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INTRODUÇÃO

Bem, é de nossa unanimidade que África atravessou um longo período de controvérsias, tendo
sofrido de certa forma um ciclo escravagista em quase todo o seu território. Em consequência deste
processo desastroso, houve realmente uma grande perda no continente, desde o ponto económico,
político, social e demográfico. Até então, os seus países começaram a se revoltar contra os opressores
coloniais, isto é, da década de 60 até 90.

Com o desenrolar do tempo, em África fundou-se algumas organizações de carácter


internacional cuja finalidade é de promover um ambiente económico e diplomático sadio no
Continente e desta forma fortificar as relações com as demais organizações internacionais como a
ONU e a União Europeia. Para tal, houve necessidade de abordar sobre o seguinte tema: “A Integração
Regional em Todos os Seus Estados: SADC e OHADA”, com o propósito de fazer perceber a
comunidade académica e aos demais fazedores de sabedoria em prol da ciência sobre a situação
económica, diplomática e sociopolítica da SADC e a OHADA.

Face ao tema em questão, no primeiro capítulo abordaremos sobre a Integração Regional e as


suas acepções. No segundo falaremos sobre a SADC, a sua evolução histórica, seus objectivos e o
impacto desta organização na África Austral. Já no terceiro, abordaremos sobre a OHADA, a sua
origem, os seus objectivos, bem como alguns aspectos relevantes desta organização. E por último, no
quarto capítulo apresentaremos um olhar crítico sobre a operacionalidade da SADC e da OHADA.
PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO

Face ao tema em questão eis o problema: Qual é o impacto da SADC e da OHADA

Tendo em conta o problema de investigação temos os seguintes objectivos:


OBJECTIVO GERAL

Compreender a Integração Regional em todos seus Estados: SADC e OHADA


OBJECTIVOS ESPECÍFICOS

a) Descrever
CAPÍTULO I: INTEGRAÇÃO REGIONAL
A palavra “integração”, etimologicamente deriva do Latim “integrare” que significa “tornar
inteiro”. Em outras palavras, significa “junção de várias partes num todo”.
A integração internacional, é simultaneamente, uma técnica, um processo e uma situação com
que se tem em vista substituir unidades independentes, existentes na sociedade internacional
fraccionada, por blocos ou unidades mais ou menos amplas. Este conceito, nos remete ao conceito de
integração regional que definimo-lo como o processo mediante o qual determinados Estados
pertencentes a mesma região, firmam os seus interesses mediante um acordo (constitutivo), criando
uma organização para prosseguir os seus respectivos objectivos.
1. PRESSUPOSTOS DA INTEGRAÇÃO REGIONAL
A integração segundo Giles Cistac pode ser entendida em dois sentidos: no sentido económico
(integração económica) e no sentido jurídico (integração jurídica).
1.1. INTEGRAÇÃO ECONÓMICA
A integração económica consiste na união das economias de dois ou mais países em uma região
económica mais vasta que ultrapassa as fronteiras nacionais. Este processo consiste na eliminação de
barreiras quanto a livre circulação de bens e serviços. Já, para Bela Balassa, a integração económica é
o processo que implica medidas a abolição de discriminações entre medidas económicas de diferentes
Estados. A integração económica pode assumir diversas formas. Que são: zona de comércio livre,
mercado comum, união aduaneira, união económica e integração económica total.

1.1.1. Zona de Comércio Livre


É um modelo mercado lógico que se baseia na troca de bens e serviços, sem interferências ou
restrições do Estado. Ou seja, numa zona de comércio livre, os direitos (e as restrições quantitativas)
entre os países participantes são abolidas, mas cada país mantém as suas pautas em relação aos países
não membros (Bela Balassa).

1.1.2. Mercado Comum


É um bloco económico que conta com avançado nível de integração económica, indo muito
além de um acordo comercial, pois envolve a livre circulação de produtos, pessoas, bens, capital e
trabalho, tornando as fronteiras entre os seus quase inexistentes em termos comerciais. Para Balassa,
num mercado comum atinge-se uma forma mais elevada de integração económica, em que são
abolidas não só as restrições comerciais mas também as restrições aos movimentos de factores de
produção.

1.1.3. União Aduaneira


A expressão união aduaneira simboliza associação de grupos de países que se caracteriza por
dois pontos: adopção de uma tarefa externa comum e a livre circulação das mercadorias oriundas dos
países associados. Como afirma Balassa, o estabelecimento de uma união aduaneira, implica, além da
supressão das discriminações no que se refere aos movimentos de mercadorias no interior da reunião, a
igualização dos direitos em relação ao comércio com países não membros.

1.1.4. União Económica e Monetária


Uma união económica e monetária é um mercado comum adoptado de uma moeda única.

1.1.5. Integração Económica Total


A integração económica total pressupõe a unificação das políticas monetárias, fiscais, sociais e
anticíclicas, e exige o estabelecimento de uma autoridade supranacional cujas decisões são obrigatórias
para os Estados membros.

Vantagens da Integração Económica


São vários os benefícios ou vantagens da integração económica, mas apenas hemos de esmiuçar
alguns:

 Economia de escala;
 Criação ou desenvolvimento de actividades dificilmente compatíveis com a dimensão nacional;
 Formulação coerente e rigorosa das políticas económicas;
 Transformação das estruturas económicas e sociais;
 Reforço da capacidade de negociação;
 Aceitação do ritmo de desenvolvimento;
 Atenuação dos problemas da balança de pagamentos;
 Intensificação da concorrência.

Dificuldades da Integração Económica


O processo de formação económica depara-se com diversas dificuldades, uma delas é a
seguinte:

 As disparidades do desenvolvimento económico e social entre os participantes no processo de


integração;
 A resistência dos aparelhos nacionais às regras de disciplina colectiva.
1.2. INTEGRAÇÃO JURÍDICA
A palavra “integração”, como ensina Sengondo (citado por GilesCistac), na acepção jurídica, é
a transferência de competências estaduais de um Estado para uma organização internacional, dotada de
poderes de decisão e de competências supranacionais.
Definido desta maneira, o conceito de “integração” articula-se em torno da ideia de
supranacionalidade, que implica instrumentos jurídicos capazes de harmonizar e unificar o Direito dos
Estados membros. No caso de processo de integração política, o domínio material da organização deve
ser verdadeiramente universal.
Assim sendo, este processo deve ser claramente distinguido do processo de cooperação pelo
qual os Estados mantêm a sua individualidade e procuram a sua valorização através de relações com
outros Estados.

