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INTRODUÇÃO

Pretendemos com este trabalho, apresentar por meio de aspectos teóricos, análise
de artigos e indicações bibliográficas, o comércio internacional, o seu desenvolvimento e
a sua relação com as taxas de juro e câmbio, assim como seus conceitos e suas
ferramentas.

O processo de globalização tem se intensificado nos últimos anos, principalmente


quando vinculado a fatores determinantes ao intercâmbio econômico. Este
desenraizamento, e a consequente perda de fronteiras do capital fez com que o mundo
contemporâneo experimentasse novas ocorrências em suas economias.

Está perda de fronteiras foi a luz do desenvolvimento do comércio internacional.


Este intercâmbio de bens, serviços e capitais entre os diferentes países vem representando
em muitas economias uma grande parcela do seu PIB.

As crises inflacionárias são responsáveis por inúmeras tentativas frustradas de


conter o aumento desenfreado dos preços, fazendo com que economias fiquem
desacreditadas e desequilibradas caindo em descrédito em relação ao resto do mundo. O
comércio internacional surge em resposta a estes cenários, visando o crescimento
econômico, acompanhado da estabilidade dos preços aliado a politicas monetárias para
que muitas economias recuperem o equilíbrio e a confiança internacional, atraindo
investidores para o seu mercado, o que o correlaciona as taxas de câmbio e juros e a sua
importância evidente com as variáveis exportação e importação. Uma vez que analisar o
valor da moeda vigente constitui um dos processos mais importantes, pois essa moeda
sofre mudanças devido às flutuações que acontecem no sector econômico do país e do
exterior, e olhando para a taxa de juros, um mal posicionamento pode levar a economia
de um país a uma situação critica no que diz respeito a demanda por bens e serviços no
mercado nacional e internacional.

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1. COMÉRCIO INTERNACIONAL

Definimos comércio como sendo a troca de bens e serviços por capital e ao comércio
internacional por ser uma troca a nível internacional, que acontece entre nações e não de
forma interna dentro do país.

O comércio internacional é um dos responsáveis pelo crescimento e


desenvolvimento da economia dos países e em grande parte dos países esse ramo
representa uma fatia considerável do seu PIB.

A sua historia é vasta, começando a se desenvolver com maior vigor a partir do


século XX, com a intensificação da globalização onde houve um crescimento da
população mundial, da produção industrial, do avanço dos meios de transporte e das
telecomunicações, e também o desenvolvimento das empresas e, portanto, a necessidade
de expansão.

À medida que ocorreu esta evolução, a participação dos países se tornou cada vez
mais intensa, principalmente no pós-guerra. Esse crescimento trouxe transações que
envolveram atividades de exportação e importação, investimentos, empréstimos e
transações diversas.

1.1. Importação e exportação

Importar significa adquirir bens e serviços de fora do país. Já exportar é vender


produtos e serviços para outros países. Essas trocas de mercadorias entre países auxiliam
no desenvolvimento econômico e também em diversas áreas.

O comércio internacional está baseado no intercâmbio de mercadorias, o seu


crescimento depende do volume de importação e exportação dos produtos de
determinados países e do nível de desenvolvimento das nações, pois se forem pouco
desenvolvidas, os seus produtos terão baixo valor e terão que importar mais do que
exportar. O contrário também acontece, pois quanto mais são desenvolvidas, mais
aumenta o valor das exportações de seus produtos.

É importante ressaltar que o comércio internacional não acontece de modo igual em


todos os países. Alguns contribuem mais, e outros menos. Essas operações são
fiscalizadas e normatizadas pelas aduanas dos países, por meio de regras, normas e termos
nacionais que regem essas relações, esse processo é chamado de comércio exterior.

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De forma geral, existem diversos agentes que envolvem o mercado internacional,
um deles é o imposto de importações (tarifas aduaneiras), que incide em um pagamento
que as autoridades econômicas exigem para a importação de produtos de outros países,
com o objetivo de elevar o seu preço de vendas no mercado interno, e assim proteger os
produtos nacionais para que não sofram a concorrência de bens mais baratos. Quotas de
importação.

