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MARINHA DO BRASIL

DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS


ENSINO PROFISSIONAL MARÍTIMO
CURSO DE FORMAÇÃO DE AQUAVIÁRIOS
(CFAQ I-C)

PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO


– PCI 001 –

1ª.edição
Rio de Janeiro
2013
© 2013 direitos reservados à Diretoria de Portos e Costas

Autor: Professor Marcelo Muniz dos Santos

Revisão Pedagógica:
Revisão ortográfica:
Diagramação/Digitação: Invenio Design

Coordenação Geral:

____________ exemplares

Diretoria de Portos e Costas


Rua Teófilo Otoni, n. 4 – Centro
Rio de Janeiro, RJ
20090-070
http://www.dpc.mar.mil.br
secom@dpc.mar.mil.br

Depósito legal na Biblioteca Nacional conforme Decreto no 1825, de 20 de dezembro de 1907


IMPRESSO NO BRASIL / PRINTED IN BRAZIL

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APRESENTAÇÃO

O trabalho a bordo de embarcações mercantes, exige que seus profissionais tenham


conhecimento profundo em técnicas de combate a incêndio. Esse conhecimento específico é
necessário para salvaguarda da vida no mar proteção das instalações e da carga. Todos a
bordo atuam também como bombeiros. Em caso de incêndio a bordo, a melhor solução é
debelá-lo o mais rápido possível, com segurança. O abandono de uma embarcação, durante
um incêndio, somente deve ser feito em última instância, quando todos os recursos tiverem
sido esgotados.

As técnicas de combate a incêndio, o conhecimento da teoria do fogo, sua propagação, e


medidas de prevenção de incêndio, são apresentadas e discutidas em aula, considerando
casos práticos e experiências de bordo.

Deve se considerar ainda, que os incêndios podem e devem ser evitados, mas necessita
da participação integral dos tripulantes e passageiros, que somente é obtida, pela
conscientização da importância do trabalho seguro a bordo e pela percepção dos riscos do
trabalho a bordo das embarcações mercantes.

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ................................................................................................................. 3

UNIDADE 1 – MINIMIZANDO OS RISCOS DE INCÊNDIO ................................................ 7


1.1 ORGANIZAÇÃO DE COMBATE A INCÊNDIO A BORDO ......................................... 7
1.2 LOCALIZAÇÃO DOS DISPOSITIVOS DE COMBATE A INCÊNDIO E ROTAS DE
FUGA ......................................................................................................................... 8
1.2.1 Plano de Segurança.................................................................................................... 9
1.2.2 Portas corta-fogo......................................................................................................... 10
1.2.3 Marcação das rotas de escape.................................................................................... 10
1.2.4 Dispensa da exigência de dois meios de escape........................................................ 11
1.2.5 Equipamentos de respiração para escape em emergência........................................ 11
1.3 OS ELEMENTOS DO FOGO E DE EXPLOSÃO........................................................ 12
1.3.1 Reação em cadeia ...................................................................................................... 13
1.4 FONTES DE IGNIÇÃO................................................................................................ 17
1.4.1 Classificação da Combustão....................................................................................... 19
1.4.2 Proporção de um Incêndio ........................................................................................... 19
1.5 MATERIAIS INFLAMÁVEIS, RISCOS DE INCÊNDIO E PROPAGAÇÃO ................. 21
1.5.1 Fases do Incêndio....................................................................................................... 21

UNIDADE 2 – PRONTIDÃO PARA RESPONDER A SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIAEM


CASO DE INCÊNDIO.................................................................................................. 26
2.1 VIGILÂNCIA ................................................................................................................ 26
2.1.1 Trabalho a quente, uso de marteletes e demais ferramentas de tratamento de
chapas......................................................................................................................... 27
2.2. Ações a Bordo em Caso de Incêndio........................................................................... 27
2.2.1 Ações iniciais em incêndio........................................................................................... 28
2.2.2 Ações básicas das equipes ......................................................................................... 28
2.3 DETECÇÃO DE FUMAÇA E FOGO E SISTEMAS DE ALARMES AUTOMÁTICOS. 29
2.3.1 Detectores de Fumaça e Calor.................................................................................... 29
2.4 CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS E UTILIZAÇÃO DOS AGENTES
EXTINTORES.............................................................................................................. 31
2.4.1 Classes de Incêndio.................................................................................................... 31

UNIDADE 3 – COMBATE E EXTINÇÃO DE INCÊNDIOS .................................................... 35


3.1 INSTALAÇÕES FIXAS DE COMBATE A INCÊNDIO................................................. 35
3.1.1 Redes de incêndio....................................................................................................... 35
3.1.2 Tomadas de incêndio ................................................................................................... 35
3.1.3 Sistema de borrifo ........................................................................................................ 36
3.1.4 Sistema Fixo de CO2 – Dióxido de Carbono............................................................... 37
5
3.1.5 Sistema fixo de Halon (EM DESUSO)......................................................................... 38
3.1.6 Sistema fixo de pó químico seco (PQS)...................................................................... 38
3.1.7 Sistema fixo de espuma ............................................................................................. 39
3.1.8 “Water Mist “................................................................................................................ 39
3.1.9 Bomba de incêndio de emergência (Motobomba) ..................................................... 40
3.2 ROUPA DE BOMBEIRO.............................................................................................. 40
3.2.1 Roupa do homem que combate incêndio.................................................................... 40
3.3 PROTEÇÃO PESSOAL .............................................................................................. 41
3.3.1 Cabo de segurança..................................................................................................... 42
3.3.2 Dispositivos de respiração para escape em emergência (EEBD) .............................. 42
3.4 DISPOSITIVOS E EQUIPAMENTOS DE COMBATE A INCÊNDIO .......................... 43
3.4.1 Mangueiras de incêndio.............................................................................................. 43
3.4.2 União........................................................................................................................... 44
3.4.3 Esguichos.................................................................................................................... 47
3.4.4 Telas corta-chamas..................................................................................................... 49
3.4.5 Extintores..................................................................................................................... 49
3.5 MÉTODOS DE COMBATE A INCÊNDIO.................................................................... 52
3.5.1 Métodos de extinção de incêndios ............................................................................. 52
3.6 AGENTES DE COMBATE A INCÊNDIO .................................................................... 53
3.7 PROCEDIMENTOS PARA COMBATE A INCÊNDIO................................................. 54
3.7.1 Incêndio em praça de máquinas................................................................................. 55
3.8 APARELHOS DE RESPIRAÇÃO AUTÔNOMOS PARA COMBATE A INCÊNDIO
E RESGATES.............................................................................................................. 55
3.8.1 Aparelho de Respiração.............................................................................................. 56

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 57

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UNIDADE 1

MINIMIZANDO OS RISCOS DE INCÊNDIO

1.1 ORGANIZAÇÃO DE COMBATE A INCÊNDIO A BORDO

Fonte internet www.shipmail.com

São objetivos de segurança contra incêndio:

impedir a ocorrência de incêndios ou explosões;


reduzir os riscos à vida humana causados por incêndio;
reduzir os riscos de danos causados ao navio, à sua carga e ao meio ambiente por
incêndios;
conter, controlar e eliminar os incêndios e as explosões no compartimento em que
tiverem origem;
proporcionar meios de escape adequados e facilmente acessíveis aos passageiros e
à tripulação;

Para atingir os objetivos de segurança contra incêndio, os seguintes requisitos


funcionais estão incluídos na Convenção SOLAS;

divisão do navio em zonas principais verticais e horizontais por meio de divisórias


térmicas e estruturais;
separação dos compartimentos habitáveis dos demais compartimentos do navio por
meio de divisórias térmicas e estruturais;
utilização restrita de materiais combustíveis;

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detecção de qualquer incêndio na zona de origem;
contenção e extinção de qualquer incêndio no compartimento de origem;
proteção dos meios de escape e de acesso para o combate ao incêndio;
pronta disponibilidade de equipamentos de extinção de incêndio;
minimização da possibilidade de ignição dos vapores inflamáveis da carga.

Fonte: www.shipmail.com

1.2 LOCALIZAÇÃO DOS DISPOSITIVOS DE COMBATE A INCÊNDIO E ROTAS DE FUGA

Ao embarcar pela primeira vez, deve-se procurar conhecer o mais rapidamente possível
todos os sinais de alarme existentes na instalação. Procure também conhecer rapidamente,
todas as saídas de emergência da praça de máquinas, especialmente as que estão localizadas
nos pisos inferiores. Não permita que corredores ou dutos de saída de emergência sejam
transformados em paióis improvisados para guardar material, prática que deve ser
terminantemente coibida.

Localize todos os postos de incêndio e os extintores, com especial atenção à classe a


que pertencem. Localize também o compartimento do sistema fixo de CO2 e procure se
adestrar quanto aos procedimentos para disparo. Em caso de um principio de incêndio, avise a
mais alguém, antes de tentar combater o fogo sozinho.

