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DIVERSIFICAÇÃO DAS
EXPORTAÇÕES DE ANGOLA
Março de 2019
AGRADECIMENTOS
O presente estudo foi encomendado pelo Banco Africano de Desenvolvimento, com o apoio
financeiro do Korean-Africa Economic Cooperation Trust Fund (KOAFEC) (Fundo de Cooperação
Económica Coreia-Africa).
O estudo é de grande importância, numa altura em que Angola procura formas de diversificar a
economia do sector petrolífero e reduzir a vulnerabilidade aos choques externos.
Este estudo foi co-gerido por Patrick KANYIMBO, Coordenador de Integração Regional
(RDGE0 / RDRI) e Joel Daniel MUZIMA (Economista Principal do País / COAO). A
coordenação do dia-a-dia do trabalho com o Ministério do Comércio e outras contribuições úteis
foram fornecidas por Elsa NABENGE (Consultora Economista / COAO) e Felisberto MATEUS
(economista sênior do país / COAO). O Relatório foi preparado sob a orientação geral do Dr.
Joseph Ribeiro, Country Manager do Escritório Local do BAD em Angola (COAO) e da Dra.
Moono MUPOTOLA, Directora do Departamento de Integração Regional (RDRI). O Estudo foi
elaborado por uma equipa de consultores composta por Derk Bienen (Team Leader) e Samuel Zita,
ambos da BKP Development Research and Consulting, e Ana Duarte e Francisco Miguel Paulo,
ambos do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola (CEIC-
UCAN).
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 73
ANEXOS
Anexo A: Perfil dos Sectores
Anexo B: Metodologia para Determinação do Potencial de Exportação e
Selecção do Sector
A diversificação das exportações é, portanto, uma tarefa fundamental para o país, a fim de: (a)
reduzir a dependência dos preços do petróleo e se preparar para uma economia pós-petróleo e (b)
gerar emprego. Por conseguinte, o governo identificou, com razão, a diversificação das exportações
como uma prioridade.
O presente estudo pretende contribuir para o esforço de diversificação das exportações de Angola,
por fornecer uma análise minuciosa do potencial de diversificação das exportações de uma vasta
gama de sectores da economia angolana e identificar os constrangimentos e oportunidades para a
diversificação das exportações, tanto ao nível sectorial quanto da economia, constituindo assim
uma base de evidência completa para a elaboração de planos de ação de desenvolvimento de
exportações para um número limitado de sectores com potencial de exportação já identificado. A
maior parte da análise foi feita durante o segundo e terceiro trimestres de 2017, com uma
actualizaçao baseada nos desenvolvimentos recentes no início de 2018. Espera-se,
consequentemente, que o estudo ajude a apoiar os esforços do governo para a diversificação das
exportações, como recentemente expresso no Programa de Apoio à Produção, à Diversificação
das Exportações e Substituição de Importações - PRODESI de Novembro de 2017.
O estudo está organizado como se segue: o capítulo 2 aborda novamente, de forma breve, a
justificação para a diversificação das exportações em Angola e apresenta, também de forma breve,
experiências de outros países selecionados no que respeita à diversificação das exportações. O
capítulo 3 analisa os vários desafios que as empresas Angolanas enfrentam no que tange à
exportação, assim como os factores gerais que limitam a competitividade nas exportações do sector
empresarial angolano. A análise horizontal do capítulo 3 é complementada, no capítulo 4 , com um
resumo da avaliação detalhada do potencial de exportação de 30 setores (apresentados no anexo
A), levando à seleção de seis sectores com potencial de exportação para os quais planos de acção
orientados para a exportação deverão ser elaborados num próximo estágio. A seguir, o capítulo 5
aborda o quadro institucional e de políticas existente em Angola para facilitar a diversificação das
exportações, sobre o qual terá de se construir uma estratégia de diversificação das exportações. O
capítulo 6 conclui o diagnóstico.
Neste capítulo não se pretende repetir o trabalho já feito em outros estudos, mas sim fazer-se uma
análise adicional e complementar. Primeiramente, em conformidade com o foco geral do estudo,
em vez de se abordar a diversificação económica de forma generalizada, pretende-se mostrar a
necessidade de uma parte específica da diversificação económica, isto é, a diversificação das
exportações.
Terceiro, o estudo prepara o caminho para a subsequente análise mais profunda dos desafios à
diversificação das exportações (capítulo 3) bem como a identificação dos sectores com potencial
de exportação com base numa metodologia exaustiva e analítica (capítulo 4).
As secções neste capítulo extraem lições para a diversificação das exportações de duas fontes
principais: uma análise do desempenho recente das exportações angolanas (secção 2.1), e uma
análise da experiência internacional no que respeita às políticas de diversificação das exportações
(secção 2.2).
Em média, as exportações anuais angolanas de 2010 a 2016 situaram-se a volta de USD 53,8 mil
milhões (em USD actual). Depois de uma subida de 35% a começar em 2010 até atingir o pico de
USD 70,9 mil milhões em 2012, as exportações baixaram em 60% chegando aos USD 28,2 mil
milhões em 2016, antes da ligeira recuperação para USD 33.4 mil milhões em 2017 (Figura 1).1
1 Até Março 2018 as estatísticas comerciais referentes ao ano 2017 ainda nao se encontravam disponíveis nas fontes
internacionais como UNCOMTRADE e ITC TradeMap; existem dados preliminares da AGT mas que subestimam as
exportaçoes do petróleo bruto e, por isso, não foram tomadas em conta neste estudo.
Figura 1: Exportações angolanas, 2010-2017 Figura 2: Preço à Vista do Brent na Europa FOB,
(milhões de USD) 2010-2017 (USD por barril, médias anuais)
80,000
120
40,000 60
33,749 52.32 53.33
30,000 33,048 43.67
28,157 40
20,000
20
10,000
0
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Fonte: Estatisticas sobre as importações reportadas Fonte: Administração de Informação Energética dos
pelos parceiros comerciais de Angola, ITC TradeMap. EUA com base na Thomson Reuters 2
Exportações Importações
0 Balança comercial
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Fonte: Cálculos dos autores com base no ITC Fonte: Cálculos dos autores com base nos Indicadores
TradeMap e na Administração de Informação de Desenvolvimento Mundial e na Base de Dados das
Energética dos EUA. PEM do FMI
Uma primeira lição a ser extraída desta visão geral é que a actual elevada dependência de Angola
das exportações de petróleo bruto torna a economia altamente vulnerável às flutuações do preço
do petróleo internacional. A queda acentuada dos preços do petróleo desde o início dos anos 2010
atingiu duramente a economia angolana e, embora existam indícios de alguma recuperação do
preço do petróleo, a diversificação das exportações é um dos elementos de uma estratégia nacional
de mitigação do risco económico.
3 Só em 1973 o petróleo bruto transformou-se no produto de exportação mais valioso, constituindo 30% das
exportações totais, contribuindo o café com 26% (Paulo 2013).
4 O índice de concentração do produto da CNUCED é uma variante do índice de Herfindahl-Hirschman, que vai de
zero a um. Uma classificação de um significa que um só produto constitui o total de exportações de um país, enquanto
um valor de zero significaria que um país exporta vários produtos, em volumes pequenos, isto é, possui uma estrutura
de exportações altamente diversificada; http://unctadstat.unctad.org.
A categoria de outras exportações, i. e., exportações não petrolíferas, não diamantíferas (NPND),
registou um aumento nas exportações, saindo de USD 391 milhões em 2012 para USD 988 milhões
em 2016. A categoria inclui uma grande variedade de produtos, desde produtos de base agrícolas a
maquinaria sofisticada (Figura 7 a). No entanto, grande parte destas exportações é na realidade a
reexportação de produtos importados previamente, incluindo a venda de maquinaria e
equipamento usados. Infelizmente, as estatísticas sobre o comércio em Angola presentemente não
fazem distinção entre reexportações e exportações domésticas genuínas. Contudo, com base em
pesquisas e entrevistas, é possível identificar várias categorias de produtos como sendo
reexportações e exclui-las futuras análises. Entre os produtos restantes, o peixe (23% das
exportações domésticas de NPND), rochas ornamentais (18%), a madeira (9%) e as bebidas (8%)
lideraram as exportações no período 2012 - 2016 (Figura 7 b). O total destas exportações
(“domesticas”) angolanas genuínas, aumentou de USD 88 milhões em 2012 para USD 311 milhões
em 2016.
2012 129 81 10 31 30 27 11 1 50
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
2016 45 80 35 57 646 7 61
2012 30 11 6 1 9 11 4 2 13
Enquanto em alguns sectores as exportações cresceram muito rapidamente, tais como os cereais
(203% por ano) e as bebidas (186%), noutros, incluindo as exportações “tradicionais” não
petrolíferas - com realce para as pescas (11%) e especialmente as garrafas de vidro (um declínio
anual médio do valor das exportações de 21%), tiveram um desempenho abaixo da média.
150.0%
100.0% 81.8%
64.2% 58.2%
50.0% 34.6% 33.1% 37.1%
11.0% 10.8%
-9.7% -21.2%
0.0%
-50.0%
Fonte: cálculos feitos pelos autores com base em dados ao nível das transações fornecidos pela AGT.
Figura 9: Número de produtos NPND diferentes exportados, ao nível de 6 dígitos de HS, 2012-2016
(incluindo potenciais reexportações)
a) Limiar: USD 10.000 b) Limiar: USD 1.000.000
1,200 160
1,015 1,036 138
140 130
1,000 885
120
800 725 94
634 656 637 100 85
69 74
600 479 80 62
409
60 42
400 38
406 40 56 56 53
378
200 311
247 20
0 0 20
2012 2013 2014 2015 2016 2012 2013 2014 2015 2016
De modo geral, a China e a União Europeia (UE) têm sido os principais parceiros comerciais de
Angola nos últimos anos, tanto no que diz respeito às importações como às exportações. No
entanto, no decorrer do tempo as respectivas quotas evoluíram de modo bastante diferente. No
que diz respeito às importações, de 2010 a 2015 a predominância da UE diminuiu, passando de
47% (USD 8,5 biliões) do total de importações para 33% (5,5 biliões); O peso da América do Norte
diminuiu igualmente, em 2 pontos percentuais, para 8%. Durante o mesmo período, o peso da
China aumentou em 7 pontos percentuais, tendo chegado a 18%. Além disso, a Coreia do Sul e a
Singapura estão entre os poucos países que poderam aumentar as importações nesse período,
aumentando desse modo o seu peso combinado nas importações de 2% para 13%.
Figura 10: Principais mercados de exportação de Angola em 2010 e 2015 (milhões de USD), por região
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
As vendas à África do Sul estiveram relativamente estáveis, diminuindo de USD 1,7 biliões para
USD 1,4 biliões, o que corresponde a um aumento na quota-parte das exportações, passando de
3,2% para 4,1%. Finalmente, as exportações para outros países africanos continuaram a ser
mínimas, situando -se em torno dos USD 30 milhões, ou aproximadamente 0,1% do total das
exportações angolanas.
Figura 11: Mercados das exportações não petrolíferas, não diamantíferas angolanas por região, 2010 e 2015
(milhões de USD)
2015 31 6 14 4 9 1 0
2010 20 9 10 0
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
2.1.4 Resumo
Por exemplo, afirmou-se recentemente que “considerando o seu peso nas exportações totais (4%),
as exportações do sector não petrolífero, não constituem ainda, nem a curto, nem mesmo a médio
prazo alternativa às exportações petrolíferas, tendo em conta os problemas estruturais que o país
apresenta e as dificuldades que os produtores nacionais enfrentam a todos os níveis”
(UCAN/CEIC 2017: 141).
Na mesma senda, a UCAN/CEIC (2017) e Ennes Ferreira (2016) defenderam que a diversificação
das exportações não constituem um factor de mudança para a economia angolana. Vale a pena
apresentar os argumentos de forma detalhada:
“a) ‘Diversificar a produção interna e as exportações fora do sector petrolífero é um imperativo de bom
senso. Mas é credível a proposição de que a curto prazo (há potencial para) exportar a uma escala
considerável? Para os exportar há que, em primeiro lugar, produzi-los e isso requer que não existam
obstáculos de índole diversa, que em Angola são muitos e dificilmente superados a curto prazo.’
b) ‘Pressupostos do estudo: inexistência de quaisquer constrangimentos à produção nacional, obtenção
imediata da produção máxima em cada um dos produtos, toda a produção excedentária face ao consumo
interno é exportada, há mercados externos garantidos sem que se gaste um dia na sua prospecção.’
c) ‘Mais pressupostos: exportação de ferro de 18 milhões de toneladas, de café de 50 000 toneladas, 35
milhões de dólares de exportação de rochas ornamentais, metade do valor de exportação de madeira do
Gabão (um dos principais exportadores africanos), multiplicação por 10 da quota de 0,1% de exportação
Embora seja verdade que a diversificação das exportações não proporciona uma solução rápida
para os problemas económicos de Angola, nenhuma outra medida o faz. Dada a magnitude de
questões a resolver, várias políticas e medidas precisam ser implementadas, sendo que mesmo estas
levarão tempo para produzir mudanças na economia. A diversificação das exportações constitui
um elemento no processo mais amplo de diversificação da economia e contribuirá para uma
economia mais resiliente a longo prazo. Naturalmente, é também imperativo reduzir-se a actual
dependência extrema do preço do petróleo. Considerando todos os factores, há uma necessidade
urgente de se começar a diversificar as exportações, embora qualquer impacto em maior escala só
será sentido a longo prazo.
