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Tete, 2023
Índice
CAPITULO Ι ˗ INTRODUҪÃO............................................................................................. 1
1.1. Introdução................................................................................................................. 1
1.1.Introdução
1.2.Contextualização
Nos últimos anos, a economia global tem enfrentado desafios significativos, que destacaram
a importância de políticas econômicas eficazes na busca por um desenvolvimento sustentável.
No contexto de países em desenvolvimento, como Moçambique, a política fiscal emergiu
como uma ferramenta essencial para promover o crescimento econômico e a estabilidade
economica. A partir dessa perspectiva, o estudo do contributo da política fiscal no
crescimento econômico de Moçambique durante o período de 2010 a 2020 assume um papel
de relevância inquestionável.
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Ao delinear o estudo no período de 2010 a 2020, é possível abranger um período em que
Moçambique enfrentou desafios e oportunidades únicos. A análise das políticas fiscais
adotadas durante esses anos e sua correlação com os indicadores econômicos permitirá uma
avaliação profunda dos resultados obtidos. A compreensão de como as decisões fiscais
afetaram a economia durante esse período contribuirá não apenas para o entendimento
acadêmico, mas também para a formulação de políticas futuras que impulsionem o
crescimento sustentável.
1.3.Problematização
Quando analisamos o período de 2010 a 2020, uma série de questões cruciais surgem em
relação à relação entre a política fiscal e o crescimento económico.
Durante os anos abrangidos por esta pesquisa, Moçambique implementou várias medidas
fiscais com o objectivo de estimular o crescimento económico. No entanto, questionamentos
fundamentais surgem: em que medida essas medidas fiscais efectivamente contribuíram para
o crescimento económico do país? Qual foi o impacto real dessas políticas no Produto Interno
Bruto (PIB), no investimento e na criação de empregos?
1.4.Objetivos da pesquisa
1.5.Hipóteses da pesquisa
1.6.Relevância da pesquisa
A presente pesquisa tem uma relevância que pode ser descrita em quatro (4) âmbitos
nomeadamente: pessoal, social, académica e empresarial.
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crescimento econômico, o qual, por sua vez, tem ramificações profundas na sociedade. Ao
avaliar a eficácia das políticas existentes, estamos buscando identificar áreas onde
intervenções futuras podem ser aprimoradas, visando estimular um crescimento econômico
mais solido.
Este estudo desempenhará um papel significativo no âmbito acadêmico, pois preencherá uma
lacuna importante no entendimento da relação entre política fiscal e crescimento econômico
em Moçambique. A contribuição acadêmica deste estudo está na geração de conhecimento e
na análise detalhada das políticas fiscais e seus efeitos no contexto específico de
Moçambique. Ao fazer isso, estamos expandindo a base de conhecimento disponível para
pesquisadores, economistas e acadêmicos que desejam compreender as complexidades dessa
relação em um contexto africano. Além disso, ao identificar as melhores práticas e os desafios
enfrentados por Moçambique, este estudo pode servir como referência para pesquisas futuras
e contribuir para o avanço do campo de estudo relacionado à política fiscal e ao crescimento
econômico.
A relevância desta pesquisa não se limita apenas ao âmbito académico, mas também se
estende ao âmbito empresarial. Ela fornece informações valiosas para empresas,
empreendedores e tomadores de decisão no sector privado interessados no desenvolvimento
económico de Moçambique. Compreender como as escolhas fiscais afectaram o desempenho
económico é essencial para as estratégias de negócios.
1.7.Delimitação do tema
O estudo terá como foco o período de 2010 a 2020, abrangendo uma década de análise das
políticas fiscais e seus efeitos no crescimento econômico de Moçambique. Esse intervalo
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temporal foi escolhido pelas transformações econômicas, políticas e sociais significativas que
ocorreram durante essa década.
Primeiramente, espera-se uma análise abrangente das políticas fiscais adotadas por
Moçambique entre 2010 e 2020. Esse estudo permitirá uma visão detalhada das estratégias
implementadas, abrangendo desde mudanças nos regimes tributários até a alocação de
recursos públicos em diferentes setores. Dessa forma, será possível identificar as direções
tomadas pelo governo no âmbito fiscal, estabelecendo uma base sólida para investigar seus
impactos.