Os sistemas de proteção contra incêndio e os sistemas e equipamentos de combate a


incêndio deverão ser mantidos prontos para serem utilizados, testados e inspecionados.

Os sistemas de proteção contra incêndio que deverão assegurar em caso de incêndio:

proteção estrutural contra incêndio, inclusive divisórias resistentes ao fogo;

proteção das aberturas e penetrações existentes nestas divisórias;

sistemas de detecção e alarme de incêndio;

sistemas e equipamentos dos meios de escape.

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Os sistemas e equipamentos de combate a incêndio deverão ser mantidos em boas
condições de funcionamento e estar prontamente disponíveis para utilização imediata. Os
extintores portáteis que tiverem sido descarregados deverão ser recarregados ou substituídos
imediatamente por uma unidade equivalente.

Fonte: www.shippicture.com

1.2.1 Plano de Segurança

O plano de segurança indica a localização e quantidade dos equipamentos de combate a


incêndio e salvatagem e das rotas de fuga do navio. Deve ser mantido atualizado e conhecido
por todos os tripulantes tão logo embarquem.

Os meios de escape devem assegurar que as pessoas a bordo possam escapar com
segurança e rapidamente para o convés das embarcações e balsas salva-vidas.

Os seguintes requisitos funcionais deverão ser atendidos:

deverão ser rotas de escape seguras

as rotas de escape deverão ser mantidas em condições seguras, livres de


obstáculos

deverão existir outros auxílios para o escape, como for necessário para situações de
emergência.

pelo menos duas rotas de escape amplamente separadas e meios de escape


disponíveis para todos os compartimentos ou grupos de compartimentos deverão
estar disponíveis.

Os elevadores não deverão ser considerados como fazendo parte de um dos meios de
escape.

As principais rotas de fuga compreendem meios de escape para estações de controle e


compartimentos habitáveis e de serviço.

Em áreas de circulação, é proibido existir um corredor, um saguão ou parte de um


corredor a partir do qual só haja uma rota de escape.

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As portas existentes nas rotas de escape deverão de um modo geral, abrir no sentido da
direção do escape, exceto as portas dos camarotes, que poderão abrir para dentro do
camarote para evitar causar ferimentos às pessoas que estiverem no corredor quando forem
abertas.

As portas existentes nos dutos verticais de escape em emergência poderão abrir para
fora do duto, para permitir que ele seja utilizado tanto para escape como para acesso

Em navios de passageiros, os recintos das escadas localizadas em compartimentos


habitáveis e de serviço deverão ter um acesso direto proveniente dos corredores e ter uma
área suficiente para impedir congestionamentos, tendo em vista o número de pessoas que
provavelmente as utilizarão em uma emergência.

A largura, a quantidade e a continuidade dos escapes deverão estar de acordo com as


prescrições do Código de Sistemas de Segurança Contra Incêndio.

1.2.2 Portas corta-fogo

São portas especiais que também fazem parte da estrutura do navio com o objetivo de
impedir a passagem das chamas, isolando o local que ainda não pegou fogo.

www.firesistem.com

1.2.3 Marcação das rotas de escape

Além da iluminação de emergência exigida os meios de escape, inclusive as escadas e


saídas, deverão ser marcados por tiras indicadoras luminosas ou fotoluminescentes colocadas
a não mais de 300 mm acima do piso, em todos os pontos das rotas de escape, inclusive nos
cantos e interseções. A marcação deverá permitir que os passageiros identifiquem as rotas de
escape e as saídas facilmente. Se for utilizada uma iluminação elétrica, ela deverá ser
alimentada pela fonte de energia de emergência e deverá estar disposta de tal modo que uma
falha em uma única luz, ou a perda de uma tira luminosa não faça com que a marcação torne-
se ineficaz.

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As portas dos camarotes e dos salões não deverão precisar de chave para destrancá-las
pelo lado de dentro. Nem deverá haver ao longo das rotas de escape designadas qualquer
porta que precise de chave para ser destrancada por quem estiver se deslocando no sentido do
escape.

A largura, a quantidade e a continuidade das rotas de escape deverão estar de acordo


com as prescrições do Código de Sistemas de Segurança Contra Incêndio.

1.2.4 Dispensa da exigência de dois meios de escape

Excepcionalmente, a Administração poderá dispensar um dos meios de escape para os


compartimentos da tripulação no qual os tripulantes só entrem ocasionalmente, se a rota de
escape exigida for independente das portas estanques à água.

1.2.5 Equipamentos de respiração para escape em emergência

Os equipamentos de respiração para escape em emergência deverão estar de acordo


com o Código de Sistemas de Segurança Contra Incêndio. Deverão ser mantidos a bordo
equipamentos de respiração para escape em emergência de reserva.

Todos os navios deverão levar nos compartimentos habitáveis pelo menos dois
equipamentos de respiração para escape em emergência.

Nos navios de passageiros, deverão ser levados pelo menos dois equipamentos de
respiração para escape em emergência em cada zona vertical principal.

Nos navios de passageiros que transportam mais de 36 passageiros, deverão ser


levados mais dois equipamentos de respiração para escape em emergência.

Em todos os navios, os equipamentos de respiração para escape em emergência


deverão estar situados nos compartimentos de máquinas, prontos para serem utilizados, em
locais visíveis que possam ser atingidos rápida e facilmente a qualquer momento em caso de
incêndio. A localização dos equipamentos de respiração para escape em emergência deverá
levar em consideração a disposição do compartimento de máquinas e o número de pessoas
que trabalham normalmente nos compartimentos.

O número e a localização destes equipamentos deverão estar indicados no plano de


segurança.

Cada tipo de embarcação possui orientação específica, tais como navios RO-RO, de
passageiros ou de carga.

Os conveses deverão ser numerados de modo seqüencial, começando pelo “1” na parte
superior do tanque mais elevado ou no convés mais baixo. Os números deverão ser
apresentados de maneira visível no patamar das escadas e nos saguões dos elevadores. Os
conveses poderão também receber nomes, mas o número deverá ser apresentado juntamente
com o nome.

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Na parte interna da porta de cada camarote e nos compartimentos públicos deverão ser
expostos de maneira visível planos “mímicos” simples, mostrando o ponto “você está aqui” e as
rotas de escape indicadas por setas. O plano deverá mostrar também os sentidos de escape e
deverá estar adequadamente orientado em relação à sua localização no navio.

As rotas de escape deverão ser avaliadas através de uma análise da evacuação


realizada no início do processo do projeto. A análise deverá ser realizada para identificar e
eliminar, na medida do possível, os congestionamentos que possam ocorrer durante um
abandono devido ao movimento normal dos passageiros e da tripulação ao longo das rotas de
escape, inclusive a possibilidade de que possa ser preciso que a tripulação se movimente ao
longo destas rotas no sentido oposto ao do movimento dos passageiros. Além disto, a análise
deverá ser utilizada para demonstrar que os dispositivos de escape são suficientemente
flexíveis para prever a possibilidade de que determinadas rotas de escape, postos de reunião,
postos de embarque ou embarcações de sobrevivência possam não estar disponíveis em
decorrência de uma avaria.

www.shipmail.com

1.3 OS ELEMENTOS DO FOGO E DE EXPLOSÃO

Fogo é um processo químico de transformação. Podemos também defini-lo como o


resultado de uma reação química que desprende luz e calor devido à combustão de materiais
diversos.

Os elementos que compõem o fogo são:

Combustível

Comburente (normalmente o oxigênio)

Calor

Reação em cadeia

Esse quarto elemento, também denominado transformação em cadeia, vai formar o


quadrado ou tetraedro do fogo, substituindo o antigo triângulo do fogo.

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Tetraedro do fogo.
Fonte: Apostila ECIN

1.3.1 Reação em cadeia

A reação em cadeia torna a queima auto-sustentável. O calor irradiado das chamas


atinge o combustível e este é decomposto em partículas menores, que se combinam com o
oxigênio e queimam, irradiando outra vez calor para o combustível, formando um ciclo
constante. O fogo age em um corpo, decompondo-o em partes cada vez menores.

www.incendios.com.br

COMBUSTÍVEL

É todo elemento na natureza que queima quando em contato com o oxigênio e na


presença de certas condições ideais de temperatura. Os combustíveis são, portanto,
inflamáveis, ou seja, pegam fogo e mantêm a combustão enquanto existirem nas condições
ideais os elementos do Triângulo do Fogo.

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Os combustíveis podem ser sólidos, líquidos ou gasosos. Os sólidos e os líquidos se
transformam primeiramente em gás pelo calor e depois se inflamam.

Tipos de combustíveis:

Sólidos

A maioria dos combustíveis sólidos, tais como: madeira, papel e plástico, quando
aquecidos, desprendem vapores que reagem com o oxigênio e se inflamam. Outros sólidos
como ferro, parafina, cobre, bronze, primeiro transformam-se em líquidos e, posteriormente, em
gases, para então se queimarem.

Líquidos

Líquidos Voláteis – são os que desprendem gases inflamáveis à temperatura ambiente.