A necessidade de diversificação das exportações requer que Angola elabore uma estratégia de
diversificação de exportações focada não somente em alguns desafios fundamentais à exportação,
mas também em sectores e/ou produtos com potencial para melhorar o respectivo desempenho
em termos de exportação e naqueles com potencial para serem produzidos e exportados para novos
mercados (a nível regional e internacional). Da mesma forma, a estratégia deverá equilibrar medidas
de curto prazo e de longo prazo.
Para formular uma estratégia deste tipo, é útil começar por desenvolver uma compreensão das
experiências de outros países e possivelmente explorar algumas lições deles. É isso que se tenta
fazer na próxima secção.
5 O objetivo desta secção é ajudar a obter lições para a diversificação das exportações angolanas, não fazer uma análise
abrangente da experiência de outros países – que seria o objecto de um estudo diferente.
Contudo, para uma visão geral comparativa da experiência de outros países, em particular do modelo asiático e sua
aplicação em África, consultar o estudo do BAD sobre manufacturação na África Oriental (Bienen/Ciuriak 2014) e a
literatura analisada no mesmo.
O Botswana reconheceu o desafio da alta concentração das exportações, não apenas a nível
técnico mas também ao mais alto nível politico, e embarcou numa estratégia que começou com a
elaboração de uma estratégia nacional de exportações (NES) para o período 2010-2016 (Republic
of Botswana 2010), que tem como objetivo, dentre outros, (i) fazer do sector de exportação não
diamantífera o motor do crescimento, (ii) diversificar a base de exportação e (iii) maximizar a
contribuição do sector à criação de emprego, desenvolvimento rural, redução da pobreza e
igualdade de gênero. Embora não seja possível, no contexto do presente estudo, estabelecer uma
relação causal directa entre a NES e os recentes desenvolvimentos no sentido da real diversificação
das exportações, a NES conseguiu atingir vários marcos até à data que parecem indicar que a
estratégia contribuiu pelo menos para a diversificação das exportações. Estas realizações incluem:
(i) a identificação de sectores-chave de manufacturação para a execução da NES; (ii) o reforço do
papel da Agência para o Desenvolvimento de Exportações e Investimento do Botswana (BEDIA)
como a promotora principal da imagem do país como um destino africano para o investimento;
(iii) o desenvolvimento de uma estrutura para o Conselho Nacional para a Execução da Estratégia
de Investimento e Exportação, financiada pelo orçamento do estado e presidida pela BEDIA ao
nível técnico e pela Comissão Ministerial para a Economia e Emprego ao nível político; (iv) missões
a países como África do Sul, Angola, Coreia sul e India dirigidas à promoção do comércio; (v) o
estabelecimento de contactos e joint-ventures entre companhias locais e entidades estrangeiras nos
sectores prioritários da NES (téxteis e vestuário, carne e transformação de carnes, jóias, mobiliário,
artes e ofícios, serviços, couro e produtos de couro, vidro e produtos de vidro, e produtos
químicos); e (vi) formação e instrução de potenciais exportadores para vincar a sua posição nos
mercados regionais e internacionais. De 2012 a 2015 a quota das exportações não diamantíferas no
total das exportações do Botswana registou um ligeiro aumento de 0,4 pontos percentuais, tendo
chegado a 21,4% (FMI 2016:28).
No caso da Nigéria, o significativo declínio do preço do petróleo nos anos oitenta levou o governo
a implementar uma série de medidas económicas e políticas de apoio institucional para promover
as exportações não petrolíferas que incluíram: (i) a abolição de vários conselhos de commodities
(cacau, algodão, borracha, produto da palmeira, borracha e amendoim) e restrições quantitativas
que impediam a participação do sector privado nas exportações nigerianas; (ii) a desvalorização do
Naira, moeda da Nigéria, para aumentar a competitividade das exportações; (iii) a abolição das taxas
de exportação e o estabelecimento do Fundo de Desenvolvimento das Exportações para promover
as exportações não petrolíferas; (iv) as reformas monetária e fiscal, tais como a retenção de 100%
das receitas de exportação; e (v) o estabelecimento de Zonas de Processamento de Exportações e
o Conselho Nigeriano para a Promoção de Exportações (NEPC). Estas medidas contribuíram para
um aumento das exportações não petrolíferas de NGN 551 milhões em 1985 (equivalente a USD
616 milhões na taxa de câmbio oficial) para NGN 20,1 biliões em 1995 (equivalente a USD 918
milhões). No entanto, à medida que as exportações de petróleo foram também aumentando ao
longo do mesmo período, a média da quota das exportações não-petrolíferas no total das
exportações permaneceu em cerca de 5%, indicando que era necessário diversificar muito mais a
economia (Titus et al 2013). Em resposta, a Estratégia Nacional de Empoderamento e
Desenvolvimento Económico implementada pelo governo em 2004 procurou, como um dos seus
quatro pilares, “promover as exportações e diversificar as exportações para além do petróleo,” e a
Embora esta abordagem possa constituir uma oportunidade para a especialização, coloca desafios
de coordenação e cria responsabilidades pouco claras, riscos de duplicação e sobreposições de
intervenções que podem levar à ineficiência e ineficácia dos esforços para a diversificação da
produção e das exportações. Alem disso, outros desafios que estão no cerne das fracas exportações
não petrolíferas, incluindo desequilíbrios macroeconómicos e o grave deficit de infraestruturas, não
são abordados (FMI 2016a: 19).
Como resultado, embora a quota das exportações não relacionadas com a indústria de petróleo e
gás tenha aumentado para 8,1% (USD 3,9 mil milhões) em 2015 (FMI 2016a: 33), este aumento é
mais o efeito do declínio do valor das exportações de petróleo, devido à queda do preço do petróleo,
do que uma expressão da diversificação bem-sucedida das exportações para commodities não
petrolíferas.
A Coreia do Sul e a Malásia são exemplos de países que se industrializaram com sucesso
promovendo proactivamente as exportações. A Coreia do Sul, um dos quatro Tigres Asiáticos, fez
isso desde a década de 1960, enquanto a Malásia é um dos “Filhotes dos Tigres” que se começou
a diversificar uma geração depois. Ambas oferecem lições interessantes para Angola.
2.2.3 Egipto
O Egipto está a fazer esforços no sentido de expandir as exportações por via de acordos de
comércio internacionais e projectos dirigidos no domínio da assistência técnica. As reformas
iniciaram em 2004 depois do fracasso das políticas anteriores, e produziram bons resultados no
início - as exportações reais aumentaram em 17% no período 2005-09 (Choi/Abderrahim 2011) -,
mas depois pararam durante a primavera árabe. As reformas de 2004 basearam-se (i) na
liberalização do comércio, incluindo a redução das tarifas sobre os bens de investimento; (ii) na
introdução de uma taxa de câmbio flexível para resolver a questão do preconceito anti-exportação
derivado da sobrevalorização da Libra Egípcia; e (iii) na ampla simplificação dos regulamentos
comerciais e aduaneiros, incluindo o estabelecimento de uma janela electrónica única para o
comércio (Choi/Abderrahim 2011). Depois da estabilização política que se seguiu à primavera
árabe, o governo começou dar novo ímpeto à promoção das exportações através da reorganização
do Centro do Promoção de Exportações e o seu restabelecimento em 2014 como o Centro Egípcio
para o Desenvolvimento das Exportações. Os principais instrumentos utilizados pelo Egipto foram
(i) o desenvolvimento da cadeia de valores através de acordos de comércio internacionais a nível
regional (COMESA FTA, Pan Arab FTA) e a nível bilateral (países árabes, a UE, Turquia e os
E.U.) que concedem aos bens provenientes (especialmente a indústria têxtil e de vestuário) do
Egipto acesso preferencial aos mercados externos, protegendo ao mesmo tempo o mercado
doméstico; (ii) projectos de assistência técnica dirigidos, financiados por doadores, para reforçar as
cadeias de valores através de programas de formação técnica e profissional; (iii) a promoção de um
ambiente de negócios propício para exportações, por exemplo, a criação de Conselhos de
Exportação de Commodities e jurisdição de promoção de exportações; e (iv) a melhoria de sistemas
e infraestruturas de qualidade.
Angola pode tirar uma série de lições das experiências regionais e internacionais analisadas de forma
breve nesta secção.
Em primeiro lugar, a existência de vontade política ao alto nível para tomar as medidas necessárias
para a diversificação das exportações é uma condição necessária para o sucesso. A experiência
mostrou que as estratégias desenvolvidas em níveis técnicos, mesmo bem-intencionadas e
desenhadas, enfrentam problemas durante a implementação se não forem apoiadas e tiverem
acompanhamento político ao nível mais elevado.
Isso precisa ser acoplado ou acompanhado, em segundo lugar, por uma abordagem estratégica
que tenha uma visão clara, definindo metas e as acções subjacentes a serem tomadas, e também
abordando questões de conflito potencial que venham a surgir com outras estratégias e políticas e,
em tais casos, especificar qual das políticas em conflito têm precedência. Isso exige uma análise
prévia das políticas e estratégias existentes que podem estar relacionadas com desenvolvimento das
exportações (ver a secção 5.1).
Em terceiro lugar, no que diz respeito às medidas e acções a serem definidas, a revisão das práticas
internacionais fornece orientações menos claras, pois as medidas apropriadas dependem do
contexto. No entanto, os programas bem-sucedidos agruparam medidas horizontais e
intersectoriais com intervenções específicas do sector. Entre as acções realizadas por outros países,
destacou-se a desvalorização cambial, o desenvolvimento de infraestruturas “ligeiras e pesadas”
(soft and hard), a remoção de barreiras ao ambiente de negócios, a identificação dos sectores de
exportação prioritários, a melhoria das habilidades da força de trabalho através de programas de
treinamento vocacional e técnico que atendam às necessidades dos sectores prioritários (incluindo
a transferência de know-how de peritos estrangeiros para nacionais), a implementação de uma
abordagem e integração regional estratégica que identifique claramente interesses ofensivos e
defensivos, a criação ou o fortalecimento de serviços de informação comercial (inteligência de
mercado e missões comerciais), a facilitação de joint-ventures entre empresas locais e estrangeiras em
sectores de exportação direcionados, mecanismos de apoio estatal com base no tempo através de
facilidades e instrumentos de crédito à exportação, a implementação de um fundo de
desenvolvimento de exportações. É claro que o “cardápio” de acções potenciais para desenvolver
e diversificar as exportações é vasto e precisará responder aos desafios específicos encontrados (ver
o capítulo seguinte).
Por último, para facilitar o acompanhamento dos progressos da estratégia, um quadro de monitoria
e avaliação também deve ser elaborado e constituir a base para as revisões e progresso trimestrais
ou semestrais da implementação da estratégia de exportações. A importância de tais revisões de
progresso para a continuação da implementação e ajuste das medidas sob a estratégia e, finalmente,
o sucesso da estratégia, é evidenciado pelos exemplos da Coreia do Sul e do Botswana.
7 Nos primeiros estágios do choque do preço do petróleo, por volta de 2012, a valorização da REER abrandou
ligeiramente.
8 O FMI também nota que desde essa altura o kwanza depreciou depreciou-se em 42% vis-à-vis o euro, em termos
nominais, de certa forma corrigindo a taxa estimada de sobrevalorização da REER (IMF 2018: 11) mas os problemas
estruturais permanecem.
9 Nessa conformidade, as projeções do governo relativamente ao PIB para 2017 e 2018 prevêem um declínio de 0,7%
para as indústrias de manufacturação em 2017, devido à sobreavaliação da taxa de câmbio (MPDT 2017a: 5) e a
recuperação prevista para 2018 baseia-se principalmente no aumento da procura no mercado interno e no pressuposto
de uma maior disponibilidade de insumos importados (MPDT 2017a: 8-10).
2008M03
2008M10
2003M07
2004M02
2004M09
2005M04
2006M06
2009M05
2010M07
2011M02
2011M09
2013M06
2014M01
2014M08
2017M07
2002M12
2005M11
2007M01
2007M08
2009M12
2012M04
2012M11
2015M03
2015M10
2016M05
2016M12
Fonte: Darvas (2012), actualizado a 21 de Dezembro de 2017
Além disso, do ponto de vista dos exportadores, essa medida não resolveu o problema da
disponibilidade insuficiente das divisas necessárias para a aquisição de insumos e investimentos
essenciais, o que não só reduz e até impede as exportações por parte das empresas que actualmente
não têm nenhuma, e por via disso a sua capacidade de gerar as necessárias divisas, mas também
força aquelas empresas com potencial de exportação a exportar com perdas, simplesmente para
gerar as divisas de que precisam para pagar os insumos que têm de ser importadas. 10 Essas
exportações a baixo custo (dumping) criam então o risco de retaliação por parte dos parceiros
comerciais - o anúncio feito pelo Ministro da Economia da RDC em Julho de 2017 a proibir a
10Ver ex. “Angolans cross borders to sell TVs, diapers and beer for hard currency” (“Angolanos cruzam fronteiras
para vender televisores, fraldas e cerveja para obterem divisas”), Business Day, 14 de Setembro de 2017,
https://www.businesslive.co.za/bd/world/africa/2017-09-14-angolans-cross-borders-to-sell-tvs-diapers-and-beer-
for-hard-currency/ [acedido em 28 October de 2017].