1.2.1. A SUPRANACIONALIDADE
A supranacionalidade é o corolário da integração; como ensinam muito bem alguns autores:
“As funções de integração pressupõem que uma entidade não estatal assegura concorrentemente ou
paralelamente aos Estados membros actividades de que estes últimos têm tradicionalmente o
monopólio (funções quasi-legislativas, executivas e jurisdicionais) ”. Os poderes supranacionais, são
poderes atribuídos à organização internacional pelo seu próprio estatuto que confere aos órgãos
competentes, o poder de tomar decisões que obrigam aos Estados membros da organização e os seus
sujeitos de direito interno directamente, sem o consentimento dos Estados membros. É isto, que
confere verdadeiramente a este tipo de organizações internacionais, um carácter “supranacional” e uma
certa primazia em relação aos Estados membros.

1.2.2. A INTEGRAÇÃO JURÍDICA


Não se pode pensar num processo de integração sem o Direito. Com que em importante ter em
conta o Direito no processo de integração regional para que se garanta a segurança jurídica e judiciário
dos países participantes.
A integração regional, na acepção jurídica, pode serde Iure e de Facto. Como explana
Wladimar Brito: em termos mais simples e breve, a integração de Iure é o definitivo e o irrevogável,
por isso produz sem quaisquer limitações todos os seus efeitos jurídicos. Ele é a forma classicamente
adoptada na prática internacional e como tal é regra geral expressa e não tácita.Já a integração de facto,
é de tipo provisório revogável e com efeitos limitados, salvaguardandocom o tal reconhecimento a
possibilidade de estabelecer certo tipo de relações que podem ser: Comerciais, financeiras, jurídica,
OS OBJECTIVOS DA INTEGRAÇÃO JURÍDICA: A SEGURANÇA JURÍDICA E JUDICIÁRIA

A integração implica uma estratégia global incluindo não só estratégias económicas, políticas e
normas éticas (nomeadamente, as que dizem respeito à luta contra a corrupção), mas também, a
modernização e adaptação do Direito Comercial, bem comoa reabilitação da justiça e a “segurização”
dos justiciáveis. Por outras palavras, trata-se de implementar uma verdadeira “estratégia jurídica e
judiciária”. Nesta perspectiva, a segurança jurídica e a previsibilidade, são apresentadas como valores
essenciais, a fim de favorecer o crescimento das actividades económicas e a promoção de
investimentos.

AS TÉCNICAS DA INTEGRAÇÃO JURÍDICA


Três técnicas concorrem para a realização da integração jurídica: a harmonização das normas
jurídicas, a uniformização das mesmas e a técnica convencional.

A HARMONIZAÇÃO JURÍDICA
A harmonização jurídica consiste em eliminar as diferenças entre as respectivas legislações,
aproximando-as. Esta abordagem visa a redução das disparidades existentes, entre as diversas
legislações dos países membros de uma organização. Neste processo, os Estados continuam a ter um
papel activo.

A UNIFORMIZAÇÃO JURÍDICA
A uniformização jurídica é um método mais radical do que a harmonização jurídica, e consiste
em “redigir e aplicar os textos nos mesmos termos e condições de um país para o outro. Ela visa
produzir a “identidade jurídica”; como escrevem os autores do Vocabulaire e Juridique (citados por
Giles Cistac), esta técnica visa à “Modificação da legislação de dois ou mais países para instaurar
numa matéria jurídica dada uma regulamentação idêntica”. Visto desta forma, a integração jurídica
realiza-se pela criação de um corpo de Direito directamente aplicável aos Estados membros da
organização e os seus nacionais.
A INTEGRAÇÃO JURÍDICA PELA VIA DE CONVENÇÕES INTERNACIONAIS
A integração jurídica pela via de convenções internacionais não deve ser negligenciada, mas ela
induz por natureza a alguns limites, nomeadamente, a de se sujeitar ao Direito Internacional Público.
Em todo caso, a implementação de um processo de harmonização e de uniformização, apenas pode se
realizar se os Estados membros consentirem as necessárias transferências de competências, isto é, os
necessários abandonos de soberania a favor dos órgãos da integração económica

1.2.3. A PLURIDIMENSIONALIDADE DOS OBJECTIVOS


A palavra “integração”, evoca um significado muito mais concreto e implicações sobre as
relações humanas, do que a existência de contactos meramente comerciais ou delivre comércio entre
um Estado e os outros, sobretudo, quando as finalidades da organização em causa são gerais. Nesta
perspectiva, a integração implica a criação de um espaço pluridimensional homogéneo que ultrapassa a
dimensão económica e jurídica deste processo.