Exemplo: álcool, éter, benzina

Líquidos não Voláteis – são os que desprendem não desprendem gases inflamáveis à
temperaturas ambiente.

Exemplo: óleo, graxa.

Devido às suas propriedades físicas os líquidos inflamáveis penetram nos


compartimentos e podem dificultar o combate a incêndio e sua extinção, aumentando os riscos
à segurança A maioria dos líquidos inflamáveis são mais leves que água e, portanto, flutuam.
Outra propriedade importante, é a solubilidade do líquido (capacidade de misturar-se à água)

Quanto mais volátil, maior a possibilidade de combustão ou explosão em temperatura


ambiente.

Gasosos

Os gases não têm volume definido, tendendo, rapidamente, a ocupar todo o espaço em
que estão contidos. O mesmo ocorre em espaços confinados como tanques e compartimentos
de carga. Se o gás for mais leve que o ar, ele tende a subir e dissipar-se; caso contrário, o gás
permanece próximo ao solo e avança na direção do vento, obedecendo os contornos do
terreno.

Como regra geral, os materiais combustíveis queimam no estado gasoso.

Submetidos ao calor, os sólidos e os líquidos combustíveis se transformam em gás para


se inflamarem. Como exceção, por exemplo, há o enxofre e os metais alcalinos (potássio,
cálcio, magnésio entre outros) que se queimam diretamente no estado sólido.

PRÓLISE

Pirólise é a decomposição química de uma matéria ou substância através do calor, de


acordo com a temperatura.

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TEMPERATURA E PONTOS NOTÁVEIS

Os vapores emanados de um combustível inflamam-se na presença do comburente, a


partir de determinada temperatura.

PONTO DE FULGOR

É a temperatura mínima necessária para que um combustível desprenda vapores ou


gases inflamáveis, os quais, combinados com o oxigênio do ar em contato com uma chama,
começam a se queimar, mas a chama não se mantém porque os gases produzidos são ainda
insuficientes.

PONTO DE COMBUSTÃO

É a temperatura mínima necessária para que um combustível desprenda vapores ou


gases inflamáveis que, combinados com o oxigênio do ar e ao entrar em contato com uma
chama, se inflamam, e, mesmo que se retire a chama, o fogo não se apaga, pois essa
temperatura faz gerar, do combustível, vapores ou gases suficientes para manter o fogo ou a
transformação em cadeia.

TEMPERATURA DE IGNIÇÃO

É aquela em que os gases desprendidos dos combustíveis entram em combustão apenas


pelo contato com o oxigênio do ar, independente de qualquer fonte de calor

LIMITES DE INFLAMABILIDADE

Para um gás ou vapor inflamável queimar é necessária que exista, além da fonte de
ignição, uma mistura chamada "ideal" entre o ar atmosférico (oxigênio) e o gás combustível. A
quantidade de oxigênio no ar é praticamente constante, em torno de 21 % em volume.

Já a quantidade de gás combustível necessário para a queima, varia para cada produto e
está dimensionada através de duas constantes: o Limite Inferior de Inflamabilidade (ou
explosividade) (LII) e o Limite Superior de Inflamabilidade (LSI).

O LII é a mínima concentração de gás que, misturada ao ar atmosférico, é capaz de


provocar a combustão do produto, a partir do contato com uma fonte de ignição.
Concentrações de gás abaixo do LII não são combustíveis pois, nesta condição, tem-se
excesso de oxigênio e pequena quantidade do produto para a queima. Esta condição é
chamada de "mistura pobre".

Já o LSI é a máxima concentração de gás que misturada ao ar atmosférico é capaz de


provocar a combustão do produto, a partir de uma fonte de ignição. Concentrações de gás
acima do LSI não são combustíveis, pois, nesta condição, tem-se excesso de produto e
pequena quantidade de oxigênio para que a combustão ocorra, é a chamada "mistura rica".

Pode-se então concluir que os gases ou vapores combustíveis só queimam quando sua
percentagem em volume estiver entre os limites (inferior e superior) de inflamabilidade, que é a
"mistura ideal" para a combustão.
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Para o gás queimar, deve haver uma mistura ideal com o ar atmosférico se estiver numa
concentração fora de determinados limites, não queimará. Cada gás, ou vapor, tem seus limites
próprios.

Limites de inflamabilidade de gases ou vapores combustíveis

0% LII LSI 100%


CONCENTRAÇÃO MISTURA POBRE MISTURA IDEAL MISTURA RICA
(% EM VOLUME) Não ocorre Pode ocorrer Não ocorre
- combustão combustão combustão

www.firesistem.com

Conforme já mencionado, os valores de LII e LSI variam de produto para produto, alguns
exemplos podem ser observados abaixo:

Exemplos de LII e LSI para alguns produtos

Produto LII (% em volume) LSI (% em volume)


Acetileno 2,5 80,0

Benzeno 1,3 7,9

Etanol 3,3 19,0

www.firesistem.com

Existem equipamentos capazes de medir a porcentagem em volume no ar de um gás ou


vapor combustível. Como exemplo, o explosímetros.

COMBUSTÃO ESPONTÂNEA

Alguns produtos podem se inflamar em contato com o ar, mesmo sem a presença de
uma fonte de ignição. Estes produtos são transportados, na sua maioria, em recipientes com
atmosferas inertes ou submersos em querosene ou água. O fósforo branco ou amarelo, e o
sulfeto de sódio são exemplos de produtos que se ignizam espontaneamente, quando em
contato com o ar.

Quando da ocorrência de um acidente envolvendo estes produtos, a perda da fase


líquida poderá propiciar o contato dos mesmos com o ar, motivo pelo qual a estanqueidade do
vazamento deverá ser adotada imediatamente.

Outra ação a ser desencadeada em caso de acidente é o lançamento de água sobre o


produto, de forma a mantê-lo constantemente úmido, desde que o mesmo seja compatível com
água, evitando-se assim sua ignição espontânea.

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Exemplos de substâncias suscetíveis de combustão espontânea:

Alfafa

Carvão

Óleos tais como os de peixe, linhaça, milho, pinho e de semente de algodão

Tecidos impregnados de óleo

Vernizes

Alguns fertilizantes orgânicos e inorgânicos, misturas contendo nitratos e material


orgânico

Feno, juta, sisal, cânhamo

Madeira e serragem.

Materiais fibrosos tornam-se particularmente perigosos quando impregnados com óleos


animais ou vegetais.

Reações químicas que gerem calor e liberação de gases em quantidade suficiente


podem iniciar combustão espontânea.

1.4 FONTES DE IGNIÇÃO

CAUSAS NATURAIS

São aquelas decorrentes de fenômenos da natureza como os vulcões, terremotos, raios,


meteoros, maremotos, tsunamis, ou ainda, provocadas pelo calor gerado na fermentação e na
ação de fungos e bactérias.

CAUSAS ARTIFICIAIS

Eletricidade

São todas as causas oriundas da transformação da energia elétrica em energia calorífica.

Ex.: curto-circuito, sobrecarga, fuga de corrente

Atrito

É a fricção entre corpos rígidos produzindo calor e conseqüente aumento de temperatura.

Ex.: movimento de peças metálicas sem lubrificação, atritos de corpos metálicos gerando
centelhas e aquecimento local.

Gera eletricidade estática. (acúmulo de potencial elétrico de um corpo em relação a outro,


geralmente em relação à terra)

Eletricidade estática

A eletricidade estática pode ser produzida por qualquer material, normalmente em virtude
do atrito.
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Esta energia fica acumulada e pode ser descarregada causando centelhas capazes de
inflamar os gases originados de diversas cargas.

Pode ser evitada aterrando-se os equipamentos de bordo, bastando para isso que eles
estejam em contato direto com a estrutura do navio.

Tempestades elétricas

As operações de carga envolvendo alívio de vapores inflamáveis devem ser


interrompidas durante tempestades elétricas.

Origem Química

As reações químicas podem liberar calor quando seus reagentes se combinam e,


dependendo de suas velocidades, produzem combustões de tipos variados

Causas e Falhas de Ações Humanas, Condições Inseguras

São aquelas resultantes da ação direta e indireta do homem.

O mais eficiente método de combater incêndios é evitar que aconteçam.

Incêndios podem ocorrer:

Pela falta de treinamento e prevenção.

Por ignorar procedimentos.

Por não cumprir procedimentos.

Por cumprir precariamente procedimentos.

Por falta de procedimentos adequados e estabelecidos.

Por equipamentos precários.

Por falta de percepção.