Figura 13: Índice de Preço no Consumidor, Figura 14: Angola, reservas totais excluindo o ouro,
Angola, 01/2012-02/2018 (% de mudança de ano 01/2011-04/2018 (milhões de USD)
em ano)
45% 40,000
42% 37,036
40% 35,000
35%
30,000
30%
25,000
25%
23% 20,000
20% 19,872
15,000 16,774
15%
11%
10% 10,000
00% 0
2013M09
2016M03
2014M02
2015M05
2017M01
2012M01
2012M06
2013M04
2016M08
2012M11
2014M12
2015M10
2017M11
2014M07
2017M06
2018M01
2011M07
2012M07
2014M01
2017M01
2013M01
2016M01
2011M01
2012M01
2013M07
2016M07
2015M01
2014M07
2015M07
2017M07
Fonte: Estatísticas Financeiras Internacionais do FMI, Fonte: Estatísticas Financeiras Internacionais do FMI,
http://data.imf.org [acedido em 14 Junho de 2018] http://data.imf.org [acedido em 14 Junho de 2018]
Figura 15: Taxa de câmbio oficial e não oficial, Figura 16: Índice dos passivos líquidos (M3),
AOA/USD, 01/2015-09/2017 01/2015-08/2017 (01/2015 = 100)
600 400% 140
350%
500 130
300%
400
341% 250% 120
300 200%
139% 229% 110
150%
200
100% 100
100
50%
90
0 0%
Jan-15 Jan-16 Jan-17
80
Jul-15
Jul-16
May-17
Mar-15
Mar-16
Mar-17
Jan-15
Sep-15
Jan-16
Jan-17
May-15
Sep-16
Nov-15
May-16
Nov-16
Jul-17
Taxa oficial
Taxa não oficial
Spread (eixo à direita) Índice M3 (01/2015 =…
Fonte: BNA (taxa oficial); CEIC-UCAN (taxa não Fonte: BNA, Estatísticas Monetárias de Angola,
oficial) Outubro de 2017
As empresas exportadoras estão particularmente expostas a tais desafios uma vez que o nível de
concorrência a que são submetidas é muito maior do que para as empresas com foco no mercado
interno. Assim, particularmente as fraquezas das infraestruturas de transporte (necessárias para a
importação e exportação; secção 3.2.1), e o custo real da energia (electricidade e combustível;
secção 3.2.2), que constituem factores importantes para o nível de concorrência no que respeita à
exportação para as empresas angolanas, são actualmente um constrangimento às exportações. Por
outro lado, embora haja certamente espaço para melhorias, tais como promover a concorrência no
sector, as infraestruturas de informação e comunicações em Angola têm um desempenho
comparativamente bom, e por isso não são analisadas em mais detalhe nesta secção.
Total 3
6
5 2.5
Eletricidade 4 Rodoviário
3 2.25
2.26
2
1.712
1
1.67 1.5
2.68
Caminho-de-
Portuário 1
ferro 3.30
2010 2011 2013 2014
* Caminho-de-ferro: 2013 (nenhuma avaliação para a infraestrutura caminho-de-ferro de Angola no ICG 2014)
Fonte: Índice de Competitividade Global do Fórum Económico Mundial, http://reports.weforum.org/global-
competitiveness-report-2015-2016/
140
160
Angola Botswana
Moçambique Namíbia
Nigéria África do Sul
Os principais problemas podem ser listados por meio de transporte. Relativamente ao transporte
aéreo, embora este seja o sector de infraestrutura geralmente avaliado como tendo um desempenho
melhor que os outros (ver Figura 17 b acima), é importante realçar os seguintes problemas:
▪ As questões de segurança são uma grande preocupação. Todas as companhias aéreas
angolanas foram colocadas na lista negra da UE, com excepção da TAAG, que se encontra,
contudo, sob restrições operacionais. Isso limita o potencial de servir destinos fora de
África;
▪ Há sérios constrangimentos em termos de capacidade. A frota é limitada, particularmente
a frota de carga, que faz exportações de bens ligeiros e perecíveis e está dependente dos
serviços fornecidos por companhias aéreas de transporte de carga estrangeiras;
▪ Foram relatados problemas relacionados com a liquidez, rentabilidade e gestão da TAAG.
Embora a companhia aérea tenha voltado a ter lucros nos últimos anos, sob o contrato de
gestão celebrado com a Emirates, o recente cancelamento do referido contrato pela
Emirates levanta algumas preocupações em relação ao futuro desempenho da companhia;
No que diz respeito ao transporte marítimo, o facto de Angola não possuir nenhuma companhia
de transporte coloca desafios às suas exportações. Embora haja movimentações no sentido de se
mudar este quadro, entrar no mercado global de serviços de transporte marítimo numa altura em
que há excesso de capacidade e preços baixos não é o mais ideal.
A rede ferroviária de Angola está limitada a três linhas que ligam o interior aos portos de Luanda,
do Namibe e do Lobito13; o comprimento total da rede é de aproximadamente 2.700 quilómetros.
Durante a guerra civil, a maioria dos caminhos-de-ferro caiu no desuso, tendo, no entanto, sido já
reabilitados, com ajuda da China, e reabertos: o caminho-de-ferro de Luanda (aproximadamente
400 quilómetros) em 2010, o caminho-de-ferro de Benguela (aproximadamente 1.300 quilómetros)
em 2015, e o caminho-de-ferro do Namibe/Moçâmedes (aproximadamente 750 quilómetros, de
um total de 1.000 quilómetros). Os trabalhos de extensão da rede de caminhos-de-ferro estão em
estágios diferentes de planificação, tendo, entretanto, abrandado devido aos contrangimentos
orçamentais.
A rede rodoviária de Angola é bastante extensa, com uma cobertura total de mais de 60.000 km.
No entanto, considerando o tamanho do país, fica óbvio que a rede de estradas está muitos furos
abaixo da de outros países, possuindo somente 29 km de estradas classificadas e 41 km de estradas
totais por 1.000 km 2 de área de terra, quando comparados com 278 e 318 respectivamente em
11 Além disso, o porto de Cabinda atende primariamente as exportações de petróleo e gás de Cabinda. O porto de
Porto Amboim perdeu grande parte da sua importância, mas em 2015 o governo anunciou a construção de um novo
porto entre 2017 e 2024, com um investimento inicial de USD 500 milhões e um custo total de USD 1,8 mil milhões;
“Angola constrói porto comercial em Porto Amboim,” Macauhub, 30 de Outubro de 2015,
https://macauhub.com.mo/2015/10/30/angola-builds-commercial-port-in-porto-amboim/ [acedido em 30 de
Outubro de 2017].
12 https://www.export.gov/article?id=Angola-Marine-Technology [acedido em 30 de Outubro de 2017].
13 Um quarto caminho-de-ferro de menor extensão ligava a Gabela ao Porto Amboim (cerca de 120 km), mas já não
está operacional.
De modo geral, houve progresso na área de transporte e logística mas num ritmo lento, o que
coloca desafios ao sector de exportação.
3.2.2 Energia
Segundo, falhas de energia aleatórias e frequentes que obrigam os fabricantes e exportadores a usar
geradores de energia e aumentam os custos do negócio. Em 2011 (o último ano com dados
disponíveis), ocorreram falhas de energia em Angola 36 dias por o ano (vs. 5,6 dias em média nos
Em resposta, o governo está a fazer esforços para resolver esses desafios. Na sequência dos grandes
investimentos feitos para gerar energia na década de 2000 e princípio da presente década, as
iniciativas recentes têm sido direccionadas para a distribuição. Como exemplos, existem dois
projectos que tiveram início em 2016 para a construção da linha de distribuição de electricidade
entre Lauca e Huambo, e a expansão da rede de distribuição de electricidade à região do “Planalto
Central”.17 A identificação e exploração de parcerias e sinergias público-privadas com parceiros na
área de desenvolvimento de energia, são também áreas a ser mais exploradas pelo governo no
sector da electricidade a fim apoiar os sectores de manufacturação e exportação.
15 Em 2011 relataram-se taxas de cobrança de 42% de facturação em Angola, longe dos 91% nos países de renda media
(Pushak/Foster 2011: 11).
16 http://www.minea.gov.ao/vernoticia.aspx?id=23251 [acedido em 12 de Setembro de 2017].
17 http://www.minea.gov.ao/vernoticia.aspx?id=31045 [acedido em 12 de Setembro de 2017].
Em relação à primeira questão, os fabricantes e exportadores ainda estão limitados pela falta de
trabalhadores qualificados e acesso a tecnologias de produção modernas. O melhor proxy disponível
para medir isso em todos os sectores é dividir a produção total pelo emprego por sector (Tabela
1). Isso mostra, em primeiro lugar, uma alta variação na produtividade da mão-de-obra em todos
os sectores - o que é esperado devido às diferentes intensidades de capital dos sectores.
Tabela 1: Angola, Produtividade laboral aparente Figura 19 Densidade da empresa em Angola vs.
por sector, 2010 e 2016 (produção por trabalhador densidade de uma nova da empresa em países
por sector, em USD actuais por ano) africanos selecionados, 2008-201618
CAGR
20.00
Sector 2010 2016 2010-16
Agricult/Pecuá/ 18.00
1,388 1,615 2.6%
Florestas 16.00
Pescas 31,488 63,038 12.3% 14.00
Petróleo e Gás 451,424 417,169 -1.3%
12.00
Diamantes e outros 35,634 22,339 -7.5%
Indústria 10.00
50,566 43,948 -2.3%
transformadora 8.00 5.67
Electricidade 67,605 4,660 -36.0% 6.00 4.10 4.12
Construção 19,873 22,430 2.0%
3.54 3.85 3.98 3.93 3.48
4.00
Comércio 7,177 10,153 6.0%
Transportes/ 2.00
19,759 8,128 -13.8%
armazena 0.00
Correios/
205,693 132,604 -7.1%
telecomunicações
Bancos e Seguros 78,700 82,374 0.8%
Angola Botswana
Estado 18,892 14,416 -4.4%
Serviços imobiliários 7,235,918 8,558,746 2.8% Namíbia Nigéria
Outros serviços 13,195 8,251 -7.5% África de Sul
Angola 15,267 14,504 -0.9%
Fonte: CEIC-UCAN, com base nas estatísticas do INE Fonte: Cálculos dos autores com base no INE (número
/ Governo e nos cálculos dos autores de empresas em Angola), ILO LABORSTAT (força
laboral em Angola), e World Bank Doing Business. 19
18A densidade é o número de (novas) empresas divididas pela população activa (15-64 anos).
19 Densidade de novas empresas em países comparáveis), http://www.doingbusiness.org/data/
exploretopics/entrepreneurship [acedido em 06 de Novembro de 2017].
Mais recentemente, o Decreto Presidencial 43/17 de 6 de Março de 2017 confirmou estas regras e
legislou que o pessoal estrangeiro não-residente deve ser pago em kwanzas, não devendo as suas
regalias exceder 50% do respectivo salário e período de emprego os três anos. Antes de contratar
pessoal expatriado, as empresas angolanas devem também provar que as competências requeridas
não estão disponíveis no seio da força de trabalho local.20 No entanto, deve-se também realçar que
o mais recente Plano Intercalar para melhorar a situação económica prevê uma revisão dos
requisitos de visto para o pessoal expatriado altamente qualificado.21
A falta de pessoal motivado e os elevados custos de mão-de-obra também foram referidos, pelos
stakeholders consultados para este estudo, como sendo factores que afectam negativamente a
competitividade.
No que respeita à segunda questão, embora não estejam disponíveis dados quantitativos fiáveis
sobre a distribuição das empresas por tamanho ou desempenho relativos a Angola, a pesquisa feita
a nível dos sectores mostra que, como em muitos países africanos, há uma falta de pequenas e
médias empresas escaláveis. Isto é também apoiado pela densidade de empresas relativamente
baixa, i.e., o número de empresas em relação à força de trabalho: a densidade de todas as empresas
em Angola – em cerca de 4 por 1.000 da população activa – é inferior à densidade de novas empresas
na África do Sul (10) ou Botswana (18) e tem-se mantido essencialmente inalterada ao longo do
tempo (Figura 19 acima). As empresas tendem a ser ou microempresas que operam a um nível de
subsistência e servem clientes locais, mas sem nenhuma capacidade realística de exportar a curto
ou mesmo médio prazo, ou grandes empresas que já exportam, em conformidade com a sua
estratégia de negócio. Não se pode esperar um crescimento considerável em termos de exportação
não petrolífera de nenhuma destas categorias de empresas. O que Angola precisa, portanto, para
diversificar e expandir as exportações, é um número muito maior de médias empresas com alto
crescimento (“gazelas”).
O governo já deu alguns passos no sentido de potenciar o crescimento dessas empresas. Por
exemplo, uma nova lei das MPMEs aprovada em 2012 tem como objectivo promover o
crescimento dessas empresas. Além disso, a fim de acelerar o crescimento das empresas através de
novos investimentos, novas leis de investimento foram aprovadas em 2012 (Lei n. º 20/11, de 20
de Maio de 2011) e também em 2015 (Lei n. º 14/15, de 11 de Agosto de 2015). A Lei do
Investimento Privado de 2015 aplica-se tanto aos investimentos domésticos como estrangeiros em
todos os sectores - excepto nos sectores petrolífero, mineiro e financeiro (Artigo 60) - e concede
extensa proteção aos investidores (Capítulo V da Lei), embora estabeleça que a arbitragem deve
ocorrer em Angola (Artigo 46). A lei abrange também os incentivos ao investimento
(principalmente fiscais) (para os quais os limiares estão definidos em: USD 0,5 milhões para o
investimento doméstico e USD 1 milhão para o investimento estrangeiro; Artigo 3. º) por até dez
anos (artigo 40). Para grandes investimentos (acima de USD 50 milhões), os incentivos devem ser
negociados caso a caso (Artigo 31). Na prática, relatou-se que maioria das empresas em Angola
Existem limites à participação estrangeira em vários sectores, alguns dos quais com potencial de
exportação, nomeadamente o turismo e hotelaria, transportes e logística e TIC. Nestes sectores, é
obrigatória uma participação angolana mínima de 35% no investimento (Artigo 9).
