Módulo Esparta – Aula 02 A CNUDM (Montego Bay) e a Amazônia Azul As crescentes discussões acerca das formas de apropriação e utilização dos recursos marinhos fizeram com que a Assembléia Geral das Nações Unidas organizasse a 3ª Conferência sobre Direito do Mar. Iniciada em 1973, e concluída em 1982, em Montego-Bay na Jamaica, a Conferência resultou na assinatura da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito o Mar (CNUDM). A CNUDM representou uma verdadeira codificação do direito do mar passando as normas escritas a substituírem as práticas costumeiras dos Estados, que agora encontravam neste Tratado a regulação quanto as suas relações com o oceano. Consolidando a prática da divisão dos oceanos em diversos espaços, a CNUDM trouxe a normatização dos espaços já anteriormente existentes, como o Mar Territorial e a Plataforma Continental, além de criar regiões marítimas até então inexistentes, como a Zona Econômica Exclusiva (ZEE) e os Fundos Marinhos. Mar Territorial é um espaço marítimo que se estende da linha de base (da costa) até 12 milhas dentro do qual o Estado costeiro dispõe de direitos soberanos idênticos aos de que goza em seu território. Zona Contígua é um espaço marítimo que se estende de 12 a 24 milhas, dentro do qual o Estado mantém controle, com o propósito de evitar ou reprimir as infrações às suas leis e regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração, sanitários ou de outra natureza no seu território ou mar territorial. Zona Econômica Exclusiva (ZEE): é uma faixa de mar adjacente ao mar territorial. Ela estende-se a partir das linhas de base do mar territorial e não deve exceder o limite máximo de 200 milhas. Na ZEE os Estados costeiros exercem soberania sobre os recursos naturais, vivos ou não vivos, das águas sobrejacentes ao leito do mar, do solo e do subsolo marinhos. Cabe aos Estados costeiros tomar as medidas necessárias (incluindo visitas, inspeções, apresamentos e medidas judiciais) para garantir o cumprimento das leis que regem o aproveitamento, a exploração, a conservação e a gestão dos recursos vivos na ZEE. Plataforma Continental: é o prolongamento natural do continente terrestre sob o oceano. Compreende o solo e o subsolo das áreas submarinas além do mar territorial. Pode prolongar-se além das 200 milhas marítimas, até um limite máximo de 350 milhas marítimas, desde que a distância não exceda a isóbada (linha de pontos com mesma profundidade) de 2.500 metros. Os Estados costeiros exercem o direito de exploração e aproveitamento dos recursos naturais (vivos ou não). Porém, deverá efetuar pagamentos ou contribuições relativos ao aproveitamento dos recursos não-vivos da plataforma continental por intermédio da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos. A marca “Amazônia Azul” consta no banco de dados do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) como evento cultural e político oficial da Marinha do Brasil (MB), desde 14 de agosto de 2008, registrada pela Diretoria de Marcas (DIRMA) de acordo com a Nota Técnica nº 032/2008 – INPI/DIRMA. LEPLAC O Plano de Levantamento da Plataforma Continental Brasileira (LEPLAC) é o programa do Governo Brasileiro, instituído pelo Decreto n° 98.145/1989, cujo objetivo é estabelecer, no seu enfoque jurídico, o limite da Plataforma Continental além das 200 milhas da Zona Econômica Exclusiva (ZEE), em conformidade com os critérios estabelecidos pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), que foi assinada e ratificada pelo Brasil. A CNUDM entrou em vigor em 16 de novembro de 1994 e o Brasil, a partir daí, teria um prazo de dez anos para concluir as atividades do LEPLAC e submeter, à Comissão de Limites da Plataforma Continental (CLPC) das Nações Unidas, o limite exterior da Plataforma Continental Jurídica (PCJ). Estação científica e farol da Ilha de Belmonte, arquipélago de São Pedro e São Paulo Em abril de 2007, após concluir a análise da nossa proposta, a CLPC encaminhou suas recomendações ao Governo brasileiro. Essas recomendações, ora sob análise dos aspectos técnico-científicos, não atendem ao pleito brasileiro na