Exemplos de causas de incêndio a bordo:

─ cigarros e fósforos acesos deixados em locais impróprios

─ trapos e estopas embebidos em óleo ou graxa;

─ acúmulo de gordura nas telas e dutos de extração da cozinha

─ serviços com equipamento de solda elétrica ou oxi-acetileno

─ serviços a quente

─ porão com acúmulo de óleo ou lixo

─ vasilhames impróprios contendo líquidos voláteis

─ uso de materiais combustíveis par outros fins

─ instalações e equipamentos elétricos inadequadas

─ materiais inflamáveis, tais como óleos, graxas, tintas, solventes armazenados fora
dos lugares indicados

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─ presença de vazamentos de óleo combustível ou lubrificante

─ máquinas próximas a redes de óleo;

─ uso de ferramentas manuais ou elétricas em tanques não devidamente


desgaseificados, ou nos compartimentos adjacentes a esses tanques

─ fritadores elétricos superaquecidos

─ descuido com lâmpadas desprotegidas.

1.4.1 Classificação da Combustão

A combustão pode ser classificada em:

Combustão Lenta: Ocorre quando a oxidação de uma determinada substância não


provoca liberação de energia luminosa nem aumento de temperatura. Ex:ferrugem,
respiração.

Combustão Viva: Ocorre quando a reação química de oxidação libera energia


luminosa e calor sem aumento significativo de pressão no ambiente, como a queima
de material de uso comum.

Combustão Muito Viva: Ocorre quando a reação química de oxidação libera energia
e calor numa velocidade muito rápida com elevado aumento de pressão no
ambiente. Ex: explosões de gás de cozinha e dinamite.

1.4.2 Proporção de um Incêndio

Princípio de Incêndio

É o início de um foco de incêndio, também chamado de incêndio incipiente devido às


suas mínimas proporções, podendo ser extinto por um ou mais aparelhos extintores.

Princípio de incêndio
Fonte: apostila ecin
Pequeno Incêndio

É um incêndio que exige pessoal e material especializado, podendo ser extinto com
facilidade, sem apresentar risco imediato de propagação.
19
Médio Incêndio

É aquele que apresenta grande possibilidade de propagação. Como exemplo incêndio


em porões ou compartimentos de carga.

www.fires.com

Grande Incêndio

Apresenta elevado risco de propagação, com e extensa área atingida.

www.shipmail.com

Incêndio Extraordinário

É aquele provocado por fenômenos da natureza, terremotos, vulcões, furacões ou


guerras.

Fonte: jornal a Gazeta do Sul


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1.5 MATERIAIS INFLAMÁVEIS, RISCOS DE INCÊNDIO E PROPAGAÇÃO

www.shipmail.com

1.5.1 Fases do Incêndio

INICIAL

É a fase embrionária, ou seja, a eclosão das chamas e o conseqüente início do incêndio,


determinando o foco inicial. Nesta fase há uma progressiva elevação de temperatura até
atingir o ponto, que marca a passagem da fase inicial para a intermediária.

A temperatura média do compartimento ainda não está muito elevada

Fogo está localizado próximo ao foco do incêndio.

As altas temperaturas concentram-se próximas ao foco

A fumaça proveniente da combustão forma uma camada quente na parte superior do


compartimento.

Caso não ocorra a extinção do incêndio poderá ocorrer o flash-over.

Incêndio na fase inicial


Fonte: apostila ECIN

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INTERMEDIÁRIA

É a fase de desenvolvimento pleno do incêndio onde temos a combustão viva,


possibilitando a propagação do incêndio.

Transição entre a fase inicial e a do incêndio totalmente desenvolvido. Ocorre em um


período relativamente curto de tempo. A temperatura da camada superior de fumaça atinge
cerca de 600ºC. A característica principal desta fase é o repentino espalhamento das chamas a
todo o material combustível existente no compartimento, através do fenômeno conhecido como
"flashover". A sobrevivência do pessoal que esteja no local é improvável. Entra-se na fase de
incêndio desenvolvido.

Incêndio na fase desenvolvimento.


Fonte: Apostila ECIN.

INCÊNDIO DESENVOLVIDO

Incêndio desenvolvido.
Fonte: Apostila ECIN
22
Todo o material do compartimento em combustão. Chamas podem sair por qualquer
abertura, e os gases combustíveis na fumaça se queimam ao encontrar oxigênio suficiente. O
acesso a esse incêndio é praticamente impossível, sendo necessário um ataque indireto.
Incêndios em praças de máquinas ou provocados por explosões atingem este estágio
rapidamente.

FASE FINAL

É a fase onde ocorre queda de intensidade e extinção ou explosão .

Queda de Intensidade

A queda de intensidade ocorre pelo consumo do combustível ou diminuição do


comburente, para menos de 13%

Explosão

Em um incêndio que tenha se extinguido por ausência de oxigênio, como por exemplo,
em um compartimento isolado ou com pouca entrada de oxigênio, vapores combustíveis
podem estar presentes na temperatura de ignição. Quando oxigênio é admitido no
compartimento, ocorre uma explosão, fenômeno conhecido por “backdraft”

"Backdraft"
Fonte: incêndio.com

Condições que podem indicar uma situação de ocorrência “Backdraft”:

─ ambiente fechado

23
─ fumaça sob pressão

─ fumaça escura, tornando-se densa e saindo do ambiente em forma de lufadas;

─ calor excessivo (observar temperatura na porta e anteparas)

─ pequenas focos de incêndio podem ocorrer

─ resíduos da fumaça impregnando o vidro das janelas

─ pouco ruído

─ movimento de ar para o interior do ambiente quando alguma abertura é feita (em


alguns casos ouve-se o ar assoviando ao passar pelas frestas).

Transmissão do Calor

Um incêndio pode se propagar, à partir de seu foco inicial, dando origem a focos
secundários.

Propagação de incêndio.
Fonte: www.incêndio.com

Formas de Transmissão

Condução

É a transmissão do calor molécula a molécula através de um corpo para outro, através


do contato.

Condução
Fonte: incêndio.com
24
Convecção

Este processo consiste na transmissão do calor através de um fluido (líquido ou gás)


devido à circulação do mesmo no ambiente.

Os líquidos e gases quando aquecidos tendem a ocupar as partes mais altas. Com isso,
temos um ciclo de transmissão de calor, o qual pode vir a inflamar corpos combustíveis que
estejam afastados das chamas.

Irradiação

É o processo de transmissão de calor através de ondas caloríficas, sem contato. Como


exemplo, temos a irradiação do calor do Sol para a Terra. O calor radiante é transmitido em
linha reta e em todas as direções.

Irradiação de calor.
Fonte: www.firesistem.com

25
UNIDADE 2

PRONTIDÃO PARA RESPONDER A SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA


EM CASO DE INCÊNDIO

2.1 VIGILÂNCIA

A tripulação deve estar atenta para a identificação imediata de sinais de incêndio a bordo.

Instrumentos utilizados para verificação de atmosferas explosivas e presença de gases:

EXPLOSÍMETRO

Os explosímetros são aparelhos utilizados para determinar o percentual da concentração


de vapores inflamáveis de uma mistura AR/GÁS, num determinado ambiente. São
equipamentos capazes de detectar gases combustíveis, hidrogênio com acetileno ou misturas
desses produtos com o ar ou oxigênio, de forma rápida e segura.

Explosímetro
Fonte: Apostila ECIN

OXÍMETRO

Medem a concentração de oxigênio nos compartimentos.

LÂMPADA DE SEGURANÇA

Permite avaliar a atmosfera de um compartimento onde o percentual de oxigênio é baixo


ou onde existe a presença de gases inflamáveis.

Chama apagada – deficiência de oxigênio (menos de 16%).

Chama apaga com estalo – baixa concentração de gases inflamáveis.

26
Chama resplandesce brilhantemente e apaga – alta concentração de gases
inflamáveis.

Sistemas de detecção de incêndio e alarmes são mantidos de maneira permanente em


operação para acionamento automático em caso de princípios de incêndio. Imediatamente, o
plano de contingência para emergência de incêndio deve entrar em ação, afim de promover
uma resposta rápida e segura.

2.1.1 Trabalho a quente, uso de marteletes e demais ferramentas de tratamento de


chapas

Antes da execução de qualquer trabalho a quente, jateamento de areia ou tratamento de


ferrugem, a área deverá ser examinada pelo oficial responsável e emitida a permissão para
trabalho.

Procedimentos de prevenção:

Obrigatoriedade de emissão de permissão para trabalho, sobretudo a quente,


elétricos, entrada e trabalho em ambientes confinados

Fumar somente em local permitido

Não jogar pontas de cigarro acesas em locais impróprios, tais como: cestas de
papéis, pisos de conveses e praças de máquinas.

Não levar fósforos ou isqueiros em locais impróprios ou quando em operações de


risco de incêndio

Nunca fumar na cama

Equipamentos elétricos portáteis não podem ser usados em compartimentos onde há


presença de vapores inflamáveis, tais como: tanques de carga, bombas de carga,
compartimento de compressores e áreas adjacentes.

2.2. AÇÕES A BORDO EM CASO DE INCÊNDIO

Ao ouvir o alarme de incêndio, os tripulantes deverão:

Vestir o EPI e munidos de colete salva vidas dirigirem-se ao ponto de encontro

Ao se deparar com uma emergência de incêndio os tripulantes deverão:

Acionar o alarme

Informar ao passadiço

Tentar dar o primeiro combate

Se houver perigo individual, seguir para o ponto de encontro

27
Todos a bordo deverão conhecer os procedimentos de emergência e seguir a orientação
da coordenação do controle da emergência,exercendo suas respectivas funções, seguindo o
plano de contingência de incêndio de bordo.

