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UNIVERSIDADE JOAQUIM CHISSANO

MESTRADO EM SEGURANÇA MARÍTIMA

CADEIRA DIREITO MARÍTIMO

Tema: Espaços do Mar

Discente Last Joaquim Miranda Tumbi Docente Mestre José Patrício

Maputo, Abril 2023


INTRODUÇÃO

Moçambique fica situado na costa leste da África Austral, entre as latitudes 10º 27´ e 26º 52´
S, e entre as longitudes 30º 12´ e 40º 51´ E, faz fronteira com a República Unida de Tanzânia
ao Norte; com as Repúblicas do Malawi, da Zâmbia, do Zimbábue, da África do Sul e, Reino
do Eswathini a Oeste, e pelo oceano Indico a Leste. A orientação geral da linha de costa, com
cerca de 2.700 km e NE-SW, sendo a terceira maior costa de um país de África. A plataforma
continental Sudeste inserida neste contexto regional contém os maiores e mais importantes
portos do país, as principais Baías, além de possuir o maior fluxo de barcos.

O presente trabalho tem como objectivo principal falar do Espaço do Mar e sua legislação a
qual se aplica, não só como também determinar quais são as instituições intervenientes e suas
respectivas competências no Mar.

Quando falamos do Espaço do Mar importa falar dos seguintes:

1. Mar territorial

2. Zona Contigua

3. Zona Económica Exclusiva

4. Alto Mar

5. Plataforma Continental

Ao falarmos destes todos elementos temos que ter em conta a Constituição da República que
e a Lei Mãe , as Milhas Naúticas que elas ocupam e qual e a legislação ou Convenção que é
usada para fins de litígios ou de gestão dos Espaços do Mar sob pena de incorremos ou
inflingirmos a lei.

Políticas externas de Direito Internacional

Normas aplicáveis a todos navios

Artigo 17 regula sobre direitos de passagem inofensiva dos navios

Capitulo II da Constituição da República de Moçambique

Políticas externas e de direito internacional


Relações Internacionais

1. A República de Moçambique estabelece relações de amizade e cooperação com outros


Estados na base dos princípios de respeito mutuo pela soberania e integridade
territorial,igualdade,não interferência nos assuntos internos e reciprocidade de benefícios.

2. A República de Moçambique aceita, observa e aplica os princípios da Carta da


Organização das Nações Unidas e da Carta da União Africana.

Artigo 18 da constituição da República conjugado com o artigo de 18 da convenção na sua


alínea a significado de passagem de navios

a atravessar o mar sem entrar nas aguas interiores nem fazer escala num ancoradouro do
porto localizado nas aguas interiores.

Direitos Internacionais

1. Os Tratados e Acordos internacionais,validamente aprovados e ratificados, vigoram na


ordem jurídica moçambicana após a sua publicação oficial e enquanto vincularem
internacionalmente o Estado de Moçambique.

2. As normas de direito internacional tem na ordem jurídica interna o mesmo valor que
assumem os actos normativos infraccionais emanados da Assembleia da República e do
Governo, constante a sua respectiva forma de recepção.

Constituição da República no seu Artigo 22 sobre política de paz

Política de Paz

1. A República de Moçambique prossegue uma política de paz, só recorrendo a forca em caso


de legitima defesa.

2. A República de Moçambique defende a primazia da solução negociada dos conflitos.

3. A República de Moçambique defende o princípio do desarmamento geral e universal de


todos os Estados.

4. A República de Moçambique preconiza a transformação do Oceano Indico em zona


desnuclearizada e de paz.

Capitulo II da constituição da República

Competências
Artigo 158 no domínio do governo

Compete ao Chefe de Estado nomear e exonerar

Artigo 158

Alínea C o Presidente da República cria ministérios e comissões de natureza interministerial.

Artigo 160 no domínio da defesa e da ordem publica

Alínea B) celebrar tratados

Artigo 161 no domínio das relações internacionais

Alínea A) Orientar a política externa

Alínea b) celebrar tratados internacionais

CAPITULO II

Artigo 178 Competências

1. Compete a Assembleia da República legislar sobre as questões básicas de política interna


e externa do Pais.

2. E da exclusiva competência da Assembleia da República:

a) aprovar as leis constitucionais;

b) aprovar a delimitação das fronteiras da República de Moçambique

c) deliberar sobre a divisão territorial

Artigo 199

O Governo da República de Moçambique e o conselho de Ministros

Capitulo II

Competências e Responsabilidade

Artigo 202 Função

1. O Conselho de Ministros assegura a administração do Pias, garante a integridade territorial,


vela pela ordem pública pela segurança e estabilidade dos cidadãos, promove o
desenvolvimento económico, implementa a acção social do Estado, desenvolve e consolida a
legalidade e realiza a política externa do pais.

Observação: tema espaços marítimos e seus regimes; definir imediatamente os conceitos em


alusão 1852 km metros = uma milha náutica

Falar de direitos e obrigações dos estados costeiros colocar a convenção das UNU a lei 94
que aprova a lei do mar; para exercer a soberania plena lei 20 /2019

