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Introdução
∗
Advogado (www.adsadvogados.adv.br), Doutor em Direito e Relações Internacionais
(Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC), Pós-Doutorado em Regulação de
Transportes e Portos, Center for Business and Government da Kennedy School,
Harvard University. Oficial de Náutica da Marinha Mercante brasileira, Professor de
Direito Marítimo e Direito Regulatório dos Transportes e da Atividade Portuária do
Programa de Doutorado e Mestrado em Ciência Jurídica da UNIVALI
(www.univali.br/ppcj), Itajaí e do Curso de Direito da SOCIESC.
1
De forma introdutória e conceitual, esse artigo objetiva contribuir
atual ordem jurídica marítima a fim de que, por meio de uma Nova Ordem
Marítima, haja uma troca mais justa no âmbito dos serviços de transportes
autônoma,1 que tem como objeto regular as relações jurídicas que se dão
1
Nessa linha de revigoramento do Direito Marítimo brasileiro sem, contudo, aprofundar
as relações da disciplina nos ambientes interno (agência reguladora independente –
ANTAQ) e internacional (supranacional – OMC, UNCTAD e IMO): DOS ANJOS, José
Haroldo; GOMES, Carlos Rubens Caminha. Curso de Direito Marítimo. Rio de
Janeiro: Renovar, 1992, do qual tivemos oportunidade de colaborar; MARTINS, Eliane
Maria Octaviano. Curso de Direito Marítimo. Vols. I e II, 3ª. Ed. São Paulo: Manole,
2008. Sobre temas específicos: CASTRO JUNIOR, Osvaldo Agripino de. (org). Direito
Marítimo Made in Brasil. São Paulo: Lex, 2007; CASTRO JUNIOR, Osvaldo Agripino
de. (org). Temas Atuais de Direito do Comércio Internacional. vol. I. Florianópolis:
Editora da OAB-SC, 2004, CASTRO JUNIOR, Osvaldo Agripino de. (org). Temas
Atuais de Direito do Comércio Internacional. vol. II. Florianópolis: Editora da OAB-
SC, 2005, FERNANDES, Paulo Campos; LEITÃO, Walter de Sá. Responsabilidades
no Transporte Marítimo. São Paulo: Aduaneiras, 2009.
2
em torno do navio, mas num contexto mais amplo do que a disciplina em
si, vez que o navio opera num ambiente de regulação interna (ANTAQ,2
2
Agência Nacional de Transportes Aquaviários, criada pela Lei n. 10.233/2001,
agência reguladora independente que tem como competência regular o transporte
aquaviário e a atividade portuária brasileira.
3
Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transportes, criado pela Lei n.
10.233/2001, cuja primeira reunião se deu no segundo semestre de 2009.
4
Diretoria de Portos e Costas, com sede no Rio de Janeiro, exerce importante atuação
na esfera da autoridade marítima brasileira, que é o Comandante da Marinha,
considerado Autoridade Marítima brasileira.
5
Conforme art. 3º, da Lei Maior: Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da
República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II -
3
O Direito e a Regulação devem atender, preservado o interesse
Direito Marítimo como disciplina que possa contribuir para defesa dos
transportadores internacionais.
Maurílio Magalhães. Arte Naval. Vol. I. 7ª. Ed. Rio de Janeiro: Serviço de
Documentação da Marinha, 2005, p. 362.
7
FURTADO. Celso. Desenvolvimento e Subdesenvolvimento. 3ª. Ed. Rio de
Janeiro: Fundo de Cultura, 1965, p. 141-142.
5
americanas, sofrem dos navios de bandeira de conveniência e a ineficácia
dos países ship owners x países cargo onwers, não é impossível, mas é
8
Sobre o tema da concorrência desleal no setor de transportes e portos, deve-se
mencionar o I Seminário UNIVALI e CADE sobre Defesa da Concorrência e Regulação
Econômica de Transportes e Portos, inédito no Brasil, realizado no dia 30 de março de
2010, a pedido do CADE, na UNIVALI, Campus de Itajaí, sob coordenação do
Programa de Mestrado e Doutorado em Ciência Jurídica da mesma universidade.
6
aceitarem as cláusulas do Bill of lading – conhecimento de embarque
ser úteis aos demais países que possuem forte dependência do transporte
9
Considerada como usos e costumes do transporte marítimo internacional que,
todavia, não podem prevalecer no direito brasileiro se violarem a ordem pública, nos
termos do art. 17 da Lei de Introdução ao Código Civil, que assim dispõe: "Art. 17° - As
leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não
terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os
bons costumes." Embora haja autonomia da vontade nos contratos internacionais, essa
autonomia não é absoluta, mas relativa, vez que encontra limite no ordenamento
jurídico pátrio, seja na LICC, seja na Teoria Geral dos Contratos do Código Civil.
7
marítimo internacional exercido por empresas de bandeiras de
conveniência.
10
DE MOURA, Geraldo Bezerra. Direito da Navegação. São Paulo: Aduaneiras,
1991, p. 65-66.
11
KENDALL, Lane C.; BUCKLEY, James J. The Business of Shipping. Seventh
Edition. Centreville: Cornell Maritime Press, 2001, p. 7.
8
A economia do transporte marítimo é bastante complexa, seja
fundamental.
12
Acerca do cluster marítimo gerado pelo desenvolvimento da cabotagem brasileira:
CASTRO JUNIOR, Osvaldo Agripino de; LACHMANN, Marianne Von. O valor da
cabotagem brasileira na visão dos transportadores. Apresentação realizada no I
Seminário Nacional sobre Cabotagem. Realização ANTAQ e Syndarma. Disponível
em: <www.regulacao.gov.br>. Acesso em: 20 dez. 2009. Na Europa: WIJNOLST
N.(dir.) Dynamic: European Maritime Clusters. Amsterdam: IOS Press, 2006.
13
Sobre o tema: STOPFORD, Martin. Maritime Economics. London and New York:
Routledge, 2004; BRANCH, Alan E. Elements of Shipping. 8th edition. London and
New York: 2007.