2. FACTORES GEOPOLÍTICOS, GEOESTRATÉGICAS E GEOECONÓMICOS


A geopolítica, é uma componente da Geografia Humana que combina lugares, espaços e
políticas na gestão desses elementos, e oferece uma grande imagem e uma maneira de relacionar as
dinâmicas locais e regionais ao sistema global como um todo.
Já a geoestratégia, encontra-se associada à geopolítica e pode ser vista, nas perspectivas de
Pierre Célérier e de Jacques Sopelsa, como sendo “o estudo das relações entre os problemas
estratégicos e os factores geográficos”. Um conceito próximo é apresentado pelo Instituto de Altos
Estudos Militares, ao definir geoestratégia como “o estudo das constantes e variáveis do espaço
acessível ao homem que, ao objectivar-se na construção de modelos de avaliação e ameaça de emprego
de formas de coacção ou seja, na “concretização de objectivos políticos que implicam o emprego ou
ameaça de emprego de coacção, numa ou em todas as suas formas” (Dias, 2010:64, itálico nosso).
A geoeconomia, por sua vez, é, segundo Edward Luttwak, a “adição da lógica do conflito com
os métodos de comércio a lógica da guerra na gramática do comércio” (1990:18).
O processo de integração regional remete para uma ideia de criação de uma organização que
procura atender os objectivos e as metas traçadas pelos Estadosmembros. Isto é, em função das
vulnerabilidades e potencialidades identificadas, com vista a gerar resultados das expectativas face aos
problemas e desafios comuns. Apesar de seregistar a criação de um novo centro político, ela
permanece ligado aos Estados-membros, pois as decisões ou deliberações dependem do consenso
encontrado entre os interesses das referidas partes.
Assim, os objectivos de integração variam entre a componente política - a conquista e/ou
manutenção da paz e de estabilidade regional ou continental e o aumento do potencial político na
balança internacional dos poderes - e a componente económica, mediante a optimização das
capacidades económicas, comerciais e do desenvolvimento industrial. O alcance destes objectivos
requer que os Estados definam estratégias de actuação para maximizar a sua esfera de influência,
explorando os factores geoestratégicos e Geoeconómicos.
Os factores geopolíticos/geoestratégicos e Geoeconómicos são fundamentais para avaliar as
potencialidades e as vulnerabilidades dos Estados, mas também as oportunidades e desafios, no âmbito
do aumento da sua esfera de influência. No processo de integração, os Estados procuram obter ganhos
políticos e económicos. A figura a seguir procura estabelecer relação entre os factores geopolíticos,
geoestratégicos e Geoeconómicos e o processo de integração regional (político, económico e
securitário) e, neste contexto, a maximização da esfera de influência (aumentar os ganhos ou reduzir as
perdas).

CAPITULO II - SADC
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Durante muitos anos, a África esteve subjugada pela colonização europeia, onde estes
enraizaram os seus regimes, explorando e empobrecendo os africanos. Mediante tais actos houve maior
necessidade de a África revidar e fazer frente ao seu destino, por meio das suas ferramentas de
combate (o Pan-africanismo, a Negritude, a Filosofia de Libertação e Étno-filosofia) e como
consequência, muitos Estados africanos começaram a se tornar independente e simultaneamente o
surgimento de vários blocos regionais (CDAO e SADC). Porém, abordaremos propriamente da
Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
A SADC, não surgiu de um dia para outro como ideia sólida de integração regional para os
países da África Subsaariana, ela é consequência dos países da Linha da Frente e da SADCC, que de
forma positiva contribuíram para afirmação da autonomia dos seus estados.
A comunidade de desenvolvimento da África Austral ´´SADC´´ desenvolve os seus projectos e
estratégias dentro dos Estados membros através dos seus comités nacionais.

1.1. PAÍSES DA LINHA DA FRENTE


Para a afirmação da África Austral, criou-se o grupo dos Países da linha da Frente,
constituídos inicialmente pelos Movimentos de Libertação Nacional da África Austral, que lutavam
contra o racismo e a dominação da minoria branca. Sendo a Zâmbia e a Tanzânia, seguindo o
Botsuana, Moçambique e Angola, formando os 5 países independentes na região, constituído em 1975.
Essa organização tinha como objectivo: promover a cooperação e a integração regional entre os países
da África austral e com base e factores históricos, políticos, económicos, sociais e culturais, que de
certa forma criaram laços de solidariedade e unidade entre os povos da região, coordenando esforços
para a aquisição de recursos e estratégias.

1.2. DA LINHA DA FRENTE PARA A SADCC


O grupo dos países da linha da frente foi o pivô para a integração regional em todos os estados
na África subsariana, tendo expandido os seus interesses para tratar das agressões militares e da
desestabilização desencadeada pelo regime de apartheid da África do sul contra os países
independentes.
Neste âmbito, com base as conclusões saídas da conferência de ARUSHA, realizada em Junho
de 1979, na qual se acordou a criação da conferência de desenvolvimento da África austral (SADCC),
os líderes dos nove dos então estados independentes; Angola, Botsuana, Lesoto, Malawi,
Moçambique, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué, reuniram-se em cimeira, aos 11 de Abril de
1980, em Lusaka, capital da República da Zâmbia e proclamaram a criação da conferência de
desenvolvimento da África austral (SADCC) em substituição dos países da linha da frente. Tinham
como objectivo: Reduzir a dependência económica em relação a África do Sul, a cooperação dos
países livres da região com vista ao desenvolvimento integrado das economias nacionais dos estados
membros e a eliminação progressiva da dependência económica, comercial e de transportes da
República da África do Sul.
A SADCC reflectia, acima de tudo o espírito do Pan-Africanismo e do interesse deste pela
necessidade de integração regional como meio de alcançar a unidade continental africana e recuperar a
dignidade africana e a sua posição nos assuntos globais. Esses princípios estavam preconizados no
tratado da OUA de 1963 e no plano de Acção de Lagos, de 1980, assim como na acta final de Lagos.

1.3. DA SADCC PARA A SADC


Ao longo dos doze anos de existência (1980-1992) a SADCC desenvolveu para além da
Política, no domínio económico, projectos de cooperação entre os estados membros, envolvendo os
sectores dos transpores e comunicação, indústria, energia e agricultura.
As transformações políticas, económicas e sociais registadas ao nível internacional,
contribuíram para a mudança dos objectivos da organização regional. Assim, após doze anos de
actividades a conferência para a coordenação do desenvolvimento da África Austral (SADCC), numa
conferência de chefes de estados dos países membros realizada na cidade de Windhoek, a 17 de
Agosto de 1992, assinaram o tratado para a integração económica, política e cultural da região. O
tratado de Windhoek, substituirá a conferência de desenvolvimento da África austral (SADCC), pela
comunidade de desenvolvimento da África Austral (SADC), com sede na cidade de Gabarone, capital
do Botsuana.
A passagem da SADCC para SADC já era evidente nos últimos anos da década 80, existindo
necessidades de reforçar a SADCC. As áreas de cooperação no seio da SADCC foram aumentando à
medida que também aumentava o número de Estados membros, uma vez que a cada um daqueles foi
dada a responsabilidade de coordenar um sector e também em resposta aos novos desafios, como por
exemplo a HIV∕SIDA.
2. COMUNIDADE DE DESENVOLVIMENTO DA ÁFRICA AUSTRAL (SADC)
A comunidade desenvolvimento da África Austral (SADC) é uma organização internacional
com implementação regional, criada de modo a proporcionar um mercado para as empresas regionais,
permitindo que também beneficiassem das economias de escala e de modo a promover uma maior
cooperação e integração na vida económica.