1. Espaço mar territorial e o espaço marítimo que se estende da linha de baixa mar ate
12 milhas náuticas segundo Artigo 3 e 4 da convenção. O regime do mar territorial do
estado costeiro exercem direitos soberanos quase de forma absoluta.
Os estados costeiros devem partilhar a passagem inofensiva de embarcações
estrangeiros para efeitos de navegação.
Quando falamos de passagem inofensiva e atravessar sem penetrar nas aguas
interiores e nem fazer escalas.
Os deveres dos estados costeiros e não impor navios estrangeiros obrigações que
tenham práticas de negar ou dificultar esta passagem inofensiva.
O estado costeiro em função da sua soberania pode adaptar leis e regulamentos sobre
o mar.
2. Zona contigua e o espaço adjacente ao mar territorial que se estende ate 24 milhas
náuticas medidas a partir da linha de base nesta zona par se navegar obedece-se as
regras internacionais.
São direitos dos estados costeiros
1. Evitar as intenções de violações das leis tais como aduaneiras,sanitárias, fiscais e
de emigração do seu território.
2. O direito de repressão as infracções das leis e regulamento referente a tributação e
migração.
3. Zona económica exclusiva e o espaço marítimo adjacente ao mar territorial e
que se estende ate 200 milhas náuticas .
4. O estado costeiro tem como direitos aproveitamento , exploração e conservação
de recursos marinhos vivos e não vivos, das aguas adjacentes ao leito do mar e seu
subsolo, e outras actividades de exploração da zona.
Os estados costeiros tem jurisdição de tornar as ilhas artificiais, para mais
variados fins de investigação, pesquisa, instalações,estruturas e preservação do
meio ambiente.
Os estados costeiros podem aprender e propor medidas judiciais para garantirem
medidas e conformidades com a convenção das Nações Unidas.
Em suma nesta zona económica exclusiva os direitos de estados costeiros são
explorar o recursos vivos e não vivos.
O estados costeiros e que licenciam os estados não costeiros a fazerem o uso do
mar.
4. Plataforma continental e o prolongamento natural que compreende o leito e o
subsolo das aguas submarinas que se estendem alem do mar territorial até 200
milhas náuticas.
Os Estados costeiros têm como direitos o seguinte꞉
Exerce direitos soberanos quanto ao aproveitamento e exploração dos recursos.
O estado costeiro estabelece condições ou regras para colocação de cabos que
penetram no seu território.
O estados não costeiros tem o direito de colocarem duques e cabos submarinos.
5. Alto mar e o espaço adjacente a zona económica exclusiva e aberto a todos
estados,nenhum estado pode impor a sua jurisdição. Nesta zona tem como
direitos os seguintes꞉
Liberdade de navegação no mar,direito de sobrevoar o espaço aéreo, direito a
colocação de cabos e ductos submarinos e construção de ilhas artificiais e outras
instituições, liberdade cientifica.
Segundo a convenção no alto mar os navios são obrigados a ter uma
nacionalidade,cada estado estabelece requisitos para registos de cada navio.
A nacionalidade de um navio e de nacionalidade que a bandeira esta usando,
excepto navios das Nações Unidas.
No alto mar são deveres dos estados꞉
Repreender o trafico ilícito de drogas, manter o registo de controle do navio( de
onde vem e para aonde vai).
Prestar assistência a navegação.
Impedir o trafico de escravos /humanos e órgãos humanos.
Usar o alto mar para fins pacíficos.
Não poluir o alto mar.
Respeitar as regras internacionais de pesca e manutenção do meio ambiente.
Cooperar na repreensão da pirataria no alto mar.
Reprimir transmissões não autorizados.
Os estados não devem controlar ꞉
A marinha de guerra, porque esta tem imunidade de jurisdição no alto mar.
Os navios em serviços oficiais não comerciais gozam de completa imunidade.
Área e o espaço marítimo que compreende os fundos marinhos , o solo e subsolo
do alto mar.
Estes espaços e seus recursos são património da humanidade. Faz com que
nenhum estado , ou singular ou colectiva possa reivindicar a soberania na área ,
isto porque todos recursos pertencem a humanidade inteira.
Nestes espaços marítimos os estados tem os seguintes deveres꞉
Zelar pelas actividades desenvolvidas pelos estados ou empresas estatais e ou
privadas de qualquer estado.
Nesta zona e exclusivamente autorizada para fins pacíficos.
O desenvolvimento de actividades em benefícios da humanidade em geral e em
particular os estados em vias de desenvolvimento.
A autoridade internacional de fundos do mar e que assegura as actividades no alto
mar.
Moçambique como um estado costeiro tem todos direitos sobre o mar.
O direito marítimo internacional e que regula os seguintes
componentes꞉navegação, disputa fronteiriças,exploração de recursos e resolução
de acidentes.
Estado costeiro para estado marítimo
Fica estado marítimo aquele que faz o que lhe cabe como estado costeiro.
O poder marítimo do estado costeiro estabelece um poder marítimo integrado das
forcas militares e civis que faca face a sua soberania no mar e exercícios
soberanos no mar, isto e capacidade política , militar e económico no mar.
Convenção das Nações Unidas sobre o direito do mar foi realizado em Genebra em
1958/1960 que acentua a necessidade de uma nova convenção sobre o direito do mar de
aceitação geral.

MAR TERRITORIAL SEGUNDO A CONVENÇÃO

ARTIGO 2

Regime jurídico do mar territorial, seu espaço aéreo sobrejacente, leito e sobsolo.

A soberania do Estado costeiro estende se alem do seu território e das suas águas interiores e,
no caso do Estado, das suas arquipelágicas, uma zona de mar adjacente designada pelo mar
territorial.

2. Esta soberania estende se ao espaço aéreo sobrejacente ao mar territorial, bem como o leito
e ao sobsolo deste mar.

A soberania sobre o mar territorial e exercida de conformidade com a presente convenção e


as demais normas de direito internacional.

ARTIGO 5

Linha de base normal

Alinha de base normal para medir a largura do, mar territorial e a linha de baixa-mar ao longo
da costa, tal como indicada nas cartas marítimas de grande escala, reconhecidas oficialmente
pelo Estado costeiro.

ARTIGO 24

Deveres do Estado costeiro.

1. O Estado costeiro não deve dificultar a passagem inofensiva de navios estrangeiro pelo
mar territorial, a não ser de conformidade com a presente convenção em especial na aplicação
da presente convenção ou de quaisquer leis e regulamentos adoptados de conformidade com a
presente convenção, o Estado não deve:

Impor navios estrangeiros obrigações que tenham na pratica o efeito de negar ou dificultar o
direito de passagem inofensiva, ou
Fazer discriminação de direito ou de facto contra navios de determinado Estado ou contra
navios que transportem cargas provenientes de determinado Estado ou a ele destinadas ou por
conta determinado Estado.

2. O Estado costeiro dará a devida publicidade a qualquer perigo de que tenha conhecimento
e que ameaça a navegação no seu mar territorial.

ARTIGO 25

Direito de proteção do Estado costeiro

O Estado costeiro pode tomar, no seu mar territorial as medidas necessárias pra impedir toda
passagem que não seja inofensiva.

No caso de navio que dirijam a águas interiores ou a escala numa instalação portuária situada
fora das águas interiores, o Estado costeiro tem igualmente o direito de adaptar as medidas
necessárias para impedir qualquer violação das condições a que esta sujeita a admissão destes
navios nessas águas interiores ou nesta instalação portuária.

O Estado costeiro pode, sem fazer discriminação de direito ou de facto entre os navios
estrangeiros, suspender temporariamente em determinadas áreas do seu mar territorial o
exercícios do direito de passagem inofensiva dos navios estrangeiros, se esta medida
territorial pa5ra detenção de uma pessoa ou para proceder a investigações relacionadas com
qualquer infracção de caracter penal que tenha sido cometida antes o navio ter entrado no seu
mar territorial, se esse navio, procedente de um porto estrangeiro, sem encontrar só de
passagem pelo mar territorial sem entrar Nas águas interiores.

MAR TERRITORIAL SEGUNDO A LEI DO MAR

ARTIGO 26

(Poderes do Estado)

O Estado moçambicano exerce soberania no mar territorial, incluindo o seu leito, subsolo e
espaço aéreo subjacente, nos termos do disposto no artigo 2 da convenção.

O Estado moçambicano, por ia de entidades competentes do governo exerce plena jurisdição


e soberania sobre a actuação das embarcações nacionais e estrangeiras, bem como sobre a
actuação individual dos seus tripulantes, a investigação, a prospeção, e a pesquisa científica
de qualquer natureza, a protecção e preservação do meio marinho, instalação e infra-
estruturas e demais actidades nas aguas interiores marítimas, nos termos do direito interno e
internacional.

