Você está na página 1de 11

ÍNDICE

RESUMO.......................................................................................................................................3
1.Introdução.................................................................................................................................4
2.Metodologia da Pesquisa..........................................................................................................5
3.Revisao de Literatura................................................................................................................6
3.1.Conceito de desenvolvimento............................................................................................6
3.2.Desenvolvimento Económico e Social................................................................................6
3.3.Desenvovolvimento Económico Local................................................................................6
3.4.Definição de crescimento e desenvolvimento econômico.................................................7
3.5.As principais escolas visões a respeito do crescimento e desenvolvimento.......................7
3.6.Os paradigmas do crescimento e desenvolvimento econômico........................................8
3.7.As estratégias referentes à dissociação ou desenvolvimento endógeno...........................9
4.Discussão de resultados............................................................................................................9
Concluão....................................................................................................................................11
Referencias bibliograficas...........................................................................................................12

2
RESUMO

Neste artigo serão apresentadas as definições sobre os Modelos de Desenvolvimento Económico e a sua
Aplicabilidade para o Desenvolvimento da Economia Moçambicana, questionando o fato deles terem
suas origens nas economias desenvolvidas e, portanto, distantes das realidades sociais, políticas e
econômicas dos países e das regiões pobres ou em fase de desenvolvimento. As abordagens sobre o
tema estarão focadas na realidade econômica Moçambicana dos anos 1975 até a presente data,
explicitando-se as dificuldades e os avanços econômicos realizados no período acima mencionado,
considerando as disparidades no crescimento e desenvolvimento regional. Não ficarão fora os possíveis
entraves ou externalidades positivas oriundas do cenário econômico internacional, tanto na forma de
benefícios para a economia Moçambicana, quanto na forma de contribuição de Moçambique para o
mundo não desenvolvido. A presença da economia e da política externa Moçambicana está cada vez
mais evidente e, neste sentido o Moçambique vem somando forças para se estabilizar no cenário
econômico internacional, bem como contribuindo para a melhoria das econômicas com maiores
comprometimentos que o Moçambique.

PALAVRAS-CHAVE – Desenvolvimento econômico; Desenvolvimento sustentável, governação;


Economia Moçambicana e Economia internacional.

3
1.Introdução

O presente trabalho aborda sobre Modelos de Desenvolvimento Económico e a sua


Aplicabilidade para o Desenvolvimento da Economia Moçambicana. A massiva penetração do
capital em Moçambique exacerba a dependência da economia em recursos externos, em
particular do Investimento Direto Estrangeiro (IDE). O modelo de crescimento económico
verificado assenta na presença de grandes projetos, os quais determinam a evolução das
variáveis macroeconómicas e sociais, como por exemplo a taxa de crescimento económico, a
balança comercial e de pagamentos, o índice de desenvolvimento humano e pobreza.

As consequências da ação capitalista sobre o sector familiar remetem-nos para a necessidade


de análise dos conceitos básicos da questão agrária, principalmente no que se refere a
concentração de riqueza e expansão da pobreza, através da usurpação e capitalização do
recurso terra. Ao analisar o contexto africano, alguns autores (Borras, 2011) referem-se à
adoção de uma multiplicidade de estratégias de modos de vida ou multi-ocupacionalidade,
incluindo uma combinação de agricultura de sobrevivência com diferentes formas de emprego
e outras atividades comerciais.

Adotando uma posição epistemológica de realismo crítico, este trabalho foi baseado em
análises de dados primários qualitativos (através de observação direta em períodos não
contínuos de trabalho de campo) e dados secundários quantitativos (dados
macroeconómicos). O principal objetivo deste trabalho é o de abordar criticamente o modelo
de desenvolvimento existente em Moçambique através da análise das dinâmicas, atores
externos e internos, estratégias e políticas de desenvolvimento rural na região. A análise inclui
dinâmicas de investimento externo (agronegócio e mineração), cooperação e financeirização e
alianças locais e externas presentes ao longo do Corredor. Devido à grande dimensão do
Corredor e ao grande número de atores que nele operam, este trabalho tem como limitação o
facto de não incluir todos os investimentos e programas de cooperação da região, mas sim um
grupo mais restrito de investimentos com implicações mais visíveis e reconhecidas que,
porém, permite uma análise lógica e coerente.