Assinaram a acta constitutiva Angola, Botswana, Lesotho, Malawi, Moçambique, Swazilândia,


Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe, aos quais se juntaram, mais tarde, as Ilhas Maurícias, Seychelles,
Namíbia, África do Sul, República Democrática do Congo e o Madagáscar.

Os países membros somam uma população de quase 210 milhões de pessoas e um PIB de
aproximadamente 471 bilhões de dólares, valor importante, especialmente levando-se em conta as
economias dos países vizinhos.

2.1. OBJECTIVOS E PRINCÍPIOS DA SADC


A SADC busca promover a auto-confiança colectiva e a formação de elos mais fortes entre os
seus membros (Murapa, 2002), aspirando alcançar uma forma mais profunda e ampla de integração
regional entre os Estados-membros. Os seus objectivos são:
• Alcançar desenvolvimento e crescimento económico, aliviar a pobreza, aumentar o padrão e
qualidade de vida dos países da África Austral e dar apoio aos socialmente desamparados, por meio da
integração regional;
• Desenvolver valores, sistemas e instituições políticas comuns;
• Promover e defender a paz e segurança;
• Promover o desenvolvimento sustentável;
• Alcançar a complementaridade entre estratégias e programas nacionais e regionais;
• Promover e maximizar o emprego produtivo e utilização dos recursos da região;
• Alcançar o uso sustentável dos recursos naturais e a efectiva protecção do meio ambiente;
• Fortalecer e consolidar as antigas afinidades históricas, sociais e culturais e os elos entre os povos da
região.
Para o alcance dos referidos objectivos, o tratado requer que os Estados-membros da SADC:
• Harmonizem as políticas e planos políticos e socioeconómicos dos Estados-membros;
• Encorajarem os povos da região e suas instituições a tomarem iniciativas para desenvolver laços
económicos, sociais e culturais em toda a região e participar plenamente na implementação de
programas e projectos da SADC;
• Criem instituições e mecanismos apropriados para a mobilização dos recursos necessários à
implementação dos programas e projectos da SADC e suas instituições;
• Desenvolver políticas que objectivem a progressiva eliminação de obstáculos à livre movimentação
de capital e trabalho, bens e serviços, e dos povos da região entre os Estados-membros;
• Melhorem a administração e o desempenho económico por meio da cooperação regional;
• Promovam o desenvolvimento, a transmissão e o domínio da tecnologia;
• Promovam a coordenação e a harmonização de relações internacionais dos Estados-membros;
• Garantam entendimento, cooperação e apoio internacional e mobilizem o influxo de recursos
públicos e privados na região;
• Desenvolvam outras actividades que os Estados-membros decidam, em apoio a esse tratado (cf.
Murapa, 2002).
A SADC, no seu processo de criação de regras, traçou os seguintes princípios:
• Igualdade soberana de todos os Estados-membros;
• Paz, segurança e solidariedade;
• Democracia, direitos humanos e Estado de direito;
• Equidade, equilíbrio e benefícios mútuos;
• Resolução pacífica das disputas ou conflitos.

2.2. ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO


As instituições e as estruturas da SADC obedecem ao seguinte formato:
 A Cimeira dos Chefes de Estado ou de Governo, que é a instituição suprema na tomada de
decisão da SADC, é responsável pela avaliação da direcção e do controlo de políticas da
organização sob direcção do Presidente e coadjuvado por um vice-presidente, sob rotatividade de
um ano, que se reúne pelo menos duas vezes/ano, decide a admissão de novos membros, pode
criar comités e outras instituições ou órgãos que considerar necessário;
 O Órgão da SADC sobre Política de Defesa e Segurança, que é administrado com base numa
Troika, responsável pela promoção da paz e da segurança na região. Sendo igualmente
mandatado para dirigir e fornecer aos Estados-membros assuntos que ameaçam a paz, a
segurança e a estabilidade. É dirigido por um Presidente e coadjuvado por um vice-presidente,
com uma rotatividade anual.
A tróica é utilizada apenas para as instituições executivas da organização (A Cimeira; o
Órgão; Conselho; Comité Ministerial, o Comité Permanente) e é constituído pelo Presidente, o
vice-presidente, o próximo Presidente e o Presidente cessante para a grande maioria dos órgãos.
Funciona como uma comissão directiva, nos intervalos das reuniões das instituições, sendo
responsável pela tomada de decisão, pela facilitação da implementação das decisões e pela
apresentação de direcções políticas.
 Conselho de Ministros é constituído por um ministro de cada um dos Estados-membros,
(preferencialmente o ministro responsável pela política externa). Tem a responsabilidade de
avaliar o funcionamento e o desenvolvimento, a implementação de políticas e propostas de
execução de programas, o estabelecimento de Directorias, Comités e outras instituições e órgãos,
entre outros. Dirigido por um Presidente e seu coadjuvante, reúne pelo menos quatro vezes por
ano;
 Secretariado da SADC é a principal instituição executiva, responsável pelo planeamento
estratégico e pela gestão do programa da SADC na implementação das decisões da Cimeira, da
Troika da Cimeira, do Órgão de Cooperação Política, Defesa e Segurança e de outros órgãos. O
Secretariado trata ainda da organização e da gestão dos encontros, da representação e promoção,
da coordenação e harmonização de políticas e estratégias dos Estados-membros e da
monitorização e avaliação da implementação dos programas da mobilização de recursos,
coordenação e harmonização de programas e projectos com parceiros de cooperação. O
Secretário Executivo é o órgão que dirige o Secretariado e é responsável pelo conselho, pelas
consultas e pela coordenação com os governos e outras instituições dos Estados-membros. Tem
ainda a responsabilidade de cuidar da administração e do financiamento do Secretariado,
preparação dos relatórios anuais e das actividades de preparação dos relatórios anuais das
actividades, preparação do orçamento e da auditoria de cortes, representação diplomática, e etc.
 Tribunal é o órgão que garante a interpretação correcta do Tratado e trata das disputas
relacionadas com o Tratado. Deve igualmente aconselhar a Cimeira e o Conselho em matérias
relacionadas com a SADC;
 Comité Nacional da SADC tem a responsabilidade de fornecer contributos a nível nacional na
formulação das políticas da SADC, de estratégias e programas de acção; de coordenar e
controlar, ao nível nacional, a implantação dos programas da SADC; e de iniciar projectos e
propostas de questões para contribuir no desenvolvimento da estratégia indicativa do plano
regional.