ARTIGO 27

(Critério pessoal)

O Estado moçambicano, nos termos do disposto nos artigos 27 e 28 da Convenção, exerce


jurisdição sobre a actuação individual dos tripulantes dos navios e embarcações não nacionais
que passem pelo seu território, em matéria exclusivamente criminal, desde que a infracção
praticada:

a) tenha consequência para o Estado moçambicano;

b) possa perturbar a paz no País ou a ordem no mar territorial;

c) tenha sido solicitada a intervenção das autoridades locais, pelo capitão do navio, pelo
representante diplomático ou pelo funcionário consular do Estado de bandeira;

d) seja para a repressão do tráfico ilícito de pessoas, armas, estupefacientes ou substâncias


psicotrópicas, ou de outra natureza.

ARTIGO 28

(Critério material)

1. O Estado moçambicano exerce jurisdição civil sobre navio estrangeiro que transite pelo
seu mar territorial em casos excepcionais, só podendo tomar sobre os mesmos navios
medidas executórias ou medidas cautelares de matéria civil, por obrigações assumidas pelo
navio, ou de responsabilidades que o mesmo haja incorrido durante a navegação ou devido a
esta, quando da sua passagem por águas jurisdicionais moçambicanas.

2. O Estado moçambicano exerce jurisdição penal sobre os navios que passam pelo seu mar
territorial, nos termos do disposto nos artigos 19, 20, 21, 22, 23 e 27 da Convenção, por
violações do direito de passagem inofensiva nos casos em que igual regime seja aplicável,
nos termos do disposto nos artigos 21, 22, 23 e 27 da convenção.
ARTIGO 29

(Actividades de fiscalização e exercício de direito de visita)

O Estado moçambicano, no âmbito das actividades de fiscalização, exerce, nos teros do


direito interno e do direito internacional, o direito de visita no mar territorial a todos os
navios, embarcações ou outros dispositivos flutuantes, nacionais ou estrangeiros, à excepção
daqueles que gozem de imunidade, quando existam motivos fundados para presumir que a
passagem desse navio é prejudicial a paz, aboa ordem ou a segurança nacional.

ARTIGO 30

(Passagem inofensiva)

1. Nos termos previstos na presente Lei, os navios de qualquer Estado costeiro, insular ou
sem litoral, gozam do direito de passagem inofensiva pelo mar territorial do Estado
moçambicano, que consiste em:

a) atravessar o mar territorial de forma contínua e rápida, sem entrar nas águas interiores
marítimas do Estado moçambicano, nem fundear, fazer escala numa ilha artificial, num
ancoradouro ou instalação portuária ou outras instalações, estruturas situadas fora das águas
interiores;

b) dirigir-se para as águas interiores marítimas, ou delas sair ou fazer escala num desses
ancoradouros ou instalações portuárias.

2. O acto de passagem inofensivo inclui, ainda, o parar e o fundear, apenas quando estes
resultem de incidentes comuns de navegação ou sejam impostos por motivos de força maior
ou por dificuldades graves ou tenham por fim a prestar auxilio a pessoas, navios ou aeronaves
em período ou em dificuldade grave.

3. A passagem de um navio estrangeiro é prejudicial a paz, à ordem e segurança do Estado


moçambicano, sempre que realizar actividades contra a ordem e os bons costumes nos termos
do disposto no número 2, do artigo 19 da Convenção.

4. No acto de passagem inofensiva, os navios devem observar todas as leis, regulamentos e


normas nacionais sobre as seguintes matérias:

a) segurança da navegação e tráfego marítimo;

b) protecção das instalações existentes e do auxílio a navegação e de outros serviços afins;


c) protecção de cabos e ductos;

d) pesca e conservação dos recursos vivos do mar;

e) preservação do meio ambiente e conservação da biodiversidade;

f) controlo da poluição marinha;

g) Investigação científica e levantamentos hidrográficos e oceanográficos;

h) trabalho marítimo;

i) Prevenção de infracções aduaneiras, fiscais, de imigração e sanitárias.

5. Com vista a garantir a segurança da navegação, o órgão do Governo responsável pela área
do mar pode exigir que os navios estrangeiros que exerçam o direito de passagem inofensiva
pelo mar territorial moçambicano, utilizem as rotas marítimas e os sistemas de separação de
tráfego designados ou prescritos na regulamentação da passagem.

6. Em particular, pode-se exigir que os navios-tanque, os navios de propulsão nuclear e


outros navios que transportem substâncias ou materiais radioactivas ou outros produtos
intrinsecamente perigosos ou nocivos, utilizem unicamente, as rotas marítimas referidas no
número 5 do presente artigo.

ARTIGO 31

(Navios estrangeiros de propulsão nuclear e navios transportando substâncias


radioactivas ou outras intrinsecamente perigosas ou nocivas)

Ao exercer o direito de passagem inofensiva pelo mar territorial, os navios estrangeiros de


propulsão nuclear e os navios transportando substâncias radioactivas ou outras substâncias
intrinsecamente perigosas ou nocivas devem, em qualquer dos casos, ter a bordo os
respectivos documentos e observar as medidas especiais de precaução estabelecidas nos
acordos internacionais.
ARTIGO 32

(Navios de guerra estrangeiros e outras embarcações não empregues em comércio)

1. Sem prejuízo do disposto nos números 2 e 3 do presente artigo, os navios de guerra


estrangeiros e outras embarcações de Estado estrangeiro não empregues para fins comerciais,
quando transitem não empregues para fins comerciais, quando transitem através do mar
territorial, gozam de imunidade, nos termos do direito internacional.

2. Quando um navio de guerra estrangeiro, ou outra embarcação de Estado estrangeiro não


empregue em comércio, não cumpre a lei moçambicana ou não leve em conta qualquer
pedido no sentido da sua observância, exige-se que tal navio ou embarcação saia
imediatamente do mar territorial moçambicano.

3. Quando um navio de guerra estrangeiro, ou outra embarcação de Estado estrangeiro, não


cumpre a lei moçambicana relativa a passagem inofensiva através do mar territorial e cause
perdas ou danos ao Estado moçambicano, cabe ao Estado de bandeira dessa embarcação a
responsabilidade pela reparação dos danos causados.

ARTIGO 33

(Submarinos)

Os submarinos e outros veículos submersíveis devem, quando estejam no mar territorial


moçambicano, navegar à superfície e arvorar a respectiva bandeira.

O Estado moçambicano ao verificar o incumprimento do disposto no número 1 do presente


artigo considera que os submarinos em causa incorrem no disposto no número 2 do artigo 19
da Convenção.

O Estado moçambicano, por via das entidades competentes do Governo, deve exigir que os
submarinos referidos no número 2 do presente artigo saiam imediatamente do mar territorial.

