a posição
da cabeça, evitar comer e beber e tomar remédios para enjoo o mais rápido possível.

Prisão de ventre e dificuldade em urinar: Disfunção intestinal é um fenômeno


comum em pessoas enjoadas devido à falta de comida.

Não se excite demais e não tome laxantes. Faça o máximo possível de exercícios
físicos leves.

73
A cor escura da urina e a dificuldade para urinar também são fenômenos
normais nessas condições. Esta é a maneira do corpo de manter a água dentro do corpo.

Pé de imersão: causado pela exposição prolongada dos pés e pernas ao frio e à


água. Se a exposição continuar por vários dias, manchas pretas necróticas podem se
formar nas pernas e pés. A melhor precaução é manter o corpo o mais seco possível,
exercitando as pernas e movimentando os dedos dos pés para melhorar a circulação.
Pelo mesmo motivo, botas, sapatos apertados ou meias molhadas devem ser retirados.

Procedimentos de Abandono
Todos os tripulantes a bordo devem conhecer todas as suas funções, incluindo
situações de emergência. Nos navios mercantes temos uma tabela mestra que é uma
tabela onde são organizadas as atribuições de todos os tripulantes para as principais
tarefas de emergência - Abandono, Incêndio e Colisão/Vítima. A maior emergência
possível é o naufrágio.

Todas as pessoas a bordo, tripulantes ou passageiros devem se fa miliarizar com


a tabela mestra.

Lembremo-nos sempre do seguinte:

O NOSSO NAVIO É UM LUGAR SEGURO NO MAR

Abandonar o navio é a última escolha do homem. Concluímos, portanto, que o


abandono é um último recurso e, portanto, somente o comandante deve ordenar o
abandono do navio.

Se você ouvir um alarme geral (uma sequência de sete ou menos toques curtos
seguidos por um toque longo), coloque roupas extras e um colete salva-vidas e vá para
a o ponto de encontro. Esta chamada precede a chamada de emergência (incêndio,
colisão e abandono).

O importante a saber é o seguinte: esta chamada não significa abandono do


navio. O toque abandonado é indicado pela ativação de um alarme geral soando
continuamente.

74
No ponto de encontro, a tripulação recebe informações sobre a situação de
emergência e as providências a serem tomadas. Ao chegar ao ponto de encontro, em
hipótese alguma volte à sua cabine para retirar pertences pessoais. Nenhuma posse
material é mais importante do que a sua vida.

O comandante do navio avalia a situação e verifica se há motivos para abandoná-


lo.

Quando ordenado a sair, entre no bote salva-vidas. Lembre-se que a principal


forma de entrar na embarcação salva-vidas é diretamente sem contato com a água.

A importância do vestuário adequado para proteger o corpo

A principal causa de morte na sobrevivência no mar é a hipotermia. A hipotermia


pode ser definida como uma queda na temperatura corporal causada pela exposição a
um ambiente frio, principalmente quando imerso em água fria.

Um náufrago pode sofrer um choque térmico antes mesmo de enfrentar


problemas de hipotermia, que podem resultar até na morte do mergulhador. Roupas
adicionais reduzirão esse efeito.

O vestuário é, portanto, a primeira proteção para uma pessoa em perigo no mar.


Nunca saia do barco sem estar devidamente vestido.

Roupas quentes devem ser trocadas antes de deixar o navio. A prática mostra
que as melhores roupas para os náufragos são roupas de lã. Se possível, proteja também
a cabeça, pois é a parte do corpo onde o calor é mais liberado. Não se esqueça de
proteger também as outras partes do corpo, como mãos e pés. Nunca se esqueça do
seu colete salva-vidas!

Se você tiver alguma dessas roupas disponíveis, use-as sobre as roupas extras
que estiver usando.

Cuidados devem ser tomados com roupas de imersão. Em termos de


flutuabilidade, existem dois tipos de trajes: os flutuantes e os não flutuantes.

75
Se o colete salva-vidas do seu navio for de um tipo sem flutuabilidade, use um
colete salva-vidas.

A importância do uso de destroços como meio de flutuação

Se por algum imprevisto não for possível o uso de balsas salva-vidas, improvise
uma balsa com os pedaços de madeira ou outros materiais que estejam boiando local
do naufrágio.

Lembre-se que o mais importante para sobreviver no mar é sair da água.

Vimos anteriormente que o colete salva-vidas é a peça mais importante do


equipamento de salvatagem. É importante que todas as pessoas coloquem um colete
salva-vidas ao sair do navio.

No entanto, se alguém entrar na água sem colete salva-vidas (o que é errado!),


ele pode usar os destroços de um navio naufragado como dispositivo de flutuação.

Então, se você estiver na água sem colete salva-vidas, tente abraçar o máximo
de objetos que estiverem flutuando ao seu redor.

Tente tirar o máximo possível de seu corpo da água. Lembre-se daquele


personagem do filme Titanic que foi salvo por ficar de pé sobre uma porta que flutuava.

Ações a serem empreendidas antes, durante e após o abandono da


embarcação
Procedimentos antes do abandono

O pré-abandono é o momento em que ainda não foi dada a ordem de abandono


do navio, mas há indícios de que o navio já não oferece condições de preservar a vida
das pessoas a bordo.

Todas as pessoas a bordo devem usar roupa extra contra o frio (se houver fato
de mergulho a bordo, devem usá-lo), equipamento de proteção individual (capacete,
luvas, botas) e colete salva-vidas. Você também deve levar o seu cobertor.

No ponto de encontro na estação das baleeiras, o responsável pela tarefa deve


verificar se todas as baleeiras estão prontas para o lançamento.
76
No plano de emergência do navio, o grupo de apoio à tarefa de abandono deve
fornecer rações adicionais, principalmente água potável, bem como cobertores e
equipamentos adicionais considerados necessários para a sobrevivência.

Ao mesmo tempo, o responsável pela navegação deve verificar o local exato do


sinistro, e essa informação deve ser transmitida na mensagem de socorro. Ao dirigir-se
ao posto de embarque, este tripulante deverá levar consigo equipamentos de
navegação (cartas náuticas, régua paralela, bússola, lápis, apagador, etc.).

Também é importante trazer dispositivos de sinalização adicionais (pirotecnia e


sinais de fumaça). Esses dispositivos podem ser encontrados na ponte do navio.

EPIRB e SART não devem ser deixados a bordo. A tabela mestra do navio já conta
com um tripulante selecionado responsável pelo transporte desses aparelhos. No
entanto, é importante que o responsável pelo trabalho de abandono assegure-se de que
este equipamento seja carregado na baleeira.

Procedimentos durante o abandono

O momento do abandono começa quando o alarme da estação de abandono é


ativado (soa continuamente).

Todas as manifestações de pânico devem ser controladas, pois o pânico pode


contagiar qualquer coisa, tornando caótico o abandono do navio.

Ao ouvir o alarme de partida, dirija-se à sua estação de partida de acordo com a


tabela mestra.

A pessoa encarregada do barco salva-vidas verifica se todas as pessoas


designadas para aquele barco salva-vidas estão presentes e, em seguida, determina o
lançamento do barco salva-vidas.

Todos os tripulantes devem executar suas tarefas de acordo com o que está
determinado na tabela mestra, sempre com habilidade e sem pressa.

Em seguida, embarque na embarcação salva-vidas determinada e afaste-se,


imediatamente, do navio naufragado.

77
Procedimentos após o abandono

Após o abandono do navio naufragado, o tripulante deve estabilizar a baleeira


nas proximidades do acidente para facilitar sua localização pelas equipes de busca e
salvamento.

Aqueles embarcados nas embarcações de sobrevivência devem recolher as


pessoas que possam estar na água.

Para fazer isso, eles podem usar um anel flutuante do bote salva-vidas ou se
aproximar desses náufragos enquanto estiverem em um barco salva-vidas a motor.

Todos os botes salva-vidas devem estar próximos para que as equipes de busca
e salvamento tenham um campo de visão maior, facilitando sua localização.

Se estiverem longe do navio avariado (aprox. 150 metros), a âncora flutuante


deve ser lançada ao mar. Este dispositivo reduz os efeitos da deriva e estabiliza a
embarcação próximo ao local sinistrado.

Um líder estabelece o posto de vigia do qual todos devem participar, porque esta
tarefa é a mais importante para a sobrevivência de todos.

Após esses primeiros momentos, começa a jornada de sobrevivência. Os


náufragos devem fazer algo para manter o moral.

Devem preparar-se para: chegada de forças de busca e salvamento, reboque,


salvamento por helicóptero ou mesmo aterragem, caso estejam próximo de terra.

A Importância do treinamento para enfrentamento de naufrágios

A melhor forma de se preparar para emergências é o treinamento periódico.


Somente uma equipe bem treinada pode executar tarefas com eficiência e, acima de
tudo, sem pânico, de acordo com o plano de contingência e a tabela mestra.

Quando há uma emergência a bordo, seja ela qual for, não há tempo para
consultar manuais ou tirar dúvidas sobre o funcionamento dos equipamentos.

78
A tripulação deve saber como funciona o equipamento de resgate e isso só é
possível através de exercícios e prática.

Existem três tipos de treinamento de salvamento a bordo:

 Familizarização
 Abandono
 Resgate

A familiarização destina-se a tripulantes novos ou que tenham de cumprir as suas


responsabilidades.

Essa orientação também se estende aos passageiros, principalmente quanto à


colocação correta dos coletes salva-vidas e o trajeto de sua cabine até o ponto de
encontro no convés do bote salva-vidas.

O treinamento de abandono é prescrito pela regra 19 da Convenção


Internacional para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar. Todos os membros da
tripulação devem participar de pelo menos um exercício de abandono do navio e um
exercício de incêndio por mês. Sempre que possível, esses exercícios devem ser
realizados como se fosse uma emergência real.

Qualquer exercício de abandono de navio deve incluir:

 Chamar os passageiros e a tripulação para o ponto de encontro;

 Introdução de funções e preparação para tarefas descritas na


tabela mestra;
 Verificar se os passageiros e tripulantes estão devidamente
trajados;
 Verificar se os coletes salva-vidas estão devidamente ajustados;
 Abaixar pelo menos uma embarcação salva-vidas após completar
todos os preparativos necessários para o lançamento;

 Partida e operação do motor do barco salva-vidas;


 Uso de turcos utilizados para abaixar os botes salva-vidas (se
necessário);

79
 Simulação de busca e salvamento de passageiros presos em
camarotes; e
 Instruções de operação de rádio para equipamentos de resgate.

Após cada exercício deve ser feita uma avaliação, para que eventuais deficiências
sejam corrigidas.

Utilização dos sinais de salvamento

É importante que os náufragos possuam equipamentos de sinalização para


informar as equipes SAR (sigla em inglês para Search and Rescue Services).

Existem vários dispositivos que informam as equipes de busca e salvamento


sobre a localização de pessoas em perigo. Dispomos de equipamento de sinalização
visual de emergência que inclui pirotecnia (iluminação por paraquedas e lanterna
manual), fumígeno, espelho heliográfico e lanterna. Esses dispositivos são os mais
tradicionais.

Outro equipamento que também é utilizado para indicar a direção do bote salva-
vidas é o apito, que tem um alcance logicamente limitado.

No entanto, os métodos de sinalização mais eficazes atualmente são EPIRB e


SART (Search and Rescue Transponder) - transponder de radar.

Vamos conhecer cada um deles.

Foguetes com paraquedas: Os faróis equipados com paraquedas são dispositivos


de sinalização para uso noturno. São acondicionados em tubos cilíndricos, que podem
ser de metal refratário ou baquelite, que são impermeáveis.

Um foguete lançado verticalmente deve atingir uma altura de pelo menos 300
metros, e no ponto mais alto ou próximo ao ponto mais alto da trajetória de voo, o
foguete deve lançar de paraquedas um objeto pirotécnico iluminador (em vermelho).

O tempo de queima deve ser de pelo menos 40 segundos e a velocidade de


descida não deve exceder 5 m/s.

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Use este dispositivo com extremo cuidado. O manual do usuário é sempre
impresso nos próprios objetos.

O foguete deve ser lançado longe da baleeira, a favor do vento, com o braço
estendido do casco, elevado a 45°.

Lembre-se que o número desses sinais por bote salva-vidas é limitado (quatro
unidades por embarcação). Portanto, não os desperdice. Nunca o dispare, a menos que
você tenha certeza de que alguém está ao alcance.

Fachos manuais: Também são dispositivos noturnos. São acondicionados em


bisnagas cilíndricas, que podem ser de material refratário ou baquelite, que são
impermeáveis.

O facho emite uma luz vermelha brilhante quando aceso e deve queimar por pelo
menos 1 minuto.

Só utilize este aparelho após ler, atentamente, as instruções contidas no corpo


do facho.

As precauções são semelhantes às dos aparelhos de iluminação dotados de


paraquedas, ou seja, o sinalizador deve ser lançado longe do bote salva-vidas, a favor do
vento, com o braço estendido do casco, elevado a 45º.

Cada salva-vidas geralmente tem seis fachos.

Nota: Tanto nos fachos dotados de paraquedas quanto no fachos manuais, se a


combustão falhar, esses dispositivos devem ser descartados, ou seja, jogados no mar,
porque se os mantivermos nas embarcações salva-vidas, eles podem queimar e causar
acidentes.

Sinal fumígeno flutuante: O sinal fumígeno é um dispositivo de sinalização para


uso diurno.

Embalado em caixa estanque. Quando ativado, emite fumaça bem visível


(geralmente laranja) por pelo menos 4 minutos.

O manual do usuário também está impresso na caixa.


81
O sinal fumígeno não é feito para o náufrago manter nas mãos após a ativação.
O mesmo deve se deixado na água, também atrás do vento, para que a fumaça não seja
lançada para o interior do bote salva-vidas.

Cada balsa e bote salva-vidas, normalmente, tem dois sinais fumígeno


flutuantes.

Nota: um sinal de fumaça pode ser usado em operações de resgate para indicar
a direção e força do vento ao piloto do helicóptero para ajudá-lo a se aproximar do
naufrágio.

Espelho heliográfico: O espelho heliográfico é um dispositivo de sinalização para


uso diurno. A experiência dos sobreviventes mostrou que um espelho pode ser um
dispositivo de sinalização eficaz em dias ensolarados.

No caso de uma aeronave de busca e salvamento, os observadores podem notar


o reflexo antes que a pessoa em perigo a bordo veja a própria aeronave.

Assim, ao ouvir o ruído do motor de um avião, a pessoa em perigo deve sinalizar


com um espelho em sua direção, mesmo que não esteja na linha de visão.