14
A construção naval tem exercido um papel fundamental na economia dos países
industrializados, de modo que é relevante o estudo comparativo do processo histórico
do papel do Estado no financiamento desse setor, inclusive sobre a economia da
bandeira de conveniência (flagging out) exercida pelos governos (p. 203-206) e o papel
da OCDE e da Coréia do Sul. ROSA, Angelo L.. Contrariety: Divergent Theories of
State Involvement in Shipping Finance Between the United States and the European
Union. In: Tulane Maritime Law Journal. vol. 29, 2004-2005, p. 187-216. Recomenda-
se a análise do estudo comparado dos microfundamentos do financiamento de projetos
orientado à construção naval no Brasil: DA SILVA, Marcello Muniz. Análise da
Estrutura de Financiamento à Indústria Naval no Brasil. Dissertação de Mestrado
em Engenharia Naval e Oceânica. São Paulo: Escola Politécnica da USP, 2007, 346 p.
9
Por sua vez, o grau de especialização das empresas de
marítimo internacional.
15
LORANGE, Peter. Shipping Company Strategies – Global Management under
Turbulent Conditions. London: Emerald, 2008, p. 185.
10
tratada. A ICS é engajada ativamente nos seguintes organismos
Division of Ocean Affairs and the Law of the Sea (DOALOS), United
assessoria aos seus membros de forma direta ou por meio da sua rede de
16
ICS. International Chamber of Shipping. Brochure. London: ICS, 2009, p. 1.
17
International Convention on Standards of Training, Certification and Watchkeeping for
Seafarers – Convenção sobre Padrões de Treinamento, Certificação e Serviço de
Quarto para aquaviários.
11
International Chamber of Shipping (ICS) e o International Maritime
18
ISF. International Shipping Federation. Disponível em:<www.marisec.org/isf> .
Acesso em: 1 fev. 2010.
19
ISF. International Shipping Federation. Disponível em:<www.marisec.org/isf> .
Acesso em: 1 fev. 2010.
20
Numa perspectiva liberal, com base, na política de liberalização do uso dos mares do
holandês Hugo Grotius, autor de Mare Liberum sive de iure quod Batavis competit ad
Indicana Commercia (1609), a qual não nos filiamos, e com o objetivo de estudar se o
Direito Internacional contém regras gerais que, na ausência da tratados específicos
(bilateral, regional, internacional), limita a vontade dos governos para desenvolver
políticas de transportes protecionistas: PARAMESWARAN, Benjamim. The
12
muitas empresas buscam reduzir custos, especialmente com o registro dos
como:
Ademais:
22
NETO, José Cretella. Empresa Transnacional e Direito Internacional. Exame do
Tema à Luz da Globalização. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 27.
23
Acerca da Lex Mercatoria, Teubner sustenta que se trata de um direito corrupto,
vulnerável a toda sorte de ataques, Apud NEVES, Marcelo. Entre Têmis e Leviatã:
Uma relação difícil. São Paulo: Martins Fontes, 2006, p. 267. Indo além, Neves estima
que as ordens correspondentes aos governos privados constituem direito trivializado
pela economia mundial (p. 268), o que requer ainda mais a intervenção do Estado na
defesa do interesse público, caso haja conexão com o direito brasileiro, com base no
princípio da ordem pública brasileira disposto no art. 17 da LICC.
24
VENTURA, Deisy. Hiatos da Transnacionalização na Nova Gramática do Direito
em Rede: Um esboço de conjugação entre estatalismo e cosmopolitismo. Mimeo,
2009, p. 3.
14
1.3. Navio
para que haja o seu desenvolvimento, mas para que isso ocorra é preciso
25
Nesse sentido, a Análise Econômica do Direito é relevante. A economia institucional
tem sido frequentemente descrita como uma revolta contra o formalismo. SPIEGEL,
1971, p. 629 Apud MERCURO, Nicholas; MEDEMA, Steven G. Economics and the
Law – From Posner to Post Modernism and Beyond. 2nd. Ed. Princeton: Princeton
University Press, 2006, p. 209.
26
Sobre o tema: BUCHANAN, James M. The Domain of Constitutional Economics. In:
MERCURO, Nicholas. (Ed.) Law and Economics. Critical Concepts in Law Public
Choice. Vol. II. New York: Routlegde, 2007, p. 57-71. Acerca da teoria da escolha
pública e a regulação dos contratos: O'HARA, Erin Ann. Opting out of regulation – A
public choice analysis choice of Law. In: In: MERCURSO, Nicholas. (Ed.) Law and
Economics. Critical Concepts in Law Public Choice, p. 209-256.
27
Sobre o tema: MORELLA JUNIOR, Jorge Hector. Transnacionalização e
Segurança no Comércio Mundial: A importância do poder econômico na difusão
das normas anti-terrorista após 11 de setembro e sua implementação no Direito
Brasileiro. Dissertação de Mestrado em Ciência Jurídica. Itajaí: UNIVALI, 2009;
PLATCHEK, Ricardo Moisés de Almeida. As Bandeiras de Conveniência e a
15
especialmente após 11 de setembro de 2001,28 exercem papel relevante
Segurança Mundial. In: CASTRO JUNIOR, Osvaldo Agripino de. (org.) Direito
Marítimo Made in Brasil. São Paulo: Lex, 2007, p. 457-492; DIAS, Cristiano Gomes. A
Pirataria e a Navegação Marítima. In: CASTRO JUNIOR, Osvaldo Agripino de. (org.)
Direito Marítimo Made in Brasil, p. 493-520.
28
Nesse contexto, os navios de bandeira de conveniência, além de serem os maiores
poluidores do meio ambiente marinho, por não se submeterem ao rigor fiscalizatório,
são considerados mais propensos a serem usados pelos terroristas. Para aumentar a
segurança no setor é necessária uma ação cooperativa multilateral. Nessa linha:
WING, Maria J. Rethinking the Easy Way Out: Flags of Convenience in the Post-
September 11th Era. In: Tulane Maritime Law Review. Vol. 28, 2003-2004, p. 173-
190.