ARTIGO 34

(Direito de perseguição)

1. O Estado moçambicano tem o direito de empreender perseguição a um navio ou


embarcação, quando tenha motivos fundados de que o mesmo infringiu a legislação em vigor
na República de Moçambique, em qualquer das zonas marítimas do espaço marítimo
nacional, nos termos do disposto no artigo 111 da Convenção.
2. Para os efeitos do disposto no 1 do presente artigo, considera- -se igualmente que um navio
ou embarcação infringiu a legislação em vigor na República de Moçambique quando aquele,
mesmo que não tenham encontrado nas aguas marítimas moçambicanas esteja em conluio ou
haja contribuído para a violação da legislação moçambicana.

ZONA CONTÍGUA SEGUNDO A CONVENÇÃO

ARTIGO 33

1. Numa zona ao seu mar territorial, denominada zona contígua, o Estado costeiro pode tomar
as medidas de fiscalização necessárias a:

Evitar as infracções as leis e regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração, ou sanitários no


seu territórios ou no deu mar territorial;

Reprimir as infracções as leis e regulamentos no seu território ou no seu mar territorial.

2. A zona contigua não pode estende-se além de 24 milhas marítima, contadas a partir das
linhas de base que servem para medir a largura do mar territorial.

ZONA CONTÍGUA SEGUNDO A LEI DO MAR

ARTIGO 35

(Limite dos poderes)

1. O Estado moçambicano exerce plena jurisdição sobre a actuação das embarcações não
nacionais, bem como sobre a actuação individual dos seus tripulantes, na zona contígua, nos
termos do direito internacional.

2. Na zona contígua ao mar territorial, o Estado moçambicano exerce controlo necessário


para:

a) a prevenção da violação das leis e regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração e


sanitárias vigentes do território moçambicano;

b) a repressão das infracções às leis e regulamentos referidos na alínea a) do número 2 do


presente artigo.
ARTIGO 36

(Critério pessoal)

O Estado moçambicano, nos termos do disposto na alínea b) do número 1 do artigo 33 da


Convenção, exerce jurisdição penal sobre os tripulantes a bordo de navio estrangeiro na sua
zona contígua, se a actuação do tripulante do navio consubstanciar numa infracção a
legislação moçambicana.

ARTIGO 37

(Critério material)

1. O Estado moçambicano exerce jurisdição civil sobre os navios estrangeiros que se achem
na sua zona contígua, nos termos do disposto na alínea a) do número 1 do artigo 33 da
convenção, através de medidas cautelares em matéria civil para evitar infracções a legislação
aduaneira, fiscal, de imigração ou sanitária em vigor na República de Moçambique.

2. O Estado moçambicano, nos termos do disposto na alínea b) do número 1 do artigo 33 e do


artigo 303, ambos da Convenção, exerce jurisdição penal sobre os navios que se encontrem
na zona contígua, através da adopção de medidas para reprimir as infracções à legislação em
vigor às suas leis ou regulamentos do seu território, incluindo a remoção dos objectos
arqueológicos e históricos achados nesse espaço marítimo sem a sua autorização, bem como
todas as matérias a que aludem os artigos 21, 22,23 e 27 da Convenção.

ARTIGO 38

(Fiscalização, inspecção e exercício do direito de visita)

1. Nos termos do direito interno e do direito internacional, compete às entidades do Governo


moçambicano que exercem o poder de autoridade marítima, dentro dos limites do seu
mandato, fiscalizar ou inspecionar todas as actividades, bem como exercer direito de visita,
sobre as embarcações ou outros dispositivos flutuantes, nacionais ou estrangeiros, a excepção
daqueles que gozem de imunidade, quando se mostre necessário, para:

a) evitar ou reprimir infracções à legislação aduaneira, fiscal, de imigração ou sanitária no


espaço marítimo nacional;

b) evitar infracções relativas ao património ecológico e cultural subaquático, ocorridas


naquela zona ou no mar territorial.
2. As entidades referidas no número 1 do presente artigo, ao exercer a acção de fiscalização,
inspecção e direito de visita e ao abrigo do disposto no artigo 110 da Convenção, têm em
conta que só devem fazer quando tenham o mínimo de suspeita de prática eminente de
qualquer infracção à legislação moçambicana ou que o navio pretende demandar qualquer
dos seus portos.

ZONA ECONÓMICA EXCLUSIVA SEGUNDO A CONVENÇÃO

ARTIGO 55

1. Regime jurídico especifico da zona económica exclusiva.


2. Zona económica exclusiva e uma zona situada além do mar territorial e a este
adjacente, sujeita ao regime jurídico especifico estabelecido na presente parte,
segundo o qual os direitos e a jurisdição do Estado costeiro e os direitos e liberdades
dos demais Estados são regidos pelas disposições pertinentes da presente convenção.

ARTIGO 56

Direitos, jurisdição e deveres do Estado costeiro na zona económica exclusiva

1. Na zona económica exclusiva o Estado costeiro tem:

a) Direito de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos


recursos naturais, vivos ou não vivos das águas sobrejacentes ao longo do mar e seu
subsolo, e no que se refere a outras actividades com vista a exploração e aproveitamento
da zona para fins económicos, como a produção de energia a partir da água, das correntes
e dos ventos;
b) Jurisdição de conformidade com as disposições pertinentes da presente convenção, que se
refere a:
i) Colocação e utilização de ilhas artificiais, instalações e estruturas;
ii) Investigação cientifica marinha;
iii) Protecção e preservação do meio marinho.

c. Outros direitos e deveres previstos na presente convenção.

2. No exercício dos seus direitos e no cumprimento dos seus deveres na zona económica
exclusiva nos termos da presente convenção, o Estado costeiro terá em devida conta os
direitos e deveres dos outros Estados e agira de forma compatível com as disposições da
presente convenção.
3. Os direitos enunciados no presente artigo referentes ao leito do mar e ao seu subsolo
devem ser exercidos de conformidade com a parte VI da presente convenção.

ARTIGO 57

Largura Da Zona Económica Exclusiva

A zona económica exclusiva não se estendera além de 200 milhas marítimas das linhas de
base a partir das quais se mede a largura do mar territorial.

ARTIGO 58

Direitos e deveres de outros Estados na zona económica exclusiva

1. Na zona económica exclusiva, todos Estados, quer costeiros quer sem litoral, gozam, nos
termos das disposições da presente convenção, das libertardes de navegação e sobrevoo e de
colocação de cabos e dutos submarinos, aqui se refere o artigo 87, bem como usos de mar
internacionalmente líquidos, relacionados com as referidas libertardes, tais como os ligados a
operação de navios, aeronaves, cabos e dutos submarinos e compatíveis com as demais
disposições da presente convenção.

2. Os artigos 88 a 115 e demais normas pertinentes de direitos internacionais aplicam se a


zona económica exclusiva na medida em que não sejam incompatíveis com a presente parte.

