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All content following this page was uploaded by Ibraimo Hassane Mussagy on 03 July 2016.
RESUMO
As teorias de crescimento económico tem ajudado a explicar as diferenças na aceleração do
crescimento económico entre as várias economias e regiões. Este trabalho destaca a
existência das teóricas de convergência e aplica a mesma no contexto da integração regional
da SADC. Concretamente, foram extraídos os indicadores de convergência macroeconómica
dos países da região destacados no protocolo específico relativo as Finanças e Investimento
da SADC. O indicador usado para fazer as análises foi o crescimento económico no período
compreendido entre 2000-2013. A análise deste indicador esteve assente no modelo de
convergência desenhado por Barro e Sala-I-Martin (1992). Portanto, usando o produto real
per capita dos 15 Estados membros da SADC, correu-se o modelo empírico e testou-se a
existência ou não de beta-convergência e sigma-convergência. Os resultados encontrados
nos dois casos foi revelador da inexistência da convergência económica entre os países da
SADC, ou seja, os países que detinham inicialmente o produto real per capita baixo,
apresentaram uma média de crescimento mais baixa em relação a média de crescimento dos
países que detinham o produto real per capita elevado no final do período. Conclui-se que as
desigualdades entre os países da região aumentou.
Palavras-chaves: Beta-convergência, Sigma-convergência, Crescimento Económico,
SADC.
ABSTRACT
Economic growth theories have helped to explain the differences on the rate of economic
growth between several economies and regions. This paper highlights convergence theories
and applies these theories in the context of SADC regional integration. Specifically, the
macroeconomic convergence indicators were extracted from the Finance and Investment
Protocol. The paper applies the economic growth indicator to perform the analysis under the
period of 2000-2013. The analysis of this indicator was based on the convergence model
developed by Barro and Sala-I-Martin (1992). Therefore, using the real income per capita of
the 15 Member States of the SADC, the empirical model was estimated and it was tested for
beta-convergence and sigma-convergence. The results in both cases revealed the lack of
economic convergence among SADC countries, that is to say, countries that initially held low
real income per capita, had a lower average growth compared to average growth of countries
held high real income per capita at the end of the period. It concludes that inequalities between
the countries in the region have increased.
Key Words: Beta-convergence, Sigma-convergence, Economic Growth, SADC.
1 Agradeço os comentários dos interveniente da conferencia, mas faço aqui um especial agradecimento aos
comentários feitos pelos Professores José Chichava, Fernando Ferrari Filho, Matias Farahani e Faizal Carsane
com vista a melhorar o paper.
2 É Doutorado em Economia de Desenvolvimento e Coordena o Doutoramento em Economia na Faculdade de
1
1. INTRODUÇÃO
1.1.Convergência Económica
As teorias neoclássicas de crescimento económico tem analisado a evolução
do crescimento económico das economias, partindo de um conjunto de variáveis
endógenas que visam explicar as diferenças na aceleração do crescimento
económico. Ramsey (1928), Solow (1956) e Swan (1956) foram os percursos nesta
área ao conceberem modelos que permitiam ver os efeitos da relação entre a
acumulação de capital e a poupança no crescimento econômico. A principal
conclusão que os modelos neoclássicos chegaram foi a de que, partindo de uma certa
dotação de factores produtivos tendo em conta a função de produção, os níveis de
renda dos diferentes países tende a convergir no médio e longo prazo.
Mesmo olhando para este assunto durante varias décadas, foi durante os anos
de 1980 que o debate sobre a convergência começa a despertar a atenção. Sem
destacar todas as contribuições, o trabalho de Baumol (1986) veio a motivar estudos
com o intuito de examinar a hipótese de convergência a nível internacional. Duma
forma simplória, podemos definir a convergência econômica, como sendo uma
tendência igualitária traçado pelo produto de diferentes economias ainda que estas
partam de situações inicias diferentes iniciais3. Destacam-se aqui que os países de
produto per capita baixo que tendem a desenvolver as suas economias de
conhecimento, em função das práticas das economias desenvolvidas. Isto lhes
permite aproximar dos níveis de prosperidade e desempenho dos países
desenvolvidos.