22As classificações da Doing Business são corroboradas por uma entidade internacional alternativa de referência do
ambiente empresarial, o ICG, que mostra que de 2013-2014 a 2014-2015 Angola caiu 2 lugares para a posição 142.
Angola não foi incluída no ICG desde então, o que por si só é um problema a ser resolvido devido à percepção negativa
que isto cria entre potenciais investidores externos.
Fonte: Banco Mundial, Doing Business 2018, http://www.doingbusiness.org [acedido em 31 de Outubro 2017]
Apesar do ambiente de negócios difícil e da queda no preço do petróleo, que conduziram a uma
queda nas entradas de IDE, de USD 16,5 biliões em 2014 para USD 14,4 biliões em 2016,23 Angola
continua a ser de longe o maior beneficiário de IDE em África, com entradas acima de 14 biliões
em 2016. Embora os últimos dados por sector não estejam disponíveis, os sectores petrolífero e
mineiro parecem ter sido os maiores beneficiários dessas entradas, especialmente em função dos
regimes de investimento especiais aplicáveis a eles (OMC 2015: 28ff). No entanto, a fim de atrair
investimentos direccionados à diversificação das exportações, o ambiente de negócios doméstico
precisa melhorar, especialmente nas áreas que são mais relevantes para as empresas exportadoras.
Registro de propriedades
50
Obtenção de crédito
40
Proteção dos investidores
30 minoritários
Pagamento de impostos
20 Comércio internacional
10 Execução de contratos
0 Resolução de Insolvência
DB2010 DB2011 DB2012 DB2013 DB2014 DB2015 DB2016 DB2017 DB2018
Fonte: World Bank, Doing Business 2018, http://www.doingbusiness.org [acedido em 31 de Outubro de 2017]
Apesar do número de bancos, entre 2011 e 2016 o crédito total à economia caiu em cerca de USD
1 bilião, fixando-se em USD 21,9 biliões. Os beneficiários principais foram os sectores habitacional
e retalhista que em só 2016 receberam 14% e 20% respectivamente. O sector da manufacturação
(indústria transformadora) beneficiou de apenas 8,7%,25 uma indicação clara da necessidade de se
alargar o acesso ao crédito a este sector. No mesmo período, o crédito ao governo aumentou de
3,7% em 2011 para 6,7% em 2016 o que pode ter contribuído para a exclusão do investimento
privado em general, e do investimento relacionado com a exportação em particular
Alguns dos principais desafios no sector bancário incluem a necessidade de se (i) reduzir o tempo
de análise dos processos de pedidos de crédito, (ii) minimizar os créditos malparados no mercado,
que aumentaram de 8,1% em 2013 (KPMG 2015) para 15,3% em Setembro de 2016 (IMF 2017) e
(iii) aumentar o crédito ao sector da exportação. A resolução destas questões irá requerer algumas
mudanças sistémicas. Por exemplo, a informação sobre o risco do crédito ainda é difícil de se obter
24 http://www.bna.ao/Conteudos/Artigos/lista_artigos_medias.aspx?idc=142&idsc=834&idl=1 [acedido em 30 de
Outubro de 2017].
25 Cálculos dos autores com base em dados do BNA, Estatisticas Financeiras de Angola, Julho de 2017.
Faltam programas financeiros específicos para o comércio, embora o mais recente Plano Intercalar
Económico (Decreto Presidencial 258/17) prevê o estabelecimento de linhas de crédito específicas
para exportadores nos sectores prioritários (secção 4.2.1b do Plano). Angola não tem actualmente
nenhuma entidade dedicada a fornecer serviços financeiros para atividades de exportação não-
petrolíferas. Na área dos seguros, não existe nenhum regime de seguro para exportações.
Do ponto de vista das transações, a perda dos serviços em USD dos bancos correspondentes torna
mais difícil o financiamento do comércio, particularmente nos casos em que o comércio é efetuado
em dólares americanos (ver FMI 2017: 12f) - o que aparentemente já não é possível depois de o
último banco ter parado de fornecer serviços de liberação de transações em dólares em Novembro
de 2016; consequentemente, as transações internacionais agora são normalmente feitas em euros
(Serviços Comerciais dos Estados Unidos 2017.: 98). Além disso, os programas e medidas em curso
para melhorar a estabilidade do sector financeiro provavelmente tornarão o acesso às finanças mais
difícil, uma vez que os bancos passarão a ter maior aversão ao risco à medida que forem limpando
as suas carteiras de empréstimo.
Uma avaliação recente das infraestruturas de aferição da qualidade angolanas revelaram fraquezas
significativas. Especificamente, constatou-se a “falta de uma política da qualidade, combinada com
infraestruturas de qualidade imprópria com recursos humanos insuficientes e, nalguns casos,
insuficientemente qualificados. Os instrumentos legais que governam as actividades principais no
campo da qualidade - o Sistema Nacional da Qualidade, o Conselho Nacional da Qualidade, os
Estatutos do IANORQ, a Lei de Bases da Metrologia e os respectivos regulamentos - estão
desactualizados” (Rebello da Silva/Lopes Ponçano 2016: 2). Constatou-se também, que o diálogo
público-privado relacionado com questões de qualidade é limitado, e os três pilares das
infraestruturas de qualidade - padronização, metrologia, e avaliação da conformidade - são
impróprios ou subutilizados, não alinhado com as práticas regionais e internacionais, e carecem de
recursos humanos. Especificamente com relação à avaliação da conformidade, que é de
importância particular para os exportadores, o estudo resume as constatações tal como se segue:
“a) O recém-criado Instituto Angolano de Acreditação não tem infraestruturas físicas ou pessoal
qualificado, e a cooperação com as estruturas regionais é quase inexistente; b) Não há nenhum
organismo nacional de certificação e a vasta maioria dos técnicos envolvidos nos processos de formação,
consultoria e auditoria são estrangeiros. Não há nenhuma base de dados sobre organismos de
Se olharmos para os custos de conformidade totais para exportar e importar,26 Angola posiciona-
se abaixo de alguns concorrentes regionais, e da média subsaariana, no que diz respeito tanto a
exportações como a importações e aos custos tanto documentais como de conformidade nas
fronteiras (Figura 22).
Figura 22: Custo de conformidade de negócios transfronteiriços em Angola e em países comparáveis à data
de Junho de 2017 (USD)
a) Custo para exporter b) Custo para importar
1800 1800
1600 1600
1400 1400 564
1200 1200 460
1000 240 348 1000
800 250 800 317
220 221 213
600 600 1030 1077
825 170 400 171
400 179 745 786 657 717
200 602 428 613 200 67 63
317 354
0 0 98 145
Em segundo lugar, no que diz respeito às questões processuais aduaneiras, Angola fez progressos
notáveis nos últimos anos. Algumas das reformas empreendidas são:
▪ A informatização dos procedimentos aduaneiros nas principais entradas de importações, o
que levou a um aumento do número de declarações aduaneiras remetidas electronicamente,
de 43% em 2009 para 84% em 2014 (OMC 2015: 32);
26Ambos são importantes, como abordado acima, porque os exportadores normalmente dependem de insumos
importados e, portanto, facilitar os procedimentos de importação aumentará a competitividade das exportações.
Estes são desenvolvimentos positivos, mas há muito mais a ser feito para se assegurar que os
procedimentos aduaneiros joguem um papel importante no apoio às exportações não-petrolíferas
angolanas (e aos insumos importadas relacionados) de modo a que estas possam se tornar
competitivas em relação aos países vizinhos. Particularmente no que respeita ao tempo necessário
para exportar, este supera de longe o tempo necessário em outros países regionais e é quase o
dobro da média da África subsaariana (Figura 23). Tais procedimentos longos têm claramente um
efeito depressivo sobre a propensão para exportar. Neste contexto, é encorajador o facto de, para
resolver a situação económica, o Plano Intercalar prever a redução dos custos administrativos para
as exportações e insumos essenciais importados.29
Figura 23: Tempo de conformidade de negócios transfronteiriços em Angola e em países comparáveis à data
de Junho de 2017 (horas)
a) Tempo para exportar b) Tempo para importar
500 500
400 400
173
300 300
169
200 131 200 180 108
90 91 36
68 284
100 192 70 100
18 120 135 100 104 3 24 3 144 145
66 96
0 5 0 4 14 6
Fonte: Banco Mundial, Doing Business 2018, http://www.doingbusiness.org [acedido em 31 de Outubro de 2017]
A transparência das regras de exportação é limitada, sendo que os procedimentos não são bem
divulgados nem estão facilmente disponíveis aos comerciantes. Por exemplo, embora o Ministério
do Comércio tenha publicado um Manual do Exportador em 2015 (Ministério do Comércio /
APIEX 2015), o mesmo é muito básico e fornece orientação limitada sobre os processos a serem
seguidos. A informação essencial para os comerciantes é normalmente difícil de encontrar, repleta
de incertezas sobre a sua validade e aplicabilidade. As empresas constataram também que os
regulamentos mudam sem aviso prévio (ou qualquer tipo de aviso; Serviço Comercial Americano
2017).
Actualmente, Angola não possui um regime específico de incentivo à exportação, além das zonas
francas (onde as empresas, sendo consideradas fora do território aduaneiro angolano) estejam
isentas de impostos sobre a importação e exportação. O desempenho da exportação também é um
dos critérios utilizados na determinação dos incentivos ao investimento na Lei do Investimento
Privado 14/2015 de 11 de Agosto de 2015 (artigo 30 e quadro anexo), embora a sua ponderação
nos critérios gerais seja limitada a 7,5% (as empresas não-exportadoras recebem uma pontuação de
7,5%, enquanto as empresas que exportam mais de 75% da produção recebem uma pontuação de
15%. Em suma, há uma grande falta de incentivos específicos às exportações em Angola.
Embora a China seja o maior mercado de exportação de Angola, as exportações de petróleo bruto
são predominantes. As exportações de outros produtos são limitadas. As exportações angolanas
são elegíveis para beneficiar do regime chinês livre de direitos, livre de quotas (DFQF) para PMAs
O segundo maior mercado de exportação, que é particularmente importante para os produtos não
petrolíferos, é a União Europeia. Sendo um PMA, as exportações angolanas para a UE beneficiam
actualmente do regime Everything But Arms (EBA), que faz parte do sistema generalizado de
preferências da UE (SGP) e proporciona acesso DFQF a todas as exportações de Angola para o
mercado da UE, desde que estas cumpram com os padrões de segurança e qualidade exigidos e
cumpram com as regras de origem EBA (RdO). Estes dois últimos requisitos nem sempre são
fáceis de cumprir; o primeiro especialmente em relação aos produtos agrícolas e alimentícios, e o
último em relação aos produtos manufacturados. Embora a RdO no âmbito da EBA tenha sido
simplificada em 2011, a fim de melhorar a utilização das preferências, a utilização preferencial de
Angola diminuiu de aproximadamente 60% para menos de 40% (Tabela 2). A tabela também
mostra que a maior exportação de Angola para a UE, o petróleo, não está sujeita a direitos de
importação na UE.
Tabela 2: Exportações de Angola para a UE, pelo regime de importação da UE, 2010-2016 ('000 de EUR)
Elegibilidade Regime de importação 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Somente MFN ZERO 3,779,864 6,449,534 6,951,790 9,221,279 9,312,046 7,114,331 4,093,490
MFN MFN NÃO ZERO 2,060 215 12 1,488 0 160 436
MFN NÃO ZERO 28,272 69,395 57,248 55,646 50,412 33,426 46,514
SPG
SPG ZERO 39,055 91,734 82,300 26,452 20,937 18,089 29,475
Desconhecido 2,595 6,988 2,993 2,411 3,979 3,845 18,190
Ex portações totais para a UE 3,851,847 6,617,867 7,094,344 9,307,277 9,387,374 7,169,852 4,188,106
Elegível para SPG 1.7% 2.4% 2.0% 0.9% 0.8% 0.7% 1.8%
Tax a (%) Isento de impostos 99.1% 98.8% 99.2% 99.4% 99.4% 99.5% 98.4%
Taxa de utilização SPG 58.0% 56.9% 59.0% 32.2% 29.3% 35.1% 38.8%
Fonte: Cálculos dos autores com base na base de dados da Eurostat COMEXT.
Angola também é membro do grupo de estados da África, Caraíbas e Pacífico (ACP), que têm
estado a negociar, em diferentes grupos regionais, acordos de parceria económica (APE), que visam,
dentre outros, tornar a relação comercial entre a UE e os países ACP compatível com as regras da
OMC, e também proporcionar um regime comercial estável e previsível, especialmente para as
indústrias e os investidores. O grupo do APE da SADC, que inclui o Botswana, Lesoto,
Moçambique, Namíbia, África do Sul e Suazilândia, concluiu as negociações com a UE sobre um
APE a 15 de Julho de 2014 e assinou-o a 10 de Junho de 2016; Angola ficou de fora do APE, mas
com a opção de aderir.31 Enquanto Angola optar por permanecer fora do APE, desde que retenha
o estatuto de PMA, poderá continuar a exportar para a UE ao abrigo do EBA. A comercialização
no âmbito deste regime tem algumas vantagens - notoriamente, não se baseia na reciprocidade e,
portanto, não exige compromissos de abertura de mercado por parte de Angola. Contudo, existem
também algumas desvantagens e riscos: Em princípio, a UE poderia alterar as condições aplicáveis
ao EBA, ou eliminar o regime de preferências, unilateralmente a qualquer momento. As RdO
também são menos favoráveis do que no APE. Por outro lado, as oportunidades oferecidas pelo
APE da SADC-UE incluem o (i) desenvolvimento potencial de cadeias de valor regionais,
com a UE como parte de outros grupos regionais, nomeadamente as configurações do APE da África Central, Oriental
e Austral.