CAPÍTULO III: OHADA


1. COMPREEDER A HOADA
Há mais de uma década que as relações internacionais são marcadas pela mundialização ou
globalização do comércio, que se traduz na construção de espaços económicos no seio dos quais as
fronteiras geográficas, vestígios de soberanias em decadência, apenas têm um significado político. A
construção destes espaços económicos que consagram uma cada vez maior integração económica dos
Estados membros visa, por um lado, a promoção do desenvolvimento económico e social e, por outro
lado, do investimento privado, tornando os mercados mais atractivos e as empresas nacionais ou
comunitárias mais competitivas. “Na hora de mundialização da economia, enquanto os principais
países do mundo se agrupam para constituir uniões económicas – e por vezes monetárias -, tornava-se
imperativo, para todos os países envolvidos no comércio internacional, adoptar um direito dos
negócios comum moderno, realmente adaptado às necessidades económicas, claro, simples,
assegurando as relações entre os operadores económicos.

2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA OHADA


A OHADA não nasceu de uma iniciativa isolada de alguns Chefes de Estado africanos da Zona
Francófona; esta é também, e sobretudo, uma ideia ou até mais, uma exigência, dos operadores
económicos africanos que reivindicam a melhoria do panorama jurídico e judiciário das empresas a
fim de assegurar os seus investimentos. De facto, tendo em consideração o abrandamento dos
investimentos que se seguiu à recessão económica e à insegurança jurídica e judiciária que reinaram na
região a partir da década de oitenta, tratava se de voltar a dar confiança aos investidores, tanto os
nacionais como os estrangeiros, para favorecer o investimento do espírito empresarial e relançar os
investimentos externos.

2.1. RAZÕES PARA A CRIAÇÃO DA OHADA


Para além do contexto económico internacional que se impunha, muitas outras razões são
geralmente aceites para justificar a criação da OHADA. De facto, por um lado, a diversidade que
caracteriza as legislações africanas é um obstáculo à criação de um espaço económico integrado e, por
outro lado, esta diversidade é acompanhada de uma insegurança jurídica e judiciária, consequência da
vetustez e da caducidade das legislações aplicáveis que desencoraja os investimentos privados. Por
último, a integração económica apresenta diversas vantagens dado que esta permite ao continente
africano inserir-se no circuito do comércio internacional.

3. OS OBJECTIVOS DA OHADA
O preâmbulo do Tratado OHADA, bem como os seus artigos 1 e 2, expõem em termos
genéricos o seu objecto e domínio. Nos termos do artigo 1º «o presente tratado tem por objecto a
harmonização do direito dos negócios:
- Através da elaboração e adopção de regras comuns simples, modernas e adaptadas à realidade
das suas economias;
- Pela aplicação dos procedimentos judiciais apropriados;
-Pelo encorajamento do recurso à arbitragem pela regulamentação de disputas contratuais.»
- No que toca ao artigo 2º, este enumera as matérias que serão integradas no domínio do
Tratado e sobre cuja regulamentação a harmonização deverá incidir.
A OHADA entra no espectro de uma visão mais global de «integração africana» através de
uma «uma união económica e de um grande mercado comum». Este objectivo global não pode ser
alcançado numa situação de crise económica generalizada caracterizada pela retracção dos
investimentos externos ao longo da década de oitenta; desde logo, foi necessário melhorar e
racionalizar o ambiente jurídico das empresas com o propósito de tornar os mercados africanos mais
atractivos através da redução, ou mesmo exclusão, da insegurança jurídica e judiciária. Por outro lado,
«a África, como a maior parte dos países, está preocupada com a internacionalização da economia.
Como consequência, é necessária a integração regional contando, em todo o lado, com os mesmos
direitos das sociedades, o que facilita particularmente os investimentos.» A África não pode escapar ao
fenómeno da internacionalização, o que implica uma adaptação contínua das regras que regem as
actividades económicas.

4. OS ESTADOS MEMBROS
Nos termos do disposto no artigo 53º do Tratado OHADA, a adesão a esta nova organização é
aberta a todos os estados membros da União Africana (UA) e a todos os estados não membros da UA
convidados à adesão por comum acordo de todos os estados membros da OHADA. Esta ampla
abertura sugere que a adesão à OHADA está aberta a estados não africanos. Esta amplitude é boa
porque, por um lado, no quadro da construção dos espaços económicos, os estados poderão aderir à
mesma, mesmo que não sejam membros da União Africana e por outro lado, mesmo que estes não
estejam situados no continente africano; no entanto, não é facilmente concebível que estados não
situados em África adiram à OHADA, pelo que deveremos entender que esta abertura é para estados
africanos que não sejam membros da União Africana.
O número de estados membros da OHADA vai aumentar com os anos, ou mesmo nos meses
que se seguem, uma vez que a República Democrática do Congo iniciou o seu processo de adesão a
curto prazo e São Tomé e Príncipe anunciou a sua adesão próxima. Por último, também Madagáscar e
Gana mostraram interesse na OHADA. A adesão de um novo estado será feita nas condições previstas
pelo Tratado e seguindo o procedimento previsto pela respectiva constituição; de facto, algumas
constituições nacionais prevêem a intervenção do Parlamento nacional que deverá autorizar a adesão.
Há igualmente que notar que a OHADA não está reservada aos estados francófonos; já um estado
espanófilo e um lusófono são membros, juntamente com os Camarões, um estado membro da
OHADA que é um país bilingue. Alguns países anglófonos, nomeadamente o Gana, manifestaram
interesse na OHADA. Para favorecer a adesão de estados não francófonos, a conferência de Chefes de
Estado e do Governo da OHADA, reunida no Quebeque a 17 de Outubro de 2008, levou a cabo a
revisão dos tratado e introduziu uma disposição nos termos da qual: «as línguas de trabalho na
OHADA são: o Francês, o Inglês, o Espanhol e o Português». Apesar disso, os documentos da
OHADA serão traduzidos mas é a versão francesa que faz fé em caso de divergência entre elas.
O cruzamento entre o número e a diversidade de Estados membros da OHADA fará desta
organização o verdadeiro motor da integração jurídica africana.