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Outro resultado esperado é a compreensão de como as políticas fiscais impactaram
diretamente as finanças públicas do país. A pesquisa examinará aspectos como arrecadação de
receitas, gastos governamentais e endividamento público, mapeando como essas variáveis
foram afetadas pelas decisões fiscais tomadas durante o período. Será analisada a relação
entre essas variáveis e o crescimento econômico, revelando se as políticas fiscais
contribuíram para uma maior estabilidade financeira do governo e para o estímulo do
desenvolvimento econômico.
Em um nível mais setorial, a pesquisa investigará o efeito das políticas fiscais sobre setores
econômicos específicos em Moçambique. Isso permitirá avaliar se determinadas áreas da
economia foram favorecidas ou prejudicadas pelas políticas fiscais, bem como entender como
esses efeitos se traduziram em ganhos ou perdas para o crescimento econômico do país.
Espera-se que essa pesquisa proporcione uma visão profunda e detalhada sobre como as
políticas fiscais moldaram o crescimento econômico de Moçambique ao longo da década de
2010.
1.8.Limitações do estudo
As dificuldades possíveis que serão encontradas durante a pesquisa incluirão:
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Mudanças nas Políticas : Durante o período de estudo, podem ter ocorrido mudanças
significativas nas políticas fiscais, o que pode dificultar a avaliação dos efeitos de
políticas específicas ao longo do tempo.
Variabilidade Regional: Moçambique é um país diverso em termos de regiões e
condições económicas. As políticas fiscais podem ter efeitos diferentes em diferentes
partes do país, e essa variabilidade pode ser difícil de abordar de forma abrangente.
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CAPÍTULO II: REVISÃO DE LITERATURA
2.1.Breve introdução
2.2.Conceitos básicos
De acordo com Medeiros (2008, p. 27), a Política Fiscal é a manipulação dos tributos e dos
gastos do governo para regular a actividade económica. Ela é usada para neutralizar as
tendências à depressão e à inflação.
Segundo Vane (2005), política fiscal é o conjunto de medidas que o governo toma para
administrar e controlar seu orçamento, além de equilibrar suas despesas e receitas. Essas
medidas colaboram para o desenvolvimento económico de um país de forma sustentável.
Os conceitos apresentados pelos autores Medeiros (2008), Jesus (2011) e Vane (2005) estão
alinhados, todos tratam da política fiscal como um conjunto de decisões e acções
governamentais relacionadas à arrecadação de receitas e ao uso desses recursos por meio de
gastos públicos para influenciar a economia e atingir objectivos económicos e sociais.
Essas definições convergem para a compreensão de que a política fiscal é uma ferramenta
importante do governo para gerenciar a economia e alcançar objectivos específicos, seja para
controlar tendências económicas, promover o desenvolvimento ou equilibrar o orçamento
público, dependendo das necessidades e objectivos do momento.
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Segundo Vasconcellos (2000), crescimento económico se relaciona a itens como alterações na
composição do produto e na alocação de recursos de forma que o resultado seja a melhoria
dos indicadores de bem-estar (como redução de níveis de pobreza e desemprego).
O crescimento econômico pode ser visto como um processo temporal que acarreta em
alterações de caráter predominantemente quantitativo na renda das economias. Seu resultado
diz respeito basicamente a incrementos na capacidade produtiva e na produção de uma
determinada economia, podendo ser mensurado por meio do Produto Interno Bruto (PIB)
(SIEDENBERG, 2006).
A relação entre esses conceitos está no fato de que o crescimento económico, em geral
medido pelo aumento do PIB, busca criar um impacto positivo no bem-estar económico da
população. O crescimento económico sustentável pode resultar em melhorias nos indicadores
sociais, como redução da pobreza e do desemprego, bem como na elevação do padrão de vida
das pessoas.
No entanto, é importante observar que o crescimento económico, por si só, não garante
automaticamente uma distribuição equitativa dos benefícios desse crescimento. A relação
entre crescimento económico e bem-estar económico também depende de políticas públicas
adequadas, como aquelas relacionadas à distribuição de renda e acesso a serviços essenciais,
para assegurar que os ganhos do crescimento se traduzam em melhorias tangíveis na
qualidade de vida da população.