Angola tem o acesso aos Estados Unidos ao abrigo da Lei do Crescimento e Oportunidades
Africanas (AGOA), que prevê o acesso ao DFQF, incluindo uma isenção dos requisitos-padrão de
“yarn forward” dos EUA que negam o acesso a têxteis e roupas usando insumos não originários. De
2012 a2016, a componente AGOA das exportações angolanas para os EUA diminuiu de 93% para
64%, mas foi em grande parte dominada pelas exportações de petróleo e diamante. Outros
produtos elegíveis para AGOA são vinhos, produtos químicos, aço, certos componentes de
veículos motorizados, produtos agrícolas, entre outros32. Existe também um Acordo de Comércio
e Investimento (TIFA) desde maio de 2009, que prevê consultas bilaterais sobre o comércio de
bens e políticas de investimento de interesse para Angola e os EUA.33 As dificuldades e os desafios
em relação às exportações no âmbito da AGOA são as mesmas enfrentadas no âmbito do EBA:
requisitos pesados relativos a regras de origem e risco de retirada unilateral.34 Da mesma forma, os
requisitos de segurança e qualidade dos produtos nos EUA são tão difíceis de satisfazer quanto os
da UE.
A CEEAC foi criada em 1983, tendo como um dos seus objetivos estabelecer uma área de comércio
livre e união aduaneira dentro de 12 anos. Até à data, dispõe de regimes tarifários e de trânsito
preferenciais, das suas próprias regras de origem e do seu próprio mecanismo de financiamento
baseado numa imposição sobre as importações provenientes de países terceiros. O sindicato
aduaneiro ainda não funciona (WTO 2015: 23). Do mesmo modo, as tarifas para as exportações
angolanas para os países da CEEAC ainda estão sujeitas a direitos; Além disso, as empresas
relataram que os obstáculos não tarifários e os desafios processuais são obstáculos importantes na
exportação para os países da CEEAC; na verdade, a CEEAC parece oferecer pouco em termos de
preferências em comparação com a exportação para outros países africanos sob o regime NMF.
Como País Menos Avançado (PMA), Angola beneficia dos regimes SGP em vários outros
mercados, incluindo o Japão (desde Agosto de 1971) e o Canadá (desde Julho de 1974). Embora
Angola tenha recentemente exportado para esses mercados, não foram encontradas evidências
sobre as taxas de utilização desses regimes. Pode-se supor, no entanto, que apresentam problemas
de acesso ao mercado semelhantes aos da UE e dos EUA.
A Índia também possui um regime de Preferência DFQF para os PMA, segundo o qual os PMA
podem exportar para a Índia com isenção de impostos - isso se aplica a 98,2% das linhas pautais
desde Abril de 2014. As preferências são concedidas apenas mediante pedido dos PMA;
actualmente 31 PMAs beneficiam desse regime – Angola ainda não é um dos beneficiários. As
regras de origem também foram simplificadas em 2015 para tornar mais fácil para os exportadores
dos PMA usar o sistema.
Em suma, embora o acesso ao mercado seja muito específico ao produto e, portanto, seja melhor
abordado sector por sector (ver seção 4.1.6 e perfis no anexo A), as questões-chave são as barreiras
36Os próprios compromissos de Angola em termos de acesso ao mercado são muito limitados. A taxa consolidada
média das linhas pautais angolanas é de 59,2%. Embora os produtos agrícolas estejam consolidados numa taxa máxima
de 52,7%, os produtos não agrícolas estão consolidados a uma taxa média de 60,1%. Existem também 31 linhas pautais
para as quais as taxas pautais aplicadas pela NMF excedem a taxa consolidada em até 35 pontos percentuais (OMC
2015).
3.10 Resumo
Para determinar a necessidade de acções em termos de políticas relacionadas com os desafios
abordados neste capítulo, com o objetivo de desenvolver as exportações não petrolíferas, é útil
fornecer um resumo que trate claramente dos seguintes factores relevantes para a determinação
das prioridades das políticas (as recomendações mais detalhadas decorrentes dessas constatações e
as ações propostas serão apresentadas no plano de ação para a diversificação das exportações):
Primeiro, a importância de um desafio específico na expansão e diversificação das exportações;
segundo, o potencial para resolver um determinado desafio em curto prazo e com recursos
governamentais limitados; e, terceiro, a probabilidade de a eliminação de um desafio conduzir
rapidamente ao aumento das exportações não petrolíferas.
O acesso às finanças é um problema a vários níveis. Além das dificuldades gerais de obtenção de
financiamento que afectam todas as empresas, os exportadores são afetados também pela falta de
instrumentos para financiamento comercial e seguros, incluindo questões relacionadas a transações
de pagamentos internacionais. Esta questão está intimamente relacionada com a escassez de moeda
estrangeira e as medidas correspondentes tomadas pelo banco central com o objetivo de manter a
taxa de câmbio e controlar a inflação, que restringiram ainda mais o acesso ao financiamento.
Resolver essas questões ajudaria os actuais exportadores a expandirem rapidamente as exportações,
enquanto o impacto na diversificação das exportações seria menos directo e só ocorreria a longo
prazo.
Os procedimentos de exportação são outra questão importante, uma vez que são pesados, lentos
e caros, especialmente quando comparados com a maioria dos outros países; e os procedimentos
complicados chocam directamente contra a tão necessária expansão e diversificação das
Angola carece actualmente um regime específico para incentivos à exportação, mas, tendo em
conta os outros desafios, o efeito dessa carência e os seus efeitos sobre a expansão das exportações
- sem se ter resolvido antes as outras questões - é considerado limitado, excepto, primeiro, em
certos sectores que têm um claro potencial de exportação e, segundo, se concebido como
instrumento de compensação para os efeitos prejudiciais da sobrevalorização sobre os
exportadores. Embora os incentivos à exportação possam ser instituídos em pouco tempo, e
também com efeitos quase imediatos, espera-se que a sua magnitude seja limitada, a menos que os
outros impedimentos à diversificação das exportações sejam removidos.
Da mesma forma, resolver as restrições actuais de acesso ao mercado como uma política
horizontal é considerada uma questão secundária e só produzirá resultados de médio a longo prazo.
Geralmente, a probabilidade de Angola alterar as condições de acesso ao mercado nos mercados-
alvo é limitada; estas deveriam ser negociadas com os governos dos parceiros comerciais e, dado
que Angola já beneficia do acesso preferencial a muitos países, parece pouco provável que grandes
melhorias ainda possam ser alcançadas. Existem algumas excepções - como o acesso aos mercados
de vários países africanos, bem como a adesão ao Sistema Geral de Preferências da Índia - que deve
ser realizada pelo Governo. No entanto, uma política mais importante seria ajudar os exportadores
angolanos a lidar com os requisitos de acesso aos mercados dos parceiros comerciais.
No entanto, existem duas advertências para esta priorização. Primeiro, as medidas se reforçam
mutuamente, pelo que uma medida tomada sem outra é pouco provável que seja eficaz. Isto
significa que não é aconselhável escolher apenas algumas medidas para a implementação - uma
estratégia de diversificação das exportações deve solucionar de forma abrangente todas as restrições
identificadas para que seja bem-sucedida; neste sentido, a priorização deve ser considerada como
algo que fornece uma indicação apenas da relativa urgência e importância das medidas.
Segundo, muitas das questões horizontais afectam diferentes sectores de forma distinta. Por
exemplo, as restrições de acesso ao mercado no mercado-chave de cimento ou bebidas podem
constituir uma restrição importante para esses produtos. Portanto, as medidas horizontais precisam
ser complementadas com medidas específicas do sector, com base em numa análise minuciosa da
operação, desempenho e perspectivas dos sectores.
37O governo esta já a planificar a implementação de medidas em muitas das áreas identificadas como sendo de
estrangulamento (ver seção 5.1); no entanto, essas medidas geralmente não são classificadas em termos de importância.
Prioridade Crescente
Prioridade Crescente
Complicações nos
Procedimentos Ambiente de
Relativos às Negócios Difícil
Média
Exportações
Restrições Financeiras
Incentivos às
Exportações
Reduzid
a
Além disso, o potencial de um sector para atrair o IDE e para beneficiar e/ou criar repercurssões
de/para outros sectores e a economia global, medido pela relação da produção existente com o
sector, também desempenha um papel importante para determinar se o potencial de exportação
existente a curto ou a longo prazo.
Tabela 338 resume o recente desempenho das exportações dos sectores analisados. Apenas dois
sectores - cimento e bebidas - mostraram recentemente altos valores de exportação e alto
crescimento das exportações. A madeira, os cereais, o sabão, o açúcar e o couro registaram volumes
elevados, mas de médio, ou grandes volumes, mas crescimento médio, produtos derivados do
petróleo, produtos pesqueiros e aço de valor agregado e sectores de serviços são grandes
exportações mas cresceram em níveis relativamente limitados, ou mesmo declinaram em termos
de valor. Além disso, os dados de bens também incluem reexportações,39 e é provável que, para
produtos de aço e seus derivados, ou derivados de cereais, entre outros, a parcela de reexportação
nos dados reportados seja considerável. Essas questões são abordadas nos perfis sectoriais (Anexo
A) e são levadas em consideração na avaliação resumida conforme apresentado na secção 4.1.9.
38 Apenas os sectores de bens são cobertos porque dados desagregados para exportação de serviços não estão
disponíveis.
39 As estatísticas disponíveis não distinguem entre exportações domésticas genuínas e reexportações.
Devido ao domínio das exportações de petróleo nas exportações totais de Angola, muito poucos
outros sectores de bens mostram uma vantagem comparativa revelada (RCA), ou seja, têm uma
pontuação do Índice Balassa de pelo menos 1 (Figura 25a) - na verdade, em 2012 nenhum único
sector teve uma vantagem comparativa e apenas três - cimentos, produtos petrolíferos de valor
agregado e pedras ornamentais - apresentaram RCA acima de 1 em comparação com as
exportações mundiais em 2016 (painel esquerdo). Em comparação com a África sub-sahariana,
dada a maior semelhança das economias regionais em termos de estruturas de exportação, Angola
apresentou uma RCA acima de 1 apenas para produtos petrolíferos de valor agregado e cimento
(painel direito).
RCA 2016
RCA 2016
Pláscticos Couro
0.01 Vegetais 0.01 Leite Vegetais Tèxteis Café
Mel Couro Fruta
Leite Tèxteis Oleaginosa
Oleaginosa Aves
Fertilizante s Fertilizante
s Aves
0.001 Sal s 0.001 Mel s
Carne
Carne
Sal
Minerais
0.0001 Minerais 0.0001
Preciosos
Minerais
Preciosos
0.00001 0.00001 Minerais
1
0.00001
0.0001
0.01
0.001
0.1
1
0.00001
0.0001
0.01
0.001
0.1
0.000001
1 1 Telecomun
icações
RCA 2016
RCA 2016
Telecomun
icações
Serviços
Serviços Transporte para
0.1 para 0.1
empresas Transporte
empresas
0.01 0.01
10
10
1
1
0.01
0.1
0.01
0.1
40Conforme observado na metodologia (Anexo B), os sectores de bens e serviços foram considerados separadamente,
principalmente devido a problemas relacionados à comparabilidade dos dados. No entanto, uma análise combinada da
vantagem comparativa revelada de bens e serviços também foi realizada; Isso oferece resultados muito semelhantes -
os índices do Índice Balassa para os sectores de serviços pouco reduzidos, devido ao impacto do sector de petróleo,
mas esse efeito é contrariado por um desenvolvimento mais forte dos sectores de serviços ao longo do tempo na
avaliação combinada.
Mesmo que o desenvolvimento da RCA seja ajustado pelo declínio do preço do petróleo ao longo
do período (por um factor de 2.205), a maioria dos sectores ainda melhorou a sua pontuação de
RCA ao longo do período, ou seja, sua vantagem comparativa aumentou (ou a desvantagem
comparativa diminuiu). Em comparação com o mundo, apenas a RCA de vidro declinou com base
nesta medida ajustada e em comparação com a África sub-sahariana, este foi o caso do vidro, pedras
ornamentais, carne e seus derivados, sal e minérios. Por outro lado, as maiores melhorias foram
feitas por cimento, açúcar e confeitaria, cereais, sabão, bebidas e mel, o que aumentou a RCA
(reduziu sua desvantagem comparada) mais de cem vezes, em muitos casos, no entanto, começando
de uma forte desvantagem comparativa (Tabela 4).
Para os sectores de serviços, o desenvolvimento ao longo do tempo tem sido menos positivo.
Somente os serviços de negócios poderiam melhorar seu desempenho de exportação no período
de 2012 a 2015, o sector de turismo e viagens ocupou sua posição, e os transportes e as
telecomunicações perderam terreno (conforme observado pela posição abaixo da linha diagonal na
Figura 25).
4.1.3 Produção
Em segundo lugar, o legado da guerra civil, que destruiu a capacidade de produção em vários
sectores, continua a afectar principalmente os sectores agrícolas, incluindo café, pecuária, frutas e
vegetais, algodão, bem como as indústrias a jusante dependentes de produtos agrícolas, tais como
como indústrias de carne, couro ou têxteis. Algumas actividades de mineração, em particular
minério de ferro, também foram afectadas. A revitalização de pelo menos alguns sectores está em
curso, no entanto o processo exige tempo.