Xavier Sala-i-Martin (1996)4 apresentam com detalhe os vários tipos de
convergência económica. Note que, aqui nós referimos a um tipo convergência
específica. O termo poderá ser empregue em vários contextos.
1.2.Integração Regional
A convergência económica tem então estado no foco das discussões sobre o
fortalecimento e o cumprimento das metas estabelecidas pela integração regional da
Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC). A SADC foi instituída
2
em 1992, quando 12 países da África Austral, reunidos em Windhoek (Namíbia),
assinaram o ato de criação da Comunidade. E hoje ela conta com os seguintes
Estados membros: Angola, Botswana, RD Congo, Lesotho, Madagáscar, Malawi,
Maurícias, Moçambique, Namíbia, Seicheles, Africa de Sul, Swazilândia, Tanzânia,
Zâmbia e Zimbabwe.
O processo de integração da região da SADC foi feito pelos países próximo da
região da Africa Austral onde os mesmos se encontram com diferenças estruturais
ainda marcantes. A facilidade e a proximidade geográfica aparece como uma dos
pilares da integração. Uma das estratégias adotadas Estados membros foi a
estruturação da SADC num esquema em que cada país se responsabiliza por
determinada coordenação setorial, como transportes, recursos hídricos,
telecomunicações, etc.
Em termos concretos, os principais objetivos da Zona de Livre Comércio (ZCL)
da SADC baseiam-se em protocolos de desenvolvimento e crescimento econômico.
Em 24 de Agosto de 1996 em Lesoto, foi assinado o Protocolo Comercial. Os objetivos
deste protocolo são os seguintes:
1. Fomentar a liberalização do comércio intra-regional;
2. Garantir uma produção eficaz dentro da SADC;
3. Contribuir para criação de um ambiente favorável ao investimento;
4. Incrementar o desenvolvimento económico e industrialização da região, e
5. Estabelecer uma ZCL na região da SADC.
3
4. A união monetária em 20165 e a
5. A introdução da moeda única em 2018
5Ainda que já exista uma sede para o Banco Central da Região, esta meta não foi cumprida e não se
avinha fácil o seu cumprimento.
4
Crédito do Banco Central ao Governo (% de
Receitas) 10% 5% 5%
Poupanças Interno (% PIB) 25% 30% 30%
Investimento Interno (% PIB) 30% 30% 30%
Fonte: SADC (2004)
1.3.Objectivo do trabalho
Para uma análise mais apurada sobre os efeitos da integração regional da
SADC, torna-se necessária a avaliação dos indicadores primários e secundários
estabelecidos como metas macroeconómicas de convergência no RISDP. Contudo,
neste caso, analisaremos somente um dos indicadores de convergência
macroeconómica. Olharemos para indicador secundário referente a taxa de
crescimento do PIB. Não se trata de fazer uma análise gráfica comparativa das taxas
de crescimento do PIB, trata-se de adoptar o modelo de beta ( ) convergência e
sigma ( ) convergência para verificar se a hipótese de convergência no período em
análise é relaxada nos Estados membros da SADC.
Assim no presente trabalho, adoptamos o modelo proposto por Barro e Sala-I-
Martin (1992) para analisar a convergência absoluta para os Estados membros da
SADC. Portanto, não obstante algumas situações que envolveram alguns Estados
membros, achamos por bem incluir os 15 Estados membros durante o período em
5
análise que vai desde 2000-20136. Com esta opção pensamos encontrar a
representatividade na amostra e ter uma visão mais realística do processo de
convergência económica dos Estados membros da SADC.
2.REVISÃO DA LITERATURA
Y K L
(1)
Onde: Y é função de produção, K é o capital e L o trabalho. e a intensidade dos
factores.
Igualando a função de investimento a depreciação, teremos:
K t 1 K t K K
sf δ (2)
L L L
Onde: s é a proporção da poupança e é a depreciação.