É interessante que os náufragos pratiquem o uso do espelho durante uma


viagem marítima, para que possam sinalizar habilmente seu uso real.

Ao sinalizar com espelhos, as instruções são as seguintes: o sobrevivente deve


segurar o espelho a alguns centímetros do rosto e focar o alvo através da viseira,
refletindo o feixe de luz no material refletor, direcionar a abertura do espelho com o
orifício de busca e o alvo que deseja atingir.

Na ausência de um espelho heliográfico, pode ser usado um pequeno espelho de


bolso.

Apito: O uso do apito é muito limitado. A sua utilização está geralmente


associada ao rescaldo imediato de um acidente, onde os botes salva-vidas são reunidos
para indicar a direção em que devem vir os marinheiros em perigo, especialmente à
noite ou com pouca visibilidade.

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Também pode ser usado para sinalização de curto alcance para um navio ou
pessoas em terra.

Lanterna: utilizada para sinalizar à noite. A lanterna encontrada no equipamento


do bote salva-vidas deve possuir dispositivo capaz de transmitir sinais Morse. Deve ser
à prova d'água e ter baterias sobressalentes e uma lâmpada sobressalente.

Além dos dispositivos de sinalização mais tradicionais, o GMDSS - Global


Maritime Distress and Safety System - permite o envio e recebimento automático de
mensagens de socorro a longas distâncias com grande confiabilidade.

GMDSS é um serviço global de comunicações baseado em sistemas


automatizados, tanto satélites quanto estações terrestres, para emitir alertas de
emergência e disseminar informações de segurança marítima aos navegantes.

Como resultado, o GMDSS permite alertar tanto as agências terrestres de busca


e salvamento quanto os navios nas proximidades do local do acidente sobre uma
situação perigosa, o que reduz significativamente o tempo de resposta para operações
de resgate.

Desde 1999, os navios abrangidos pela convenção SOLAS devem transportar


certos equipamentos de comunicação. O Capítulo IV da Convenção SOLAS aplica-se aos
equipamentos de rádio que fazem parte das estações GMDSS dos navios. O GMDSS é
uma combinação de Comunicações por Satélite, Radiotelefonia nas bandas MF, HF, VHF,
Radiotelex, Transmissores de Radar - SART, Indicadores de Rádio - EPIRBs e Chamada
Digital Seletiva - DSC.

O segmento de satélites é o grande responsável pela eficiência de todo o sistema.


É composto por duas organizações, INMARSAT e COSPAS-SARSAT.

EPIRB: é um sinal flutuante que emite automaticamente um sinal de perigo que


é recebido pelos satélites GMDSS (COSPAS-SARSAT) e retransmitido para as estações de
recepção em terra onde estes sinais são decodificados e então a localização do
radiofarol é fornecido. Portanto, é importante que a tripulação leve o EPIRB para o bote
salva-vidas antes de deixar o navio.

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O alarme é então encaminhado para as autoridades de Busca e Salvamento
(SAR), que em nosso país é a SALVAMAR BRASIL da Marinha do Brasil.

SART - TRANSCEPTOR DE RADAR: Este dispositivo opera em 9GHz, compatível


com radares de Banda X. Quando o SART é ligado e recebe um sinal de resposta de um
radar operando naquela frequência em um navio, embarcação de resgate ou mesmo
uma aeronave de busca e salvamento, o SART responderá através de um "eco" forte.
Um radar de busca em funcionamento recebe esse sinal de "eco" e exibe a resposta na
tela do radar.

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7 RELAÇÕES INTERPESSOAIS E RESPONSABILIDADES SOCIAIS

Relações humanas
O aspecto confinado das embarcações e os longos períodos em que,
muitas vezes, estas se ausentam dos seus portos de origem são um constante
desafio ao convívio e entendimento entre os integrantes de sua tripulação de
forma a preservar as relações interpessoais em elevado nível, mantendo-se as
relações hierárquicas e a disciplina que permitam a atingir o objetivo a que se
propuseram. Esta matéria prevê conceitos básicos, que devem ser do
conhecimento de todos a bordo, para que seja possível transformar uma reunião
de pessoas que irão tripular uma embarcação numa equipe de trabalho
consciente das dificuldades naturais imposta pelo meio aquaviário.

Personalidade
A personalidade é um dos fenômenos mais complexos estudados pela
ciência. É talvez o mais fascinante, porque todos nós desejamos nos conhecer e
conhecer outras pessoas com as quais convivemos. Saber o que em nós é comum
a todas as pessoas e o que mais nos distingue delas, talvez seja o mais constante
desejo do homem. Conhecer nossas qualidades positivas e verificar nossos traços
negativos é um trabalho diário que nos preocupa e incentiva.

Enfim, a coisa mais importante para nós é a nossa personalidade. Os


conceitos vulgares de personalidade não coincidem com o utilizado pelos
estudiosos do comportamento. O mais vulgar deles talvez seja este:

“Personalidade é a impressão causada por você sobre outra pessoa”. Por


exemplo, dizemos: José tem uma personalidade marcante. Para alguns, isto não
quer dizer nada. O que quer dizer é que José tem certos traços de caráter que o
distinguem das pessoas com quem convive.

A personalidade é uma abstração. Ela é a soma de certas características


mais ou menos estáveis de uma pessoa. O comportamento de uma pessoa numa
entrevista, por exemplo, não revela todos os seus atributos, os seus traços. As
relações constantes que temos com uma pessoa é que nos mostrarão a

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frequência de certos traços, os aspectos de sua personalidade. E apesar de um
dia ela se mostrar expansiva, faladora, continuaremos dizendo que é introvertida
fechada, voltada mais aos seus problemas que aos dos outros. Não é com os
traços variáveis que julgamos os outros, mas com o mais ou menos estável. Se
assim não fosse, seria muito difícil o relacionamento social.

Portanto, definimos Personalidade como a soma de todas as


características cognitivas, afetivas e físicas de uma pessoa, tal como se
manifestam e a diferenciam de outras. É a integração de sete componentes:
fisiologia, necessidades, interesses, atitudes, aptidões, temperamento e
morfologia.

Influência da personalidade nos padrões de comportamento

A personalidade influência nos padrões de comportamento, porque é por


meio dos traços de personalidade que uma pessoa se integra e se ajusta dentro
dos grupos sociais, inclusive o grupo de trabalho. Um dos traços de
personalidade mais importante e valorizado em uma pessoa dentro do ambiente
de trabalho é o que promove a adaptação e o ajuste nas diversas situações que
se apresentam no dia a dia.

As relações humanas compreendem as interações das pessoas numa


ampla variedade de circunstâncias e situações sociais. As interações humanas
podem ser agradáveis e compensadoras, ou podem ser frustrantes e geradoras
de conflito. Essas relações envolvem pessoas de diferentes grupos étnicos,
crenças religiosas ou políticas e, naturalmente, trabalhadores e seus chefes,
quando se ocupam de situações e problemas com que se defrontam. O número
de pessoas envolvidas, os assuntos em pauta, a disposição e a competência dos
participantes e o nível de respeito recíproco entre os indivíduos influem no
resultado e na qualidade das relações humanas, bem como no nível de satisfação
de cada pessoa envolvida na situação.

Deve-se desenvolver uma forma para se adaptar a situações de trabalho


e reduzir os conflitos interpessoais desnecessários.

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É necessário, portanto, que se compreendam as forças humanas e sociais
existentes em um ambiente de trabalho.

Ao atingir a primeira fase da vida adulta, a maioria das pessoas já


desenvolveu um sistema funcional de relações humanas.

No entanto, a mesma pessoa que se sente confiante quanto aos seus


relacionamentos pessoais com amigos e com a família, sente-se, às vezes,
inseguro quanto ao seu comportamento em situações profissionais. Em todas as
situações em que uma pessoa precisa interagir, tendo em vista algum objetivo
comum, existe a possibilidade da desorientação quando diversos pontos de vista
e metas pessoais entram em conflito.

A importância do comportamento humano como referencial no resultado do


trabalho

As relações humanas se aplicam amplamente às interações e à


cooperação de pessoas em grupos; aos superiores cabe o papel de manutenção
de um nível aceitável de sociabilidade com seus subordinados, como também de
padrões aceitáveis de desempenho profissional. Portanto, as relações humanas
significam a integração de pessoas em situações que as motivem a trabalhar
juntas produtiva e cooperativamente, com satisfação econômica, social e
psicológica. Cada pessoa acaba se tornando seu próprio psicólogo quando
analisa o comportamento das outras. Se alcançarem sucesso em seus
relacionamentos sociais, tendem a acreditar que suas práticas de “relações
humanas” são eficazes e, assim, encontram pouca motivação para mudar seu
comportamento ou sua perspectiva. Por outro lado, pessoas que não
experimentam o sucesso ou a satisfação no trato social, podem acreditar que o
defeito esteja nos outros, e não nelas mesmas; tal atitude é, muitas vezes, uma
racionalização. Cada pessoa que contribui para o sucesso de um grupo deve ser
responsável pelo próprio comportamento. Embora algumas pessoas em situação
de trabalho desejem ser responsáveis pelo próprio comportamento, não têm
certeza sobre o que delas se espera em termos de relações humanas. Jovens

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empregados podem não compreender suas tarefas recém-designadas em grupos
de trabalho. Podem ser inexperientes ou inseguros quanto à atuação correta e
as responsabilidades que lhes são atribuídas. Empregados jovens ou
inexperientes não são os únicos que encontram problemas de ajustamento no
trabalho. Qualquer pessoa que mude de atividade ou função, em um grupo,
defronta-se com um novo conjunto de “problemas de relações humanas”. A
promoção para uma posição superior, com aumento de responsabilidades e de
autoridade, torna frequente e necessária uma mudança de comportamento. Que
comportamento deve ser esse? Como pode ser mais bem obtida uma mudança
no comportamento desejado? Como se pode produzir impacto positivo? Qual é
o estilo mais eficaz de liderança? Atingir tais finalidades não é simples. Fatores
sociais, psicológicos, organizacionais e físicos complicam a integração e a
motivação das pessoas em grupos. Assim, torna-se necessário o
desenvolvimento de uma quantidade de métodos e técnicas destinados a
acomodar a integração dos trabalhadores em uma organização. Porém a
complexidade do ambiente profissional demonstra que os métodos em curto
prazo, de eficiência não comprovada, e mais fantasiosos do que cuidadosamente
pensados não serão suficientes.

Causas do surgimento dos conflitos

O crescimento e o desenvolvimento de qualquer sistema têm como etapa


de transição os conflitos Estes surgem principalmente pelo apego de algumas
pessoas à situação vigente, seja por posse ou comodismo, criando resistência a
efetuar mudanças. Isso não quer dizer que não existam mudanças sem conflitos.
Portanto, entendemos por conflito o processo que se inicia quando uma das
partes em interação percebe que a outra frustrou ou está por frustrar suas
necessidades ou objetivos. As principais causas de surgimento de conflitos em
uma equipe de trabalho, são:

 luta pelo poder;


 desejo de êxito econômico;
 recursos escassos;
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 marcadas diferenças culturais e individuais
 tentativa de autonomia;
 direitos não atendidos/conquistados;
 mudanças externas acompanhadas por tensões, ansiedade e
medo;
 necessidade de status;
 exploração de terceiros (manipulação);
 necessidades individuais não atendidas
 expectativas não atendidas;
 carência de informação, tempo e tecnologia;
 divergência de metas;
 emoções não-expressas ou inadequadas;
 obrigatoriedade de consenso
 meio ambiente adverso; e
 preconceitos.

Toda pessoa procura se ajustar ou se adaptar quando enfrenta inibições


e frustrações, com o objetivo de organizar-se e equilibrar-se diante das suas
experiências e expectativas do universo que a rodeia. Dentre os vários efeitos
indiretos do conflito, o mais significativo é o aparecimento da angústia,
proveniente de ameaças ao autorrespeito, de sentimento de culpa ou medo de
punição. Essa angústia leva a pessoa a apresentar vários mecanismos de defesa,
que são reações para abrandá-la ou evitá-la.

Características da boa comunicação no ambiente de trabalho

A eficácia da comunicação com os liderados depende do grau em que a


liderança se empenha para manter uma cadeia aberta, honesta e abrangente. A
eficácia resultante da boa comunicação tornar-se-á um importante fator para o
fortalecimento ou o enfraquecimento da equipe de trabalho.

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Os líderes bem-sucedidos no cumprimento de sua responsabilidade são
os que se colocam no ponto de enfoque da cadeia de comunicação em sua
equipe.

Uma informação somente pode ser passada quando ocorrem recepção e


emissão mantendo-se o “ruído” em um mínimo. Observar, ouvir e ler são tão
essenciais à liderança quanto demonstrar, falar e escrever. Embora o
intercâmbio de informações seja altamente influenciado por fatores não verbais
como ansiedades e apreensões, atitudes e emoções, personalidade e tom de voz,
grande parte da informação assume inevitavelmente uma forma de tirania das
palavras. As técnicas de comunicação são mais eficazes quando: (1) forem
utilizadas em combinação ao invés de isoladamente; e (2) quando
adequadamente harmonizadas com a situação e as pessoas envolvidas. Cada
situação do dia a dia de trabalho, principalmente em confinamentos dentro de
embarcações, requer um método ou uma combinação de métodos mais
aplicável. Para mostrar a alguns liderados o quanto aprecia sua cooperação, tudo
o que o líder tem a fazer é dar-lhes ocasionalmente uma tapinha nas costas.
Outros, porém, podem necessitar de frequente reafirmação verbal. Outros,
ainda, somente acreditarão quando o líder o fizer por escrito. As comunicações
que alcançam maior êxito são aquelas encaminhadas por líderes que conhecem
muitas maneiras de transmitir suas ideias, instruções e atitudes. Portanto, a
comunicação eficiente por parte do líder deve ser isenta de preconceito,
preferências e todos os demais sentimentos que podem prejudicar ou atrapalhar
o bom ambiente de trabalho.

Ações preventivas para um bom relacionamento no trabalho

As ações preventivas para evitar o surgimento de conflitos são difíceis de


serem tomadas, pois quando o conflito aflora, já está instalado nas pessoas que
compõem um grupo de trabalho. Compete ao líder observar constantemente o
comportamento dos membros da sua equipe de trabalho para, assim que
detectar as atitudes citadas, assumir seu papel e solucioná-los logo no seu início.