1.2. Blocos Econômicos e Comércio Internacional

O comércio internacional provocou o aumento das barreiras comerciais, que


foram impostas para proteger o desenvolvimento das empresas locais. Essas barreiras
inseridas pelos desenvolvidos afetaram as exportações dos países emergentes. Dentre
elas, pode-se citar:

• A Barreira Tarifária, aonde são adicionadas alíquotas de impostos sob


produtos estrangeiros; e
• A Barreira não Tarifária, que seria impor cotas, controle de preços,
normas, regras, regulamentações sanitárias aos produtos estrangeiros. Estás
barreiras discriminam os produtos estrangeiros e favorecem os nacionais.

A fim de reduzir as barreiras económicas e privilegiar os mercados regionais foram


criados os blocos econômicos.

Esses blocos formaram-se na segunda metade do século XX, sendo um dos seus
principais objetivos, incentivar o crescimento da economia de determinada região,
eliminar as barreiras que dificultam a importação e também fortalecer o comércio interno.
Por meio de acordos autorizados entre dois ou mais países, regidos pelo direito
internacional, usados para orientar as relações comerciais. Com esses acordos, os países
podem garantir a redução dos impostos de importação para seus produtos.

Com os acordos comerciais houve a integração dos países, facilidades com relação
ao fluxo de mercadorias, capitais e serviços, e de forma mais avançada, a livre circulação
de pessoas. Dependendo do tipo de integração, os blocos podem ser classificados em
zonas de livre comércio, união aduaneira, mercado comum e união econômica e
monetária.

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• Zona de livre comércio – É quando um grupo de países concordam em
eliminar as tarifas, quotas e preferências que recaem sobre a maior parte dos
bens importados e exportados entre os países. O propósito da área de livre
comércio é estimular o comércio entre os países participantes por meio da
especialização, da divisão do trabalho e da vantagem comparativa, muitas
vezes vista como um passo para a instituição de uma união aduaneira,
diferenciando-se desta pela inexistência de uma política comercial comum.
• União Aduaneira – É uma área de livre comércio entre um grupo de países
ou territórios que instituem uma união aduaneira, havendo livre circulação
de bens e uma tarifa aduaneira comum a todos os membros, válida para
importações provenientes de fora da área.
• Mercado Comum – É a união aduaneira com políticas comuns de
regulamentação de produtos e com liberdade de circulação de todos os três
fatores de produção (pessoas, serviços e capitais). Neste mercado, a
circulação de capital, trabalho, bens e serviços entre os membros deve ser
tão livre como dentro do território de cada participante. Um bom exemplo
de mercado comum é a União Europeia.
• União Econômica e monetária – É um mercado comum dotado de uma
moeda única. Consiste na coordenação das políticas econômicas dos países
membros e na criação de um único banco central para emitir a moeda que
será utilizada por todos, que é o caso da União Europeia.

1.3. Teorias do Comércio Internacional

Existem diversas teorias que envolvem o comércio internacional e entendê-las é


fundamental para conhecer como ele funciona.

As teorias clássicas chegaram na segunda metade do século XVIII com a


necessidade de explicar as trocas internacionais entre os países. Elas surgiram no período
mercantilista, no momento em que os países intensificaram suas trocas comerciais livres,
chamadas de liberalismo econômico. A sua relação com o comércio internacional era de
que diversos países tinham necessidade econômicas e precisam supri-las através de
produtos e serviços que podiam ser encontrados em outras partes do mundo.