A partir desta condição do steady-state, podemos encontrar então o produto
por trabalhado e o capital por trabalhador nesse estado.
6
2.2.Convergências Económica
Baumol (1986) desenvolve um trabalho empírico influenciado pela corrente
neoclássica e encontra convergência de renda absoluta entre os países da sua
amostra. Uma das principais razões para isto seria a lei dos rendimentos
decrescentes, que implicaria em uma menor remuneração do capital onde ele fosse
mais abundante. Depois destes feitos, diversas técnicas e aprimoramentos foram
propostos com o intuito de se testar a evolução do produto per capita de países ou
regiões convergiam. Nessas novas teorias, foram surgindo outras características para
além do estoque de capital e de força de trabalho. A convergência do produto per
capita passa a ser analisada condicionalmente, ou seja, cada região convergeria para
o seu próprio steady-state.
Barro e Sala-I-Martin (1992) argumenta que os países iriam convergir no
produto e na produtividade entre as regiões. Uma das causas apontadas para essa
convergência seria a imitação que permitiria as regiões mais pobres alcançassem os
níveis tecnológicos das regiões mais desenvolvidas. Portanto, Barro e Sala-I-Martin
(1992) formalizam que a predição da convergência das diversas economias passaria
a ser realizado essencialmente pela β -convergência e -convergência.
2.2.1.Beta Convergência
2.2.1.1.Convergência beta-absoluta
Para Barro e Sala-I-Martin (1992) a convergência beta-absoluta determina que
as economias inicialmente mais pobres tendem a manter uma trajetória de
crescimento mais elevado do que as mais ricas. Esta condição é dada pelo
crescimento anual do produto de uma região:
log( y / y )/T
i, t , t T i, i T i, t
(3)
7
log( y )
i, t , t T i, t i, t
(4)
2.2.1.2.Convergência Beta-Condicional
A convergência beta-condicional supõe que as economias diferem, além de em
seus níveis iniciais de capital, também nos seus níveis iniciais de tecnologia, nas suas
propensões a poupar e nas suas taxas de crescimento populacional. Neste caso, a
taxa de crescimento de cada economia está positivamente relacionada com a
distância do seu steady-sate, quanto mais distante, maior será o ritmo de crescimento.
Neste caso, as economias mais desenvolvidas estão próximas do seu steady-state e
consequentemente iriam crescer mais lentamente.
Portanto, aqui percebe-se que os países mais pobres detém menos capital.
Partindo do pressuposto de Barro e Sala-I-Martin (1992), estes iriam crescer mais
rapidamente do que aquelas que detém maiores estoques de capital. Nesse mesmo
sentido, uma forma alternativa de se estudar a convergência do produto de diferentes
economias é pela definição da convergência por clubes, isto é, pela técnica de se
selecionar uma amostra de economias de características semelhantes por hipótese,
com estados estacionários próximos, isto é, com uma estrutura de instituições,
dotações tecnológicas e preferências dos agentes econômicos relativamente
homogênea.
2.2.2.Sigma Convergência
Uma outra forma proposta por Barro e Sala-I-Martin (1992) de analisar a
convergência económica é a de estimar a convergência sigma. Esta hipótese
estabelece que um grupo de economias converge se a dispersão de seu nível de
produto real per capita tende a decrescer ao longo do tempo. Esta hipótese pode ser
apresentada com a seguinte condição:
t2 t21 (5)
8
Onde: t e t+1, denotam o tempo (antes e depois)
2.2.3.Notas Finais
Podemos afirmar que, quando a correlação parcial entre a taxa de crescimento
da renda real per capita e o nível de renda real inicial é negativo, diz-se que há β -
convergência e quando a dispersão do produto real per capita entre um grupo de
economias se reduz ao longo do tempo, diz-se que ocorre a -convergência
Teoricamente, a conexão entre β -convergência e a -convergência se dá
devido aos retornos decrescentes do capital. Havendo tal especificidade, a β -
convergência e a -convergência necessariamente devem ocorre. A -convergência,
entretanto, poderia ser violada devido ao que se conhece por polarização ou devido
a fenômenos de curto prazo capazes de levar uma economia, ou grupos de
economias, a sua posição de steady-state de modo mais acelerado do que as demais.