A Tabela Mestra define os postos de cada tripulante na faina.

2.2.1 Ações iniciais em incêndio

identificar o local do incêndio;

distinguir o tipo de material combustível que está alimentando o incêndio;

avaliar a proporção do incêndio (extensão);

conhecer os outros materiais combustíveis existentes nas proximidades do incêndio;

cortar a ventilação e extração na área do incêndio e fechar as válvulas de


interceptação de redes do seu interior;

desligar os circuitos elétricos das áreas que, porventura, venham a ser alagadas ou
expostas a vazamentos de gases inflamáveis;

evacuar o local e as áreas próximas ao incêndio;

selecionar os métodos mais adequados para controlar e extinguir o incêndio

2.2.2 Ações básicas das equipes

Identificar o combustível que está queimando, verificando a que classe de incêndio;

retirar os materiais e equipamentos, próximos ao foco;

proteger os compartimentos vizinhos, isolando-os;

promover resfriamento com neblina, nas anteparas metálicas dos compartimentos


vizinhos;

selecionar as tomadas de incêndio e efetuar as manobras necessárias à sua


pressurização;

concentrar o material a ser utilizado;

conectar as mangueiras às tomadas de incêndio;

combater o incêndio;

manter, sob controle, os alagamentos;

após a extinção definitiva do incêndio, manter o local sob vigilância, lavar todo o
equipamento e adoçá-los;

Evitar a propagação para os compartimentos adjacentes e próximos;

Promover a retirada da fumaça.

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www.shipmail.com

2.3 DETECÇÃO DE FUMAÇA E FOGO E SISTEMAS DE ALARMES AUTOMÁTICOS

2.3.1 Detectores de Fumaça e Calor

Permitem incêndios sejam informados no início, por intermédio de um sinal de alarme.


Detectores não acionam o sistema automático de extinção de incêndio, porém, indicam a
existência e a área da ocorrência.

Tipos de detectores

detector de fumaça e gases de combustão;

detector de calor;

detector de mudança de temperatura.

Detector de fumaça
www.firesistem.com
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Sprinkler associado a sensor Sprinkler
www.firesistem.com www.firesistem.com

O alarme de Incêndio a bordo é acionado por sistema de detecção automática.

Alarme
Fonte www.firesistem.com

A tabela de fainas e instruções de emergência do navio apresenta os tipos de alarmes


usados em casos de emergência.

Tipos de Alarmes:

Alarme Geral Alarme de Abandono

Indica a ocorrência de emergência Alarme de disparo do Sistema fixo de


a bordo. CO2

Alarme de Incêndio Detecção de gases

Painel de alarme Painel de detecção de gases


Fonte: www.firesistem.com Fonte: ECIN
30
Alarmes visuais e sonoros são identificados no passadiço e centro de controle de
máquinas (CCM) .

São audíveis em toda a embarcação.

Alarmes manuais podem ser acionados pelos tripulantes. Encontram-se instaladas por
todo o navio, botoeiras de acionamento.

Botoeira de alarme
Fonte: ECIN

2.4 CLASSIFICAÇÃO DOS INCÊNDIOS E UTILIZAÇÃO DOS AGENTES EXTINTORES

2.4.1 Classes de Incêndio

Os incêndios são classificados de acordo com as características dos seus combustíveis.

Somente com o conhecimento da natureza do material que está se queimando, pode-se


descobrir o melhor método para uma extinção rápida e segura.

CLASSE A

Materiais sólidos ou fibrosos:

madeira, papel, borracha;

queimam em superfície e profundidade;

após a queima deixam resíduos, brasas e cinzas.

Método de extinção:

Necessita de resfriamento para a sua extinção, isto é, do uso de água ou soluções que a
contenham em grande porcentagem, a fim de reduzir a temperatura do material em combustão,
abaixo do seu ponto de ignição. O emprego de pós químicos irá apenas retardar a combustão,
não agindo na queima em profundidade.

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CLASSE B

Líquidos e Gorduras Inflamáveis ( gasolina, querosene, graxa, tintas, álcool, gordura)

Queimam em superfície

Após a queima, não deixam resíduos

Método de extinção:

Extinto pelo método de abafamento ou interrupção da reação em cadeia.

Resfriamento com restrições (neblina)

Classe B
Fonte: www.firesistem.com

CLASSE C

Sistemas elétricos energizados

Caracteriza–se por fogo em materiais/equipamentos energizados

A extinção só pode ser realizada com agente extintor não-condutor de eletricidade


,nunca com extintores de água ou espuma

O primeiro passo num incêndio de classe C é desligar o quadro de força, pois assim
ele se tornará um incêndio de classe A ou B.

Cuidado especial com aparelhos elétricos que possuam acumuladores de energia


que apesar isolados, continuam com energia.

Método de extinção:

Para a sua extinção necessita de agente extintor que não conduza a corrente elétrica e
utilize o princípio de abafamento ou da interrupção (quebra) da reação em cadeia.

32
Classe C
Fonte: www.firesistem.com

CLASSE D

Metais inflamáveis

Caracteriza-se por fogo em metais pirofóricos (aluminio, antimônio, magnésio).

Alguns metais queimam mesmo sem a presença de oxigênio, por já apresentá-lo na


sua composição interna.

Podem apresentar maiores dificuldades de serem apagados, devido às reações


químicas.

Classe D
Fonte: www.firesistem.com

Método de extinção:

Necessita de agentes extintores especiais que atuem na quebra da reação em cadeia.


Alguns mesmo quando sofrem abafamento ou resfriamento, continuam a queimar.

Os pós especiais são compostos dos seguintes materiais: cloreto de sódio, cloreto de
bário, monofosfato de amônia, grafite seco

33
Fonte: www.firesistem.com

34
UNIDADE 3

COMBATE E EXTINÇÃO DE INCÊNDIOS

www.ships.com

3.1 INSTALAÇÕES FIXAS DE COMBATE A INCÊNDIO

Os Sistemas Fixos de Combate, tem por objetivo distribuir o agente extintor através de
redes até o local protegido.

3.1.1 Redes de incêndio

Consistem de um sistema de canalização que se estende por toda a embarcação e são


destinadas a alimentar as tomadas de incêndio, os sistemas de borrifo, a rede sanitária e, em
algumas embarcações, o sistema de resfriamento das máquinas auxiliares.

3.1.2 Tomadas de incêndio

São instaladas na rede de incêndio. Podem ser utilizar mangueiras de 2 ½” ou 1 ½”

As válvulas normalmente instaladas na rede de incêndio são as de interceptação,


redutora e de segurança.

As de interceptação estão localizadas na rede de incêndio e nas suas derivações, cuja


finalidade é a de permitir a interrupção da rede não só nas manobras normais para reparos,
ajustagens, limpeza, como também em situações de emergência para isolar as seções
avariadas, de modo a impedir que todo o sistema seja prejudicado, em virtude da ruptura da
rede em um único ponto.

35
As válvulas redutoras reduzem a pressão da rede de incêndio, antes da água entrar na
rede sanitária. As válvulas de segurança são instaladas nas descargas das bombas e nas
redes sanitárias com a finalidade de aliviarem a rede, caso a pressão chegue ao limite de
prejudicar o sistema.

Tomada Vávula Caixa de incendio


Fonte: ECIN Fonte: ECIN Fonte: ECIN

3.1.3 Sistema de borrifo

Protege áreas contra o fogo e, quando operando automaticamente, possui a vantagem de


atuar logo no início do incêndio. O tipo mais antigo é o sistema fixo de borrifo, o qual consiste
numa derivação da rede de incêndio destinada a proteger conveses principais com redes de
cargas perigosas, domos de tanques ou outros locais onde haja manuseio de líquidos
inflamáveis.

Protege também o pessoal que irá combater o incêndio.

Pode ser operado manualmente a distancia. Pode ser composto de pulverizadores


destinados à formação de neblina de baixa pressão ou do tipo “chuveiro”, para formação de
uma cortina d’água.

O sistema automático de borrifo, utiliza sprinklers, cuja válvula de abertura é sensível ao


calor. O rompimento dessa válvula permite uma descarga de água, que se faz em forma de
borrifo

Sistema de borrifo
Fonte: ECIN
36
Rede de sprinkler automático Sprinkler automático
Fonte: ECIN Fonte: ECIN

3.1.4 Sistema Fixo de CO2 – Dióxido de Carbono

São equipamentos fixos que utilizam uma grande quantidade de ampolas de CO2, cuja
capacidade permite encher o compartimento com este gás inerte, através de difusores,
extinguindo o incêndio por abafamento.

Cuidados necessários:

abandono do compartimento

parada do sistema de ventilação e exaustão com acionamento de alarme;

desligamento de diversos equipamentos

isolamento total do compartimento para não possibilitar a perda de CO2 .