2.2.3. Impostos
Segundo Teixeira (1985: 36) o imposto é uma prestação pecuniária efectiva, de pagamento
coercivo com carácter unilateral e definitivo, em geral não consignados a nenhum tipo de
utilizações, sendo uma prestação devida ao Estado, estabelecida por lei sem carácter de
sanção, tendo como objectivo a realização de fins públicos.
Sanches (2007: 22) refere que definir imposto não é tarefa fácil como vem demonstrando a
doutrina. O imposto é uma das espécies tributárias criadas por lei e está sujeito ao princípio da
legalidade.
O imposto é uma prestação pecuniária, exigida aos particulares por via da autoridade, a título
definitivo e sem contrapartida, com vista à cobertura dos encargos públicos. (Jese, 1931).
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Essas definições se relacionam ao destacar que um imposto é uma obrigação financeira
imposta pelo Estado aos cidadãos e empresas, sem a necessidade de sua aprovação individual,
e é usado para financiar as atividades e serviços públicos. Além disso, enfatizam a
importância da legalidade na definição e imposição de impostos, garantindo que eles estejam
em conformidade com a lei.
2.3.Quadro teóricos
A Política Fiscal Restritiva refere-se à redução dos gastos governamentais e/ou aumento da
tributação (carga tributária). Ou seja, consiste na adoção de medidas em sentido inverso ao da
política fiscal expansionista. A adoção desse tipo de política pode resultar, por exemplo, na
redução do consumo das famílias (por ocasião do aumento da tributação). Como
consequência, a política fiscal contracionista provoca a redução da produção e dos níveis de
emprego.(Feijó, 2008).
No que se refere à taxa de inflação, uma política fiscal restritiva, por meio da elevação dos
impostos, irá aumentar a arrecadação tributária. Inicialmente, no caso das empresas, o
impacto é quase imediato, pois o empresário irá repassar esse aumento de tributos nos preços
dos bens e serviços fornecidos ao consumidor. E sabemos que um aumento generalizado e
persistente do nível de preços é inflação. Entretanto, no caso das famílias, esse aumento de
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impostos irá afetar a renda familiar, fazendo com que o consumo das famílias seja reduzido.
Com o passar do tempo, a baixa procura por parte das famílias fará com que os preços dos
bens e serviços tendam a não subir, ou então os preços caem consideravelmente.
Quanto à balança comercial, a diminuição dos juros resultante da política fiscal restritiva
tende a afastar investidores estrangeiros, os quais retiram os dólares da economia. Por sua
vez, a saída de dólares enfraquece a moeda nacional, tornando as exportações mais baratas e
as importações mais caras, favorecendo o saldo da balança comercial. (Hagemann, 1999)
Sobre a dívida pública, o aumento dos impostos provoca um aumento nas receitas publicas, o
que contribui na melhoria do saldo das contas públicas e permite que o governo reduza sua
dívida.
Todavia, essa política fiscal restritiva tende a provocar uma queda nas taxas de juros para
estimular a demanda, o que ajuda a melhorar a balança comercial e pode aumentar o consumo
das famílias, neutralizando o recuo da actividade económica. Em resumo, uma política fiscal
restritiva contribui para controlar a inflação e melhorar as contas públicas. Porém, essa
política poderá inibir o consumo das famílias e os investimentos em um primeiro momento,
impactando negativamente o PIB. No entanto, com a provável redução da taxa de juros, o
crédito bancário fica mais acessível e a balança comercial é impulsionada, contribuindo para o
crescimento económico. Assim, a política fiscal restritiva afecta algumas variáveis
macroeconómicas importantes, mas pode ser ineficaz para promover alterações no PIB.
No que se refere à inflação, a política fiscal expansionista, via redução dos impostos, aumenta
a renda disponível das famílias, estimulando, assim, o consumo. Em um primeiro momento, a
inflação pode recuar, pois, com a desoneração tributária, os preços dos bens e serviços ao
consumidor tendem a cair. Mas, em um segundo momento, esses preços devem aumentar
devido à maior procura por bens e serviços por parte das famílias.