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As formas mais frequentes de mecanismos de defesa e ajustamento das pessoas
são:

 Agressão – surge geralmente quando as ideias de uma pessoa não


são aceitas ou quando a pessoa não é aceita pelo grupo. A
agressão manifesta-se através de gestos, palavras ou ainda
violência física.
 Obsessividade – caracteriza-se pela preocupação excessiva de
detalhes sem importância. Ex: a limpeza frequente de um
armário, gaveta, a sequência rígida numa discussão, ser atendido
sempre pela mesma pessoa em um determinado local comercial,
etc.

 Compensação – é o mecanismo que imprime nova direção à


motivação, ou seja, consiste em desviar ou substituir um objetivo
que a pessoa não foi capaz de realizar por outro, transferindo e
dirigindo sua energia para este novo objetivo.
 Racionalização ou Autojustificação – ocorre quando, ao não
conseguir realizar uma determinada tarefa, atribuímos uma
explicação racional, aparentemente lógica para encobrir uma
insatisfação emocional. O exemplo clássico deste mecanismo é a
fábula da raposa e as uvas, em cujo texto o animal, por não
conseguir alcançá-las, diz que as uvas estão verdes.
 Projeção – ocorre quando uma pessoa transfere seus próprios
sentimentos para uma outra pessoa ou situação. Por exemplo, um
marinheiro tem dificuldade de compreender uma determinada
explicação de um companheiro e joga a culpa em quem está
explicando ou passando a informação.
 Idealização – é o mecanismo utilizado sob a forma de
supervalorização de si mesmo, ou de algumas atitudes específicas,
ou do grupo a que pertence, negando a ocorrência de alguns
fracassos ou limitações. Exemplo: uma equipe de vendas, com

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baixa produção, ao perceber que seus concorrentes estão se
sobressaindo, passa a supervalorizar as qualidades de seus
vendedores ao invés de detectar as falhas do grupo.
 Fuga – é uma forma de reação em que há o afastamento do
problema, fugindo do fato que provoca angústia. A pessoa desiste
e evita a situação de conflito, excluindo, na maioria das vezes, a
possibilidade de uma solução efetiva do problema. Exemplo: o
abandono da escola por causa do fracasso escolar, o chefe da
família que abandona sua casa diante dos problemas familiares.
 Apatia – ausência de sentimento, indiferença. Frente a uma
situação que causa angústia, a pessoa se torna desinteressada,
desligada, construindo uma parede que a separa do impacto da
situação real.
 Negativismo – caracteriza-se por uma conduta habitual na qual se
responde, diante das mais diversas situações, de forma sempre
negativa, derrotista. Exemplo: “Isto não vai dar certo...”; “Eu sei
que não vou conseguir...”.
 Regressão – ocorre quando se adota uma conduta já vivida
anteriormente, com “a esperança” de ser tratado da mesma
forma, ou seja, quando uma pessoa traumatizada procura
retornar a um estágio anterior. Exemplo: uma criança que volta a
agir como bebê, quando é muito “cobrado” para ter atitudes
adultas.
 Fantasia – caracteriza-se, basicamente, por “sonhar acordado”. É
a formação de imagens mentais de cenas ou, com frequência, de
sequências de eventos ou experiências que realmente não
aconteceram ou que se passaram de modo consideravelmente
diverso do fantasiado.

Esses mecanismos de defesa apresentam-se em todas as pessoas.


Tornam-se sintomas de anormalidade apenas quando aparecem, numa pessoa,

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em quantidade excessiva. Os mecanismos de defesa podem ter consequências
benéficas ou prejudiciais para o ajustamento da pessoa. São benéficos quando
diminuem a angústia, mantêm e acentuam o autorrespeito e ajudam a proteger
o indivíduo de angústias e ameaças futuras. Como resultado dessa proteção, a
pessoa pode ser capaz de suportar o conflito, durante um período suficiente para
provocar um ajustamento mais realista e mais eficiente ao problema. Mas a
ocorrência prolongada e excessiva dos mecanismos de defesa pode gerar efeitos
prejudiciais ao ajustamento efetivo à vida.

Trabalho em equipe
As principais razões que levam as pessoas a formarem equipes são, em
primeiro lugar, a necessidade, em segundo lugar o desejo de proximidade e,
finalmente, os desafios. Equipes se constituem a partir da existência de
interesses comuns que vão desde a necessidade de sobrevivência até os anseios
de segurança, estima ou status. O desejo da proximidade física está ligado à
atração que as pessoas exercem umas sobre as outras e à possibilidade que elas
têm de confirmar suas crenças e valores. A interação social atende à necessidade
de reconhecimento, estruturação do tempo e outras carências humanas.

Os desafios fazem com que as pessoas se reúnam para tentar superar


coletivamente as dificuldades e são uma poderosa razão para a formação de
equipes de trabalho. Nos campeonatos esportivos, podemos observar inúmeros
exemplos de grupos de alta competência movidos quase que exclusivamente
pelos desafios. E não só os atletas estão em busca da superação de seus recordes
desportivos como os patrocinadores e organizadores atrás de seus recordes
econômicos. O público em geral assiste, torce e participa, movido pelo desejo de
proximidade, o de pertencer e expressar-se emocionalmente, mesmo assistindo
pela televisão. São três os fatores básicos que fazem as pessoas se aproximarem:
1. A existência de um objetivo comum; 2. Uma certa divisão de papéis ou de
tarefas; e 3. A existência de algum tipo de relacionamento entre as pessoas. No
enfoque psicossocial surgirá, como fundamental para a existência de uma
equipe, a presença de fatores sócios afetivos de coesão que são:

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1. A existência de um alvo comum e visível para os membros da equipe;

2. A percepção da possibilidade de promover uma ação conjunta; e 3. O


sentimento de “pertencer”.

Aspectos importantes do trabalho em equipe

 Aumenta a produtividade;
 Melhora a comunicação: o negócio de uma equipe é compartilhar
informação e delegar trabalho;
 Realiza tarefas que grupos comuns não podem fazer: há
conhecimento demais para que uma única pessoa possa saber de
tudo;
 Faz melhor uso dos recursos: a equipe é a ideia do “just-in-time”,
aplicada à estrutura organizacional e ao princípio de que nada
pode ser desperdiçado;

 As equipes são mais criativas e eficientes na resolução de


problemas: elas invariavelmente sabem mais sobre comprimento,
profundidade e largura de uma organização do que a hierarquia
piramidal;

 Decisões de alta qualidade: a essência da idéia de equipe é o


conhecimento compartilhado, e sua conversão imediata para
liderança compartilhada; e

 Melhores produtos e serviços: as equipes permitem às


organizações misturar pessoas com diferentes tipos de
conhecimento sem que essas diferenças rompam o tecido da
organização.

Nós somos criaturas sociais. Não apenas gostamos da companhia uns dos
outros, mas também buscamos uns aos outros, situação após situação.
Precisamos dessa interação da mesma forma que necessitamos de ar, água e
segurança. Todos nós necessitamos de:

 Afeição;
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 Afiliação;
 Reconhecimento;
 Troca de ideias; e
 Valorização pessoal.

Apesar da nossa tendência de pertencer a uma equipe, também não


queremos mudar nossas vidas e prioridades individuais pelo bem do grupo sem
um benefício pessoal.

Portanto, trabalhar em equipe ou pertencer a uma equipe significa saber


manter um equilíbrio constante entre as necessidades da equipe e as
necessidades individuais (aquelas coisas que cada um de nós deseja, coisas que
nada têm a ver com equipes ou cargos). Dez maneiras de manter a equipe
integrada e motivada:

1. Ter um compromisso com as metas - a primeira coisa que todos os


membros de uma equipe eficaz fazem é definir aquilo que estão perseguindo,
quais as metas e objetivos da equipe.

2. Demonstrar um interesse verdadeiro pelos outros membros da equipe.


Os membros de equipes eficazes desenvolvem um interesse verdadeiro no bem-
estar de outros membros de sua equipe.

3. Enfrentar conflitos – a única maneira de descobrir e resolver diferenças


dentro da equipe é se abrir, reconhecer a discórdia e negociar uma solução.

4. Escutar ativamente – escutar de forma ativa e enfática é importante


para qualquer um, esteja ou não em uma equipe. É particularmente importante
para a comunicação aberta entre os membros de uma equipe. Escutar
enfaticamente significa ser sensível não só ao conteúdo da mensagem que a
outra pessoa está transmitindo, mas à emoção por trás da mensagem. Significa
entrar na cabeça e no coração do outro.

5. Comunicar-se com clareza – quando você tiver algo bom a dizer,


focalize o que é bom. Quando as notícias não forem tão boas, vá direto ao

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assunto. A melhor coisa é dizer o que precisa ser dito. Esta é a maneira mais
respeitosa de se conduzir o problema. Não sonegue informações à equipe,
lembre-se que a nossa mente preenche a lacuna com informações negativas de
nossa própria autoria.

6. Treinar a tomada de decisões – membros de equipes eficazes mostram


os primeiros rascunhos de suas decisões aos demais antes de agir.

7. Valorizar as diferenças individuais – é necessário e importante


descobrir como usar as diferenças naturais para beneficiar os resultados da
equipe.

8. Contribuir livremente com ideias – membros de equipes eficazes não


guardam suas ideias. Quando têm uma opinião sobre alguma coisa a expressam,
mesmo que seja apenas para apoiar a opinião de outro.

9. Fornecer “feedback” sobre o desempenho da equipe – é importante


que todos solicitem “feedback” a outros membros da equipe.

10. Comemorar realizações – comemorar realizações ligadas a resultados


de curto prazo levanta o moral tanto pessoal como profissional da equipe.

Cooperação e competição

Um dos processos mais necessários à obtenção de bons resultados na


vida pessoal, social ou organizacional é, sem dúvida, o processo de cooperação.

É a cooperação que possibilita somar esforços em benefício de um


objetivo comum. É também, por meio da cooperação que podemos ultrapassar
nossas próprias limitações, atingindo resultados que, sozinhos, não
conseguiríamos. É, ainda, por meio da cooperação que usualmente participamos
na vida social, reforçando nosso senso de valor pessoal, satisfazendo
necessidades pessoais e servindo às necessidades alheias A cooperação é,
portanto, um processo básico e naturalmente esperado numa cultura como a
nossa, onde a complexidade dos problemas e das condições de vida torna a

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satisfação impossível, ou quase, apenas ao nível individual das exigências mais
simples.

Em verdade, quase tudo que fazemos pressupõe a cooperação do outro.


O pão que comemos necessita do padeiro, do agricultor, do transportador e
assim por diante; a vida normal do lar não teria sentido sem a participação dos
cônjuges e dos filhos, e tudo o mais pode ser enquadrado no mesmo raciocínio.

Tal como as pessoas – e com mais forte razão - os grupos e organizações


existem graças à participação de seus membros. Nenhuma organização cumpre
seus objetivos, se não é capaz de assegurar um nível satisfatório de participação,
dirigido à consecução de suas metas.

Seria, portanto, natural que as pessoas e organizações desenvolvessem


sua capacidade de cooperar, levando-a (pela prática continuada) a um ponto tal
de maestria, que este problema pudesse ser considerado de menor importância.
Mas isso não ocorre na prática.

Quando pesquisamos a natureza dos grandes problemas, quer laborais


quer pessoais, quase sempre encontramos a afirmativa de que é difícil obter
cooperação.

Os chefes reclamam que as pessoas, hoje em dia, parecem resistir à ideia


de cooperar; os clientes lamentam nos consultórios psicológicos que “ninguém
me ajuda”, ou algo parecido; e as empresas e as pessoas carecem de cooperação
para satisfazer suas necessidades e muitas vezes têm problemas sérios que
assumem aspectos de crise.

Cooperar significa, essencialmente, “operar com”, isto é, trabalhar lado a


lado ou unindo esforços, para a obtenção de um resultado comum. Assim dito,
parece bastante simples o processo, e de fato o é. Apenas surgem reações devido
a alguns aspectos que essa dinâmica envolve e para as quais nem sempre
voltamos a nossa atenção, gerando problemas variados.

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Examinemos algumas das dimensões que o processo envolve.
Comecemos por observar que a cooperação não pode ser um processo
unilateral; é preciso, pelo menos, duas partes. Logo, não são apenas os meus
problemas ou atributos que intervêm no processo, os atributos e problemas do
outro são, pelo menos, tão importantes como os meus.

Isso nos traz à mente uma dimensão básica: a das necessidades de ambas
as partes. Quando alguém procura encontrar cooperação é porque necessita
dela, mas quando presta cooperação também está satisfazendo alguma
necessidade, talvez menos evidente, mas nem por isso menos real. Nem sempre
é fácil reconhecer as nossas ou as necessidades alheias, e se eu não posso
reconhecê-las, provavelmente eu não terei motivação suficiente para buscar ou
dar cooperação. Isso exige, por conseguinte, um certo grau de sensibilidade,
onde a empatia exerce papel relevante. É essa sensibilidade que nos permitirá
ver os problemas pelos olhos alheios, isto é, de acordo com o quadro de
referência de quem está sendo afetado pelo problema e não por meio dos meus
pontos de vista pessoais.

Quando percebemos as necessidades que a situação provoca, surge outra


dimensão: a das possibilidades e limitações. A cooperação supõe uma estimativa
de quais são as minhas possibilidades, e consequentemente, das minhas
limitações, para atuar cooperativamente. Se eu não me vejo como capaz ou
hábil, disponível ou preparado, eu não posso inclinar-me a cooperar. Se eu me
vejo capaz, isso não garante minha predisposição ou disponibilidade em
cooperar, mas no caso inverso, é quase certo que eu me sinta inibido. Muitas
pessoas fazem dessa auto estimativa uma defesa racional para suas dificuldades
pessoais de ajudar e cooperar. É que, frequentemente, a cooperação diz respeito
menos às capacidades e conhecimentos técnicos do que à pura e simples
disponibilidade pessoal, à boa vontade, ao estímulo, ao apoio e, algumas vezes,
a uma simples palavra de incentivo. Muitas vezes, o que ocorre numa
organização não é a falta de habilidades disponíveis, mas a falta de um genuíno
interesse, traduzida numa atmosfera sem calor humano (frase típica: “eu já

98
tenho os meus problemas, quem quiser que cuide dos seus”). Portanto, nós
podemos nos autolimitar com rigor excessivo, bloqueando a cooperação.