Em suma, o maior potencial de produção para fins de exportação (em vez de satisfação da procura
doméstica) existe nos seguintes sectores:
▪ Cimento: Angola tem cinco principais produtores de cimento com uma capacidade de
produção instalada combinada de cerca de 8 milhões de toneladas por ano, em comparação
Os seguintes sectores também possuem capacidade de suprimento que pode ser adequada para
exportação, pelo menos até certo ponto:
▪ Os sectores que já estão a exportar, mas onde grandes aumentos na produção não são
viáveis no curto prazo: incluem produtos pesqueiros e seus derivados, pedras ornamentais
e serviços de viagens e turismo; e
▪ Sectores em que os projectos de investimento são actualmente implementados (ou podem
ser implementados a curto prazo) para expandirem a produção, o que também pode facilitar
as exportações: os sectores desta categoria são vidro (garrafas), café, frutas, vegetais,
oleaginosas, mel, têxteis, artigos de plásticos, serviços de telecomunicações e serviços às
empresas.
Em outros sectores, a capacidade e o potencial de produção são bastante limitados, pelo menos
em relação à procura doméstica, e, portanto, a capacidade de oferta orientada para a exportação é
considerada limitada pelo menos no curto e médio prazo.
A revisão dos sectores revelou uma série de restrições comuns que afectam a produção e a
exportação da maioria, senão de todos os sectores (tabela 6). Estes incluem, em particular, os
seguintes:
▪ Falta de acesso à moeda estrangeira (ver secção 3.1): de acordo com informações específicas
recebidas das partes interessadas e a pesquisa documental, isso afecta pelo menos 60% dos
30 sectores que dependem de insumos e maquinários importados, além de exigir
funcionários/serviços expatriados pagos em moeda estrangeira. Para as empresas desses
sectores, o difícil acesso à moeda estrangeira é uma restrição vinculativa, tanto para a
produção, mercado interno como para as exportações;
▪ Um problema parcialmente relacionado, que também afecta 60% dos sectores pesquisados,
é a disponibilidade limitada de matérias-primas e insumos do mercado interno. Em muitos
casos, isso se refere a produtos agrícolas que as indústrias a jusante (como gado para carne
41“Angola: Proclamada Associação das Indústrias de Bebidas de Angola”, Agência Angola Press, 29 de Janeiro de
2015, http://www.angop.ao/angola/pt_pt/noticias/economia/2015/0/5/Angola-Proclamada-Associacao-das-
Industrias-Bebidas-Angola,e396a4c0-abdb-4f9a-9143-fc2faefa52b2.html [acedido em 12 de Julho de2017].
Além disso, uma série de constrangimentos são vinculativos somente para sectores específicos e,
portanto, limitam o potencial de exportação desses sectores; alguns destes são:
▪ Para os sectores agrícolas e outros produtos perecíveis e alimentares, as infra-estruturas
pós-colheita, incluindo o armazenamento, a ausência de cadeias de refrigeração, a falta de
organismos de certificação internacionalmente credenciados e os procedimentos lentos
para exportação são restrições vinculativas para a exportação (e em parte a produção);
▪ As ineficiências operacionais e a falta de investimento afectam uma série de sectores, tanto
os sectores de exportação tradicionais como o café e os sectores, visando principalmente o
mercado interno, como a maioria dos sectores de processamento agropecuário. Devido a
outros constrangimentos, a propensão a investir nestes é limitada;
▪ O custo das restrições exportadoras e operacionais nos procedimentos de importação e
exportação foram identificados como restrições em relativamente poucos sectores, mas em
particular nos que mostraram um desempenho de exportação relativamente forte, incluindo
bebidas, vidro e madeira. Isso mostra que, uma vez que as empresas superaram questões
gerais que afectam a produtividade e a capacidade produtiva, as regras e procedimentos de
exportação constituem o próximo nível de restrições vinculativas para as exportações;
▪ Finalmente, as questões de acesso ao mercado também afectam um número relativamente
pequeno de sectores, em particular os sectores de serviços. Estes são abordados em mais
detalhes na secção 4.1.6.
Em geral, as barreiras específicas às exportações são bastante raras, mas isso é resultado da
experiência geralmente limitada com as exportações não petrolíferas, onde muitas empresas estão
a lutar para sobreviver mesmo no mercado doméstico devido a problemas de competitividade mais
gerais. Onde as barreiras relacionadas à exportação estão presentes, são questões graves que podem
facilmente impedir as exportações. Portanto, a remoção de tais barreiras é um importante
instrumento de curto prazo para expandir as exportações, já que as empresas que se beneficiam das
melhorias já estão a exportar e, portanto, podem expandir as exportações a curto prazo.
Sector
01 Carne e seus Derivados x x x x x x x x alto baixo
02 Aves x x x x x x x médio médio
03 Produtos de Pesca x x x x x médio médio
04 Leite e Produtos Lácteos x x x x x x x x x alto médio
05 Mel x x x x médio alto
06 V egetais e Preparados de V egetais x x x x x x alto médio
07 Fruta e Preparados de Fruta x x x x x x alto médio
08 Café x x x x x x x x alto médio
09 Cereais e seus Derivados x x x x x x x x x x alto baixo
10 Oleaginosas e Óleos V egetais x x x x x x x x x alto médio
11 Açucar e Confeitaria x x x x x médio médio
12 Bebidas Alcoólicas e Não Alcoólicas x x x x médio alto
13 Sal x x x médio alto
14 Rochas Ornam entais x x x x médio médio
15 Cim ento x x x x x médio médio
16 Minerais e Seus Derivados x médio médio
17 Produtos Petrolíferos e seus Derivados x alto baixo
18 Fertilizantes x x x x x x alto baixo
19 Sabão x x x x x x x alto alto
20 Plásticos e Seus Derivados x x x x x x x médio alto
21 Couro e seus Derivados x x x x x x x x alto baixo
22 Madeira e seus derivados x x x x x x x médio médio
23 Algodão, Tèxteis e Confecções x x x x x x x x médio alto
24 V idro x x x x x x x médio alto
25 Minerais Preciosos de valor agregado x x alto baixo
26 Ferro, Aço e Produtos Derivados x x x x x médio médio
27 Serviços de Transporte x x x x x alto baixo
28 Serviços de Telecom unicações x x x x médio médio
29 V iagens e Serviços de Turism o x x x x x x x x médio baixo
30 Serviços para as Em presas (incluindo a
Indústria Petrolífera) x x x x alto baixo
Porcentagem de setores afetados pela restrição60% 17% 3% 30% 53% 27% 27% 3% 43% 3% 10% 13% 60% 43% 20% 33% 30% 43% 10% 13% 7% 3% 23%
Fonte: Preparado pelos autores com base em perfis sectoriais no anexo A
Com o objectivo de avaliar a gravidade dos problemas e o potencial para resolvê-los, e, portanto,
em última análise, contribuir para o exercício de priorização do sector, a Tabela 7 agrupa os 30
sectores pesquisados; como pode ser visto, para nenhum dos sectores as restrições foram
classificadas como baixas. No entanto, uma série de sectores com restrições de nível médio têm
um potencial alto ou pelo menos intermediário para resolver os problemas e, assim, iniciar ou
expandir as exportações (quanto mais alto um sector estiver localizado, mais positivo é a
perspectiva de exportar). Por outro lado, os sectores da célula inferior direita enfrentam restrições
graves que são difíceis de abordar, o que mitiga os seus sectores de exportação notáveis pelo menos
no curto e médio prazo.
Tabela 7: Severidade das restrições e potencial de solução para os sectores económicos Angolanos.
Potencial para medidas para superar restrições
alto médio baixo
baixo --- --- ---
médio 05 Mel 02 Aves 29 Viagens & turismo
12 Bebidas 03 Produtos pesqueiros
13 Sal 11 Açucar
20 Plásticos 14 perdas ornamentais
23 Algodão & texteis 15 Cimento
24 Vidro 16 Minério & minerais
22 Madeira
Gravidade das restrições
Como resultado das considerações precedentes, o potencial do mercado foi avaliado como “médio”
para “alto” para a maioria dos mercados (ver Tabela 8 na próxima secção)42 excepto os fertilizantes,
que é um mercado fortemente comercializado que tem visto uma forte e consistente contração nos
últimos anos, juntamente com uma concorrência global muito alta e fortes economias de escala - e
que, portanto, parece ser um mercado difícil de entrar para as exportações angolanas, especialmente
considerando o facto de que a produção no país deveria ser iniciada a partir do zero.
Para a análise das barreiras de acesso aos mercados de exportação, os sectores de bens e serviços
precisam ser tratados separadamente, uma vez que a natureza das barreiras difere entre as duas.
Para os sectores de bens, dependendo dos sectores e dos mercados-alvo, as tarifas e as barreiras
não tarifárias (NTBs) precisam ser consideradas. Um padrão geral é que os mercados com barreiras
tarifárias mais elevadas (ou seja, muitos países africanos) são menos difíceis em relação à maioria
das NTB, em especial TBTs e vice-versa. No que se refere às barreiras específicas enfrentadas pelos
sectores:
▪ Para todos os sectores agrícolas, os requisitos SPS geralmente são muito exigentes,
especialmente nos mercados dos países desenvolvidos. Além disso, enfrentam barreiras em
termos de exigentes padrões de qualidade e requisitos de certificação;
▪ Para quaisquer bens de consumo, cumprir os padrões de qualidade e segurança, requisitos
de certificação e regulamentos de embalagem e rotulagem, especialmente nos mercados dos
países desenvolvidos, são desafiadores, em particular devido à infra-estrutura deficiente em
qualidade em Angola;
▪ Os bens de consumo (como as bebidas) também enfrentam uma barreira em termos de
hábitos e expectativas do consumidor, que exigem investimentos consideráveis na
construção de marca para entrar no mercado; e
▪ As proibições de importação afectaram as exportações “bem-sucedidas” para a República
Democrática do Congo, em particular o cimento, a cerveja e as aves de capoeira/ovos,
outros produtos agrícolas seriam ocasionalmente ou sazonalmente afectados por cotas de
importação (isso ainda não foi um problema para Angola devido às exportações limitadas
de Produtos agrícolas que ocorrem actualmente).
42Embora esta categorização seja uma boa notícia para o potencial de diversificação de exportações de Angola, fornece
orientações limitadas para priorizar os sectores.
Para o modo 2, onde o destinatário do comprador deve estar presente em Angola, as barreiras de
acesso ao mercado não desempenham um papel importante, excepto no turismo, que é afectado
por requisitos rigorosos de visto em Angola, bem como conexões de transporte aéreo limitadas.
No modo 3, as barreiras de acesso são constituídas por regulamentos de investimento e outras
condições regulatórias para a prestação de serviços no país alvo; Estes tendem a ser elevados em
sectores fortemente regulamentados, como serviços de telecomunicações e transportes. Além disso,
as exportações de modo 3 geralmente exigem investimentos consideráveis (ver secção 4.1.7). As
barreiras de acesso à exportação do modo 1 são tipicamente de natureza técnica.
Tabela 8: Potencial de mercado de exportação e severidade das barreiras de acesso ao mercado para sectores
económicos Angolanos
Potencial de Mercado
alto Médio baixo
baixo 13 Sal
14 Pedras Ornamentais
17 Produtos petrolíferos.
24 Vidro
médio 03 Produtos Pesqueiros 05 Mel 18 Fertilizantes
08 Café 06 Vegetais & preparados
29 Viagens & turismo 07 Frutas & preparados
Gravidade das barreiras de acesso
09 Cereais
10 Oleginosas & óleos
12 Bebidas
15 Cimento
16 Minérios & minerais
19 Sabão
20 Plásticos
22 madeira
23 Algodão & texteis
25 Minerais preciosos
26 Ferro & aço
28 Telecomunicações
30 Serviços empresariais
alto 01 Carne
02 Aves
04 leite
11 Açucar
21 Couro
27 Serviços de Transporte
Fonte: Preparado pelos autores com base em perfis sectoriais no anexo A.
43O modo 4, que abrange a presença de pessoas naturais Angolanas que prestam serviços em países estrangeiros,
desempenha um papel limitado para uma estratégia de diversificação de exportações e depende essencialmente das
políticas de permissão de trabalho de outros países.
Em geral, os sectores podem ser agrupados em três grandes categorias: o primeiro inclui aqueles
que foram afectados pelo subinvestimento ou negligência, ou são novos sectores e, portanto,
precisam de investimentos consideráveis para torná-los exportadores competitivos. O potencial
real para atrair o investimento privado, em seguida, depende da gravidade dos constrangimentos
que afectam o sector. Este grupo inclui a maioria dos sectores agrícolas, incluindo café, fertilizantes,
sabão e serviços de viagens e turismo. O segundo grupo compreende os sectores em que
investimentos consideráveis foram feitos (ou pelo menos planeados) recentemente, em alguns
casos, até mesmo em investimentos excessivos, e onde o potencial de investimento adicional em
curto prazo é limitado. Esses sectores incluem cimento, açúcar e algodão e vestuário. O terceiro
grupo são sectores estabelecidos, na maioria dos casos que já estão exportando, onde o
investimento tem sido uma actividade contínua e onde investimentos adicionais podem levar à
expansão das exportações a curto prazo. Este grupo inclui bebidas, vidro, madeira, pescas, bem
como os sectores de serviços considerados.
Em geral, a descoberta da análise do sector mostra que apenas alguns sectores têm baixo potencial
de investimento (público ou privado), incluindo investimentos orientados para exportação; Estes
são cereais e seus derivados, açúcar, couro e seus derivados e produtos minerais de valor agregado
e jóias.