Quanto à balança comercial, como a política fiscal expansionista resulta em um aumento das
taxas de juros, os juros mais elevados podem contribuir para o controle da inflação. Além
disso, juros mais altos atraem investidores estrangeiros, que alocam dólares na economia
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brasileira. Entretanto, a entrada de dólares fortalece a moeda nacional e torna as exportações
mais caras e as importações mais baratas, prejudicando o saldo da balança comercial.
Sobre a dívida pública, a redução das receitas provenientes dos impostos tem um impacto
direto nas contas públicas, pois, com menos dinheiro em caixa, a dívida pública aumenta.
Uma política fiscal expansionista resulta em um aumento no consumo das famílias, nos
investimentos e nos gastos públicos. Todavia, o equilíbrio macroeconômico pode ser
prejudicado devido ao aumento da inflação e do estoque da dívida pública. O provável
aumento dos juros pode retrair o crédito bancário e prejudicar o saldo da balança comercial,
restringindo, assim, o estímulo inicial dado à economia. Logo, a política fiscal expansionista
afeta algumas importantes variáveis macroeconómicas, mas pode ser ineficaz para alterar o
PIB.
Para estabelecermos os instrumentos fiscais que podem ser utilizados pelo governo visando
alcançar determinado objetivo, devemos relembrar o modelo keynesiano de determinação do
nível do produto, onde temos a seguinte identidade:
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Produto (Y) = Consumo(C) + Investimento(I) + Governo(G) + Exportações(E) –
Importações(I)
Silva (1982) demonstra que o equilíbrio do produto nacional, que chamaremos aqui
de EEP (Equação de Equilíbrio do Produto) será:
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𝑌= (𝐼 + 𝐸 + 𝐺 + 𝛼𝑅 + 𝑐 – 𝛼𝑏 – ℎ)
1 − 𝛼(1 − 𝑗) + 𝛽
Analisando a equação acima (EEP), podemos fazer algumas inferências sobre os instrumentos
de política fiscal que o governo dispõe:
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apresentado acima, numa política denominada expansionista. Do contrário, teríamos uma
política fiscal contracionista, ou seja, utilizando os instrumentos para reduzir o produto
nacional.
Resta-nos saber agora, qual instrumento fiscal tem maior efeito no produto, dado a intenção
do governo em elevá-lo ou reduzi-lo. Considerando a EEP, a conclusão é imediata. Variações
em R, b e j, como são multiplicadas pela propensão marginal a consumir (e como 0< C <1),
tem apenas parte de suas variações impactadas no produto. Já variações em G é o único
instrumento que está sujeito à multiplicação pelo multiplicador em sua totalidade, sendo desta
maneira, o instrumento de maior efeito no produto.
De acordo com Silva (1982, p.57), “as despesas públicas em bens e serviços são um
instrumento mais eficiente ou mais eficaz do que os impostos para atingir o objectivo do
produto nacional.
Para Sachs (2000, p.583): “ciclos de económicos são desvios temporários de importantes
variáveis económicas de sua tendência. Um ciclo é uma expansão que ocorre ao mesmo
tempo em várias actividades económicas, seguida de uma contracção igualmente geral nessas
variáveis. Os ciclos são recorrentes, mas não em um período de tempo fixo”.
Para Budnevich, (2002) são os elementos de política fiscal que tendem a abrandar as
flutuações do produto, sem qualquer acção explícita do governo. Não requerem, portanto,
uma autorização antecedente do Legislativo para seu funcionamento, e como o próprio nome
diz, são políticas que entram em funcionamento logo que a economia se afasta da posição
desejada.
Existem alguns tipos de despesas públicas, principalmente transferências, cujo montante varia
automaticamente em sentido inverso às variações do produto, exercendo assim um efeito
estabilizador sobre o rendimento.
Nas palavras de Silva (1982, p.197), “quando o produto baixa e aumenta o desemprego,
aumenta automaticamente o montante dos subsídios a pagar aos desempregados, o que atenua
o efeito recessivo”.