4
2.Metodologia da Pesquisa

Para a construção dos argumentos do corrente trabalho, assumiu-se uma posição


epistemológica de realismo crítico na medida em que a pesquisa corrente, para além de
solicitar factos e as observações empíricas para responder à questão de pesquisa, necessita
também de recorrer a análises mais aprofundadas para compreender a complexidade de
interações e das relações de poder.

Em linha com a posição epistemológica, recolheram-se dados quantitativos e qualitativos. A


pesquisa baseou-se em dados quantitativos secundários recolhidos diretamente de artigos
cientificos e em websites oficiais das respetivas instituições. Estes serviram de complemento e
sustentação da análise qualitativa.

A recolha de dados qualitativos foi feita na base de métodos de análise documental e assim
como compreender a dinâmica das atividades decorrentes ao longo do Corredor. As
entrevistas e as visitas ao campo também tiveram como objetivo analisar a dinâmica dos
investimentos, em especial do agronegócio, ao longo da esfera Moçambicana e suas
consequências a nível de conflitos e usurpação de terras.

Os dados qualitativos foram processados através da documentação, a fim de acompanhar e


construir uma estrutura lógica dos dados coletados. Esse processo permitiu eficiência no
processo analítico e na identificação de padrões, explicações e causas relevantes, e responder
às questões de pesquisa. Trabalhando de forma complementar, os dados qualitativos foram
analisados através do rastreamento de processos.

5
3.Revisao de Literatura

3.1.Conceito de desenvolvimento

Desenvolvimento é a capacidade de uma sociedade satisfazer as necessidades da sua


população e permitir-lhes alcançar um nível de vida adequado. (Bruna, 2017)

Portanto, o desenvolvimento pode ser entendido por um lado como sendo o conjunto de
modificações na estruturas mentais, e hábitos sociais de uma população que lhe permite
aumentar de forma durável o produto geral global, por outro lado, pode ser entendido como o
conjunto de transformações observáveis no sistema económico e no tipo de organização que
condicionam o crescimento. Assim, o desenvolvimento é o resultado das modificações
institucionais.

3.2.Desenvolvimento Económico e Social

De acordo com Busher et all (2014) o desenvolvimento económico e social refere-se ao volume
e à capacidade produtiva da economia, ao peso da agricultura na economia, comparando com
o peso da indústria e de serviços, à esperança de vida, à mortalidade infantil, ao acesso ao
ensino, a percentagem das pessoas que vivem nas cidades.

Portanto, há necessidade de verificar se o sector mais desenvolvido do país é o primário, o


secundário ou terciário, para poder se concluir se o país é ou não desenvolvido económica e
socialmente, e existe também outra forma de verificar a situação do desenvolvimento,
averiguando se o país tem como base de sustento a agricultura e actividades afins ou a
industria e/ou serviços e comércio.

3.3.Desenvovolvimento Económico Local

Segundo a Organização Internacional do Trabalho, citado em Byres (1991), o


Desenvovolvimento Económico Local define-se como sendo:

“Um processo de desenvolvimento participativo que fomenta os acordos de colaboração entre


os principais actores públicos e privados de um território, possibilitando o projecto e a
colocação em prática de uma estratégia de desenvolvimento comum à base de aproveitar os
recursos e vantagens competitivas locais no contexto global com o objectivo final de criar
emprego decente e estimular a actividade económica”.