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1.3.1. Teoria da Vantagem Absoluta

É uma teoria proposta por Adam Smith, em sua obra Riqueza das Nações (1776),
que afirma que uma nação só exportará um produto, caso ela consiga produzi-lo por um
custo baixo. Com isso, cada país deveria focar na produção de produtos que fossem mais
vantajosos de acordo com os custos e modo de produção. Nisso, a nação deveria
considerar seus recursos naturais, clima, localização e competência dos trabalhadores.
Quando o país foca na produção e exportação do que tem vantagem absoluta, ele cria
condições para importar mercadorias das nações que também tem vantagens absolutas.
Essa teoria foi criticada porque nem sempre um país teria um produto que garantisse
vantagem absoluta sobre ele.

1.3.2. Teoria das Vantagens Comparativas

Para resolver o problema da teoria da vantagem absoluta, David Ricardo criou a


Teoria das Vantagens Comparativas, em 1817. Essa teoria apoia a ideia de que também
existem condições de comércio internacional para países que não tem vantagens
absolutas, a partir do momento em que eles direcionam os trabalhadores a produzirem
produtos que contenham maiores vantagens ou menores vantagens comparativas.

1.3.3. Teoria da Demanda Recíproca

Já a Teoria da Demanda Reciproca surge com John Stuart Mill para complementar
as teorias anteriores e determina a relação quantitativa de trocas internacionais entre
países, verificando as possibilidades e limites de trocas, onde haveria maior ou menor
interesse dos países de comercialização no mercado internacional.

1.3.4. Teorias Modernas do Comércio Internacional

As teorias modernas trazem uma explicação do comércio internacional por meio do


custo comparativo de oportunidades, que são diferentes entre um país e outro, visto que
são consideradas os fatores de produção: natureza, trabalho e capital.

A Escola de Upsala da Suécia é uma das responsáveis pela criação de teorias


modernas, uma delas é a Teoria das Proporções dos Fatores, proposta pelos economistas
Eli Filip Heckscher e Bertil Ohlin. Mesmo sendo controversa, é considerada uma das mais
influentes. Ela está apoiada na ideia de que os países estabelecem a troca de mercadorias,
pois não podem comercializar os fatores de produção (natureza, trabalho e capital), ou

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seja, um país onde o trabalho é escasso, importa bens que necessitam desse fator de
produção de forma mais intensa e exporta mercadorias que utilizam capital, que é o seu
maior fator.

Porter trouxe uma crítica à teoria e propôs a Teoria da Vantagem Competitiva das
nações que procurou explicar o motivo de algumas nações serem sedes de empresas bem-
sucedidas mundialmente. De acordo com ele, nesse mercado são as empresas que
competem no mercado internacional e não as nações. Estas são responsáveis por trazerem
um estímulo à inovação e a competitividade, sendo a base do comércio internacional.

1.4. Principais Organismos Internacionais do Comércio

Os organismos internacionais são organizações criadas a partir do pós-guerra,


responsáveis por dar apoio ao sistema capitalista, ao processo de internacionalização das
economias e também definir as regras referentes a esse comércio.

• Fundo Monetário Internacional (FMI) - Criado em 1994 através do acordo de


Bretton Woods tem a função de garantir a estabilidade financeira do mundo e
ajudar os países em crises econômicas através de empréstimos.
• Banco Mundial - foi criado durante a 2ª Guerra Mundial com a função inicial de
auxiliar e reconstruir a Europa pós-guerra. Após essa reestruturação focou no
auxilio a desastres naturais, ajudas humanitárias e outras necessidades advindas
de conflitos, sendo seu principal foco contribuir para a redução da pobreza de
países em desenvolvimento.
• Organização Mundial do Comércio (OMC) - em 1948 foi criado o Acordo
Geral de Tarifas e Comércio (GATT) com o objetivo de incentivar o crescimento
da economia mundial, através de negociações de acordos entre os países, a fim de
reduzir as barreiras comerciais. Mas, em 1994, o acordo se transformou na OMC,
entrando em funcionamento em janeiro de 1995.

• Câmara de Comércio Internacional (CCI) - é um organismo não


governamental criado em 1919 composta pelas câmaras de comércio.