Mesmo quando essa autolimitação não é excessiva, outra dimensão pode


interferir: a da expectativa dos riscos a correr. Quando eu coopero com alguém
– ainda que a pedido desse alguém – eu me exponho a certos riscos: eu
provavelmente serei avaliado, eu provavelmente revelarei algumas incertezas e
áreas em que sou inseguro eu provavelmente facilitarei que o outro penetre um
pouco na minha intimidade, e, não menos importante, eu provavelmente corro
o risco de fracassar naquilo que esperam e eu mesmo espero de mim. Tais
vivências podem ser exatamente ameaçadoras para certas personalidades,
principalmente as mais inseguras. É verdade que o outro corre os mesmos riscos,
mas isso em nada modifica a minha percepção. Logo, a cooperação envolve outra
dimensão: a da confiança. Sem confiança os riscos são maximizados; com
confiança, são minimizados. A consequência disso é que para haver cooperação
é preciso, primeiro, desenvolver a confiança, o que supõe a criação de uma
atmosfera relativamente livre e não manipuladora, onde eu possa ser o que sou,
sem necessidade de encobrir minhas falhas e me defender contra o julgamento
alheio. Ao contrário, quando, numa relação as pessoas se percebem
reciprocamente empenhadas numa tarefa de ajuda mútua e onde vivenciam um
clima de aceitação, então as possibilidades de cooperação são exploradas
conjuntamente e os efeitos colaterais de autossatisfação beneficiam a ambas as
partes.

Finalmente, a última dimensão relevante diz respeito à capacidade


individual de dar e/ou receber ajuda. Frequentemente pessoas que podem
cooperar mantêm-se inativas (em prejuízo de suas próprias necessidades), como
que à espera de que parta do outro o primeiro passo. Não é assim tão fácil iniciar
a ação. Pedir a alguém que o ajude, significa a superação de alguma resistência
interna – quando se descobre necessitando de outro – representada no próprio
processo de pedir. Por isso, algumas pessoas podem se sentir diminuídas ou
menos capazes aos seus próprios olhos (e consideram que também aos olhos de

99
quem é solicitado). Por outro lado, dar ajuda a alguém também permite
distorções perceptivas - quando, por exemplo, vivencia-se que, em ajudando,
estará humilhando ou deixando entender que se considera mais capaz ou até
superior ao ajudado.

Todas essas dimensões mostram que existem forças atuando sobre


ambas as partes envolvidas num processo de cooperação. As pessoas que
buscam cooperar entre si não são, apenas, limitadas à natureza do problema ou
dificuldades que buscam resolver através da cooperação. Elas são – em toda sua
plenitude – pessoas, e, como tal têm necessidades, sentimentos e valores que
influem poderosamente no processo de inter-relacionamento através do qual se
dá a cooperação. Daí porque as atitudes são tão importantes. Se, por exemplo,
se espera que a relação com alguém seja difícil, porque ele vai provocar
impaciência, é muito provável que a pessoa se porte impacientemente, a
despeito de qualquer reação objetiva da pessoa. A recíproca também é
verdadeira.

À vista das condições e dimensões analisadas, não será difícil reconhecer


um processo de cooperação dentro de um processo de competição. Mesmo
diante de um objetivo comum e ainda quando as partes se propõem a cooperar
entre si, é fácil observar o surgimento de uma disputa (mais ou menos
dissimulada, mas nem sempre), caracterizando a competição.

Competir não é um mal. Ao contrário, a competição não só é uma


constante em nossa vida social como é, em certo sentido, e dentro de certos
limites bastante benéfica. Acima de tudo a competição é uma poderosa fonte
energética que motiva nossos esforços e dirige nossa conduta.

Não se trata, portanto, de julgar a competição declarando-a boa ou má,


benéfica ou maléfica. Como muitas outras coisas, a competição pode ser bem
usada ou não, pode ser orientada positiva ou negativamente.

O que é perigoso no processo de competição é o seu desenvolvimento,


dados os efeitos que acarreta. Nesse sentido, o que era cooperação transforma-

100
se facilmente em competição e daí em conflito. Felizmente, também pode
acontecer o inverso; isto é, do conflito chega-se à competição e desta à
cooperação.

Na essência desses processos está um problema de percepção social:


quando as pessoas (e o mesmo se verifica com grupos e organizações) deixam
de perceber um objetivo comum e passam a perceber objetivos divergentes, na
verdade elas não poderiam mais falar de nós e deveriam falar em termos de eu
e ele ou do nosso grupo “versus” o outro grupo. Neste instante, desaparece a
cooperação, se é que havia, e domina a competição. Aqui, o envolvimento
emocional tende a dominar outros aspectos e, facilmente, os objetivos se
transformam: o que, originalmente, era um objetivo comum passa a se constituir
em dois objetivos divergentes e, quase sempre antagônicos. Por isso, os grupos
se comportam visando, acima de tudo, derrotar o adversário; e até, algumas
vezes, diante de certas dificuldades maiores, os grupos não se importam em
vencer, contanto que o outro também não vença. É um raciocínio do tipo “eu
não me importo em perder, contanto que ele também perca”.

O pior é que grupos neutros, como, por exemplo, a empresa como um


todo, são quase sempre os mais prejudicados, pois dependem e confiam na
efetiva cooperação dos seus subsistemas.

No caso inverso – da competição à cooperação – o mesmo mecanismo


básico ocorre: os objetivos parciais, que eram tidos como divergentes e
antagônicos, passam a ser percebidos como um objetivo único e maior. O
raciocínio, aqui, é do tipo “se eu me unir a ele, ele vai lucrar, mas eu também
vou”.

Vários experimentos têm demonstrado esses princípios, seja com base


nos exercícios de simulação feitos em laboratórios de desenvolvimento
organizacional, seja com base em fatos reais. O que torna difícil a observação é
que o processo de interação passa relativamente despercebido.

101
Por exemplo, se o pessoal envolvido na elaboração de um projeto
industrial tiver dificuldades intergrupais com o pessoal de produção, estas
pessoas podem (mais ou menos inconscientemente) não corrigir os erros que
verificam no projeto original (plantas, esquemas, etc.). O produto final, de má
qualidade, pode ser suficientemente visível, mas a falta de interesse da equipe
da produção (que ignorou o que era um erro, após constatá-lo) é muito difícil de
caracterizar. Por que? Esse interesse era, essencialmente, dependente de uma
atitude e se traduzia numa decisão pessoal e não em algo que fosse formalmente
de sua obrigação no trabalho.

Pelo mesmo processo, às vezes, sonegam-se informações preciosas ou


omitem-se certos dados (embora não o conjunto), etc. Já quando as equipes
percebem a si mesmas como integrantes de fato num trabalho conjunto, cujo
resultado é mais nosso do que meu ou seu, então a cooperação emerge.

O mais difícil, contudo, é que nem sempre a competição é formalmente


declarada ou mesmo consciente. As equipes podem viver uma situação
competitiva, experimentar um grande envolvimento emocional, desenvolver
todas as reações típicas já descritas e não se darem conta de que estão
competindo. Por exemplo, no caso anterior, entre o pessoal de projeto e o
pessoal de produção, o desejo de bater o inimigo era patente e provavelmente
cada uma das equipes oponentes se via a si própria como boa e a outra como
má, sem que para isso fosse preciso reconhecer formalmente a situação.

A importância do indivíduo dentro de uma equipe de trabalho

A pessoa que trabalha em equipe sente-se motivada, mantendo sua


autoestima, pois a discussão e solução de problemas importantes invocam
poderosas forças individuais de auto expressão e autodeterminação. O
significado das decisões tomadas pela equipe, para seus participantes, é um dos
fatores decisivos nas questões relacionadas à satisfação no trabalho e ao
aumento da produtividade.

102
Relacionamento humano a bordo do navio
Os navios se constituem em locais de trabalho perigosos devido a sua
própria natureza e aos diferentes tipos de atividades que desenvolvem. Essas
atividades, por sua vez, são desenvolvidas através de diferentes processos
quando são utilizados os mais diversos equipamentos. Portanto, todas as
pessoas que dele participam, tanto em viagem quanto no porto, devem estar
adequadamente qualificadas e treinadas para desenvolver suas tarefas de modo
seguro, a fim de que não causem acidentes ou incidentes.

Importância da comunicação

A comunicação é um processo cíclico, cujos componentes básicos são: o


emissor, o receptor, a mensagem, o veículo (ou canal) e o feedback (ou
realimentação).

O emissor pode ser uma pessoa ou um grupo de pessoas com o objetivo


de mudar o comportamento de outras pessoas. O objetivo do emissor tem de
ser expresso em forma de mensagem. O emissor deve ser capaz de codificar, isto
é, colocar suas ideias num código, exprimindo seus objetivos sob forma de
mensagem. O receptor é o interprete da mensagem. As decisões tomadas pelo
receptor e a sua maneira de mudar comportamentos são medidas da eficiência
da comunicação. Portanto, um dos princípios mais importantes da comunicação
é que os significados estão nos receptores e não na mensagem.

Métodos de comunicação

O veículo é o canal ou a cadeia de canais que liga o emissor ao receptor.


Cada veículo exerce sua influência sobre a mensagem, tornando-se parte da
mesma. Podem ser:

 Verbal (escrevendo, lendo, falando ou qualquer comunicação que


use palavras);
 Não verbal (sons e gestos);
 Icônico (sinais, figuras, diagramas, pinturas e fotografias, filmes).

103
Todos os três métodos são necessários para a eficiência e o apropriado
entendimento a bordo. A comunicação verbal inclui toda a comunicação
pertinente ao uso das palavras, tais como: ler, escrever e falar. A linguagem
corporal e o uso de símbolos, fotos, desenhos e filmes são mais eficazes do que
uma simples comunicação verbal. Para completar o ciclo, outras cadeias
precisam ser estabelecidas de volta entre o receptor e o emissor. Essas cadeias
de retorno têm sido chamadas de realimentação ou feedback.

Barreiras na comunicação

Quase nunca existem comunicações exatas já que entre o emissor e o


receptor, existem sempre “ruídos” (em geral de natureza psicológica) que
sempre distorcem a mensagem. Ruído pode ser definido como qualquer fator
que interfira na mensagem. Estudos revelam que 70% do período do dia, o ser
humano, estando conscientemente acordado, dedica à comunicação. Desse
tempo, em termos médios, têm-se os seguintes percentuais: 9% escrevendo;
16% lendo; 30% falando e 45% escutando.

Sem uma formação especial de como escutar, existe a tendência de


operar com um nível de eficácia de 25% numa conversação de 10 minutos.
Considerando que o ser humano fala a uma velocidade de 100 a 125 palavras por
minuto e pensa a uma velocidade de 400 palavras por minuto, surgem defeitos
na comunicação e/ou distorções nas informações.

Ao escutar uma conferência, por exemplo, podem surgir os seguintes


defeitos:

1. Ouvir mal a voz e não remediar;

2. Pensar que o tema carece de interesse;

3. Captar o anedótico e não as ideias;

4. Excitar-se por algo que é dito;

5. Obcecar-se por anotar;

104
6. Simular atenção ao conferencista;

7. Criticar interiormente o estilo do orador;

8. Gastar de forma inadequada a rapidez do pensamento, aplicando-o a


distração ao invés da reflexão.

Tão importante quanto a comunicação verbal é a não verbal, pois cada


parte do corpo transmite mensagens (movimentos faciais e corporais, gestos,
olhares, apresentação pessoal e mesmo a entonação de voz). Quando há
coerência e sintonia entre a linguagem verbal e a não verbal, a comunicação
ganha credibilidade.

Vale ressaltar que, quando emissor, é necessário um esforço para


adequar a linguagem à do receptor e, quando receptor, é necessário desenvolver
a capacidade de escutar, lembrando que “ouvir” é perceber sons pelo sentido da
audição e “escutar” é estar atento para ouvir.

Audição: ouvir e escutar

 Ouvir: é perceber sons pelo sentido da audição.


 Escutar: é estar atento para ouvir.
 Para escutar:
 Deixe de falar;
 Faça com que seu interlocutor tenha confiança;
 Demonstre ao seu interlocutor que está disposto a escutá-lo;
 Elimine distrações;
 Estabeleça uma empatia com seu interlocutor;
 Seja paciente;
 Domine seu temperamento;
 Não critique nem argumente em excesso;
 Pergunte o que seja necessário.

105
Feedback

 Deve ser descritivo e não avaliativo;


 Deve ser específico e não geral;
 Deve atender à necessidade de quem o recebe;
 Deve dirigir-se a comportamentos que podem ser modificados;
 Deve ser solicitado e não imposto;
 Deve ser oferecido em momento oportuno;
 Deve ser checado para garantir a eficácia.

Efeitos e consequências de erros de comunicação

Os erros de comunicação podem levar a acidentes com as pessoas,


propriedades e meio ambiente, assim como também dificultar o bom
relacionamento entre as pessoas a bordo. A má comunicação ou a falta de
comunicação pode levar os tripulantes à execução errada de tarefas, obrigando
ao retrabalho, o que levará ao aborrecimento, à perda de tempo, à perda de
matéria prima, além do estresse dos envolvidos.

Benefícios da boa comunicação

Uma boa comunicação cria um ambiente que conduz ao trabalho seguro,


vida feliz e saudável entre todas as pessoas a bordo.

Hábitos, valores e atitudes podem ser modificados pelo efeito da


comunicação e conhecimento dos princípios básicos do relacionamento
interpessoal quando os que querem aprender absorvem os conhecimentos e
experiências dos outros membros da equipe.

Responsabilidade social
Cada membro da tripulação tem responsabilidade social com o seu navio,
com ele próprio, com seus colegas, para com a companhia e para com o meio
ambiente.

Cada tripulante tem direito a expressar suas opiniões de maneira


transparente e a fazer solicitações a qualquer tempo, porém, considerando o
106
direito do outro dizer não. O tripulante tem direito a comunicações claras de
modo a aumentar o relacionamento interpessoal a bordo.

A tripulação deve cumprir suas atribuições de função conforme o


estabelecido na NORMAN 13, além de cumprir as regras internacionais e as
particulares de sua empresa, considerando que o navio é uma unidade comercial
que visa ao lucro financeiro e, para isso, deve realizar suas tarefas de maneira
honesta, dando o máximo de sua competência.

Os tripulantes devem cumprir a política da companhia descrita nos seus


manuais e estar comprometidos com as políticas de segurança e proteção do
meio ambiente.

Também devem estar preparados para socorrer colegas em situações de


risco e atuar em operações de busca e salvamento e combate à poluição.

Condições dos empregadores

Os acordos coletivos, celebrados entre os sindicatos e as empresas,


estabelecem as vantagens empregatícias das tripulações.

Álcool e Drogas

É obrigatório o cumprimento de Regras Nacionais e Internacionais contra


o uso, transporte ou distribuição de drogas ou álcool.

Essa prática é proibida pelas empresas de navegação e as punições são


severas e podem levar demissão por justa causa.

