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Convenção das Nações Unidas sobre o Direito

do Mar
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A Convenção das Nações Unidas sobre o


Direito do Mar (CNUDM), frequentemente
referida pelo acrónimo em inglês UNCLOS
(de United Nations Convention on the Law of
the Sea), é um tratado multilateral celebrado
sob os auspícios da ONU em Montego Bay,
Jamaica, a 10 de Dezembro de 1982, que
define e codifica conceitos herdados do direito
internacional costumeiro referentes a assuntos
marítimos, como mar territorial, zona Países signatários da Convenção
econômica exclusiva, plataforma continental e    Ratificaram
outros, e estabelece os princípios gerais da    Assinaram, mas ainda não ratificaram
exploração dos recursos naturais do mar, como
os recursos vivos, os do solo e os do subsolo.
A Convenção também criou o Tribunal Internacional do Direito do Mar, competente para julgar as
controvérsias relativas à interpretação e à aplicação daquele tratado.

O texto do tratado foi aprovado durante a Terceira Conferência das Nações Unidas sobre o Direito do Mar,
que se reuniu pela primeira vez em Nova York em dezembro de 1973, convocada pela Resolução no. 3067
(XXVIII) da Assembleia-Geral da ONU, de 16 de novembro do mesmo ano. Participaram da conferência
mais de 160 Estados.

O Brasil, que ratificou a Convenção em dezembro de 1988, ajustou seu Direito Interno, antes de encontrar-
se obrigado no plano internacional. A Lei n. 8.617, de 4 de janeiro adota o conceito de zona económica
exclusiva para as 188 milhas adjacentes.

A Convenção regula uma grande província do direito internacional, a saber, o direito do mar, que
compreende não apenas as regras acerca da soberania do Estado costeiro sobre as águas adjacentes (e, por
oposição, conceitua o alto-mar), mas também as normas a respeito da gestão dos recursos marinhos e do
controle da poluição.

História
O Direito marítimo é parte importante do direito internacional público e suas normas, durante muito tempo,
não estiveram definidas. A codificação dessas normas ganhou alento já sob o patrocínio das Nações
Unidas, havendo-se concluído em Genebra, em 1958:

a) Uma Convenção sobre mar territorial e a zona contígua;


b) Uma Convenção sobre o alto mar;
c) Uma Convenção sobre pesca e conservação dos recursos vivos do alto mar; e
d) Uma Convenção sobre a plataforma continental.
A aceitação não chegou a ser generalizada, produziu-se no limiar de uma era marcada pelo questionamento
das velhas normas e princípios. O fator econômico, tanto mais relevante quanto enfatizado pelo progresso
técnico, haveria de dominar o enfoque do mar nos tempos modernos.

Mar territorial e conceitos conexos


A Convenção fixa o limite exterior do mar territorial
em 12 milhas náuticas (22 km), definindo-o como uma
zona marítima contígua ao território do Estado costeiro
e sobre a qual se estende a sua soberania. Cria,
ademais, uma zona contígua também com 12 milhas
náuticas, dentro da qual o Estado costeiro pode exercer
jurisdição com respeito a certas atividades como
contrabando e imigração ilegal, e uma zona econômica
exclusiva (ZEE), tendo como limite externo uma linha
a 200 milhas náuticas (370,4  km) da costa e como
limite interno a borda exterior do mar territorial, na
qual o Estado costeiro tem soberania, no que respeita a
exploração dos recursos naturais na água, no leito do
mar e no seu subsolo. O Estado costeiro exerce
também jurisdição sobre a zona em matéria de
preservação do meio marinho, investigação cientifica e
instalação de ilhas artificiais.

Para efeitos da medição da distância à costa, as baías e


estuários são fechadas por linhas retas (chamadas
linhas-de-base), para o interior das quais fica a porção
marinha das águas interiores. As ilhas e estados
arquipelágicos têm direito a definir a sua ZEE, mas
excetuam-se as ilhas artificiais ou plataformas, assim
Conceitos estabelecidos pela Convenção das
como os rochedos sem condições de habitabilidade. A
Nações Unidas sobre o Direito do Mar.
Convenção estabelece ainda que o limite da ZEE de
estados com costas fronteiras, cuja distância, em
alguma porção, seja inferior a 400 milhas, deve ser a
linha média entre as suas costas, o que deve ser estabelecido por acordo entre os Estados. No que respeita
aos Estados sem litoral, a Convenção estabelece que esses países têm direito de participar, em base
equitativa, do aproveitamento excedente dos recursos vivos (não recursos minerais, portanto) das zonas
econômicas exclusivas de seus vizinhos, mediante acordos regionais e bilaterais.