O sistema fixo de CO2 só deve ser utilizado quando o incêndio for considerado fora de
controle.

O acionamento do sistema fixo de CO2 é feito a distância, por meio de 2 ampolas com 1
Kg de CO2 cada. Uma das ampolas cortará a exaustão e a ventilação, além de disparar um
alarme; enquanto a segunda ampola disparará os cilindros acionadores, que por sua vez
acionarão os cilindros escravos, os quais lançarão o CO2 nos compartimentos.

Acionamento a distancia
Fonte: ECIN

37
O sistema pode ser acionado dentro do compartimento das ampolas.

Compartimento das ampolas de


Fonte: firsistem.com

3.1.5 Sistema fixo de Halon (EM DESUSO)

Este sistema utiliza o Halon 1301 para a extinção de incêndios.

O acionamento a distância do sistema fixo de Halon é idêntico ao do sistema fixo de CO2.

3.1.6 Sistema fixo de pó químico seco (PQS)

São equipamentos fixos que utilizam uma grande quantidade de ampolas de pó químico,
agente extintor extremamente eficaz para o combate a incêndios classe “B”, extinguindo o fogo
por abafamento e por interrupção da reação em cadeia.

Neste sistema, o pó químico pode ser lançado sobre o fogo por meio de três formas:

de tomadas de PQS, contendo um mangote com esguicho apropriado;

de canhões de lançamento direcional; e

de dispositivo de duplo agente composto por sarilho (rolo) com dois mangotes e dois
esguichos, sendo um para espuma e outro para PQS.

Sistemas de pó químico seco


Fonte: ECIN

O acionamento a distância do sistema fixo de PQS é feito por 1 ampola com 1 Kg de


CO2, que acionará os cilindros de nitrogênio e estes, por sua vez, pressurizarão as esferas que
armazenam o pó químico do sistema fixo.

38
3.1.7 Sistema fixo de espuma

É utilizado em locais que possuem elevado risco de incêndio de classe “B”, tais como
navios petroleiros. Atua por abafamento.

O sistema possui alta capacidade em produzir a mistura água-líquido gerador de espuma


(AFFF), a qual é canalizada até os canhões e às tomadas de incêndio especiais, localizadas
em diversos pontos de bordo, especialmente em conveses abertos (como o principal) e em
praças de máquinas.

A estação de controle deste sistema fixo deve estar localizada fora da área de carga e
adjacente à área das acomodações, com acesso e operação fácil, em caso de incêndio.

Canhão de espuma
Fonte: ECIN
3.1.8 Water Mist

"Water mist"- Neblina de água. Os sistemas de neblina de água utilizam bicos injetores
capazes de produzir uma neblina de finas gotículas de água. O Fogo é extinguido por uma
combinação de vaporização, deslocamento de oxigênio, e a diluição de gases inflamáveis.
Projetado e testado para materiais das Classes A e B.

O Sistema neblina de água extingue o fogo pelos seguintes processos:

Retira o calor dos materiais em combustão e consequentemente evitando a


autoignição.

O vapor de água produzido reduz a concentração de oxigênio no ar, inibindo as


chamas.

Absorve o calor irradiado entre o fogo e os agentes inflamáveis, diminuindo a


propagação do incêndio.

Remove as partículas de fumaça e dilui os gases tóxicos.

A neblina d'água controla o incêndio e resfria significativamente o compartimento,


mantendo os produtos da combustão (CO e CO2) a níveis baixos. As condições térmicas e
concentrações de gás no compartimento, depois da aplicação da neblina d'água, proporciona
segurança o bastante para que se possa entrar no compartimento imediatamente, e não
39
produz produtos de decomposição térmica por ocasião da supressão do incêndio, além de
extinguir uma larga variedade de incêndios debaixo de condições ventiladas, o que proporciona
uma maior redução das concentrações de CO e CO2 no compartimento, porém prolonga o
tempo exigido para se extinguir o incêndio por causa do suprimento de oxigênio adicional.

A descarga de neblina d'água cria forte dinâmica misturando os produtos de combustão


com o vapor no compartimento, tendo um papel importante, apagando o incêndio ereduzindo o
impacto da convecção do ar na extinção do incêndio.

Pode ser usado para aplicação local ou inundação total.

3.1.9 Bomba de incêndio de emergência (Motobomba)

Normalmente, a rede de incêndio é pressurizada por uma série de bombas centrífugas


acionadas por motores elétricos, devendo cada bomba ser capaz de manter a pressão na rede
em cerca de 100 lb/pol2, cuja capacidade de vazão pode variar de 100 a 250 galões por minuto
(GPM).

Caso a pressão na rede de incêndio diminua, sensores de pressão, a vante e a ré, com
indicação analógica (manômetros), enviarão informações ao centro de controle que colocará
em funcionamento uma bomba de emergência, acionada por um motor à combustão (óleo
diesel), a fim de restabelecer a pressão na rede de incêndio.

A energia elétrica para o seu acionamento deve ser independente da energia principal.

As motobombas de emergência devem ser dotadas de dispositivo de corte de


combustível (óleo diesel) a distância, fora do compartimento em que se situa, permitindo a sua
parada, mantendo-a inertizada e isolada dos vapores da carga.

Bomba de incêndio
Fonte: ECIN

3.2 ROUPA DE BOMBEIRO

3.2.1 Roupa do homem que combate incêndio

A roupa de um homem que combate a incêndio deverá consistir num conjunto de


equipamentos de uso pessoal e de um aparelho de respiração.

40
A roupa de proteção, deve ser constituída de um material que proteja a pele contra o
calor irradiado pelo fogo e contra queimaduras causadas pelo fogo e pelo vapor. A superfície
externa deverá ser resistente à água.

Roupa Luvas e Botas


Fonte: firesistem.com Fonte: ECIN

3.3 PROTEÇÃO PESSOAL

É todo meio ou dispositivo de uso pessoal destinado a preservar e proteger a integridade


física do seu usuário, durante o exercício do trabalho, contra as consequências resultantes de
acidente ou para combate a incêndio.

Os equipamentos de uso pessoal deverão consistir no seguinte:

1. roupa de proteção, deve ser de um material que proteja a pele contra o calor irradiado
pelo fogo e contra queimaduras causadas pelo fogo e pelo vapor. A superfície externa
deverá ser resistente à água;

2. .botas de borracha, ou de outro material que não seja condutor de eletricidade;

3. capacete rígido que proporcione uma proteção efetiva contra impactos;

4. lâmpada elétrica de segurança (lanterna de mão) de um tipo aprovado, com um


período mínimo de funcionamento de 3 horas. As lâmpadas elétricas de segurança
utilizadas em petroleiros e aquelas destinadas a serem utilizadas em locais perigosos
deverão ser de um tipo à prova de explosão; e

5. um machado com um cabo dotado de um isolamento contra alta tensão.

41
3.3.1 Cabo de segurança

Para cada aparelho de respiração deverá haver um cabo de segurança à prova de fogo,
com pelo menos 30 m de comprimento. O cabo de segurança deverá do tipo aprovado.

Devem ser utilizados macacões de manga comprida, de algodão, assim como as roupas
de baixo.

IMPORTANTE

DEVE-SE EVITAR A BORDO, O USO DE ROUPAS, DE NYLON OU PLÁSTICAS OU QUE


PROPAGUEM CHAMAS. MESMO QUANDO SE ESTIVER DE FOLGA, FAZENDO GINÁSTICA OU
DORMINDO. INCLUSIVE AS DE BAIXO.

Fonte: ships.com

3.3.2 Dispositivos de respiração para escape em emergência (EEBD)

Um EEBD é um dispositivo que recebe ar ou oxigênio, e que só é utilizado para escapar


de um compartimento que tenha uma atmosfera perigosa, e deverá ser de um tipo aprovado.

Os EEBD não deverão ser utilizados para combater incêndios, para entrar em espaços
vazios ou em tanques onde haja deficiência de oxigênio, nem ser usado pelo pessoal que
combate incêndios. Nestes casos deverá ser utilizado um aparelho de respiração autônomo.

Os EEBD deverão ter uma capacidade de funcionar pelo menos durante 10 minutos.
Deverão conter um capuz, ou uma peça que cubra todo o rosto, como for adequado, para
proteger os olhos, o nariz e a boca durante o escape. Os capuzes e as peças de rosto deverão
ser confeccionados com materiais resistentes a chamas e ter um visor que dê uma boa
visibilidade.

42
Um EEBD que não estiver em uso deverá poder ser levado sem que seja preciso levá-lo
na mão.

Roupas de proteção
Fonte: firesistem

3.4 DISPOSITIVOS E EQUIPAMENTOS DE COMBATE A INCÊNDIO

3.4.1 Mangueiras de incêndio

São equipamentos destinados a conduzir a água até o foco do incêndio.