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2. MOEDA CONCEITOS

Apesar de receber variadas utilizações no cotidiano, o termo moeda, no geral, recebe


entre os economistas uma comum definição. No geral, o pensamento comum, segundo
Gremaud; Vasconcellos e Toneto Júnior (2004, p. 217), define moeda como “tudo aquilo
que é geralmente aceito para liquidar as transações, isto é, para pagar pelos bens e serviços
e para quitar obrigações”.

Segundo Paul Hugon (1978), a moeda existe com seus caracteres e suas funções
nitidamente determinadas, a evolução dela vai continuar e se realizará no sentido de uma
desmaterialização cada mais acentuada do instrumento monetário, tornando-se mais
flexível, mais abstrato, mais adaptável ao desenvolvimento das trocas modernas, cada vez
mais numerosas, mais rápidas e mais complexas. Foi assim que apareceram a moeda-
papel, o papel moeda e a moeda escritural.

3. TAXA DE JUROS

A taxa de juros é uma das variáveis mais acompanhadas do sistema econômico,


sua oscilação afeta diretamente em diversas outras importantes variáveis na economia,
como nas decisões de consumo dos indivíduos, nas decisões de investimento, na
magnitude do déficit público e, também, no fluxo de recursos externos para a economia,
entre outras.

A taxa de juro pode ser entendida, a grosso modo como o preço do dinheiro ou,
de outra forma, como o preço a pagar pela utilização de recursos monetários que são
pertença de outrem. Deste modo a taxa de juros pode ser considerada como o prêmio pago
pela renúncia ao consumo presente em favor do consumo futuro, ou seja, a remuneração
exigida por um agente econômico ao decidir postergar o consumo, transferindo seus
recursos a outro agente. A taxa de juros é vista como prémio pela poupança.

A taxa de juro é uma variável central na estruturação do raciocínio


macroeconómico; ela é o preço que se forma no mercado monetário por interação entre
procura de moeda e oferta de moeda, mas é também uma variável fundamental para as
decisões dos agentes económicos, nomeadamente as empresas que vão basear as suas
decisões de investimento no custo associado à aquisição de capital.

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Ela funciona como motivador para os agentes superavitários que aceitam deixar
de consumir no presente para consumir mais no futuro. Já os agentes deficitários aceitam
pagar um pouco mais para consumir no presente.

3.1. Taxa de Juro: O Preço do Dinheiro

Numa economia que funciona livremente, o mecanismo dos preços está na base
da respectiva distribuição e utilização de recursos. A taxa de juros não é mais do que o
preço pago pelas entidades que necessitam de financiamento, de modo a garantirem o
acesso aos fundos de que precisam.

Tal como acontece em qualquer outro mercado; o nível dos preços é ditado pela
relação existente entre a oferta e a procura. A oferta é função, fundamentalmente, da
propensão para a poupança (ou se preferirmos, da preferência temporal pelo consumo,
que é inversa a esta). A procura por sua vez, oscila na sequência das variações que se
registam ao nível das oportunidades de investimento produtivo disponíveis na economia.

3.2. Determinação da taxa de juros (I)

Na economia se registam dois tipos de moeda: depósito a vista, que são ofertados
pelos bancos, e moeda manual, que é ofertada pelo Banco central.
Demanda por moeda, oferta de moeda e taxa de juros de equilíbrio suponha que o Banco
central decida ofertar um montante de moeda igual a M, de modo que Mº=M. o subscrito
s representa a oferta.

O equilíbrio nos mercados financeiros requer que a oferta de moeda seja igual à
demanda por moeda, ou seja, que MS=Md. Portanto, usando Ms =M para a demanda por
moeda, a condição de equilíbrio será:

Oferta de moeda=Demanda por moeda


M=$YL (I)

Esta equação nos diz que a taxa de juros i deve ser tal que, dada sua renda $Y, as
pessoas estejam dispostas a ter um montante de moeda igual à oferta de moeda existente
M. Esta relação de equilíbrio é chamada de relação LM.