3. No exercício dos seus direitos e no cumprimento dos seus deveres na zona económica
exclusiva, naos termos da presente convenção, os Estados terão em devida conta os direitos e
deveres do Estado costeiro e cumpriram as leis e regulamento por ele adoptados de
conformidade com as disposições da presente convenção e demais normas do direito
internacional na medida em que não seja incompatíveis com a presente parte.

ARTIGO 59

Base para a solução de conflitos relativos a atribuição de direitos e jurisdição na zona


económica exclusiva

Nos casos em que a presente convenção não atribua direitos ou jurisdição ao Estado costeiro
ou a outros Estados na zona económica exclusiva, e surja um conflito entre os interesses do
Estado costeiro e os de qualquer outro Estado ou Estados, conflito deveria ser solucionado
numa base de equidade e a luz de todas as circunstancias pertinentes, tendo em conta a
importância respetiva dos interesses em causa para as partes e para o conjunto da comunidade
internacional.

SEGUNDO A LEI DO MAR

ARTIGO 39

(Natureza jurídica dos poderes)

O Estado moçambicano, ao abrigo do disposto nas alíneas a) e b) do número 1 do artigo 56


da Convenção exerce sobre a zona da zona económica exclusiva, os seguintes poderes:

a) direitos de soberania para fins de exploração e aproveitamento, conservação e gestão dos


recursos naturais vivos ou não vivos existentes na coluna de água abrangida pela zona, bem
como sobre as potencialidades energéticas dessa coluna de agua e da camada aérea que sobre
ela acende;

b) direitos de jurisdição sobre a utilização e colocação de ilhas artificiais e outras estruturas,


sobretudo ductos e cabos, investigação cientifica, prospecção e pesquisa marinhas de
qualquer natureza;

c) direitos de jurisdição quanto a criação de reservas naturais para fins de proteção e


preservação do meio marinho.

ARTIGO 40

(Direitos de jurisdição)

1. O Estado moçambicano, com fundamento no disposto no número 5 do artigo 27 da


Convenção, exerce jurisdição penal sobre os navios que se acham na zona económica
exclusiva quando violem a parte XII da Convenção ou violem a legislação adoptada em
conformidade com a parte V da Convenção.

2. O Estado moçambicano exerce jurisdição penal, com as limitações impostas nos artigos 73
e 220, ambos da Convenção, os quais, em geral, não admitem a aplicação de penas privativas
de liberdade.
ARTIGO 41

(Direitos de outros Estados)

1. Na zona económica exclusiva todos os Estados, quer sem litoral, gozam, sem prejuízo das
disposições da presente Lei, de liberdade de navegação, sobrevoo e colocação de cabos e
ductos submarinos, bem como de outros usos lícitos do mar, relativos a tais liberdades.

2. No exercício dos direitos referidos no número 1 do presente artigo, os Estados têm o dever
de cumprir a legislação adoptada pelo Estado moçambicano, em conformidade com o
disposto no número 3 do artigo 58 da Convenção.

ARTIGO 42

(Protecção e preservação do meio marinho)

1. O Estado moçambicano adopta legislação de carácter internacional para prevenir, reduzir e


controlar a poluição do meio marinho.

2. O Governo, visando a protecção e preservação sustentável dos recursos naturais no espaço


marítimo nacional, estabelece, entre outras, as seguintes proibições, no meio marinho:

a) A emissão de substâncias tóxicas, prejudiciais ou nocivas, especialmente, as não


degradáveis, provenientes de fontes terrestres, da atmosfera ou através dela, ou por
alijamento;

b) a poluição proveniente de embarcações, incluindo a que resulta de baldeamento e


transbordo de cargas perigosas;

c) as descargas intencionais ou não de lixo;

d) a poluição proveniente de instalações e estruturas utilizadas na exploração ou


aproveitamento dos recursos naturais do leito do mar e do seu subsolo;

e) a poluição proveniente de instalações e dispositivos que funcionem no meio marinho;

f) a realização da pesquisa geofísica e/ou geológica sem levar a bordo do navio ou


embarcação, equipamento de detecção e observação contínua de mamíferos, num raio de 500
metros;
g) de prosseguir com pesquisa geofísica e/ou geológica no caso de detecção da presença de
mamíferos no raio indicado na alínea f) do presente número, sem tomar medidas de
prevenção.

3. Compete ao Governo, quando tenha sérios motivos para suspeitar que determinada
embarcação que se ache no espaço marítimo nacional violou regras e normas internacionais
aplicáveis para prevenir, reduzir e controlar a poluição do meio marinho, bem como a
degradação dos ecossistemas, inter alia, no exercício dos seus poderes de jurisdição civil ou
criminal:

a) exigir que o capitão ou comandante da embarcação forneça informações sobre a identidade


da embarcação e o porto dos eu registo, a sua ultima e próxima escalas, bem como outras
informações pertinentes para determinar se alguma infracção foi cometida;

b) proceder à inspecção material da embarcação, quando tenha sérios motivos para acreditar
que cometeu alguma das infracções referidas no número 3 do artigo 220 da Convenção, que
tenha tido como resultado uma descarga substancial que provoque ou ameace provocar
poluição grave ao meio marinho e essa embarcação se tenha negado a fornecer informações,
ou se as informações fornecidas estiverem em manifesta contradição com a situação factual
evidente;

c) iniciar procedimentos, incluindo a detenção da embarcação, em conformidade com o seu


direito interno e respeitando as garantias para o exercício do seu poder de polícia previstas
nos artigos 223 a 232 da Convenção, quando exista prova manifesta e objectiva de que essa
embarcação cometeu uma das infracções referidas no número 3 do artigo 220 da Convenção e
que tenha tido, como resultado, uma descarga que tenha provocado ou ameace provocar
danos consideráveis para o litoral ou para os interesses conexos do Estado moçambicano ou
para quaisquer recursos do seu mar territorial ou zona económica exclusiva.

4. Compete ainda ao Governo, ao abrigo do disposto no artigo 221 da Convenção, tomar e


executar medidas proporcionais ao dano efectivo ou potencial sobre uma embarcação ou
navio poluidor, ou perante a ameaça de poluição no espaço marítimo nacional, resultante de
um acidente marítimo.

5. Para efeitos do presente artigo, entende-se por acidente marítimo o abalroamento, encalhe
ou incidente de navegação ou acontecimento a bordo de uma embarcação ou no seu exterior,
de que resultem danos materiais ou ameaça eminente de danos materiais à embarcação ou à
sua carga.

6. A jurisdição civil e criminal do Estado moçambicano a que se refere o número 3 do


presente artigo aplica-se, com as necessárias adaptações, à poluição proveniente de
instalações, estruturas, plataformas, ilhas artificiais ou outros dispositivos que funcionem no
meio marinho.

ARTIGO 43

(Baldeação e transbordo de cargas perigosas)

Tendo em vista a salvaguarda do meio marinho, as operações de baldeação e transbordo de


cargas perigosas no espaço marítimo nacional carecem de prévia autorização do órgão do
Governo responsável pela área do mar, tendo em conta o direito interno e internacional.