Barro e Sala-I-Martin (1991) sugerem que β -convergência é uma condição
necessária, mas não suficiente, para que ocorra a -convergência. Entretanto, -
convergência é somente uma condição suficiente (mas não necessária) para a
existência da β -convergência. Podemos representar da seguinte forma:
β , mas β
(6)
3.METODOLOGIA
1
T
ln( yi ,T ) ln( yi ,t0 ) 1 2 ln( yi ,t0 ) i ,t (7)
9
Onde: T é o término do período em observação, t0 é o período inicial, y é o produto
1 y
log i ,T log( yi ,t 0 ) i ,t (8)
T yi ,t
0
10
t2 t21 (9)
Uma das desvantagens que se pode aqui destacar é a forma como se irá
concluir sobre a -convergência. Neste caso, faz-se a representação gráfica e
intuitivamente se faz a conclusão. Observam-se se as séries se aproximam uma das
outras, caso estejam próximas ai concluímos que há a -convergência.
4. ANÁLISE DE RESULTADOS
11
7.00
6.00
5.00
4.00
3.00
2.00
1.00
0.00
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
12
Beta Convergência
0.8
MOÇAMBIQUE
ANGOLA
0.6 ZAMBIA
TANZANIA MAURICIAS
NAMIBIA
0.4 RDC BOTSWANA
LESOTHO
0.2
MALAWI SEICHELES
RSA
SWAZILANDIA
0
4 5 6 7 8 9 10
MADAGASCAR
-0.2
-0.4
ZIMBABWE
-0.6
13
Portanto, o modelo empírico dos dados em painel apresentou a seguinte
relação de dependência7:
1 PIBi , T
log 0.1084 0.0265 log( PIBi , 2000) i ,t
T PIBi , t
0
(10)
históricos e não pode ser usado para fazer uma análise sobre a futura situação de
convergência económica.
Sigma Convergência
14
4500
4000
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Média Dispersão
Estes resultados estão em linha com os feitos apresentados por Kumo (2011).
Kumo (2011) desenvolveu uma análise de -convergência para os Estados membros
da SADC excluindo Zimbabwe. Os resultados dos seus dados em painel para o ano
de 1992-2009 mostraram não existir -convergência, pois, verificou-se que a
dispersão aumentou de 10,058 em 1992 para 18,314 em 2009. No nosso caso
concreto, ainda que em proporções menores, esta dispersão aumentou de 3,183 em
2000 para 4,370 em 2013.
15
(2014), Angola respeitou as metas de convergência, sobretudo as relacionadas ao
défice fiscal, dívida externa e ao saldo da conta corrente da balança de pagamentos.
Olhando para os indicadores primários de convergência macroeconómica, destaca-
se a inflação ou a política monetária. Em 2009, as Maurícias e Moçambique
registaram as metas de inflação em menos do que 5% ao ano.8
5. CONCLUSÃO
8 Para mais exemplo de Estados que conseguiram alcançar algumas metas consulte:
https://www.sadcbankers.org
16
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Banco de Moçambique (2010). Relatório Anual nº 17 Dezembro. Maputo
Banco Nacional de Angola (2014). Relatório Integrado dos Desenvolvimentos
Económicos Recentes na SADC. Angola.
Barro, R. e Sala-I-Martin, X (1992). Convergente, Journal of Political Economy. Vol.
100, No. 21, p. 223-51.
Base de Dados do Banco Mundial: http://data.worldbank.org/country/mozambique.
Baumol, W. J. (1986). Productivity growth, convergence, and welfare: what the long-
run data show.' American Economic Review, Vol. 76, no. 5 (December), pp. I072-85.
17