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Os impostos sobre o rendimento têm, portanto, um efeito estabilizador automático, na medida
em que atenuam as oscilações do produto nacional.
Segundo Silva (1982, p.192), “se, numa situação de pleno emprego, o investimento privado
aumenta, causando uma subida no nível de preços, a receita dos impostos também aumentará,
exercendo um efeito contracionista na atividade económica”.
Para Calderón (2003) uma política de estabilização ótima é contra-cíclica, quando o governo
almejar, utilizando os instrumentos fiscais à sua disposição, manter o produto em torno do seu
nível potencial.
Dessa maneira, podemos concluir que a implantação de uma política fiscal contra- cíclica se
dará a partir do ponto onde o produto da economia tiver se afastado de seu potencial de
crescimento a longo prazo.
Hagemann (1999) mostra que estas flutuações do PIB em torno de seu potencial são
ocasionadas por choques permanentes e temporários. Os choques permanentes são os choques
de grandes mudanças na tendência do produto, como o tecnológico. Já o segundo, são os
choques resultantes de movimentos cíclicos em torno do produto potencial.
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Marcel (2001, p.1) define bem a importância desta análise sobre o orçamento, para poder
estabelecer uma política contra-cíclica eficiente: “se, durante um período de recessão aparecer
um déficit fiscal, isto será o resultado de uma política de gastos deliberados do governo, ou de
um declínio nas receitas causadas por fatores exógenos à autoridade? Logo, o balanço
orçamentário do governo apresentará não somente as ações fiscais do governo, como também
influências de fatores temporários cíclicos”.
Portanto, dado que o convencional agregado orçamentário é usualmente dominado por alguns
factores exógenos, o qual não permite isolar o componente cíclico ou as mudanças
temporárias, é necessário, para se obter conclusões e os resultados da política fiscal, distinguir
as influências exógenas e temporárias do componente discricionário na evolução dos
agregados fiscais.
Nas palavras de Hagemann (1999, p.3), deve-se “estabelecer um balanço residual, após
expurgar do actual balanço, as consequências no orçamento dos ciclos económicos”.
Daniel (2007), fez, em Brasil, um estudo subordinado Política fiscal e os ciclos económicos.
Este trabalho tem como objectivo mostrar a relação entre política fiscal e os ciclos
econômicos, apresentando o balanço orçamentário estrutural como instrumento para definir o
componente cíclico dos resultados fiscais de um país. Segundo o autor, o melhor uso da
política fiscal deva sempre considerar a existência dos ciclos económicos, pois um padrão de
crescimento da economia hoje pode não ser assistido no futuro, trazendo impactos directos ao
bem-estar da nação.
Dessa forma, foi feita uma resenha da literatura onde foi possível constatar que a melhor
forma de actuar diante os ciclos é através da política fiscal contra-cíclica, sendo esta, somente
praticada pelos países desenvolvidos.
Factores como dispersão dos gastos públicos, acesso ao mercado de crédito internacional,
pressões políticas, controle de corrupção e nível institucional das autarquias fiscais podem ser
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apontados como limitadores à implantação da política fiscal óptima durante os ciclos
económicos
Ainda nas conclusões do mesmo estudo observou-se que a primeira resposta fiscal a uma
mudança na actividade económica é o estabilizador automático, que são as receitas e gastos
públicos directamente ligados aos ciclos da economia, ou por definição, os elementos de
política fiscal que tendem a abrandar as flutuações do produto, sem qualquer acção explícita
do governo.
2.4.2. Política fiscal local e taxa de crescimento económico: um estudo com dados em
painel
De acordo com Costa et al. (2018), durante os últimos cinquenta anos, o tema crescimento
económico tem tido grande destaque nas pautas de discussões dos economistas. A
preocupação exacerbada sobre o tema deve-se à grande importância que este exerce sobre a
construção de políticas econômicas, responsáveis por garantir o desempenho de uma
economia frente ao cenário no qual se encontra.