ARTIGO 44

(Conservação e gestão de recursos vivos)

Compete ao Governo fixar as capturas permitidas dos recursos vivos e a quantidade de


pescado passível de ser capturado, com vista à exploração sustentável dos recursos,
assegurando a reprodução do pescado e evitando a extinção das espécies.

Na fixação dos limites de captura, o Governo observa os princípios consagrados no número 2


do artigo 61 da Convenção, de modo a não por e risco, pelo excesso de captura, as espécies
vivas existentes na zona económica exclusiva.

Para efeitos do número 2 do presente artigo, o Governo, respeita os acordos internacionais,


intercâmbios de informação científica e de cooperação, celebrados no seio de organizações
regionais, internacionais ou mundiais, nos termos do disposto nos números 3 e 5 do artigo 61
da Convenção.

ARTIGO 46

(Mecanismos para exploração de recursos vivos)

1. O Estado moçambicano, para o exercício dos direitos de soberani na zona económica


exclusiva aprova, através dos órgãos competentes, para os efeitos do disposto nas alíneas a) a
j) do número 4 do artigo 62 da Convenção, leis e regulamentos que fixam regras que
dispõem, inter alia, sobre as seguintes matérias:
a) concessão de licenças de pesca, incluindo o pagamento de taxas e outros encargos;

b) determinação das espécies que podem ser capturadas e a fixação de kotas de captura:

c) regulamentação das épocas e zonas de pesca do tipo, tamanho e número de aparelhos, bem
como do tipo, tamanho e número de embarcações de pescas que podem ser utilizados;

d) fixação de idade e tamanho dos peixes e de outras espécies que podem ser capturadas;

e) indicação de informações que devem ser fornecidas pelas embarcações da pesca, incluindo
estatísticas das capturas e do esforço de pesca e informações sobre a posição das
embarcações;

f) autorização e controlo da execução de determinados programas de investigação no âmbito


das pescas e de regulamentação da investigação, incluindo a amostragem de capturas, destino
das amostras e comunicações dos dados cientificas conexos;

g) embarque de observadores ou de estagiários a bordo de tais embarcações;

h) termos e condições relativas a parcerias em regimes societários e de associação não-


societária das empresas que se dedicam à pesca, ou a outras formas de cooperação;

i) estabelecimento de quotas que devem ser, obrigatoriamente, descarregadas em portos


moçambicanos;

j) registos em matéria de formação de pessoal e de transferência de tecnologia de pesca,


incluindo o reforço da capacidade do Estado moçambicano, para empreender investigação
científica;

2. O Estado moçambicano para assegurar a observância do cumprimento da legislação


referida no número 1 do presente artigo, no âmbito da sua jurisdição civil, administrativa e
penal, fiscaliza, inspeciona e exerce o direito de visita bem como adopta medidas de
execução para apresamento de embarcações, incluindo o estabelecimento de mecanismos
judiciais e processuais que entenda necessários.

ARTIGO 47

(Mecanismos para exploração de recursos não vivos)

1. a exploração de recursos geológicos e/ou geofísicos obedece ao estabelecido para a


utilização privativa do espaço marítimo nacional, nos termos previstos nos artigos 80 e 81 da
presente Lei.
2. A concessão dos direitos para pesquisa e produção de recurso geológicos e/ou geofísicos é
feita a luz de legislacao específica, em conformidade com o disposto no artigo 82 da presente
Lei.

3. A informação e os dados obtidos no âmbito da pesquisa e produção de recursos geológicos


e/ou geofísicos são fornecidos pelo operador a entidade do Governo que autorizou as
referidas actividades, no prazo definido e respetivo contracto de pesquisa ou prospecção.

4. As entidades do Estado moçambicano, com competência para conceder licenças ao direito


de pesquisa e produção de recursos geológicos e/ou geofísicos, submetem ao órgão do
Governo responsável pela área do mar, informação e dados referidos no número 3 do
presente artigo, no formato e dimensão que forem definidos, para efeitos de cadastro de usos
e aproveitamento do espaço marítimo nacional.

ARTIGO 48

(Colocação e utilização de ilhas artificiais de instalações, de estruturas, plataformas


fixas e moveis e equipamentos)

1. O Estado moçambicano tem o direito exclusivo de construir, autorizar e regulamentar a


construção, operação e utilização de:

a) ilhas artificiais, instalações e estruturas, plataformas fixas e moveis para os fins previstos
na alínea a) do número 1 do artigo 56 da convenção e para outras finalidades económicas que
não interfiram no exercício dos seus direitos na sua zona económica e exclusiva;

b) instalações e estruturas que possam interferir no exercício dos seus direitos na sua zona
económica e exclusiva.

2. A Construção, certificação ou homologação, instalação, registo e inspecção das ilhas


artificiais, plataformas, instalações, estruturas e equipamentos na zona económica exclusiva
obedece a condições e procedimentos estabelecidos pelo Governo.

3. as ilhas artificias, plataformas, instalações, estruturas e equipamentos são instalados em


condições de segurança marítima, tendo em conta as prescrições constantes na
regulamentação própria.
ARTIGO 49
(Fiscalização de ilhas artificiais, instalações e estruturas, plataformas fixas e moveis)

1. O Estado moçambicano tem jurisdição exclusiva sobre ilhas artificiais, plataformas,


instalações e estruturas, compreendendo, inter alia, poderes de carácter fiscal, alfandegário,
sanitário, segurança e de imigração.

2. O Estado moçambicano pode, quando o considere necessário, criar, em redor de ilhas


artificiais, plataformas, instalações e estruturas, zonas de segurança razoável, dentro das quais
pode tomar medidas adequadas para garantir, tanto a segurança da navegação quanto a das
ilhas artificiais, plataformas, instalações e estruturas.

3. O Estado Moçambicano define a extensão das zonas de segurança e concebe de modo a


responder à natureza e as funções das ilhas artificiais, das plataformas, instalações ou das
estruturas, não excedendo uma distância de 500 metros em seu redor, medida a partir de cada
ponto do seu bordo exterior, salvo autorização ou recomendação de normas internacionais
consuetudinárias ou convencionais em contrário.