5. O TRATADO QUE INSTITUI A OHADA

Do ponto de vista formal, o Tratado é constituído por 63 artigos repartidos entre IX títulos. O
dispositivo jurídico por este inaugurado é de uma simplicidade impressionante.
No preâmbulo os Chefes de Estado e de delegação reiteraram a sua determinação em realizar
progressivamente a integração económica dos seus estados, o que pressupõe a instituição e a aplicação
de um direito dos negócios harmonizado a fim de garantir a segurança jurídica dos investidores. Para
além disso, o artigo 2º do Tratado determina o seu objecto e os domínios que relevam do direito dos
negócios. O Tratado apresenta igualmente instrumentos pelos quais se realizará a integração jurídica
(Actos Uniformes) e os órgãos encarregues de supervisionar a instituição do projecto, de controlar a
aplicação dos actos e de tornar comum o direito harmonizado.
Comparado com os outros Tratados do mesmo género, o «Tratado OHADA» apresenta
numerosas especificidades:
- Tem em vista uma «unificação progressiva e geral das legislações» dos estados membros;
- A unificação pretendida é muito ampla, uma vez que respeita a «todos os sectores da vida dos
negócios à escala continental»;
- A legislação comunitária prevista pelo Tratado tem em vista a aplicação com carácter
supranacional «reforçado» na medida em que esta é obrigatória, revogatória ou directamente aplicável
a todos os estados membros;
- Originalidade também no que toca aos «meios e métodos adoptados» para acorrer aos
objectivos prosseguidos.

CAPÍTULO IV: OLHAR CRÍTICO SOBRE A OPERACIONALIDADE DA


SADC & OHADA
Reacção dos representantes de estados membros

O ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Baloi, justifica


que o atraso no processo de criação da comunidade política e económica se deve ao facto de, nos
primeiros anos, a SADC ter perdido muito tempo na luta para acabar com as guerras que afectavam
alguns países da região. Hoje, segundo Baloi, pode-se pensar mais em paz, mais calmamente na
implementação de programas de desenvolvimento regional. É consenso que a organização regional
peca essencialmente pela sua excessiva dependência de financiamentos externos, até de comunidade, à
partida concorrentes, como a União Europeia.

O ministro Zimbabueano dos Negócios Estrangeiros, Simbarache Mumbengegwi, na passagem


da liderança do Conselho de Ministros da instituição, questionou: por quais razões se continuam a criar
programas e projectos, mesmo sem capacidade própria de financiamento?

Acrescenta que a realidade mostra que os parceiros internacionais também estão


sobrecarregados, enfrentam os seus próprios desafios e a sua capacidade de financiar programas
noutras partes tende a reduzir e mais. Não se pode continuar a pensar e confiar permanentemente nas
fontes alternativas de financiamento, forçando o adiamento dos objectivos a que se propõem as nações.

Já o ministro das Finanças, Planeamento e Desenvolvimento do Botswana, Kenneth Matambo,


aconselha a concepção de plano e programas que possam ser implementados, sob pena de ficarem
guardados em gavetas.

Acções estão em curso igualmente para a produção de alimentos, na perspectiva da diminuição


de importações, fora da região, garantir a segurança alimentar, erradicar a fome e a pobreza. Para
evitar a dependência em relação aos produtos industrializados estrangeiros. Para se atingir o
desenvolvimento económico, a nova estratégia da SADC considera essencial que se promova a
indústria local, a formação e o treinamento de mão-de-obra qualificada.

Paradoxalmente, alguns países, por compromissos bilaterais assumidos, ainda preferem ou são
forçados a importar produtos vindos de outros continentes, como condições impostas na obtenção de
facilidades de linhas de financiamento para programas nacionais. A declaração da secretária nacional
da SADC, Beatriz Morais, segundo a qual o processo de integração regional está em fase ainda
embrionária, veio provar que a organização não tinha, de facto, avançado, 29 anos depois da sua
criação.

Afinal os estadistas da comunidade já haviam considerado o plano estratégico indicativo


regional, que supostamente previa metas de integração económica como irrealista, porque nem todos
os países se encontram no mesmo estágio de desenvolvimento socioeconómicos.

A organização só arrecadou em 2016 cerca de 13 milhões de dólares, dos 37 milhões previstos


a partir das contribuições de estados membros.

Se calhar a solução passava pela sugestão do ministro angolano das Relações Exteriores,
Georges Chikoti, que defende o aumento das contribuições dos estados membros, para implementar
programas realistas e funcionais. Mas esta proposta era capaz de provocar o abandono da sala por
algumas delegações, numa fase em que quase todos se queixam da escassez de recursos financeiros
antes da crise económica internacional, que forçou já alguns países a rever, por baixo, os seus
orçamentos gerais.

Não havendo capacidade de mobilização de recursos financeiros, porquê que se continua a


conceber programas e projectos impossíveis de implementar?

O programa indicativo de desenvolvimento regional revisto 2015/2020 espera-se que seja mais
equilibrado, para que, 29 anos depois da fundação da SADC, se inicie a implementação da zona de
comércio livre, que é a primeira fase, onde se prevê a liberalização dos mercados do comércio e depois
de serviços. Há que caminhar. Às vezes até devagar, mas seguro.
A leitura do Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional (a seguir designada pela sua
sigla inglesa RISDP), que estabelece os objectivos e as prioridades nos domínios de intervenção da
SADC até 2019, permite concluir que a visão que foi consagrada é apenas uma visão “economicista”
da integração e facto relevante, é apenas o termo “Economic Integration, que é definido no Glossário
que acompanha o referido Plano quando se trata de definir o processo de integração como se existisse
apenas uma única dimensão da integração. Por outras palavras, é uma visão unilateralista que foi
consagrada pelos autores do Plano Estratégico negligenciando outros aspectos, não menos importantes
do processo de integração. Nesta visão, as prioridades consagradas pelo Plano, são essencialmente -
senão exclusivamente económicas - (harmonizar as políticas macro-económicas64, prosseguir a
estabilidade e a convergência macroeconómica, das políticas fiscais e monetárias66) e financeiras
(liberdade de circulação dos capitais, liberalização do sector bancário e dos mercados financeiros67);
como afirma o próprio RISDP