Para Angola, uma aplicação padrão do conceito de espaço de produtos não é apropriada porque as
exportações actuais estão tão isoladas em todo o espaço do produto que os grupos de produtos
“próximos” que poderiam ser a base para a diversificação de exportação simplesmente não existem.
Productos
petrolíferos
Máquinas e
aparelhos
Productos de
Ferro e aço
Productos de m adeira
Sucata de
m etais
Diam antes
Rochas
ornam entais
Productos
de pesca
Embora uma aplicação rigorosa do conceito de espaço de produtos para Angola conduza à
descoberta exagerada de que o potencial de diversificação de exportação é mínimo, uma aplicação
menos rígida do conceito foi aplicada. Isso leva a idéia básica (que é mais fácil exportar novos
produtos que são semelhantes, exigem competências e conhecimentos similares aos que já estão
sendo exportados), mas depende de um julgamento qualitativo derivado do papel histórico que um
sector tem desempenhado em Angola bem como o nível de experiência de exportação no sector
ou sectores intimamente relacionados.
Diam antes
Outros productos
Peixes e crustáceos
Animal Veget. Food- Mineral Plastics & Leather Wood Stone & Machinery
Chemical Textiles Footwear Metals Transport Misc
products products stuffs products rubber products products glass electrical
Aplicar isso aos sectores pesquisados mostra, em primeiro lugar, que os vínculos actuais entre os
sectores estão na maior parte subdesenvolvidos. A principal expressão disso é a falta de cadeias de
valor domésticas e o fcato de que a maioria dos insumos, em todos os sectores, é importada. Mas,
em segundo lugar, para muitos sectores, as cadeias de valor doméstico e as fortes ligações com
outros sectores poderiam ser construídas - isso exige uma abordagem integrada de cadeia de valor
para a diversificação das exportações (que já está incorporada na definição de sectores para este
estudo). Em terceiro lugar, dadas as limitadas exportações não petrolíferas, a maioria dos sectores
é considerada como “distante” – dos 30 sectores pesquisados, apenas pescas, bebidas, pedras
ornamentais, cimento, minérios e minerais, produtos petrolíferos de valor agregado, madeira e
vidro estão incluídos entre aqueles onde há experiência suficiente nos mercados para facilitar a
expansão das exportações. Adicionando padrões tradicionais de produção e exportação, alguns
sectores agrícolas, incluindo o café, poderiam ser adicionados, enquanto o restante dos sectores
enfrentaria uma curva de aprendizado íngreme ao entrar no negócio de exportação.
Os vários factores que afectam os resultados das exportações abordados nas secções anteriores
foram utilizados, aplicando a metodologia explicada no Anexo B, para classificar os 30 sectores
definidos de acordo com seu potencial de exportação. Isto está resumido na Tabela 9. Todos os
detalhes para a avaliação de cada sector são fornecidos nos perfis sectorais no Anexo A.
A Tabela 9 também mostra os maiores desafios que são: do lado da oferta. Para não menos de 14
sectores, a gravidade dos constrangimentos-chave foi classificada como alta, e o desempenho de
exportação passado e actual foi baixo. 15 Sectores apresentam baixas taxas em termos de RCA. Do
lado positivo, tem havido desenvolvimentos encorajadores em relação à produção em muitos
sectores, e as medidas para superar os principais constrangimentos enfrentados estão prontamente
disponíveis e, em muitos casos, já estão sendo implementadas, em um grande número de sectores.
Para avaliar o potencial de emprego orientado para a exportação nos sectores considerados, são
levados em conta dois factores: o actual nível de emprego, bem como o potencial de geração de
emprego através das exportações. No que diz respeito ao anterior, as estatísticas oficiais apenas
fornecem dados agregados que não estão alinhados aos sectores mais específicos, conforme
definido neste estudo. No entanto, estas estatísticas oficiais permitem desenhar algumas
descobertas iniciais (Tabela 10). Em primeiro lugar, o sector agrícola e florestal continua sendo, de
longe, o maior sector em termos de emprego, proporcionando quase 3 milhões de trabalhadores
Angolanos. Nota-se também que o emprego neste sector continuou a aumentar nos últimos anos
(em média 2,1% ao ano no período de 2010 a 2016), embora esse crescimento tenha sido mais
lento do que o crescimento total no emprego (4,7% sobre o mesmo período), o que resultou em
uma redução da participação da agricultura no emprego total (de 52% para 44,9%). No entanto, é
claro que a importância dos subsectores agrícolas em qualquer estratégia de diversificação das
exportações não pode ser descartada. Em segundo lugar, com a maioria dos sectores neste estudo
pertencentes ao sector manufatureiro, é importante notar que este é um sector pequeno em termos
de emprego - representando apenas 2% do emprego total em 2016, mas que cresceu acima da
média.
O segundo factor a considerar é o nível de emprego que se espera que seja gerado pelo aumento
das exportações. Aqui, deve-se considerar que a mudança de um sector de um mercado doméstico
orientado para a exportação envolve frequentemente a introdução de novas tecnologias de
produção, que tendem a ser mais intensivas em capital e, portanto, exigem relativamente menos
trabalhadores. Em outras palavras, a expansão da exportação de um sector nem sempre vai de
mãos dadas com a criação de emprego considerável. Ao mesmo tempo, os efeitos indirectos da
geração de emprego podem superar os efeitos directos, como seria o caso, por exemplo, para a
produção doméstica de fertilizantes, que empregaria poucos trabalhadores directamente (menos de
1.000), mas aumentando a disponibilidade de fertilizantes de baixo custo pode ter uma efeito
importante sobre o emprego nos sectores agrícolas.
Os perfis sectoriais no anexo A tentam estimar o emprego actual por sector e os efeitos de criação
de emprego (directos e indirectos) que resultariam de exportações mais elevadas. A Tabela 11
fornece um resumo; uma vez que, em muitos casos, os dados quantitativos não estão disponíveis,
a avaliação resumida apenas distingue o emprego baixo, médio e alto ou a criação de emprego, com
“baixo”, aproximadamente equivalente a menos de 10 mil empregos; “médio” entre 10.000 e
50.000 empregos, e “alto” mais de 50.000. Como pode ser visto na tabela, cerca de metade dos
sectores pesquisados, o potencial de criação de emprego é avaliado como médio ou alto, com
sectores agrícolas - frutas, vegetais e café, bem como a cadeia de valor do algodão - com maior
potencial (coluna esquerda) para criação de emprego orientada para a exportação. Por outro lado,
para 17 sectores, a criação de emprego é considerada como limitada (coluna direita), quer porque
o potencial de expansão das exportações como tal é pequeno ou porque as exportações expandidas
provavelmente provocariam de padrões de produção intensivos em capital que requerem
relativamente poucos trabalhadores.
Tabela 11: Emprego actual versus potencial de criação de emprego orientado para exportação em sectores
Angolanos seleccionados
Potencial de geração de emprego
Alto médio baixo
Alto 06 Vegetais & preparados 12 Bebidas 03 Produtos pesqueiros
07 Frutas & preparados 29 Viagens & turismo 27 Serviços de Transporte
médio 08 Café 05 Mel 09 Cereais
10 Oleaginosas &óleo
22 madeira
Baixo 23 Algodão & texteis 11 Açucar & confeitaria 01 Carne & seus derivados
16 Minério & minerais 02 Aves
Emprego atual
Os sectores que têm potencial de desenvolvimento, as ligações com outras empresas, em particular
as MPMEs, são priorizados devido aos efeitos de repercurssões positivas que geram. Do mesmo
modo, as exportações com um alto nível de adição de valor são consideradas particularmente
benéficas devido ao nível de câmbio líquido que geram.
No que diz respeito às ligações com as MPMEs, estas estão actualmente subdesenvolvidas em
praticamente todos os sectores, principalmente devido ao facto de que os sectores exportadores
operam principalmente isoladamente para o resto da economia doméstica, com todos os insumos
importados (como já descrito acima, veja, por exemplo, a secção 4.1. 8). Isso também significa que
o potencial de adição de valor do sector de exportação está actualmente sub-utilizado.
O potencial de adição de valor é maior para sectores que, com base em matérias-primas disponíveis
no país, podem exportar produtos de valor agregado. O alto potencial é visto particularmente no
sector pesqueiro, produtos petrolíferos de valor agregado, derivados de couro e madeira, derivados
de vidro, minerais de valor agregado e viagens e turismo. Para alguns desses sectores - como a
pesca ou a madeira -, o desafio é desenvolver produtos exportados de valor agregado (ou seja, o
desenvolvimento das operações a jusante), enquanto outros - como o turismo - precisam
estabelecer vínculos com fornecedores nacionais (integração a montante) ampliar a adição de valor.
No que diz respeito aos vínculos com as MPMEs, estas são mais fortes nos sectores agrícolas em
que tanto a produção (pequena escala) quanto a fabricação (produção de produtos alimentares)
pode ser administrada por empresas relativamente pequenas, com necessidades de investimento
limitadas e níveis de sofisticação do produto. O sabão, produtos plásticos, couro e têxteis criam
oportunidades similares para as MPMEs. Por outro lado, o alcance das MPMEs nos sectores de
cimento e mineração é particularmente limitado.
A fim de promover a coerência das políticas, os sectores que são priorizados pelo Governo em
outras políticas e estratégias devem ser considerados com especial atenção. Os sectores prioritários
do governo foram, portanto, identificados com base no Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-
2017, Linhas Mestras, o Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição de
Importações, PRODESI; Ministério da Economia e do Planeamento 2017), e os Programas Dirigidos
existentes e planeados (ver secção 5.1). De acordo com esses documentos, a lista dos sectores
prioritários é longa, mas muitos sectores são priorizados no contexto da substituição de
importações em vez da promoção de exportação. A lista de sectores que são priorizados com um
foco de exportação é comparativamente curta e inclui pesca, café, sal, pedras ornamentais, produtos
petrolíferos de valor agregado e produtos florestais - ou seja, principalmente os sectores que já
estão a exportar.
Isso cria uma oportunidade para a estratégia de diversificação das exportações para complementar
as medidas existentes para outros sectores prioritários, que até agora foram enquadrados no
contexto do atendimento ao mercado interno, com apoio orientado para a exportação (desde que,
é claro, que o potencial de exportação tenha sido determinado). Na verdade, este é o caso de vários
sectores pesquisados, incluindo alguns produtos agrícolas (como frutas e vegetais), bem como os
sectores de bebidas, vidro, cimento e serviços.
Finalmente, os sectores que já beneficiam do apoio real do governo (em vez de “apenas” como
sectores prioritários em documentos de políticas), doadores ou que são cobertos por projectos de
investimento do sector privado, foram revistos para determinar qualquer risco de duplicação ou
potencial de complementaridades com projectos existentes ou planeados. Onde o apoio já cobre
medidas ou metas relacionadas à exportação, nenhum plano de acção do sector será preparado.
Isso não significa que esses sectores devem ser excluídos da estratégia de diversificação das
exportações, mas apenas que não é necessário definir planos de acção específicos para estes, já que
já estão sendo feitos por outras iniciativas - a implementação dessas outras iniciativas, no entanto,
precisará de ser monitorado como parte da estratégia de diversificação de exportação.
Apenas relativamente poucos sectores foram excluídos da preparação do plano de acção com base
neste critério. Especificamente, produtos da pesca, sal, madeira e seus derivados e pedras
ornamentais já estão sendo cobertos com apoio específico para exportação do projecto ACOM
assistido pela União Européia.45 Os sectores de produtos derivados do mel, café, açúcar e valor
agregado também estão sendo apoiados por vários projectos governamentais, doadores e do sector
privado, assim como os sectores de serviços de transporte e telecomunicações.
45O projecto ACOM fornece assistência técnica ao Governo de Angola nas áreas de política comercial e acordos
internacionais, logística e promoção comercial em três produtos não petrolíferos (peixes e frutos do mar, pedras de
madeira e dimensões).
▪ Angola 2025 (MPDT 2007): este documento apresenta a estratégia de desenvolvimento a longo
prazo de Angola. Uma das suas políticas económicas globais é a Política de Apoio às
Exportações sob o tema “O Mercado Descobre Angola”. Algumas das principais prioridades
definidas incluem a necessidade de Angola identificar os mercados de exportação alvo para os
seus produtos, desenvolver uma melhor compreensão das principais tendências do mercado e
concorrentes e elaborar as estratégias sectoriais correspondentes. A Agenda também sugere a
criação de uma única entidade responsável pelo acompanhamento da estratégia de
internacionalização económica de Angola.
▪ Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2018-2022 (Governo de Angola 2018): como se afirma
no sumário exexutivo do mesmo, o PDN “constitui o segundo exercício de planeamento de
médio prazo realizado no âmbito do Sistema Nacional de Planeamento em vigor, na sequência
do Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) 2013-2017, e visa a promoção do
desenvolvimento socioeconómico e territorial do País” (Governo de Angola 2018: 10). O PDN
apresenta 6 eixos principais de desenvolvimento que se pretende alcançar até 2022: (1)
Desenvolvimento Humano e Bem-estar; (2) Desenvolvimento Económico Sustentável,
Diversificado e Inclusivo; (3) Infra-estruturas Necessárias ao Desenvolvimento; (4)
Consolidação da Paz, Reforço do Estado Democrático e de Direito, Boa Governação, Reforma
Plano Intercalar (Outubro 2017 a Março 2018). Medidas de Política e Acções para Melhorar a Situação Económica e Social Actual,
46
▪ Linhas Mestras para a Definição de uma Estratégia para a Saída da Crise Derivada da Queda do Preço da
Petróleo no Mercado Internacional (Governo de Angola 2016): Tendo em vista a queda acentuada
do preço internacional do petróleo e suas consequências negativas para Angola, O governo
identificou 11 categorias de produtos e 2 categorias de serviços com potencial para aumentar
as exportações não petrolíferas no curto prazo, a fim de “compensar” o impacto da redução
das receitas de exportação de petróleo. Esta directriz governamental também exortou os
ministérios a elaborarem planos sectoriais (Programas Dirigidos) para cada categoria
identificada de produtos e serviços.