29
A segurança jurídica deve ser proporcionada pelo Estado e é requisito essencial para
o aumento da confiança e da honestidade entre os diversos atores na economia, tais
como advogados, empresários e reguladores. Sobre o tema, na perspectiva norte-
americana, por meio do estudo de casos, dentre os quais, o problema de aceitação da
fraude; o efeito do ambiente e da cultura na confiança e na honestidade e
implementação da confiança e da honestidade: FAGAN, Mark; FRANKEL, Tamar.
Trust and Honesty in the Real World. A Joint Course for Lawyers, Business
People and Regulators. Anchorage: Fathom, 2007, 224 p.
30
Sobre a efetividade de tais princípios: AGRAVO REGIMENTAL. SUSPENSÃO DE
LIMINAR. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LESÃO À ORDEM PÚBLICA E ECONÔMICA
CONFIGURADA. INSEGURANÇA JURÍDICA E RISCO BRASIL AGRAVADO. 1. No
âmbito especial da suspensão liminar, cujos limites cognitivos prendem-se à verificação
das hipóteses expressas na Lei nº 8.437/92, art. 4º, descabem alegações relativas às
questões de fundo. 2. Caracterizado o risco inverso, refletido no cenário de
insegurança jurídica que pode se instalar com a manutenção da liminar, que, em
princípio, admite a quebra do equilíbrio dos contratos firmados com o Poder Público,
lesando a ordem pública administrativa e econômica e agravando o risco Brasil, defere-
se o pedido de suspensão. 3. Agravo regimental provido. AgRg na SL 57 / DF. Rel.
Min. Edson Vidigal. DJ 06/09/2004; RE 201.726.
31
Para maior aprofundamento: CRUZ. Paulo Márcio. O Estado como principal sujeito
da sociedade internacional. In: STELZER, Joana (org.) Introdução às Relações do
Comércio Internacional. Itajaí: UNIVALI, 2007, p. 47-61; DE MACEDO, Paulo Emílio
16
risco marítimo32 é inerente a tal atividade. Não é por acaso que o seguro
marítimo.
destaque na história dos povos,33 o que foi agravado pelos acidentes que
torno do navio,39 40
aqui considerado espécie de embarcação,41 por meio
37
A referência a conjunto indica a ordenação dessas normas em um sistema, evitando
as contradição e as lacunas. JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de Direito
Administrativo. 4ª. Ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 1.
38
Trata-se do mesmo entendimento de: ARROYO, Ignacio. Compendio de Derecho
Marítimo. Segunda edición. Madrid: Tecnos, 2002, p. 22.
39
Possui três requisitos não comuns a todas as embarcações: robustez, estanqueidade
e vencer as fortunas do mar. Como espécie do gênero embarcação, todo navio é
embarcação mas nem toda embarcação é navio. Essa diferença é relevante,
especialmente quando se trata de competência, tal como o art. 109, IX, da CF/88: "Art.
109 - Aos juízes federais compete processar e julgar: IX - os crimes cometidos a bordo
de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar;" Nesse caso,
deve-se ter cautela, pois um crime ocorrido a bordo de uma embarcação de recreio,
como iate ou lanche, não será julgado na Justiça Federal, por não se tratar de navio,
mas de embarcação, sendo cabível o julgamento pela Justiça Estadual.
40
Na terminologia náutica inglesa, o pronome pessoal é she (ela) e não it (coisa). O
navio was nearer and dearer to the sailor than anyone except his mother. Acreditava-se
que um navio era mais próximo e querido para o marinheiro do que qualquer pessoa,
com a exceção de sua mãe. Segundo a tradição, haveria razão melhor do que essa
para chamar seu navio de "ela"? A tradição marítima menciona, ainda, que o navio é o
bem mais aguardado no cais, por vários grupos de homens, além de sua manutenção
ter alto valor.
41
Segundo o art. 2º, inciso V da Lei n. 9.537, de 11 de dezembro de 1997, que dispõe
sobre a segurança do tráfego aquaviário em águas sob jurisdição nacional e dá outras
providências (Lei de Segurança do Tráfego Aquaviário - LESTA): "V - Embarcação -
19
das relações jurídicas que se dão através dos contratos de transportes42 e
tributação setorial não tem política nacional, vez que não somente a União
Tôrres porque:
46
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Segunda Turma. Recurso Especial n. n.
1.054.144/RJ. Rel. Min. Denise Arruda. DJ 17 nov. 2009. Disponível
em:<www.stj.gov.br>. Acesso em: 15 jan. 2010.
22
armadores, agentes, brokers e Clubes P & I; entre outras
de grande porte.47
47
TÔRRES, Heleno Taveira. Regime Jurídico das Empresas de transporte aéreo e
marítimo e suas implicações fiscais. In: TÔRRES, Heleno Taveira (coord.). Comércio
Internacional e Tributação. São Paulo: Quartier Latin, 2005, p. 402-403.
48
ARROYO, Ignacio. Compendio de Derecho Marítimo, p. 22.
23
O Direito Marítimo, em função da sua complexidade e regulação
49
Tem como objeto as relações jurídicas que se dão em torno do mar e como fontes do
direito, a Convenção de Montego Bay, já ratificada pelo Brasil, pelo Decreto n. 1.650 e
a Lei n. 8.617/1993, que dispõe sobre o Domínio Marítimo brasileiro. Essa disciplina
tem potencial e assumirá cada vez mais importância com a exploração de petróleo e
dos recursos marinhos da Amazônia Azul, expressão criada para simbolizar o tamanho
do domínio marítimo brasileiro após o acréscimo de cerca de 1.000.000km2 à
plataforma continental brasileira pela Comissão de Plataforma Continental da ONU.
50
Criado pela Convenção das Nações Unidos sobre o Direito do Mar, em 1982, foi
formalmente instalado em 1996. Dentre outras atribuições, no que tange à competência
ratione materiae, o Tribunal tem competência para julgar i) casos litigiosos (sobre
quaisquer disputas que: a) envolvam a interpretação ou aplicação da convenção, b)
envolvam a interpretação ou aplicação de outros acordos, desde que tenham relação
com a Convenção, c) envolvam a Câmara de Disputas dos Fundos Marinhos, d)
envolvam a pronta liberação das embarcações e suas tripulações e ii) competência
consultiva. MICHELS, Gilson Wessler. Tribunal Internacional do Mar. In: BARRAL,
Welber. (Org.). Tribunais Internacionais - Mecanismos Contemporâneos de
Solução de Controvérsias. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2004, p. 98-100.