De formato cilíndrico, as mangueiras de incêndio são constituídas por um tubo interno de


borracha, devendo ser bastante liso para permitir a passagem da água em seu interior sem
provocar muito atrito com o mesmo; e por um tecido externo, o qual receberá, com a ação do
tempo, produtos químicos, atritos e outros fatores físicos que influem diretamente na sua
resistência, diminuindo a sua vida útil.

As mangueiras de combate a incêndio utilizadas nos navios possuem em uma de suas


extremidades uma união de rosca macho e na outra, uma união de rosca fêmea.

Mangueira
Fonte: ECIN

43
3.4.2 União

União Macho – serve para conectar uma mangueira a um esguicho.

União Fêmea – serve para conectar uma mangueira a uma tomada de incêndio.

União de Redução de 2 ½”para 1 ½” – serve para conectar duas mangueiras de


diâmetros diferentes, ou para conectar uma mangueira em uma tomada de incêndio
cujo diâmetro seja maior que o seu.

União macho Fêmea Redução


Fonte: ECIN

União Duplo Fêmea – permite contornar uma seção furada da rede de


incêndio,unindo as mangueiras que estão ligadas às duas tomadas de incêndio,
facilitando a ligação de dois terminais de rosca macho.

União Duplo Macho – facilita a ligação de dois terminais de rosca fêmea.

União de Aumento – é utilizada tanto nas tomadas de incêndio como nas


Mangueiras.

Duplo fêmea
Fonte: ECIN

União de Redução em Y – é uma bifurcação em Y com uma entrada de 2 ½” e duas


saídas de 1 ½”, com uma válvula independente para cada saída.

Geralmente é utilizada para conectar duas mangueiras de 1 ½” a uma tomada de


incêndio ou uma mangueira de 2 ½”.

Aparelho Divisor – é um equipamento com uniões de engate rápido (storz), com uma
entrada de 2½” e 3 saídas de 1 ½”.

44
União em Y Divisor
Fonte: ECIN Fonte: ECIN

As mangueiras utilizadas nas embarcações, em cujas extremidades possuíam uniões de


rosca, são, atualmente, dotadas de uniões de engate rápido (storz), o que facilita o seu
manuseio no combate a incêndios.

Firesistem.com
Engate rápido

As mangueiras adotadas nas embarcações mercantes são do tipo de borracha e lona


dupla, nos diâmetros:

1 ½” – ligadas às tomadas de incêndio;

2 ½” – utilizadas para dar maior extensão às linhas de mangueiras, uma vez que a
sua manipulação é bastante difícil, quando pressurizadas; e

3 ½” – utilizadas em navios dotados com estações de alta capacidade de geração de


espuma.

ATENÇÃO!

AS MANGUEIRAS DEVEM SER ACONDICIONADAS DE MANEIRA QUE POSSAM SER UTILIZADAS


SEM PERDA DE TEMPO.

45
Transporte de mangueiras
www.firesistem.com

Acondicionamento
Fonte: ECIN

As uniões feitas de bronze para evitar a corrosão, não poderão cair no chão para não
danificar os fios das roscas ou empenar as uniões, dificultando as suas conexões.

As mangueiras devem ser retiradas de seus suportes pelo menos uma vez por mês
para inspeção e depois recolocadas nos mesmos, a fim de evitar que as dobras do
novo ziguezague permaneçam nos pontos do ziguezague anterior.

Verificar se o anel de borracha das juntas está no seu devido lugar.

Limpar e lubrificar as juntas, retirando os anéis de borracha, evitando assim que


sejam atingidos pela graxa, devendo ser recolocados logo após a lubrificação.

Mangueira em ziguezague
Fonte: ECIN

46
3.4.3 Esguichos

São equipamentos de combate a incêndio que, conectados às mangueiras de incêndio,


regulam o jato do agente extintor por elas conduzido (água ou espuma).

Tipos de esguichos

1. Monitor (não é comum a bordo)

2. Aplicador de Neblina

3. Universal

4. Regulável

5. Tronco Cônico

6. Aplicador de Espuma

7. Proporcionador de Espuma

ESGUICHO UNIVERSAL

Por possuir uma válvula com três posições, comandada por uma alavanca e dois orifícios
de descarga, permite a obtenção de um jato sólido, quando a alavanca é puxada para trás;
pelo orifício superior de um jato neblinado quando a alavanca é mantida no meio; e pelo orifício
inferior de um fechamento do esguicho quando a alavanca é empurrada para a frente.

Ao esguicho universal adaptam-se aplicadores de neblina, podendo ser de alta ou de


baixa velocidade, estes podem ser facilmente acoplados ao seu orifício inferior.

Esguichos com aplicadores


Fonte: ECIN

47
Esguichos
Fonte: ECIN

ESGUICHOS PARA ESPUMA MECÂNICA NPU10/10-AFFF

O esguicho NPU forma espuma mecânica com vazão constante através da introdução de
ar na mistura água – líquido gerador. Ele pode ser usado para este fim com qualquer
misturador de água – líquido gerador, o qual deverá ser instalado entre duas mangueiras, ou
independente, com a utilização de um tubo aspirador conectado ao próprio esguicho NPU.

Cada recipiente de líquido gerador com capacidade de 5 galões é capaz de produzir


3.000 litros de espuma, com uma duração de um minuto e meio, estando o sistema a uma
pressão de 100 lb/pol2.

NPU
Fonte: ECIN

ESGUICHOS “WATERWAL”

Estes esguichos são semelhantes ao esguicho variável, sendo utilizados para a proteção
do pessoal e do navio.

Fireghter e waterwal
Fonte: firesitem.com
48
3.4.4 Telas corta-chamas

São telas especiais colocadas em saídas de tubulações e aberturas de tanques para


isolar chamas. Elas devem ser mantidas sempre em boas condições e trocadas, caso
apresentem defeito.

3.4.5 Extintores

São equipamentos portáteis de combate a princípios de incêndio, classificados de acordo


com o tipo de agente extintor que possuem.

EXTINTOR DE ÁGUA

Indicado para incêndios de classe “A” – sólidos inflamáveis – pois apaga o fogo por
resfriamento, utilizando a água como agente extintor, podendo ser pressurizada quando o gás
propelente (ar comprimido, CO2 ou nitrogênio) é armazenado no mesmo cilindro.

Para o seu funcionamento, basta retirar o lacre e acionar a válvula de abertura e


fechamento (gatilho). Existe outro tipo onde o gás propelente se encontra em uma ampola
separada, devendo, neste caso, retirar o lacre e abrir o seu registro para pressurizar o sistema
e proceder ao combate do fogo.

Durante a utilização destes tipos de extintores, deve-se tomar o cuidado de direcionar a


água para a base do fogo.

Água pressurizada
Fonte: ECIN

EXTINTOR DE ESPUMA QUÍMICA

Constituído por dois cilindros: um interno, que contém uma solução ácida à base de
sulfato de alumínio; outro externo, que é o próprio corpo do extintor, contendo uma solução
alcalina de bicarbonato de sódio e alcaçuz (estabilizador), esse extintor é indicado para
incêndios de classe “B”- líquidos inflamáveis – apagando o fogo por abafamento.
49
Para dar início ao seu funcionamento, basta inverter o extintor, efetivando a mistura do
conteúdo dos dois cilindros dando início à reação e, conseqüentemente, à formação da
espuma. Atenção: Após acionado não podemos mais interromper a produção da espuma

Este extintor não deve ser utilizado em eletricidade, pois possui água na sua composição.

A espuma deve ser lançada em uma antepara, de onde irá se espalhar sobre a superfície
atingida pelo fogo.

Espuma
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EXTINTOR DE ESPUMA MECÂNICA

É constituído por um cilindro com uma mistura de líquido gerador de espuma (AFFF) e
água e usa ar comprimido como propelente.

São empregados em incêndios de classes "A" e "B" e são operados à semelhança dos
extintores de água pressurizada.

EXTINTOR DE PÓ QUÍMICO SECO

Constituído de um cilindro que possui no seu interior um pó a base de bicarbonato de


sódio ou bicarbonato de potássio, o qual é impulsionado para fora por meio de gás propelente,
geralmente o nitrogênio.

Este extintor é indicado para incêndios das classes “B” e “C” – materiais elétricos - pois
não conduz a eletricidade e apaga o fogo por abafamento.

Em sua utilização, o pó deve ser lançado paralelamente à superfície em chamas,


procurando cobrir toda a área atingida formando uma cortina entre o material combustível e o
oxigênio do ar atmosférico.

Os extintores de PQS, da mesma forma que os de água, também podem ser


pressurizados ou a pressurizar (com ampola de propelente fixada por fora do extintor).

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PQS
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EXTINTOR DE DIÓXIDO DE CARBONO (CO2)

É constituído por um cilindro de aço bastante resistente, com a finalidade de armazenar o


gás carbônico sob pressão. A maior parte do gás (68%) encontra-se na forma líquida dentro do
cilindro, e seu funcionamento consiste apenas na retirada do grampo de segurança e
acionamento do gatilho.