Graves acidentes aconteceram em virtude de trabalhadores terem


ingerido algum tipo de álcool ou droga durante ou antes de iniciarem suas
jornadas de trabalho.

Os tripulantes devem conhecer e entender, fortemente, a Política de


Álcool e Drogas de sua empresa reconhecendo que autoridades externas podem
usar meios para comprovação do uso de álcool ou drogas pela tripulação.

107
A prática do uso de álcool e drogas poderá repercutir negativamente ao
navio, à empresa e ao tripulante que, além da demissão certa, poderá ter sua
carreira marítima encerrada.

Higiene e saúde a bordo

Todos devem ter a responsabilidade de manter a higiene pessoal, a


higiene das instalações comuns e das suas próprias acomodações, observando
sua apresentação pessoal, que deverá sempre demonstrar boa saúde.

A limpeza e a organização são fundamentais para a manutenção da


higiene e saúde de todos, contribuindo para um bom relacionamento entre todas
as pessoas a bordo.

Relações humanas a bordo


Obviamente uma vida em grupo em que todos tenham um bom
relacionamento pessoal, tornará a convivência a bordo bem mais confortável, o
que contribuirá para a saúde e para a prevenção de acidentes.

A diferença de cultura, escolaridade e personalidade das pessoas


embarcadas devem ser respeitadas, para que essas pessoas possam conviver de
maneira que o respeito venha a contribuir para que os propósitos do trabalho
sejam atingidos de maneira tranquila e eficiente.

Um agradável ambiente a bordo, tanto nas horas de trabalho como nas


horas de lazer, possibilita que o período de embarque passe de maneira a não
causar estresse físico ou mental. As empresas devem manter locais de lazer,
como salão de jogos, salas de TV, academias, piscina e quadras esportivas, como
forem possíveis, para contribuir com o bem-estar das pessoas e sua valorização
pessoal.

A política da Companhia é estabelecida de maneira que todos saibam


seus objetivos e metas, para que possam ter um comportamento adequado a
essa política. O gerenciamento das empresas é adequado a atingir metas pré-
estabelecidas de modo que essas metas sejam alcançadas, sem que ocorram

108
quaisquer acidentes com as propriedades, com o meio ambiente e,
principalmente, com as pessoas.

A existência da hierarquia a bordo visa à adequada organização para que


os objetivos sejam alcançados com um mínimo de transtornos, uma vez que
dentro dessa hierarquia há a distribuição das responsabilidades que veem a
atender as necessidades individuais o navio, da companhia e as necessidades
sociais. A disciplina a bordo é fundamental para que o ambiente e o
relacionamento interpessoal sejam mantidos em elevado nível de cordialidade e
respeito.

A política da Companhia é estabelecida de maneira que todos saibam


seus objetivos e metas, para que possam ter um comportamento adequado a
essa política. O gerenciamento das empresas é adequado a atingir metas pré-
estabelecidas de modo que essas metas sejam alcançadas, sem que ocorram
quaisquer acidentes com as propriedades, com o meio ambiente e,
principalmente, com as pessoas.

A existência da hierarquia a bordo visa à adequada organização para que


os objetivos sejam alcançados com um mínimo de transtornos, uma vez que
dentro dessa hierarquia há a distribuição das responsabilidades que veem a
atender as necessidades individuais do navio, da companhia e as necessidades
sociais. A disciplina a bordo é fundamental para que o ambiente e o
relacionamento interpessoal sejam mantidos em elevado nível de cordialidade e
respeito.

109
8 PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO
Teoria do fogo
Para prevenir e combater incêndios de modo eficiente é necessário entender o
“funcionamento do incêndio”. As bases teóricas sobre como ocorrem e como se
comportam o fogo e o incêndio são indispensáveis para podermos entender e dominar
as técnicas de combate e prevenção.

A combustão (ou fogo) é uma reação química na qual um material combustível


reage com um oxidante, chamado de comburente e que normalmente é o oxigênio,
produzindo energia na forma de calor e, muitas vezes, luz. Essa reação depende de uma
energia de ativação para que se inicie e, após iniciada, prossegue de forma
autossustentável.

Para que esta reação aconteça e se mantenha, são necessários quatro


elementos: o combustível, o comburente, o calor e a reação em cadeia. Estes elementos
são, didaticamente, simbolizados pelo tetraedro do fogo.

Fonte: https://www.cursonr10.com/protecao-e-combate-a-incendios/

Um tetraedro é uma figura espacial que tem quatro lados e, por ter cada lado em
forma de um triângulo, foi escolhido como melhor maneira de ensinar sobre os
elementos da combustão, já que, anteriormente, a figura utilizada para demonstrar tais
elementos era o triângulo, conhecido como o “triângulo do fogo”, que não leva em
consideração a reação em cadeia que mantém a combustão, mas se demonstrou como
excelente ferramenta didática para o ensino de leigos no assunto.
110
Na prática é fácil entender que os combustíveis não reagem automaticamente
com o oxigênio, via de regra. Vemos madeira, papel, tecido e até álcool em contato com
o ar, ou seja, em contato com o oxigênio, sem que queimem. Mas se aproximarmos uma
chama, a reação pode começar rapidamente.

O que ocorre é que as moléculas dos combustíveis estão estáveis e não reagirão
com o oxigênio. É necessário forçá-las a sair de seu estado. Quando aquecemos um
corpo, aumentamos a vibração das moléculas e, com isso, muitas conseguem se
desprender deixando sua situação estável e passando a estar ávidas por reagirem para
estar novamente estáveis e então reagem com o oxigênio começando a queima. Essas
moléculas que se desprendem de um combustível é que reagem com o oxigênio e não
as que permanecem no corpo. Essa “quebra” do combustível em partes menores é
chamada de termólise (quebra pela temperatura) ou pirólise (quebra pelo fogo) e, pelo
fato dessa “quebra” ser necessária é que a energia de ativação é um requisito para que
se inicie a combustão, pois é essa energia que produz a quebra para que ocorra a reação.

Depois que a combustão se inicia, a fonte inicial de energia pode ser retirada.
Depois de acendermos uma fogueira, podemos apagar o fósforo que a acendeu. Por
quê? Isso ocorre pelo fato de que, uma vez iniciada, surge a reação em cadeia, ou seja,
a queima das moléculas que se desprendem gera calor suficiente para quebrar o
combustível e desprender mais moléculas em quantidade suficiente para continuar a
reagir com o oxigênio, gerando mais calor e assim por diante. Daí dizer-se que a
combustão é uma reação autossustentável, pois ela, uma vez iniciada, produz a energia
necessária para que continue ocorrendo.

Assim, uma vez iniciada a reação, além dos três requisitos do triângulo do fogo,
a reação em cadeia deve ser acrescida como elemento da combustão. Disso surge a
representação dos elementos da combustão pelo TETRAEDRO DO FOGO.

Classificação dos incêndios


Incêndio classe “A”

Incêndio envolvendo combustíveis sólidos comuns, como papel, madeira, pano,


borracha e plástico.

111
É caracterizado pelas cinzas e brasas que deixam como resíduos e por queimar
razão do seu volume, isto é, a queima se dá na superfície e em profundidade. Como os
sólidos queimam em superfície e profundidade, é necessário um método que possa
atingir a combustão no interior do combustível.

Isso nos remete ao resfriamento para a sua extinção o que, na maioria das vezes,
é feito com o uso de água ou soluções que a contenham em grande porcentagem, a fim
de reduzir a temperatura do material em combustão, abaixo do seu ponto de ignição.

O emprego de agentes que agem por abafamento irá apenas retardar a


combustão, pois extinguirá as chamas apenas na superfície, não agindo na queima em
profundidade e ocasionando uma posterior reignição do material.

Incêndio classe “B”

Incêndio envolvendo líquidos inflamáveis, graxas e óleos. É caracterizado por não


deixar resíduos e queimar apenas na superfície exposta e não em profundidade.

Necessita para a sua extinção do abafamento ou da interrupção (quebra) da


reação em cadeia. No caso de líquidos muito aquecidos (ponto da ignição), é necessário
resfriamento. O abafamento é mais eficientemente feito com uso de espuma, mas
também pode ser feito com pós ou água finamente pulverizada.

A quebra da reação é feita com uso de pós extintores.

Incêndio classe “C”

Incêndio envolvendo equipamentos energizados. Como são sólidos, o melhor


seria resfriá-los, mas o risco de haver condução da corrente elétrica caso se use água
deve ser observado. Caso o fornecimento de energia elétrica seja desligado, o incêndio
assumirá as características de um incêndio classe A e assim deverá ser combatido.

Apesar da possibilidade dessa classe de incêndio poder ser mudada para “A”, se
for interrompido o fluxo elétrico, deve-se ter cuidado com equipamentos (televisores,
por exemplo) que acumulam energia elétrica, pois estes continuam energizados mesmo
após a interrupção da corrente elétrica.

112
Caso permaneça energizado, para a sua extinção necessita-se de agente extintor
que não conduza a corrente elétrica e utilize o princípio de abafamento ou da
interrupção (quebra) da reação em cadeia. Os agentes mais comumente utilizados são
o PQS e o CO2.

O uso do PQS tem o inconveniente de danificar equipamentos pela sua ação


corrosiva, o que pode ocorrer também com o CO2 se for usado em equipamentos
eletrônicos delicados pelo excesso de resfriamento que causa.

Em CPDs ou locais onde haja equipamentos sensíveis, pode-se encontrar


sistemas de proteção que inundem o ambiente com outros gases inertes que extinguirão
por abafamento sem danificar o maquinário.

Incêndio classe “D”

Incêndio envolvendo metais combustíveis pirofóricos (magnésio, selênio,


antimônio, lítio, potássio, alumínio fragmentado, zinco, titânio, sódio, zircônio). É
caracterizado pela queima em altas temperaturas e por reagir com agentes extintores
comuns (principalmente os que contenham água).

A reação com água é violenta, pois, ocorre a quebra das moléculas de água
(hidrólise) liberando O2, que é comburente e alimenta as chamas e H2, que é um gás
explosivo.

Como é difícil o resfriamento sem utilização de água, surge a extinção química


como método mais eficiente de extinção.

Para a extinção química, necessitam-se de agentes extintores especiais


(normalmente pós) que se fundam em contato com o metal combustível, formando uma
espécie de capa que o isola do ar atmosférico, interrompendo a combustão. Muitos
entendem isso como abafamento, pela separação entre combustível e comburente,
entretanto, a separação dá-se pelo fato de que o agente extintor se funde com o metal
pirofórico, há ligação química entre eles. Assim, o “abafamento” nada mais é do que
consequência da interferência química do agente extintor no combustível.

113
O abafamento também pode ser feito por meio de gases ou pós inertes que
substituam o O2 nas proximidades do combustível, mas não é tão eficiente pois, devido
às altíssimas temperaturas que esse tipo de queima atinge, a menor baforada de ar é
capaz de propiciar a reignição.

Pós especiais (PQE – Pó Químico Especial) para classe “D” dependem do tipo de
material que queima e, normalmente, são a base de grafite ou cloreto de sódio ou pó
de talco. Usam o CO2 ou o N2 como propulsores. Podem ser ainda compostos dos
seguintes materiais: cloreto de sódio, cloreto de bário, monofosfato de amônia e grafite
seco.

O princípio da retirada do material também é aplicável com sucesso nesta classe


de incêndio, bem como nas demais.

Outras classes

Há, como dito, outras classes de incêndio conforme classificações diferenciadas,


mas que, pela especificidade que apresentam não serão por nós abordadas.

Entendemos conveniente, entretanto, fazer algumas ressalvas.

A primeira delas é quanto à classe designada para fogo em óleos e gorduras que,
segundo o padrão americano é denominada de Classe “K” e, segundo o esquema
europeu, Classe “E”.

Não julgamos necessária a separação de incêndios em óleos e gorduras em classe


separada da dos líquidos inflamáveis, haja vista que apresentam as mesmas
características de queima e de combate. A exceção é que os óleos e gorduras são todos
insolúveis em água, mas entendemos que isso não justifica a abertura de uma classe só
para eles.

No padrão americano, adotado largamente no Brasil, os incêndios em gases


combustíveis são colocados dentro da Classe “B”, o que consideramos um erro, haja
vista a peculiaridade dos incêndios em gases combustíveis (veremos adiante em técnicas
de combate), mas resolvemos não abrir uma classe só para eles para não divergir da
nomenclatura mais usual. Por isso, ainda não adotamos aqui o padrão europeu, pois

114
nele, há a classe separada para os gases, mas se trata da Classe “C”, letra já designada
habitualmente para outro tipo de incêndio. A norma americana separa óleos e gorduras
pelo fato de que lá, existe extintores específicos para óleos e gorduras diferentes dos
extintores destinados aos demais líquidos combustíveis. Isso justifica a separação lá nos
EUA. Aqui no Brasil, os extintores para óleos e gorduras não diferem dos extintores para
os demais líquidos combustíveis, não havendo, portanto, razão para separá-los aqui.

Métodos de extinção do fogo


Considerando a teórica básica do fogo, concluímos que o fogo só existe quando
estão presentes, em proporções ideais, o combustível, o comburente e o calor, reagindo
em cadeia.

Calcado nesses conhecimentos, concluímos que, quebrando a reação em cadeia


e isolando um dos elementos do fogo, teremos interrupção da combustão.

Isolamento - Extinção por retirada do material

É a forma mais simples de se extinguir um incêndio. Baseia-se na retirada do


material combustível, ainda não atingido, da área de propagação do fogo,
interrompendo a alimentação da combustão. Método também denominado corte,
isolamento ou remoção do combustível.

Se o combustível é o campo de propagação das chamas, controlando o campo


de propagação, dirige-se o incêndio ou interrompe-se sua propagação.

Há outras técnicas que se encaixam nesse método de atuação, pois existem


outras formas de atuar no combustível que não seja apenas a retirada do que ainda está
intacto. Ex.: fechamento de válvula ou interrupção de vazamento de combustível líquido
ou gasoso, retirada de materiais combustíveis do ambiente em chamas, realização de
aceiro, etc.

Veja-se o exemplo de um incêndio urbano onde uma poltrona está em chamas


na sala de uma casa. Se apenas a poltrona está em chamas, retirá-la do ambiente e
colocá-la ao ar livre, apenas isso, foi a extinção do incêndio, pois, ao ar livre, o fogo na
poltrona está sob controle, não sendo mais caracterizado como incêndio.

115
Resfriamento

É o método mais utilizado. Consiste em diminuir a temperatura do material


combustível que está queimando, diminuindo, consequentemente, a liberação de gases
ou vapores inflamáveis.

