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A aceleração da mundialização económica a partir de 1945

A 3ª revolução industrial
A 3ª revolução industrial deu-se com a ajuda dos incentivos dados pelas
necessidades de armamento e comunicação da II guerra mundial, ou seja em meados
do século XX, e, por isso, estas inovações foram numa primeira fase aplicadas nas
indústrias militares, mas rapidamente passaram também para os serviços e, por isso,
esta revolução foi marcada pelas inovações em áreas da informática,
telecomunicações, robótica, transportes e científicas. A aplicação destas novas
inovações contribuiu para a maior circulação e difusão de produtos à escala global,
favorecendo assim a mundialização. Consequentemente, houve um aumento da
competitividade das empresas e, por isso, deu-se a descentralização das mesmas
para zonas mais favoráveis ao seu crescimento, em termos de logística, financeiros e
legais. Por exemplo: mão de obra mais barata, mais matéria-prima e leis ambientais
menos rigorosas.
A 4ª revolução industrial
Existe também uma quarta revolução industrial ou ciberindústria, que está
relacionada maioritariamente à inteligência artificial, o que se traduz no
desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação. Isto leva a uma
otimização dos processos produtivos por exemplo, ou seja, há uma melhoria da
produtividade, e há também uma maior segurança, pois em vez de se contratar
pessoas para trabalhar em ambientes perigosos, passam a ser introduzidas apenas
máquinas e robôs nesses ambientes.
A liberalização do comércio mundial
Para que se pudesse reconstruir a economia dos países afetados, ter uma maior
estabilidade financeira e fazer renascer o comércio mundial, foram criados
organismos no âmbito internacional, como o Banco Internacional para a
Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), o Fundo Monetário Internacional (FMI), e o
Acordo Geral das Tarifas e Comércio (GATT).
Foram também criadas organizações no âmbito regional com o objetivo de gerar
crescimento económico, com a liberalização das trocas entre os seus membros,
como a Comunidade Económica Europeia (CEE) e a Associação Europeia de Comércio
Livre (EFTA).
Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD)
Para que fosse possível a reconstrução económica da Europa foi criado o banco
internacional para a reconstrução e desenvolvimento, em 1945. Este banco concedia
empréstimos para financiar as economias dos países afetados pela guerra. Esta
função do banco foi também complementada pelo plano Marshall através de
donativos e empréstimos dos Estados Unidos. Este financiamento teve resultados
bastante positivos, o que proporcionou a recuperação da economia Europeia e o seu
crescimento.
Atualmente, esta instituição encontra-se integrada no banco mundial, e apoia o
financiamento de projetos de desenvolvimento nos países mais pobres.
Fundo Monetário Internacional (FMI)
Em 1944, foi criado o Fundo Monetário Internacional que é uma organização
internacional que presta assistência financeira e aconselhamento a mais de 190
países, o seu principal objetivo é a cooperação económica internacional. Como
curiosidade, Portugal já foi intervencionado por este fundo três vezes, devido à alta
taxa de desemprego, alta inflação e crise económica.
Acordo Geral das Tarifas e Comércio (GATT)
Neste processo de reconstrução das economias, a liberalização das trocas teve um
papel importante. Em 1947, foi lançada uma conferência com o objetivo de reduzir
as tarifas aduaneiras e esta acabou por ser a base da criação deste acordo geral das
tarifas e comércio. Este acordo teve sucesso, porque efetivamente houve o aumento
do comércio mundial, mas mais tarde com o aumento da competitividade mundial,
os países Europeus e os Estados Unidos sentiram necessidade de implementar
medidas protecionistas. Este aumento da concorrência mundial pôs em causa a
eficácia do acordo, o que o levou a ser substituído pela Organização Mundial do
Comércio (OMC) em 1995.
Organização Mundial do Comércio (OMC)
A OMC tem como objetivo eliminar os obstáculos ao livre comércio, através da
regulação das trocas de produtos internacionais e da definição e aplicação de regras
que gerem uma maior segurança e estabilidade para importadores e exportadores.
Esta organização é atualmente constituída por cerca de 90% do comércio mundial e
negoceia acordos designados por “rondas” relativos à eliminação de taxas
alfandegárias, tendo em consideração uma maior abertura dos mercados.
Princípios do sistema de trocas multilaterais em que assenta a OMC:
 Não discriminação - Todos os países deverão ter o mesmo regime aduaneiro
nos mesmos produtos;
 Maior abertura - Redução e eliminação de obstáculos dos países ao livre
comércio como, por exemplo, a fixação de quotas às importações;
 Previsibilidade e transparência - Todos devem ser informados à cerca das
regras do comércio internacional e não as podem alterar individualmente;
 Concorrência leal - Não são permitidas práticas desleais como, por exemplo,
subsídios às exportações;
 Tratamento especial e diferenciado para os países em desenvolvimento –
Estes países beneficiam de medidas favoráveis ao seu caso específico para
diminuir desvantagens;
 Proteção do ambiente – Medidas para proteger o ambiente e a saúde.
Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento
(CNUCED/UNCTAD)
Organismo da ONU encarregue das questões de desenvolvimento, cujo objetivo é
prestar a ajuda necessária aos países em desenvolvimento para que estes possam
beneficiar da globalização, ou seja, promove um desenvolvimento a nível do
comércio, do ambiente e dos direitos humanos. Para isto, a organização recolhe
dados, analisa as políticas económicas e presta ajuda técnica.
A Comunidade Económica Europeia(CEE) e a Associação Europeia do
Comércio Livre(EFTA)
Com a criação da CEE em 1957, atual União Europeia, e da EFTA em 1960, o processo
de liberalização das trocas foi intensificado na Europa ocidental, visto que, estas
organizações promoveram a livre circulação de bens entre os membros. Isto
contribuiu para o aumento do comércio intracomunitário, mas houve também um
grande aumento do comércio intracontinental como, por exemplo, entre a Europa e
os Estados Unidos. Na verdade, em 1963, estes dois continentes detinham mais de
50% das exportações mundiais, o que se traduziu no crescimento económico e numa
grande melhoria do bem-estar das suas populações.