É indicado para incêndios de classe “C”, pois não conduz eletricidade e apaga por
abafamento, podendo também ser utilizado nos incêndios de classe “B”. Neste caso, o jato de
CO2 deve ser espalhado sobre as chamas formando uma cortina de gás, impedindo o contato
do material combustível com o oxigênio do ar.

CO2
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EXTINTOR HALON ( DESUSO)

Os extintores a Halon utilizam basicamente dois tipos de agentes extintores, o Halon


1211 e o Halon 1301.

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Todos os extintores a Halon são pressurizados, podendo usar a própria pressão do
agente extintor que são gases liquefeitos, ou, quando a pressão não for suficiente, utiliza-se um
gás propelente, que deve se caracterizar por sua absoluta isenção de umidade. São
recomendados para incêndios das classes “B” e “C”, e, particularmente, nos incêndios em
equipamentos eletrônicos, por não deixarem resíduos.

O seu acionamento é semelhante ao do extintor de CO2, devendo, neste caso, o jato ser
dirigido para a base do fogo.

No caso de incêndios em líquidos inflamáveis o jato deve ser dirigido primeiramente à


parede do recipiente e depois ser espalhado sobre a superfície do líquido.

3.5 MÉTODOS DE COMBATE A INCÊNDIO

3.5.1 Métodos de extinção de incêndios

ABAFAMENTO

O primeiro método básico de extinção de incêndios é o abafamento, que consiste em


reduzir a quantidade de oxigênio.

Como exceção os materiais que têm oxigênio em sua composição e queimam sem
necessidade do oxigênio do ar, como os peróxidos orgânicos e o fósforo branco.

A diminuição do oxigênio em contato com o combustível vai tornando a combustão mais


lenta, até sua extinção.

Pode-se abafar o fogo com uso de materiais diversos, como areia, terra, cobertores,
vapor d’água, espuma, pó, gases especiais.

RESFRIAMENTO

É o método mais antigo de se apagar incêndios, sendo seu agente universal a água.
Reduz-se a temperatura do combustível abaixo da temperatura de ignição, ou da região onde
seus gases estão concentrados, extinguindo o fogo.

ISOLAMENTO

Consiste na retirada do combustível. Fechamento de válvula ou interrupção de


vazamento de combustível líquido ou gasoso, retirada de materiais combustíveis do ambiente
em chamas.

QUEBRA DA REAÇÃO EM CADEIA

Processo de extinção de incêndios, em que determinadas substâncias são introduzidas


na reação química da combustão com o propósito de inibi-la. Neste caso não há abafamento
ou resfriamento. É criada uma condição especial (por um agente que atua em nível molecular)

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em que o combustível e o comburente perdem a capacidade de manter a reação em cadeia. A
reação só permanece interrompida enquanto houver a efetiva presença do agente extintor.

Requer que o agente extintor seja mantido até o resfriamento.

SUBSTÂNCIAS QUE NÃO PODEM SER MOLHADAS

Algumas substâncias, por interação com a água, podem tornar-se espontaneamente


inflamáveis ou produzir gases inflamáveis em quantidades perigosas. O sódio metálico, por
exemplo, reage de maneira vigorosa quando em contato como a água, liberando o gás
hidrogênio que é altamente inflamável. Outro exemplo é o carbureto de cálcio, que por
interação com a água libera acetileno. Para esses materiais as ações preventivas são de suma
importância, pois quando as reações decorrentes destes produtos se iniciam, ocorrem de
maneira rápida e praticamente incontrolável.

3.6 AGENTES DE COMBATE A INCÊNDIO

Veja na tabela abaixo os principais agentes extintores e suas aplicações.

Agente extintor Recomendado para

Água (A) Madeira, papel, têxteis, e materiais


similares
Espuma (A,B) Madeira, papel, têxteis, e líquidos
inflamáveis

Pó químico seco padrão (B,C,) Líquidos inflamáveis, equipamento


elétrico e gases inflamáveis

Pó químico multiuso (A, B, C) Papel, madeira, têxteis, líquidos


inflamáveis,equipamento elétrico e
gases inflamáveis.

Pó químico metais (D) Metais combustíveis

CO2 (B,C) Líquidos inflamáveis, equipamento


elétrico e gases inflamáveis.
Halons (hidrocarbonetos Líquidos inflamáveis, equipamento
halogenados) (B,C) elétrico e gases inflamáveis.

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3.7 PROCEDIMENTOS PARA COMBATE A INCÊNDIO

Incêndio na carga
Fonte: wwwships.com

Técnica de combate a incêndio é a utilização correta dos meios disponíveis para


extinguir incêndios com segurança e com um mínimo de danos durante o combate.

Ataque Direto – quando os tripulantes conseguem entrar no compartimento e atacar o


foco do incêndio

Ataque Indireto – os tripulantes podem ter acesso ao compartimento, mas não


alcançam a base do fogo devido à presença de obstáculos, ou as condições do compartimento
(fase de desenvolvimento) não permitem aos homens a entrada no recinto, impossibilitando o
ataque direto ao fogo. Água em forma de neblina ou jato sólido é lançada para o interior do
compartimento através de qualquer acessório ou abertura, ou é lançada para sobre a base do
fogo, para controlar o incêndio.até que se possa atacar diretamente. Devem ser resfriados os
gases presentes no ambiente com neblina intermitente.

Qualquer demora que permita ao fogo ganhar vulto, e em consequência, a fumaça se


espalhar caso a ventilação não for parada rapidamente, vai mudar a característica de um
incêndio em um compartimento para um incêndio em uma área maior.

A técnica a ser utilizada, por meio de um ataque direto, é resfriar a fumaça que possa
estar presente e em seguida atacar o foco do incêndio, isto é, primeiro resfriar os gases
quentes da combustão, com neblina intermitente.

manter-se abaixado;

utilizar jato/neblina de forma intermitente, para minimizar a produção de vapor;

se não existe perigo de choque elétrico, entrar no compartimento e aplicar


diretamente água na base do fogo;

não aplicar água nas anteparas e teto;

estabelecer as contenções - resfriar quando necessário.

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Quando aplicação direta de água sobre a base do fogo não é possível, continuar o
ataque aos gases da combustão

É um tipo de ataque indireto empregado na situação em que é possível o acesso ao


compartimento, mas ainda não se consegue atacar o incêndio diretamente devido à alta
temperatura, ou devido à existência de algum obstáculo. Esse método é conhecido como FOG
ATTACK.

Deve –se evitar ações precipitadas, que podem agravar o incêndio.

3.7.1 Incêndio em praça de máquinas

A praça de máquinas é um ambiente, onde existe grande quantidade de combustíveis e


lubrificantes e grande quantidade de equipamentos elétricos energizados.

Em incêndios na praça de máquinas, ocorre:

grande quantidade de fumaça negra, provocando perda de visibilidade em cerca de 2


minutos, impossibilitando encontrar os focos de incêndio;

dificuldades de acesso, pois a descida vertical representa risco para o pessoal, e


fumaça se concentra na parte superior.

Deve-se para a máquina, fechar flaps, gaiútas, abafadores e saídas, cortar combustível,
ventilação, desenergizar equipamentos elétricos. As embarcações salva-vidas devem ser
preparadas.

Fonte: www.ships.com

3.8 APARELHOS DE RESPIRAÇÃO AUTÔNOMOS PARA COMBATE A INCÊNDIO E


RESGATES

Em incêndios, muitas perdas de vidas ocorrem pela inalação da fumaça.

Quando ocorre a queima de um produto, são produzidas substancias tóxicas que


envenenam em poucos minutos. A fumaça, portanto provoca asfixia e envenenamento.

Antes de se iniciar um combate a incêndio, devem ser disponibilizados os equipamentos


de respiração.
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Treinamentos devem ser realizados constantemente e enfatizado a importância de seu
uso.

3.8.1 Aparelho de Respiração

O aparelho de respiração deverá ser um aparelho de respiração autônomo que utilize ar


comprimido, para o qual o volume de ar contido nas ampolas deve ser de pelo menos 1.200 l,
ou outro aparelho de respiração autônomo que deverá ser capaz de funcionar por pelo menos
30 minutos. Todas as ampolas de ar para os aparelhos de respiração deverão ser
intercambiáveis.

Respiração autônoma
Fonte: ECIN

È importante saber que barbas, bigodes ou cicatrizes podem interferir na vedação das
máscaras impedindo assim uma proteção adequada.

Máscaras de fuga não devem ser utilizadas para trabalho, entrada em ambientes
confinados ou para combater incêndios.

Fonte: www.ships.com

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. CAAML 1202 - Manual de Combate a Incêndio.


2. IMO. Model Course 1.20 - Fire Prevention and fire Fighting, revised edition 2000.
3. Bo, Olav. Basic safety course: Fire safety. Oslo, Norwegian: University press, reprinted
aug 1999.
4. BRADY, Robert J. Marine Prevention, fire fight safety (marine training and advisory
Board), USA, 1998.
5. www.cbm.rj.gov

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