A água é o meio mais usado para resfriamento, por ter grande capacidade de
absorver calor e ser facilmente encontrada na natureza, além de outras propriedades
que veremos adiante.

A redução da temperatura do incêndio está ligada à quantidade e à forma de


aplicação da água (jatos), de modo que ela absorva mais calor que o incêndio é capaz de
produzir.

É inútil o emprego de água onde queimam combustíveis com baixo ponto de


combustão (menos de 20ºC), pois a água resfria até a temperatura ambiente e o
material continuará produzindo gases combustíveis.

Abafamento

Este método consiste em impedir que o COMBURENTE (geralmente o oxigênio),


permaneça em contato com o combustível, numa porcentagem ideal para a alimentação
da combustão.

Para combater incêndios por abafamento podem ser usados os mais diversos
materiais, desde que esse material impeça a entrada de oxigênio no fogo e não sirva
como combustível por um determinado tempo.

Conforme já vimos anteriormente, a diminuição do oxigênio em contato com o


combustível vai tornando a combustão mais lenta, até a concentração de oxigênio
chegar abaixo de 7%, quando não haverá mais combustão. Colocar uma tampa sobre
um recipiente contendo álcool em chamas, ou colocar um copo voltado de boca para
baixo sobre uma vela acesa, são duas experiências práticas que mostram que o fogo se
apagará tão logo se esgote o oxigênio em contato com o combustível.

116
Pode-se abafar o fogo com uso de materiais diversos, como areia, terra,
cobertores, vapor d’água, espumas, pós, gases especiais, etc.

Extinção química

Também é chamada de quebra da reação em cadeia. Consiste no uso de agentes


que interferem quimicamente na reação diminuindo a capacidade de reação entre
comburente e combustível. Esses agentes agem interferindo nos radicais livres
formados na reação, capturando-os antes de se coligarem na próxima etapa da reação.

Certos agentes extintores, quando lançados sobre o fogo, sofrem ação do calor,
reagindo sobre a área das chamas, interrompendo assim a “reação em cadeia” (extinção
química). Isso ocorre porque o oxigênio comburente deixa de reagir com os gases
combustíveis. Essa reação só ocorre quando há chamas visíveis. Quando se descobriu a
possibilidade de isso ocorrer (estudando o PQS, como visto no tópico Reação em Cadeia)
percebeu-se a existência de mais um método de atacar a combustão e,
consequentemente, foi necessário inserir mais um entre os elementos na teoria da
combustão.

Agentes extintores
Existem vários agentes extintores, que atuam de maneira específica sobre a
combustão, extinguindo o incêndio através de um ou mais métodos de extinção já
citados.

Os agentes extintores devem ser utilizados de forma criteriosa, observando a sua


correta utilização e o tipo de classe de incêndio, tentando, sempre que possível,
minimizar os efeitos danosos do próprio agente extintor sobre materiais e
equipamentos não atingidos pelo incêndio.

Dos vários agentes extintores, os mais utilizados são os que possuem baixo custo
e um bom rendimento operacional, os quais passaremos a estudar a seguir:

Água

A água atua na combustão principalmente por resfriamento, sendo a sua elevada


eficiência de arrefecimento resultante da grande capacidade de absorver calor.

117
A água é mais eficaz quando usada sob a forma de chuveiro, dado que as
pequenas gotas de água vaporizam mais facilmente que uma massa de líquido e
possuem área total de contato maior, absorvendo mais rapidamente o calor da
combustão.

É o agente extintor "universal". A sua abundância e as suas características de


emprego, sob diversas formas, possibilitam a sua aplicação em diversas classes de
incêndio.

Como agente extintor a água age principalmente por resfriamento e por


abafamento, podendo paralelamente a este processo agir por emulsificação e por
diluição, segundo a maneira como é empregada.

Por muitos anos, a água foi aplicada no combate a incêndio sob a forma de jato
pleno, hoje sabemos que a água apresenta um resultado melhor quando aplicada de
modo pulverizado, pois absorve calor numa velocidade muito maior, diminuindo
consideravelmente a temperatura do incêndio e, consequentemente, extinguindo-o.
Quando fragmentamos as gotículas de água, aumentamos a superfície de contato,
acelerando a absorção de energia.

O efeito de abafamento é obtido em decorrência da água, quando transformada


de líquido para vapor, ter o seu volume, aumentado cerca de 1700 vezes (esse volume
duplica a 450 ºC). Este grande volume de vapor, desloca, ao se formar, igual volume de
ar que envolve o fogo em suas proximidades, portanto reduz o volume de ar (oxigênio)
necessário ao sustento da combustão. Além disso, expulsa a fumaça para fora do
ambiente.

O efeito de emulsificação é obtido por meio de jato chuveiro ou neblinado de


alta velocidade. Dependendo do combustível, somente se consegue este efeito por meio
da adição de produtos à água (aditivos).

Pode-se obter, por este método, a extinção de incêndios em líquidos inflamáveis


viscosos, pois o efeito de resfriamento que a água proporcionará na superfície de tais
líquidos, impedirá a liberação de seus vapores inflamáveis.

118
Normalmente na emulsificação, gotas de líquidos inflamáveis ficam envolvidas
individualmente por gotas de água, dando no caso dos óleos, aspecto leitoso; com
alguns líquidos viscosos a emulsificação apresenta-se na forma de uma espuma que
retarda a liberação dos vapores inflamáveis.

O efeito de diluição é obtido quando usamos água no combate a combustíveis


nela solúveis, tomando o cuidado para não derramar o combustível do seu reservatório
antes da diluição adequada do mesmo, o que provocaria uma propagação do incêndio.

Espuma

A espuma de combate a incêndios é um agregado estável de pequenas bolhas


com uma densidade inferior à de muitos líquidos combustíveis e água, que apresenta
qualidades para cobrir superfícies horizontais; obtém-se introduzindo ar numa solução
de água e concentrado de espuma, através de equipamento adequado.

A espuma forma uma manta contínua sobre uma superfície ardente, excluindo o
ar, vedando os vapores combustíveis voláteis, separando as chamas e arrefecendo o
combustível.

As espumas contra incêndios devem ter algumas características básicas: controle


da velocidade, fluidez, resistência ao calor, resistência ao combustível e capacidade de
supressão de vapor.

A formação da espuma ocorre da seguinte forma: uma quantidade constante de


concentrado de espuma é adicionada a um fluxo de água através de um dispositivo de
dosagem. A solução formada é então expandida no dispositivo de formação de espuma
à medida que o ar é introduzido. Dependendo do tipo de concentrado utilizado e da
quantidade de ar incorporado, obtém-se uma espuma de baixa, média ou alta expansão.

Quando o jato de água sob pressão passa através do indutor, através do princípio
Venturi cria-se um "vácuo" que introduz uma quantidade proporcional de concentrado
de espuma na corrente, formando uma solução de espuma; no dispositivo de descarga
introduz-se ar na solução, obtendo-se assim a espuma mecânica. Este é um dos métodos

119
mais simples de obter espuma contra incêndios; dependendo da aplicação são utilizados
outros métodos de geração.

Fonte: https://www.portalincendio.com.br/utilizacao-de-espumas-no-combate-a-incendios-
artigos-tecnicos

Utilização de espumas de combate a incêndios

Graças à sua excelente fluidez, a espuma de baixa expansão pode ser aplicada no
combate a incêndios de líquidos e sólidos. A espuma se espalha em um curto espaço de
tempo por toda a superfície queimada e a veda para evitar contato com o ar.

Quando utilizada preventivamente, a espuma de baixa expansão suprime a


emissão de vapores em derrames de líquidos inflamáveis. O material inflamável
permanece coberto por uma camada de espuma isolante estanque ao gás e refrigerante
por um longo período de tempo.

A espuma de baixa expansão pode ser usada em aeroportos, em tanques de


armazenamento de hidrocarbonetos, na indústria de processamento e reciclagem de
plásticos, em navios e em instalações offshore. Eles também são adequados para
extinção de sprinklers e sprinklers em edifícios onde grandes quantidades de
combustível e líquido inflamável são armazenados.

A espuma de média expansão pode ser utilizada para numerosas aplicações: com
uma expansão de 50 a 100, em incêndios de plásticos, borrachas, brasas e incêndios
líquidos; com uma expansão de 100 a 200, para inundar espaços planos como canais,
condutas, poços, diques, etc., e em todos os locais onde a extinção bem sucedida
depende da rápida formação de grandes quantidades de espuma.
120
A espuma de expansão média pode ser usada para suprimir vapores perigosos.
Espumas específicas são necessárias dependendo dos produtos químicos envolvidos.

A espuma de alta expansão pode ser usada para inundar completamente grandes
áreas em um curto espaço de tempo, como hangares, salas de armazenamento, porões,
passagens subterrâneas ou porões de navios onde é difícil ou impossível alcançarem um
incêndio. A espuma atua para parar a convecção e o acesso ao ar para a combustão. Seu
conteúdo de água também resfria e diminui o oxigênio pelo deslocamento do vapor.
Espumas deste tipo (com raios de expansão de 400 a 500) podem ser utilizadas para
controlar incêndios de derrames de gás natural liquefeito (GNL) e ajudar a dispersar a
nuvem de vapor resultante.

Limitações das espumas de combate a incêndios

As espumas não são normalmente adequadas para extinguir incêndios


envolvendo gases, gases liquefeitos (tais como butano, butadieno, propano, etc.) ou
líquidos criogênicos. Há algumas exceções onde espumas de alta expansão podem ser
usadas.

Os incêndios líquidos tridimensionais, tais como derrames de tanques suspensos


ou fugas de pressão, não são facilmente extinguíveis com espumas, a menos que o
combustível tenha um ponto de inflamação relativamente elevado e possa ser
arrefecido até ser extinto pela água contida na espuma.

Espumas não devem ser usadas com fogos envolvendo materiais que reagem
violentamente com a água, como sódio e potássio.

As soluções de espuma são condutoras e, portanto, não devem ser usadas em


incêndios onde haja energia elétrica.

Deve-se ter cuidado ao aplicar espumas a óleos quentes, asfalto ou líquidos


ardentes que estejam acima do ponto de ebulição da água. Isto porque quando a água
entra em contato com o combustível muito quente, torna-se imediatamente vapor; a
espuma forma uma emulsão de vapor, ar e combustível. Isto pode produzir um aumento

121
de quatro vezes no volume quando aplicado a um tanque de incêndio, com um perigoso
transbordamento da superfície do líquido inflamado.

Pós químicos

O pó químico é o agente extintor mais utilizado em extintores portáteis. Os pós


químicos são eficientes e como não se dispersam tanto na atmosfera como um gás,
permitem atacar as chamas de modo mais rápido e eficaz. Há vários tipos de pós com
composições e características diferentes.

Os pós químicos são um grupo de agentes extintores de finíssimas partículas


sólidas, e têm como características não serem abrasivas, não serem tóxicas, mas que
podem provocar asfixia se inaladas em excesso. Não conduzem corrente elétrica,
porém, tem o inconveniente de contaminar o ambiente sujando- o, podendo danificar
inclusive equipamentos eletrônicos.

Assim sendo, deve-se evitar sua utilização em ambientes que possuam estes
equipamentos no seu interior. Ainda apresenta o inconveniente de dificultar a
visualização do ambiente enquanto está em suspensão.

Os pós agem de imediato por abafamento, substituindo o O 2 nas imediações do


combustível, mas também principalmente por extinção química interferindo na reação
de combustão capturando radicais livres. Essa atuação por quebra da reação em cadeia
aumenta de eficiência em temperaturas acima de 1000 ºC.

Os pós são classificados conforme a sua correspondência com as classes de


incêndio que se destinam a combater. Vejamos:

 ABC – composto a base de fosfato de amônio ou fosfatomonoamônico,


sendo chamado de polivalente, pois atua nas classes A, B e C.

Ao inverso dos outros, o pó ABC, apresenta considerável eficiência em fogos de


Classe A, pois quando aquecido se transforma em um resíduo fundido, aderindo à
superfície do combustível e isolando-o do comburente (abafamento).

122
 BC – Nesta categoria está o tipo de pó mais comum e conhecido o PQS
ou Pó Químico Seco. Os extintores de PQS para classe B e C utilizam os
agentes extintores bicarbonato de sódio, bicarbonato de potássio ou
cloreto de potássio, tratados com um estearato a fim de torná-los
antihigroscópicos e de fácil descarga.
 D – usado especificamente na classe D de incêndio, sendo a sua
composição variada, pois cada metal pirofórico terá um agente
especifico, tendo por base a grafita misturada com cloretos e carbonetos.
São também denominados de Pós Químicos Especiais ou PQEs.

O pó químico especial é normalmente encontrado em instalações industriais,


que utilizam metais pirofóricos em seus depósitos, tendo em vista a periculosidade dos
diferentes materiais pirofóricos (agentes extintores devem ser pesquisados para cada
caso).

Gases inertes

Os gases inertes contêm, sobretudo, elementos químicos como o argônio, hélio,


neônio e dióxido de carbono. Este tipo de agente extintor não é normalmente utilizado
em extintores portáteis de incêndio, mas sim em instalações fixas, para proteger, por
exemplo, salas de computadores e outros riscos semelhantes.

A sua eficiência é relativamente baixa, pois geralmente são necessárias grandes


quantidades de gás para proteção de espaços relativamente pequenos, que devem ser
estanques para não permitir a dispersão do agente extintor para o exterior. Exemplos
de agentes extintores constituídos por gases inertes são os produtos conhecidos com os
nomes comerciais “Inergen” e “Argonite”.

Os gases inertes atuam por abafamento, ocupando o espaço do ar e levando a


mistura ar-vapores abaixo do limite inferior de inflamabilidade.

Dióxido de carbono (CO2)

O dióxido de carbono é mais um gás inerte. É mais pesado que o ar, atuando
sobre a combustão pelo processo de “abafamento”, isto é, por substituição do oxigênio

123
que alimenta as chamas, e também em pequena parte por resfriamento. Como se trata
de um gás inerte, tem a grande vantagem de não deixar resíduos após aplicação. O
grande inconveniente deste tipo de agente extintor é o choque térmico produzido pela
sua expansão ao ser libertado para a atmosfera através do difusor do extintor (a
expansão do gás pode gerar temperaturas da ordem dos –40 ºC na proximidade do
difusor, havendo, portanto, um risco de queimaduras por parte do utilizador).