RELEVÂNCIA JURÍDICA
A relevância jurídica da SADC consiste no seu poder de Supra-nacionalidade, sendo uma
organização não na estatal, que confere atribuições e competências aos estados membros de cumprir
com o seu programa, por possuir um conjunto de funções como: Legislativa, Executiva e Jurisdicional,
resultante do seu próprio estatuto, que o torna regente∕regulador da região, implicando a limitação da
soberania dos Estados membros. Nesta senda a SADC delibera as suas tarefas na Cimeira dos chefes
de Estados de governo, que é, o órgão supremo na tomada de decisões da mesma, responsável pela
avaliação da direcção e do controlo de políticas da organização.
Para a SADC a integração regional implica uma estratégia global incluindo não só estratégias
económicas, políticas e normas éticas (nomeadamente a luta contra a corrupção), mas também a
modernização e adaptação do Direito Comercial, bem como a reabilitação da justiça, isto é, ´´ de uma
justiça credível, equitativa, capaz de dizer o direito com competência e de segurizar os justiciáveis ``.
Nesta óptica a criação de uma jurisdição supranacional pode contribuir para a promoção da segurança
judiciária, como é o caso, do sistema da Organisation pour l´Harmonisation en Afrque du Droit des
Affaires (OHADA), a fim de favorecer o crescimento das actividades económicas e a promoção de
investimentos na região.

EFEITOS CONVERGENTES: SADC vs OHADA


Quaisquer que sejam as modalidades de integração (ou pseudo-integração) analisadas a SADC
e a OHADA, se podem perceber um duplo movimento dialéctico: a influência da economia sobre o
Direito; o que implica uma obrigação de regular (A) e uma influência do Direito sobre a economia que
faz do Direito uma condição da integração económica e, ao mesmo tempo, o seu motor (B). O estudo
desta dinâmica é de um interesse muito específico quando se trata de analisar as passíveis relações do
Direito uniformizado da OHADA no espaço pseudo-integração da SADC (C).

DIVERGENCIA: SADC vs OHADA


A SADC, foi apologista em optar pela harmonização jurídica que consiste em eliminar
diferenças e disparidades entre as diversas legislações dos países membros. Neste processo os Estados
continuam a ter um papel activo. A mesma impõe os estados uma obrigação, em principio livremente
das modalidades de execução.
A OHADA optou pela uniformização e não pela harmonização judiciária, sendo um método
radical, que consiste em ´´ redigir e aplicar textos nos mesmos termos e condições de um país para o
outro ``. Ela visa produzir a identidade jurídica. A integração jurídica realiza-se pela criação de um
corpo de direito directamente aplicável aos estados membros da organização e os seus nacionais.

A AUSÊNCIA DE TÉCNICAS INTEGRATIVAS


A SADC foi criada para prosseguir um conjunto de objectivos que podem ser agrupados em
dois (2): 1-Aproximação do crescimento socioeconómico animado pelo objectivo de erradicar a
pobreza. 2-A promoção e a manutenção da paz, segurança e democracia através da cooperação e
integração regional.
A SADC é uma vasta organização de coordenar e harmonizar políticas, planos, programas e
estratégias; mas não se integra verdadeiramente e não se pode integrar porque a mesma não criou
verdadeiros instrumentos jurídicos que permitiriam a substituir a disparidade das legislações dos
Estados membros m regime jurídico harmonizado tais como:
 A harmonização das normas jurídicas nacionais;
 A uniformização das mesmas como Direito comum dos Estados membros;
 A técnica convencional ou protocolo que é um instrumento privilegiado tendo o
objectivo fundamental ´´ cooperar ou seja coordenar a acção dos Estados-membros num
determinado domínio.
Todavia, esses instrumentos não são realmente concebidos para lutar contra a disparidade das
catorze legislações nacionais que constituem um obstáculo pela realização de um espaço económico e
social verdadeiramente integrado.

INFLUÊNCIA DA ECONOMIA SOBRE O DIREITO: A OBRIGAÇÃO DE


REGULAR
O processo de integração é essencialmente de natureza económica, integra igualmente «uma
significação jurídica». Este processo de crescimento e desenvolvimento inerente a integração
económica que faz com que a promoção do desenvolvimento visto nestes diferentes aspectos, precisa
de normas reguladoras.
Partindo do princípio de que um dos caracteres da integração está fundado no princípio da
igualdade, entre os estados membros da organização e os nacionais, isto traduz-se concretamente pela
afirmação e pela proibição de qualquer discriminação. A consolidação desta opção deve
obrigatoriamente traduzir-se por instrumentos jurídicos que garantam a igualdade.
Este processo foi igualmente realçado pela doutrina no que diz respeito ao tratado da OHADA,
com efeito para compreender o lugar e o papel da mesma como instrumento de integração jurídica. O
mesmo se verifica no nº 5ª do artigo 7º do protocolo relativo a educação e forma da SADC.

A INFLUENCIA DO DIEITO SOBRE A ECONOMIA


A influência do Direito no processo de integração regional está mais do que provada. Constitui
ao mesmo tempo, uma condição e um motor para a integração económica.
O Direito como garantia da integração económica, deve ser posto como um axioma explicativo
razoável que o grau da integração jurídica varia de acordo com a intensidade da integração económica.
Nesta senda, por outras palavras, o conteúdo do Direito da SADC é e será em função da evolução deste
modelo e do seu desenvolvimento durante os anos.
~