4. O Estado moçambicano procede a devida notificação da extensão das zonas de segurança.

ARTIGO 50
(Actividades de fiscalização e direito de visita e inspecção)

O Estado moçambicano, no âmbito das actividades de fiscalização exerce, nos teros de direito
interno e do direito internacional, o direito de fiscalização, e de visita e inspecção na zona
económica exclusiva sobre todos navios, embarcações ou outros dispositivos flutuantes e
submersos nacionais ou estrangeiros, à excepção daqueles que gozem de imunidade, no
quadro: do direito de soberania relativo à exploração, ao aproveitamento, à conservação e à
gestão dos recursos naturais, vivos ou não vivos e à exploração e aproveitamento desta zona
para fins económicos do exercício de jurisdição no que concerne à protecção e à preservação;
do meio marinho, investigação científica, ilhas artificiais, instalações e outras estruturas.
PLATAFORMA CONTINENTAL SEGUNDO A CONVENÇÃO

ARTIGO 76

Definição da plataforma continental

1. A Plataforma continental no Estado costeiro compreende o leito e o subsolo das áreas


submarina que se estende além do seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento
natural do seu território terrestre, até ao bordo exterior da margem continental, ou até uma
distância de 200 milhas marítimas das linhas de base a partir das quais se mede a largura do
mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinge essa
distância.

2. Plataforma continental de um Estado costeiro não se deve estender além dos limites
previsto nos parágrafos 4° a 6°.

3. A margem continental compreende o prolongamento submerso da massa terrestre do


Estado costeiro e é construída pelo leito e subsolo da plataforma continental, pelo talude e
pela elevação continental, não compreende nem os grandes fundos oceânicos, com as suas
cristas oceânicas, nem o seu subsolo.

4. a) Para os fins da presente convenção, o Estado costeiro deve estabelecer o bordo exterior
da margem continental, quando essa margem se estender alem das 200 milhas marítimas das
linhas de base, a partir das quais se mede a largura do mar territorial, por meio de:

Uma linha traçada de conformidade com o paragrafo 7°, com referencia apos pontos fixos
mais exteriores em cada um dos quais a espessura das trochas sedimentares seja pelo menos
1% da distância mais curta entre esse ponto e o pé do talude continental; ou

Uma linha traçada de conformidade com o parágrafo 7°, com referencia a pontos fixos
situados a não mais de 60 milhas marítimas do pé do talude continental.

b) Salvo prova em contrário o pé do talude continental deve ser determinado como o ponto de
variação máxima do gradiente na sua base.

5. Os pontos fixos que constituem a linha dos limites exteriores da plataforma continental no
leito do mar, traçada de conformidade com as subalíneas i) e ii) da alínea a) do paragrafo 4°,
devem estar situados a uma distancia que não exceda 350 milhas marítimas da linha de base a
partir da qual se mede a largura do mar territorial ou a uma distancia que não exceda 100
milhas marítimas da isóbata de 2500 metros, que e uma linha que une profundidades de 2500.
6. Não obstante as disposições do parágrafo 5°, no caso das cristas submarinas o limite
exterior da plataforma continental não deve exceder 350 milhas marítimas das linhas de base
das quais se, mede a largura no mar territorial. O presente parágrafo não se aplica a elevações
submarinas que sejam componentes da margem continental tais como os seus planaltos,
elevações continentais, topes, bancos e esporões.

7 O Estado costeiro deve traçar o limite exterior da sua plataforma continental, quando esta se
estender além de 200 milhas marítimas das linhas de base a partir das quais se mede a largura
do mar territorial unindo, mediante linhas rectas, que não excedam 60 milhas marítimas,
pontos fixos definidos por coordenadas e latitude e longitude.

8. Informações sobre os limites da plataforma continental, além das 200 milhas marítimas das
linhas de base a partir das quais se mede a largura do mar territorial, devem ser submetidas
pelo Estado costeiro a Comissão de Limites da plataforma Continental, estabelecida de
conformidade com o anexo II, com base numa representação geográfica equitativa. A
Comissão fará recomendações aos Estados costeiros sobre questões relacionadas com o
estabelecimento dos limites exteriores da sua plataforma continental. Os limites da
plataforma continental estabelecida pelo Estado costeiro com base nessas recomendações
serão definitivos e obrigatórios.

9. O Estado costeiro deve depositar junto de Secretario Geral das Nações Unidas mapas
informações pertinentes, incluindo dados geodésicos, que descrevem permanentemente os
limites exteriores da sua plataforma continental. O Secretario Geral deve dar a esses
documentos a devida publicidade.

10. As disposições do presente não prejudicam a questão da delimitação da plataforma


continental entre Estados com costas adjacentes ou situadas frente a frente.

ARTIGO 77

Direitos do Estado costeiro sobre a plataforma continental

O Estado costeiro exerce direitos de soberania sobre a plataforma continental para efeitos de
exploração e aproveitamento dos seus recursos naturais.

Os direitos a que refere o paragrafo 1° são exclusivos no sentido de, o Estado costeiro não
explora a plataforma continental ou não aproveita os recursos naturais da mesma, ninguém
pode empreender estas actividades sem o expresso consentimento desse Estado.
Os direitos do Estado costeiro sobre a plataforma continental são independentes da sua
ocupação, real ou fictícia, ou de qualquer declaração expressa.

Os recursos naturais a que se referem as disposições da presente parte são recursos e outros
recursos não vivos do leito do mar e subsolo bem como os organismos vivos pertencentes a
espécies sedentárias, isto e, aqueles que no período de captura estão imóveis no leito do mar
ou no seu subsolo ou só podem mover-se em constante contacto com esse leito ou subsolo.

ARTIGO 78

Regime jurídico das águas e espaço aéreo sobrejacentes de direitos e liberdades de


outros Estados

Os direitos do Estado costeiro sobre a plataforma continental não afectam o regime jurídico
das águas sobrejacentes ou do espaço aéreo acima dessas águas.

O exercício dos direitos do Estado costeiro sobre a plataforma continental não deve afectar a
navegação ou outros direitos e liberdades de mais Estados, previstos na presente convenção,
nem ter como resultado uma ingerência injustificada neles.

5. ALTO MAR SEGUNDO A CONVENÇÃO

ARTIGO 86

Âmbito de aplicação da presente Parte

As disposições da presente parte aplicam-se a todas as partes do mar não incluídas na zona
económica exclusiva, no mar territorial ou nas águas interiores de um Estado, nem nas águas
arquipelágicas de um Estado arquipélago. O presente artigo não implica limitações alguma
das liberdades de que gozam todos os Estados na Zona Económica exclusiva de
conformidade com o artigo 58.

ARTIGO 87

Liberdade do Alto Mar

O alto mar sesta aberto a todos Estados, quer costeiro quer sem litoral. A liberdade do alto
mar e exercida nas condições estabelecidas na presente convenção e nas demais do direito
internacional Compreende, intera lia, para os Estados quer costeiros quer sem litoral:

a) Liberdade de navegação,
b) Liberdade de sobrevoo,
c) Liberdade de colocar cabos e ductos submarinos nos termos da parte VI,
d) Liberdade de construir ilhas artificias e outras instalações permitidas pelo direito;
internacional nos termos da parte VI,
e) Liberdade de pesca nos termos das condições enunciadas na secção 2,
f) Liberdade de investigação científica, nos termos das partes VI e XIII

Tais liberdades devem ser exercidas por todos Estados, tendo em devida conta os interesses
de outros Estados no seu exercício da liberdade do alto mar, bem como os direitos relativos
as actividades na área previstos para a presente convenção.