Apesar de não ser tóxico, o CO2 apresenta ainda outra desvantagem para a
segurança das pessoas, sobretudo quando utilizado em extintores de grandes
dimensões ou em instalações fixas para proteção de salas fechadas: existe o risco de
asfixia quando a sua concentração na atmosfera atinge determinados níveis, não pela
toxicidade do CO2, mas pela diminuição da concentração de O2. Por não ser condutor
de corrente elétrica geralmente recomenda-se este tipo de agente extintor na proteção
de equipamento e quadros elétricos.

Compostos Halogenados (Halon)

São compostos químicos formados por elementos halogênios (flúor, cloro,


bromo e iodo). Atuam na quebra da reação em cadeia devido às suas propriedades
específicas e, de forma secundária, por abafamento. São ideais para o combate a
incêndios em equipamentos elétricos e eletrônicos sensíveis, sendo mais eficientes que
o CO2.

Assim como o CO2, os compostos halogenados se dissipam com facilidade em


locais abertos, perdendo seu poder de extinção.

Equipamentos de combate a incêndios


Os equipamentos de combate a incêndio são itens extremamente importantes
para ajudar na prevenção e combate a incêndios. Estes equipamentos visam garantir a
segurança e ajudam a salvar vidas. Os extintores de incêndio, mangueiras de incêndio e
acessórios, são parte de alguns dos equipamentos contra incêndio mais utilizados.

Extintores portáteis

São aparelhos de fácil manuseio, destinados a combater princípios de incêndio.

124
Extintor de água pressurizada

 É o agente extintor indicado para incêndios de classe A.


 Age por resfriamento e/ou abafamento.
 Podem ser aplicados na forma de jato compacto, chuveiro e neblina. Para
os dois primeiros casos, a ação é por resfriamento. Na forma de neblina,
sua ação é de resfriamento e abafamento.

Características

 Carga: 10 litros
 Aplicação: incêndio Classe “A”
 Alcance médio do jato: 10 metros
 Tempo de descarga: 60 segundos.
 Funcionamento: a pressão interna expele a água quando o gatilho é
acionado.

Cuidados

 Nunca use água em fogo das classes C e D.


 Nunca use jato direto na classe B.

Extintor de gás carbônico (CO2)

 É o agente extintor indicado para incêndios da classe C, por não ser


condutor de eletricidade;

 Age por abafamento, podendo ser também utilizado nas classes A,


somente em seu início e na classe B em ambientes fechados.

Características

 Carga: 2, 4 e 6 kg.
 Aplicação: incêndios classes “B” e “C”.
 Alcance do jato: 2,5 metros
 Tempo de descarga: 25 segundos.

125
 Funcionamento: O gás é armazenado sob pressão e liberado quando
acionado o gatilho.

Cuidados

 Segurar pelo punho do difusor, quando da operação.


 É asfixiante e por isso deve-se evitar o seu uso em ambientes fechados
com pouco espaço.

Extintor de pó químico

 Há várias composições de pós, divididas em tipo BC (líquidos inflamáveis


e energia elétrica); ABC (múltiplo uso, polivalente, para fogo em sólidos,
líquidos inflamáveis e eletricidade); e D (metais combustíveis).
 É o agente extintor indicado para combater incêndios da classe B;

 Age por abafamento, podendo ser também utilizados nas classes A e C,


podendo nesta última danificar o equipamento.

Características

 Carga: 1, 2, 4, 6, 8 e 12 kg.
 Aplicação: incêndios classes “B”, “C” e “D”; Classe “D”, utilizando pó
químico seco especial.
 Alcance médio do jato: 5 metros.
 Tempo de descarga: 15 segundos para extintor de 4 kg; 25 segundos para
extintor de 12 Kg.
 Funcionamento: O pó sob pressão é expelido quando o gatilho é acionado

Extintor de pó químico seco

 É o agente extintor indicado para incêndios da classe D;


 Age por abafamento.

Características

 Carga: 4, 6, 8 e 12 kg.
 Aplicação: incêndios classes “B” e “C”. Classe “D”, utilizado PQS especial.
126
 Alcance médio do jato: 5 metros.
 Tempo de descarga: 15 segundos para extintor de 4 kg; 25 segundos para
extintor de 12 kg.
 Funcionamento: Junto ao corpo do extintor há um cilindro de gás
comprimido acoplado. Este, ao ser aberto, pressuriza o extintor,
expelindo o pó quando o gatilho é acionado.

Extintor de espuma mecânica pressurizada

 É um agente extintor indicado para incêndios das classes A e B.


 Age por abafamento e secundariamente por resfriamento.
 Por ter água na sua composição, não se pode utilizá-lo em incêndio de
classe C, pois conduz corrente elétrica.

Características

 Carga 9 litros (mistura de água e EFE)


 Aplicação: incêndio Classe “A” e "B"
 Alcance: médio do jato 5 metros
 Tempo de descarga: 60 segundos.

 Funcionamento: A mistura de água e EFE já estão sob pressão, sendo


expelida quando acionado o gatilho; ao passar pelo esguicho lançador,
ocorrem o arrastamento do ar atmosférico e o batimento, formando a
espuma.

Extintor de Espuma Mecânica (Pressão Injetada) - Gás- EG

Extintor de espuma Mecânica Pressurizada a Gás tem a mesma característica do


pressurizado EP, mais mantendo a ampola externa para manter a pressurização no
instante do uso.

Características

 Carga: 9 litros (mistura de água e EFE)


 Aplicação: incêndio Classe “A” e "B".

127
 Alcance médio do jato: 5 metros.
 Tempo de descarga: 60 segundos.

 Funcionamento: Há um cilindro de gás comprimido acoplado ao corpo do


extintor que, sendo aberto, pressuriza, expelindo a mistura de água e EFE
quando acionado o gatilho. A mistura, passando pelo esguicho lançador,
se combina com o ar atmosférico e sofre o batimento, formando a
espuma.

Extintor de Pó ABC (Fosfato de Monoamônico)

Os extintores de uso múltiplo para as classes A, B e C utilizam Monofosfato de


Amônia siliconizados como agente extintor. Isolam quimicamente os materiais
combustíveis da classe A, e se derretem e aderem à superfície do material em
combustão. Atuam abafamento e interrompendo a reação em cadeia de incêndios da
classe B. Não são condutores de eletricidade. Devido à sua fácil operação e uso universal
são indicados para proteção residencial e comercial, com aplicações para a indústria.

 É o agente extintor indicado para incêndios das classes A, B e C;


 Age por abafamento

Extintor classe K

Os extintores de agente úmido Classe K, contém uma solução especial de Acetato


de Potássio, diluída em água, que quando acionado, é descarregada com um jato tipo
neblina (pulverização) como em um sistema fixo. O fogo é extinto por resfriamento e
pelo efeito asfixiante da espuma (saponificação). É dotado de um aplicador, que permite
ao operador estar a uma distância segura da superfície em chamas, e não espalha o óleo
quente ou gordura. A visão do operador não é obscurecida durante ou após a descarga.
Ao considerar-se eficiência na extinção e a segurança do pessoal é o melhor extintor
portátil para cozinhas comerciais/industriais. Desenhado para combate aos mais difíceis
fogos (CLASSE K) como: gorduras e banhas quentes, incêndios de óleos e gorduras de
cozinhas e áreas de preparação de alimentos em restaurantes, lojas de conveniências,
praças de alimentação, cafeterias de escolas e hospitais, e outros. Equipamentos típicos
a serem protegidos pelo Classe K, fritadeiras, frigideiras, grelhas, assadeiras, etc.
128
Extintor portátil K

Cilindro fabricado em aço inoxidável polido; Mangote de descarga de pequeno


comprimento, para facilitar o manuseio em espaços pequenos e cozinhas de área
reduzida; Bico de descarga montado em ângulo de 45º para facilitar a aplicação; Válvula
em latão cromado, com cabo e gatilho em aço inoxidável;

Proporciona melhor visibilidade durante o combate; minimiza o “espalhamento”


do perigo.

Limpeza e remoção mais fáceis que os agentes tipo Pós Extintores; Agente de
baixo PH, não ataca o aço inoxidável.

Extintor de Halon (Composto Halogenado)

Características

 Carga: 1, 2, 4 e 6 kg.
 Aplicação: incêndios classes “B” e “C”.
 Alcance médio do jato: 3,5 metros
 Tempo de descarga: 15 segundos, para extintor de 2 kg.
 Funcionamento: O gás sob pressão é liberado quando acionado o gatilho.

O halon é pressurizado pela ação de outro gás (excelente), geralmente


nitrogênio.

Combate a incêndios a bordo


Incêndios de materiais sólidos presentes nos navios

Em um navio poderemos encontrar inúmeros materiais combustíveis sólidos tais


como: lonas, colchões, caixas de madeira, papel, estopa, roupas, etc.

A água age como agente extintor, nesses materiais, por abafamento combinado
com resfriamento.

Dessa forma, o uso de água ou de espumas que contenham água em grande


proporção é o mais indicado para tal situação. O resfriamento da fonte do incêndio e da

129
área contínua deverá continuar por tempo suficiente para se eliminar totalmente o risco
de uma reignição.

Incêndios de petróleo e seus derivados em navios

A espuma é o agente mais adequado para se utilizar no combate a incêndios em


petróleo e seus derivados, visto que a água geralmente é mais densa do que ele e acaba
ficando por baixo dele, perdendo sua capacidade de abafamento.

Incêndios de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) em navios

Incêndios envolvendo escapamentos de GLP devem ser extintos, quando


possível, pela interrupção do fluxo de gás. Se o fluxo de gás não puder ser interrompido,
poderá ser mais seguro permitir que o combustível continue queimando e, ao mesmo
tempo, usar neblina d’água para resfriar os tanques adjacentes e outras partes do navio
ou do parque de tanques, a fim de controlar os efeitos do calor irradiado.

Extinguir a chama pode resultar em vasta dispersão do gás não queimado e em


subsequente mais vasto alastramento da chama ou explosão de compartimentos do
navio, por onde o gás possa penetrar, no caso de uma reignição inesperada.

É de bom tom que se monitore com explosímetro, a todo instante, os


compartimentos adjacentes, a fim de se diminuir o risco de explosão por acúmulo de
gás no interior destes.

Caso o vazamento seja causado por alguma válvula aberta, não danificada, que
pode ser fechada, pode-se extinguir as chamas de pequenos vazamentos, utilizando-se
extintores de pó químico.

Jatos d’água nunca devem ser usados diretamente sobre um incêndio de gás
liquefeito de petróleo. A espuma também não extinguirá tais incêndios.

Incêndios em equipamentos elétricos de bordo

Os incêndios em equipamentos elétricos podem ser causados por curto-circuito,


superaquecimento, ou alastramento do incêndio de qualquer outra fonte. A ação

130
imediata deve desalimentar (desenergizar) o equipamento, para então extinguir o fogo,
usar um agente não condutor, tal com gás carbônico, halon ou pó químico.

Agentes extintores usados a bordo - resfriamento


A água

A água é o agente resfriador mais comum. É amplamente empregada porque


absorve muito bem o calor e é fartamente disponível em terminais e navios.

Um jato d’água, embora seja excelente para combater incêndios envolvendo


materiais combustíveis, não deve ser usado sobre petróleo em combustão, ou sobre
gorduras ou óleos combustíveis em chamas nas cozinhas de navios ou terminais, devido
ao perigo de espalhar o fogo.

Neblina d’água (de alta ou de baixa velocidade) pode ser usada eficazmente
contra incêndios de petróleo e para estabelecer uma barreira entre o incêndio e aqueles
que o estão combatendo. Com isso, grande parte do calor irradiado será absorvida pela
água e não atingirá o pessoal que combate o incêndio.

Neblina d’água também poderá ser utilizada para resfriar anteparas e portas do
navio que necessitem ser abertas, tomando as devidas precauções com a formação de
vapor que pode envolver o bombeiro no caso ambientes confinados. Para isso, o
tripulante poderá cobrir toda a chaparia de aço ao redor a fim de ampliar a área de
resfriamento. Todo aquaviário que combater incêndio em navio deverá possuir luvas
adequadas para proteger as mãos de queimaduras por contato com materiais
aquecidos.

Devido ao perigo de choque elétrico, a água nunca deverá ser lançada sobre
qualquer equipamento elétrico de bordo. Lembre-se que o navio possui geradores
poderosos que, em muitos casos, poderiam servir para iluminar uma pequena cidade.

Nem sempre é possível desligar todo o sistema elétrico do navio, pois


dependendo do tipo de avaria sofrida por este talvez seja preciso o uso de bombas
elétricas de bordo para manter o navio flutuando.

131
Um agente umectante poderá ser adicionado a água, podendo ser usado sobre
materiais combustíveis embalados compactamente para se diminuir a tensão superficial
da água, aumentando-lhe assim o poder de penetração.

Agentes extintores usados a bordo - abafamento


A espuma

A espuma é um agregado de pequenas bolhas, de peso específico menor que o


do óleo ou o da água, que se espalha sobre a superfície de um líquido em combustão e
forma um manto abafador uniforme.

A espuma, por absorver alguma quantidade de calor, reduzirá também a


temperatura na superfície do líquido.

A espuma não deve entrar em contato com qualquer equipamento elétrico.

O gás carbônico

O gás carbônico (CO2) é um agente extintor excelente para extinguir incêndios,


quando usado em condições que não permitam que ele se dispense.

O gás carbônico é, portanto, eficaz em espaços fechados tais como


compartimentos de máquinas, casas de bombas e compartimentos de quadros elétricos,
locais em que o CO2 pode ser lançado e que outros agentes não consigam alcançar.

Pelo fato de ser gasoso o CO2 pode chegar onde a maioria dos outros agentes
não consegue e, ainda, sem o perigo de transmissão de choques elétricos.

Em convés aberto e em áreas de cais o CO2 é, em comparação com outros meios


de extinção, ineficaz, por ser facilmente dispersável ao ar livre.

O CO2 não avaria máquinas ou outros instrumentos delicados e, não sendo


condutor, pode ser usado, com segurança, diretamente sobre equipamento elétrico ou
em suas imediações.

Devido à possibilidade de geração de eletricidade estática, o CO2 não deve ser


injetado em espaços em que exista atmosfera inflamável que não tenha, ainda, entrado
em combustão.
132
O CO2 é asfixiante e não detectável pela visão ou pelo olfato. Ninguém deve
entrar em espaço, total ou parcialmente confinado, em que tenha sido usado CO2, a
menos que esteja sob supervisão e protegido por EPR e com uso de cabo guia.

Por isso, cuidado com compartimentos do navio onde se tenha descarregado o


sistema fixo de gás, ou se tenha utilizado o sistema de gás inerte.