51
Sobre o processo histórico para chegar à cooperação internacional no mar, desde as
conseqüências dos Tratados de Westfália, da Convenção Ramoge e Convenção de
Montego Bay, com ênfase na proteção do meio ambiente marinho: DE BARROS, José
Fernando Cedeño. Direito do Mar e do Meio Ambiente – A proteção das zonas
costeiras e litorais pelo Acordo Ramoge: Contribuições para o Brasil e Mercosul.
São Paulo: Lex, Aduaneiras, 2007.
52
Tem como objeto as relações jurídicas que se dão em torno da segurança da
navegação marítima, especialmente da salvaguarda da vida humana no mar. Suas
principais fontes de direito são a Lei n. 9.537/97 – Lei de Segurança do Tráfego
Aquaviário - LESTA, bem como convenções da International Maritime Organization,
dentre os quais RIPEAM – Regulamento Internacional para evitar abalroamento no
24
Concorrência, Direito Internacional Público, Direito Internacional Privado,54
58
TAYLOR, J. Michael. Evaluating the Continuing GATS Negotiations Concerning
International Maritime Transport Services, p. 154.
59
Acerca da integração das prestações próprias do operador portuária (na carga e
descarga) no transporte marítimo de mercadorias e responsabilidades no direito
espanhol: VARONA, Francisco Javier Arias. Manipulación Portuaria Y Daños a las
Mercancías – La responsabilidade extracontratual del operador portuario.
Granada: Comares, 2006, p. 20-35.
27
princípios equivalentes nos países de tradição romano-
germânica e anglo-saxônica. Esse conflito de leis
cresceu, em larga medida, do comércio internacional em
mares diversos, o que provocou na Europa Medieval, o
nascimento da transnacional Lex mercatoria (Law
Merchant), incluindo a transnacional Lex maritima
(maritime Law).60
60
TETLEY, William. International Maritime and Admiralty Law. Québec: Éditions
Yvon Blais, 2002, p. 4. Acerca da história do Direito Marítimo e do Almirantado: p. 3-30.
61
Com ênfase nos problemas envolvendo os contratos de transporte marítimo,
inclusive na União Europeia: LAMY, Eduardo de Avelar. Contrato de Transporte
Marítimo Internacional: Legislação aplicável e competência. In: CASTRO JUNIOR,
Osvaldo Agripino de (Org.). Temas Atuais de Direito do Comércio Internacional.
Vol. II, p. 407-431; SILVÉRIO, Fernando; MAY, Otávia de Oliveira. A Cláusula de
Eleição de Foro no Conhecimento de Transporte Marítimo (Bill of Lading). In: CASTRO
JUNIOR. Osvaldo Agripino de. (Org.) Direito Marítimo Made in Brasil. São Paulo:
Lex, 2007, p. 121-164; CALABUIG, Rosario Espinosa. Resolución de controvérsias y
derecho aplicable em el transporte marítimo internacional: El caso de La Unión
Europea. In: CASTRO JUNIOR, Osvaldo Agripino de (Org.) Temas Atuais de Direito
do Comércio Internacional. Vol. II, p. 433-466.
28
de direito internacional para elaboração e aplicação das normas
tem sido outro instrumento do DIP, dentre outros. Sem tais procedimentos,
Privado, a IMO não teria cumprido o papel relevante que vem exercendo
efetividade e desatualizado.63
62
PAMBORIDES, George P. International Law and Its Impact on Private Shipping Law.
In: RDHI, vol. 50, p. 183.
63
PAMBORIDES, George P. International Law and Its Impact on Private Shipping Law,
p. 203-204.
29
definitivamente deve retomar nas mãos aquilo que jamais deveriam ter
64
GUILLAUME, Jacques. Les transportes maritimes dans La mondialisation. In:
GUILLAUME, Jacques (org.). Les transports maritimes dans La mondialisation.
Paris: Harmattan, 2008, p. 22.
65
Sobre a disciplina, decorrentes da produção do Grupo de Pesquisa Regulação da
Infraestrutura e Juridicidade da Atividade Portuária: PASOLD, Cesar Luiz. Lições
Preliminares de Direito Portuário. Florianópolis: Conceito Editorial, 2009; CASTRO
JUNIOR, Osvaldo Agripino de. Aspectos jurídicos e políticos do processo de
municipalização do Porto de Itajaí: uma experiência de luta pela cidadania. In: Revista
Marítima Brasileira, v. 127, 2007, p. 153-165; e as seguintes dissertações de
Mestrado em Ciência Jurídica: HAECKLER, Gabriela. Portos Secos: Aspectos
Jurídicos e Polêmicos destacados, 2009; RAMONIGA, Miriam. A natureza jurídica
do órgão gestor de mão de obra: uma análise a partir da Lei n. 8630, de 25 de
fevereiro de 1993, 2008; sob nossa orientação no Programa de Mestrado: DE
OLIVEIRA, Jackeline Daros Abreu. Responsabilidade Civil da União na Atividade
Regulatória Portuária, 2009; COLLYER, Wesley Oliveira. A Lei de Modernização
dos Portos e o Conselho de Autoridade Portuária: Estudo de caso de Itajaí, 2007;
FRIEDRICH, Marlo Froelich. Limites e possibilidades da Nova Lex Mercatoria no
Direito Brasileiro, 2007; PLATCHEK, Ricardo Moisés de Almeida. Limites e
Possibilidades de Aplicação do Código de Defesa do Consumidor ao Contrato de
Transporte Marítimo, 2007; TOMAZ, Roberto Epifanio. Limites e Possibilidades do
Diálogo entre o Direito Empresarial e o Direito Comercial, 2006.