No mesmo âmbito, Bárqueo citado pelo mesmo autor define desenvovolvimento económico
local como sendo:

ʺ… um processo de crescimento e mudança estrutural da economia de uma cidade ou região


na qual se podem identificar pelo menos três dimensões: uma económica, caracterizada por
um sistema de produção que permite aos empresários locais usar, eficientemente os factores
produtivos, gerar economias de escala e aumentar a produtividade a níveis que permitem
melhorar a competitividade nos mercados; outra sociocultural na qual o sistema de relações
económicas e sociais as instituições locais e os valores servem de base ao processo de

6
desenvolvimento; e a última é a dimensão política administrativa em que as iniciativas locais
criam um entorno local favoravel à produção e impulcionam o desenvolvimneto sustentável”,
p. 36.

Portanto, comungando com os autores acima acerca do desenvolvimento económico local,


percebe-se que há necessidade dos beneficiários fazerem o uso sustentável e eficiente dos
factores de produção tais como a mão-de-obra, o capital, as tecnologias tendo em conta a
aplicação dos conhecimentos em matéria que incide os seus projectos.

3.4.Definição de crescimento e desenvolvimento econômico

Algumas correntes econômicas, por algum tempo, divergiram quanto à definição conceitual de
desenvolvimento. Confundiram crescimento com o desenvolvimento e então, de forma
acertada, passaram a atribuir a necessidade premente da existência de crescimento para a
ocorrência de desenvolvimento. Outras, por sua vez, também de forma correta, separaram o
crescimento do desenvolvimento econômico, em razão do fato do crescimento apresentar
variações no produto e o desenvolvimento estar refletido na melhoria da qualidade de vida
das suas populações, sendo que essa nova situação econômica e social, afirmativamente,
decorre do aumento das suas rendas.

Levando em conta as modificações no conjunto de estruturas complexas, visando atender as


inúmeras necessidades sociais e econômicas das coletividades, na ótica de François Perroux, o
desenvolvimento pode ser definido como sendo “la combinaison des cheangements mentaux
et sociaux d`une population qui la rendent apte à faire crointe, cumulativement et
durablement, son produit réel global”, deixando claro a inexistência do desenvolvimento sem
o crescimento econômico. (Besseling, 2013).

Dessa forma, no longo prazo, o desenvolvimento econômico pode ser definido como sendo a
combinação de crescimento econômico contínuo, embora não necessariamente, muito maior
que o crescimento demográfico, propiciando mudanças estruturais e modificações positivas
nos indicadores econômicos e sociais para um universo maior possível de beneficiários das
várias classes que compõem o sistema econômico. (Bernstein, 1990).

Assim, segundo Celso Furtado, “o desenvolvimento se realiza sob a ação conjunta de fatores
responsáveis por transformações nas formas de produção e forças sociais que condicionam o
perfil da procura”. (Borras, 2011).

3.5.As principais escolas visões a respeito do crescimento e


desenvolvimento

A visão econômica e social dos fisiocratas sempre esteve vinculada à interdependência


profunda das partes que compunham o sistema econômico, que funcionaria, segundo uma
“ordem natural”, fazendo com que esse sistema ficasse de forma circular - produção,
distribuição e acumulação, cada vez mais, preso a si mesmo e pudesse apresentar os melhores
resultados possíveis para a sociedade. (Byres, 1991).

7
O pré-liberalismo dos fisiocratas, na forma mais rude do conceito de desenvolvimento, tinha
nas mãos de Deus todos os meios para que a economia apresentasse os resultados desejados
em prol da humanidade. Como o modelo econômico estava limitado à agricultura, buscava-se
a aplicação da teoria do bom preço, pois com a alta dos preços dos produtos agrícolas haveria
o estímulo necessário para os produtores, que teriam seus lucros ampliados. Esperava-se que
as intervenções dos governos fossem nulas ou mínimas possíveis, principalmente nas questões
voltadas aos impostos, pois quanto menores as pressões sobre os pobres mais beneficiados
estariam os ricos. (Buscher, 2014).

