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O protecionismo pode também ter efeitos perversos.

 A ausência da concorrência estrangeira pode ser inimiga do desenvolvimento, na medida em que os


industriais acomodam-se aos lucros fáceis e não fazem os investimentos necessários para tornar as
suas indústrias mais competitivas. Por conseguinte, o protecionismo acaba por não estimular a
economia à concorrência externa.

O livre-cambismo ou comércio livre


Adam Smith defendeu a Teoria das Vantagens Absolutas.
Para ele cada país deve especializar-se na produção de bens para os quais é mais dotado, ou seja, cada
país deve especializar-se na produção de bens em que tem vantagem absoluta, porque os produz mais
baratos, resultando, assim, a divisão do trabalho a nível internacional – Divisão Internacional do Trabalho
(DIT).
Deste modo, todos seriam beneficiados, pois a especialização ao originar bens mais baratos e de melhor
qualidade, contribui para o aumento da produção e do comércio mundiais.

David Ricardo apresentou a Teoria das Vantagens Comparativas ou Relativas.


Reconhece que mesmo que um país não tenha vantagem absoluta na produção de nenhum bem, deve
especializar-se na produção de bens para os quais é menos ineficiente, isto é, que produza com menores
custos comparativos/relativos.
Exemplo: se o custo do produto 1 relativamente ao custo do produto 2, no país A, é menor que no país B, então
o país A deve produzir o produto 1 e o país B deve produzir o produto 2.

Os novos países industrializados – NPI


Conjunto de países (Coreia do Sul, Hong-Kong, Taiwan, Singapura, Tailândia, Malásia, Filipinas) que
apostaram o seu desenvolvimento numa estratégia de industrialização de bens manufaturados para
exportação, pelo facto de terem uma mão-de-obra abundante e barata, o que constituiu uma condição básica
do seu êxito económico.

A Organização Mundial do Comércio (OMC)


Antecedentes:
Com base no reconhecimento de que o comércio sem entraves podia ser fator de desenvolvimento, a seguir à II
GM, em 1947, por iniciativa dos EUA, foi assinado o Acordo Geral sobre Pautas Aduaneiras e Comércio
(GATT) entre 23 países de economia de mercado que representavam 80% do comércio mundial.
Este acordo entrou em vigor em 1948, tendo como objetivo estabelecer as bases para a criação de uma
organização internacional que defendesse o desenvolvimento do comércio livre entre os países signatários.

Princípios-base da liberalização do comércio


 Princípio da não-discriminação
 Cada produto deve estar sujeito ao mesmo regime aduaneiro em todos os países;
 As importações não podem ser prejudicadas por direitos aduaneiros;
 As exportações não podem ser subsidiadas pelos países.
 Princípio da consolidação
 As vantagens negociadas não devem ser anuladas, devendo caminhar-se para uma maior
liberalização.
 Princípio das negociações comerciais multilaterais
 Através de negociações internacionais (os rounds) os países deverão estabelecer acordos sobre
barreiras alfandegárias;
 As exceções à liberalização só podem ocorrer em determinadas situações. Por exemplo, a limitação
das importações só pode acontecer em caso de dificuldades na BP, quando os interesses dos
produtores nacionais são prejudicados, por motivos de saúde pública ou de segurança.

Funcionamento da OMC
Nasceu em 1995, em substituição do GATT.
É uma organização internacional que tem por objetivo regular o comércio entre os países-membros,
através de acordos negociados e subscritos pela maioria das grandes potências económicas mundiais e
ratificados pelos parlamentos.
A OMC interessa-se pelo respeito dos acordos comerciais internacionais e pela resolução dos diferendos que
possam surgir nesse domínio.
Os países ao conhecerem as normas que regulamentam as trocas internacionais podem com mais segurança
integrar-se no comércio mundial e beneficiar das suas potencialidades.

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Principais objetivos da OMC:
 Aumentar as trocas internacionais;
 Estimular o crescimento económico e o emprego, tendo em conta o desenvolvimento sustentável e
prevenindo a inflação;
 Promover a participação dos países menos desenvolvidos no comércio internacional.
Em síntese: promover a liberalização do comércio externo e regular as trocas comerciais entre os
países-membros,

Funções da OMC
 Gerir os acordos comerciais da Organização
 Ser referência para as negociações comerciais entre os países
 Acompanhar os diferendos comerciais entre os países
 Acompanhar e controlar as políticas comerciais dos países-membros
 Dar assistência técnica e formação aos países em desenvolvimento
 Cooperar com outras organizações internacionais

O comércio internacional e as desigualdades


Embora, teoricamente, a liberalização favoreça todos os países, aumentando a produção nacional e o
desenvolvimento da população, na prática o desenvolvimento tem produzido desigualdades.
O comércio mundial desenvolveu-se imenso desde a década de 50 (século XX), após a criação do GATT,
beneficiando as economias e o bem-estar das suas populações. Porém, nem todos os países beneficiaram
igualmente das vantagens, tendo-se acentuado as desigualdades entre os países mais ricos e mais pobres.
Efetivamente, os países desenvolvidos foram os mais beneficiados, porque viram as suas trocas comerciais
aumentarem imenso, beneficiando de um largo período de crescimento económico, enquanto os países do
Terceiro Mundo se sentem excluídos do sistema comércio mundial.
Torna-se, por isso, necessário articular comércio com desenvolvimento sob pena dos efeitos da liberalização
serem mais prejudiciais do que benéficos. Neste sentido, a OMC deve alargar as suas funções ou articular o seu
trabalho com instituições que se preocupam com as questões sociais e ambientais.
Com efeito, para que os países menos desenvolvidos não vejam a OMC como uma agência para o
desenvolvimento dos países ricos, à custa das suas fragilidades, é fundamental criar condições para que o
comércio entre os povos seja um motor de desenvolvimento. Para que a liberalização dê lugar à igualdade
de oportunidades.