Este trabalho tem como objetivo estudar os efeitos da política fiscal local no crescimento
económico dos municípios do Nordeste brasileiro. A pesquisa é fundamentada teoricamente
com base no modelo de crescimento endógeno e na nova geografia económica (NGE). Foi
utilizado um modelo econométrico baseado nos trabalhos de Barro (1990) e Krugman (1991)
e trabalhado por Oliveira (2006) no contexto brasileiro, que visa estimar o efeito da política
fiscal sobre o crescimento econômico, por meio da junção das variáveis referentes à política
fiscal com o efeito líquido das variáveis destacadas pela NGE como formadoras de forças
centrífugas e forças centrípetas. Os dados utilizados na construção do painel representam
todos os 1.805 municípios nordestinos, no período 1999-2005. As séries estatísticas foram
coletadas no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e na Secretaria do Tesouro
Nacional (STN). Os resultados mostraram-se coerentes com a teoria, por apresentarem efeitos
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positivos e significativos para os gastos públicos sobre o crescimento econômico e os efeitos
distorcivos da arrecadação do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) sobre este.
As simulações realizadas deixam clara a importância da política fiscal local para o
crescimento econômico dos municípios nordestinos, destacando-se os gastos em educação e
cultura e saúde e saneamento como principais fatores de explicação da taxa de crescimento do
produto interno bruto (PIB) per capita, além da significativa importância da formação de
blocos industriais, medida pela produção da indústria.
Com o propósito de descrever os efeitos da ação de política fiscal elaborada pelas prefeituras
dos municípios nordestinos entre 1999 e 2005, utilizou-se o modelo econométrico, que
evidencia tais efeitos, e verificou-se de maneira consistente que as ações do governo sobre o
crescimento económico dos 1.805 municípios estudados apresentaram uma importância
bastante significativa. Os gastos realizados pelas prefeituras mostraram-se como fatores
positivos, principalmente os gastos realizados em educação e cultura e saúde e saneamento,
que apresentaram um acréscimo bastante significativo para o crescimento econômico. Estes
gastos servem como fontes de geração para uma melhor qualidade de vida, possibilitando um
padrão mais elevado para produtividade dos diversos setores de uma região. Além disso,
revela-se aos planejadores econômicos encarregados das decisões de investimento dos
recursos de suas prefeituras que estes tipos de gastos agem de maneira mais forte sobre o
crescimento econômico de seus municípios. Assim, a destinação de recursos que aumentem a
qualificação e o nível da qualidade de vida dos indivíduos merece destaque na pauta das
discussões sobre o desempenho econômico, já que tais fatores possibilitam um melhor
desempenho para suas economias.
2.5.1. Tensões, conflitos e inconsistências nas relações entre a política fiscal e monetária
e o crescimento e económico em Moçambique
De acordo com Ibraimo (2000), no seu artigo sobre tensões, conflitos e inconsistências nas
relações entre a política fiscal e monetária e o crescimento e económico em Moçambique,
refere que a experiência de sucesso da economia de Moçambique na última década e meia
(2000-2015) foi atribuída à prudência na gestão da política macroeconómica, concretamente à
política fiscal. Esta trajectória foi interrompida em 2014, como resultado de crises na estrutura
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económica e de acumulação dominante no País, levando ao abrandamento da actividade
económica e à revisão em baixa das perspectivas de crescimento económico (Castel-Branco,
2017).
Ibraimo (2000), no seu artigo concluiu que existem três principais medidas de política fiscal
que podem ser adoptadas para transformar o crescimento económico. São elas: (i) rever os
incentivos fiscais aos grandes projectos; (ii) rever as parcerias público-privadas, o sector
empresarial do Estado e as garantias e os avales emitidos pelo Estado; e (iii) modificar os
padrões de investimento público, restruturar a dívida pública e romper com a actual dinâmica
de endividamento público.
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CAPITULO III – METODOLOGIA
3.1.Breve introdução
Neste capítulo, descreveremos a abordagem metodológica que será adoptada para conduzir
esta pesquisa. Isso incluirá detalhes sobre como o desenho da pesquisa, o tipo de pesquisa que
será realizado, a definição da população, bem como selecionaremos a amostra. Além disso,
discutiremos as técnicas e procedimentos que serão utilizadas para colectar dados, bem como
os métodos e as variáveis que usaremos para analisar e processar esses dados.