30
o navio, e do porto, considerado o pulmão dos mares, local onde o navio
passado dizia".66
dos Estados Unidos criou uma norma que obrigava o transporte exclusivo
66
Avec le mercantilisme renaissant, le transport risque de ne plus être un élément du
'bonne commerce', mais un instrument de domination, comme Colbert l'avait d'ailleurs
conçu. BAUCHET, Pierre. Les transports mondiaux, instrument de domination.
Paris: Economica, 1998, p. 274.
31
de bens, com financiamento do citado governo, em navios norte-
mares bem como se destina para vários portos em diversos países, além
67
RINMAN, Thorsten; BRODEFORS, Rigmor. The Commercial History of Shipping.
Gothenburg: Rinman & Lindén, 1983, p. 86-87.
68
Sobre o direito nacional e o direito internacional, bem como acerca do Registro
Internacional Francês (RIF) e diferença entre o internacional e o intracomunitário no
transporte marítimo. CHAUMETTE, Patrick. Marine Marchande. Navegations et
espaces juridiques. In: GUILLAUME, Jacques (org.). Les transports maritimes dans
La mondialisation. Paris: Harmattan, 2008, p. 233-244.
32
Direito do Trabalho Marítimo,69 Direito Tributário Marítimo,70 Direito
69
Acerca do tema: ZANINI, Gisele Duro. A Aplicação da Lex Fori nos Processos
Trabalhistas dos Marítimos com Conexão internacional que laboram nos Espaços
Marítimos Brasileiros. Dissertação de Mestrado – Programa de Doutorado e Mestrado
em Ciência Jurídica da UNIVALI. Itajaí: UNIVALI, 2009.
70
Sobre os aspectos tributários do transporte marítimo, inclusive com abordagem
acerca do tonnage tax: TÔRRES, Heleno Taveira. Regime Jurídico das Empresas de
transporte aéreo e marítimo e suas implicações fiscais. In: TÔRRES, Heleno Taveira
(coord.). Comércio Internacional e Tributação. São Paulo: Quartier Latin, 2005, p.
395-454; ADONNINO, Pietro. Aspectos Impositivos de las Empresas de Transporte
Aéreo y Marítimo. In: TÔRRES, Heleno Taveira. Comércio Internacional e
Tributação, 455-498.
71
Para maior aprofundamento no tema, no direito brasileiro: CASTRO JUNIOR,
Osvaldo Agripino de. Aspectos destacados da proteção ao meio ambiente marinho no
Brasil. In: Revista de Direito Ambiental, v. 43, 2006, p. 222-245; LEITÃO, Walter de
Sá. As convenções internacionais e os esquemas voluntários de responsabilidade e
compensação por danos de poluição do mar por petróleo. In: CASTRO JUNIOR,
Osvaldo Agripino de (Org.). Temas Atuais de Direito do Comércio Internacional.
Vol. II. Florianópolis: OAB/SC Editora, 2005, p. 233-268; MARTINS, Eliane Maria
Octaviano. A responsabilidade internacional por danos causados ao meio ambiente
marinho. CASTRO JUNIOR, Osvaldo Agripino de (Org.). Temas Atuais de Direito do
Comércio Internacional. Vol. II, p. 207-232; BARBÉRIO, Alessandro Luiz. A proteção
da água de lastro no Direito Brasileiro. In: Osvaldo Agripino de. (Org.) Direito Marítimo
Made in Brasil. São Paulo: Lex, 2007, p. 331-373; e sob nossa orientação, através de
estudo de caso à luz da gestão e da Norma da Autoridade Marítima n. 20 (NORMAM
20): BERTOLDI, Renata Granemann. A importância do controle da água de lastro
para o Porto de Itajaí. Monografia de Especialização. Universidade do Vale do Itajaí.
Itajaí: UNIVALI, 2007. No direito internacional: GAUCI, Gotthard. Oil Pollution At Sea.
Civil Liability and Compensation for Damage. New York: John Wiley $ Sons, 1997;
IMO. International Maritime Organization. Civil Liability for Oil Pollution Damage.
Texts of Conventions on Libiality and Compensation for Oil Pollution Damage.
London: IMO, 1996 e na União Européia: KESSEDJIAN, Catherine et allii. Le
développement durable, quelles limites aux modes de transport ? In: GRARD,
Loïe.(dir.) L'Europe des transports, p. 709-748; VIALARD, Antoine. Responsabilité
limitée et indemnisation illimitée en cas de pollution des mers par hydrocarbures. In:
GRARD, Loïe.(dir.) L'Europe des transports, p. 749-766; GAUTIER, Marie. Quelles
sanctions pénales à l'encontre des polluers des mers. In: GRARD, Loïe.(dir.) L'Europe
des transports, p. 767-774; FARRE-MALAVAL, Margerie. Les nouvelles exigences
33
Após a apresentação dos aspectos principais do Direito Marítimo,
entendidos menos pela sua suposta novidade e mais, às vezes, pela difícil
entre outros.”73
74
OLIVEIRA, Gesner; FUJIWARA, Thomas; MACHADO, Eduardo Luiz. A Experiência
brasileira com Agências Reguladoras. In: SALGADO, Lucia Helena; MOTTA, Ronaldo
Seroa da. Marcos Regulatórios no Brasil. O que foi feito e o que falta fazer. Rio de
Janeiro: IPEA, 2005, p. 165.
75
De acordo com Aragão, a discrepância de nomenclatura é grande. Nesse sentido,
adotar-se-á o que sustenta Celso Antônio Bandeira de Mello (Privatização e Serviços
Públicos. In: Revista Trimestral de Direito Público, vol. 22, 1998, p. 172- 180) e, com
base no art. 2o, § 3o da Lei n°. 8.031/90, o termo desestatização, em sentido genérico,
e em sentido específico para os serviços públicos cuja execução foi delegada à
iniciativa privada, e privatização para as atividades econômicas que deixaram de ser
exploradas por entidades estatais. (ARAGÃO, Alexandre Santos de. Agências
Reguladoras e a Evolução do Direito Administrativo Econômico, p. 1). Pode-se
citar como exemplo, os serviços de transportes marítimos que eram prestados pela
Companhia Llloyd Brasileiro, que foi privatizada.