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3.2.1. Efeitos de um aumento da renda nominal sobre a taxa de juros

Um aumento da renda nominal leva a um aumento da taxa de juros

3.2.2. Efeitos de um aumento da oferta de moeda sobre a taxa de juro

Um aumento da oferta de moeda leva a uma diminuição da taxa de juros.

É útil pensar na escolha pela taxa de juros porque é o que os bancos centrais
modernos, incluindo o Fed normalmente fazem. Eles normalmente pensam na taxa de
juros que desejam atingir e então alteram a oferta de moeda de modo a atingir essa taxa.

A taxa de juros é determinada pela igualdade entre oferta de moeda e demanda por
moeda. Ao alterar a oferta de moeda, o banco central pode afetar a taxa de juros, está
alteração na oferta de moeda ocorre por meio de operações de mercado aberto, que são
compras ou vendas de títulos em troca de moeda.

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Diante deste cenário, as operações de mercado aberto nas quais o banco central
aumenta a oferta de moeda por meio da compra de títulos levam a um aumento no preço
dos títulos e a uma diminuição na taxa de juros. Por outro lado, as operações de mercado
aberto nas quais o banco central diminui a oferta de moeda por meio da venda de títulos
levam a uma diminuição no preço dos títulos e a um aumento da taxa de juros.

3.3. A Influência da inflação na taxa de juro: Taxa de juro Real e Taxa


de juro Nominal

A taxa de juro real é a taxa de juro de equilíbrio, aplicado num dado momento aos
ativos financeiros desprovidos de risco, num contexto de ausência de inflação. Ou seja, é
a taxa que traduz a remuneração do diferimento do consumo no tempo.

Irving Fisher em 1930, apresentou um trabalho que ainda hoje é considerado


exemplar neste domínio. Na sua opinião:

As taxas de juros nominais, que são as taxas de juro que registam no mercado,
tendem a oscilar na razão direta da inflação verificada. O raciocínio de Fisher tem toda a
pertinência. Dado que tanto os empréstimos como as taxas de juro são definidos e pagos
em termos nominais, e não em quantidades físicas, o que faz com que a taxa de juro
nominal incorpore uma parcela que corresponda à alteração nos preços.

Suponhamos que se tenha feito um depósito de algumas economias em uma conta


bancária que remunere 5% de juros ao ano. No ano subsequente, retira-se a poupança e
os juros acumulados. O depositante se torna 5% mais rico do que na ocasião em que fez
o depósito, um ano antes?

A resposta depende do que significa "mais rico" certamente, o depositante tem 5%


a mais do que antes, em termos de unidades monetárias. Contudo, se os preços subiram,
cada unidade monetária compra menos e o seu poder de compra não aumentou em 5%.
Se a taxa de inflação foi de 3% ao longo do ano, a quantidade de bens que você consegue
comprar aumentou em apenas 2% e se a taxa de inflação foi de 7%, seu poder de compra
teve uma perda de 2%.

A taxa de juros com que o banco remunera é conhecida como taxa de juro nominal,
enquanto o aumento do seu poder de compra é conhecido como taxa de juro real. Partindo

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do princípio que a inflação significa a perda no poder de compra da população, precisa
ser feita a distinção entre taxa de juros nominais e reais.

• A taxa de juros nominal – Ganho monetário obtido por determinada aplicação


financeira, independente do comportamento da moeda. A taxa de juros nominal é
a soma entre a taxa de juros real e a taxa de inflação.

• A taxa de juros real – Corresponde ao ganho que se obtém em termos de poder


de compra. Ou seja, é a taxa de juros nominal descontada a taxa de inflação.