Em quarto lugar, a equipa de estudo não pode identificar um Programa Dirigido para os sub-
sectores de serviços priorizados pelo governo nem para a lista de produtos identificados com
potencial de exportação no âmbito deste estudo, incluindo subsectores agrícolas (frutas e vegetais
e seus preparativos): De acordo com uma actualização preparada pelo MPDT no início de 2017,
os Programas Dirigidos para serviços selecionados e sectores de frutas e vegetais estavam em
preparação ou planeados (MPDT 2017). Apesar disso, o governo estabeleceu metas de cerca de
US$ 248 milhões de novos investimentos e 8.033 postos de trabalho adicionais a serem criados no
sector agrícola até o final de 2017 48 . Isso foi contrastado com uma significativa falta de
investimentos e criação de emprego limitada. Em Setembro de 2016, o sector agrícola recebeu
apenas 8,2% do plano inicial em grande parte porque nenhum novo investimento no sector havia
sido feito (pesca, outro sector prioritário, recebeu zero) (MPDT 2017: 11). Este sector é ainda
limitado pela contratação limitada da mão-de-obra estrangeira especializada muito necessária (32
de 114 trabalhadores planeados) (MPDT 2017: 10).
Por último, mas não menos importante, embora, em particular, o PRODESI tem uma importante
secção sobre o papel do Estado no processo de diversificação económica, as várias políticas e
planos geralmente se mantiveram vagas na estrutura institucional para implementação ou, em
alternativa, levaram a uma proliferação de instituições. Mais recentemente, o Plano Intercalar
(secção 4.2.3 a) refere-se à necessidade de criar uma Unidade de Implementação Técnica para o
Programa de Promoção de Exportação e Substituição de Importação. No entanto, pode ser mais
eficiente atribuir uma instituição existente, como a AIPEX, para liderar a implementação de
qualquer estratégia de promoção de exportações. Como é explicado em mais detalhes abaixo, o que
é necessário não é uma nova instituição, mas sim um órgão multissectorial liderado por uma
entidade.
Em geral, essas partes interessadas lidam com questões de formulação de políticas comerciais,
negociações e implementação, acesso ao mercado e promoção de exportação, controlo de
qualidade e padrões e outras áreas necessárias para auxiliar as exportações angolanas a se tornarem
competitivas regional e internacionalmente. No entanto, existem alguns pontos importantes a
serem observados no quadro institucional Angolano para o comércio.
Em primeiro lugar, porque o comércio é uma questão política transversal, existem muitas
instituições de política comercial em Angola cujos mandatos e linhas de autoridade são semelhantes
e, portanto, criam espaço para a duplicação de esforços, ineficiências e fraca coordenação. As
políticas comerciais e industriais estão fortemente inter-relacionadas. A experiência regional (por
exemplo, na África do Sul, Namíbia, Botswana e Moçambique) mostra que essas duas áreas
funcionam melhor quando estão alojadas no mesmo ministério. Isso melhora a eficiência e eficácia
da formulação e implementação de políticas, bem como a coordenação. No entanto, em Angola,
os Ministérios do Comércio (MINCO) e a Indústria (MIND) são separados, o que coloca altos
riscos de sobreposição e ineficiência e impõe maiores desafios de coordenação. Além disso, as
linhas de autoridade na área do comércio são desnecessariamente dispersas. Por exemplo, o
Ministério de Economia e Planeamenteo (MEP) lidera questões de integração regional da SADC,
enquanto a MINCO lidera a OMC, bem como questões comerciais bilaterais diferentes da SADC.
50O governo encerrou o contrato com Bromangol em Novembro de 2017; ver “Rescisão de contrato com Bromangol,
destaque da semana”, 10 de Novembro de 2017,
http://www.angop.ao/angola/pt_pt/noticias/economia/2017/10/45/Rescisao-contrato-com-Bromangol-destaque-
semana,d88f7311-6dbc-429e-9d87-86423d5d401b.html [acedido em 17 de Novembro de 2017].
51 Actualmente, Angola não tem uma organização activa da sociedade civil na área de comércio.
52 http://apiexangola.co.ao/?page_id=787
Embora o actual domínio das exportações de petróleo seja tão forte que uma redução significativa
da dependência das exportações de petróleo através da diversificação das exportações a curto prazo
seria ilusória, dadas as restrições consideráveis que o país enfrenta em termos de competitividade
das exportações, medidas visando a remoção de restrições para a diversificação das exportações
deve ser tomada o mais rápido possível. Alguns deles exigirão uma quantidade significativa de
tempo para mostrar resultados sob a forma de crescimento de exportação não-petrolífero.
Como o estudo mostrou, as exportações Angolanas não petrolíferas enfrentam uma combinação
de restrições horizontais e sectoriais, que vão desde distorções macroeconómicas gerais, como a
sobreavaliação da taxa de câmbio e a consequente falta de moeda estrangeira, para impedimentos
altamente específicos do sector, como barreiras para exportar bens específicos em mercados
específicos.
Para ser relevante, uma estratégia de diversificação de exportação e um plano de acção precisam
abordar de forma abrangente as restrições através de uma combinação de todos os quatro tipos de
medidas. As medidas de curto prazo certamente permitirão expandir as exportações não
petrolíferas, mas, no curto prazo, principalmente na margem intensiva, ou seja, exportando mais
produtos que já estão sendo exportados. Conforme mencionado, dada a pequena participação
dessas exportações nas exportações totais de Angola, isso só será um ponto de partida para a
diversificação económica, mas em si mesmo será insuficiente para superar os problemas
económicos actuais de Angola. Para isso, será necessária a diversificação em novos produtos (ou
seja, na ampla margem), e isso requer medidas que mudem estruturalmente o ambiente e a
economia de negócios Angolanos.
A análise realizada neste estudo tem como objectivo promover uma abordagem prática para uma
estratégia de diversificação de exportações e um plano de acção que equilibre uma abordagem
selectiva forte (a abordagem da política industrial sectorial clássica) com foco em medidas
horizontais (a abordagem do consenso de Washington). Isto está de acordo com a prática recente,
que tem visto o retorno de uma política industrial que combina medidas horizontais com selectivas
direcionadas a sectores específicos. Para Angola, como se mostra neste estudo, isso significa que
as medidas horizontais para corrigir o viés anti-exportação fundamental (como a sobreavaliação da
moeda) e restrições gerais que dificultam a produção em Angola (como restrições de infraestrutura)
são aliadas a medidas destinadas a apoiar sectores específicos que foram cuidadosamente
selecionados com base em critérios claros e uma análise económica completa, ao invés de uma
abordagem intuitiva - que tem sido o foco principal do presente estudo.
Como resultado das análises sectoriais efectuadas, dos 30 sectores pesquisados, 21 têm pelo menos
um potencial de exportação médio (embora quatro deles sejam apenas a longo prazo). As medidas
de política devem concentrar o apoio nestes sectores - de facto, vários desses sectores já estão
sendo apoiados, incluindo alguns especificamente relacionados ao desenvolvimento de exportação.
No entanto, vários sectores ainda não foram apoiados por medidas específicas para expandir as
exportações; Para isso, propõe-se a elaboração de planos de acção sectorial destinados a aumentar
as exportações. Os seis sectores propostos são:
▪ Bebidas;
▪ Serviços de viagens e turismo;
▪ Frascos de vidro/vidro;
▪ Cimento;
▪ Produtos hortícolas e vegetais; e
▪ Frutas e preparações de frutas
Esses sectores coincidem em grande parte com os sectores identificados no mais recente programa
de apoio governamental para produção, exportação diversificação e substituição de importações (PRODESI) de
Novembro de 2017 (Ministério da Economia e do Planeamento 2017).
53Note-se que o Plano Intermediário prevê uma série de medidas com relevância directa para a diversificação das
exportações, particularmente nas seções 4.2.3, 4.2.4 e 4.2.6.
Numa fase seguinte da preparação da estratégia de diversificação das exportações, devem ser
definidas e preparadas as medidas horizontais necessárias para superar os constrangimentos que
afectam as exportações não petrolíferas de Angola, bem como os planos de acção para o
desenvolvimento das exportações nestes seis sectores, bem como os mecanismos institucionais
adequado para a implementação do plano.
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1. Definição do Sector
54 Os sectores são ordenados por código HS - não o potencial de exportação! A tabela não afirma que exista um
potencial de exportação para todos os sectores listados, mas deve incluir todos os sectores para os quais o potencial
de exportação não pode ser categoricamente excluído a priori. Então, dos sectores definidos, 5-7 serão priorizados e
seleccionados para os planos de acção do sector.
O próximo passo no processo de selecção do sector é a identificação de sectores que parecem ter
potencial de exportação. Esses sectores constituem o universo entre os quais os sectores
prioritários são selecionados na terceira etapa, com base em critérios adicionais, conforme descrito
abaixo.
Para a identificação de sectores com potencial de exportação, os seguintes critérios e factores são
aplicados.
São consideradas uma série de questões do lado da oferta que têm implicações para o potencial
exportador de Angola no sector ou no nível de produto:
55 Para o comércio de serviços, os dados desagregados por sector estão disponíveis somente até 2015.
56 http://www.trademap.org. Os dados de comércio de serviços na TradeMap são baseados no ITC, UNCTAD,
comércio da OMC em banco de dados de serviços com base nas estatísticas do BoF do FMI.
57 Para sectores de serviços, 2015.
58 Para os sectores de serviços, devido a problemas de dados, o total de África é usado como o segundo comparador
No entanto, é preciso ter em mente que o desempenho recente nem sempre é um indicador
para o futuro, e a identificação real do potencial de exportação deve ser feita com base no
futuro, e não no potencial recente. Portanto, outros factores são considerados.
Além dos factores associados a oferta, o desempenho das exportações de Angola também depende
de uma série de questões relacionadas à procura. Os seguintes são considerados para determinar o
potencial de exportação:
3) Nível, crescimento e estabilidade da procura regional e internacional: esta está sendo
avaliada de duas maneiras:
analisando o desenvolvimento da procura para o produto/sector no período de 2012 a 2016,
globalmente ou em mercados-alvo relevantes, usando os dados UN COMTRADE
O potencial para exportar novos produtos depende do nível de novos investimentos, incluindo o
IDE, para a produção desses novos produtos e serviços. O potencial para atrair investimentos
orientados para a exportação, por sua vez, depende, além dos factores económicos gerais e do nível
de competitividade das exportações, também no nível de vínculos com outros sectores: quanto
mais desenvolvidos são esses vínculos, maior o potencial de exportação e maior valor agregado
gerado em Angola. Da mesma forma, as novas exportações que estão intimamente relacionadas
com a produção e as exportações existentes podem ser desenvolvidas mais rapidamente do que as
exportações que não possuem vínculos com a produção e as exportações actuais. Além disso, os
sectores baseados em matérias-primas disponíveis no país e, portanto, geram alto valor agregado
no país, têm maior potencial de exportação.
Essas considerações são dirigidas pela abordagem do espaço do produto, que mede a relação dos
produtos entre si e é usada para analisar os fluxos comerciais para identificar as actividades
económicas promissoras que têm o potencial de diversificar a economia e pauta de exportação
tanto no curto (quanto produtos intimamente relacionados) e a longo prazo (produtos menos
relacionados). O espaço do produto mapeia as capacidades de produção em bens de acordo com a
“distância” em termos de capacidades para outras exportações (Hidalgo et al., 2007). No conceito
original, o espaço do produto e as distâncias são medidas com base na RCA; Para Angola, esta
aplicação estrita do conceito tem limites devido ao facto de que, como resultado do domínio das
exportações de petróleo bruto praticamente todas as outras exportações, caracterizam-se por uma
desvantagem comparativa revelada. No entanto, os mapas de espaço de produtos desenvolvidos
são utilizados para identificar o potencial de exportação a curto e longo prazo, recorrendo a dados
e visualizações do Atlas e do Observatório de Complexidade Económica, bem como a pesquisa
adicional da equipa de estudo e suas próprias observações; Este último tornou-se necessário porque,
de acordo com os dados sobre Complexidade Económica, Angola teria poucas possibilidades de
diversificar as exportações no curto prazo, já que a produção actual está amplamente dispersa sem
vínculos entre a produção existente. Em essência, o desenvolvimento das exportações próximas
das capacidades de produção actuais de Angola é possível num período de tempo mais curto que
as exportações que estão mais “distantes” da produção actual, mas mostrar isso requer uma
59 http://wits.worldbank.org.
60 http://madb.europa.eu.
Entre os sectores com potencial de exportação (médio ou alto), os sectores prioritários são
selecionados para uma análise mais detalhada e a elaboração de planos de acção sectoriais. Isso
identifica mais as questões e os obstáculos do sector para o desenvolvimento das exportações e
define e descreve as medidas a serem tomadas para expandir as exportações, bem como
desenvolver, quando apropriado, projectos de investimento que possam ser implementados por
investidores - privados ou públicos, incluindo parceiros de desenvolvimento - ou o próprio
governo, a fim de aumentar ainda mais as exportações.