35
um marco regulatório específico, como os setores siderúrgico,
econômico.
jurídico.
serviços."76
76
JUNIOR, Umberto Celli. Comércio de Serviços na OMC – Liberalização,
Condições e Desafios. Curitiba: Juruá, 2009, p. 190.
36
No caso do transporte aquaviário brasileiro, a ANTAQ no âmbito
77
Aliás, é na redistribuição "que deve ser identificada a grande função do novo Estado.
Trata-se, portanto, de um Estado que deve basear sua gestão (inclusive do campo
econômico) em valores e não em objetivos econômicos. (...) a redistribuição pode ser
direita – como ocorre, por exemplo, quando a regulação exige dos grandes produtores
ou monopolistas que estendam seus serviços a consumidores (ou candidatos a
consumidores) que eles não têm acesso. É o que se tem, ultimamente, chamado
universalização de serviços." SALOMÃO FILHO, Calixto. Regulação e concorrência
(estudos e pareceres). São Paulo: Malheiros, 2002, p. 93-94.
78
LIMA, João André. A Harmonização do Direito Privado. Brasília: Fundação
Alexandre de Gusmão, 2007, p. 204.
37
mesmo tempo, esse processo reduz o espaço de liberdade dos países
Guimarães:
79
GUIMARÃES, Samuel Pinheiro. Desafios Brasileiros na Era dos Gigantes. Rio de
Janeiro: Contraponto, 2006, p. 321.
38
contudo, deve observar a autonomia, especialmente porque a teoria
sendo:
Guimarães: "(...) pior será aceitar normas internacionais, e mais tarde ter
serenidade (...)".81
internamente o setor regulado tenha rumo, pois aquela regulação deve ser
80
LIMA, João André. A Harmonização do Direito Privado, p. 204.
81
GUIMARÃES, Samuel Pinheiro. Desafios Brasileiros na Era dos Gigantes, p. 296.
39
expressão externa da regulação doméstica, tal como leciona Umberto Celli
Junior:
82
JUNIOR, Umberto Celli. Comércio de Serviços na OMC – Liberalização,
Condições e Desafios, p. 237.
40
pressupostos do alcande e das consequências de um processo de
gestão, mas não podem ser realizadas sem que antes esteja em vigor no
navegação (EBN's).
internacionais, como ONU, IMO, OIT, OMC e OMA, dentre outras. Essa
83
JUNIOR, Umberto Celli. Comércio de Serviços na OMC – Liberalização,
Condições e Desafios, p. 238.
41
globalização das normas sem a globalização da sua efetividade não
que a pobreza diminui, mas a desigualdade nunca foi tão grande entre
ricos e pobres. A globalização tem dado sinais de que é perigosa, pois traz
84
BRAITHWAITE, John; DRAHOS, Peter. Global Business Regulation. Cambridge,
New York: Cambridge University Press, 2000, p. 10.
42
ocorre especialmente pela educação. Somente assim, poder-se-á ter uma
citar a integração hemisférica85 que vem sendo realizada pela União Sul-
infraestrutura sob uma visão regional, por meio da integração física dos
e sustentável.87
85
Para fins de análise comparativa, acerca do papel do contêiner no processo de
integração: FRÉMONT, Antoine. Le trafic maritime conteneurisé: ouverture sur le
monde et intégration régionale. In: TAILLARD, Ch.(sous La direction de). Intégrations
régionales em Asie Orientale. Paris: Éditions de Indes Savantes, 2004, p. 45-61.
86
HEIDRICH, Pablo (org.). Energía e Infraestrutura em América del Sur – Economia
política de la integración. Buenos Aires: Nuevo Ser, 2008, p. 17.
87
Para conhecimento das diversas atividades e projetos que estão sendo
implementados: www.iirsa.org
43
Aliás, no processo de regulação da globalização, nos treze
88
Embora alguns países, como os Estados Unidos, em face da ruptura do diálogo,
usem as redes de coerção, inclusive com ex-potências globalizadoras, como Grã-
Bretanha e Espanha, na sua política no Oriente Médio, com resultados não positivos.
89
BRAITHWAITE, John; DRAHOS, Peter. Global Business Regulation, p. 7.
90
BRAITHWAITE, John; DRAHOS, Peter. Global Business Regulation, p. 32.
91
BRAITHWAITE, John; DRAHOS, Peter. Global Business Regulation, p. 32.
44
empresas mudam as práticas para resolver o problema, outras modelam a
92
Na indústria do transporte marítimo internacional, esse costume é a Lex Maritima.
45
Tabela 1 – Princípios da globalização da regulação dos transportes
46
2.2. Tradição marítima e dependência do Brasil
93
DAVIS, Ralph. The Rise of the Atlantic Economies. World Economic History.
Ithaca, New York: Cornell University Press, 1984, p. 1.
47
transportes mostra 61 % dos fluxos no modal rodoviário, 30 % no
Transportes em abril de 2008, o Brasil ainda não tem uma política nacional
94
Plano Nacional de Logística de Transportes – PNLT. Relatório Executivo. Brasília:
Ministério dos Transportes e Ministério da Defesa, 2007, p. 158.
95
No direito comparado norte-americano, acerca do desenvolvimento de um Direito do
Transporte Intermodal: DEMPSEY, Paul Stephen. The Law of Intermodal
Transportation: What It Was, What It Is, What It Should Be. In: Transportation Law
Journal, vol. 27, 2000, p. 367-417. Sobre uma proposta de política pública de
transporte nacional para os Estados Unidos dos , a partir do Intermodal Surface
Transportation Efficiency Act of 1997 (ISTEA): THOMPSON, Joseph P. ISTEA
Reauthorization and the National Transportation Policy. In: Transportation Law
Journal, vol. 25, 1997-1998, p. 87-108.
48
O capitão dinamarquês Peter Maersk Moeller, nascido em 1836,
assumiu o comando do seu primeiro navio Laura em 1886, que foi vendido
para a Itália em 1909. Antes disso, seu filho Hans Nielsen Jeppesen
local.96
transportado pela via marítima e, embora o mundo tenha sofrido uma crise
96
HORNBY, Ove. "With Constant Care..." A.P. Moeller: Shipower – 1876-1965.