Contrariamente a posição providencial dos fisiocratas, os clássicos tinham no individualismo e


egoísmo a busca pela ampliação dos mercados e das suas riquezas, destacando outras
atividades econômicas, diferentes da agricultura como geradores de valor, graças à divisão do
trabalho e a ampliação de mercados, bem como atribuindo, ao aumento do consumo dos
trabalhadores produtivos, a ampliação da produção e dos lucros dos capitalistas.

Preocupavam-se consideravelmente com a possibilidade da estagnação econômica, visto que


dessa forma, os países teriam o crescimento econômico reduzido ao ponto zero, cessando
assim a acumulação do capital.

A composição básica da teoria do crescimento de Adam Smith sustentava-se na riqueza das


nações como resultante do trabalho produtivo, gerador de excedente de valor sobre os custos
da reprodução.

3.6.Os paradigmas do crescimento e desenvolvimento econômico

Os teóricos e estudiosos dos paradigmas do crescimento e desenvolvimento econômico não


conseguem entrar em consenso a respeito do melhor modelo para este ou aquele país não
desenvolvido. Isso ocorre, principalmente, pelo fato dos modelos serem importados e criados
para os países já desenvolvidos.

Longe, portanto, da realidade das economias subdesenvolvidas, que apresentam


características de desemprego de longo prazo, com baixo volume de capital e tecnologia por
trabalhador e com forte ocorrência de equilíbrio no subdesenvolvimento; obrigando-o a se
encaixar nos modelos exportados ou impostos pelos organismos financeiros internacionais.
(Besseling, 2013).

O termo desenvolvimento econômico, a partir dos anos 1950, esteve associado as mais
diversas concepções defendidas por diversos economistas e suas academias, variando desde o
crescimento econômico, a dissociação, ao ecodesenvolvimento, ao desenvolvimento
sustentável, até finalmente, como proposta da ONU, chegar à discussão sobre “governança
global”, entre outras. (Banco de Moçambique).

8
3.7.As estratégias referentes à dissociação ou desenvolvimento
endógeno

O desenvolvimento endógeno teve sua origem na década de 1970 em decorrência dos


desequilíbrios gerados pelo processo de reorganização da produção e das transformações
marcadas pela globalização, quando começaram a se destacar as propostas de crescimento e
desenvolvimento “da base para o topo”. (Bhaskar, 1975).

Dessa forma, o desenvolvimento endógeno ou dissociado passa ser a tentativa de alguns


países em isolarem-se do processo nocivo da modernização por industrialização, responsáveis
por acentuação das desigualdades sociais e econômicas, buscando-se o crescimento do
mercado interno com forte subsídio para a produção agrícola. Dentre os países que optaram
pelo modelo do desenvolvimento endógeno destacam-se a China, Cuba, Chile, Egito e Peru, na
sua maioria com tendência fortemente socialista.

A partir dos anos 1980, segundo (Bruna, 2017), o crescimento endógeno, que está vinculado
ao processo de industrialização endógena, ganha força no cenário econômico internacional
passando a ser um novo paradigma para os governos interessados em fugir dos modelos
tradicionais e impostos pelos países mais desenvolvidos. Assim sendo, passou-se a discutir com
maior profundidade o efeito da ação pública sobre as localidades e regiões não desenvolvidas,
contrapondo-se ao fracasso ou esgotamento do modelo de desenvolvimento “de fora para
dentro” praticado nos anos 1960 e 1970, em detrimento da nova proposição da teoria
territorial do desenvolvimento, do desenvolvimento autocentrado e do desenvolvimento “de
baixo para cima”.