Segundo a Convenção, os navios estrangeiros estão sujeitos à jurisdição do Estado em cujas águas se
encontrem; excetuam-se os navios militares e os de Estado, que gozam de imunidade de jurisdição. Os
navios estrangeiros encontrados no mar territorial e na ZEE gozam do chamado "direito de passagem
inocente", definida como contínua, rápida e ordeira. No entanto, o Estado costeiro tem o direito de
regulamentar este tipo de passagem, de modo a prover a segurança da navegação, proteção de
equipamentos diversos e a proteção do meio ambiente.

Plataforma continental
A plataforma continental é a parte do leito do mar adjacente à costa, cuja profundidade média não excede
duzentos metros, e é considerado um limite dos continentes. De acordo com a Convenção, sobre essa
plataforma e seu subsolo o Estado costeiro exerce direito soberano de exploração dos recursos naturais até à
margem continental, mas coloca o limite das 200 milhas a partir da linha de base, caso tal margem não
atinja essa distância.

Como vários estados possuem uma plataforma continental mais extensa que a aceite na Convenção, esta
fornece indicações para os Estados interessados submeterem as suas reivindicações em relação à extensão
da sua plataforma continental a uma Comissão de Limites da Plataforma Continental, igualmente
estabelecida na Convenção. O Brasil é um dos países que apresentou, em 2004, a sua reivindicação para
extensão da sua plataforma continental.

Alto-mar
Define-se o alto-mar como as zonas marítimas que não se encontram sob jurisdição de nenhum Estado. Nos
termos do direito do mar, qualquer reivindicação de soberania sobre tais zonas, da parte de um Estado, é
ilegítima.

O limite interior do alto-mar corresponde ao limite exterior da zona econômica exclusiva, que é fixado a no
máximo 200 milhas náuticas da costa. No alto-mar, vigora o princípio da liberdade: de navegação,
sobrevoo, pesca, pesquisa científica, instalação de cabos e dutos e construção de ilhas artificiais.

A única jurisdição aplicável a um navio em alto-mar é a do Estado cuja bandeira a embarcação arvora.

Recursos Marinhos
“Recursos do mar são todos os recursos vivos e não-vivos
existentes nas águas sobrejacentes ao leito do mar, no leito
do mar e seu subsolo, bem como nas áreas costeiras
adjacentes, cujo aproveitamento sustentável é relevante
sob os pontos de vista econômico, social e ecológico.Os
recursos vivos do mar são os recursos pesqueiros e a
diversidade biológica,incluindo os recursos genéticos ou
qualquer outro componente da biota marinha de utilidade
biotecnológica ou de valor para a humanidade. Os
recursos não-vivos do mar compreendem os recursos
minerais existentes nas águas sobrejacentes ao leito do
mar, no leito do mar e seu subsolo, e os recursos Macroalga do gênero Sargassum utilizada
energéticos advindos dos ventos, marés, ondas, correntes como fonte de biocombustíveis
e gradientes de temperatura.” DECRETO Nº 5.377 DE
23 DE FEVEREIRO DE 2005.[1]

Sendo assim ainda podem ser divididos em recursos renováveis e não renováveis. Os não renováveis está
relacionado à extração de minerais, provenientes do solo e subsolo da zona costeira e nos substrato
marinho, que incluem elementos químicos na água do mar e recursos energéticos advindos do
aproveitamento dos ciclos de marés, ondas, correntes, ventos e gradientes térmicos, entre outros; petróleo e
gás, que demoraram milhões de anos para ocorrer sua formação. No Brasil a plataforma continental contém
um dos maiores ambientes com sedimentação de carbono e de cobertura sedimentar (não só carbonática;
granulados bioclásticos, sais de potássio e fosforita), podendo ser utilizada para a redução de utilização de
fertilizantes na agricultura, e utilização na agropecuária também para a produção de ração, além de
utilizações médicas, como próteses, implantes ósseos, e também para a produção de suplementação
alimentar humana e outros usos.
Dentro dos renováveis se encontra os recursos vivos e não extrativos, estando incluso os serviço
ecossistêmicos, como por exemplo a provisão de alimentos e de insumos biotecnológicos para a aplicação
em saúde, segurança alimentar, cosmética, agricultura, controle de poluição, indústria e geração de energia
renovável. Além disso, tais ecossistemas prestam serviços de regulação do clima e da qualidade da água, a
partir de processos de degradação de efluentes líquidos, de controle de inundações e de proteção costeira,
além dos serviços culturais de valor intangível relacionados ao turismo, à recreação, à educação e aos
valores religiosos, culturais e estético-paisagísticos. Indo além da produção de alimentos.[2][3]