4. POLÍTICA CAMBIAL E DE COMÉRCIO EXTERIOR

Segundo Lanzana (2005), a política cambial e de comércio exterior corresponde


às ações do governo que atingem diretamente as transações internacionais do país. Por
meio da política cambial, o governo pode atuar no mercado de divisas de várias formas,
dependendo da política que está sendo adotada: fixando o valor do câmbio, comprando e
vendendo diretamente moeda estrangeira, etc. Já a política de comércio exterior diz
respeito à atuação do governo na área de exportação e importação.

O mercado de câmbio é formado pelos diversos agentes econômicos que compram


e vendem moeda estrangeira, conforme suas necessidades.

Eventuais déficits na Balança de Pagamentos são decorrentes do fato de a entrada


de divisas (moeda estrangeira) serem inferiores a saída de divisas. Este facto é resultado
de dois desiquilíbrios. O Primeiro é que se exportam bens e serviços a menos do que se
consegue importar, resultando em uma saída de divisas maior do que a entrada. O segundo
desiquilíbrio é causado pelo lado financeiro, onde não se consegue atrair recursos (moeda
estrangeira) em quantidade suficiente para pagar contas externas.

Assaf Neto (2005, p. 54) relata que o crescente número de economias, com suas
respectivas moedas, envolvidas nas operações de comércio internacional geram uma
maior necessidade de estabelecer a conversibilidade de uma moeda em outra, fato este
definido por taxa de câmbio.

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4.1. Taxa de Câmbio

A taxa de câmbio, representa o valor que a autoridade monetária de determinado


país aceita negociar a sua moeda, no intuito de tentar controlar suas transações
internacionais de maneira a viabilizar suas necessidades de expansão da economia e
promover seu desenvolvimento econômico. Ela não é afetada apenas pelo comércio de
bens (Balança Comercial), mas também pelos serviços vendidos e recebidos do exterior,
doações e transações financeiras.

Esta taxa pode ser definida em dois modos:

• Cotação incerta ou direta – quantidade da moeda nacional necessária


para adquirir uma unidade de moeda estrangeira.
• Cotação indireta ou certa – quantidade de moeda estrangeira necessária
para adquirir uma unidade de moeda nacional.

A taxa de câmbio mostra o preço de uma moeda medida em relação à outra. Isto é,
ela não expressa apenas a condição de troca entre duas moedas, mas também as relações
entre dois países. Como a taxa de câmbio mostra o preço relativo dos bens de um país
em relação aos preços de um outro, variações que podem tornar os bens fabricados mais
caros ou mais baratos, estimulam ou desestimulam as exportações. Assim ela é utilizada
com frequência pelos países para realizar políticas econômicas.

Ela interfere diretamente no comercio internacional, pois o seu preço determina o


grau de competitividade entre os países.

O câmbio segue diversos padrões monetários, onde se destacam, na atual ordem


econômica mundial, as taxas de câmbio fixas e flutuantes, seguindo cada uma delas uma
estratégia distinta para a determinação das taxas cambiais.

Num regime de câmbio flutuante, são as forças de mercado, oferta e demanda, que
definem a taxa de câmbio vigente, isto é, a taxa de câmbio ajusta-se até que a procura e a
oferta de moeda estrangeira sejam iguais, ou seja, até que o saldo da balança de
pagamentos seja nulo.

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Já num regime de câmbio fixo, o Banco Central define a taxa de câmbio e realiza as
operações necessárias para mantê-la no patamar afixado.

Para que este procedimento funcione, é necessário que o país conte com uma reserva
internacional importante, a fim de garantir os movimentos (entradas e saídas) da moeda
estrangeira. A finalidade deste regime é manter a estabilidade do valor de uma moeda em
relação à outra que apresente mais estabilidade.

Uma vantagem do câmbio fixo é a maior estabilidade, pois suprime o risco cambial
e dificulta o aumento da inflação. Mas há desvantagens também, pois o governo carece
de fazer reservas satisfatórias e alocar recursos ao redor do mundo, não sendo possível
corrigir o desequilíbrio na balança de pagamento do país.