4.Discussão de resultados

Moçambique registou um rápido crescimento económico ao longo de duas décadas, de 1994 a


2022. Durante este período, o crescimento do país, que foi sobretudo impulsionado pela
indústria extractiva e o investimento público, atingiu uma média anual de 7,9% e situou-se
entre os mais altos da África Subsariana (ASS). A revelação de dívidas não declaradas em 2016,
coloquialmente conhecidas por “dívida oculta”, levou a uma descida abrupta do crescimento,
provocando uma crise de governação económica e um abrandamento económico prolongado,
com o crescimento a cair para 3% em 2010 - 2020. O abrandamento do crescimento foi ainda
exacerbado pelos efeitos combinados de desastres naturais em 2019, a escalada da insurreição
no Norte de Moçambique desde 2017 e a pandemia global da COVID-19 a partir de 2020.

A estratégia em vigor para o crescimento de Moçambique tem tido uma capacidade limitada
para gerar empregos produtivos e apoiar uma redução acelerada da pobreza. Quase dois
terços da população vivem na pobreza e o país está entre os mais desiguais da ASS. Tal resulta,
em parte, da maior dependência de Moçambique aos grandes projectos no sector extractivo,
com poucas interligações com o resto da economia e uma agricultura de baixa produtividade.
Há uma necessidade urgente de criar empregos para as 500 mil pessoas que entram no
mercado de trabalho todos os anos.

9
A recente descoberta de algumas das maiores reservas de gás natural (GNL) do mundo podia
representar uma oportunidade única de um crescimento sustentado e inclusivo para
Moçambique. No entanto, para se tirar o maior proveito dos recursos esperados do GNL e
fazer chegar aos pobres esse crescimento será necessário um novo e ambicioso modelo de
crescimento que vá para além das indústrias extractivas. O último Memorando Económico de
Moçambique (CEM), Relançar o Crescimento para Todos fornece recomendações concretas
para este modelo de crescimento que pode ser resumido em dois pontos principais: fazer o
melhor uso possível das receitas dos recursos naturais não renováveis e promover o
crescimento em sectores não extractivos, acompanhado de uma transformação espacial e de
maior produtividade agrícola.

Moçambique precisa de adoptar um quadro político e institucional adequado antes das


receitas inesperadas do sector do GNL. Um quadro orçamental que funcione correctamente
(incluindo regras e objectivos orçamentais claros) é essencial para uma gestão bem-sucedida
destas receitas voláteis no futuro. Um fundo soberano (SWF) bem gerido pode ajudar a
alcançar estabilização a curto prazo e poupanças de longo prazo para as gerações futuras. Uma
gestão macroeconómica prudente envolveria também um aumento gradual do investimento
que tenha em consideração a limitada capacidade de absorção e melhore simultaneamente a
qualidade dos investimentos públicos.

Para além de se maximizar a receita do GNL, é essencial incentivar o crescimento em sectores


não extractivos para promover um crescimento económico de base alargada. Numa primeira
fase, as políticas deverão ser orientadas para a maximização dos benefícios do crescimento
movido pelos recursos. Para tal, seria necessário reforçar as interligações entre as indústrias
extractivas e o resto da economia e aumentar as ligações intersectoriais. É fundamental para a
transformação económica e a criação de empregos, uma maior participação do sector privado,
incluindo no sector dos serviços. O sector privado poderia tornar-se um motor da
transformação económica e da criação de emprego mas há vários constrangimentos que o
impedem, incluindo os quadros regulamentar e de governação.

Moçambique podia aumentar o sector de serviços, em dimensão e sofisticação. Os serviços de


base tais como telecomunições e transportes e logística têm potencialidade para promover o
crescimento noutras actividades orientadas para as exportações, incluindo agronegócios e
mineração. Será necessário, para o efeito, apoiar um comércio aberto e um regime de
investimento com um quadro regulamentar transparente e eficaz. O quadro de governação
pouco sólido está a impedir reformas regulamentares, necessárias para o crescimento do
sector dos serviços, enquanto a corrupção é mencionada pelas empresas moçambicanas como
um dos três principais obstáculos às suas operações.