Qualquer compartimento que tenha sido inundado por CO2 terá que ser
completamente ventilado antes que alguém entre sem equipamento de proteção
respiratória.

O vapor

Vapor é ineficaz como agente abafador devido à perda de tempo que pode haver
antes que uma quantidade eficaz de ar possa ser deslocada para tornar a atmosfera
incapaz de manter a combustão.

Devido a possibilidade de geração de eletricidade estática, não deve ser injetado


vapor em espaço contendo atmosfera inflamável que ainda não entrou em combustão.

Inibidores de chamas

Inibidores de chamas são materiais que interferindo quimicamente no processo


da combustão extinguem as chamas.

Entretanto para impedir a reignição é necessário o resfriamento ou a retirada do


combustível.

Precauções necessárias

A grande maioria das embarcações é construída em aço, material


reconhecidamente condutor de calor, sendo, portanto, necessários todos os cuidados
para proteção física dos envolvidos.

É altamente recomendável que o todo o pessoal envolvido esteja utilizando EPI


completo adequado, priorizando materiais como o “nomex” e na medida do possível,
descartar as tradicionais luvas de vaqueta, que não oferecem a proteção necessária.

133
O uso do colete salva-vidas pela guarnição embarcada ou próxima a água é
obrigatório devido ao risco de queda e/ou abandono de emergência.

O pessoal que estiver sujeito à ação da fumaça deverá estar utilizando EPR
autônomo ou ligado à embarcação por mangueiras.

É recomendável que as embarcações de apoio no combate ao incêndio se


posicionem de forma que o vento passe por elas primeiro e depois pelo navio sinistrado,
a fim de que a fumaça, o calor e o fogo não atinjam o pessoal que está auxiliando no
combate.

O embarque do pessoal no navio sinistrado deverá ser feito com máxima cautela,
e sempre depois de avaliar a real necessidade.

Nunca se deve empregar, desnecessariamente, pessoal em locais de risco.

No caso do combate ao incêndio, exigir que a guarnição ingressar em locais


confinados (porões, paióis, praça de máquinas, etc.) deve ser usado a técnica adequada,
sendo necessário conhecimento prévio do local e de suas características (tipo de escada,
portas, escotilha, etc.) e proceder conforme descrito no processo de abertura do acesso
e entrada em compartimento do navio.

Numa operação de combate a incêndio, pode-se utilizar o sistema de hidrantes


do próprio navio ou de embarcações de apoio, devendo-se dar preferência por utilizar
o sistema do próprio navio sempre que possível, a fim de se evitar o transporte, para
bordo, de equipamentos pesados (mangueiras, derivantes, etc.).

É sempre recomendável que, quando estiver usando equipamentos de outras


embarcações, estas estejam amarradas ao navio, pois as mangueiras e demais
acessórios, quando cheios de água ficarão extremamente pesados e poderão “puxar” a
guarnição em direção a amurada do navio ou jogá-la ao mar.

Estando os equipamentos amarrados ao navio, os homens terão maior


mobilidade e não precisarão fazer tanto esforço físico para segurá-los.

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É prudente consultar o comandante do navio sinistrado para saber qual carga o
navio está transportando e onde ela está acomodada. Se no navio houver produtos
perigosos, deve-se consultar o manual do produto ou sua FISPQ para verificar qual o
procedimento de segurança a ser tomado e quais agentes extintores que poderão ser
usados.

Deve-se ter em mente que o navio possui tanques com grande quantidade
combustível para alimentar seus próprios motores, por isso, deve-se tomar cuidado
quando o incêndio estiver próximo à praça de máquinas ou nos locais onde os tanques
estejam localizados. Para se ter essa informação, pode-se consultar o Cmt do navio, seus
tripulantes ou sua planta de construção.

Se o navio estiver afundando ou adernando rapidamente, retire imediatamente


todo pessoal de bordo para evitar que os homens sejam tragados pelo navio.

Alguns navios possuem sistema de gás inerte, que poderá ser usado para
extinguir incêndios nas cobertas e paióis inferiores, fechando-se todas as portas, gaiútas
e quaisquer outras aberturas que permitam a entrada de comburente, e direcionando
os gases inertes para o local sinistrado.

Toda a tripulação deverá ser evacuada do local onde se pretende utilizar o gás
inerte e, somente depois de se ter certeza de que estão todos a salvo, é que se poderá
utilizar tal sistema, pois caso contrário, corre-se o risco de haver mortes por asfixia de
quem ficar confinado.

Técnicas de Combate a Incêndio


Combate a incêndio

No combate a incêndio, o tripulante deve observar os perigos específicos de cada


situação, tais como: Explosões, intoxicações, queimaduras, vazamento de produtos,
processos industriais perigosos, dificuldade de controle, deslocamento, áreas de
estocagem, etc, pois os riscos gerados e envolvidos são os mais diversos, expondo a
tripulação a diferentes modalidades de perigo.

As embarcações possuem pelo menos uma ou mais das seguintes situações:

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 Praça de máquinas
 Sala de geradores
 Caldeiras
 Cozinhas
 Sala de bombas
 Tanques de cargas
 Tanques de combustíveis

Os Fatores que podem influir na diferenciação dos incêndios em embarcações:


dentre outros, aumentando em muito a possibilidade de uma explosão ou qualquer
outro sinistro:

 Condições atmosféricas
 Tipo de embarcação
 Existência de medidas de proteção ao maquinário e locais perigosos
 Condições de armazenamento (dentro ou não das normas de segurança)
 Existência ou não de equipamentos diversos de prevenção e combate a
incêndio previstos de acordo com normas regulamentares vigentes

 Vigilância permanente ou não


 Tripulação treinada
 Tempo decorrido, do início do fogo ao combate inicial

Ataque

A estratégia de ataque é o objetivo precípuo da tripulação no combate aos


incêndios e dentro da possibilidade sempre deve ser usada, observando a chegada no
local da ocorrência, (sinalização, isolamento, apoio, etc.) preservando sempre a
segurança pessoal, observando o uso do “EPI”.

No combate ao incêndio, pode haver ação defensiva, mas somente para impedir
que o fogo progrida durante a operação.

Caso o progresso do fogo não possa ser impedido, devem ser empregadas,
simultaneamente, ações defensivas e de ataque.

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A base da estratégia de ataque é a velocidade associada à técnica, a
agressividade e rapidez da operação, sendo usada quando os recursos e técnicas forem
suficientes para dominar a situação.

Defesa ou salvaguarda

Para tomar essa decisão, na ocorrência de incêndio em navios, a tripulação


necessita de conhecimentos técnicos de combate e extinção de incêndio (teóricos e
práticos) adquiridos, utilizando-os imediatamente na chegada ao local.

Caso verifique alguma circunstância que diminua, enormemente, a possibilidade


de sucesso, deve optar pela circunscrição do fogo a uma área limitada, decisão essa
configurada como operação de defesa ou salvaguarda.

Na prática a operação de defesa ou salvaguarda deve ser empregada, somente,


quando a estratégia de ataque não possa ser utilizada ou já tenha falhado.

Em linhas gerais a operação de defesa ou salvaguarda, pode ser usada nas


seguintes circunstâncias:

 Quando o perigo é visivelmente tão grande, que se qualifica de


catastrófico e imenso, por queimar materiais cujas possibilidades de
salvamento seriam mínimas e com exposição e riscos;

 Quando, no caso de materiais altamente inflamáveis, é iminente o risco


da propagação rápida do fogo;

 Quando, comprometida, estruturalmente, a embarcação, ocorra o perigo


de afundamento da embarcação incendiada;
 Quando, após vazamento de gás, produto perigoso ou risco de explosão,
há prioridade de evacuação das proximidades do local do sinistro de
pessoas e materiais;

 Quando os equipamentos são insuficientes ou inadequados para


executar um ataque com êxito, quer por impossibilidade de lançar
agentes extintores ao fogo, quer devido a falhas mecânicas, ou ainda,
guarnições em quantidades insuficientes;

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 Quando há falta de água (impossibilidade de acionamento da bomba de
incêndio) ou outro material para executar um ataque maciço;

 Quando, no convés, a intensidade e velocidade do vento facilita a


propagação, ocasionando inclusive outros focos de incêndio;

É certo também que determinadas ações são executadas e podem ser


catalogadas como auxiliares da defesa e do ataque, ou sejam:

 Interrupção da corrente elétrica, na zona sinistrada; e


 Retirada de todos os materiais inflamáveis e explosivos que possam ser
atingidos pela ação do fogo evitando o aumento de sua extensão (técnica
de isolamento).

 O estabelecimento de cortina d'agua, com a armação de linhas de


mangueiras em pontos estratégicos, constitui uma operação de
salvaguarda, com vistas a ouros compartimentos, embarcações próximas
ou mesmo terminais e/ou portos.

O Comandante das operações deve assegurar a possibilidade de movimentar


rapidamente a tripulação, passando da ação de defesa para a de ataque, devendo
sempre ter em mente a possibilidade de aplicação imediata de um novo plano.

O combate a incêndio é uma faina de equipe, cujo desenvolvimento se faz sob


tensões físicas e emocionais. Qualquer trabalho assim executado necessita que
determinados requisitos básicos sejam satisfeitos para ser bem-sucedido, a saber:

 ORGANIZAÇÃO - É dar aos tripulantes a disposição necessária para a


execução de funções a que elas se destinam.

 INSTRUÇÃO - É o conhecimento técnico individual a função, para a qual


está designado o tripulante, pela organização.
 ADESTRAMENTO - É a execução de uma função por um tripulante, para
a qual já foi instruído durante um certo número de vezes, de um trabalho
em conjunto.

 MANUTENÇÃO DO MATERIAL - É de responsabilidade de toda tripulação


zelar pela conservação dos equipamentos de segurança do navio,
138
cabendo ao comandante requisitar do armador a substituição e reparos
nos materiais defeituosos, a fim de que estes possam sempre estar em
condições de pronta utilização em caso de emergência.

Quando alguém constata a existência de um incêndio, a primeira providência a


tomar, a bordo, é comunicar o fato ao OFICIAL DE SERVIÇO, que é o Oficial de Náutica
escalado no turno de serviço.

Há uma certa tendência, errada, de que essa primeira providência seja relegada
a uma segunda etapa, por um impulso natural de se iniciar o combate às chamas com
os recursos mais ao alcance das mãos naquele momento.

Nesta situação, qualquer pequeno erro de avaliação poderá transformar um


início de incêndio em um sinistro incontrolável.

É mandatário, portanto, o seguinte procedimento:

 Comunicar o fato ao Oficial de Serviço, pessoalmente ou por qualquer


meio seguro, informando qual o compartimento incendiado e, se
possível, qual o material em combustão;

 Após a comunicação, iniciar o combate ao incêndio com os meios que


dispuser.
 O Oficial de Serviço, sabendo que ocorre um incêndio a bordo, fará soar
o alarme geral, avisando pelo fonoclama: "Incêndio no compartimento
nome e número tal".

Ao soar o alarme de incêndio, a tripulação ocupará os POSTOS DE COMBATE.

A fim de ser assegurada uma imediata ação de combate ao incêndio, existirão


sempre pessoas experientes escaladas para, ao ser tocado o alarme, dirigirem-se de
pronto ao local incendiado, iniciando o combate às chamas com os meios existentes no
local, até que os demais recursos sejam mobilizados.

Vias de escape (rotas de fuga)

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Os requisitos abaixo deverão ser observados em qualquer embarcação com AB
superior a 50:

a) Em todos os níveis de acomodações, de compartimentos de serviço ou da


Praça de Máquinas deverá haver, pelo menos, duas vias de escape amplamente
separadas, provenientes de cada compartimento restrito ou grupos de compartimentos;

b) Abaixo do convés aberto mais baixo, a via de escape principal deverá ser uma
escada e a outra poderá ser um conduto ou uma escada;

c) acima do convés aberto mais baixo, as vias de escape deverão ser escadas,
portas ou janelas, ou uma combinação delas, dando para um convés aberto;

d) as rotas de escape deverão ser marcadas por meio de setas indicadoras


pintadas na cor vermelha indicando "Saída de Emergência". A marcação deverá permitir
aos passageiros e tripulantes a identificação de todas as rotas de evacuação e a rápida
identificação das saídas.

Sistemas de Comunicação e Alarme Geral de Emergência

a) Deverá haver a bordo das embarcações um Sistema de Comunicação Interior


de emergência constituído de material fixo ou portátil (ou dos dois tipos), para
comunicação bilateral entre as estações de controle de emergência, postos de reunião
e estações de embarque.

b) Deverá ser provido um sistema de alarme geral de emergência satisfazendo


as prescrições abaixo, que será usado para chamar os passageiros e a tripulação para os
postos de reunião e para iniciar as operações indicadas nas tabelas de postos. Este
sistema será complementado por um sistema de alto-falantes ou por outros meios de
comunicação adequados.

c) O Sistema de alarme de emergência deverá poder soar o sinal de alarme geral


de emergência, consistindo de sete ou mais sons curtos, seguidos de um som longo
produzidos pelo apito ou sinete do navio, além de um sino ou buzina operada
eletricamente, ou outro sistema equivalente de alarme, que será alimentado pela fonte
de alimentação de energia principal e de emergência do navio. O sistema deverá poder

140
ser operado do passadiço e, com exceção do apito do navio, também de outros pontos
estratégicos. O sistema deverá ser audível em todas as acomodações e em todos os
espaços em que normalmente a tripulação trabalha e no convés aberto.

Os materiais salva-vidas deverão ser marcados com letras romanas maiúsculas,


com tinta à prova d'água, com o nome da embarcação e do porto de inscrição ao qual
pertence.

Os equipamentos deverão também possuir as marcações seguintes: inscrições


referentes ao n° do Certificado de Homologação, nome do fabricante, modelo, classe,
n° de série e data de fabricação.

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REFERÊNCIAS
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tráfego aquaviário em águas sob jurisdição nacional.

BRASIL. Lei n. 9.537, de 11 de dezembro de 1997. LESTA. Dispõe sobre a segurança do


tráfego aquaviário em águas sob jurisdição nacional e dá outras providências.

BRASIL. Lei n. 9.966, de 28 de abril de 2000. Dispõe sobre a prevenção, o controle e a


fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas
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BRASIL. Ministério da Defesa. Marinha do Brasil. Diretoria de Portos e Costas. Norma da


Autoridade Marítima nº 4 (NORMAM 04).

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142
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SIMIANO, L. F. e Baumel, L. F., – Manual de prevenção e combate a princípios de incêndio


– Curso de Formação de Brigadistas Escolares – PR – 2013

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