Para poder interferir no mercado cambial, o banco central necessita de possuir


reservas de moeda estrangeira. Quando a balança de pagamentos se apresenta
superavitária, as reservas aumentam e quando apresenta défices, as reservas diminuem.
Se a balança de pagamentos for deficitária durante muitos anos consecutivos, as reservas
do banco central podem esgotar-se. O banco central ficará então impossibilitado de
continuar a manter a taxa de câmbio fixa ao nível anterior, pelo que terão de ser tomadas
medidas para equilibrar a balança de pagamentos.

Uma das soluções será deixar a moeda flutuar, isto é, abandonar os câmbios fixos e
passar a câmbios flexíveis, ou desvalorizar a moeda.

Está desvalorização ocorre quando a moeda nacional perde valor frente à moeda
estrangeira. Nestas situações diz-se que a renda relativa dos países diminui em termos
internacionais, pois são necessárias mais unidades de moeda nacional para adquirir a
moeda estrangeira. O que implicará num aumento das exportações e uma diminuição das
importações, outro efeito da desvalorização cambial é a elevação da inflação doméstica,
já que os bens importados se tornam mais caros.

A valorização e a desvalorização não significam o abandono dos câmbios fixos,


mas sim uma mera alteração do valor a que a taxa de câmbio se encontra fixada.

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4.1.2. Taxa de câmbio e a Competitividade

4.1.2.1. Taxa de câmbio Nominal e Taxa de câmbio Real

Basicamente, a taxa de câmbio nominal é a taxa cambial propriamente dita, ou


seja, é aquela que não considera as taxas de inflação (interna e externa) em determinado
período de tempo, sendo simplesmente o preço de uma unidade de moeda estrangeira em
moeda nacional.

Todas as economias mundiais apresentam algum tipo de inflação dos preços,


ou seja, os preços aumentam de forma generalizada considerando um determinado
período de tempo em comparação a outro período. Como Mellagi Filho (2000) disse, os
custos de produção aumentam quando ocorre a inflação, neste caso o exportador, ao
vender os seus bens, recebe o apagamento em moeda estrangeira, a qual tem de ser trocada
por moeda nacional afim de que o exportador possa pagar seus custos e obter lucro. Isto
é, a taxa de câmbio real é a taxa de câmbio nominal em conformidade com o preço vigente
em cada país.

A fórmula para o cálculo da taxa de câmbio real é a seguinte:

Onde:

• E = taxa de câmbio real;


• e = taxa de câmbio nominal;
• P* = preços externos;
• P = preços internos.

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4.1.3. Efeitos da Valorização e desvalorização da taxa de câmbio no comecio
Internacional

Quando a moeda de um país é valorizada em relação a moeda de outro país, o


efeito imediato nas relações comerciais entre esses dois países é o de que as mercadorias
do primeiro cuja moeda foi valorizada, ficam mais baratas, ou seja, é possível adquirir
mais mercadorias com o mesmo dinheiro e considerando a enorme quantidade de
transações comerciais que são feitas todos os dias, teremos a dimensão do que isso
representa para o comércio bilateral e também em relação aos demais países.

Sabe-se que quando a economia de um país sofre os efeitos da inflação, haverá


a necessidade, caso se deseje manter a competitividade desses produtos no mercado
internacional, de alterar as taxas de câmbio para valores que permitam o reajuste dos
preços internos aos preços externos, depois de compensado o desconto da inflação
externa. (FORTUNA, 2015)

Em Angola estes ajustes são sempre realizados em relação ao dólar, o qual,


em nossas transações externas, é a moeda de referência. Quando o Kwanza se desvaloriza
em relação ao dólar, os exportadores são beneficiados e os importadores prejudicados.

Por isso, quando se deseja incentivar as exportações a fim de se obter mais


dólares, uma desvalorização da moeda nacional é necessária. Isto é especialmente
importante quando o mercado interno está em recessão. As empresas exportadoras têm
então todo o mercado externo à disposição, desde que sejam competitivas em relação ao
resto do mundo, e a taxa de câmbio é um componente essencial nessa competitividade.