A promoção de um crescimento mais inclusivo irá necessitar de esforços adicionais para


desenvolver a produtividade agrícola e aumentar a mobilidade rural com vista a ligar os
agricultores aos mercados e a oportunidades não agrícolas. As políticas deveriam apoiar o
acesso aos principais corredores e mercados, a adopção de sementes de melhor qualidade e
fertilizantes.

10
Concluão

Para concluir dizer que, Moçambique ainda se encontra entre os dez países mais pobres do
mundo. Apesar do crescimento económico anual contínuo dos 7 a 8 % durante vários anos, as
condições de vida de uma grande parte da população quase que não mudaram nos últimos
anos. Isto deve-se ao facto do crescimento económico estar maioritariamente baseado no
investimento estrangeiro aos Mega-projectos no sector dos recursos naturais, que não têm
quase nenhum impacto sobre a renda e o emprego. A cada ano cerca de 300.000 novos
trabalhadores se tornam disponíveis, mas apenas uma pequena parte destes é capaz de
encontrar emprego.

Dai que, a fim de impulsionar o crescimento inclusivo para o benefício de toda população,
precisam de ser criadas mais oportunidades de emprego e de renda, particularmente nas áreas
rurais. Cerca de 88% da população não tem conta bancária e nem acesso aos serviços
financeiros, ficando impossibilitado de pagar as contas por transferência bancária, de receber
salários por via de bancos, e não podendo levantar dinheiro ou poupar para a reforma ou
épocas difíceis, por exemplo. Ao mesmo tempo, é importante fortalecer o sector financeiro e
dar às empresas, bem como a pessoas singulares acesso aos bancos, ao crédito e a produtos
de poupança.

Neste sentido, Alemanha está a ajudar a estabelecer um ambiente jurídico, político e


institucional mais favorável para as pequenas e médias empresas (PME) em Moçambique.
Através de parcerias com empresas com potencial de crescimento, especialmente no sector
agrícola, os pequenos agricultores são integrados em cadeias de valor. Paralelamente,
Alemanha está a promover o desenvolvimento do sector financeiro, tanto para possibilitar as
PME o acesso ao financiamento, como para permitir que as camadas mais pobres da
população também possam sentir os benefícios do crescimento económico. Isto implica, por
exemplo, a promoção das tecnologias modernas e adaptadas, tais como “mobile banking” e de
produtos financeiros adaptados às necessidades dos grupos-alvo, campanhas de sensibilização
sobre o uso responsável do dinheiro, bem como a criação de um fundo de seguro de depósito
que garanta depósitos de poupanças para casos de crises.

11
Referencias bibliograficas

Banco de Moçambique. (Vários anos). Boletim da Balança de Pagamentos. Maputo: Autor.

Bhaskar, R. (1975). A realist theory of science. Leeds: Leeds Books.

Bernstein, H. (1990). Agricultural ‘modernisation’ and the era of structural adjustment:


Observations on sub-Saharan Africa. The Journal of Peasant Studies, 18(1), 3-35.

Besseling, R. (2013). Mozambique: Political dynamics, regulatory outlook and infrastructure


risks. Disponível em: www.exclusive-analysis.com

Borras Jr., S. M., Fig, D., & Suárez, S. M. (2011). The politics of agrofuels and mega-land and
water deals: Insights from the ProCana case, Mozambique. Review of African Political
Economy, 38(128), 215-234.

Bruna, N. (2017). Economia política da governação: Política económica de controle,


manutenção e reprodução de poder. Revista NERA, 38, pp. 13-40.

Byres, T. J. (1991). The agrarian question and differing forms of capitalist agrarian transition:
An essay with reference to Asia. In J. Breman, & S. Mundle (Eds.), Rural transformation in Asia
(pp. 3-76). Deli: Oxford University Press.

Büscher, B. (2014). Investing in irony? Development, improvement and dispossession in


Southern African coal spaces. The European Journal of Development Research, 27(5), 727-744.

12

Você também pode gostar