Copenhagen: Schultz, 1988, p. 41.
97
FRÉMONT, Antoine. Maersk et le conteneur, l'émergence d'un réseau mundial. In:
GUILLAUME, Jacques. Les transports maritimes dans La mondialisation. Paris:
Harmattan, 2008, p. 125.
98
MERCOSUL LINE NAVEGAÇÃO E LOGÍSTICA. Mercosul Line. A Empresa.
Disponível em:< www.mercosul-line.com.br> . Acesso em: 4 jan. 2010.
49
econômica a partir de novembro de 2008, a frota mercante mundial
99
UNCTAD. United Nations Conference on Trade and Development. Review of
Maritime Transport 2008. Report by UNCTAD Secretariat. New York and Geneva:
United Nations, 2008, p. xiii.
100
A palavra tonelagem tem relação com a palavra tonel, que é sinônimo de barril. O
vinho na Inglaterra era transportado no maior invólucro (largest conteiner), um barril
chamado tun, que continha 252 galões de vinho, equivalendo a 1.500 modernas
garrafas de 75 cl. No século XIII, talvez mais antes, o tun se tornou a medida padrão
para transporte nos navios ingleses, de forma que se tornou tonnage = tonelagem.
FRIEL, Ian. The British Museum Maritime History of Britain and Ireland. c. 400-
2001. London: The British Museum Press, 2003, p. 64.
101
Toneladas de porte bruto ou capacidade de carga do navio. É considerada, em
comércio internacional, a mais importante medida de capacidade. Internacionalmente,
refere-se à tonelada longa, mas pode também se referir à tonelada métrica. Inclui
provisões, combustível, aguada e óleo. Soma dos espaços internos do navio, ou seu
volume interior, expresso em unidades de 100 pés cúbicos ingleses (2,8317m³).
COLLYER, Marco A.; COLLYER, Wesley O. Dicionário de Comércio Marítimo –
Termos e abreviaturas usados no comércio marítimo internacional. 3ª. Ed. Rio de
Janeiro: Lutércia, 2002, p. 96; 253.
50
enorme. Mas como a economia global tem forte caráter de
brasileiras.
público.105
102
Apud DA GAMA, Arthur Oscar Saldanha. A Reconciliação do Brasil com o Mar.
Rio de Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha, 1974, p. 133-134.
103
Sobre o tema: TETTLEY, William. The Law of the Flag 'Flag Shopping' and Choice
of Law. In: The Maritime Lawyer 17, 1993, p. 139-184.
104
Tais conferências referem-se a empresas de navegação que formam associações
para determinar preços de frete em determinados serviços. Ressalte-se que, embora
liberal, na visão do Diretor da Federal Maritime Commission, advogado George Hern,
em discurso na Norwegian Shipowners´ Association , em Oslo, Noruega, em 17 de
novembro de 1971, sustentava que:" (...) os Estados Unidos sempre assumiram que a
existência de conferências fretes constitui per se violação da sua política antitruste" (p.
159) e que "a filosofia econômica dos Estados Unidos favorece a preservação da
competição e sustenta ceticamente todas as ações que limitam a competição como a
redução do número de competidores". HERN, George H. Problems and Prospects in
International Maritime Regulation. In: Southwestern University Law Review. Vol. 4,
1972, p. 159.
105
Inexiste norma tratando da regulação da conferência de frete no direito brasileiro.
Nos Estados Unidos, a seção 3 (7) do Shipping Act de 1984, conceitua conferência
como associação de transportadores aquaviários oceânicos, que possui um acordo
aprovado ou efetivo para atuar de forma concertada, com poder de cobrar uma tarifa
comum. Ressalte-se que o termo não inclui um serviço conjunto, consórcio, grupo de
empresa ou acordo de transbordo.105 Sobre o tema: CASTRO JUNIOR, Osvaldo
Agripino de. Direito Regulatório e Inovação nos Transportes e Portos nos Estados
52
2.3. Bandeira de conveniência: uma realidade inconveniente
navios no Panamá.
parte da OMC.109
108
Mencione-se que, apesar da Grécia não ser considerado país de bandeira de
conveniência, os gregos possuem grande quantidade de navios registrados em tal
regime. Sobre a história da marinha mercante grega e o desenvolvimento da
inteligência marítima, embora combatida pelos sindicatos de trabalhadores marítimos,
com ênfase na estratégia dos gregos de possuírem embarcações registradas em
países de bandeira de conveniência: HARLAFTIS, Gelina. A History of Greek-Owned
Shipping. The Making of and International Tramp Fleet, 1830 to the Present Day.
London and New York: Routledge, 1996.
109
UNCTAD. United Nations Conference on Trade and Development. Review of
Maritime Transport 2008, p. 46.
110
Com maior profundidade: MUNIZ, Rafael. A Nacionalidade do Navio à luz da
Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar de 1982: O vínculo efetivo
entre o navio e o Estado. Dissertação de Mestrado em Ciência Jurídica. Itajaí:
UNIVALI, 2009.
54
deixou aos Estados-membros a competência para enumerar os requisitos
para que ocorra tal vínculo e art. 92 trata do Estatuto do Navio, tal como se
verifica adiante:
111
Dentre os quais podem ser citados: Torrey Canyon (1968), Argo Merchant (1976) e
Amoco Cadiz (1978).
112
ANDERSON III, H. Edwin. The Nationality of Ships and Flags of Convenience:
Economics, Politics, and Alternatives. In: Tulane Maritime Law Review. Vol. 21. 1996-
1997, p. 163.
56
Os navios que possuem esse certificado se comprometem a dar
para tal fundo. Sobre o fundo, segundo Northrup e Rowan, se a ITF acabar
Brasil.
113
NORTHRUP, Herbert; ROWAN, R.L. The International Transport Worker´s
Federation and Flag of Convenience Shipping (1983), p. 151 Apud NORTHRUP,
Herbert R.; SCRASE, Peter B. The International Transport Worker´s Federation Flag of
Convenience Shipping Campaign: 1983-1985. In: Transportation Law Journal. Vol.