4.2. Relação entre taxa de câmbio e taxa de juros

Embora muitos fatores possam influenciar na taxa de câmbio entre diferentes


moedas, o mais importante é a taxa de juros. Um cenário onde os juros são altos e o dólar
que é a moeda de referência no comércio internacional é baixo, é um cenário favorável as
importações, visto que os investidores estrangeiros vêm em busca de maior rentabilidade
para o seu investimento e com isso a entrada de dólares no país aumenta, desta forma o
preço do dólar cai e a moeda local é mais valorizada.

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Já num cenário de juros baixo e dólar alto, é mais favorável as exportações, uma
vez que os investidores perdem o interesse pela taxa de juros baixa e vão em busca de
investimentos mais seguros, assim é realizada a compra de dólares e desta forma a moeda
local é desvalorizada. É possível chegar ao crescimento econômico nos dois cenários,
uma vez que muitas outras variáveis influenciam as relações de produção, mas ainda
assim eles são válidos para demonstrar o comportamento dos agentes econômicos e como
isso influência o comércio internacional.

As taxas cambiais e de juros oscilam também quando o cenário político é


desfavorável e quando a inflação está descontrolada. Com o déficit publico descontrolado,
o governo é obrigado a pagar mais juros para financiar sua dívida. O que implica que os
agentes económicos e investidores saiam atrás de mercados mais seguros para os seus
investimentos.

Assim se destaca a importância da politica cambial como uma das partes essenciais
ao entendimento e ao estudo sobre o constante fluxo de capital estrangeiro a que, não só
Angola, mas, também o mundo está submetido.

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CONCLUSÃO

As mudanças no cenário mundial e o rápido processo de inovação em diversos


sectores proporcionam grandes alterações no sistema financeiro mundial, tais alterações
fizeram aumentar a instabilidade das taxas de juros e câmbio, devido ao maior volume
das operações. O crescimento no volume de operações elevou os riscos globais e a
volatilidade dos preços nos mercados de ativos e câmbios, com maior perigo de
propagação no âmbito internacional, pela maior integração dos mercados.

Desde os meados dos anos 1990, com a abertura do comércio internacional,


organizações que sempre atuaram em mercados altamente protegidos, passaram a sofrer
uma grande competição de concorrentes nacionais e internacionais. Este novo cenário
impulsionou a implementação de estratégias buscando integrar e expandir suas atividades
internacionais tem como objetivo aproveitar as economias de escala e sinergias,
aumentando sua competitividade global. E como resultado deste crescimento pode ser
observado um maior crescimento da liquidez mundial e consequentemente maior fluidez
do capital.

Um aspecto importante a este crescimento é a relação entre câmbio e juros, um dos


fenômenos econômicos mais relevantes para as empresas e indústrias e economia de
qualquer país. Especialmente para os empreendimentos que lidam com o comércio
internacional, estes devem monitorar constantemente essa relação para evitar perdas
financeiras. Uma vez que sem um bom entendimento desta relação, a interpretação de
uma conjuntura econômica e os processos de tomada de decisão ficam comprometidos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSAF NETO, Alexandre. Mercado financeiro. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2005.
LANZANA, Antônio Evaristi Teixeira. Economia Brasileira: fundamentos e
actualidades. 3. Ed. São Paulo: Atlas 2005.
TAVARES, Maria da Conceição. Globalização Financeira e
Transnacionalização Produtiva. Edição especial 50 anos.

GREGORY MANKIW, Macroeconomia. 8. Ed.

Instituto Superior de gestão bancária. Unidade 1 – Conceitos do mercado


Financeiro.
BLANCHARD, Oliver. Pág. 60 – 4ª Edição

Jorge Santos, Álvaro Pina, Jacinto Braga e Miguel st. Aubyn. Macroeconomia 4ª
edição

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