A regionalização económica mundial

A integração económica
A liberalização do comércio mundial, que contribuiu para o desenvolvimento e
crescimento das economias esteve associada a um processo de regionalização. A
regionalização é a criação de espaços económicos regionais em que não há
obstáculos ao livre comércio como, por exemplo, a União Europeia.
Assim, começa a integração económica que é a reunião de vários mercados nacionais
num só de maior dimensão. No processo, vão-se eliminando os obstáculos ao livre
comércio, para que se possa obter economias de escala e, consequentemente, o
crescimento das economias desses países. Exemplos de integração regional são: a
UE, o Mercosul, o NAFTA, a ASEAN e a SADC.
Formas de integração económica formal
Existem diversas formas de integração económica que se distinguem pelo seu grau
de integração, começando pela de menor grau:
 Sistema de Preferências Aduaneiras – Os países-membros concedem
vantagens aduaneiras entre si;
 Zona de Comércio Livre – Livre circulação de produtos entre países membros;
 União Aduaneira - Para além da livre circulação de produtos entre membros,
há também uma pauta aduaneira comum no comércio com países terceiros;
 Mercado Comum - Há não só a livre circulação de produtos, mas também de
capitais, pessoas e serviços;
 União Económica - Aos benefícios das formas de integração económica
anteriores é acrescentada a adoção de políticas económicas e sociais comuns;
 União Política - Às anteriores acrescentam-se políticas comuns, o que significa
que decisões económicas, sociais e políticas são tomadas por entidades
supranacionais.
Efeitos do processo de integração regional
Este processo de integração regional possibilitou não só o crescimento das
economias integradas como também das restantes.
 Crescimento das economias integradas – O crescimento das economias
integradas, visto que, têm um mercado de maior dimensão, porque há preços
mais baixos devido às economias de escala, um aumento das trocas, do
investimento, da produção, do rendimento e do consumo, ou seja, situação
ideal de crescimento económico.
 Crescimento das economias fora das regiões integradas – Houve também o
crescimento das economias fora das regiões integradas, pois estas
conseguiam obter produtos mais baratos devido às economias de escala
dessas regiões e o crescimento das suas exportações devido à maior procura
das zonas integradas.
Para a maior inserção das economias não integradas no comércio mundial,
contribuíram os acordos da OMC entre as regiões integradas e as restantes
economias, pois esses acordos são facilitados com o maior número de parceiros e as
economias integradas contam como apenas uma. A integração é assim uma parte da
mundialização pois possibilita uma inserção mais competitiva dos países no comércio
mundial.
Integração informal
Existe também a integração informal, e é informal porque não há um acordo escrito
entre as partes. Esta integração é feita na forma de relações comerciais que países
de regiões menos desenvolvidas estabelecem entre si de modo a incentivar o
aumento da sua produção, para que se possam tornar mais competitivas no mercado
externo. Isto aconteceu na Ásia, depois da II guerra mundial, quando o Japão
comprava matérias-primas baratas a países de regiões da Ásia menos desenvolvidas
para as transformar nas indústrias que mais tarde instalou nesses países devido aos
seus baixos salários para reexportar a produção para a Europa e para os Estados
Unidos.
Assim, entre o Japão e os outros países asiáticos estabeleceu-se uma integração
informal a nível de:
 Investimento - Devido à implantação das indústrias japonesas nesses países;
 Trocas - Pois esses países exportam os produtos transformados para o Japão,
para que este possa reexportar para os mercados externos.
Deste modo, a integração regional proporciona um crescimento mais rápido das suas
economias e uma maior inserção na economia mundial

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