23, 1995-1996, p. 422.
114
O Brasil já possui instituições (CADE, ANTAQ, MPF) e normas suficientes para
combater, por exemplo, os cartels shipping, tal como a Antitrust Division - Department
of Justice vem fazendo.
115
STOPFORD, Martin. Maritime Economics. London and New York: Routledge,
2004, p. 2.
57
Como o transporte marítimo é serviço, deve-se estudar a
vez que se encontra regulado pelo GATS, exige uma postura pró-ativa do
116
Acerca das negociações dos serviços na OMC, sem abordar transportes marítimos,
não obstante tratar dos serviços portuários: DE OLIVEIRA, Amâncio Jorge (coord.) et
allii. Serviços. In: THORSTENSEN, Vera; JANK, Marcos S. (coords.). O Brasil e os
Grandes Temas do Comércio Internacional. São Paulo: Lex, Aduaneiras, 2005, p.
116-154.
117
JUNIOR, Umberto Celli. Comércio de Serviços na OMC – Liberalização,
Condições e Desafios. Curitiba: Juruá, 2009, p. 236.
58
governo brasileiro na OMC a fim de aplicar sanções aos países que
leal.
Brasil.118
118
A ordem pública brasileira, conforme o art. 17 da LICC não tolera tais dispositivos,
todavia, na maioria das vezes, os mesmos não são questionados pelos que operam o
transporte marítimo no Brasil, inclusive operadores do direito. Sobre o tema: CASTRO
JUNIOR, Osvaldo Agripino de (org.). Direito Marítimo Made in Brasil. São Paulo: Lex,
2007, p. 11-31; p. 47-283.
59
Isso ocorre porque, em regra, como os armadores são grupos com
ingênuo pois a tarefa mais árdua da esfera pública que regula o shipping é
119
Nas Regras de Haia e Haia-Visby nada justifica a exclusão da responsabilidade de
um transportador que se beneficia da limitação da responsabilidade por danos, com
base na culpa náutica e incêndio Isso reduz o grau de cuidado exigido dele no
transporte, enquanto que o embarcador pode pagar o aumento de frete criado pelo
transportador.
120
Acerca das três convenções: KARAN, Hakan. The Carrier’s Liability Under
International Maritime Conventions: The Hague, Hague-Visby, and Hamburg
Rules. Wales: Edwin Mellen, 2004.
60
Após a Segunda Guerra Mundial, os ambientes político e
assim, 93% da frota mercante ainda estão nas mãos dos países
aos transportadores/armadores.
linguagem das Regras de Haia, que causa confusão e dos seus injustos
multimodalismo.
123
COMITE MARITIME INTERNACIONAL. Disponível em:<www.cmi.org> Acesso em:
10 jan. 2010.
62
segurador, entre custo e segurança, e entre as tarifas de frete e a
responsabilidade civil.
Trabalho III.
conteúdo.
direitos.125
124
UNCTAD. United Nations Conference on Trade and Development. Review of
Maritime Transport 2009. New York and Geneva: United Nations, 2009, p. 124.
125
UNCTAD. United Nations Conference on Trade and Development. Review of
Maritime Transport 2009, p. 124.
64
Por sua vez, todos os regimes internacionais de transporte de
consignatário. Isso não ocorre com as RR, vez que conforme o seu art.
126
UNCTAD. United Nations Conference on Trade and Development. Review of
Maritime Transport 2009, p. 128.
65
responsabilidade do transportador – não subordinada a qualquer limitação
convocar uma audiência pública com todo o setor, para discutir qual o
(art. 90)?
em caso de não aceitação universal, com maior risco e prejuízo aos países
127
UNCTAD. United Nations Conference on Trade and Development. Review of
Maritime Transport 2009, p. 129.
128
KARAN, HAKAN. The Carrier´s Liability Under International Maritime
Conventions- The Hague, Hague-Visby, and Hamburg Rules. New York: Edwin
Mellen, 2004.
66
exportadores que precisam do transporte marítimo, como o Brasil. Mas é
preciso ajustes.
(1980).129
revisado a fim de que expresse os interesses dos países que não possuem
transporte mais seguro e justo das suas mercadorias pela via marítima.
129
TETLEY, William. Summary of Some General Criticisms of the UNCITRAL
Convention (The Rotterdam Rules). Preliminary Observations, p. 2.
67
fugir do debate sobre a necessidade de uma política de Estado (longo
Conclusão:
costumes (Lex Maritima), desde que não violem a ordem pública brasileira
(art.17, da LICC).
68
Navegação Marítima, Direito do Mar, Direito Ambiental Marítimo, Direito
e) Tal estudo poderá ser usado como subsídio para atuação do Brasil
a fim de que expresse os interesses dos países que não possuem frota
Referências
71
DA GAMA, Arthur Oscar Saldanha. A Reconciliação do Brasil com o Mar. Rio de
Janeiro: Serviço de Documentação da Marinha, 1974.
DAVIS, Ralph. The Rise of the Atlantic Economies. World Economic History.
Ithaca, New York: Cornell University Press, 1984.
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Documentação da Marinha, 2005.
FRIEL, Ian. The British Museum Maritime History of Britain and Ireland. c. 400-
2001. London: The British Museum Press, 2003.
72
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Southwestern University Law Review. Vol. 4, 1972, p. 157-175.
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to Post Modernism and Beyond. 2nd. Ed. Princeton: Princeton University Press, 2006.
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Tribunais Internacionais - Mecanismos Contemporâneos de Solução de
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Tema à Luz da Globalização. Rio de Janeiro: Forense, 2006.
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STOPFORD, Martin. Maritime Economics. London and New York: Routledge, 2004.
74
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Convention (The Rotterdam Rules). Preliminary Observations. nov. 5, 2008,
mimeo.
TETLEY, William. International Maritime and Admiralty Law. Québec: Éditions Yvon
Blais, 2002.
TETTLEY, William. The Law of the Flag 'Flag Shopping' and Choice of Law. In: The
Maritime Lawyer 17, 1993, p. 139-184.
75