CONCLUSÃO
Tratando da conclusão do tema em apreço de forma humilde, somos por este meio dizer que
não é coisa fácil por causa da complexidade do mesmo. Mas não nos tira o crédito de apresentarmos o
nosso parecer a respeito.
A SADC e a OHADA são duas organizações épicas e diferentes desde a sua natureza e
operacionalidade, dos seus actores e regiões onde vigam e fins a atingir.
A SADC está simplesmente virada para os Estados da África Subsaariana em duas vertentes
estratégicas da sua razão de ser:
a. Promover o desenvolvimento sustentável na região, na perspectiva de combater a fome
e a pobreza, criar programas que permitem um intercâmbio cultural, económico (ZCL),
tecnológico etc.
b. Promover e defender a paz e segurança regional, criando uma força militar e
militarizada de interposição.
A SADC está directamente ligada aos seus estados-membros através dos seus comités
nacionais implantados nos seus territórios sobre os quais manifesta ou executa as suas actividades, na
vertente da harmonização jurídica tida como um dos factores de sucesso para esta organização.
A SADC nos apresenta uma integração regional formal e material de uma forma clara, basta
olharmos para o seu percurso histórico e nos factores geopolíticos, geoestratégicos e geoeconómicos,
que é um ganho significativo na região. A mesma tem sido alvo de muitos boicotes e censuras por não
responder de forma eficaz as metas por si estabelecidas. Ainda a quem ousa apelida-la de um projecto
sem pernas para andar.
O tratado da OHADA está aberto a todos os Estados, sejam eles ou não membros da
Organização da Unidade Africana, criada com o objectivo de fomentar o desenvolvimento económico
em África Ocidental e Central, criando um melhor clima favorável de forma a atrair investimentos.
. O objectivo declarado da iniciativa é facilitar e encorajar o investimento doméstico e
estrangeiro nos Estados membros, baseando - se principalmente em um modelo jurídico francês
modernizado para atingir seus objectivos por meio de um ato uniforme que é a recordação de todas as
normas jurídicas relevantes e necessárias para facilitar os negócios nos Estados-Membros. A OHADA
inclui nove Actos Uniformes validados: Direito Comercial Geral, Sociedades Comerciais e Grupos de
Interesse Económico, Lei de Transacções Garantidas, Lei de Resolução de Dívidas, Lei de Insolvência,
Lei de Arbitragem, Harmonização da Contabilidade Corporativa, Contratos de Transporte de
Mercadorias, Sociedades Cooperativas Lei. Dois actos uniformes (arbitragem e contabilidade) estão
sendo revisados.
A insegurança jurídica deve-se ao facto de que muitos dos textos aplicáveis ao direito dos
negócios são antigos;
A insegurança judiciária é também a consequência da insuficiente formação de magistrados e
de auxiliares de justiça por um lado em matéria económica e financeira e por outro lado da escassez de
recursos humanos e materiais de que as jurisdições são geralmente dotadas.
A SADC & OHADA NOS DIAS DE HOJE
A OHADA é um sistema de legislação corporativa e instituições implementadoras adoptado
por dezassete nações (Estados) da  África  Ocidental  e  Central  em 1993 em  Port Louis, Maurício. A
OHADA é a sigla em francês para;  Organization pourl apos ;harmonisatio en Afrique du droit des
affaires, que se traduz em inglês como Organização para a Harmonização do Direito Societário em
África;.
O Tratado OHADA é composto hoje por 17 Estados africanos. Inicialmente, catorze países africanos
assinaram o tratado, com dois países (Comores e Guiné ) aderindo posteriormente ao tratado e um
terceiro (a República Democrática do Congo) aderiu em 12 de Setembro de 2012. O Tratado está
aberto a todos os Estados, sejam eles ou não membros da  Organização da Unidade Africana. OHADA
foi criada com o objectivo de fomentar o desenvolvimento económico em África Ocidental e Central,
criando um melhor clima de investimento de forma a atrair investimentos em um mercado consumidor
de 225 milhões
Como uma iniciativa da África Ocidental e Central para harmonizar as leis de negócios e
instituições implementadoras, a OHADA visa encontrar soluções alternativas para a falta de
crescimento económico na África Subsaariana – uma região que desafia e confunde economistas do
desenvolvimento  há várias décadas. O objectivo declarado da iniciativa é facilitar e encorajar o
investimento doméstico e estrangeiro nos Estados membros, e como a maioria dos países participantes
são ex  – colónias francesas , eles baseiam - se principalmente em um modelo jurídico francês
modernizado para atingir seus objectivos. As leis promulgadas pela OHADA são exclusivamente
comerciais. O tratado OHADA criou um tribunal supranacional (Tribunal Comum de Justiça e
Arbitragem da Organização para a Harmonização em África do Direito Empresarial) para garantir a
uniformidade e interpretações jurídicas consistentes em todos os países membros, e a influência
francesa nos processos judiciais é aparente.
A ferramenta mais crítica para a integração legal é o Acto Uniforme. Um ato uniforme é a
recordação de todas as normas jurídicas relevantes necessárias para facilitar os negócios nos Estados-
Membros. A partir de hoje, OHADA inclui nove Actos Uniformes validados: Direito Comercial Geral,
Sociedades Comerciais e Grupos de Interesse Económico, Lei de Transacções Garantidas, Lei de
Resolução de Dívidas, Lei de Insolvência, Lei de Arbitragem, Harmonização da Contabilidade
Corporativa, Contratos de Transporte de Mercadorias, Sociedades Cooperativas Lei. Dois actos
uniformes (arbitragem e contabilidade) estão sendo revisados.

5.1. A insegurança jurídica e judiciária


A insegurança jurídica deve-se ao facto de que muitos dos textos aplicáveis ao direito dos
negócios são antigos; a maior parte data do período colonial pelo que é frequente os operadores
económicos, tal como os juristas, terem dificuldade em conhecer as regras do direito aplicável. Disso
resulta uma insegurança jurídica definida por Philippe TIGER como sendo “a situação de incerteza na
qual se pode encontrar um operador económico sobre um eventual procedimento no qual este possa ser
parte, bem como a sua impotência para mudar o rumo da justiça, se necessário, para a tornar mais
equitativa”. Esta situação criou uma situação jurídica que lesa os investimentos.
A insegurança judiciária é também a consequência da insuficiente formação de magistrados e
de auxiliares de justiça por um lado em matéria económica e financeira e por outro lado da escassez de
recursos humanos e materiais de que as jurisdições são geralmente dotadas. Como escreve Philippe
TIGER, esta “manifesta-se de formas muito diversas: decisões contestáveis, decisões em deliberação
durante muitos anos, execuções impossíveis, negligências diversas, desconhecimento das regras de
deontologia, acolhimento dos meios dilatórios mais evidentes e repetição de reenvios que acabam por
desencorajar os demandantes de boa fé.

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