Vantagens da OMC
 Contribuir para a paz
 Tratar os diferendos de forma construtiva
 Basear-se em regras, não em relações de força
 Baixar o custo de vida
 Alargar a escolha dos consumidores
 Aumentar o rendimento
 Estimular o crescimento económico
 Tornar o sistema económico mais eficaz

Críticas à OMC
 Impõe políticas
 Defende o comércio livre a qualquer custo
 Os interesses comerciais sobrepõem-se aos do desenvolvimento, ambiente, saúde e segurança
 Elimina empregos e agrava a pobreza
 Ignora os pequenos países
 É um instrumento das grandes potências económicas
 Os países mais fracos são obrigados a integrarem-se na OMC

10.4 As relações de Portugal com a União Europeia e com o Resto do Mundo


Criação e desvio de comércio
Após a adesão de Portugal à CEE, com a abolição das tarifas aduaneiras, verificaram-se alterações ao nível da
criação e desvio de comércio.
 Criação de comércio – verifica-se quando o comércio (importação ou exportação) substitui uma
produção interna.
 Criação de comércio para Portugal ao nível das importações - há criação/aumento do
comércio para Portugal quando um bem importado de um país da UE se tornou mais barato
devido à abolição das tarifas aduaneiras, substituindo o bem produzido internamente.

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 Criação de comércio para Portugal ao nível das exportações - há criação/aumento do
comércio para Portugal quando um bem exportado para um país da UE se tornou mais barato
devido à abolição das tarifas aduaneiras, substituindo a sua produção interna.

 Desvio de comércio - verifica-se quando o comércio (importação ou exportação) é deslocado de uns


países para outros.
 Desvio de comércio ao nível das importações - verifica-se quando, após a integração, com a
abolição das tarifas aduaneiras, os consumidores portugueses substituem a importação de um
bem produzido num país estrangeiro pelo produzido num país da CEE, por ser mais barato.
 Desvio de comércio ao nível das exportações – verifica-se quando após a integração, com a
abolição das tarifas aduaneiras, os portugueses substituem a exportação de um bem para um
país estrangeiro para um país da CEE, por ser mais barato.

Nota: Pode verificar-se simultaneamente criação e desvio de comércio.

Relações económicas intra e extracomunitárias - Exportações


A integração de uma economia num espaço económico de maior dimensão e com maior poder de compra tem
efeitos no seu volume de comércio.
Portugal, após a integração na CEE, em 1986, conheceu alterações significativas, com criação e desvio de
comércio, devido à abolição dos direitos aduaneiros entre os países-membros.
Logo, no primeiro ano de integração, Portugal aumentou as exportações/saídas para o espaço comunitário,
verificando-se criação de comércio.
Após a integração na CEE, como as exportações/saídas intracomunitárias aumentaram, diminuindo as
exportações extracomunitárias, pode concluir-se que se verificou também desvio de comércio.
Apesar de Portugal continuar a beneficiar da sua integração no espaço comunitário, são os novos destinos
(EUA, Angola, Singapura, Brasil, México) que têm contribuído para o aumento das suas exportações.
Dentro do espaço comunitário, a Espanha continua a contribuir para o aumento das exportações portuguesas,
comprando nomeadamente máquinas e aparelhos, metais, combustíveis minerais e minérios, seguindo-se a
Alemanha cuja aquisição de veículos ocupa um lugar de relevo.
No espaço extracomunitário, os países que mais têm contribuído para as exportações portuguesas são os
EUA, em particular, com as compras de máquinas e aparelhos e combustíveis minerais, seguindo-se Angola e
Singapura que se destacam como importadores de máquinas.

Relações económicas intra e extracomunitárias – Importações


Após a integração na CEE, Portugal aumentou significativamente as suas importações intracomunitárias,
mantendo, contudo as trocas com os países extracomunitários.
Após a adesão em 1986, as importações portuguesas sofreram um desvio dos outros países para os
Estados-membros.
Dentro do espaço comunitário, as importações de Espanha são as mais relevantes, ocupando a primeira
posição, seguindo-se a França, a Alemanha e o Reino Unido.
Os bens que mais peso têm no total das importações são, por grupo de produtos e por importância
decrescente, máquinas e aparelhos, combustíveis minerais e veículos e, por categorias económicas, os
bens intermédios e os de equipamento.

Relações económicas intra e extracomunitárias – o turismo


Embora com oscilações, o turismo tem evidenciado um peso importante no total das exportações de bens e
serviços, podendo afirmar-se que o turismo e os serviços que lhe estão associados têm aumentado a sua
importância, o que demonstra ser um sector estratégico para a economia portuguesa. Com efeito, a quota de
Portugal no turismo mundial mostra uma tendência crescente.

Relações económicas intra e extracomunitárias – o investimento direto português no estrangeiro (IDPE)


Apesar das oscilações, o IDPE tem evoluído significativamente, com a Holanda e Espanha a ocuparem lugares
de relevo.

Relações económicas intra e extracomunitárias – o investimento direto estrangeiro em Portugal (IDEP)


Também com oscilações, a Alemanha, a Holanda, o Reino Unido, a França e a Espanha têm sido os países que
se destacam no investimento direto em Portugal.

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