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ABSTRACT: From the historical evolution of international trade and its regulation, presented the
Customs Law, its essential elements and functions of the Customs, in order to allow their insertion in
the Brazilian legal system, its differentiation with the Tax Law and the points in common with the
Economic Law.
9 Fonte: OMC.
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a Zona Franca de Manaus, que faz parte do território brasileiro, mas possui um
tratamento aduaneiro especial).
Após diferenciarmos o território aduaneiro do território geográfico e político, as
demais considerações para a caracterização do comércio internacional devem ser
observadas: apenas nos casos em que a operação comercial é feita transpondo a
fronteira do território, no caso aduaneiro, a operação pode ser caracterizada como
uma operação de comércio exterior, do ponto de vista específico de um país, com
sua conotação aduaneira.
Outro elemento essencial para o Direito Aduaneiro é a mercadoria15.
Considerando o comércio internacional como objeto de estudo do Direito
Aduaneiro, chega-se à mercadoria, o objeto material da atividade comercial. A
doutrina aduaneira é unânime ao definir mercadoria, para fins aduaneiros, como
todo objeto suscetível de tráfego internacional e passível de controle 16. Nesse
conceito, temos como mercadoria não apenas o objeto sujeito à comercialização,
mas uma acepção mais ampla, como aqueles objetos sujeitos ao tráfego
internacional por qualquer outro motivo.
A individualização da mercadoria, por meio de sua codificação, permite o
controle por parte das autoridades aduaneiras, e a imposição de restrições ao
tráfego e a sua tributação. Sem o conhecimento da mercadoria objeto do comércio
internacional, a autoridade aduaneira não pode exercer sua função.
Por esse motivo, associado à tradição, alguns doutrinadores defendem que
apenas o que for passível de controle por parte da Aduana poderia ser considerado
como objeto do comércio internacional, dentro do conceito estrito de mercadoria 17.
Esses autores partem da figura histórica (e ainda presente) do posto aduaneiro na
fronteira, que faz a conferência física de todas as mercadorias que ultrapassam a
fronteira, sem considerar as limitações desse tipo de controle na atualidade derivado
do volume de comércio exterior do país (e mesmo da unidade aduaneira de
controle), e sem considerar a evolução do comércio internacional, que apresenta
outros itens passíveis de comercialização, como por exemplo, os serviços e os
intangíveis.
15 O termo “mercadoria” empregado pelo Decreto-lei nº 37/1966 não tem o escopo de restringir a
incidência do imposto de importação aos bens destinados ao comércio, mas alcança significado
idêntico ao de “produto”. Nesse sentido SOUZA (1980), LOPES FILHO (1983), MEIRA (2002),
FOLLONI (2005) e TREVISAN (2008a).
16 Cf. BASALDÚA (2011), CARRERO (2009) e FÉLIX ALAIS (2008).
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17 Cf. BASALDÚA (2011, p.46), CARRERO (2009, p.192) e FÉLIX ALAIS (2008, p.154).
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3. AS FUNÇÕES DA ADUANA
20A clássica função de aplicação de proibições e restrições também pode ser considerada dentro da
função de controle, representando um instrumento estatal de política econômica.
13
23 O conteúdo deste tópico foi adaptado do artigo intitulado “A Linha Azul no Brasil: diagnósticos e
desafios”, elaborado dentro do programa de pesquisa em finanças públicas da Escola de
Administração Fazendária (ESAF), no ano de 2013, que contou com a nossa colaboração,
juntamente com os pesquisadores Cristiano Morini, Luiz Henrique Travassos Machado e Rosaldo
Trevisan.
15
comerciais. Para evitar que o aumento dos custos resulte numa diminuição do
volume do comércio internacional, buscou-se uma nova etapa na administração
aduaneira, por meio de medidas de “facilitação do comércio”, mediante a
simplificação e a harmonização das atividades aduaneiras.
Além disso, as especificidades da internacionalização das empresas e da
economia, como por exemplo as cadeias globais de valores, e estratégias de
distribuição global eficazes, demandam das administrações aduaneiras
procedimentos céleres para facilitar as operações comerciais e favorecer os
investimentos. Nesse início de século, a Aduana está sendo questionada a conceber
métodos mais flexíveis de controle, de forma a não prejudicar o comércio
internacional, por meio de medidas de gestão de riscos, novas ferramentas
tecnológicas e o intercâmbio de informações. A facilitação comercial proposta não
significa a liberalização do comércio e a minimização do controle, mas uma nova
forma de controle aduaneiro25.
Dessa maneira, práticas de boa gestão aduaneira têm sido compartilhadas no
sentido de propor soluções para o aparente conflito entre facilitação comercial e o
controle aduaneiro. Eis algumas premissas para a implantação dessa possível nova
função aduaneira: o controle aduaneiro será exercido de forma a utilizar mais
atributos de inteligência, por meio de sistemas de controle informatizados que
permitirão o gerenciamento do risco em cada operação de comércio exterior, de
cada interveniente, de cada origem e de cada tipo de mercadoria, concentrando a
mão-de-obra aduaneira na zona primária nas operações com maior risco, com a
verificação das demais operações em procedimentos fiscais a posteriori, por meio de
auditorias fiscais nos estabelecimentos dos importadores e exportadores. Trata-se
de uma modernização de procedimentos de auditoria-fiscal, em geral, e dos
procedimentos aduaneiros, em especial.
A Convenção de Quioto Revisada constitui importante instrumento para
promover a facilitação comercial internacional. Em seu preâmbulo, nota-se a
preocupação das partes contratantes em contribuir para o desenvolvimento do
de operadores econômicos que têm um histórico de cumprimento de normas (compliance) e que são
auditados periodicamente (SCORZA, 2007; MORINI e LEOCE, 2011 apud MORINI et al, 2014).
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REFERÊNCIAS
COELHO, Flávio José Passos. Facilitação comercial: desafio para uma Aduana
moderna. São Paulo: Aduaneiras, 2008.
FÉLIX ALAIS, Horacio. Los principios del Derecho aduanero. Buenos Aires: Marcial
Pons Argentina, 2008.
FOLLONI, André Parmo. Tributação sobre o comércio exterior. São Paulo: Dialética,
2005.
MEIRA, Liziane Angelotti. Regimes aduaneiros especiais. São Paulo: IOB, 2002.
MELO, Ruy de; REIS, Raul. Manual do imposto de importação e regime cambial
correlato. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1970.
SMITH, Adam. A riqueza das nações – livro quinto. São Paulo: Editora Nova Cultura,
1996.