totalidade, o que indica que o Brasil não deva aceitá-las. Assim, de um total aproximado de 960 mil km2 de área reivindicada, além das duzentas milhas náuticas, a CLPC não concordou com cerca de 190 mil km2, distribuídos nas seguintes áreas da plataforma continental brasileira: Cone do Amazonas, Cadeias Norte-Brasileira e Vitória-Trindade e Margem Continental Sul. A área não aceita pela CLPC corresponde, aproximadamente, a 4,2% da área de nossa Amazônia Azul e a 19% da área da nossa plataforma continental estendida. Brasil apresenta proposta para exploração mineral no Atlântico Sul O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) apresentou à Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISBA), plano de trabalho para exploração mineral de uma área de 3 mil km² localizada em águas internacionais do Atlântico Sul, numa região conhecida como Elevado do Rio Grande, situada a mais de 1.500 km da costa brasileira. A proposta brasileira que foi encaminhada à ISBA no dia 31 de dezembro, foi elaborada com base nos dados coletados pelo Programa de Prospecção e Exploração de Recursos Minerais da Área Internacional do Atlântico Sul e Equatorial (PROAREA), que está sendo desenvolvido pela CPRM, com a finalidade de ampliar a presença do Brasil em águas internacionais do Atlântico Sul. De acordo com Roberto Ventura, diretor de Geologia e Recursos Minerais da CPRM, estudos preliminares revelaram o potencial mineral da região, onde foram encontradas crostas ferromanganesíferas com indícios de ferro, manganês e cobalto. “Além do caráter estratégico, essa iniciativa brasileira traz em seu bojo a formação de recursos humanos e o desenvolvimento tecnológico”, avalia Ventura. O diretor explica que a proposta apresentada à ISBA foi aprovada pela Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), tendo em vista, que os estudos feitos durante uma série de expedições realizadas pela CPRM na região nos últimos anos, indicarem o potencial mineral da área requerida. A expectativa é de que, a proposta brasileira seja aprovada ainda este ano.(...) http://www.cprm.gov.br/publique/Noticias/Brasil-apresenta- proposta-para-exploracao-mineral-no-Atlantico-Sul-2973.html 15-04-2014 ZOPACAS (1ª FASE DE 2016) País de território misto, marcado a um só tempo pela continentalidade e maritimidade, o Brasil tem, na análise dos clássicos da teoria geopolítica relacionados ao poder naval (Mahan) e na da teoria do poder terrestre (Mackinder), importantes questões para a discussão de uma visão estratégica contemporânea, em um contexto em que há um importante aumento da estrutura política e econômica do país no cenário mundial. Ronaldo Gomes Carmona. Geopolítica clássica e geopolítica brasileira contemporânea: Mahan e Mackinder e a “grande estratégia” do Brasil para o Século XXI. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2012 (com adaptações). Tendo como referência inicial o trecho do texto de Ronaldo G. Carmona, julgue (C ou E) os itens seguintes, acerca de continentalidade, maritimidade e geopolítica brasileira no século XXI. 1. A vasta extensão territorial do Brasil, que corresponde a 47% do território sul-americano, indica a necessidade de segurança das fronteiras com seus países vizinhos, de responsabilidade dos órgãos de segurança pública, da Secretaria da Receita Federal e das forças armadas. 2. Em relação à segurança nacional, as bacias hidrográficas amazônica e do Paraguai são consideradas não prioritárias, em razão de seu isolamento e distanciamento em relação aos grandes centros urbanos do centro-sul do país e também da ocupação rarefeita da população nas regiões onde se situam. 3. A Política de Defesa Nacional destaca a importância do controle e defesa dos chamados ativos estratégicos do Brasil: fontes de água doce e de energia, biodiversidade, imensas reservas de recursos naturais e extensas áreas a serem incorporadas ao sistema produtivo nacional. 4. O fato de o Brasil possuir um vasto litoral com importantes reservas de recursos naturais é, por si só, indicativo de que o país deve investir na força naval de defesa de seu território oceânico.