3.2.Desenho da pesquisa
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4º Fase – Quanto ao Terceiro Objectivo especifico
Nesta fase terá como foco a avaliação dos possíveis impactos das políticas fiscais no
crescimento económico de Moçambique durante o período analisado. Isso envolverá a análise
dos dados colectados nas fases anteriores para identificar correlações entre as políticas fiscais
e os indicadores de crescimento económico. A pesquisa também investigará as possíveis
causas e efeitos das políticas fiscais sobre o desempenho económico do país, culminando na
elaboração de conclusões sobre os impactos percebidos das políticas fiscais.
3.3.Tipo da pesquisa
Existem três (3) tipos de pesquisa que são: Quanto a abordagem, quanto aos objectivos e
quanto aos procedimentos técnicos.
Quanto aos objectivos, a pesquisa é explicativa. A pesquisa tem como objectivo analisar o
contributo da política fiscal no crescimento económico de Moçambique durante o período de
2010 a 2020. Esse objectivo envolve a identificação dos factores que determinam ou
contribuem para o crescimento económico, ou seja, busca explicar a relação entre as políticas
fiscais e os resultados económicos.
Quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa é quantitativa. Isso porque a pesquisa ira
analisar dados económicos quantitativos, como o Produto Interno Bruto (PIB) e taxas de
crescimento económico durante o período de 2010 a 2020.
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3.4.Técnicas de recolha de dados
Para esta pesquisa de natureza quantitativa, a recolha de dados será realizada de forma
bibliográfica, ou seja, através da análise de dados secundários quantitativos. Isso incluirá o
uso de informações numéricas de fontes confiáveis, como relatórios governamentais, bases de
dados económicos, publicações académicas e estatísticas oficiais.
Será feita também uma análise documental, esta análise de documentos relacionados a
políticas fiscais, relatórios governamentais e outras fontes escritas pode ser útil para
contextualizar e complementar os dados quantitativos. Essa técnica pode ajudar a
compreender o contexto das políticas fiscais em Moçambique durante o período estudado.
Análise Descritiva: Isso inclui a apresentação de dados por meio de tabelas, gráficos e
medidas resumidas, como médias, desvios padrão e percentis.
Análise de Regressão: Essa técnica pode ser aplicada para investigar a relação entre as
políticas fiscais e os indicadores económicos. A regressão linear, por exemplo, permite avaliar
como uma variável (política fiscal) pode influenciar outra (crescimento económico).
3.6.Variáveis de estudo
A política fiscal engloba as decisões do governo sobre gastos e impostos. Neste estudo
consideramos as variáveis Crescimento económico (PIB), os gastos do governo (G) e os
impostos (T).
3.7.Teoria económica
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3.8.Modelo de estudo
𝑷𝑰𝑩 = 𝜷𝟏 + 𝑩𝟐 𝑮 + 𝑩𝟑 𝑻+𝑼𝒊
As variáveis subjacentes ao modelo são o PIB, que representa a preços de mercado, a variável
G, que representa os Gastos do governo e a variável T que representa os impostos. Neste caso,
o estudo será feito numa regressão múltipla.
Regressão Múltipla
Em um modelo de regressão múltipla, a variável dependente (Y) será determinada por mais
de uma variável independente (X). Genericamente, um modelo de regressão linear múltipla
com k variáveis independentes e p parâmetros (𝑝 = 𝑘 + 1).
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REFERỀNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Hagemann R. (1999). The Structural Budget Balance: The IMF’s Methodology. Washington:
IMF Working Paper.
Keynes, J. M. (1936. P.129). The General Theory of Employment, Interest and Money. Nova
York: Harcourt Brace Jovanowitch.
World bank. (2006). Fiscal Policy for Growth and Development: An Interim Report,
Washington: Development Comitee.
Velasco, A. (2006). Model of Endogenous Fiscal Deficits and Delayed Fiscal Reforms.
Cambridge: NBER Working Paper.
Stein, E. (1998). Institutional Arrangements and Fiscal Performance: The Latin American
Experience. Cambridge: NBER Working Paper.
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