Dentro dos recursos renováveis e vivos podemos citar as algas, que são organismos eucariontes,
fotossintetizantes, multi ou pluricelulares, que consomem o gás oxigênio dissolvido na água para a sua
respiração e liberam através do processo fotossintético cerca de 70 a 90% do oxigênio contido na
atmosfera. Contém como substância de reserva paramilo, amido, laminarina e manitol ou crisolaminarina e
contém baixas concentrações de carboidratos. Suas aplicações nas indústrias estão na alimentação,
cosméticos, na área farmacêutica por conter fonte de sais essenciais, bem como inúmeras vitaminas e
elementos em quantidade mínima importantes, sendo valiosos suplementos alimentares. Podem ser
utilizadas para a produção de fertilizantes, por conter uma riqueza em sais de sódio e potássio. As algas do
gênero Macrocystis contém alginatos que são largamente empregados na indústria alimentícia, têxtil,
cosmética, farmacêutica, de papel e de solda, como agentes espessantes e estabilizadores coloidais. O
preparo de ágar já é bem utilizado no comércios, para produção de gel na área da pesquisa, na produção de
cápsulas, base de cosméticos, fabricação do material de moldes dentários e outros; esse material provem do
material mulcilaginoso extraído da parede celular de vários gêneros de algas vermelhas.

Outra utilização que vem ganhando força é a produção de biocombustíveis, incluído na terceira geração de
biocombustíveis, surgindo como alternativa para combustíveis fósseis como o petróleo e por não demandar
o uso de valiosos recursos agrícolas, como a cana de açúcar e o milho e por ter uma biomassa cinco a dez
vezes maior do que a da agricultura baseada em solo. Trata-se da utilização de algas como meio de
obtenção de substâncias capazes de gerar energia através da combustão, como o etanol, hidrogênio, metano
e outros hidrocarbonetos. O etanol é uma das substâncias mais utilizadas, devido a facilidade de obtenção,
geralmente através da fermentação da matéria prima, no caso macroalgas principalmente Sargassum,
Glacilaria, Prymnesium parvum e Euglena gracilis, após o tratamento o etanol então é purificado e
separado e assim utilizado como combustível. O hidrogênio, considerado a energia do futuro, já que sua
queima não resulta em gases do efeito estufa e pode ser obtido através dos processos fotobioquímicos das
algas e cianobactérias, também pela gaseificação da biomassa com o auxílio de pressão e vapor elevados,
ou também pela produção de metano. Porém, a produção de algas em grande escala para produção de
biocombustível ainda está com um alto nível de gastos, é necessário mais estudos e pesquisas para que
chegue em uma larga produção com baixo custo e sustentável.[4]

Os recursos vivos são considerados reutilizáveis, mas se forem utilizados de forma insustentável e
desregrada podem se tornar não renováveis.

Ver também
Direito internacional
Liberdade de navegação
Mar territorial
Organização Marítima Internacional
Zona económica exclusiva

Ligações externas
«Texto da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar» (http://dai-mre.serpro.go
v.br/atos-internacionais/multilaterais/direito-do-mar/m_487). Página do Ministério das
Relações Exteriores (Brasil). Consultado em 20 de abril de 2012
«Poder Naval OnLine - O Direito do Mar» (http://www.naval.com.br/conhecimentos/direito_d
o_mar/direito_do_mar-parte2.htm) [ligação inativa]
SOUZA, Jairo Marcondes de. (1999). Mar territorial, zona econômica exclusiva ou
plataforma continental? (http://www.scielo.br/pdf/rbg/v17n1/v17n1a07.pdf). Revista
Brasileira de Geofísica. Vol. 17, n. 1, pp. 79–82. Acessado em 20 de abril de 2012.

1. [http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/D5377.htm «Decreto n�
5.377»]. www.planalto.gov.br. Consultado em 17 de novembro de 2022 replacement
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2. «Recursos marinhos renováveis e o rumo da sustentabilidade socioeconômica costeira no
Brasil» (https://jornal.usp.br/artigos/recursos-marinhos-renovaveis-e-o-rumo-da-sustentabilid
ade-socioeconomica-costeira-no-brasil/). Jornal da USP. 9 de setembro de 2021.
Consultado em 17 de novembro de 2022
3. Ambientebrasil, Redação (21 de março de 2021). «Alimentar as vacas com um pouco de
algas marinhas por dia pode reduzir drasticamente sua contribuição para as mudanças
climáticas» (https://noticias.ambientebrasil.com.br/redacao/traducoes/2021/03/21/168449-ali
mentar-as-vacas-com-algas-marinhas-pode-reduzir-drasticamente-sua-contribuicao-para-as
-mudancas-climaticas.html). Ambientebrasil - Notícias. Consultado em 17 de novembro de
2022
4. Antunes, Raquel (Dezembro de 2010). «Utilização de algas para a produção de
biocombustíveis» (https://inpi.justica.gov.pt/Portals/6/PDF%20INPI/Eco-tecnologias/Utiliza
c%CC%A7a%CC%83o%20de%20algas%20para%20a%20produc%CC%A7a%CC%83o%
20de%20biocombusti%CC%81veis.pdf?ver=2017-08-28-110418-200) (PDF). Instituto
Nacional de Propriedade Industrial. Consultado em 17 de outubro de 2022

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