ARTIGO 88

Utilização do alto mar para fins pacíficos

O alto mar será utilizado para fins pacíficos.

ARTIGO 89

Ilegitimidade das reivindicações de soberania sobre o alto mar

Nenhum Estado pode legitimamente pretender submeter qualquer parte do alto mar na sua
soberania.

ARTIGO 90

Direito de navegação

Todos os Estados, quer costeiros quer sem litoral, tem o direito de fazer navegar no alto mar
navios que arvorem a sua bandeira.

ARTIGO 91

Nacionalidade dos navios

Todo o Estado deve estabelecer os requisitos necessários para a atribuição da sua


nacionalidade a navios, para o registo de navios no seu territorial e para o direito de arvorar a
sua bandeira. Os navios possuem a nacionalidade do Estado cuja bandeira estejam
autorizados a arvorar. Deve existir um vínculo substancial entre o Estado e o navio.

Todo o Estado deve fornecer aos navios a que tenha um concedido o direito de arvorar a sua
bandeira os documentos pertinentes.
ARTIGO 92

Estatuto dos navios

Os navios devem navegar sob a bandeira de um só Estado e, salvo nos caso excepcionais
previstos expressamente em tratados internacionais ou na presente convenção, devem
submeter-se no alto mar a jurisdição exclusiva desse Estado. Durante uma viagem ou em
porto de escala um navio não pode mudar de bandeira, a não ser no caso de transferência
efectiva de propriedade ou de mudança de registo.

Um navio que navegue sobre a bandeira de dois ou mais Estados, utilizando-as segundo as
conveniências, não pode reivindicar qualquer dessas nacionalidades perante um terceiro
Estado que pode ser considerado como navio sem nacionalidade.

ARTIGO 93

Navios arvorando a bandeira das Nações Unidas, das agências especializadas das
Nações Unidas e da agência internacional de energia atómica

Os artigos precedentes não prejudicam a questão dos navios que estejam ao serviço oficial
das Nações Unidas das Agencias Especializadas das Nações Unidas e da agência
internacional de Energia Atómica, arvorando a bandeira da organização.

ARTIGO 94

Deveres do Estado de bandeira

1. Todo Estado deve exercer de modo efectivo, a sua jurisdição e seu controle em questão
administrativa, técnicas e sociais sobre navios que arvoram a sua bandeira.

2. Em particular todo Estado deve:

a) Manter um registo de navios na qual figurem os nomes e as características dos navios


que arvoram a sua bandeira, com excepção daqueles que, pelo seu reduzido tamanho
estejam excluídos dos regulamentos internacionais geralmente aceites; e
b) exercer sua jurisdição de conformidade com os eu direito interno sobre todo o navio
que arvora sua bandeira e sobre capitão, os oficiais e a tripulação em questões
administrativas, técnicas e sociais que se relacionam com o navio.

3. Todo o Estado deve tomar para os navios que arvoram a sua bandeira as medidas
necessárias para a segurança no mar, no que se refere intera lia a:
a) construção, equipamentos e condições de navegabilidade do navio;
b) composição, condições de trabalho formação das tripulações, tendo em conta os
instrumentos internacionais aplicados;
c) utilização de sinais, manutenção de comunicações e prevenção de abalroamentos.

4. Tais medidas deve incluir as que sejam necessárias para assegurar que:

Cada navio, antes do seu registo e posteriormente, a intervalos apropriados, seja examinado
por um inspector de navio devidamente qualificado e leve a bordo as cartas, as publicações
marítimas e o equipamento e os instrumentos de navegação apropriados a segurança da
navegação do navio.

Cada navio esteja confiado a um capitão e oficiais devidamente qualificados, em particular no


que se refere a manobra, a navegação, as comunicações e a condução de máquinas e a
competência e o número dos tripulantes sejam os apropriado para o tipo, tamanho, máquinas
e equipamentos de navio;

O capitão, os oficiais e, na medida do necessário, a tripulação conheçam perfeitamente e


observem os regulamentos internacionais aplicáveis que se refiram a segurança da vida no
mar, a prevenção do abalroamento, a prevenção, redução e controlo da poluição marinha e
manutenção de rádio comunicações.

5. Ao tomar as medidas a que se referem os parágrafos terceiro e quarto, todo o Estado deve
agir em conformidade com os regulamentos, procedimentos e praticas internacionais
geralmente aceites, e fazer o necessário, para garantir a sua observância.

6. Todo Estado que tenha motivos sérios para acreditar que a jurisdição e o controle
apropriado sobre um navio não foram exercidos pode comunicar os factos ao Estado de
bandeira. Ao receber tal comunicação, o Estado de bandeira investigará o assunto e, se for o
caso, deve tomar todas as medidas necessárias para corrigir a situação.

7. Todo Estado deve ordenar a abertura de um inquérito, efectuando por ou perante um a


pessoa ou pessoas devidamente qualificadas, em relação a qualquer acidente marítimo ou
incidente de navegação no alto mar, envolvam um navio alvorando a sua bandeira no qual
tenham perdido a vida ou sofridos ferimentos graves nacionais de outro Estado, ou se tenha
provocado danos graves a navios ou a instalações doutro Estado ou ao meio marinho. O
Estado de bandeira e o outro Estado, devem cooperar na realização de qualquer investigação
que este último efectue em relação a este acidente marinho ou incidente de navegação.
ARTIGO 95

Imunidade dos navios de guerra no alto mar

Os navios de guerra no alto mar gozam de completa imunidade de jurisdição relativamente a


qualquer outro Estado que não seja o da sua bandeira.

ARTIGO 96

Imunidade dos navios utilizados unicamente em serviços oficial não comercial

Os navios pertencentes a um Estado ou por ele operados utilizados unicamente em serviço


oficial não comercial, gozam no alto mar de completa imunidade de jurisdição relativamente
a qualquer Estado que não seja o da sua bandeira

ARTIGO 97

Jurisdição Penal em caso de abalroamento ou qualquer outro incidente de navegação

1. Em caso de abalroamento ou qualquer outro incidente de navegação ocorrido um navio no


alto mar que possa acarretar uma responsabilidade penal ou disciplinar para o capitão ou para
qualquer outra pessoa ao serviço do navio, os procedimentos penais e disciplinares contra
essas pessoas só podem ser iniciados perante as autoridades judiciais ou administrativas dos
Estado de bandeira ou perante as do Estado do qual essas pessoas sejam nacionais.

2. Em matéria disciplinar, só o Estado que tenha emitido o certificado de comando ou um


certificado de competência ou licença e competente para, após o processo legal
correspondente, decretar a retirada desses títulos ainda que o titular não seja nacional deste
Estado.

3. Nenhum apresamento ou detenção de navio pode ser ordenado, nem mesmo como medida
de investigação, por outras autoridades que não as do Estado de bandeira.

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